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CAPITULO vit O DEVANEIO PETRIFICANTE ssl pea prince ver ogee cadaver, vou cheque ere me (Go. Nie comegus afstarme epee Exc enti spenaum spel, ae en ‘husramete po tacomo Eq rom oe foe pat se tor nat, au ge eter tin estas veri we cn. [Nem toda imaginacio € acolbedora e expansiva. Almas bé que formam as suas imagens por una certa recuse de participar dela, feomo se quisessem fetirar-se da vida do universo, Sentimo-as & primeira vista antivegetaisEncurecem toxlas as paisagens. Gos am do relevo acentuado, contrastante, cortante, do relevo host Soa metaforas stn violentas e cruas. Suas cores S20 fortes e est dentes, Vivers por instinto nur universo paralisado, Fazem ax pe drat morrerer, ‘Desvedevaeio peticonte, muitas paginas de Huysmans pode- so servir cone primero exemplos, que tornaro mais filo cs fd de imagens constituidas com menos dureza.Aliés, como que para fazer o mundo contemplado morver ainda mais, @ visio de [Huyemans acrescentalhe chagas purulentas. As marcas cadavé cas abundam na poétiea material de Huysmans. Uma diakéti peda e da chaga noe permitird associar 8s figuras imobilizadas de {Um munde petrifeado um fracoe lento movimento estrankamente 155 A TeRRA B 08 DEVANEIOS DA YONTADE Inspirado pelas doeogas da carne. Foemulemes, pois, a dialétiea material ss imagens de Huysmans por estes dois termon: pus © inguer. ‘Como centro de nests anaiee meta! da podtica de Huysmans, ‘eseatteremas o quinto capitalo do romance Be rete (ed Cres) 2, ems matos aspectar,« Viagem pela Lua contada por wm anti adme, por um tare, Mas esse terresre no gosta da terra ator 14, a pecra, o metal Ihe servirdo para ralizer ar evae repugnancias, De modo gue dariamos de bom grado ao capitulo de En rade o 1 tule © 0 eubstul: guinize das duos luearcr Fats dun itiago "Mas vejamos primeiramente como o devaneio diante de utna Jz Iria e baa vai uscitar as substancins dures, Para tanto, deine mo-nos peneicar por tedas aa nuaneas contempladas, separcinn Is para condensé-las lembrem-nos da cbservacia de Virginia Woolf!; “Quando a cores brilhantes como o azul ¢ 0 amarclo ‘mesclar-se em nosso elhar, um pouco de sua porisa pramancee ‘em osios pensamenios Sobre a propria lua, mma fuga inden do hos", Hays aman vé “um imenw desert de gesto seco!” Unicamente pelo noe ime de uma matéria pobre evil, West toda a liz do of peeiiea- da, Ela ¢telhida em seu movimento que se afiguravia tio sensivel, ‘um sonhador aquatica da gaa fans ow a urn sonlador aéreo do Pais fey. Bla nada roais€ sendo un “ice de eal eoagelco”™? ‘No meio dessa luz desétion, gee uin monte, enizendo 8 Laia todos os signs eerrestrese duros: seus Manes so “4speros, furae dos como esponjas, miciceos de pontoscintilantes de agticar”™. Ges- 0, lete, atic, nuangas mineralizadas do fstio de brane ‘Osola plano do vale hii visio & “formado por lama en: duvecida de alvaisde © de cr€™, Ura "cume de estarho”” domina 2 montarha “inchada por enormes protubersneias..., fervida no fogs de inumeriveis fornalhas". Ld permaneee visivel wana "lo Iyalora ebuligao" repencinarsence congelada paseelo imaginsrio continua eobre urn “geo recoberto de geal” onde cresoom “'vagas samambaias crstalizadas” ous ner ‘arar brilham como “sulces de merci". Come estamce vendo, a brancura prossegue ar suas devaatagdea, A matéria &cadavérica TE Wirrea Woat, oad, tat, p27 2 GE Ae, Jona Pn ae, 16 0 pevaveio PevauricaNte 167 ‘A propria aqua € plane sla, O sembador sna mulher ea Sekine arbors land, cxpadns sob wna Agua dhiafana ¢ tem ‘A zona vulcinica nfo € menos fia mora. deormada por Einae deal empapsgeds por quiso, estore coow 0 eli {oer 'Seus peony com os destes oar alam com sun ert Basic estrelado do ce.” Tata vontae de evaarftoagenscortantes nfo reve um ver dadeiresadiomo cningio? £ so mewno, Huysmansexibe "un fxajo de urga’” sobre “0 lengol Branca” de Tua As cides nares vistas pelo sonkactoc sauna ih de instrursentas ie curgisenormes scr colossus, bistri desmesurados, son Shs hipeabslcas, aguas tomsmentais, chaves Ge iepanaclo ci CGnicas Por mais que o aonbsdoee ua compankeira“esfeguem twas”, yoita som cessar em sua contemplagio Ga cara da {oe cei (do plcids para as amas trang) ess visio gerne SJe"Sinateanentas tencbrosoe cepalhados, 2aze de urna operaio, ‘tice ur Tengo brace!" " (Opessimsio da pginas€ to intenso que océainvad do pela hat epat? rma ee, O cane, em cima, ra deur negro absolut, intend, salpicede de seosque guet thavain prs, no mest har om cindir9 menor Caro ‘Dita de Te vai acrninar apresao da Morte univers Pode dar uma expicario raconalista dese eke. © etertor {wenden naccola que as yours orion sc propagath 50 ie ‘to; lectosliv nbdernos gic Luaeraur str sem atmosera, peru mo c6u varie. Coordenou toda esesconheciment0s para Drodusir imagens ben anociaa” Massie gre raconal no noe Be Pie bs, Leconte de Lise nt rou sent wae Bis evan made dion, ge tnd de epee maaan Tan ste teh Poteet igte & Oe ide aj pes fre ret Oi (ume mundo iorme, sep, yest eid, 10 epecea monte un tae deal, Jado cone am derge 20 Oeane doa In Sh etenda, som amass ie) Tare Hee, ee” €"0 pepo hae, 6 uma nepvide 168 4 TeRAA & 08 DEVANEIOS DA YONTADE deve Caer iguraro carer veto das imagens da penifcacto, He Laon ae dene ondee dap se poder comsierr ox pigs de Huyamans comoihusrages de un Caples de Medusa Se user realmente iver ene complese pot Gene, emsaucerne, en gat Vontade maldoesde projgiode oat Tide, econheceremos ole urn ira mia, ume cls poet, Hlqueada epeninamente po intanted seu exces“ Portodaparte cataratas de baba cud, avalanchas petriieadas de onda oe rented amore anion tea exasperagio de tempest ses clamoresafbaicoe nfo exprectam toda a raiva conta plo exceno de rus hostidade? Eneontraremer assim em toda a Sra do meses mor otros anes era "A seen Grice turbihser eavavans-ae em imavelsesirie que desciam erm impreenehieisremoinhoe er lear I, kgs tndterminaos de espuma, convulives Nigaras,exterminadorascolunot de agua Projetavem- obeesbitmoe, om ridin adonmecidon, corns tos paralados, com vortices oidon © eurdoe.” Com fazer me- Thor para eleva a0 nivel ebamice a visio cleica? At eta cblera amen enculpida na pr, no glo, na ead, exprean pon in tentimento univer, por um slncio que nada mals espera, do ‘qual nada poder diinuit « areaca, Tal silencio covesponde a lim imperioo “ealem-aee quem qustos” de um mete aon ‘rio. Forse (om, um peidlogsexperiente pode reconhecer um “corplowo de Medusa’ "yuma vontade de hipnotsme maldoso que gostaia de, com uma plavra eum olhar, gros cuts 38 poor ‘ras fonts da psaos. Come dic Gace (Manone ose, wa Jr, Blangus, p. 175); "Au peas sie meures muds Avie om o mutism o obtervadon” a Fs vida repencinamence suspenta é diferente de uma decre- pitude. Io priprio instance da Mort, uin instante que nio-quer er lai de eG de Vr e989), A ai {algun mas, prs Hoge uri hedsatl de araags {el Lsp. 40) O fot que ere tale no pln dor cancer sen the te pimetetsiman sedge dat mage ae 0 DEVANEIO PETRIFTCANTE 169 pasar, que perpetia o seu payor € que, imobilizando tudo, no trav o sepouto, Eo sonhader de Huysmans ae pergunta “em con seqincia de gue formidavel compressav de oviros fi sufocado ‘© mal sagrado, a epilepsia desse mundo, a hiseria dese planeta, ‘cuspinds fogo, soprando ciciones, empinando-te, revolvido em sea Ieito de lavas? Em conseqiiéncia de que irrecceavel conjuro, a fia Selene cafra em cataepsia neste indistoive aléncio que paira desde a elernilade sb a inutivel reva de um incompreensivel e&0?" ‘Se quisésemnos agora exdar mais intimamence esta especie dle partcspacio na dureze derdesese da pedra, vivendo com certa, Simpatia # antipatia da magéria dura, fizendo-noe a nés mearos Imatéria de incferenca c de doreza, compreenderiamos melhor & necessdae que Huystoans tem de oegar simultaneamente of 0 pros, ox murmirios os odores. "Ele sorve a falta de ar”, bela xpressio para uma nadiieagio sartiana, B ele alinge esse nada ‘vel que prepara a inscnsibilidade o a tardex da pedea: “No, ‘nfo exist nenhtim odor naqicle Pintano da Podridae. Nenuroa, falc de sulle de ccin gic rcvelasse a dissolugdo de uma car niga; nenbum vapor de cadaver que estivessesaponificando-se ou Ge sangue que estivessedecomponco-se, nenhurn caséio, 0 vazio, nada, o nad da aroma eo ada do ru, a mupressio don senties Go ollato eda audigho. & Jacques langava, de fo, com a posta {do ps, blocos de pera que despencavam, rolando como bolas de papel, sero or certo, hero tas esas anotagtes tal artora ta action Jo de imagens violentas que se pode comsiderslas am exereicia de sv literatura, Termpos vera, wais sinceros, em que fogimos de do 0 que € sistemacico e arifeial. Talves haja entio uma ceria Imprucencia em extrar ensinarmentos de wa Heratura deibeeda ‘Mass imaginagi & mai drraiaade do que se pensa e, por mais, lrtfciis que eejam, ae imagens era ue lei. Bra muitos aspec= fos a teosia doe quatro elementos imagindvion equivale 2 estwdar b dariaione da imaginagse, Nessa condigBes, parece-nas que, ale= hand um pouco as imagens de Huysmant, encontrarfamos ie F Rees de yin amsmene so wt rau ora sien BT tue lento emt) Bae ies na Sie ‘Rept eayaon len Barston que "pm sb. a onda ref SSE news Sonetnn nda mae que ae bsae Se eros 170 4 Tune & OS DEVANEIOG DA VoNTADE pressics reais, sonhos naturals. Par exemplo, nos sonhas, no & aro que um sentido eseja de crt rod mas profundanene ar mecido do que outro; a caréncia de certos tipo de sensagBes deter ‘mina sonhos bizarros como a visia deste roehedo que deemot0- rnam aexn ruido. Os olhos ainda veer, enquanto os ouvides jd e tio auormexidos. O phiralismo sensfvel de posto sone & grande Nunca dormimos por intciro, € por ss que sempre souhartos. Po sm nunea sainhamos com trios os now sentidos, com todos OF nossos desejos. Poctanto os nosios soubos nao esclarecern a nossa personaldade inteira com lus igual. Uma verdsdeira andlise een sorial pode isolar grandes fragonen‘os oniricos e cada venti tera seus prprios sonhos, Numa obvervagio de passagem, parece-nos {que a psicanilise no considerou o bastante eres diversos deus ddo sonho, Fl estabelece, para 0 sanko, um determinism de con junto, enquanto pelo simples fato do somo 0 sanhador mergulhe ‘em niveis muito diferentes, vivende experiénciassensives que en ‘contrarn amide homogeneidade através da vida privilegiada de ‘um Gnico sentido. Assim, o sono hinarde Huyemans deina apenas as seosagbes completamente viuaie de dureza e de foo, A duets ‘co frin sto a, pelo favo da Gnica apercepgao pela vieko, mete "as, mas metéforas de algum modo naturais. arcce que Huystoans| sespondeu com nis quimias a provoeagte de una cortan Mouios outros tiveos de Huysmans poderiam contribuir para ‘uma teoria da paiagen mineralisade, Assim, em 4 reve: “Uma ppsisagern mineral atroz Fugia 20 longe, tua paisagern embaciada, desert, esbarrancada, morta; uma luz iluminava aquele leal de solado, uma luz rangi, branca, lembrando 08 lampejos eléme- 106 do fésforo dieslvido no leo.” Nao éde admirar que na obra de foris Karl Huysmans, o 6s ‘itor frances com nomes dures, tantos paginas tradusem wn go colgrico das ronoridades metéicas, so mesmo tempo que as mate ri que elas lenominam #40 odiadas. A palavras¢ suas matérias vim se chocar, despertar a resondncia eo eatrondo de idionas ya riados, Uma cor, por exemplo, é “eseurs come o cabalio eo indi 0" (d rows, p18). As manchas (p. 130) sao “"mdculas dle bistce © de cobre”. "Os cindbriog ae Incas”, “os verinelhies e 08 rr OnEVANEIO PETRUFICANTE in sos" (p. 20) asocam, tanto pea dura dos vars panto pila vilncla de sas cors, Cares duras, som duro, matrian {as ligarse aqui nuna crespondnia bauelion Ga donee verde coe Gxido proporconam artim durera em grande diicldnde: Alia, ¢impresionante ver coms que fad eve pa Invra xi, to fevente na lingua, fot incoeporada nas desert faturas, Ero des lias, ere Lael eré atm" penetra no arc ne do mundo mineral":"“Um to atraveeeabofbulnando ea re fio de horror, suas Agua eos, sturadas de sai, anchadas EP verde melalico,parecem rolar da espuma de soe do 6xido {i obve" (Vas tpn, Ores eat, ed, Calan Ley, X, sn Pas eas conrespondéncae de dress no se formar mim devanci tenquilo, Recamam tna vontade exaterbada queen ontrea unidade d ser na cera. As imagens metas 0, para Huystmns, um mera de imprecates.Achpa meuica co ance Injuram 6 mau goa. O fero fornece um mero incall {d metaforas contra a are de none dian, £ x6 rler © pora em ‘roe — cm prose dura — eoerito ana a torre EU” eve verd que tim poeta pede odiayalgumas "coin ‘Como cvtanos, cx nosans diferentes Obras sobre a imagina cio, qualquer cascaciosstematiea, somo tentamoe 20 corte fr leer de wna obra um edboro tio eimpeto quanto pssivel em totes sina, devemon indica, para compear a potas Fil de Huysman, um segundo centre de devancios, Exe segundo flo haga, uma choge prin, tb lana chaga mite Fal em ques corp intr em soltmento pred suas Rores exe Cando, Meso no devanco dessa Lae mineral desea em Bx thn qual se manifesta uma vontade de cataleptia, existe cha or gue remmam Huyomanscontempla ai" Mar dos Humo- fev 0 Pantano da Por” ‘Nao € de admirar que aja contimiastrocas de ncdforas da haga ao metal, No devancio de Huysrans,&chaga € 0 mineral Carnal, Devaneand ao iar, vé no aro ive “incurdves cae ft levamand)vesean runs sobre exon ear de ing pl flow (iw sade 105) TF Thain, Le fale de a 938 Muyamane, Cn Cre pi, im A TERRA & 08 DEVANEIOS DA VONTADE Detocando agora ot devansiot atralndor ene of seu dois plod car cxcoriadn ne metal parses, compreendcre toon melo set das mefornimplocave. Levens thor também coe wechos ded bn, Compresnieremos qc ofr iter ct tive eal abet 8 means taande Se gra diosa feidra, de universal doenga. E mais do que uma tirada; € a fErmula de tna entea pestis que Huyuars colra na boca ar der Eacne (1) To Mo & aco ia” Stns wess'm noms conterncas Ivrea Sorbonne 20: bec Gonos magindos, propucnon, como eerie, Common ‘pce por decreas mona ou tam por doen Org tag, Parcs fant que ume doen 20 trary ‘oma cs orpeizago nor, pot evel novos tips de oF funn pote omarac um motive de ongalidade, Com Firsts af otf plas flaranes onde se expe ui Cor Inotragii. edema sede mages oranns cm oro {kos sis uni de core muito sivas, velmente a ito ‘Stra err dey de una pb ley de meas deo ‘adr emo cnn rm xr Haya fend cog a yn eta elma ns ners et Snr Arimoge mets om le sven a metoras dere a Tondo da Vin ecomesdaa 2 itor ara taarco mee enpe sinnponto, shar oan a eas Ecmnmnlhe, Agel cat, ole enc toma, @subo de Hope tan Un velo mura cub (Exar, p51) “ascends de ima vee hoe, aexpeoach cara as Eg ab aces ah pom avec di ue, tla pee, ea ow jad, ode uma hemetagn de muir esa wermolgin dbo, eve pessimism material, € en Ua ain Bie gue oe a de ce De ple re ef le par (ea pacinian onde we aie tn ese Dns brane cian, / ina ora pada pure) vats vrs tow vertcrotexe Pacce-e oar cm aaa so squares), ¢apronmare sm do fgarsomi “ Foe epen 0 Devaneto Pernustcanre 173 sums das caracternticas mais fdas do sonbo edo etl de Huy ‘mans. Tal unidade, graces & doreta do objeto cdo vocab, nos mostra presisamente que as verdadiras antes do est 0 ots tnirces. Um eso pessoal €0 proprio souho do ser. ipressox Sante qe, por uma adesio total a um tipo de imagens materia tm estilo possareeber canta forse tata con imu ao mes ‘mo tempo. Tudo € voleto, mas nada expe. As Torgas so ‘eres, tas tabalhars numa linha. Ternos assim mais oma prov de que a andlie mediante as iningens mntmins poe epeciica wma imaginacio lerdria,revelar umn determinism imag‘, Essa {gangrene metlicase esas chagas peticadas no so meros exc ‘esto de ptoreso,implicam uma dvds profs sore tras as Substdncias. A subsnca € una ago. Muysmans € ur realita traldo, Bm seus excrpulosallmentarexencontaremos em seguida ‘utras provas dso, 4 Intervent do devaneto petrifcante pede também nos ser vir para estucar em Huysmans a recusa das imagens da vida veyer tal As plantas, ating pela anorexia de que se todo mundo vivo, ao quetea, erm Huyamans aevter a eva. N4o quero ae {ara ewto. Saas substincias seus movimentos dover endureser « parar. Ao contro das intuigGer algutmicas, em Huyimans € vegetal que deve viver a vida mineral, Por isto Huysmans noe tonto peg de des Eseines pela flores mei com meal, ere panturradas com sis monsinovos,entrequer8Joncira de ma qui Inia teratogica.”"Nenhuma pareca real 0 tec, o papa, 4 por «lana, 0 motal pareciam ter sido eraprestados pelo homers & na. turezs para permitirihe evar monstros.” E bet perto desea ito- {seta dessa metalizago do mundo vegeta, pode-oe sen em a0 2 segundo pélo das ivuigbes da purulenia. Quando a natureza "nie puderaimitar a cbra humana, fora redizida a reeopar o¢ rembro interores dos anima, tomar emprestades a6 vigoro ‘as cores de sus carmes apodrecias, as magniicashedion deze de suse gangrenas” Asim a deenga é um objetivo, a verdadeita fh zalidade, no s6 doe serer vives mat do mundo, Huyemans, per forrendo de wna +6 ver uma rublimagio que faz surg a Beleza ‘eum funde tenebroso ¢ impuro, conclu (p. 150): "A Flor.» € | vegeagao do Virus"? lice cde Haymans roam ai, mba ds exproe, 74 4 TERRA & OS DEVANSIOS DA VoNTADE No inio do romance En rade figura win sone de pada con teman pode fermecerexerefloeelementares para 4 tstragho de ur pearls inilone, Alas sera imeressante ver, na cone tinuagio de romance, Huyemane aor uns expla esse s0- ni. Por once que se eaejas por da prcinaine, peveeberse-é a nvulcinea da pricoogia escae dos eonhecientos walico- tals para expla no temp de Humans, um sono que agora dos parece wo earo™, Retonhamos spenas wa plantas mineali- Zarda, epeass soa eas peticadae, que nos permiiao caracte- tiear a nvexia de urna hmaginago frrese que recusa 08 bens dia tara Tis, pos, osonho de Huymant & um pico que surge da terra, que tobe ab 2 como uma Yegetagao de colupaas ores, fC cs'p ormento dos faize metalizaos (pp. 29°30) bast para marei-la, Num unico vert, Jean Leacure revels east senso dade As fr ine des fs, 1 forme du tage” Ronny, 96 Mas a imagem est arraigoda em nmitos psiqui de volta ao tempo em que 9 olhar de utn pai nos imobilizava. A. Via intera conservamas a desejo de impor a imobilidale ds pe draan rmindo host, 20 inimigo assorabrado, O verso de Jean Las ture é, aids, eguido por uma verdadeira profiesia de eflera, Rive de rigs ea emo cferdies cen 2 ied insicn (eels de nes a rt gut fs lat fads (fy ta sos pueden» ers Concrtasob tas elon ane het DEVAREIO PETRIMCANTE 181 [Um ontzo poeta nos faz viver de certo modo a passagem da subscincia ainda live para a Figura petrificada. Peimeixo ee ee (Som ot) ent pain ded e depois Nous menbes Elstar Ptaas de pcads Nena / a radii de prs O leitor que hover formulado tm eamplexo de Medusa com- lero valor sintetigante do pocma de Emmanuel Pademos nos tornar tio sensfveis a urn wosto que se imobiliza que antigos pavores volta A simples leitara dos verws de René Char pres Henn Nis erred Des pete ie soma Le mere so mat, ed, José Conti, 1985, v ‘A cases pavores tocados em gue intervém ot mitos da petrfi ‘acto, campritia apronimar ag imGmeras anedota iterdvias em que fas stituas se pocro 8 andar, em que os retratoe, de repent, olham, ‘comm uma piseadela, em que personagens de ums tapecara inflam: te. tornam corpo ¢ saci da parede. A vida da extatua de Comen- ‘dedor fol interpreta com todos os matizes do wmbolime sem que csalentasse eam auficiente caress 9 crater profundo desse fan fama de mndrmore, Como tudo que parece excepcional da litera: fra, vide imagindsia da estan tem suas leis. Bastaria reunir lum niimero sufieente de exemplas pars que se vejedalincar-e es se tipo de terror. Pisce Emmenal rw deca» 73 182 A TERRA F 0S DEVANEIOS DA VONTADE Entio narrativas como Lavéus dil, de Mévimée, ganhariars lum sentido, Nela sente-se a maldade do bronze, a sua impiedosa dure. Alia, € surpreendente que 0 antasma da esta cFimino- sa-volte inciéentalmente, numa outra novela de Mérimée: I vicee (& Mama Lacresia Darra nowel, p. 139): “Nao faz vinte anos {que, em Tivoli, won inglés [oi exiranguled por wma estan. — Por urna estdtuat exclamed, como fol? Era um milorde que havia Feito exeavagiex em Tivoli, Havia achaco nina estan de uma peratriz, Agripina, Messalina.. tanto faz. Seja como for, ele mar: ‘dou Ievaren-na h cara dele, ¢de tanto olhila © admirdla feo loca por ela... Chamavara de sua mulher, sa milady, © abraga: vara, mesmo cla sendo toda de mirmore. Ele disia que a extn animava-se todas aw notes em su prvito. De moda qe ta me hi encontraram meu milorde déra e morte ns cams." Neste trecho, Mérimée pts sob "a disfarce'' da loucura un imagem que havia desenvolvido mais oniricamente numa de suas rethiores novelas. Pode-te ver af ti o qe ee perde de valor om ‘oo quando se quer leitimar narratives fanedsticas zm entrar ex concato cam 0 prépelo Fundo das imagens. Racionalizar uma ima gem pela loucira do imaginante é decerto um procedimento co: ‘mum em literatura, Mas este procedimento féeil acaba send we Dbstaculo para a partcipacao aa imagem. Curpre ir as proprias rogiaes da sinceridade das imagens para deaperta 0 joge dos vale Fer que se trocar no plano de um complexo de Medusa. Pro: jetamos normalmente este compleno, queremor imobilizaro vr te ‘meroxo. Mas is vezes, na contemplagzo de inanimado, somos Vit ‘mas de uma situacio inversa, A pedra, o bronze, o sor imével no proprio fando de mia matéria, assumem de repente wma ofensivs Gade, 4 antiga esstua recobra sous maletcios. Prosper Mériinée, lrqucéloge tranqiilo, se da ilusio de tremer TBvidentemente,pretendemos aqui apenas indicar, em suas for ‘mas literdrias, 0s mitos io aumerosos da adi ana, lantas ve ‘703 reprixiuridos pal folelore, Noss tara, epetiocs, 96 tera sen fide se for limitada. Equivale a mostrar que a imagem que se cié Singular é amide um velhisinso mito, Assim, urna esttua € tanto ser humane imobilizado pela morte coma a pera que quer nas ‘er numa forma humana, O devancia que contempla uma ext fien entio animado num ritmo de imobilizagio © de colocacio ‘em movimento. Fiea naturalmente entregue a uma arbivaléneia (0 DevANEIO PeraunicANTE 183 dda morte © da vida, Nos Budrs de Maspéro sobre & Mitologia fe Arquedlogia egipcias encontcatemos muitas oporvunidades pa ya ritmanalisar a contemplagio da obra esculpida aproveitando-nos dessa ambivaléncia vw Dasimagent da petra sere mito natural aprox as “imagens do glo, ae magens do fin. Mas acontece que a iagiog= Cfo do tao éroult pale, Procurs-e remedicla com rgideves Srancaras — neve © glo —, tentaee através do metal dar uma pron trio. Emr ouma, vale rapidamente 40 enon dat thetdorac mori sem encontrar imagens simples dicias ‘Porque co pobreza? Docerto porque nao hi veradelramente cm nosi'va muturna um ont real do fi como se 0 ho- fem que dorme fowe realmente iconsciente do fio. Quandb me ‘eorredebeber vinko om sonko, cle no (em ehero, x em got tore que hoor para um champanbés! —o vine que se bebe fim swab lgancne aged, orno — natoralmente— cose Inc, Now shoe nn te comsegue beter glade. Na via acordada € muito aro que o fio sea concebido co smo um vel, Lago, €com muita arslade uma seb. Os cor ppc qente pestm por corpos aviv, por eorpos que recebe tam im suplemento de substdnca: B ma el enteric psi {nies ito. O pensamento pee sentfce postuloy, eotudo, so sows oso de Them Casendh tem pinta, endo por ern, sente-seo ho plant Mats sutanraen- ter no séeulo XVI deem que otro um nitro. E por iso que turn inédico recomenda ther fio (Duncan, ep. 201) “"Sentimo-nos melhor em bebe fo do que quente, porque oa tro, que cautaoretlamento ete exala pelo calor, € mato apr prado para emperara hile, cujes enxoles,arapalbando cs fer entos'do eserago, causa normalmente 0 ens.” Mas todor ess valores sutaniicador aio excepiona ¢ pode-s ver precimente, do fie ao quent, a diesen ee ‘aor ecional, efter, regan, grandes valores conan ten gerin igh de sevem una sus, empolgand tana 104 4 TRRRA & OS DRVANEIOS DA VONTADE poténcias da imaginagio. No fundo, apenas os poctss saber fazer ‘imagem — sobretude os poetas da nova Mace, os poetas do nos 0 tempo — imediata, répida, « imagem que em poucas palavras ‘expressa todas as petrifcagdes, todas as mineralzagbes do {rin Iaonna! Irae? ha tar de ei dew fr! teu tet pt tea ts debe! SaivrsJown Pease, Yee Mas do bes observaies sho ratas,Portanto vamos nos con. tentar com alguas imagens do fra sue Ura @ problema da ewes Vemes mostrar acm demora imagens excesvas do ponto de vist dp senso comm, pols una perspetiva de exagero€ mato ‘propria para designar a forga de uma imager, Eneontaremos ‘arias dels wo mance de Virginia Woall Otends.Primeicamente Sows pasaos que, gear no ae no passam de uma pede que de repent cai i us. Bo ro gla que bila nao 06 on pes 3c, us também algun eres homangs que to sarpromaidos¢ conserva sa atte de est, merino quand ae sua tomaram seu curso. Durante todo 0 eande inverno, conta fo tnancisia (pp. 51-32), '‘a violencia do gelo foi tao extraordindtia que Asvezes acuria como que uma penficago; ese atibua com tuenteo grande aumento de rochs em alguras partes de Desby- shire nfo a uma erupedo.. man ac endurceimente de desaforuner do nen prt irate ransom em pea, A grea, naquela east, no pbde Sacer muita cosas alguns pro petdtos, € verdade, mandaram benzeraquels restos human ‘nasa malora preter uli-loe como mares. ou en, qua do a forma dees perm, wansformls em bebedoures — fe ses a que a maior parte prest-se amiravchmente até hoje” Que cada qual faga nese fexo 0 exam de seu propio bu mor, Ans, parece nos gue le edie pels meta fanaa ‘rem humor, com este nada de poesia que se pole acescemar A TA Wang nt em Lucan Pay 1X}: ‘ee ce sberlin 0 nrvaneio rereinicawre 105, ‘duas metades para dor mais expressvidade. Paroce-noe também fue esta pagina naa tem as mesmas ressondneias para om letor inglés © pare urn leitor Francs. Aliés, para express todo © meu [pensamento, nao leo esta pgina sempre do mesmo modo. Umi ‘ezes acho-ainsipida, outras divertia, e acontece-me de rir ao pen tar gue fem de mim porque estou indo a0 ler tamanhas babose ‘as. Assim o texto de Varina Woolf pode ser dado como exemplo ‘Heum texto ed, de um texto webilzady. Baseado nur tema rte Singles, manifesta uma corabilidade do juieo, ndo s6 para letores, Se diversosorientagaes mas também pata wim finiealeitor que tem vrios climas de leitura, Pela pripro fate do exagero do documento indiscutvel, esse enta colota em virtalidade, come pura virtalidad, o problema dda paicologia da lena, Apresenta-nos, desembaragaca do real, a Tenda de uin inverna terefvel, uma doa pura do fio mortal”. Fi ralmente, Virginia Woalf nos mostra ai que basta, para justfcar (inicio de uma lends, nfo wana racionalizagso desenvolvida, mas fo menor pretexto de racionalizagao. Afinal, nlo € verdade que 0 elo imobiliza o ser vivo? No € verdede que 2s vezes ge encdntra {dentro de choupanas um coelh envijeido pelo fro? Fsse pequeno fato € entdo wma permis ere shar, uma permissio pata come ar a petrificagio de um universo!® “Tal nogao de pernisen para ronker fornecida por exporitmcias positivas — se pudéssemos procurar-thes sstematicamente 0 ras fro na base de todos or devaneios lterdrios — nos mostraria por {Guais artilicos, conscientes om inconscientes, 0 eaertor pretende ster ae a0 real, mesmno quando imagina. Por venes, como no exer plo de Virginia Woolf, 0 esritor nto & udido par seu antifcio€ Tir Gen aie wediar br ee to sbrnto do pao comprar tnt earl tn cheno wiles cme open pre er 8 i sie ar perth 9 Cova en itn Agana utaeste" Para Bacon (Gite tare pita tad fy fs onion aioe para teeontrmar aren Spe, "po Feat ores 1 Tnisceres i ss dase scm par eid pater car sos pedo lps Mand tae om ws le Grp ate CLD 515 Vision olden ao pr egates oder pew og mr tenes os ens por hana uta pee Man. Sea secede ers ee erm nege ov de une nee 186 A TERRA 05 DEVANEIOS Da YowrADE sabe que oleitortampoueo 0 snd. Mas mesmo aetim 0 autor com fia na objiidae da fatase espera que oleltor 0 sigh em sa luca onstrujo, melhor, espera que oletor fixe na meméria essa lenda de uma hora de leitura, essa pgueniaa los de iterate CAPITULO 1x © METALISMO E O MINERALISMO, (ene Dae Ls, Opa dt par ‘Uma obra como a que tentamos realizar, obra que quer des: tacar ¢ lassifear as imagens materiais funclamentais, nao pode, ‘como seria de descjar, ser intciramente objetiva. A imagem ma terial, ais ainla que 9 imagen das formas e das cores, reeusaese ‘uma cbjedvidade total, pos reclama ances de mais nada a parti= ‘Gpacie fivima do sujelto. Quando alguém Ihe fala da intern as foisas, voce tem certeza de ouvir ax eonfidénelas da. pecipria inti mmidade dele. Por exemplo, a boas almas que, conta todos os max les, ensinam a wind de simpler, exalam ax balsdmicaslembrangas ‘deurna longingus juventude. A sinplicidade@ arcaica.¥ preciso ver vivide num velho jardim pars expressar cam (todas aides da lira e da senica, Entdo a substZncia é umn gonho de joventwde, a substincia sakitar € uma molésia consolada, uma side Falada Para conhectla simpaticamente, cumpre elogitla, campre escre- ‘vera seu respeito com 0 sages satura da imaginago, com a8 pox tnciae de uma tradigio rejuvenescids tem cesear netsa eetranha conflanga que pala uma geracdo.e une o neto ea av8. Seri preciso lembrar-se do arcaismo de tl eonfianga quando se quiser avaliar | aucacia da medicina espagiriea ao propar virtades médieas para inmanos minerais, para sais exiratdos diretamente do mundo dat pedras 188, A TEAR & OS DEVANEIOS BA VONTADE Se uma substincia, pana entrar no reine das vietudes, neces Sica al confianga, cle una vabrizacs Bo expliciea, pene muito bem atrbairthe o seu ctisambo. Hla & arompanhsds portanto de lum sercladeio foto nto, ela & uno ato de iterating, Ac lado ao ona levialismo racional ter lugar am nisteralisine apaismade, Ae la 1a das experitmcias — atrapalhando ou exaliando as experiencioe — én lugat os sonbos, oF poemes, as imagens. Sav os jemenes liens das subscAncias pais. Taisfendbmenos iterdcios merece tam estilo espeeial. Bes eselarecem urn pouea os arcanos io core Fa humane) mi outeas palavras, as imagens literdrias nos parceem cele balay entre as impayens que peeparam conhecimentos¢ as imagens tgue prelud.am devaneior, Tanto poderao, por reies sucessves. teoder a conhecimentos rasionas, quanto, por esubstanciss,evadi seem remotas meidforas, Portaneo, acerca das imagens hiverias |qurelogiam o+ méritos das subancias, peers evidenciar 2 di ldsiea entre a palavzasignifcante ea palavra valoviranie, A vell= xo a imaginacdo eneonteam agi a sua antitese. Naturalmente sins duns grandes funcoes nao se separarm de um mado abel Em particular, «imaginagaa reewpera a imagers que lle xo qa reria ter dessmaginado, « nessa imagem csimayinaca que sco bru das tradigdes da experséneia ela poe sua cota de sontos pese sis, Teremos.a eportunidade de mostrar a ago cerns ghqinis ‘quase natora, sempre renascente, que vem sonhar sohte as subs tineias da vida moderna, sem ae enlevelar tradigan alqutenica Naturalmence, ha muitos inconvenientes em seguir simples mente, como fazemon neste livre, destino litera das imagens em fundamenter wna pesquisa ei deicutnents iteearios. Qua tas imagens importantes que, artehatance oespirico, permanecem ‘cites! Tarnbém peciem vir tempos que neglicenciea ary Ambita inteiro co devaneio material. Assim & que as imsigens do metal smo nos pareceramn toca por uma inércia anormal a ly contemporinea. Paeetianvdose algunas beas imagens nascdas das logrias erreiras, alguns inebriamentis wfenicos co eabre martela fo, parece que 6 metal jf io fala 8 imayinagae moderna, Nada sobre-o churobo wun época em que absindsts ab tendéncias sa turnianes. Nio se eneortra 6 chumbo na literatura madera, er bora cle tenha deieade tania imagens no fundo des lrg. (Cle 19 que no levamos em eonts a8 lgares-comuns, as ‘races fitas 0 Meraziswo # 0 wanERaLisix0 189 Essar fOrmulas perderam justamente seus devaneios materiis, 0 proprio tentido de suas metiforss,) Nada sobre o cxtraoedingt ® velho estanho! Nada taropouco sobre os metais dre, os metals volantes, 0 aluminio eo magnéso. A literatura nzo Ihes concede foros de nobreza, patente de melaisaérras. Ao ver tantas carta: clas podemos crer que nowa imaginaria esti desealcificade, Serd ‘que 98 conhecimentos cien!ifcos vulgarizados tllheram onizi mo por tanto tempo vinculado a0 metal? Repetirantnos tata qe ‘o metal era um corpo soapler que nio xinhamon mals cor san mie tenosa substancin. A indsteia non entregac metal com tal pares = esobretado com tal poimento— quira oijeta merle fica ine= diatamente mareado por set xigno alistanelal, Assica o metas a ‘ornaram, para uma consciéncia miderna, verdladeitos centr ma leis, Sio.as elementos de win simples somnatine de matin E no entaneo o metal viveu na imaginagia de nossos ances trais, Bastatiadevolvera importa de sanko Be primeitas téent cas para fiver revives 6 anirismo que acompanha a produeao dd metal. Comopreendertimos rapidamente que 6 meal €0 prépao sonho da parvenne de feo. Ble no nares 6 to fog>, mes nasced do fogo eda terca, do Togo mand em seu excesso, imaginade emt sun fri, entregue a tos os exageros da imaginagso. As figuras iis antgasreproduzem com freqbéncia os aopredoreseesociadon dois a dois para alimentar 0 minérie fervente com uni sopre sem Hlescanso, Como deixar de sentir avis dessa figuras a excltagho ‘aie dle dois cabalhaclores? Ris ai elemvento humano de uma ee nica do parexismo, eis av devancio da vontade metalivgics, Viz Fo outros tempos que conneeerio metaairgicas seule Mls an tes de saber, curmpre querer, curmpze quests rai da que se sabe, ‘cumpre sonhar a poténeia, O metal €0 jwémiv de vin sriho de pordncia brutal, 0 proprio sono do fog exes, ‘Comparados com os sonhos metakingicos, ox aonhos ca alu ‘mia eo mais comumento aonhos de paeitacia « de moceragao. Ts fo porque, para o alquimista, « propre logo neucsita set auxiia do pela figades de um meredo para fexdiro minéria. Para as sinagdo material, toda fesomenclogia revels una entalogia, do fengmneno tem sua substincia, J que 0 metal ve funde mum ogo vilento, & que o fogo conseguins Rbertar mercisio Muido, o prin Aipio liquid de metal. Quase fo hd slquimia unicéria. Logo, te. fia preciso unm grande aparato daléico para explorar em tod a8 10 A TERRA # 05 DEYANEIOS DA VONTADE suas sulle imaginagio material do alquimista, Mas a alqui ria, embora soja froqientemente citada na hteratura, agora quar se sé geasiona devancios que se encanta com os vells livros gem ‘altar jamais As propries imagens materiais, Baudelaire netou ‘que havi de convencional no quadro clos ancrosalquiticin, Nele Si sao mostroden abjetosbicarros, iriunfo da ptoreser.e do hetero neo, interior hobandés de utenslios nfo-usais Para reencrincrar as pokdneias que maginarm o devir mineral, ‘curopsiria, pelo menos, sivencia a fiilgia de todos esses lens iow € nfo smente se diverts com 26 suse fornnas. Por exemplo, poderfamnos sochar @ lambique oy su wey, em sua cosmicidae dle, lembbomedrnos de que em certos deveneins préeientificas 0 mundo & eoncebido coma um mens alambique, tend 0 e&4 in eine coma capacere ea terra canw cucsebita © alambige do des tladoe sr entao wn alambique do pequeno smundog a mate i ples das desilagSes sera portanto uma operagia de universo. Ao eailare meraria dos sabiog, o alquimista vive um sonho de unt ‘Mas esia histériaheterogénea na gual intervém sons € ex peritncias, esse longo debate de imagens e de razces exigirin uma Tonga obra, e para eserey-la seria preciso ma acenea diffe ‘duas patencias do homem: a imaginogao ¢ a razio, Dela 96 guar dlaremos, neste eurto capitul, algumas visées gexais que nos po- ddordo ajodar a expecificar © problema do metalsno imaginstio Desde j, Hea bem claro que e metal, ao ser sana mtalirgien fou alquimnicamente, deve se mostra enivo uma matévia airs \el. Mas esa admiragio que proporciona m granes imagens urn privilégio dos grandes imagioantes. Vasnos nos aera imagens simples, de modo a destacat os dados iaiatos a imagine do metal " Por mais substaneialmente diversox que seam os mete, par mais variados que spjam pela peso, pela cor, pela sonoridade, eles rmeseno assim procluzem wna imagem material aenéries, «imagen proviss, clara, imediata da existncia metilica. Essa slides met Tice nfo €1m conceite. Revela uma exsttneia abeoluta, eolocando 0 METALISMO EO MINERALISISO 19 58 ndo-eu duro que jd enconteamos no inicio de nossa pesquisa \ primeira impressic, 0 metal parece materialzar ma recs, essa zecusa multiplicn as suas imagens, Bon sua esséncia, como di Ghillie (Eséeueae, p29), 0 metal *Techa a eara”™ Por exemple, « metal é a prépria subsea da fi “cca oferecense a tas ax metdforas, Se Hermann de Reyserting fsceeve A trieza €0 calor expreticn da metal", & para reencon= trar a vida fria da terra, a vida de ca existEncta de sangue fro, Aida que cle estima ser a vida bisica de todo tum contioente A hustle do metal & assim o seu primeira valor imaging: vio, Duro, fro, pesado, angulosa, ele rem tudo o que & preeito pa ra ser gfnsiv, Psicologicamente ofensive, Hegel denunciathe — fem bloco — a cheir) desagradaveP, No Cosmos musical de ura ‘Mlexandre Blok’, onve-te 0 sinério “urrar'" O metal € um peo testo material. Seré necessiria toda a energia dos devaneios de provocagio para “domé-lo". De qualquer modo, sua fieza, ua Indiferenga impdem cero cespeito por ese filo primiogénito” doe Produtos da terra, como diziam cantos velho Liveos no tempo em ‘que a palavra primagénito resuroia a polvaléneia dy domino Foi em virude dessa unidade primordial daimagem material ‘que os alquimistas pensararm na metalidade geral de qualquer me- tal, Decarto § tee geacejar sobre a virtude dormsitiva de dpi recusando-se viver as aveaturas do arvaigamento de uma quali de numa substincia. Mas quantos devaneios eee, stanton Be Jos despertares da Vontade encom’ ramos buscando 2 metalidace de uum metal, a wittade metaica do metal C so pela orca mace ce um auinésio que se tem tana teaball fm metalizar!F essa virlude metilien de mot tanta prvas de sua realidade, tanta segurana em soa durera, tanton desafion fem sua maldade, que no se entende bem eno @ hur poseria Aetcr tio apaixomantes tantogia. Seo metalismo imagindria term Bo grande unlale em suns 2. ge, Page df ata ra Tn 5 Ci Soph areas, oases pte A Mey. 18. Cui Mem Ss pac al (© metal ino cent c uer c's erage /B ca ferruger tnda rt.) 19 4 TERRA £ OS DEFANEIOS DA FONTADE sis varias imagens, & ell compreender que ot séculos alqut ‘ios tenham padi ver nos diferentes metas formas substan Clale teansitivae de uma tnica e mesma subetancia, a matea pro: Fn de una viele partir, @ destino do rey mint ‘Qualewer metlidade apresenta-seentio como poten pro: sgressva de wna forga metairante, O devie meidien, er tal visio, do mundo material, nfo passa de tuma ida v3, pois exte devie & © proprio vioculo da unidede dos diversos metals. Também 6 de admirar que se encontrem os pensamentos alquimicos sree lecidos, come tio ot pensarnentos metasicos dos Schelling © dos Higel, eferéncias relauvamente precizas A unidace metilica, orem, uma ver mais, ve quisermos bem julgar 0 alcance de tal unidade de devaneios materiis eo estranho bem-estar qe sen tUmot a0 sonhar aaiteriamede, eumpre devolver 8 imaginagio mine ral oda a sua coumieidade, cumpre recolocar 0 rineral em sel far no muade, na vida geral do universe. E sequinde 0 eixo do tir mele! como umn imapeto ital que compreendemos melhor 08 brincipios dietores do pensamento ¢ da experiencia alquimicos, Lembreaoos pois, rapidamente,o alcance dessa panbiolozia, per ‘coreamos esa lomes porapecsiva dla via dere, a vida fa, da via fro, Hines vida mais dicta, pois ve deaenvolve mais regularmente ‘lo ques vida Trig acidemtada dos animais e dos vegeta a O usiverso sublunar, pare. alquimists, est tamed divi {do em tes teinos: o teinn mineral, 0 seina vegetal 0 reino an tol. Nada excapa a esta divisko. Ox reinos tm estritasrelagbes tom alinende vate. Asin ube catculacie de aiaientos contere ui devie eres, menos enqanto ssubstncia do que ensanto alimento, 0 algwimista crlocaralete, Songue, faci, pho brance ni eetorta onde se prepara as subs” Macias minerals. A rerta & wn sémego. Uma substinca ser alimwenc, eis 0 signa de uma valorizaedo que nas escape, pois a Palavraalimento tornoirse para ns, esse sentido, uma pala burata. A imaginagao material guarda ov valores cancretos ‘Nenhum dn és reinosescapia acs ritmos de toia a ida. © animal € 2 vida cotidiana.Q vegetal, a vida anual. O mineral, 0 METALISHO #0 MINERACISMO 198 vida scalar, a vca que se conta por milénios. Assim que se aonb, ha vida milenar do metal, devanicia céemica entra em a Impie-se assim uma especie de espaco-tempa do devaveia met 0 que laz com que we una idéia da ina remotamente profanda {alia de um paseado desmesurado, O retal, para o alquimista, € wna substincieseeal, Portanto, nia é dle almirar que a quintesséncia metalic produzo outo,seja uma substdncin de juve tide, Ba homer con ovela frum jovenzinho, As ervas apenas rArecam ua fer 6 chifc ee cervo apenas aguga um bar. A juventademetdlica 6 ‘nica que proporcionao reuweneacimenta em grande rio, & soohads como a tenacidade de vida de wen prine(po enceavado na Iibsidnels dura © profonda Gamo desperar esa via metic, como atv, como excis- le, come iflama, conto ssl arvsrecer? Param alquimis- te todas at eetdoras da vila cevelanese aqul vias, nator lentes. "Tis metaforae so sibs eso ingétuse,lmpresionante Privilegio dos pensamentorsonkadose das tonhos penrades! Pro ther uma eapéce de Hinguagem homogénen que persuade att ‘és de uns imagem. Sim, por queo out, ete rebent9 Go pet tmevlico, nfo reeeberia, no fin da wind, todos ve sacs da pe 6 assim que entsam em ago codos ot movimentos da ger minacao. Eases devaneions80 profsndamenteaubstancialistas, de forrem da imaginagao material, O que 0 alquimista procure ni tape um germe caro, expecifico, nae & tanto am germe dese fnbaso em formas encaixadas, e sim a mate 4 germanagio, x ore sominene em sua potéacio universal. Onde ira ele peocurar ex Imatéria “ prolifica”" que deve Lazer germinar 0 mctalnerte, 0 me fal vil? Amitde no germe dos frutos, amide ne ovo dos pasate. ig um exemplo entre muitos. Le Trévisan cozinha dais mil ovoa de galinha. Deposs separa as claras, os gemaa, as caeas. Nessas lye) matéris, com realidades substonciais to diferentes, traballa this anos e meio. ReGnc em seguida es eséncias dominantcs das ‘matérics primitivas, Bapera cor obtdo assim a quintescia da vi: dy anova, Essa quinteseéncia animal, colocada erm sua usta ma trig mineral, deve provocar juntamente com a materia dos metas Inferiores, que sole de urna metalcade entorpecila, germina lo perteita'erépida que produzir alinal a our pure. A ealinha 194 A TERRA # 08 DEVANEIOS bs YON TAD os ovos de ouro € wma apologia ingeoua que atwa na superficie das coisa. A imaginsgio material, rnuito mals profunda, sonhan fdoem profundidade, encontra a germe do ouro nos prinefpios da ‘vo. A potencia germinativa dos avos de glinha vera revelar a po- téncia dos germes do ouro, ‘Aousarn muitaa vezes p alquirista de imodéstia. Acreitarn que queira criar algo com nada. Ora, ele nao pensa seus proble- {as materia no reing do ser; penss-or no reino do devir™ Nesse Jmbito do devir, sabe que aada pode dear sem gormr de dat. Para fle o germe 6 0 tequema temporal que 2 matéta &obrigada a se fir para (er uto devir produtivo regular. Para ealquimista, como para Hegel, “a semente & frca™ [Ne reino amimal,& poténcia germinativa em geral & confiada 8 oélulaeexpecinis. Mas esta pottneia pode, na opiniZo do pens mento pré-cientific, encontrar-se menos esteitamence localizada ‘Assim Homsterhuis esreve!:“ Varios individuos, nos és einos, tontém parte prolifieas em muites outros lugares alm dagueles {gue nos parceem unieamenteformpados para geragio, Cada par tieala do polipo da tremela, da t2nia, contém sementes. Quantas plantas prodizem suas cemelhantes por seus bulbos, suas ralzes, cus eaules, supe folhaa! Todo 0 reino mineral é semen,’ [Nessecafoque, a menor parte de wim mincral Sum germe desse mineral. a (orga germinativa esta em fda pare do metal omogé hea. Aqui jk ado ha deseako, mas uma forge profunda. Tudo € ‘Scmente na substéneia pura. Uma expécie de ato de fe naa virtudes Substanciais atrib Thes no a poténeta de porseverar 00 er, ras tambérn a poitaca de levar su devie de perleieae num sex &raeta Tidade hesitante. Que o fildsofo do séeulo XVIII possa pensar nu ima substinein tio ava, prova realmente que o mito da vide me: talica € vigorono, (Claro, a mentalidade da crianga acolhe as mesmas imagens. ‘Acrianga confessa — nem sempre com faclidade — 03 devaneios {que os homens calam, Jean Piaget exreve!: “Enconteamos em al fpnmas ceiangas (na em todas, mas em gronde minero das) a Higia de que-os peslagos ce pela ‘ereseem como as plantas: ‘S80, Tg, Pepi oe mse, ea fe 1M 9 10 5: Mevmiebuis Oban pitas 1s p10, 6 Phat Leon dered ces nfo, 38 0 METALISHO E 0 MINERALISHO 195 semontes de pedregulhos'¢ sso dé pedregulhos’, 'a gente planta tle’, eles crescem, ete. Eo caso de ver nestas expresses simples figuras de estilo? © gue vem a seguir mostrar que se trata de uma ‘serdadeira vida atribuida 20 peaegulho.” (Odevir vegetal ~ dovir médio entre 0 do animal eo do minc- ra} — provoca devancios de analogia cuja pottncia nio mais ompreendetnos, ma que no poder deivar indhlarentes uma imae ginagio terreste, uma imaginagio subterrinea, Assim Cardan Dergunta’: "Oe putra coisa € uma mina seno uma planes cober Se uma mina ee eayota, decal, basta recabrila de ter 1, devolvé-laa aua vegetagao tranqiila; um século mai tarde, 8 Fi reaberta ¢ encontrada em pleno exeselmento, Esta € uma int ‘82 da vida mincira que atravessa 09 sGeulos, Bacon cecreve nda’: "Algane antigos relatam que se encontra na tha de Chi pre uma especie de ferro que sendo cortado em pedacinhos « en= terrado cums terva frequentemente regada ira como que nela ve getar a ponto de todos aqueles peciagos tornarem-se muito maio: res" A lecundidad das minas é um tema que, em inieras obras, cmprega sempre a mesma erudicio (Anstétaes, Teofrast, Plinio} ‘Que esse mito subsista num autor came Bacon, considerado 6 eria dr da doutrina experimental, prova suficientemente que o deva- neie sempre forma uma nebuloia em torno do pensamente® Natralmente, uma mina pode enxelhecer. Ur racionalista srg qe ela se esgotow porque The tetitaram todo o manésio. Um tonhador da vida mincirasonhard num égelamento mais profundo, fnsis orginico. “Dizem que quando uma mina envelheve, a mate Fin dos minerais, ou dos metais, ica tio confundida com a das es Brias que »separacio delan € quane impossfvel, porque oespiite tnineral que deveria comerila encontra-te af em pequena quant Sade, ecm extrema fraquera.” (Duncan, Clyrie neterelle, 2” par te, 1687, p. 165) ‘Mas vamos lembrar imagens ainda mala precisas que vo nos feyelar as grandes Forgas simples da inaginag3e mineral. TFG it, p18, 5. Nisan Baton a embsnem Schlag encntrames nm rene: Cl env Pre Nasa ies cee il 138. Bon nnd J tithe Sophie de Bagns hina, 40) Ge quee marmore vegeta ¢ Depeche na mess jae”

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