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Por que ensinar tempo geológico na educação básica?

Article in Terrae Didatica · September 2018


DOI: 10.20396/td.v14i3.8652309

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Rafaela Chaves Simone Souza de Moraes


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ARTIGO 10.20396/td.v14i3.8652309
Terræ Didatica

Por que ensinar Tempo Geológico na Educação Básica?


Why teach geologic time in basic education?

Rafaela Santos Chaves1, Simone Souza de Moraes2, Rejâne Maria Lira-da-Silva3


1 - Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências da Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA. E-mail: rafaschaves@gmail.com
2 - Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA. E-mail: smoraes@ufba.br
3 - Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA. E-mail: rejane@ufba.br

Abstract: Geological time is one of the most important notions of scientific thought, Manuscrito:
and is essential in decision making regarding socially-responsible natural resource Recebido: 3/mai/18
utilization and environmental change, and is also fundamental to the comprehension Corrigido: 12/jun/18
of Evolution. Building this notion involved the acceptance of new ideas throughout Aceito: 11/ago/18
Geology’s timeline, thus, we defend that its complexity is due to its historical deve-
lopment, in which several different fields of study needed to be brought together. This Citation: Chaves R.S, Moraes S.S, Lira-da-Silva
review work shows that some of the difficulties found in comprehending Geological R.M.. 2018. Por que Ensinar Tempo Geológico na
Time in schools are: high degree of abstraction, interpretation of huge numbers, Educação Básica? Terræ Didatica, 14(3):233-
dimensions and events far removed from human experience, and religious conflicts 244. URL: http://www.ige.unicamp.br/
that interfere with the acceptance of a very old Earth. Proposals to overcome these terraedidatica/.
difficulties are: using analogies, working on activities involving a dynamic view of
the planet and its geological processes, introducing the history of geosciences, and
employing historical narratives. Thus, it is essential to develop investigations on the
teaching of Geological Time in Brazil, and to carefully consider the training of teachers.

Introdução Hutton (século XVII) e difundida por Stephen


Jay Gould, paleontólogo, biólogo evolucionista e
Físico, metafísico, intangível, linear, cíclico, historiador da ciência, ao se referir à aceitação do
mensurável, indeterminável... A reflexão sobre o tempo profundo como consenso entre os estudio-
tempo é um dos eixos fundamentais do pensamen- sos, abarcando um período entre meados do século
to filosófico e suas implicações impactam a forma XVII até o começo do século XIX (Gould 1991).
como compreendemos o mundo e interagimos Constituiu mudança de paradigma para as geociên-
com ele. Assim, a concepção de tempo percorre cias, uma vez que o estudo de registros geológicos
todas as áreas do conhecimento. Logo, falamos em aliado à datação radiométrica, que despontou no
“tempos” físico, cosmológico, biológico, histórico, século XX, demonstrou que a história da Terra, até
geológico... de forma que a concepção de tempo então contada em milhares de anos, passaria a ser
assumiu diferentes significados ao longo da história. descrita em bilhões de anos. Para além do domínio
A noção de tempo ganhou grande importância científico, a aceitação do tempo profundo signifi-
científica para a Geologia com a “descoberta do cou compreender também que a existência do ser
tempo profundo1” – expressão delineada por James humano na Terra restringe-se apenas aos últimos
1 No entanto, o termo “tempo profundo”, criado por segundos da história geológica do planeta, portanto,
Hutton no século XVII, só foi popularizado muito implicou também na reconstrução do pensamento
tempo depois, em 1981, pelo escritor americano
John McPhee no livro Basin and Range. Ao con- humano e numa mudança significativa de concep-
templar as formações geológicas que delineiam o ção de mundo, conflitando, em muitos casos, com
continente norte-americano durante uma viagem, dogmas religiosos e convicções pessoais.
McPhee afirmou que a mente humana ainda não Por sua importância nessa transição de cenário,
teria evoluído o suficiente para compreender o
sendo fundamental do ponto de vista da história
tempo profundo, sendo apenas capaz de medi-lo
(Burchfield 1998). McPhee não conceituou “tem- king’s nose to the tip of his outstretched hand.
po profundo”, elaborou uma metáfora para tentar One stroke of a nail file on his middle finger erases
explicá-lo: “Consider the earth’s history as the old human history” (McPhee 1981 apud Gould 1987,
measure of the English yard, the distance from the p.3).
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do conhecimento científico e considerada parte da de nossas cidades ou nos distraem durante longas
herança cultural da humanidade, E-an Zen (2001) viagens, a não ser que sejamos geólogos, paleon-
afirmou que a noção de tempo geológico é relevante tólogos ou entusiastas estudiosos do passado, não
o suficiente para que todos, não só geólogos, devam estamos acostumados com o tempo profundo. A
conhecê-la. Nesse sentido, Cervato & Frodeman humanidade percebe o tempo observando e com-
(2012) alegam que apesar da importância da noção parando mudanças; utilizamos como parâmetro os
de tempo geológico para a evolução do pensamen- ciclos naturais de luz (dia/noite), marés, fases da lua,
to científico, pouca atenção tem sido dispensada estações do ano ou mesmo diferenças no ambiente
aos impactos cultural e social deste conceito, que e transformações pessoais; hoje podemos medir o
ultrapassam sua implicação sobre as geociências. “nosso” tempo utilizando instrumentos variados.
Para estes autores, só é possível compreender ade- No entanto, nos faltam ciclos naturais ou instru-
quadamente os desafios econômicos e ambientais mentos precisos que nos tornem familiarizados
da atualidade – como o encerramento da era do com o tempo geológico. Assim, essa perspectiva
petróleo, as prováveis futuras alterações climáticas geológica de tempo é conceitualmente difícil de ser
e a perda progressiva de biodiversidade, incorpo- assimilada e existe um amplo consenso na comuni-
rando a perspectiva do tempo profundo. dade científica em se destacar o conceito de tempo
Por certo, em algum momento da vida, a maio- geológico como um dos mais complexos e difíceis
ria das pessoas e certamente políticos responsáveis de ser compreendido. A frase de Gould em “Seta
precisam tomar decisões que seriam mais bem do Tempo, Ciclo do Tempo: Mito e Metáfora na
informadas com conhecimentos básicos de Geoci- Descoberta do Tempo Geológico” parece proferir
ências; são medidas relacionadas à gestão de recur- um veredito desanimador:
sos naturais e à preparação para catástrofes naturais,
por exemplo, nas quais o entendimento firme do O tempo profundo é tão difícil de se compreen-
Tempo Geológico e sobre processos geológicos são der, tão alheio à nossa experiência comum, que
essenciais (Bowring 2014). permanece sendo uma grande pedra no caminho
de nosso entendimento” (Gould 1991).
A concepção geológica de tempo influencia
diretamente também as ciências biológicas e o
Roger Trend pesquisou a percepção de Tempo
entendimento de Evolução, pois fornece o contexto
Geológico2 em estudantes de idades variadas no
necessário para as alterações ambientais de longo
Reino Unido e propôs que tempo profundo é uma
prazo e oferece uma escala de tempo lógica para
barreira conceitual: a falha em sua compreensão
variados processos e eventos da Terra. De fato, a
adequada resulta em fracasso em envolver outros
contribuição da Geologia para a evolução darwi-
conceitos de Geociências mais amplos (Trend
niana é significativa e Darwin, apesar de não ter
2001a). Samuel Bowring, ao examinar o enten-
publicado ele mesmo uma estimativa correta para
dimento de estudantes universitários americanos
a idade da Terra, foi compelido a lidar com Tem-
sobre a idade da Terra, declarou que muitas vezes
po Geológico, que se configura como uma peça
mesmo os alunos bem instruídos das universidades
fundamental para o mecanismo de evolução por
não têm noção de Tempo Geológico, não por acre-
seleção natural considerando os longos intervalos
ditarem numa Terra jovem, mas porque eles nunca
necessários para a evolução das espécies ocorrer
foram expostos ao conceito ou nunca haviam sido
(D’Argenio 2009). Com efeito, educadores e cien-
estimulados a pensar sobre isso. Cotner et al. (2010)
tistas apontam Tempo Geológico como um dos
afirmaram também que, para além do público em
conceitos mais importantes para o entendimento
geral e dos estudantes, os professores de Ciências
do processo evolutivo, embora, em contrapartida, o
igualmente têm dificuldades na compreensão da
próprio tempo geológico funcione como obstáculo
perspectiva geológica de tempo.
cognitivo para a compreensão de evolução em razão
No entanto, esforços têm sido realizados na
da dificuldade do ser humano em relacionar-se de
tentativa de atingir o problema da compreensão de
forma significativa com os bilhões de anos de his-
tória evolutiva da vida (Dodick 2007). 2 Roger Trend utiliza o termo deep time, tempo
Realmente, apesar da maioria de nós contem- profundo em tradução direta. No entanto, para o
plar registros geológicos que insinuam a ação do autor, tempo profundo e tempo geológico assumem
a mesma conotação, portanto, empregamos tanto
tempo durante milhares ou milhões de anos, como
“tempo profundo” quanto “tempo geológico” ao nos
os morros ou montanhas que adornam as paisagens referirmos ao termo deep time aplicado por Trend.
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tempo profundo ou Tempo Geológico e de buscar James Hutton (1795), priorizando observa-
formas de promover o entendimento adequado ções de campo antes de qualquer preconcepção,
do conceito. Além dos trabalhos supracitados, as introduziu a possibilidade de uma Terra antiga que
dificuldades em se trabalhar Tempo Geológico em se renova em ciclos de erosão e soerguimento. A
contexto escolar têm sido amplamente discutidas questão da vastidão do tempo pôde ser explica-
por grupos de pesquisadores na Espanha, Inglaterra, da pelas evidências apresentadas por Hutton em
Israel, Portugal e Estados Unidos, a exemplo dos Theory of the Earth de 1795. Ainda assim, doutrinas
trabalhos respectivamente de Pedrinaci & Berjillos catastróficas não foram completamente repelidas e
(1994) e Sequeiros et al. (1996); Trend (2001a, continuaram surgindo, mesclando achados cientí-
2005), Dodick & Orion (2003a, 2003b) e Dodick ficos e argumentos bíblicos. Gould (1991) sugeriu
(2007); Bonito et al. (2011) e Rebelo et al. (2011); que Hutton não escrevia bem, portanto, o mundo,
Libarkin et al. (2005), Libarkin (2006) e Libarkin ainda despreparado para aceitar e compreender suas
et al. (2007). No Brasil, a discussão sobre a inclu- ideias, teve de esperar pelos livros mais didáticos
são de temas geológicos na educação básica vem de Charles Lyell (1830-33).
se fortalecendo com intermitência (Carneiro et al. Lyell, em Principles of Geology de 1830-1833,
2004), mas são raras as investigações que se debru- forneceu informações factuais sobre intensidades
çam especificamente sobre a abordagem de Tempo e atuação dos processos geológicos correntes –
Geológico em contexto real de ensino. provando que a ação lenta e constante de causas
Esse artigo trata de um trabalho de revisão sobre comuns poderia, quando estendida para o tempo
o ensino de Tempo Geológico com os objetivos profundo, produzir todos os fenômenos geológi-
de discutir a construção histórica do conceito de cos. Ele argumentava que todos os eventos passados
tempo geológico, apontar dificuldades à compre- poderiam ser explicados pela ação de causas hoje
ensão geológica de tempo, pontuar experiências atuantes e que as causas passadas sempre atuaram
e orientações de pesquisadores com a abordagem mais ou menos no mesmo grau de intensidade
de Tempo Geológico em sala de aula, posicionar de hoje. Charles Lyell, considerado fundador
o tema no currículo escolar brasileiro e apresen- da Geologia histórica, é também creditado pela
tar perspectivas de superação das dificuldades de introdução da ideia de “tempo ilimitado”, “tempo
ensinar Tempo Geológico nas escolas brasileiras. vasto” ou tempo profundo (Eicher 1969), embora
Gould (1991) defenda que a descoberta do tempo
profundo tenha agregado contribuições dos outros
Afinal, o que é o Tempo Geológico? cientistas naturais (a exemplo de Burnet e Hut-
O tempo geológico, assim como o tempo histó- ton), linguistas, historiadores, etc. A obra Principles
rico, está fora do âmbito da nossa experiência direta, of Geology teve grande importância para Charles
portanto, o nosso conceito de tempo geológico Darwin e, após a repercussão da teoria evolutiva
é um artefato, precisou ser criado ou inventado darwiniana, a questão da amplitude do tempo
(Burchfield 1998). A construção da noção de tem- geológico tornou-se crucial, pois configurou-se
po geológico ocorreu em diversas etapas desde que como ponto crítico da compreensão da teoria da
a interpretação mística e religiosa deixou de dar evolução. A partir de então, os esforços se volta-
conta das indagações do homem sobre o passado ram principalmente no sentido de calcular a idade
do planeta. De acordo com Gould (1991), Thomas absoluta da Terra, das rochas, e não só o tempo
Burnet, em Telluris theoria sacra de 1680, retratou relativo a seus processos e eventos. Medições de
a história da Terra numa interpretação literal das taxa de decomposição de rochas eram baseadas no
Escrituras e, apesar disso, buscou uma explicação aumento de salinidade dos oceanos, na taxa de acu-
racional (baseada em leis naturais) para tal, trazendo mulação de camadas de rochas sedimentares, entre
o dilúvio como peça fundamental de sua teoria para outros. Mas só no século XX, com a eminência da
se opor à ideia vigente de que a Terra seria eterna e radioatividade, a partir da criação de métodos de
a mesma desde sempre. Assim, para Burnet (1680), datação radiométrica, finalmente, se pôde estabe-
a Terra passaria por ciclos repetidos distintos de lecer a idade da Terra.
destruição e reconstrução – o tempo avançaria em Tempo Geológico tem sido referido em textos
ciclos guiados por Deus. A solução bíblica para a didáticos como o tempo decorrido desde o final da
criação da Terra de poucos dias a alguns milhares de fase em que a Terra se consolidou até os dias atu-
anos não resistiu muito após a revolução científica. ais (Almeida & Barreto 2010) e o tempo relativo a
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tudo que aconteceu ao longo da história do planeta ou seja, aproximar-se dela numa investida histórica.
Terra, como entende Eicher (1969). Outras defini- Para Burchfield (1998), o desenvolvimento históri-
ções análogas, como assumir que tempo geológico co se deu essencialmente por meio de cinco passos
corresponde ao tempo corrido desde a formação principais: i) reconhecimento de que o registro das
da Terra até o momento em que são registradas rochas evidencia uma sucessão de acontecimen-
referências das primeiras civilizações humanas, tos pretéritos; ii) assimilação da noção de tempo
ocorrem na literatura. Cotner et al. (2010), numa profundo, ou seja, consentimento de que a idade
resolução simples, assumem Tempo Geológico da Terra é significativamente maior que o registro
como o conceito geológico de tempo, que requer histórico da humanidade; iii) desenvolvimento de
bilhões de anos. Andersson & Wallin (2006) falam um sentido histórico do passado da Terra por meio
em tempo evolutivo. Ainda, em muitas situações da construção de uma escala de tempo geológico
Tempo Geológico e tempo profundo são adotados heurística; iv) criação de métodos quantitativos para
como sinônimos. Cervato & Frodeman (2012) calcular a duração da escala do tempo geológico; v)
enfatizam a diferença de ambos: tempo profun- aceitação de um limite quantitativamente determi-
do, como proposto por McPhee (1981), refere-se nável para a idade da Terra.
ao trecho vertiginoso do passado que vai além da
cultura humana, assim sendo, incorpora os fatos Que problemas desafiam a compreensão
anteriores a 8.000 anos; já Tempo Geológico faz
relação à forma como geocientistas contam o tem-
adequada de Tempo Geológico?
po, empregando escalas de milhões de anos. Em Apesar de não haver unanimidade a respeito de
verdade, nem sempre essa distinção é tão evidente. sua definição na literatura, caracterizar o conceito
Não há, portanto, uma definição clara e consensual de Tempo Geológico como demasiado complexo
para Tempo Geológico. Existe, apesar disso, uma e abstrato, portanto difícil de compreender, é con-
noção compartilhada pela comunidade científica senso entre pesquisadores. Ainda assim, o desen-
sobre a que Tempo Geológico se refere. volvimento de conceitos na perspectiva de Vigotski
Robert Frodeman (1995), filósofo da ciência (2009) mostra que todo conceito, espontâneo ou
com extensivos trabalhos relacionados à filosofia da científico, exige um grau elevado de abstração e
Geologia, argumenta que Geologia tem sido regu- generalização, portanto, de subjetividade. Dessa
larmente descrita como uma ciência derivada, base- forma, a elevada abstração atribuída ao conceito de
ada em técnicas lógicas (tal qual a Física) e que este tempo geológico não é particularidade deste con-
julgamento é insuficiente e distorce a compreensão ceito em si, mas é uma “regra” comum a “todos”
desta ciência e do processo científico em geral; para os conceitos e por si só não deve legitimar essa
o autor, Geologia é tanto uma ciência interpretativa dificuldade de compreensão. Justifica, todavia, a
quanto histórica. Por esse olhar enviesado dirigido realização de pesquisas que investiguem ângulos
à Geologia, Frodeman (1995) acusou os filósofos da diversos dos processos concernentes ao ensino-
ciência de negligenciarem esta área do conhecimen- -aprendizagem de Tempo Geológico, que é sim
to e tomou como exemplo a falta de atenção dos um conceito difícil de ser compreendido, mas não
filósofos em relação ao conceito de tempo geológi- apenas porque é abstrato.
co. Para o autor, a “descoberta do tempo geológico”, Talvez o “x da questão” seja a quantidade de
e a consequente reformulação da noção de tempo, conhecimento e ideias que a perspectiva geológica
equivale em importância à revolução copernicana e de tempo mobiliza. Basta um olhar preciso sobre a
a resultante transformação em nossa concepção de história da Geologia para observar os conhecimen-
espaço, no entanto, pouca consideração é dispensa- tos que precisaram ser produzidos e assimilados
da à noção de tempo geológico (Frodeman 1995). pela comunidade científica ao longo de mais de
A queixa de Frodeman esclarece a dificuldade em 300 anos até que atingíssemos a noção de tempo
encontrar uma definição singular e unânime para geológico que compartilhamos hoje.
Tempo Geológico, mesmo este sendo um conceito Sendo assim, por que achamos que os estudan-
medular da Geologia, que impacta significativa- tes podem possuir uma concepção prévia clara de
mente outras áreas do saber. Tempo Geológico ou que sejam capazes de com-
Alcançar a noção de tempo geológico pode preender adequadamente este conceito apenas com
significar, portanto, retomar os passos de sua cons- alguma instrução escolar pontual?
trução e consolidação pela comunidade científica, A seguir apresentamos alguns dos principais
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obstáculos relatados na literatura que desafiam a estudantes, figuram também a necessidade de
compreensão adequada de Tempo Geológico por utilização de números muito grandes, a exigência
estudantes de escolaridades diversas. de memorização e ocorrência de esquemas muito
De imediato, Pedrinaci & Berjillos (1994) aler- complexos (Bonito et al. 2011). A abordagem de
taram que é preciso definir o que significa dizer Tempo Geológico, portanto, é uma tarefa cogniti-
que um estudante não entende tempo geológico. vamente muito exigente.
Para os autores, mesmo uma pessoa que saiba a Para Rebelo et al. (2011), a maioria dos estu-
idade do planeta e conheça seus principais períodos dantes declarou que o conceito de tempo geológico
geológicos pode não dominar o conceito de tempo independe de instrumentos de medição e alegou ter
geológico porque, por exemplo, pode apresentar aprendido os conceitos de datação relativa e abso-
uma perspectiva fixista e acreditar que todas as luta, no entanto, nem sempre os diferenciaram da
rochas da Terra têm a mesma idade ou sofreram maneira correta; ainda, apresentaram dificuldades
poucas mudanças ao longo de sua existência; por em organizar uma sequência de acontecimentos
outro lado, podem confiar numa Terra em cons- numa escala de tempo e desconheciam os crité-
tante modificação, mas acreditar que alguns ter- rios fundamentais para a construção da escala de
remotos em sequência são suficientes para afastar tempo geológico
continentes. Assim, o conceito de tempo geológico Libarkin et al. (2007) investigaram concepções
é complexo porque é formado por um conjunto de de estudantes universitários sobre a escala de tem-
noções básicas que estão relacionadas entre si e têm po geológico e as relações entre tempo e eventos
Tempo Geológico como conceito inclusor. Dessa geológicos ou biológicos a partir da avaliação de
forma, o conhecimento de cada noção por si só não linhas de tempo elaboradas pelos estudantes. Os
é suficiente para oferecer uma perspectiva geológi- autores perceberam que os sujeitos eram capazes
ca de tempo adequada e, para os autores, existem de organizar os eventos da história da Terra em
diferenças epistemológicas entre os conceitos que uma sequência relativa correta, porém demons-
integram Tempo Geológico e eles não se situam travam má compreensão da escala de tempo entre
no mesmo nível, pois alguns são prévios a outros esses acontecimentos, ou seja, em termos absolutos
e podem exigir operações intelectuais diferentes não conseguiam precisar quando um determinado
(Pedrinaci & Berjillos 1994). acontecimento teve lugar e o tempo decorrido entre
Cervato & Frodeman (2012), numa revisão de os eventos que marcam a história da Terra.
literatura, identificaram três grandes obstáculos Os estudos anteriores de Trend (2001a, 2001b)
para o entendimento do sentido de tempo geológi- e Dodick & Orion (2003a) já apontavam esta situ-
co por estudantes: tempo profundo envolve escalas ação. Trend (2001a) constatou que os estudantes
e eventos distantes da experiência humana, aborda se apropriam melhor do tempo relativo do que do
números exponenciais e quocientes numéricos tempo absoluto e que talvez os grandes números
desafiadores e a influência de perspectivas religio- que especificam o tempo absoluto possam confun-
sas que criam nos estudantes resistência à ideia de dir os alunos ao invés de depurar suas percepções.
uma Terra antiga. Dodick & Orion (2003a) testaram a compreensão
Bonito e colaboradores (2011), a partir de uma de tempo absoluto de estudantes de idades variadas
pesquisa sobre as concepções de estudantes por- e verificaram que a maioria tem dificuldades em
tugueses (12 e 13 anos) sobre Tempo Geológico, entender o conceito de taxas de mudança geológica
declararam que os estudantes valorizam o conceito porque pareciam crer que a deposição geológica
na aprendizagem de Geologia, mas não possuem ocorre a uma taxa uniforme ou linear ao longo do
um entendimento avançado sobre o que ele signi- tempo; acreditavam, portanto, que as idades absolu-
fica, chegando a associar este conceito a fenôme- tas dos estratos eram proporcionais ao seu tamanho.
nos e acontecimentos que não estão relacionados Efetivamente, o estudo de Kim Cheek (2012)
a Tempo Geológico. Para os autores, as dificul- averiguou se a capacidade de compreender núme-
dades dos estudantes na compreensão geológica ros de grandeza elevada seria um fator limitante
de tempo residem na complexidade do conceito, para a apropriação de Tempo Geológico. A autora
que exige alto grau de abstração, e na questão da questionou se os estudantes americanos partici-
proximidade temporal: o tempo geológico abarca pantes de sua pesquisa entendiam o tamanho de
acontecimentos e fenômenos cronologicamente números na casa dos milhares ou mais, bem como
muito distantes. Das dificuldades relatadas pelos as relações proporcionais entre períodos temporais
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de variadas magnitudes. O estudo mostrou que velmente a maneira como os estudantes assimilam
menos da metade dos participantes teve desempe- Tempo Geológico.
nho satisfatório, ou seja, a maioria não seria capaz
de compreender processos de grande magnitude
que ocorrem no tempo geológico (Cheek 2012).
Como ensinar Tempo Geológico na Educação
Outro questionamento importante levantado Básica: O que dizem os Pesquisadores
por Cotner e colaboradores (2010) foi se perspec- É incontestável a contribuição que as geociências
tivas políticas e religiosas de estudantes interferiam dão para a compreensão dos processos biológicos,
na percepção e concordância de assuntos relacio- em particular, a noção de tempo geológico desem-
nados à teoria evolutiva, como a idade da Terra. penha papel importante para a estruturação do
De fato, o estudo indicou que a aceitação de uma pensamento evolutivo.
Terra antiga continua sendo hoje, tal qual foi anti- Carneiro et al. (2004) elencaram dez motivos
gamente, um “doloroso problema3” para muitas principais para a inclusão de temas de Geologia no
pessoas, portanto, uma barreira para a aceitação/ ensino básico, entre eles, fornecer uma visão sistê-
compreensão de Evolução (Cotner et al. 2010). O mica do funcionamento do planeta, fundamental
estudo de Libarkin et al. (2005) endossou este ponto para a compreensão da dinâmica da Terra, e oferecer
de vista ao apontar que um percentual muito baixo uma perspectiva temporal das mudanças que afeta-
de estudantes universitários acredita numa Terra ram o planeta e os seres vivos. Os autores também
tão antiga quanto seus aproximados 4,6 bilhões de ressaltaram que inserir a história da Terra e da vida
anos; revelou que mesmo estudantes universitários é fundamental para a compreensão da natureza e
da área de Geociências apresentaram ideias não- de sua história. O estudo do ecossistema deveria
-científicas sobre a formação da Terra, surgimento incluir os 4,6 bilhões de anos da Terra: estudar a
da vida e, particularmente, não compreenderam origem e evolução da Terra e seus ambientes para
corretamente o conceito de tempo geológico. compreender a configuração presente, suas carac-
Em tempos em que ainda persiste a controvér- terísticas dinâmicas e as consequências de ações
sia criacionismo/evolucionismo na escola, é preciso antrópicas sobre o meio, e assim, promover a refle-
estar atento às concepções prévias que os estudantes xão sobre as possibilidades futuras (Toledo 2005).
carregam para a sala de aula. Acreditar numa Terra Van Dijk & Kattmann (2009) também acre-
jovem prejudica a apropriação da noção de tempo ditam que diversos temas das aulas de Biologia
geológico (e do processo evolutivo), visto que, de podem ser enriquecidos e relacionados entre si por
acordo com Burchfield (1998), a assimilação da meio de relatos da história da vida. Por exemplo, a
noção de tempo profundo e a aceitação de uma biodiversidade não deve ser estudada de maneira
idade absoluta da Terra foram etapas cruciais do estática, mas deve incluir o panorama temporal com
desenvolvimento da noção de tempo geológico. relatos da história ancestral dos organismos – as
De fato, Libarkin (2006) sugeriu que a impos- chamadas narrativas históricas. Para os autores, a
sibilidade de observação direta do tempo geológi- incorporação das narrativas históricas no ensino de
co e de vários fenômenos geológicos faz com que Biologia pode proporcionar um contexto coerente
muitas ideias dos estudantes sejam influenciadas (unificador) para o ensino de Evolução.
por outras experiências além da instrução em sala Da mesma forma, Pedrinaci & Berjillos (1994)
de aula, como observações indiretas. Em estudo acham conveniente realizar um tratamento conjun-
prévio, foram apresentadas algumas ideias equivo- to que incorpore elementos básicos da história da
cadas: homens e dinossauros coexistiram; a Pangéia Terra e da vida, pois concordam que o conhecimen-
surgiu logo que a Terra se formou; a Terra estava to de alguns fatos destacáveis da história da Terra
coberta de água ou gelo durante a sua formação; nos ajuda a construir o conceito de tempo geológico
algas ou organismos unicelulares estiveram presen- porque iluminam a visão sobre o passado, por vezes
tes desde os momentos iniciais de consolidação do obscuro, do planeta, sendo que estes referentes são
planeta. Dessa maneira, é preciso considerar que fundamentais para entendermos a configuração
concepções alternativas dos estudantes (algumas atual da Terra, inclusive as características dos seres
possivelmente influenciadas por pensamentos vivos que a habitam.
religiosos e pela mídia) podem impactar considera- Não só a história da Terra e da vida devem
3 Cotner et al. (2010) utilizam a expressão sorest trou- ser trabalhadas, mas, para Zimmermann (2012),
bles, aqui interpretado como “doloroso problema”. a própria história das geociências pode ser intro-
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duzida no currículo, pois permite a reflexão sobre nando a duração de processos geológicos diver-
ideias e noções da área e possibilita um ensino sos e mostrando a escala de tempo geológico,
com enfoque também na natureza da ciência. Para que pode ajudar os estudantes a fazer as relações
a autora, Geociências, por sua natureza histórica e numéricas com eventos específicos, uma vez que
interpretativa, auxilia na construção modos de pro- o gráfico internacional oficial do tempo geológico,
dução de conhecimento que são negligenciados na organizado em colunas, pode apresentar alguma
Biologia, situação grave porque a teoria evolutiva só dificuldade de interpretação, conduzindo a con-
pode ser compreendida adequadamente incluindo clusões erradas. De fato, Dodick & Orion (2003a)
essa perspectiva histórica. indicam que há uma conexão entre a visualização
O resgate da história da Geologia também foi espacial e a compreensão temporal. Assim, a uti-
defendido por Pedrinaci & Berjilos (1994) como lização de esquemas e gráficos pode favorecer a
uma opção viável para se trabalhar a percepção de percepção geológica de tempo.
um planeta dinâmico (não estático), ao mostrar Nesse sentido, Pedrinaci & Berjillos (1994)
como ideias fixistas sobre a Terra foram defendi- alertaram que os alunos podem acreditar que os
das por filósofos e historiadores naturais até que a períodos geológicos existem naturalmente e não são
perspectiva dinâmica ganhasse força no meio acadê- construções humanas utilizadas para ordenar o pas-
mico. Para os autores, é fundamental associar tem- sado; portanto, ao se introduzir nomes e datações
po geológico com mudança, assim, é importante dos períodos geológicos, é útil destacar os aconte-
também planejar estratégias de intervenção que cimentos que marcam os limites desses períodos.
ajudem a mobilizar as concepções dos estudantes Uma outra estratégia popular em materiais
desde posições estáticas (ideias fixistas) até pers- educativos que pretende facilitar a compreensão
pectivas dinâmicas, como por exemplo, utilizar da magnitude do tempo diante da dificuldade de
fotografias ou amostras de rochas para explicar as assimilação de números muito grandes é o uso
alterações que ocorrem em rochas resultando em de analogias e metáforas. Exemplos são a repre-
mudanças na paisagem, ou trabalhar com estudos sentação da escala de tempo geológico e história
de caso sobre catástrofes naturais, que acarretam em da Terra num relógio de 24 horas e a correlação
mudanças facilmente perceptíveis e produzem efei- entre a idade da Terra, sua história e as páginas de
tos significativos em curto espaço de tempo sobre um livro. No entanto, a utilização de uma repre-
o local atingido. Essas atividades podem ajudar os sentação mais familiar aos estudantes na tentativa
estudantes a entender que mudanças geológicas são de explicar conceitos abstratos deve ser feita com
produzidas tanto por processos lentos e contínuos cautela. Inúmeros estudos sobre o emprego de
quanto por outros esporádicos e intensos (Sequei- analogias e metáforas no ensino de ciências apon-
ros et al. 1996). taram que este tipo de estratégia pode tanto facilitar
A inclusão da história da Geologia também quanto dificultar o aprendizado. Se os professores
pode contribuir para a construção do significado de restringirem suas explicações à analogia sem que as
Tempo Geológico enquanto ilustra como o saber relações entre ela e o referente real sejam negocia-
científico é estruturado, com discussão em aula de das com os estudantes, corre-se o risco de que estes
algumas das variadas tentativas de se calcular a idade estudantes elaborem modelos mentais que não
da Terra; assim, o conhecimento sobre a idade do são coerentes (Mozzer & Justi 2015). Isso porque
planeta passa a ser um problema a se refletir, mos- analogias podem levar a interpretações errôneas
trando a relação que existe entre metodologias de e diferentes entre os estudantes, que podem não
investigação e as teorias que servem de base (Pedri- ter o conhecimento necessário para entendê-las e
naci & Berjillos 1994). se posicionarem criticamente diante da correlação
No entanto, de acordo com Cheek (2012), sugerida (Dotti 2007).
é preciso estar ciente de que podem faltar aos Mozzer & Justi (2015) orientam que o poten-
estudantes referenciais numéricos suficientes para cial das analogias como ferramentas didáticas
que os números envolvidos no tempo geológico depende principalmente de três fatores: entender
façam sentido. Assim, fazer relações numéricas as similaridades envolvidas na relação, explicitar
explícitas oralmente ou por meio de um gráfico, estas semelhanças e explicar uso que se faz dessas
usando referências, pode ser uma peça-chave comparações no ensino-aprendizagem, garantindo
na compreensão de Tempo Geológico. A autora a participação ativa do estudante nesse processo. De
sugere a utilização de um modelo linear, relacio- fato, Andersson & Wallin (2006) assumiram que é
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fundamental tornar concreto o tempo evolutivo4 entidades que ajudam a desvendar o passado da
e relataram sucesso com a utilização de um longo Terra. Assim, pontuam que a origem das rochas
corredor de um colégio para fixar diferentes eventos deve colocar-se como um problema antes de sua
de acordo com a escala de tempo geológico. Em diversidade genética e que é fundamental fazer
uma atividade semelhante, com o intuito explorar o tratamento contextualizado com fósseis numa
as concepções dos estudantes sobre história geoló- abordagem conjunta. Para os autores, é imprescin-
gica, Dolphin (2009) relatou a construção de uma dível tratar simultaneamente a origem das rochas
linha do tempo com 4.600 milhões anos sobre a e dos fósseis porque estudantes apresentam a ideia
qual eram posicionadas cartas que representavam equivocada de que as rochas se formaram antes dos
alguns dos grandes passos da vida na Terra. Para o fósseis que contêm.
autor, os estudantes obtêm uma melhor imagem da Dodick & Orion (2003a) ressaltaram que a
antiguidade da Terra quando percebem, por exem- capacidade de entender taxas de mudança é um
plo, que mesmo um evento tão “distante” como a elemento crítico para uma compreensão completa
existência de dinossauros tenha ocorrido, na pers- sobre o processo de transformação geológica ao lon-
pectiva geológica, há relativamente pouco tempo. go do tempo, portanto, é imprescindível trabalhar
Nesse sentido, Kastens et al. (2009) sinalizam estratégias que facilitem o domínio dos princípios
que fazer os alunos utilizarem imagens e narrativas estratigráficos.
para estabelecer a sequência de eventos da história Pedrinaci & Berjillos (1994) também afirmaram
da Terra antes de anexarem as idades numéricas que os estudantes precisam exercitar a utilização
é uma técnica promissora para que os estudantes dos princípios básicos de cronologia relativa, como
melhorem sua percepção de tempo geológico. os princípios da horizontalidade dos estratos, super-
Isso porque pensar sobre a história da Terra como posição e sucessão de acontecimentos, que facilitam
uma sequência de eventos permite que os alunos o estabelecimento de critérios de causalidade entre
usem sua experiência e raciocínio temporal como uma sequência de acontecimentos ao longo do
base, como a noção de que eventos antigos podem tempo. A aplicação de princípios geológicos básicos
influenciar os posteriores, mas não o oposto. pode ser praticada, por exemplo, solicitando aos
Dolphin (2009) discutiu a experiência exitosa estudantes a reconstrução de histórias a partir de
que alcançou com o desenvolvimento de duas pistas deixadas por fósseis, uma atividade bastante
unidades curriculares para ensinar sobre placas atrativa que também familiariza os estudantes com
tectônicas e Tempo Geológico numa perspectiva teorias, princípios e métodos de trabalho que aju-
histórica. O autor usou artifícios como contar dam a interpretar o registro geológico e reconstruir
histórias, utilizar textos históricos originais, desen- a sua história (Sequeiros et al. 1996), pois a interpre-
volver narrativas, dramatizações e leitura de artigos tação de pistas permite construir uma conexão entre
para construir o entendimento sobre um conjunto o passado e o presente (Dodick & Orion 2003a).
de ideias centrais a respeito destes temas, que eram Para Cervato & Frodeman (2012), o grande
discutidas utilizando como estratégia a realização desafio do ensino de Tempo Geológico é achar
de perguntas relevantes. Concluiu que essa “tática” novas maneiras de transmitir uma concepção
ajudou os estudantes a desenvolverem e contex- ampla e rica do tema para os estudantes através do
tualizarem sua própria aprendizagem, resultando currículo. Assim, segundo os pesquisadores, três
numa maior compreensão dos conceitos e habilida- abordagens - econômica, política e cultural - podem
des fundamentais, bem como promoveu a reflexão motivar e aproximar os estudantes de uma concep-
sobre o “fazer ciência”. ção mais ampla e adequada do tempo geológico. As
De maneira clara e objetiva, Pedrinaci & Ber- implicações econômicas do tempo profundo levan-
jillos (1994) elencaram orientações para a abor- tam questões sobre a prática econômica e o impacto
dagem de Tempo Geológico tomando como base futuro; a esfera política refere-se à relação entre
o ensino secundário espanhol. Além das suges- o tempo profundo e a tomada de decisões públi-
tões já citadas, consideram fundamental abordar cas; e, finalmente, o domínio cultural relaciona a
rochas como “arquivos históricos5”, ou seja, como sociedade global de consumo e a disponibilidade de
4 As autoras usam “tempo evolutivo” ao referirem-se recursos naturais. A abordagem curricular do con-
a tempo profundo ou tempo geológico. ceito de tempo geológico, portanto, tem um papel
5 A ideia de rochas como arquivos históricos tem
grande potencial organizador e significa que elas se originaram e as alterações posteriores que expe-
possuem informação sobre as condições em que rimentaram (Pedrinaci & Berjillos 1994).
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fundamental no desenvolvimento da cidadania. Terra e Universo; a relevância de abordar a história
Por fim, o conceito de tempo geológico não da vida e dimensionar processos vitais em diferen-
aparenta poder ser adquirido de uma só vez, seguin- tes escalas de tempo; assim como a necessidade de
do um processo linear, mas sim a partir de aquisi- promover familiarização com mecanismos básicos
ções parciais que vão relacionando-se e integrando- que propiciam a evolução (Brasil 2002). De fato, o
-se; não parece correto limitar sua abordagem a uma PCN+ de Ciências da Natureza sugere a esque-
única intervenção ou unidade didática (Pedrinaci matização de grandes linhas da evolução dos seres
& Berjillos 1994). Ensinar Tempo Geológico de vivos a partir da análise de árvores filogenéticas e
forma coerente implica em abordar o conceito e os a construção de uma escala de tempo na Unidade
conhecimentos e conteúdos relacionados a ele ao Temática “Ideias evolucionistas e a evolução bio-
longo do ensino básico; ainda melhor se de forma lógica”. Segundo o documento, o lugar de Tempo
transversal entre as disciplinas obrigatórias do cur- Geológico no Ensino Médio é junto ao ensino de
rículo. No Brasil, esta perspectiva parece distante e Evolução.
obstáculos diversos se impõem. Um passo relevante A medida provisória 746 de 22 de setembro
nessa caminhada é a abertura do currículo escolar de 2016, publicada no Diário Oficial da União em
brasileiro para os conteúdos de Geociências. 23 de setembro de 2016, alterou a LDB/96 e a Lei
nº 11.494 de 20 de junho 2007 que regulamenta
o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
O lugar de Tempo Geológico no Currículo Educação Básica e de Valorização dos Profissio-
Escolar Brasileiro nais (FUNDEB), instituindo o ensino em tempo
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) integral, a alternativa de formação de nível técnico
(Brasil 2000) orientam o professor sobre novas e profissional e a flexibilização do currículo básico
abordagens e metodologias, tomando como – que terá uma parte comum e obrigatória a todas
referência a Lei de Diretrizes e Bases da Educa- as escolas (a Base Nacional Comum Curricular -
ção Nacional (Lei 9.394/96), que estabeleceu os BNCC) e outra parte versátil (disciplinas eletivas).
princípios e finalidades da educação no país. Os Nesse sentido, o currículo do ensino fundamen-
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino tal passa a ser dirigido pela BNCC6, que define
Médio (PCNEM) é o documento do Ministério competências e conhecimentos essenciais a serem
da Educação que orienta os princípios da reforma oferecidos a todos os estudantes na parte comum,
curricular do ensino médio no Brasil. O PCNEM que abarca quatro áreas do conhecimento: Lingua-
organiza o currículo a partir de competências bási- gens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências
cas a serem desenvolvidas pelos estudantes durante Humanas.
a formação escolar, preparando-os para o desem- O BNCC estabelece que os conteúdos per-
penho de atividades profissionais e para o exercício tencentes ao componente curricular Ciências
da cidadania (Brasil 2000). estão relacionados a variados campos científicos,
O currículo segundo o PCN, mirando o desen- como Ciências da Terra, Biologia, Física e Quí-
volvimento dessas habilidades e competências, é mica, e os conhecimentos sistematizados dessas
articulado em torno de eixos básicos que orientam áreas devem ser apresentadas articuladamente a
a seleção de conteúdos significativos, promovendo partir de temáticas mais amplas, as unidades de
uma abordagem global e articulada dos conheci- aprendizagem (Brasil 2017). Notadamente, a área
mentos oriundos de disciplinas diversas. Portanto, de Ciências da Terra aparece em destaque junto às
de acordo com as orientações curriculares com- demais, o que sugere que Ciências da Terra deveria
plementares ao PCN, o PCN+ para Ciências da estar no mesmo patamar em que figuram Biologia,
Narureza, Matemática e suas Tecnologias, os temas Química e Física em termos de conhecimentos a
relacionados a Geociências devem ser abordados serem ensinados durante o ensino fundamental e,
em Biologia, Física e Química num contexto inter- portanto, implicaria na incorporação de conteúdos
disciplinar inerente a estas disciplinas (Brasil 2002). de Geociências desde o início da educação básica.
Neste sentido, Tempo Geológico acha espaço, 6 A BNCC encerrou a fase de elaboração, sendo ho-
no currículo de Biologia, dentro do Tema Estru- mologada ainda em 2017. Os sistemas de ensino
turador “Origem e Evolução da Vida”, que destaca deverão estabelecer um cronograma de implantação
a importância da compreensão das origens da vida, e iniciar o processo de implementação já a partir
do segundo ano letivo.
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Em sua segunda versão, no que concerne à ainda no ensino básico é imprescindível. A impor-
área de Ciências da Natureza (composta por Bio- tância do ensino de uma perspectiva geológica de
logia, Química e Física), o BNCC afirma que esta tempo desde a Educação Básica possibilita que
esfera do conhecimento permite que as pessoas os estudantes possam entender que as relações
aprendam sobre si mesmas; sobre o surgimento de complexas entre os seres vivos, seus ambientes e o
sua espécie no processo evolutivo; sobre o mun- planeta Terra foram formadas ao longo do tempo
do material, seus recursos naturais e transforma- geológico, possibilitando uma visão mais ampla
ções, inclusive impactos ambientais causados pela e integrada da Terra como um sistema vivo e em
exploração humana; sobre a diversidade da vida contante mudança. Ainda mais importante, a noção
na Terra e sobre o próprio planeta no sistema solar de tempo profundo permite a reflexão sobre o papel
e no universo e os movimentos e as forças que da espécie humana, que surgiu tão recentemente
atuam na manutenção e na transformação desses na história evolutiva no planeta, no sistema Terra,
sistemas (Brasil 2016). Esta definição da área elenca portanto, abre espaço para se discutir questões
objetivos em que Tempo Geológico pode figurar socioambientais que estão em evidência atualmente
como um conceito essencial a ser trabalhado, mar- incorporando à discussão o panorama geológico.
cadamente, para situar o lugar do surgimento da Por ser um conceito complexo que mobiliza
espécie humana na história da vida, compreender a muitos conhecimentos de disciplinas distintas,
duração de determinadas transformações naturais, o ensino de Tempo Geológico deve favorecer
mensurar consequências de impactos ambientais e também a compreensão de assuntos dessas áreas
reconhecer perspectivas temporais relacionadas à diversas (Biologia, Geografia, Física, Filosofia,
diversidade da vida na Terra. Matemática), podendo, inclusive, ser abordado no
Embora não se apresente de forma explícita, de currículo escolar como um tema transversal.
maneira geral, o BNCC abre espaço no currículo No Brasil, as dificuldades para o ensino de
do Ensino Fundamental para a abordagem Tempo Tempo Geológico na educação básica podem estar
Geológico, em especial na área de Ciências, ao pro- relacionadas a questões variadas. Na seção anterior
por a abordagem do sistema Terra e transformações apontamos uma delas, o despreparo de professo-
e evolução do planeta. Prevalece no BNCC, assim res do ensino básico para lidar com conteúdos de
como no PCN+ Ciências da Natureza, Matemá- Geociências, questão que pode estar associada à
tica e suas Tecnologias, o entendimento de que a formação insuficiente ou inadequada nos cursos
noção de tempo geológico está atrelada à aborda- de licenciatura no país, que não oferecem discipli-
gem do processo evolutivo. nas de Geociências e/ou não estimulam discussões
Mas será que os professores de Ciências e Bio- que permitam a comparticipação entre saberes
logia estão sendo preparados para ensinar os temas de diversas áreas. Se os professores da educação
de suas disciplinas enriquecidos com o conheci- básica não têm segurança sobre os conhecimentos
mento de Geociências? Segundo Guimarães (2004) de Geologia que possuem, terão dificuldades para
e Toledo (2005), os professores do ensino básico levar estes conhecimentos para a sala de aula e,
não estão aptos para abordar os conteúdos geoló- possivelmente, não o farão, por mais que os docu-
gicos da forma como recomendam os documentos mentos oficiais orientem abordagens transversais
oficiais. Assim, corre-se o risco de, inseguros para nas unidades curriculares.
realizar uma abordagem integradora adequada, Outro agravante é a falta de recursos didáticos
apresentarem conteúdos de Geociências como que possam orientar a atuação dos professores e o
tópicos eventuais durante o desenvolvimento de desenvolvimento de atividades envolvendo temáti-
suas disciplinas, sem a necessária integração e con- cas de Geociências. Os livros didáticos de Geogra-
textualização que os documentos oficiais exigem. fia, por exemplo, em geral, abordam conteúdos de
Enquanto este problema de má formação dos pro- Geociências de maneira frugal e os temas aparecem
fessores for ignorado, a transformação curricular de forma fragmentada nos manuais, sendo de pouca
dificilmente sairá do papel. ajuda para os professores (Santos & Chaves 2011).
Da mesma forma, os livros didáticos de Biologia, no
tocante a Paleontologia, abordam superficialmente
Um Espaço para Reflexões e de forma incompleta os conteúdos fundamentais
Com este artigo esperamos ter evidenciado da área (Moraes et al. 2010).
que favorecer a compreensão de tempo geológico Uma saída, talvez, para auxiliar os docentes do
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ensino básico seria a promoção de cursos de atua- 2014. Geoscience Research and Outreach: Schools and
lização e programas de educação continuada. No Public Engagement. London: Springer. 2014. p. 11-
15.
entanto, para que conteúdos e métodos oferecidos Brasil. Ministério da Educação, Secretaria de Educação
sejam de fato adequados à realidade dos professo- Média e Tecnológica. 2000. Parâmetros Curriculares
res, é importante a realização de investigações que Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC, 2000, 71p.
possam dar suporte a essas estratégias para forne- Brasil. Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Média e Tecnológica. 2002. PCN+ Ensino Médio:
cer os conteúdos, metodologias e materiais que os Orientações Educacionais Complementares aos Parâmet-
professores de fato irão precisar em suas práticas. ros Curriculares Nacionais. Ciências da Natureza,
Em relação ao currículo, ainda que os manuais Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC, 2002,
orientadores indiquem o ensino de Tempo Geoló- 144p.
Brasil. Ministério da Educação. 2016. Base Nacional
gico e outros temas com base geológica nos níveis Comum Curricular. Proposta preliminar. Seg-
fundamental e médio, a ausência de uma disciplina unda versão revista. Brasília: MEC, 2016. URL:
que reúna e integre todos os conteúdos básicos de <http://basenacionalcomum.mec.gov.br> Acesso:
Geociências no currículo escolar brasileiro (Geo- 23.03.17.
Brasil. Ministério da Educação. 2017. Base Nacional
logia, Geociências ou Ciências da Terra, por exem- Comum Curricular. Proposta preliminar. Terceira
plo) faz com que estes conteúdos dispersem-se em versão. Brasília: MEC, 2017. URL: <http://base-
outras disciplinas (Biologia, Geografia, História, nacionalcomum.mec.gov.br> Acesso: 22.04.17.
Química, Física e Filosofia), onde a maioria dos Burchfield J.D. 1998. The age of the Earth and the in-
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de integração e contextualização do conhecimento Carneiro C.D.R., Toledo M.C.M., Almeida F.F.M.de.
de Geociências com outras áreas de ensino, ocor- 2004. Dez motivos para a inclusão de temas de
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além dos problemas de compreensão do próprio frameworks. Geol. Soc. Am. Spec. Papers, 486:19-27.
Cheek K. 2012. Students’ Understanding of Large
conceito pelos estudantes, ponto que também care- Numbers as a Key Factor in their Understanding
ce de investigações que possam precisar exatamente of Geologic Time. Intern. J. Sci. & Mathem. Educ.,
quais são as dificuldades dos nossos estudantes para 10(5):1047-1069.
que seja possível elaborar estratégias e recursos Cotner S., Brooks D.C., Moore R. 2010. Is the age of
the Earth one of our “sorest troubles?” Students’
didáticos para enfrentá-las. perceptions about deep time affect their acceptance
Precisamos avançar nas reflexões a respeito de of evolutionary theory. Evolution, 64(3):858–864.
nossas dificuldades e começar a desenvolver pes- D’Argenio B. 2009. Charles Darwin and geological
quisas que possam esclarecer nossa conjuntura em time conceptions. Rend. Lincei, 20(4):307-315.
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