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Em 1930, o Brasil realizou as eleições presidenciais.

Naquela época, o processo


eleitoral era aberto e, certamente fraudado o que garantia a hegemonia de São
Paulo e Minas Gerais sobre o Brasil na então chamada política café com leite.
Nesse ano, estava no poder o paulista Washington Luís e, que seguindo a lógica um
mineiro assumiria o poder. Mas...isso não aconteceu, quebrando com a política
Washington Luís indicou como seu sucessor o também paulista, Júlio Prestes. E a
partir de então, gerando uma grande oposição para São Paulo e diversos outros
conflitos políticos.
Com isso, surgiu a Aliança Libertadora. Esta era uma aliança política que tinha
como objetivo derrubar o governo paulista, assim, lançando nas eleições o gaúcho
Getúlio Vargas para presidência. Contudo, apesar de todo o apoio foram derrotados
por Júlio Prestes.
Para impedir que São Paulo continuasse no poder, os membros da Aliança
Libertadora articularam um golpe de estado, alegando que houve fraudes eleitorais.
O então golpe, mais conhecido como a Revolução de 1930 foi colocado em prática
e a elite paulista foi deposta e, assumindo a presidência, Getúlio Vargas.
O chamado governo provisório se estendeu de 1930 a 1934. Nessa fase inicial,
Vargas adotou várias medidas centralizadoras, na quais foram justificadas como
medidas anti-crise devido as consequências da Grande Depressão de 1929. Com
postura autoritária, Getúlio dissolveu o Congresso Nacional e Assembleias
existentes nos estados e municípios, e então o próprio, nomeou interventores para
esses estados.
Entretanto, também ampliou a burocracia do país. Responsável pela criação de
ministérios, como o Ministério do Trabalho e ainda amplificou a legislação
trabalhistas garantindo assim, um grande apoio da classe trabalhadora. Diante a
várias insatisfações vindas principalmente dos paulistas, que pediam para que a
Assembleia Constituinte fosse formada e assim uma nova eleição fosse realizada,
tentando contornar a situação, foi decretado um Código Eleitoral. Este propunha
medidas consideradas avançadas que reduziam drasticamente fraudes eleitorais,
além disso, o voto passou a ser secreto e as mulheres também poderiam votar.
Mas... somente o Código Eleitoral não conteve os paulistas. A fim de confrontar
Getúlio no poder, justificando por meio da necessidade de uma nova constituição
em 9 de julho de 1932 iniciou-se a chamada Revolução constitucionalista. A revolta
não durou muito, mas garantiu aos revoltosos a nomeação de um interventor
paulista e uma nova constituição. E em 1934, foi promulgada a nova Constituição
inspirada na Constituição alemã da época e caracterizada pelos seus direitos
democráticos e nacionalismo econômico. Com a promulgação da mesma,
teoricamente Getúlio teria que deixar o poder, no entanto foi reeleito indiretamente
permanecendo no poder e com isso, dando início ao Governo Constitucional.
O governo constitucional abrange os anos de 1934 a 1937. Com a implementação
da constituição de 1934, a qual foram efetivados uma série de mudanças
consideradas como avanços para o contexto do país na época, dessa forma,
reforçando ainda mais a figura de Getúlio como um líder carismático.
Dentro do cenário político brasileiro, todos estavam crentes de que o Brasil tomaria
um rumo democrático, mas...não foi bem isso que ocorreu. Quebrando as
expectativas da população, a política brasileira sofreu uma forte radicalização
influenciada pelos ideais internacionais, principalmente o nazifascismo e o regime
comunista.
Assim sendo, surgiram os grupos políticos. A Ação Integralista Brasileira, mais
conhecida pela sigla AIB consistia em partido político de extrema-direita. Liderados
por Plínio Salgado, os integralistas se baseavam principalmente nas ideias
fascistas, onde o nacionalismo exacerbado e o autoritarismo eram fortes
características do partido.
Em contrapartida, surge a Aliança Nacional Libertadora, caracterizado pelos ideais
de extrema-esquerda inspirados no comunismo. O partido era liderado por Luís
Carlos Prestes e tinha um forte vínculo com o Partido Comunista Brasileiro (PCB),
um dos objetivos era o combate do fascismo no Brasil.
Em 1935, houve a chamada Intentona Comunista. Um manifesto lançado a fim de
combater o fascismo no país... Mas devido ao pouco apoio populacional, a ação foi
falha e foi contida rapidamente pelas forças brasileiras e, ainda deu abertura para
que, Getúlio e seus apoiadores forjassem um documento, o chamado “Plano
Cohen”, dessa forma, reprimindo e punindo ainda mais os defensores de esquerda,
além disso devido ao falso documento, foi decretado estado de sítio no país e
endurecido as determinações da Lei de Segurança Nacional, com o objetivo de
manter a “ordem social”. Com isso, Vargas estava a centralizar cada vez mais o
poder em si, e a partir da suposta ameaça comunista foi promulgada uma nova
constituição que garantia a centralização do poder nas mãos do chefe executivo,
esta apelidada de “Polaca” era inspirada no modelo fascista polonês, assim, deu-se
início ao golpe do Estado Novo em 1937.
O Estado-Novo, esse período foi marcado por diversas mudanças que já vinham
dando indícios desde seu governo anterior. Iniciou-se uma era ditatorial no país,
marcada pelo seu forte autoritarismo, com a forte centralização do poder executivo e
ainda amparado pela “Polaca”, Getúlio fecha o Congresso Nacional, extingue os
partidos existentes e ainda promove a queima das bandeiras estaduais
simbolizando a união do país sob seu governo.
A repressão aos opositores era uma característica de seu governo, o Departamento
de ordem pública e social se encarregava dessa função de tortura não só aos
opositores como também os defensores de esquerda.
Outro fator importante, era o nacional-estatismo, mas o que era isso? O nacional-
estatismo consistia no fato de que o Estado era o promotor da industrialização, no
Brasil especificamente as indústrias de base como a Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN) e a do Vale do Rio Doce.
Além disso, em busca de conseguir uma “harmonização da sociedade” e um país
patriota, Getúlio lança a campanha de nacionalização buscando valorizar a cultura
brasileira, se destacando principalmente o futebol e o samba. E juntamente com
isso, houve a Consolidação das leis trabalhistas por meio da CLT e, ainda com a
forte presença da censura e controle das mídias, o Departamento de Imprensa e
Propaganda, exaltava a imagem de líder carismático e de “pai dos pobres”.
Apesar do governo ter se mostrado fortemente autoritário, a entrada do Brasil na
Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados, gerou contradições no país, que fez
com que ele perdesse o apoio das elites e principalmente dos militares que foram os
responsáveis por articular o golpe que deporia Vargas. No entanto, a população
principalmente a classe trabalhadora ainda apoiava Getúlio, o queremismo defendia
fortemente a sua permanência no poder, mas não foi o suficiente, a pressão era
grande e então Vargas foi deposto por meio de um golpe em 1945.
Com Getúlio fora da presidência, Eurico Gaspar Dutra assume o Poder Executivo. E
então, junto a isso o Brasil é redemocratizado, o liberalismo econômico, as divisões
de poderes e o pluripartidarismo retornam, e entre os mais influentes partidos estão
o Partido Social Democrático (PSD), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e a União
Democrática Nacional (UDN), este o maior opositor ao varguismo e populismo.
Ainda mais, existiam os partidos de esquerda, entretanto a entrada do Brasil ao lado
dos Estados Unidos na guerra fria, causou a suspensão dos mesmos.
Aos finais do mandato de Dutra, o país se preparava para novas eleições. E se
candidatando a presidência, ninguém mais ninguém menos que o próprio Getúlio
Vargas, mas dessa vez havia estratégias, se candidatando por meio do PTB e
firmando um acordo com o influente político Ademar de Barros, assim definindo os
resultados das eleições.
Como esperado, Vargas foi eleito alcançando uma considerável quantidade de
votos. Sendo assim, em 1951 inicia-se seu segundo governo marcado por uma forte
crise política e muita tensão social.
A crise política pautava-se em um debate político brasileiro da época: afinal, qual
seria o caminho para o desenvolvimento econômico do Brasil? A verdade é que
existiam duas tendências opostas para o crescimento do país, sendo elas, uma de
postura mais nacionalista e outra mais liberal. Os nacionalistas defendiam que o
desenvolvimento do país deveria passar pela atuação de empresas estatais que
explorassem recursos e áreas fundamentais da economia. Além disso, a influência
do capital estrangeiro deveria ser limitada por meio da intervenção do Estado na
economia. Já a proposta liberal defendia que o desenvolvimento brasileiro deveria
ser realizado com a utilização de capital estrangeiro, e a intervenção do Estado na
economia deveria ser limitada ao máximo.
A ação mais notória foi a criação da Petrobras, em 1953. A intensa campanha de
mobilização junto a alguns setores da população pretendia inflar o sentimento
nacionalista através do slogan: “O petróleo é nosso!”
A tensão social também caracterizou esse governo. Além de influenciada pela crise
política e a grande oposição de Vargas, a crise econômica se mostrou presente e
junto a ela o aumento do custo de vida da população protagonizou essa tensão.
Mesmo com o aumento salarial sendo determinado em 1951, a insatisfação da
população continuou. Com a reorganização dos sindicados não demorou para que
as manifestações acontecessem, em 1953 atingiram seu auge com a Marcha das
Panelas Vazias e a Greve dos 300 mil, que deixaram uma clara mensagem a
Getúlio, ele estava perdendo seu apoio por parte dos trabalhadores.
Já desgastado, o governo de Getúlio sofria milhares de críticas diárias de seus
opositores, entre eles estava o jornalista Carlos Lacerda um opositor um tanto
quanto ativo o que lhe tornou alvo de um ataque. Com a missão de matar Lacerda,
foi contratado um pistoleiro, mas... a missão foi um total fracasso que acabou
vitimando o Major Rubens Vaz. Com as investigações conduzidas pela Aeronáutica
buscando as motivações do crime que tirou a vida de seu Major, chegaram a
Gregório Fortunato diretamente ligado a Vargas. Esse fato, difamou ainda mais a
imagem de Getúlio e seu governo estava se tornando insustentável.
Diante de todas as oposições e acusações de assassinato, havia duas saídas: a sua
renúncia ou um golpe militar. Contudo...nenhum deles aconteceu, o fim de Vargas
se tornou ainda mais trágico e em 24 de agosto de 1954, ele cometera suicídio,
saindo da vida e entrando eternamente para a história.

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