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Modelos de Terapia Familiar
Modelos de Terapia Familiar
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7 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO FAMILIAR APROVADO PELO CFP:
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10 O TERAPEUTA ................................................................................ 57
11 BIBLIOGRAFIA ................................................................................. 59
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1 BASES EPISTEMOLÓGICAS DA TERAPIA CONJUGAL E FAMILIAR
Fonte: www.oficinadeervas.com.br
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A influência do desenvolvimento das ciências físicas e naturais no decorrer
do século XX foi significativa para a formulação de uma nova epistemologia, condi-
zente com as inquietações daquele momento, notadamente no campo interpessoal.
Destacamos aqui, a Teoria Geral dos Sistemas, de Von Bertallanffy, que tenta bus-
car os princípios válidos para todos os sistemas, com interesse por sua integração
e organização e cuja contribuição não se restringiu apenas ao campo das ciências
exatas. Ao contrário, foi ampliada e mostrada como poderia ser aplicada no campo
da psiquiatria ao tratar da dinâmica das relações a ao entender os fenômenos (físi-
cos, sociais, culturais, econômicos etc.) como interdependentes e inter-relaciona-
dos.
Destacamos também o trabalho de Norbert Wiener sobre Cibernética (teoria
do controle e comunicação de maquinas), cuja atenção é centrada nos processos
pelos quais, sistemas auto–reguladores, minimizam os efeitos dos distúrbios do
meio ambiente, através do conceito de reversibilidade, feedback negativo e ho-
meostase.
Os primeiros sinais de uma nova epistemologia para tratamento de distúrbios
mentais surgiram a partir dos estudos do antropólogo e etologista, Gregory Bate-
son. Considerado um dos pensadores mais influentes de nossa época, Bateson
desafiou os pressupostos básicos e os métodos de várias ciências, ao buscar os
padrões que se articulam em processos subjacentes às estruturas, “o padrão que
une”, ou seja, o princípio de organização em todos os fenômenos observáveis. Pro-
pôs que a mente fosse definida como um fenômeno sistêmico característica de or-
ganismos vivos, sociedades ecossistemas etc., sendo uma consequência necessá-
ria e inevitável de uma complexidade que começa muito antes dos organismos de-
senvolverem um cérebro e um sistema nervoso superior.
O trabalho de Bateson é central para o desenvolvimento das noções sistê-
micas com relação ao comportamento humano. As primeiras pesquisas que articu-
laram o pensamento batesoniano e os fenômenos psiquiátricos foram realizadas
com a colaboração, John Weakland, Don Jakson e Paul Watzlavick, todos psiquia-
tras, através de observações sobre os padrões de transições esquizofrênicas. Al-
gumas dessas ideias encontram-se no livro “Pragmática da Comunicação Hu-
mana”, dos autores referidos acima.
Os resultados destes estudos levam à conclusão de que não se pode com-
preender o indivíduo isolando-o de seu contexto e, uma vez que o indivíduo e o
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ambiente são intimamente dependentes e interligados, também o sintoma psiquiá-
trico não pode ser compreendido isoladamente, visto que o comportamento e as
emoções alterados são o resultado de disfunções em um sistema complexo.
A patologia pode estar simultaneamente ou não em diversos níveis, desde
o molecular, o intrapsíquico, o familiar e o social, porém, parece que o que a faz
aflorar é a falta de acomodação do sistema às peculiaridades de um dos níveis. Se
considerarmos, por exemplo, uma criança com distúrbio por déficit de atenção, ela
apresentará alterações de comportamento ou não, dependendo da resposta da fa-
mília e/ou da escola às suas dificuldades apresentadas.
Fonte: pisicosophia.webnode.com
Desde a década de 1920, quando inicia sua carreira como biólogo em Viena,
Ludwig Von Bertalanffy critica a predominância do enfoque mecanicista tanto na
teoria quanto na pesquisa científica. Em 1925, ele publica suas ideias em alemão
e, em 1930, lança alguns artigos na Inglaterra. Na década seguinte, o autor apre-
senta sua teoria do organismo considerado como sistema aberto. Em meio ao con-
texto da Segunda Guerra Mundial, as ideias de Bertalanffy não foram bem aceitas
em um primeiro momento. O biólogo conhece então, a Teoria da Cibernética que
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florescia nos Estados Unidos e passa a ser influenciado por ela. Em 1960, Berta-
lanffy começa a ministrar conferências nos Estados Unidos e em 1967 e 1968 pu-
blica a Teoria Geral dos Sistemas por meio de uma editora canadense e, em função
da maior propagação de suas ideias, que passam a estar disponíveis em língua
inglesa, a Teoria ganha visibilidade (Vasconcellos, 2010).
Fonte: pt.slideshare.net
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Bertalanffy confere importância ao Pensamento Sistêmico como um movi-
mento científico por meio de suas concepções de sistema aberto e de sua Teoria
Geral dos Sistemas. De acordo com o autor, organismos vivos são sistemas aber-
tos que não podem ser descritos pelas termodinâmica clássica, que trata de siste-
mas fechados em estado de equilíbrio térmico ou próximo dele. Os sistemas aber-
tos podem se alimentar de um contínuo fluxo de matéria e de energia extraídas e
devolvidas ao meio ambiente. Mantêm-se, portanto, afastados do equilíbrio em um
estado quase estacionário ou em equilíbrio dinâmico (Capra, 2006).
Fonte: teoriadosistemas.blogspot.com.br
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Fonte: terapiacasalefamilia.blogspot.com.br
Sendo assim, o todo emerge além da existência das partes e "as relações
são o que dá coesão ao sistema todo, conferindo-lhe um caráter de totalidade ou
globalidade, uma das características definidoras do sistema" (Vasconcellos, 2008,
p.199). Os conceitos básicos de sua teoria são: globalidade, não-somatividade, ho-
meostase, morfogênese, circularidade e equifinalidade (Vasconcellos, 2010). Se-
gue abaixo uma breve descrição de cada um desses conceitos.
De acordo com a globalidade, todos os sistemas funcionam como um todo
coeso e mudanças em uma das partes provocam mudanças no todo. O conceito
de não-somatividade afirma que o sistema não é a soma das partes, devendo-se
considerar o todo em sua complexidade e organização; assim, embora o indivíduo
faça parte da família, ele mantém sua individualidade.
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Fonte: slideplayer.com.br
De acordo com Bertalanffy, uma Teoria Geral dos Sistemas ofereceria um ar-
cabouço conceitual abrangente capaz de unificar várias disciplinas científicas que,
naquele momento, estavam isoladas e fragmentadas. Propõe, portanto, uma ciên-
cia da totalidade, da integridade ou de entidades totalitárias. O autor busca uma
síntese do conhecimento sem eliminar as diferenças por meio de um esquema claro
e consistente de conceitos, uma teoria unitária em torno de conceitos de sistema e
organização. O foco é deslocado da constituição das entidades para a organização
dos sistemas e para o conceito de interação (Grandesso, 2000).
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Fonte: www.minutopsicologia.com.br
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Um sistema realimentado é necessariamente um sistema dinâmico, já que
deve haver uma causalidade implícita. Em um ciclo de retroação, uma saída é ca-
paz de alterar a entrada que a gerou, e consequentemente, a si própria. Se o sis-
tema fosse instantâneo, essa alteração implicaria uma desigualdade. Portanto, em
uma malha de realimentação deve haver certo retardo na resposta dinâmica. Esse
retardo ocorre devido a uma tendência do sistema de manter o estado atual mesmo
com variações bruscas na entrada, isto é, ele deve possuir uma tendência de resis-
tência a mudanças. Assim, uma organização realimentada e autogerenciada gera
um sistema cujo funcionamento é independente da substância concreta dos ele-
mentos que a formam. Dessa forma, elementos podem ser substituídos sem dano
ao todo, o que caracteriza o processo de autorregulação, no qual o todo assume as
tarefas da parte que falhou (Vasconcellos, 2010).
Na década de 1940, aportes teóricos se articularam à Teoria Geral dos Sis-
temas, quais sejam, a Cibernética e a Teoria da Comunicação. Embora Osório
(2002) afirme que a Teoria dos Jogos também influenciou a Teoria Geral dos Sis-
temas, optou-se aqui por tratar exclusivamente da Cibernética e da Teoria da Co-
municação, visto apenas estas são referenciadas nas obras como fundantes da
Teoria Geral dos Sistemas.
2.1 A Cibernética
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Fonte: slideplayer.com.br
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Fonte: sistemica09.blogspot.com.br
Fonte: www.psicologia.pt
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A partir dessas reuniões, a área foi reconhecida por inúmeras realizações
tecnológicas, tais como: aparelho que permite aos cegos a leitura auditiva de um
texto impresso, computadores ultra rápidos, próteses para membros perdidos, má-
quinas artificiais com performances altamente elaboradas, pulmão artificial, má-
quina de jogar xadrez, aparelho auditivo para deficientes auditivos, máquinas para
atuarem em situações em que o trabalho implica risco para o homem, dentre outras
invenções (Vasconcellos, 2010).
Desta forma, no final de década de 1940, Wierner escreveu sobre a Teoria
da Cibernética, também chamada de "Ciência da Correção". O termo Cibernética
origina-se da palavra grega kybernetes que significa piloto, condutor. Desta forma,
tal teoria apresenta uma tendência mecanicista por sua associação com máquinas
ou sistemas artificiais. A preocupação do autor era com a construção de sistemas
que reproduzissem os mecanismos de funcionamento de sistemas vivos, isto é, ele
propôs a construção dos chamados autômatos simuladores de vida ou máquinas
Cibernéticas (Vasconcellos, 2010).
Para Wiener, o propósito da Cibernética era o de desenvolver uma lingua-
gem e técnicas que permitissem abordar o problema da comunicação e do controle
em geral. Portanto, considerava que a mensagem era o elemento central, tanto na
comunicação quanto no controle, ou seja, quando nos comunicamos enviamos uma
mensagem e, da mesma forma, quando comandamos. A mensagem pode ser
transmitida por meios elétricos, mecânicos ou nervosos e é considerada uma se-
quência de eventos mensuráveis, distribuídos no tempo (Vasconcellos, 2010). Por
esta razão, o antropólogo Gregory Bateson, que também participava das conferên-
cias Macy, desenvolve a Teoria da Comunicação que contribui de forma significa-
tiva para a melhoria das máquinas Cibernéticas. A Teoria da Cibernética divide-se
em Cibernética de 1ª ordem e de 2ª ordem. A Cibernética de 1ª ordem se subdivide
em 1ª e 2ª Cibernética.
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Fonte: pt.slideshare.net
Fonte: slideplayer.com.br
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Já a 2ª Cibernética trata dos processos morfogenéticos (gênese de novas
formas), resultantes de retroalimentação positiva ou retroação amplificadora de
desvios, amplificação que pode - caso não produza a destruição do sistema e se a
estrutura do mesmo permitir - promover sua transformação, levando-o a um novo
regime de funcionamento. Trata da capacidade de auto-mudança do sistema (Vas-
concellos, 2010). Os conceitos de input e output persistem, mas aparece o conceito
de feedback (criado por Wiener e Bigelow, como já mencionado anteriormente) e
de causalidade circular retroativa e recursiva. Assim, aqui tem origem o pressu-
posto da instabilidade, o qual baseia-se na noção do mundo como em um processo
de constante transformação, no qual há a indeterminação e, por isso, alguns fenô-
menos são imprevisíveis e irreversíveis, e, portanto, incontroláveis (Vasconcellos,
2010).
Fonte: slideplayer.com.br
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construtivismo ou visão construtivista, pois pressupõe o observador como parte do
sistema observado (Osorio, 2002; Vasconcellos, 2010).
Então, a Cibernética de 2ª ordem, também chamada de Cibernética da Ci-
bernética, ou Cibernética novo-paradigmática, apresenta os três pressupostos da
ciência novo-paradigmática, quais sejam: complexidade, instabilidade e intersubje-
tividade. A noção de complexidade está ligada a sistemas, ecossistemas, causali-
dade circular, recursividade, contradições e pensamento complexo. A ideia de ins-
tabilidade está relacionada à desordem, evolução, imprevisibilidade, saltos qualita-
tivos, auto-organização e incontrolabilidade. O pressuposto da intersubjetividade
envolve a inclusão do observador, autorreferência, significação da experiência na
conversação e coconstrução (Vasconcellos, 2010).
A articulação dos desenvolvimentos da Cibernética que fazem emergir a Si-
Cibernética mudou os pressupostos epistemológicos da ciência tradicional (simpli-
cidade, instabilidade e objetividade), exigindo uma reorganização dos conceitos an-
teriormente elaborados (Barcellos &Moré, 2007). Fala-se então em Pensamento
Sistêmico, o qual também é chamado de epistemologia sistêmica, de novo para-
digma da ciência (ou paradigma da ciência contemporânea), ou ainda, de episte-
mologia da ciência novo-paradigmática (Vasconcellos, 2010). Todavia, nem tudo o
que é sistêmico e nem tudo o que se apresenta como Teoria Sistêmica ou Pensa-
mento Sistêmico, pode ser reconhecido como sendo da epistemologia da ciência
novo-paradigmática; para que seja novo-paradigmático, é necessário que tenha os
três pressupostos mencionados acima, quais sejam, complexidade, instabilidade e
intersubjetividade.
Fonte: www.newsrondonia.com.br
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2.2 A Teoria da Comunicação
Fonte: 8m1sdf.blogspot.com.br
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sendo dito ou feito, de tal forma que o padrão de comunicação entre os participan-
tes de uma interação define o relacionamento entre eles. Percebe-se, assim, que a
importância das mensagens não está vinculada somente à questão de comunicar
algo, mas também, e especialmente, à influência que ela exerce no comportamento
e nas atitudes das pessoas em interação (Nieweglowski& More, 2008).
A Teoria da Pragmática da Comunicação Humana afirma que a comunica-
ção afeta o comportamento ocasionando implicações nas relações interpessoais.
De acordo com Watzlawick et al. (1973), "atividade ou inatividade, palavras ou si-
lêncio, tudo possui valor de mensagem, influencia os outros, e estes outros que,
por sua vez, não podem não responder a essas comunicações, estão, portanto,
comunicando também" (p. 45).
Fonte: pt.slideshare.net
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comunicantes (cada comportamento é causa e efeito do outro); 4) Os seres huma-
nos se comunicam de maneira digital (comunicação verbal) e analógica (comunica-
ção não-verbal); e 5) Todas as permutas comunicacionais ou são simétricas ou
complementares, e estão baseadas na igualdade ou na diferença (Watzlawick et al.
1973).
Bateson concebeu um conceito novo e radical de mente, capaz de superar
a visão cartesiana. Mente é um fenômeno sistêmico característico dos seres vivos,
uma característica relacional. A mente não está no cérebro e sim nas relações.
Também nega a objetividade da realidade quando afirma que o observador traz a
marca de quem observa. Não existe, portanto, uma realidade objetiva, indepen-
dente do observador (Vasconcellos, 2010), conforme já explicitado no pressuposto
da intersubjetividade. A compreensão dos padrões comunicacionais que possibili-
tam ou dificultam as relações são de suma importância para aqueles que trabalham
dentro do paradigma sistêmico. A seguir, serão destacados os principais requisitos
para a formulação do Pensamento Sistêmico.
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2.3 O Enfoque Sistêmico
Fonte: equipeat.com.br
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modo comunicacional no momento atual. A unidade terapêutica se desloca de duas
pessoas para três ou mais à medida em que a família é concebida como tendo uma
organização e uma estrutura. É dada uma ênfase a analogias de uma parte do
sistema com relação a outras partes, de modo que a comunicação analógica é mais
enfatizada que a digital.
Os terapeutas sistêmicos se abstêm de fazer interpretações na medida em
que assumem que novas experiências - no sentido de um novo comportamento que
provoque modificações no sistema familiar - é que geram mudanças. Neste sentido
são usadas prescrições nas sessões terapêuticas para mudar padrões de comuni-
cação, e prescrições, fora das sessões, com a preocupação de encorajar uma
gama mais ampla de comportamentos comunicacionais no grupo familiar. Há uma
certa concentração no problema presente, mas este não é considerado apenas
como um sintoma. O comportamento sintomático é visto como uma resposta ne-
cessária e apropriada ao comportamento comunicativo que o provocou.
A partir do enfoque sistêmico, várias escolas de terapia familiar se desenvol-
veram, entre elas a Escola Estrutural, a Estratégia, a de Milão e, mais recente-
mente, a Escora Construtivista.
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A estrutura não é, para Minuchin (1974), uma entidade imediatamente aces-
sível ao observador. É no processo de união com a família que o terapeuta obtém
os dados. A medida em que a terapia evolui, o terapeuta coloca questões, identifica
os padrões transacionais e as fronteiras, levanta hipóteses sobre os padrões dis-
funcionais e obtém assim um mapa familiar.
O terapeuta deve ajudar a transformação do sistema familiar, e para isto ele
se une à família desempenhando o papel de líder, identifica e avalia a estrutura
familiar, e cria circunstâncias que permitam a transformação da estrutura. As mu-
danças terapêuticas são alcançadas através das operações reestruturadoras, tais
como: a delimitação de fronteiras, a distribuição de tarefas, o escalonamento do
stress e a utilização dos sintomas. A terapia estrutural é uma terapia de ação, e o
sintoma é visto como um recurso do sistema para manter uma determinada estru-
tura.
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Para Haley (1976) o que caracteriza o sistema familiar é a luta pelo poder.
Ele utiliza o termo estratégico para descrever qualquer terapia em que o terapeuta
realiza ativamente intervenções para resolver problemas.
A visão estratégica define o sintoma como expressão metafórica ou analó-
gica de um problema representando, ao mesmo tempo, uma forma de solução in-
satisfatória para os membros do sistema em questão.
Fonte: biosom.com.br
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2.6 Escola de Milão
Fonte: pt.slideshare.net
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ser bastante observador e criativo. O ritual é rigorosamente específico a uma de-
terminada família.
Fonte: www.educacaopublica.rj.gov.br
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Fonte: www.psicologiaviva.com.br
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que solicitou em termos relacionais. A neutralidade consiste numa atitude de im-
parcialidade do terapeuta que se alia a cada membro da família, neutralizando qual-
quer tentativa de coalizão ou sedução de qualquer componente do grupo familiar.
Fonte: www.psicologicamentevincular.com
Fonte: psicologado.com
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A terapia familiar de enfoque psicanalítico dá ênfase ao passado, à história
da família tanto como causa de um sintoma, quanto como um meio de transformá-
lo. Os sintomas são vistos como decorrência de experiências passadas que foram
recalcadas fora da consciência. O método utilizado, na maior parte das vezes, é
interpretativo com o objetivo de ajudar os membros da família a tomar consciência
do comportamento passado, assim como do presente e das relações entre eles.
Influenciados pelo trabalho estritamente psicanalítico, desenvolvido na Clí-
nica Tavistock de Londres, Pincus&Dare (1978) formulam suas hipóteses que fun-
damentam a prática clínica com famílias e casais a partir de um grande interesse
na trama inconsciente dos sentimentos, desejos, crenças e expectativas que unem
os membros de uma família entre si e aos passados individuais e familiar.
Estes autores interessam-se particularmente pelos efeitos dos segredos e
dos mitos na dinâmica familiar. Ressaltam que os segredos podem pertencer a um
membro da família, ou serem, tacitamente, compartilhados com outros; ou, incons-
cientemente, endossados pelos membros da família, de geração para geração, até
se tornarem um mito. Quando um membro da família desafia um segredo familiar,
a atitude dos outros membros também muda em relação ao segredo, o conluio é
rompido e novos fatos e fantasias vêm à tona. A partir da prática clínica Pin-
cus&Dare mostram como os segredos mais freqüentes e mais cuidadosamente es-
condidos são aqueles que nascem de sentimentos ou fantasias incestuosas.
O enfoque psicanalítico em terapia familiar é denominado por Ruffiot (1981)
de grupalista e é inspirado na sua teoria e na sua prática, por uma representação
fantasmática e grupal do indivíduo no seio de sua família. Assim, Ruffiot formula a
hipótese de um aparelho psíquico familiar a partir do modelo de aparelho psíquico
grupai de Kaës (1976). Ele estabelece uma relação entre aparelho psíquico do
grupo familiar e o aparelho psíquico primitivo do recém-nascido, considerando que
a natureza do psiquismo primário é o fundamento do psiquismo familiar e de todo
psiquismo grupai. Esta abordagem se baseia numa escuta do funcionamento da
fantasmática familiar no aparelho psíquico da família, um inconsciente a várias vo-
zes que aparece na associação livre dos membros da família reunidos na sessão.
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Fonte: pt.dreamstime.com
Fonte: www.casulepsicologia.com.br
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A palavra "sistema" deriva do grego synhistanai que significa colocar junto.
O entendimento sistêmico requer uma compreensão dentro de um contexto, de
forma a estabelecer a natureza das relações. A principal característica da organi-
zação dos organismos vivos é a natureza hierárquica, ou seja, a tendência para
formar estruturas multiniveladas de sistemas dentro de sistemas. Cada um dos sis-
temas forma um todo com relação as suas partes e também é parte de um todo. A
existência de diferentes níveis de complexidade com diferentes tipos de leis ope-
rando em cada nível forma a concepção de "complexidade organizada" (Vascon-
cellos, 2010).
O primeiro dos critérios fundamentais do Pensamento Sistêmico se refere à
mudança das partes para o todo, a partir do entendimento de que as propriedades
essenciais são do todo de forma que nenhuma das partes as possui, pois estas
surgem justamente das relações de organização entre as partes para formar o todo.
Outro critério diz respeito à capacidade de deslocar a atenção de um lado para o
outro entre níveis sistêmicos (Vasconcellos, 2010).
Fonte: pt.slideshare.net
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embutidas em redes maiores. O mundo vivo é entendido como uma rede de rela-
ções. O conhecimento científico é tido como uma rede de concepções e de modelos
sem fundamentos firmes e sem que um deles seja mais importante do que outros.
O mundo material é visto como uma teia dinâmica de eventos interrelacionados
(Vasconcellos, 2010).
Por fim, o último critério se refere à mudança da ciência objetiva para a epis-
têmica; o método de questionamento torna-se parte integral das teorias científicas.
A compreensão do processo de conhecimento precisa ser explicitamente incluída
na descrição dos fenômenos naturais, de forma que tais descrições não são obje-
tivas (Capra, 2006; Grandesso, 2000; Vasconcellos, 2010).
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de uma família bioparental, ou seja, como ocorre com as viúvas, separadas, ado-
ção, divorciadas e solteiras que a princípio viviam em união estável, ou até mesmo
em casos de ser por opção.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, ECA, prevê a possibilidade, inde-
pendente do estado civil uma pessoa sozinha, tanto o homem quanto a mulher,
poderá adotar uma criança, e assim se tornar uma família, está disposto no art. 42
do ECA.
Era considerado como único e legítimo modelo de família, onde tinha o ho-
mem, a mulher e seus descendentes. Era o modelo inspirado na Revolução Indus-
trial.
Refletia a ideia de sociedade dinâmica e mais produtiva. Pois era como um
núcleo pequeno, onde um chefe provedor do lar, poderia com facilidade resolver
questões geográficas ou sociais.
Representando assim, um modelo de sociedade capitalista.
Quando ocorre o divórcio, surge então a chance de uma nova família. Além
de juntar marido e mulher, também os filhos provenientes de relações anteriores,
vivendo todos sobre o mesmo teto. Seja proveniente de um novo casamento ou
uma união estável, os filhos possuem origens distintas quanto a paternidade bioló-
gica. Diante da realidade atual, este modelo tende a aumentar sua incidência.
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Em assim sendo, se a união estável é entidade familiar, como também o
casamento, não há como se fugir da conclusão de que as regras do instituto da
guarda devem ser aplicadas à união estável.
A princípio pode ter uma formação convencional, pais, filhos, mas ao obser-
var sua constituição, nota-se que em seus indivíduos existe pouco apego a regras
sociais que formulam as famílias mais tradicionais, religião, moral ou política.
Fonte: acessepsicologia.blogspot.com.br
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neste contexto que podem surgir as soluções para o que não está a acontecer da
melhor forma.
Acredita-se, pois, que se surge um problema no contexto familiar ou conju-
gal, é nele mesmo que emergem as soluções para que uma família e um casal
continuem a evoluir.
Assim, a terapia familiar e de casal é uma modalidade de psicoterapia que
procura ajudar os elementos de uma família a identificar e solucionar as dificulda-
des das dinâmicas e comunicação familiar, quando sozinhos já não estão a conse-
guir fazê-lo.
Fonte: www.daquidali.com.br
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5 A FAMÍLIA E SUAS FASES
Fonte: www.belasmensagens.com.br
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Fases aos profissionais e também às famílias com quem trabalham, colaboram no
entendimento e na busca de ações que contribuam para o seu desenvolvimento.
Segundo Nahas:
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Fonte: www.cefatef.com.br
A tendência atual da família moderna é ser cada vez mais simétrica na dis-
tribuição dos papeis e obrigações, sujeita a transformações constantes, devendo
ser portanto flexível para poder enfrentar e se adaptar às rápidas mudanças sociais
inerentes ao momento histórico em que vivemos.
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Fonte: institutomindcare.com.br
5.1 Biológicas
5.2 Psicológicas
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Criar um ambiente adequado que permita a aprendizagem empírica
que sustenta o processo de desenvolvimento cognitivo dos seres hu-
manos.
5.3 Sociais
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6 ESTRATÉGIAS DE ATENDIMENTO DAS FAMÍLIAS
Fonte: setorsaude.com.br
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6.1 Entrevista Circular
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A entrevista diagnóstica é dividida em três momentos:
Fonte: www.pharmadouro.com
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A atuação terapêutica apropriada deriva-se de um diagnóstico compreendido
como um conjunto de hipóteses úteis e produtivas. À medida que um diagnóstico
familiar emerge distinções de condições permitem ao terapeuta realizar indicações
gerais de tratamento conforme o universo possível.
A avaliação familiar é, contudo um processo continuo que orienta o clinico
em cada sessão.
Cabe ressaltar que a construção de hipóteses na prática clínica é sempre
um processo de reavaliação, já que as hipóteses podem sempre se alterar, por não
refletirem a especificidade da família ou por serem transformadoras, levando a no-
vas dinâmicas e reestruturações.
Fonte: www.clinicaalamedas.com.br
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pai e dos pais em relação ao filho. As questões do IEP são respondidas por meio
da seguinte escala: nunca (0), às vezes(1) e sempre (2).
Esse instrumento é composto por 42 questões, abordando sete práticas edu-
cativas, sendo duas positivas (monitoria positiva e comportamental moral) e cinco
negativas (negligência, punição inconsistente, monitoria negativa, abuso físico e
disciplina relaxada).
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8 O QUE É UM CASAMENTO BOM OU UM BOM CASAMENTO ?
Fonte: www.zankyou.com
A ideia do que seja efetivamente uma boa união, se transforma através dos
tempos. No período dos povos nômades e mais tarde, no período da agricultura os
conceitos de família eram totalmente diferentes. No século XVIII, no período do
romantismo, por razões econômicas e políticas começa a surgir o modelo do casal
onde o homem é o provedor e a mulher é a que cuida dos assuntos relacionados a
afetos e emoções. Aí se iniciam as construções sociais como: a rainha do lar, o
instinto materno, etc., que estão muito bem representados e apresentados em fil-
mes da década de 50. Aquele era e “é” ainda o casamento perfeito, ao menos em
nosso imaginário. E, nós ficamos desesperadamente tentando realizá-lo da ma-
neira que, em verdade, só existe nos filmes.
Isto ocorre através das transmissões de valores culturais atualizada princi-
palmente pelas mães. Mas somente a partir da decepção na relação com o cônjuge
é que se torna possível uma nova construção. Uma nova narrativa.
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Fonte: revistamarieclaire.globo.com
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Fonte: somostodosum.ig.com.br
Estressores Verticais:
Padrões
Mitos
Segredos e legados familiares
Estressores Horizontais:
Desenvolvimentais (Transições do Ciclo de Vida)
Imprevisíveis (Morte, doença crônica, acidente)
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9 SEGREDO NA FAMÍLIA
Fonte: pensandoemfamilia.com.br
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Não existe garantia quanto ao resultado na revelação de um segredo. Esta
pode ser de efeito curativo ou de risco, assim como promover reconciliação ou di-
visão.
Fonte: emsegredo.blogs.sapo.pt
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Fonte: formulasdaimaginacao.blogspot.com.br
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Fonte: regisaeculorumimmortali.wordpress.com
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O sintoma da ansiedade e da culpa sempre presentes como resul-
tante da manutenção do segredo, com todo custo que esta manuten-
ção envolve. Como exemplo podemos pensar no esforço exigido no
controle do rumo das conversas para que o assunto não chegue pró-
ximo à questão em segredo.
Fonte: www.sobrerelacionamento.com
Fonte: www.curapessoal.com
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A partir do momento em que resultados mais positivos possam ser conside-
rados o terapeuta pode então realizar uma intervenção direta com relação à reve-
lação. Saber sobre os temores permite ao terapeuta propor o planejamento de es-
tágios subsequentes do trabalho pensando junto com a família sobre onde, como,
quando, com quem e por quem a revelação pode se dar.
10 O TERAPEUTA
Fonte: www.relacoessaudaveis.com.br
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O terapeuta necessita antes de tudo afirmar sua própria posição ética
com relação a manter ou revelar um segredo familiar.
A família também tem direito a conhecer a posição do terapeuta não
devendo esta conter um segredo em si mesma.
O terapeuta precisa ter flexibilidade e estar constantemente desafi-
ando suas próprias posições.
Quando o segredo é nocivo ou perigoso, se faz necessário estar
atento a um presumível direito de esconder que pode emergir do ilici-
tamente poderoso da família, como se fosse em benefício do mais
vulnerável.
É a equidade nos relacionamentos que toda terapia almeja, que res-
palda o direito de saber o que afeta nossas vidas e o direito de dar
voz à dor mais profunda.
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11 BIBLIOGRAFIA
CAPRA, F. (2006). A teia da vida: Uma nova compreensão científica dos sistemas
vivos. São Paulo: Cultrix.
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Em: Baptista, M.N & Teodoro, M.L.M.(org). Psicologia de família: teoria, avaliação
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