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ISSN 1517-5545 Behavi Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Coguitiva 2001, Vol. 3, n° 2, 9-18 ismo: reflexées acerca da sua epistemologia Marla Viega e Luc Vandenberghe! Universidade Catéliea de Goiés Resumo Nesta tentativa de definir 0 behaviorismo como uma proposta cientfica, ¢ priorizada a descrigio dos seus valores fundamentais, sua visio do homem e do universo, sua definigao do conhecimento, suas estratégias seménticas e sua atitude frente & nogao de verdade cientifica. Os pressupostos da abordagem so esbogados de forma a possibilitar a comparago com outras abordagens cientificas dentro da psicologia. Sua historia é tragada em termos de continuidade e descontinuidade paradigmticas, Sem apegar-nos a dicotomias didaticamente convenientes como a oposigo entre a5 variedades radical ¢ metodol6gica, exploramos as contradigSes inerentes a0 movimento e as implicagdes potenciais destas para sun identidade como abordagem e para suas diregdes futuras. Palayras-chave: behaviorismo; epistemologia; paradigma, Abstract Behaviorism: reflections on its epistemology. In this tentative to define behaviorism as a scientific project, priority is given to descriptions ofits fundamental values, its vision of man and the universe, its definition of knowledge, its semantic strategies and its attitude in relation to the notion of scientific truth. ‘The assumptions of the approach are sketched in a way that makes possible the comparison with other scientific methods within psychology. Its history is traced in {erms of paradigmatic continuity and discontinuity. Without sticking to didactically convenient dichotomies like the opposition between the radical and methodological varieties, we explore the ‘movement's inherent contradictions and their potential implications for its identity as an approach and for its future directions. Key words: behaviorism; epistemology; paradigm, 1. Definir o behaviorismo Neste artigo pretendemos abordar a proposta do behaviorismo sem querer repre- senté-lo como um sistema tedrico coerente & acabado, mas sim como uma das numerosas tentativas de entender o ser humane. Como todo movimento intelectual, o behaviorismo carrega em sios eftitos da hist6ria que o moldou, Falar desta histéria implica considerar suas raizes, o impacto que causou na época de sua ctiagdo e as modi- ficagdes que sofreu para se tornar o que ¢ hoje. E importante ressaltar que o behaviorismo_ uma das grandes tradigdes que deram diregiio a0 que conhecemos hoje como a psicologia cien- tifica. Trouxe idgias inovadoras a respeito da natureza do homem e de como estudi-lo. Seus preceitas basicos foram alvo de critica indignadae entusiasmo sectirio, Logo, é preciso concordar com Eysenck (1972) que qualquer caracteristica que seria avangada para definir 0 movimento como um todo, énecessariamente questiondvel. Moderatto € Ziino (1994), salientam que 0 Behaviorismo 1, Enderego para correspondéncia: R. J-S1 Q 136 L 31, Setor Ido - Goiania / GO, CEP 74674 170, Tel (62)2077639, e-mail: bergneve@zaz.com.br Marla Viega € Luc Vandenberghe deve ser entendido como uma familia de posigbes tedricas, que entre clas sio con- trastantes e diversas, mas que possuem uma certa semelhanga (“family resemblance” para usar 0 conceito de Wittgenstein) entre elas. Apesar desta semelhanga de familia, a distncia entre duas teorias integrantes da tradigdo behaviorista é, as vezes, notével. Ao tratar das bases epistémicas do behaviorismo modem, ¢ da questo de como este se defronta cont os temas complexos da Psicologia contem- potinea, é impossivel ignorar esta pluralidade. ‘A abordagem hipotético-dedutiva de Hull, trazida por Eysenck para a terapia comportamental, € diametralmente oposta & estratégia indutiva de Skinner. A primeira faz cigncia testando hipéteses e privilegiando métodos estatisticos para processar dados colhidos em amostras representativas (Hull, 1953; Eysenck, 1959/1994), enquanto a segun- da constréi conhecimento de maneira indutiva, partir de regularidades observadas em estudos ‘onde o sujeito tinico & seu proprio controle (Skinner, 1938). O behaviorismo radical trabatha com eventos privados, mas exclui nogdes mentais (Skinner, 1945) enquanto o behaviorismo teleolégico de Rachlin (1994) €0 operacionalismo de Tolman (1932) usam conceitos de tendéncia mentalista, mas excluem © que a pessoa sente dentro de si como dado a ser considerado, Como podemos entéo entender 0 que é 0 Behaviorismo? Moderato © Ziino (1994) enfatizam que 0 Behaviorismo como quadro teferencial foi articulado desde 0 inicio em diferentes niveis ((BHMEHO)RONCOMECBIGSTEDD "uma ciéncia que estuda eventos e processos sot (GERREERERIFEDS, como acontece nas outras cigncias que estudam 0 comportamento de planetas, células ou particulas atémicas. Segundo, @ASSS tia ase ener SSgD Gehine quale Spon ce perguntas Sto esttinesy? 10 be terceiro lugar, Finalmente, Buscando entender o behaviorismo, precisamos prestar ateneZo ao entrelagamento destes diferentes niveis. Precisamos, para comecar, localizar 0 behaviorismo no meio da diversidade de posigdes paradigmaticas que propdem estudar o ser humano. 2. Asepistemologias da psicologia moderna Segundo a meta-epistemologia de Pepper (1942), posigdes tedricas nas cigncias humanas sfo diferenciadas pelo seu paradigma bisico. ‘Todas as epistemologias cientificas possuem as suras maneiras de conceber um evento. Elas nfo 6 se diferenciam nos tipos de conhecimento que oferecem, mas também na sua definigzo do que é verdade e como aleangar conhecimento valido, Na raiz de cada paradigma episte- molégieo, uma metifora implicita pode ser reconhecida, Desta metifora, os pressupostos filosoficos do paradigma so derivados. E a ‘metifora-raiz, que iré delinear 0 universo dos fatos a serem estudados, os tipos de perguntas a serem feitas, as estratégias a serem usadas para respondé-las e 0s critérios de verdade, através, dos quais avaliar as respostas obtidas. Existe um grande nimero de linhas teéticas que definem os eventos estudados a partir de suas qualidades ou especificidades, 0 que permite conhecé-los diretamente. Pepper chama esta atitude frente ao conhecimento de “formismo”. Fendmenos sfo reduzidos a essén- cia, dependendo da abordagem, representada por idéias puras, universais ou protétipos. 0 eritério de verdade ¢ a comespondéncia entre 0 fend- Behaviorismo: reflexdes acerca da sua epistemologia meno complexo estudado € 0 universal ou a forma essencial capturada pelo estudioso, ‘No entanto, jé existem outras abordagens que véem © conhecimento vilido como algo construido através de inferéncias, adequando-se a0 que existe por trés dos fendmenos, onde o seu critério de verdade é a coeréncia da explicagio, conceito seria que, quando as inferéncias explicam de meneira elegante as observagées, so vilidas. Aqui, Pepper fala de “orgenicismo” porque a metéfora implicita é 0 ser vivo e 0 discurso lembra aquele da medicina, onde também se infere processos subjacentes para explicar os sinais observaveis. A mente ¢ tratada como se fosse um organismo com a sua prop vida interior. O clinico que assume esta atitude epistemolégica deve atuar nas estruturas ou dinamismos inferidos porque os fendmenos observaveis so apenas sintomas decorrentes destes. O“mecanicismo” é uma atitude frente 20 conhecimento que propde estabelecer uma estreita correspondéncia entre os fatos e a teoria, testando predigdes deduzidas desta ldtima, Para entender um fendmeno deve-se destrinchar as cadeias causais envolvidas. A pergunta legitima do cientista é sempre alguma variante de “como funciona?”. Mensuragio exata e estatistica sio amplamente usadas dentro desta abordagem. Conhecimento & considerado valido quando foi objetivamente estabelecido, Diferentes observadores devem perceber 2 mesma coisa independentemente, isto implica em delineamentos experimentais ¢ replicabilidade das pesquisas. Paraa eran isto implica que Tipicamente so investigadas interagdes bidi- recionais em detrimento de mecanismos de causa € efeito lineares. Observam-se regula- ridades nas relagdes entre varidveis e, a partir disto, induzem-se principios que regam esta interacdol EE ai» © behaviorismo € conhecido pela sua luta contra as abordagens aqui chamadas de formista e organicista, Rejeitou o iltimo por ‘usar um nivel teérico (0 inferido) para explicar um outro (0 observado) e o primeiro por seu subjetivismo declarado, Em muitos momentos na sua histéria (Watson, 1913/1928; Tolman, 1932; Skinner, 1945; Kantor, 1959; Staats, 1963) parece que seu alvo mais importante era o de oferecer A psicologia uma visdo livre de todo vestigio destes dois paradigmas. Além de optar por uma certa atitude frente ao saber, abordugens psicolégicas propu- nham uma meta-linguagem unificadora para poder ir além dos dados observados. Esta cons- titui a identidade da abordagem, aventando a possibilidade de coeréncia teérica. Conhe- cemos a meta-linguagem do inconsciente, do transcendental, do processamento de infor- magio e muitas outras, Como vamos observar na discussdo a seguir, o behaviorismo nfo adotou tal forma de falar, do que est por tris das outras linguagens. Esta auséncia nos reen- via com mais insisténcia ainda para a questo da identidade paradigmética do behaviorismo. 3. A epistemologia behaviorista ‘Omovimento nasceu nos Estados Unidos frente a duas posig6es culturais: o estruturalismo (importado da Europa) que estudava fendmenos estiticos eo funcionalismo (mais coerente coma mentalidade do novo mundo) que dava énfase a Marla Viega Luc Vandenberghe ‘luxos de mudanga. O Behaviorismo tem as suas ‘aizes nesse segundo movimento, mas consti- tuiu-se num corte na historia da Psicologia com seu projeto de estudar 0 comportamento, enfocando entidades privadas de dimensdes espago-temporais, libertando a psicologia das siias amarras idealistas (Watson, 1913). ‘A escolha de definir como objeto de pesquisa o comportamento e nada mais do que comportamento, isto é a relagdo entre um aspecto da atividade do individuo (a resposta) e um aspecto da atividade do ambiente (0s chamados estimulos) — insistem Moderato & Ziino(1994) ~ obrigava a ciéncia jovem a ppercorrer de maneira acelerada todo um caminho ttilhado nos séculos anteriores pelos cientistas naturais ¢ contribuiu de maneira fundamental implicitamente uma analogia do comportamento améquin: ‘A relago de causa e efeito, 0 esquema “se ... entiio ..”” constituiu-se na base funda- mental deste paradigma. Até 0 pensamento é considerado como sendo uma organizacao hierdirquica de cadeias de estimulo-resposta, Os elementos que constituem o racioeinio mais elevado so semelhantes aqueles presentes no balbuciar de uma crianga, assim como as todinhas numa maquina muito complexa podem ser iguais as de um brinquedo simplis- simo ¢ 0 funcionamento de ambos pode ser 2 compreendido a partir da interagdo entre as fungOes das suas partes. Assuntos io subjetivos como as emogdes (Watson, 1928), ¢ a construsio do sentido da propria vida (Watson, 1932, citado em Cohen, 1979) se tomaram, ento, assuntos pata pesquisa objetiva. © estudo cientifico da personatidade como conjunto de padres de habitos compostos de respostas submetidas ds leis da aptendizagem (Watson, 1928) foi inieiado, para ser levado a ‘maturidade, dentro desta mesma visto, décadas depois, por Eysenck (1982). Durante a vida do fundador, o beha- viorismo jé se diversificou. Depois do enraiza- mento da escola, uma vertente metodoligica se desenvolveu nos meios académicos. Esta se apegava is anilises dos comportamentos objeti- vamente acessiveis, enquanto outros insistiam em que todos os processas psicologicos eram acessiveis 4 andlise comportamental. Os primei- ros excluiram, por motivos de rigor experi- mental, os processos psiquicos, enquanto os segundos buscavam ser uma ciéncia psicolégica inteira ¢ totalmente comportamental. Essa posigdes evoluiram a uma fase mais operacional, onde se encontram os pesqui- sadores com uma visio molecular, procurando resolver perguntas complexas através da anélise de comportamentos simples ¢ os beha- vioristas molares, interessados na ago do or Behaviorismo: reflexes acerca da sua epistemologia ‘Oesquema “Se... entéo ...” agora tem um outro sentido. 3 tomam circulares: ndo é mais possivel definir uum em fungéio do outro, sem definir o titimo em fungo do primeiro. Como posso reforgar Y? O reforgador Z que é contingente a emissdo de Y na situagao X aumenta a freqiéncia do compar- tamento, Como posso saber se Z é um refor- gador? Porque quando aparece contingente & emissio de Y, a fregiiéncia do comportamento aumenta, Assim, um ponto de vista que ja era implicito na visio do *homem produto do seu meio’ de Watson e cujas raizes distavam a0 funcionalismo, vinkha em primeiro plano no behaviorismo modemo. Apesar de ter surgido paralelamente com as grandes tendéncias comportamentalistas, ele sé chegou a dominar 0 movimento quando a influéncia do beha- viorismo sobre a psicologia experimental norte-americana entrou em declinio, Entretanto, 6 pensamento Skinneriano chegou a influenciar profundamente a pesquisa experimental no Brasil, enquanto a corrente Kantoriana, que teve um impacto importante nos meios behavioristas mexicanos, recentemente ressurgiu nos Estados Unidos. 1B Essa determinagiio ocorre por uma conjungaio de miiltiplas dimensdes em que comportamento e ambiente se transformam a partir de um processo de interagdes reciprocas das contingéncias da biologia, do reforgamento direto e da vivénci social. O behaviorismo psicolégico ou peradig- mitico de Staats (1995; Eifert, 1978) ¢ o teleo- ogico de Rachlin (1994) se destacaram do beha- viorismo radical, mas mostram a mesma visio interativista E interessante observar que nesta visio a dicotomia entre os esforgos de Tolman e de Hull ésuperada, A unidade de andlise se toma extre- mamente flexivel porque tanto elementos moleculares quanto sistemas complexos podem ser estudados como evoluindo numa interagio dindmica com 0 ambiente. Assim, nfo precisa mais recorrer 4 anilise de elementos simples para examinar os processos complexos, nem precisa manter metodologias separadas para processes sere _ osujeito Skinneriano, nao é algo que existe por Gn rE =. existe autonomia nem de um nem de outro. Nesta relagdo de troca continua acontece 0 comportamento, que produz conseqiiéncias sobre o ambiente as quais modificam 0 compor- tamento. Assim, o homem € 0 seu ambiente sto itrinsecamente entrelagados. E através dessa reciprocidade que cada pessoa, ao agir, desen- volve uma maneira de ser que Ihe é tinica, Similarmente, Kantor (1924-1926) descreveu a resposia eo estimulo como interde- pendentes. Um define 0 outro em fungiio do contexto no qual interagem. Ele incorporou os Marla Viega e Luc Vandenberghe trés preceitos do funcionalismo, adaptagao, fungao e contexto, na sua psicologia. Excluiu a idéia de adaptagao e a nog&o teleol6gica nela implicita e modificou 0 conceito de fungao para descrever a interagiio entre o organismo e outros eventos sem, no entanto, aceitar a idéia funcionalista de mediagdo mental. Assim 0 kantoriano estuda o universo como uma uni- dade dindmica (Hayes, 1997). ‘A adaptagdo do individuo é, tanto para Kantor (1958), Skinner (1969), Rachlin (1994) ‘ou Staats (1995), uma interagio continua. estudam comportamento no seu “acontecer”, onde os diferentes termos da contingéncia s6 podem ser definidos em relago aos outros. Nao pensam mais em termos de associagdes diretas da resposta 20 estimulo nem em termos de relagdes necessicias, mas em termos de conti- nuos probabilisticos. @SMpORaMEMOnEnIDS Gea eee "tealidade que muda a todo instante como Devido a — Observagdo obje- tiva, o behaviorismo metodolégico abriu espaco para o principio de verdade por concordéncia, conformando-se assim ao paradigma mecani- cista, Este principio foi explicitamente rejeitado pot Skinner (1963) ao afirmar que, quando duas pessoas observam o mesmo fato, ambos podem estat sujeitos ao mesmo erro. Assim, 0 que somente acessivel a um observador tomou-se de ‘novo materia legitima para a investigagao cienti- fica. A tarefa de tratar os eventos privados nume Rose, 1982; Tourinho, 1997) (Guilhardi, 1995; Banaco, 1993). 4 Para 0 behaviorista moderno (Tourinho, 1997; de Rose, 1982; Eifert, 1978) e, de novo podemos acrescentar aqui, também para 0 proprio Watson (1924/1928), sentire agir assim como pensar e imaginar séo igualmente produtos da hist6ria de interagdes entre o indi- viduo ¢ 03 seus contextos materiais, verbais & sociais Nao explica por st mesmo 03 comportamentos piiblicos. O que é sentido internamente € um outro evento e é efeito de comportamento, nfo causa. | Os eventos enco- bertos (Skinner, 1942) também chamados de comportamentos sutis (Kantor, 1956) sto igual- mente inseridos num tecido de contingéncias. ‘So eventos que participam — com os mesmos ireitos quanto estimulos e respostas piiblicas ~ nesta rede de relagdes que permeia e conecta, ‘Numa tal complexidade de interagdes surge a ‘imagem do ser humano inteito, floragio de inte- rages continuas dentro de uma multiplicidade de contextos (Kantor, 1956; Staats, 1995; Hayes, Strosail and Wilson, 1999), papel fundamental da Tinguagem na compreenstio de processos tradicionalmente considerados “superiores” foi uma das grandes contribuigdes de Watson (1920) foi elaborado em trabalhos pelos seguidores de Kantor (Ribes-Ifestra, 1992), Skinner (Hayes, Strosahl € Wilson, 1999) e Staats (Eifert, 1987), que sempre procuraram entender estes processos lingitisticos como interagdes com o ambiente, & os abordaram assim necessariamente como produto social. © ato de conhecer ¢ entendido na mesma relagdo. Falar sobre um objeto de Behaviorismo: reflexdes acerca da sua epistemologia conhecimento é agir sobre uma rede social € geraem cada sub-cultura ¢ em cada caso indivi dual, efeitos diferentes sobre os repertérios verbais relevantes. Estes efeitos determinam 0 comportamento, assim a ago é sempre produto de uma histéria de interagdo. Conseqiiente- mente, o conhecimento como ato verbal é tanto criador da cultura, quanto produto da mesma. O auto-conhecimento ¢ abordado da mesma forma. Autores como De Rose (1982) € Haydu (2001) descrevem como a interagao.com a comunidade verbal gera a maneira da pessoa explicar a si mesma e aos outros. Isto nfo s6 mostra o caminho para uma nova compreensio cientifica do ser humano, mas também para / Todo “saber” & fungdo da agdo particular do individuo em relago a eventos particulares em contextos particulares (Kantor, 1958). Conceituar o saber desta forma, como 0 compor- tamento do individuo e assim, logicamente, como produto da sua histéria de interagdes, tem implicagdes epistemoldgicas importantes. A asta o ideal da verdade objetiva. Contudo, no ha na visio Kantoriana, objetos a serem conhe- cidos, exceto as nossas préprias agéies em relagdo a estes, o que necessariamente os redefine em termos de fungdes nas interagdes (Hayes, 1997). O que sobra, abandonando este ideal, € que 0 saber tem o seu valor pragmitico dentro do campo de interagdes do qual é fungao. Conhecimento cientifico, entio, é sempre uma construgiio verbal endo tem outras garantias além das contingéncias que regem 0 comporta- mento verbal do cientista. Até a insisténcia do 15 Dehaviorismo metodolégico na objetividade rigorosa nao é outra coisa senfio uma tentativa de colocar 0 comportamento descritivo do cientista sob controle discriminative dos dados, através do método hipotético-dedutivo com os seus delineamentos com grupos de controle e testes de significdncia estatistica, A garantia da replica bilidade por outros pesquisadores, que se tora possivel através deste rigor metodolégico, intro-

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