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TEORIA GERAL im através da cooperaco e entreaju- ‘ancia dos prineipios cooperatives, a satis- fagto, sem fins lucrativos, das necessidades econdmicas, coviets oc cultu- jais estes, Podendo ainda, a titulo complementar, realizar operacoes orn tercsiros”. 81. 0 PROBLEMA DA PERSONALIDADE JURIDICA DAS SOCIEDADES |. Vejamos agora se as sociedades séo pessoas juridicas. Il. Comecemos pelas sociedades comerciais, Entende-se hoje geralmente que as sociedades comerciais sto pessoas Juridicas. Diz com efeito 0 art. 108.° do Cédigo Comercial: TAS sociedades comerciais representam para com terceiros uma indivi- ualidade juridica diferente da dos associados" Aguilo que pode levantar divides 6 a expresso “para com tercel- ros"(®2), ‘A sociedade desenvolve a sua actividade através de duas ordens de re- {e2be8, no sentido lato desta palavra: relacdes intomas, entre os érgaoe da Sociedade entre si; relagdes extemas, “para com terceiros" Nas rolagoes in. temas, tudo se passa no seio da pessoa colectiva, seria absurdo perecrmos $m Verdadeiras relagses entre as pessoas ou individualidades distinias, Ac. Sim, 86 @ assembiela goral deibera que os gerentes facam algo, a estrutura. $80 disto em termos de relago néo pode ser: a socedade, representaca pelos gerentes, esté obrigada perante a sociedade, ropresentada pols ax; Semblela geral, a fazer esse aigo(359), Se a sociedad se obriga perante corta pessoa a fazer algo, actua ela brépria (Sociedade) como pessoa, © nessa medida 6 “indvidualidade jurides diferente da dos associados". A pessoa referida pode ser um socio’ dessa Spe cue nomine proprio” e néo em nome da sociedade —o sécio que Sine 2 Pagamento dos seus dividendos 6 “terceiro’ no sentido do art. 108.2 do Cédigo Comercial, IIL Levantaram-se neste dom{nio dividas a respeito sobretudo de duss figuras: 052) = Fertatvas para dlstinguir “inividualdade luridica" @ “pereonakéede jricica’ (também “subjectvidade Jurfdca’) no nos parece terem resufiado (653) —A construcdo das relagbes internas des essoas colectivas (por ex. @ subordina: ‘0 hierérquica, de dito publico) ® bastante aie 281 DIREITO CIVIL colectivo, acerca da qual o Prof. GUI a) A da sociedade em nome juridica(®4). A sua teoria LHERME MOREIRA negava @ personelidade nao teve seguidores. D) A da soctedade iregular. Segundo 0 art, 107. do Cédigo Comercial, pesado por nao existentes”; mas 0 problema da exacta natureza da se SSado comercial iegular tom sido muito debatido, Cabe porém 0 seu estudo @ cadeira de Direito Comercial. IV. Vejamos agora 0 caso das sociedades civis Toremos de langar mao da distinglo entre sociedades civis sob forma comercial © sociedades civis sob forma civil Quanto as primeiras, o art. 106° do Codigo Comercial, como se viv submete-as 20 regime das comercials. Dai resulta & personalidade juridica, nos mesmos termos que as sociedades comercial JA questo sempre foi dificil quanto as sociedades civis sob forma civil, ‘ou nao comercial entre as novas @ as antigas. Deve-se distinguir \._ Analisemos primeiramente portanto o problema da_atribuiobo ot no atribuigao de porsonaiidade juridica as socledades cvie so forma civil no- ae (Conetituldas depois de 31 de Maio de 1967, ¢ portant quando se en- vontrava em vigor j& 0 actual COdigo Civil, que entrou em vigéncia em 1 de Junho de 1967). Encontramos definidas @ s sociedades em causa nao so Vamos analisar sucessivamer mativa. Me a negacéo da personalidade juridica as sociededes civis sob forme civil conettuidas depois de St de Maio de 1967 poders sete apoiar-se na ci eorancia de a lei parecer excluir as sociedades das Potess colectivas. reefeto, as eociedades so reguiadas nos arts. 980. © sedi © por- tanto fora do capitulo sobre “Pessoas colectvas” (21s. 1579 @ segs.) © até 40 plausiveis es duas teses: a negativa (a8 pessoas colectivas) @ @ afirmativa. mie ossas duas teorias: A) negative: B) afir- _psty Disa. Moreira Chetan 9 Ot, OW. FOR “Des consideracies que insti ae do eocieasdes om que © pabimério 200% 8 ‘sociedades persona 2 dows ma individualiade ditinta da de cada wrrponsiace as soclegades em que S60 Invenda? eins no tard undamento algum admis), Independents dos inte- rm nome colectvo inte= stancia do os socios serem responsévels 0s termos do art. 153° ‘as divides da sociedade (em nome cok elas divi ered, no exci que os patiménlos ee inforendas Sei TEORIA GERAL EC ‘mesmo de todo o Subtitulo I, * Das pessoas” (arts. 66.° © segs.). E em ou- firagPOntos @ lei fala das sociodades como algo iferente das pessoas colec- tvas, Por ex. no art. 2093.9, n° 2, alinea by Acresce que em parte alguma patdes om causa, através de uma disposigao Paralela a do art. 158.0, n.0 4 Para associagdes € fundagées, favor eeaativa pode considerar-se dominante na nossa doutie, Tem a b ELA) “om afeito pelo menos os Profs. PIRES DE LIMA e ANTUNES VA- Bat), FERRER CORREIA(S) @ MOTA PINTO(57) @ BRAZ TEIXEIRA(®58), Farecem defender esta posicéo também os Profs. MARCELLO CAETA- NO) © ISABEL MAGALHAES COLLAGo. VI.(6®) Vejamos com mai © Dr. ANTONIO respeita 20 patriménio, enquanto verifica, como é afastada, no sé oledade pessoa juridica. Se se Nas sociedades de pessoas eS OH AM 24 0, 277 6 segs (€58)—Ci. in Prot. Pros do LimaVarela, i, 228 ~~ ? soi ag Toms Geral da Relacto Jurca 12 Ufalando das scciedades cvs): “estas Gia rons conte tadas de personaigane tial, ‘Quando constituidas em forms cae Gal. “Teoria Geral do Dato Cine oo to" In egeePoneabidade das Pessoas Colectias os ‘us Org0s pola Dividas de Impoco’ in “Clenca @ Téeica Pascal” ne aps act segs. . Q1°7!— "A® pessoas colectvas ne nove Céigo Cra Portugués’, in “O Direto", ano 69, 85-110, (660) — Aditameni de estudo do obrigatorio DIREITO CIVIL “Ha sem divida, disposigbes que permitem &s sociedades adquinr @ as- ‘sumir obrigagdes, que Ihe atribuem capacidade testamentéria passiva (art. 2033.9, n.© 2, alinea b)) e capacidade judiciéria (art. 996.°), que Ihe permitem contrair dividas, adquirir e alienar bens, ter um patriménio social, ter uma sede, etc. Mas, & parte reflectirem estas disposig6es a auséncia de um prin- cpio geral sobre personalidade, como acima se diz, todos os poderes confe- ridos tém um limite especialmente fixado. Generalizé-los ao ponto de se ad- mitir, com base nesses poderes, a idela duma personalidade juridica distinta das pessoas dos sécios, serviria apenas para fomentar, na solucao de casos concretos, um conceitualismo que néo esta no espirito do legisiador e que ser a todos os titulos inconveniente”(®!), ‘A posigéo do Prof. MARCELLO CAETANO funda-se na andlise do art. 1872: “As disposigbes do presente capitulo so aplicdveis &s associagbes que Ro tenham por fim o luoro econémico dos associados, as fundagdes do interesse social, © ainda as sociedades, quando a analogia das situa- 95es 0 justifique”. Ora, salienta 0 Prof. MARCELLO CAETANO referindo-se & parte final deste preceito, para estatuir que as normas do capitulo iniciado no art. 157° se aplicam fora dele—e designadamente as sociedades (aris. 960.° © segs.) —em caso de analogia, no era necessério o art. 157.°. Para isso bastava a disposic&o do art. 10.°. A ter sentido dtl, @ aplicacso as socieds- des em caso de analogia no se pode reportar &s disposicbes do capitulo, norma @ norma, mas & integracdo na personalidade colectiva, abjecto geral do capitulo. E assim o sistema resultante da lel 6 este: tém personalidade colectiva as associagées, as fundagdes ainda as sociedades, quando a analogia en- tte as sociedades @ as associagses ou fundagées permita ou justiique que também as primeiras soja reconhecida a personalidade colectiva, prépria das segunda: ‘Quando 6 que se verificard essa situagio? Isto 6, quando podemos afir- mar que uma sociedade 6 andloga a uma associagao ou fundagéo em ter- mos de essa analogia justificar que se alargue & sociedade a personalidade colectiva?’ © Prot. MARCELLO CAETANO parece-nos exigir para isso dois requisi- tos, que seriam portanto requisitos gerais da personalidade colectiva: — Um substrato consistindo numa organizacéo regulada por acto escri- (661) —Op. cit, 277 © segs. DIREITO CIVIL 285 Explicagéo que nos parece algo verbal, © distoroer 0 sentido da capac dade sucesséria. ieeia voria na possibidade de desiansr SoS sucessor testamenté- riot) uma sociedade, a possiblidade Co °F, uma maneira especial para esignar na realidade © corjunto dos socios(*). Wrambém nao nos convence, porcue o ‘estador em principio indica oS evoessores como quer (ctr. arts. 22259 & ‘segs.) — nomeagao da tripulagao sieernevio, do pessoal duma tole, dos autre ‘duma escola. para nada veleria a exemplicsg&o de fore ‘de designacéo de benefi- ciérine conta na parte final do art. 2089. 1° 2, alinea b). Em outras disposiches parece atribulr-se sociedade a possibilidade de ser titular de direitos e deveres. Assim, © at "997°, n° 1 prevé que a socle- Seve responda por dividas, no nosso jé Sonhecido artigo 998, n.°t, que ree ponda pelos actos ou orissbe jentes, ou man Potarios, no art. 1000. que alguém os fade (e portanto que @ S- Siedade tenha direito de crédito sobre ese ‘alguém), no art. 1010." fala-se dO patriménio da sociedade, @ N08 ar, Tord! e 10162 nos seus bens, NOS ots, 996° © 998.° em representagéo da sociedade, etc. ‘Estes argumentos, note-se, n6o 80 poder ‘considerar — encarados um a um. absolutaments deciivos. Se 0 at. 097-° T © 1 fala em que a socie- ae responde pelas divides socials, também, Fre exemplo, 0 art. 1695. fala em que pelas dividas que s60 da responsablidade de ambos os obniu: jos respondem os bens comuns do casa ¢ art. 198° que pelas obrigagoes oeridamonte assumidas em nome da associaeéo ‘nao reconhecida (que néo valgtvidas nao ser pessoa colectve) responds 9 fundo comum; o art. 198. va na representagao em julzo do fundo comrt, etc,. % MBte argumento pode opor-se que uma Coles. Ty terminologia. tegal (de resto néo muito felz neste ponte), 6 # responsebilidade de bens, situa- (go de estarer penhorados por divides, outra col sa 6 @ respon Pe pessoas, responsabilidade em sorido proprio, Sado juridica entre 0 responsével © & Vie ‘Ora, 0 art. 997.%, n° 1, NBO diz que pelas divides socials respondem o> ‘bens da sociedade, ou postos or cociedade, dectara que “peas dividas soot® respondem a sociedade ©, pessoal e solidariamente, 0s s6ci0s" ‘Sociedade © s6cios S40 colocados 0 mesmo plano. mo Piatfonte-se além do mais o seguinte: Se 98 preceitos juridicos refe- ridos, tomados um @ um, podem mals ou menos Jaboriosamente ser explica- (65) — Abetraimos do contrat. (ees) Amectrica do at. 2053.2, n° 2 aie D6 ose assim, sematnarte & do ant 1) Reais'ce, no ertanto, a corencs fagrarte das isposigdes. 286 TEORIA GERAL dos de forma a evitar a conclusdo segundo a qual a sociedade civil sob for- ma civil constituida depois de 31 de Maio de 1967 pessoa juridica, encara- dos no seu conjunto @ na auséncia de disposigdes de regime (nao apenas de argumentos de sistema, como o que se deduz do art. 2033.°, n.° 2, ali- nea b), ou da colocagao dos arts. 980.° e segs.) que com igual forga incli- nem em sentido contrério— a impressiio € muito forte no sentido de que o Cédigo Civil aceita tal tipo de sociedade como sendo uma pessoa juridica a semel stante, uma pessoa colectiva. VIII. Temos a questo por duvidosa, porque nos impressionam, em sen- tides opostos, argumentos diversos. impressionam-nos os argumentos derivados da lei no sentido de tratar a sociedade como pessoa colectiva. Muito em especial, nao vemos como por de lado o art. 2033., n.° 2, alinea b). Mas a favor da negativa inclina-nos a seguinte ordem de consideragées: O art. 980.° abrange no contrato de sociedade realidades de natureza muito diferente. Em certos casos, 0 esforgo comum da origem a uma organi- zacdo, de pessoas e bens, e é esta que prossegue 0 fim lucrativo da socie- dade. Entao surge-nos 0 substrato personificavel. Mas em outras hipdteses a associagdo de esforgos para um fim comum é transitoria, nao da origem a nenhuma realidade ou substrato que sem esforco ou artificio seja natural personificar. Se A e B montam um escritério, contratam empregados, abrem uma conta num banco, etc. ..., para em comum auferirem luctos como actividade no comercial, estamos perante algo que pode ser pessoa colectiva. Mas se Ce D, carregadores, combinam entre si transportar as malas dum grupo de viajantes repartindo entre si a gratificagao que Ihes for dada, estamos peran- te uma sociedade —e, no entanto, repugna admitir que, desde o momento do acordo entre os dois, tenha surgido juridicamente uma nova pessoa (re- pare-se que, nos termos do art. 981.°, n.° 1, “o contrato de sociedade nao esta sujeito a forma especial’) Em ciéncia pura, dirlamos que hé duas espécies de contrato de socie- dade: uma em que 0 acordo das partes se dirige & constituigao duma organi- zac0, @ esta prosseguiré o fim lucrativo; outa em que imediatamente 0 acordo se ditige & prossecugao do fim. A primeira espécie devia ser, “de jure condendo”, pessoa, a segunda no. Mas a lei nao distingue. 1X. Como resolver? Sempre tivemos hesitacdes quanto a este problema, embora utimamen- te nos tivéssemos inclinado para uma solugao afirmativa: as sociedades ora em causa S40 pessoas. V Parece-nos porém que 0 problema foi facilitado pela reforma do Cédigo Civil, de 197 DIREITO CIVIL 287 oreo rN oh com efeito, hoje (ap6s tal reforma), © do hharmonia com o art. 158.°, n° + do Codigo Oil “as associagdos rrrataituidas por escriture publica, com 6 Sopeciaidades referidas no n° 1 60 pne167~, gozam de personalidad Jur dice’ ‘quer dizer: as associagbes em sentido restrito séo pessoas desde que, quanto 2 elas, se veriquem os dois requisites seguintes: Constituigéo por escritura pablica, porianto com a publicidade que dai deriva’) da dormicagao, no, acto da constiuigso, dos pontos exigidos pelo art. Tere, ou soja, “os bens ou senvigos com Ne ‘os associados concorrem para o patrimonio social, @ Getarminagao, fim e sede da pessos colectiva, Pare os do seu funcionamento, assim come e sua duragéo, quando @ as~ Gociagao se néo constitua por tomPe indeterminado”. Exige-se assim justamente Uma organizagao suficientemente estavel, Ewgerneios determinados, incluindo ume sede. “Tendo agora em atengSo que, “ex Vi’ do art. 157.9, a8 disposighes rete rentos as associagbes — disposigles oe quo nimero se enconitra 0, ait ‘fga.0 — se aplicam as sociedades quando a analogia das situacoes © jpsti- fique”, parece-nos que um dos precotes quo se justia aplicar &s sociede, Gos 6 justamente o art. 158.9. Na ooaisoo art 158° exprime as condloes fninimas de existéncia em termos etjequados de uma pessoa colectiva: Pee Hicidade da constiuigao, organizagso ‘tficiento para ser suporte de um ente juridico autonome ‘aqui concluimos que as sociedades Ch gob forma néo comercial S80 ao pessoas colectivas se $0 constiney por eserta poblica, ¢ oferscerery so Perganizagao suficiente para SUpOTS " POereonalidade, sendo efteio de uma Gra o art, 167° (ctado no er 158°, n 1) ‘Ou, por outras palavras: Se as pessoas quiserem constituir ume eociedade que seja pessoa cO- lectiva, devem langer mao da escrtiva publica @ incluir no pacto social 0S ceoentos reteridos no art. 167.°(7%) vas pessoas £80 livres de constiy socledades néo persorificadas —é questo de as constituir sem escritura paiica() ou sem as espedtioassos do art. 167°. ‘eur — Lembre-ae oexganeia, fomulade pla Pt Ser Caetano duma orgarizaclo sreglGen por ado ow & que poset 69" Ga publicidad” (ose) As concsbos do personas, 80,0, ‘esortura publica e respeito do att 4679 Ba esse revo, nom todas as eocedades © aN0 S° a pate nal do a. 984." 80 pessoas juicioas eo) —0 contrat de socledade sor neste

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