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Capítulo 3

Preparativos

O tipo e a quantidade de informações que as várias clínicas pro-


porcionam ao terapeuta sobre o cliente variam consideravelmente.
Entretanto, é geralmente possível saber algo a respeito do cliente an-
tes da entrada deste. Em algumas instituições, a equipe conduzirá as
avaliações iniciais de tratamento e, em seguida, encaminhará o clien-
te aos estudantes de terapia. Em outros locais, o nome do cliente é
a única informação exigida antes da primeira entrevista, e caberá a
você obter informação suficiente para avaliar os problemas do clien-
te e desenvolver um plano de tratamento. Este capítulo se detém na
preparação do seu primeiro contato com o cliente, independente da
quantidade de dados prévios de que você disponha como uma base
para seu plano de atendimento. Chama a atenção, também, para al-
gumas fontes de informação de que você poderá não ter cogitado.
O planejamento prévio de s11a estratégia inicial com o super-
visor, -se possível, se constitui num expediente valiQSo para_ conduzir
-uma entrevista efetiva, e também para aprender ,a ser um terapeuta.
Os terapeutas iniciimtes têm dificuldade especial para- ºpensar na .
frente"; tendem a se distrair ou a se confundir com o inesperado. Os
estudantes poderão aumentar sua efetividade inicial, bem como o
seu rapport com _o cliente, antecipando as possíveis sens_ibilidades
específicas da pessoa que estão e11trevistª11do, e ªªfil'ea§ a:--resp-êífo
das quais elas têm di!iculdade de falar. Ullla preparação reflétlda -
ãestàs - tjue~tõe-S-pode fazer a diferbnça entre umà entrevista iniéial
que lança as bases para um tratamento bem-sucedido, ,e aquela que
termina com o cliente incerto sobre se deverá ou não retornar.
1
Coleta de informações
. ~stem. dois pass_os ~o P!Oc~sso__~_e_y_re.p~!'_~ç~o par,a sua P!i-
meira 'êntrev1sta. O primeiro consiste em coletar e exammar as- lll"'
1fõtmações disponíveis a partir dos dados que o éliente forneceu nQ.~
questionários iniciais ou de como ele se comportou durante a apli-

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- .,,..--,

1 cação destes questionários, ou do tipo da experiência que teve em o senhor de 40 anos de idade e solteiro que mora com sua mãe viúva,
f relação à clinica. O segundo passo env()lve especulação sobre o sig- · ou ainda o homem que, segundo seu próprio relato, é casado mas
! nifi<:ado ~estas info~ações e o p!anejamenfo·de íniní-estratégias que 1 mora separado de sua mulher, embora viva com suas duas crianças.
/ o a1udarao a conduzir sua entrevista. ·· No caso da adolescente que vive sozinha, por exemplo, você certa-
··- $1.lá tarefa enquanto terapeuta é levantar hipótesea sobre o com- mente deverá obter mais detalhes sobre corno esta situação se esta-
- .E_O!tª1ll.en_to, sentim'7ntos e possíveis áreas problemáticas de seu clien- beleceu, e o que isto significa em termos de outras influências de
_!(>,_~ não fazer pré-Julgamento sobre alguém antes de colher todas as adultos, assim corno de possíveis fontes de manutenção da moça.
' informações.· Através destas hipóteses, você poderá desenvolver uma A origern._cl_o ~11camil!harnento .Ao. cliente p()derá, também, ser
estratégia de entrevista que terá como objetivo maximizar a satis- um fã!Or.-signifiq1tivo. Informações a respeito do tipo de pessoas
fação do cliente e sua própria eficiência como terapeuta na coleta de que geralmente se dirigem a determinada fonte de encaminhamento,
informações. Entretanto, suas hipóteses deverão ser flexíveis e pro- ou das pessoas geralmente encaminhadas a outras clínicas e porque,
visórias, bem como abertas à confirmação· ou rejeição, tomando-se e ainda, a maneira corno o encaminhamento é realizado, podem ser
por base a experiência ·posterior com o cliente. valiosas. Estas informações dar-lhe-ão alguma idéia sobre o tipo de
Informações obtidas através de questionários. Muitas instituições experiências que o seu cliente poderá ter tido antes de estabelecer
solicitam informações biográficas, como idade, escolaridade, ocupa- contato com você. tl importante lembrar, entretanto, que a expe-
riência de cada pessoa com uma dada fonte de encaminhamento será
ção e cargo no emprego, estado civil, fonte de encaminhamento e diferente da de outra, em alguma medida; as informações anteriores
terapeutas anteriores, como parte do material a ser coletado. As dis- deverão ser usadas apenas para possibilitar a formulação de hipóte-
. crepâncias existentes nessas informações poderão alertá-lo a respeito ses e não no sentido de estabelecer idéias pré-concebidas em relação
de fontes potenciais de problemas.
a seu cliente.
Um cliente masculino, de 27 anos de idade, preencheu o ques- O encaminhamento feito por juízes, por exemplo, pode indicar
tionário e informou que havia completado parte das exigências de que o cliente foi coagido a procurar tratamento e que poderá ªl.'re-
um curso de p6s-graduação, ao mesmo tempo que sua hist6ria fun- sentar resistência à terapia. Um outro exemplo é o caso de um chen-
cional inclufa ensino, coleta de lixo e um emprego atual como por- te que foi encaminhado por uma grande agência de serviço social.
teiro. Esta informação alertou o entrevistador para possível conflito Este ihdivíduo teve, talvez, de passar por muita burocracia, o que o
na área ocupacional. tornou impaciente em relação ao sistema; e é possível que você tenha
de suportar o maior peso dessas frustrações.
Tenha em mente, entretanto, que as inconsistências poderão não Da mesma forma, aqueles clientes que já estiveram anterior-
refletir necessariamente dificuldades atuais; ainda assim, uma discre- mente com seis ou sete terapeutas estão possivelmente buscando al-
pâncià óbvia sempre sugere investigação. guma resposta particular aos seus problemas, que você, da mesma
As respostas de um cliente a perguntas sobre seu estado civil, forma que os outros, pode não ter condições de fornecer. Uma longa
família e situação vital poderão alertá-lo para outros problemas. Es- história de contato com profissionais de saúde mental poderá tam-
tas informações também fornecem um certo quadro básico da vida bém indicar uma dificuldade crônica em lidar com problemas vitais.
da pessoa, dentro do qual será possível ajustar e avaliar informações Por outro lado, o cliente anteriormente submetido a terapia uma ou
adicionais que você obtiver. O conhecimento sobre a situação de vida duas vezes poderá ter expectativas positivas para mudanças, aumen-
do cliente poderá fornecer informações úteis a respeito de fontes de tando, assim, a probabilidade de êxito futuro. Pode ~star certo . de
apoio ou de falta1de apoio, que poderão, por sua vez, influir na abor- que, quer a experiência anterior do cliente com t~raprn tenha s!do
dagem de tratamento escolhida por você. Ainda que a situação de positiva ou negativa, a exposição prévia a um prof1ss10nal de sande
vida de uma pessoa não seja a fonte primária do conflito, é sempre mental terá efeito nas suas expectativas com relação ao tratamento
útil para o terapeuta proceder a uma avaliação da situação de vida atual.
atual do cliente e do seu possível impacto sobre este. Freqüentemente as clínicas perguntai_n ao novo cliente '!uais são
Alguns exemplos dignos de nota incluem a adolescente de 16 as razões que o levaram a buscar teraprn. Entretanto, voce poderá
anos que vive sozinha e é legalmente independente de seus pais, ou chegar à conclusão de que o problema mencionado pelo cliente no

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questionário pode n_ão .s~r a principal dificuldade que o preocupá. confusão e desorganização. Nesta situação, o entrevistador deve ten-
Suas respostas para ]usl!f!car o tratamento poderão expressar proble- tar fazer com que o cliente se abra tanto quanto possível, a fim de
mas aceitáveis, como "dificuldade em concentrar nos trabalhos esco- poder desenvolver algumas hipóteses a respeito do que está por trás
lares'', com o intuito de mascarar problemas menos aceitáveis, como da reticência.
"medo de ficar doido". Fique igualmente atento para aquelas pessoas _A omissão da informação soHcitada é, também, __digna,_ci~ iU1!'(l_t:
q_ue procura;n terapia solicitando abordagens de tratamento que es- tâncra;-poâeráindiCar-que o cliente ·esta-desconfiado,.c.om.medo Cle
tao sendo divulgadas pelos meios de comunicação de massa ou ale- ~~-~l{P.Qt~ou·pouco _disJ_Jóstó a revelar seus assuntos íntimos .. A .aten-
gando problemas que estão em voga, como nó exemplo de treina- ção dada ao conteúdo das omissões poderá indicar áreas especial-
mento assertivo que se segue. Ainda que isto possa ser uma razão mente sensíveis do cliente. Estas pistas poderão se1' usadas como ro-
válida para a busca de ajuda, poderá, também, ser uma forma de teiro para a estruturação da entrevista. Quando há omissão de in-
mascarar outro tipo de problema que é primário, mas muito mais formaçífo decisiva, como a que se refere à situação conjugal ou de
difícil de ser reconhecido pela pessoa. Vejamos alguns exemplos: trabalho, você deverá investigar a respeito. :S importante fazê,ló,
Os pais de um menino de 5 anos de idade buscaram tratamento entretanto, de uma forma que não seja percebida como abrupta ou
psicoterapeutico para o filho devido às dificuldades relatadas pela incômoda pelo cliente, pois isto poderá bloquear o desenvolvimento
professora quanto ao controle da criança no jardim da infdncia. En- do rapport. Talvez isto, exija que você adie tais questões para uma
tretanto, uma avaliaçiio completa da situação revelou que os pais segunda entrevista de tal forma que ambos, você e seu cliente, se
estavam passando por dificuldades conjugais e estavam em conflito sintam mais à vontade e preparados para lidar com tópicos poten-
sobre métodos de disciplinar a criança. cialmente sensíveis. À medida que se tornar mais experiente, você
Uma senhora casada de 40 anos de idade recorreu a terapia agirá com maior senso de oportunidade quando estiver investigando
por treinamento assertivo queixando•se de que necessitava dessas ha- estas questões.
bilidades na sua situação ·de trabalho; entretanto, durante a entrevista Você poderá encontrar nos questionários respostas insuficientes,
ficou claro. que seu casamento com uma pessoa extremamente vo~ .bem como respostas que se situ.am num outro extremo. Alguns c!iep.-
luntariosa e controladora era, na verdade, sua maior fonte de preo- t~__ poten_.2!~ escrevem profusamente no guestjanár;o jnjcjal, possi-
cupação. Ela era incapaz de questionar seu casamento por causa de ~itando informaç?es esp_ecífJc:_'!s__e..!!l-9~~· Esta situação trazà
seus medos de ficar s6 e de ser incapaz de sustentar-se a si mesma mêfile"duas poss1fühaaoes: rimeiro a essoa e~­
e a seus do~s filhos pequenos. baaae~ so to e desgrganiza o e, segun__<;!9_,__t~se
~ãã1fã!lleiítei-erfêCclõíiÍsta e obse.S§iya-:-bm' tais-casos,
Além de examinar o conteúdo das informações dadas pelo clien- e p~ vável que o centro e constifuaUm problema, ao longo da en-
te, é útil dar atenção a outros aspectos das razões, do seu estilo ou trevista. AI~§. _pesso3_s___J_Jocl_egt _esta!'. I'fel'll:J:~da~ J>_~ oferecer a
da aparência do questionário preenchido que se apresentem de al- v.ocê...nm ..roteiro 1Je!ll_~lJ,s.ªlilc!:o~.ª1!!P1.i®.c!~seus _@oOI emas; ~as
gum m?do pou.co usual. Estas discrepâncias são em geral extrema- iP()~íiQ__i;,qrr.fUsas_que_ não. c9_n.se_gu<;_Ill_!!P.t"J'.S..~1!1ª.!...J!IDª-expli­
mente mformal!vas. Por exemplo, formas idiossincrásicas ou singu- ca~ª()_Ç.!?_e!~!~~<lill__qy.aL:n;_ç:orrem à 11sicoterapia. Com um
lares de redação no questionário poderão alertá-lo para possíveis con- ou outro- tipo de cliente, será provavelmente· necessário estruturar
fusões ou dificuldades do cliente quanto ao pensamento e à expressão consideravelmente a entrevista, a fim de obter a informação necessá-
verbal. · ria para dese,nvolver um plano de tratamento. Em se tratando do tipo
. Há uma ampla variedade de peculiaridades. que poderão ser en- de pessoa obsessiva, é possível que você precise ser firme e diretivo;
contrada.s por você, ao ler os questionários preenchidos pelos clientes. já a pessoa desorganizada poderá ser favorecida por uma estrutura-
Alguns mformam o mínimo possível, ainda que dêem respostas a ção de natureza mais sustentadora, tranqüilizadora, refletida. . Uma
todas as questões formuladas. Estas pessoas talvez se revelem mais pessoa perturbada e desorganizada poderá, também, exigir maior
qu~ndo entrevistadas pessoalmente, embora possam ser igualmente "fechamento" e diretividade ao final da entrevista.
reticentes quando se trata de fornecer informações orais. Uma razão Respostas vagas a questões apresentadas no questionário pode-
P'.i.ncipal disso po?e~á ser a desconfiança, mas existem outras possi- rão ser, também, reveladoras; as respostas indiretas e não-específicas
b1hdades, como t1m1dez, vergonha, falta de habilidades verbais ou de um cliente poderão refletir dificuldade na definição de problemas. ·

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Um jovem recorreu à terapia alegando sentiment~s de inade- Recomendamos enfaticamente que você cheque ·todas as fontes in-
quação sexual. Entretanto, foi difícil obter informações especificas formais de dados na clínica, a fim de aumentar ao máximo a satis-
sobre sua vida sexual. Ap6s muitas perguntas específicas, tornou-se fação e a eficiência de sua primeira entrevista. Estas informações são
cl~ro que o problema era primariamente o da dificuldade de sua par- importantes, mas deverão ser usadas em conjunto com outras in-
ceira em ter orgasmo durante as relações sexuais. O tratamento en- formações sobre o cliente.
volve~ uma abordagem bastante diferente daquela que tinha sido As pessoas com problemas interpessoais provavelmente reve-
an,tecipada pelo terapeuta, tomando por base a afirmação inicial do larão vários aspectos de suas dificuldades, quando buscam sua clí-
cliente.
nica. Hostilidade, timidez, impaciência, desconfiança ou ausência de
habilidades sociais poderão ser expressas em relação à secretária ou
. _Qs ~cHe..nte1~ _que .insistem em dar respostas gerais às perguntas à pessoa que realiza a triagem, durante a primeira. chamada telefô-
. ~~g.elil 11ma busca demorada e às vezes cansativa para o entrevista- nica ou visita à clínica. Você deverá estar alerta para a possibilidade
..ç!Qr,.•se você não se propõe a fazer isso com bastante firmeza é pos- de que um cliente, por exemplo, esteja particularmente preocupado
sível que acabe por obte~ ap~nas _informações vagas a resp~ito dos com a confidencialidade e tenda a ser desconfiado. Neste caso, po-
pr~blemas do cliente. Esta s1tuaçao poderá facilmente resultar em derá planejar antecipadamente uma forma de assegurar-lhe que você
sénas deformações de percepção da sua parte. leva especialmente em conta essas preocupações. Da mesma forma,
Manter os questionários prévios consigo durante a entrevista sua estratégia com uma pessoa que se zangou e ficou silenciosamente
será muitas vezes útil para lembrar a você as' linhas' gerais de inda~ carrancuda frente à recepcionista, diferirá daquela com uma cliente
ga~ã? que deverá s.eguir. O. fato de contar com essas informações cujos silêncios parecem refletir uma timidez muito penosa. Enquan-
previas pode ser muito proveitoso para seu planejamento. Entretanto, to uma pessoa silenciosamente tímida poderá receber muito bem uma
nem todas as instituições solicitam este tipo de dado; algumas clíni- estruturação adicional e diretividade da sua parte, um cliente zan-
cas, como, por exemplo, os centros. de aconselhamento universitário gado poderá sentir-se antagonizado pelo controle imposto pelo en-
não solicitam dos seus candidatos muita coisa em matéria de informa~ trevistador.
ção escrita prévia. Estas instituições geralmente atendem uma clien- A disposição de uma pessoa no sentido de fornecer a informa-
tela que poderá se afastar, se tiver que preencher questionários de ção solicitada pela secretária pode lhe dar alguma noção de quão
forma impessoal. Na hipótese de você trabalhar numa clínica deste difícif·· será a obtenção de informação íntima ou pessoal durante a
tipo, d~ve~á confi~r nas fontes de informações que se· seguem e que entrevista. Por outro lado, talvez você constate que uma pessoa que
sao. mais mforma1s. se apresenta impaciente e distante em relação à secretária pode ser
extremamente afável com você.
;O. comportamento do cliente. O modo pelo qual o cliente se
comporte e suas ações durante o processo de admissão proporcio- Os exemplos seguintes são de alguns casos dignos de menção:
nam uma quantidade considerável de informações. Parece-nos útil
observar a maneira pela qual a pessoa recorre. à terapia, como uma Apesar de a secretária haver explicado minuciosamente os pro-
amostra do comportamento do cliente em outras situações de sua cedimentos da clínica ao cliente, este continuou telefonando diaria-
vida. mente para se informar a respeito de detalhes esquecidos.
Um cliente solicita terapia alegando dificuldades conjugais, mas
Seus modos ao telefone, sua forma de vestir, sua pontualidade, é extremamente insistente para que o pessoal da clínica não telefone
seus ca~celament<;>s, seu comportamento em relação ao pessoal da para sua casa quando a esposa estiver presente.
secretaria, sua atitude quanto ao pagamento de honorários e seu
comportamento na sala de espera são todos fontes muito ricas de Um cliente está zangado por causa do pagamento de honorários
informação. O cliente, provavelmente, já terá entrado em contato e insiste em saber antecipadamente o que é que vai ganhar com es-
com alguém da sua clínica, quando solicitou terapia. A equipe clínica sas despesas.
conta geralmente com treino e experiência em atentar para nuances A recepcionista notou que o cliente, enquanto aguardava a. con-
n'? comportall?-ento que pod:rão refletir o estilo da personalidade do sulta, não dirigia o olhar a ninguém no consult6rio e desviava seus
cliente, sua atitude em relaçao ao tratamento ou áreas problemáticas. olhos quando falava.

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l
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Muitas interpretações diferentes podem ser dadas aos exemplos por estes tipos de experiência. :e importante manter-se alerta quanto
anteriores, dependendo de outros conhecimentos que. você possua so- àquilo que está acontecendo com o cliente antes de trazê-lo para a
bre o cliente. J?ificuldades em marcar e manter as consultas poderão sala de entrevista. Apresentamos li seguir um exemplo particularmen-
levantar d~~re aíiíôtivãÇãôj1_ig1ut.JrJIÍfilll_cmtQ:.9a parte do te dramático da importância destas experiências. Enquanto aguar-
~tretanto, out~a~es P?derão esta~ pres:ntes; por exem- dava a entrevista inicial, um estudante universitário asiático encon-
prQ,ã falta de as~~UillL®Jdo cliente pode rmped1-Io de procurar trou um estudante asiático de pós-graduação na clínica. Conforme
um horário de terapia fora do período de trabalho. Embora tal in- foi rapidamente percebido pelo entrevistador, a reticência pessoal e
formação sobre o cliente possa ser valiosa, seu significado varia de- cultural do cliente em recorrer à terapia foi enormemente aumentada
pendendo do context? da experiência .desse indivíduo. lJ!!l~is, pelo fato de haver encontrado uma outra pessoa do seu próprio
~~~!§l..D,,~§te S(!pt&d<>A )e~l!}?:!l!r h1JJ§.!~!'~-- e 11ão. Jic<t! aferrad.o- a
grupo étnico, com quem havia trabalhado previamente .como assis-
tente de pesquisa. Se o terapeuta 1 não tivesse conhecimento do en-
qi:du.!1.l9~~L,J?,!êt~~~_lll;',()!l 1.Ç'!S»~~P..ÇÇ!§.ç_a_.. ê9Qrç~~-!ll~~!,SÍ_º-_';ºJ!!P()!t~111e.nto
e=c~~ 1
. -...-......-.,,--....,
-~·-,...-'-"'--~·
· · contro e sensibilidade para suas implicações, o cliente provavelmen-
te não teria retornado. Mencionando o fato logo no início da sessão.
, . d!-!?EE.'!!~~TU:ias_ do_ c;lie:f!tf!.. O contato prévio do cliente com sua e indagando do cliente sobre sua reação a ele,1 o terapeuta pôde as-
chmca pode ter um profundo efeito na atitude e nos modos do cliente
quando vocês se e:icontrarem pela primeira vez. Por exemplo; sabe; segurar ao cliente que a confidencialidade seria respeitada.
quanto tempo o chente esteve esperando na lista de espera da clínica 1 Em resumo, existem numerosos métodos, formais ou informais,
ant;s de ser entrevistado é um elemento crítico de informação. Se o para obter algum corihecimento a respeito do cliente, antes de sentar-
penedo de espera foi muito longo, é possível• que os problemas ime- se com ele para conduzir a primeira entrevista. A importância desta
diato~ tenham sido resolvidos; geralmente, as pessoas apelam para a informação deriva não da ajuda que poderá lhe dar para formular
terapia durante uma crise, que freqüentemente é resolvida, de al- 1
um julgamento específico .sobre esta pessoa antes de vê-la, mas da
~a forma, dentro de algumas semanas. Para algunias pessoas, o ajuda que fornece para o levantamento de hipóteses sobre seu cliente
simples_ fato de procurar tratamento lhes dá a sensação de alívio e que orientarão a estruturação de sua entrevista. V_.9._~ deverá estar
resoluçao. P.ara outros, .os P!oblemas aumentam à medida que se sen- preparado para ver ni,l!i!as de suas hipóteses inicíais re]"elfaãas;·pef-
tem compehdos à reahzaçao de mudanças na própria vida, como mãõecéi'--demiisiadó presii _ã_ suas-liipofeses poOe conduzir a- crãSSãs
abandonar um emprego ou separar-se do cônjuge, a fim de resolver interpretações falsàs cio coiilp()rtamento · do cgéme:~1'}gu~1iiieli1e-és~
º. pro~lema. De qualque; forma, é extremamente improvável que a lãf preparado para alterar sua maneira de liciar. com o l'lienté, ·erif
situaçao tenha permanecido a mesma. Os sentimentos do cliente so- decorrência de novas-·mfóriiiaçõésque venha a-obtéf-aó longo da· en- -
bre o .fato de ter espera~o ~urante longo período podem, também, ttevista. ·1mpre.ssões ·oaséltdlts em experíência prévia com um indi:
emergir durante o seu pnmeuo contato, e você deverá estar prepa- · víduo podem sugerir =a abordagem que não é a mais produtiva no
rado para discuti-los. .. ·. contexto de =a entrevista estruturada. A flexibiliciacie eia sp.JLparte
As experiências de um cliente na sala de espera de sua clínica é essencial.
pod:rão também se constituir em determinan,tes poderosos de como
reagirá a você na primeira entrevista. Por exemplo: ,h medida que sua ex .5'E~.!Jçi.a..P..~9..!11 ~~~ê ~r­
nará ca a vez ~~~L!!_fQ!l~;gi:.\.Jt1I9.!ll!~~s,_ªjgpj.{i~1yª§, e
Um. cliente estava na sala de espera e viu outro cliente sair da · ~~ integi:_ar fraçõe§_.!L boc_ac1º8_c!.~s.o.!!hec!Ill~!!...!1lS­
consulta meio perturbado. ~o- ~-clien~~ n~~~ O exame sistemátic;o e
. ·A secretária não foi informada da consulta do cliente. O cliente cu!ããdoso daS mfürmaçoes que resumimos para você neste capitulo
foz avisado de que não era esperado. é um recurso de treinamento para o terapeuta principiante. Com a
ampliação de sua experiência, estes preparativos tornar-se-ão consi-
Um cl~ente, inadv.ertidamente, ouviu um grupo da equipe clínica cieravelmente abreviados e semi-automatizados. 1 -
fazer grace1os a respeito de outra pessoa, possivelmente um cliente.

A atitude do cli~nte em relação a você, a sua clínica, aos pro-


blemas dele e à terapia de modo geral, poderá ser seriamente afetada
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