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Faca Valer Os Seus Direitos - Selecoes Do Reader's Digest
Faca Valer Os Seus Direitos - Selecoes Do Reader's Digest
Apresentação
Introdução
COMPRANDO PRODUTOS
Comerciantes não podem cobrar o preço que quiserem
O vendedor é obrigado a cumprir aquilo que prometeu ou ofereceu
CONTRATANDO SERVIÇOS
Estimativa não é orçamento
Pagamento a marceneiro
Subempreitada
Inspecione o serviço antes
O eletricista sumiu, e agora?
Cancelando serviço atrasado
Salário atrasado
Erro em débito
Fim de conta conjunta
Retirada fantasma
Cheque forjado
Talão roubado
Cartão engolido no caixa automático
Saque com cartão roubado
Juros em cartão de crédito
Vítima de “clonagem”
Limite de crédito
Reembolso de despesa
Dívidas do filho
Contas do marido
Débito em duplicidade
Concessão de empréstimo
Empréstimo recusado
Cobradores que importunam
Eu? Insolvente?
A prazo X consórcio
Antecipando prestações
Maus conselhos
Protegendo seus investimentos
Corretora incompetente
Profissional não autorizado
Erro do contador
Contador negligente
Desconto de previdência
Previdência complementar
Pedido de pensão
Transferência de plano
Omitindo informações
Exclusões na apólice
Conta de advogado
Maus serviços de advocacia
Mudança de advogado
Mau desempenho
Negligência profissional
Conflito de interesses
Trabalho delegado a estagiário
Honorários condicionados a êxito
Créditos
Seleções: o mundo cada vez melhor
Faça valer os seus direitos é uma amostra de como podemos contar com o suporte dado
por leis fundamentadas em princípios básicos de proteção das relações de consumo.
De maneira objetiva e didática, apresentamos propostas para lidar com situações que
vão desde o momento primordial, em que o consumidor percebe estar sendo lesado,
até as medidas práticas que podem ser tomadas diante disso. Modelos apresentados
em forma de pergunta e resposta facilitam a compreensão e auxiliam o leitor a
identificar possíveis soluções para o seu problema.
Os editores.
Nota ao leitor:
O seu plano de saúde pode negar um tratamento que você tem certeza de que está incluso no
contrato? O seu banco pode debitar de sua conta taxas sem antes avisá-lo? E quanto aos
pedreiros ou marceneiros que repetidas vezes não conseguem seguir suas instruções... ou os
professores que se recusam a tomar uma atitude contra os “valentões” na escola dos seus
filhos? Eles podem fazer isso?
Seja qual for a resposta, a chave para fazer valer os seus direitos está em saber como
apresentar uma reclamação eficaz – pessoalmente, por escrito ou, por fim, na Justiça. Há
quatro “regras fundamentais” da reclamação: conhecer os seus direitos, manter a calma, ser
claro quanto a seus objetivos e persistir no que você deseja. Siga estas regras quando se
sentir enganado, roubado ou lesado; e, seja simplesmente exigindo a devolução de um bem
defeituoso, apelando a um órgão de defesa do consumidor ou processando uma organização,
você pode lutar contra as injustiças, e vencer.
QUATRO REGRAS FUNDAMENTAIS PARA UMA RECLAMAÇÃO
REGRA UM
Conheça os seus direitos
Ao ler este livro, você terá uma ideia clara dos seus direitos básicos em todas as áreas
do dia a dia – do seu direito a reivindicar uma indenização por perdas e danos aos
seus direitos como inquilino de um apartamento; ou, por exemplo, do seu direito de
deixar o trabalho por causa de uma emergência médica familiar ao direito de
reclamar de um produto defeituoso. Munido deste conhecimento, você estará
confiante para exigir seus direitos.
Seja razoável Os direitos nem sempre são tão óbvios, e você vai achar que a
palavra “razoável” surge repetidamente e de forma inesperada em vários trechos e
leis citados neste livro. O termo razoável é muito usado na lei para descrever eventos
típicos em determinada circunstância, que não seja excessiva ou extrema. Isso muitas
vezes pode ajudar quando você depara com uma situação insatisfatória e se pergunta
se o que aconteceu é razoável sob tais circunstâncias. Se a resposta for “não”, você
provavelmente está no seu direito de exigir que o problema seja corrigido, ou de
cobrar uma indenização por algum dano que lhe tenha sido causado.
REGRA DOIS
Mantenha a calma
Sua própria atitude também deve ser razoável. Quando algo dá errado, é
compreensível que você fique impaciente, aborrecido ou irritado, mas é mais
provável que tenha êxito se mantiver a calma e for educado. Não fique furioso e
jamais assuma uma postura de confronto, agindo de maneira rude ou agressiva. Se
você se empenhar em explicar clara e racionalmente o problema, mais pessoas
estarão dispostas a tentar corrigir a situação.
REGRA TRÊS
Seja claro sobre seus objetivos
Para fazer uma reclamação com sucesso, é importante deixar claro desde o princípio
o que você deseja obter. Cada problema pode ser resolvido de diferentes formas: por
exemplo, se lhe foi vendida uma máquina de lavar defeituosa, e a assistência técnica
autorizada diz que não é possível consertá-la, ou que não vale a pena fazê-lo porque
seria mais caro do que comprar uma máquina nova, então você tem de decidir se
quer a substituição do produto, o abatimento do preço ou a devolução da quantia
paga por ele.
Se o problema é um serviço que não foi executado de maneira satisfatória, você
está pronto a dar a oportunidade ao profissional de refazê-lo ou prefere confiá-lo a
outro profissional e pedir uma indenização?
Se você sabe o que quer desde o começo, terá mais chances de alcançar o seu
objetivo.
REGRA QUATRO
Persista no que deseja
Se você não conseguiu logo o que queria, precisa ser persistente:
Peça para falar com o supervisor ou o chefe, caso não esteja fazendo
progresso.
Registre todas as conversas, se foram por telefone ou pessoalmente, incluindo
a data, a hora, o nome e o cargo da pessoa com quem você falou, e sempre
exija o número de protocolo do atendimento, principalmente se for por
telefone.
Não se deixe intimidar por afirmações criadas para dissuadi-lo, como “não
aceitamos devolução” ou “essa não é a política da companhia”. Essas
afirmações geralmente são irrelevantes diante dos seus direitos (e
possivelmente são até mesmo ilegais).
Contanto que o que você deseja seja razoável, não permita que o afastem do
seu propósito por comentários sobre as dificuldades em atender ao seu
pedido, como “nós perderemos dinheiro se fizermos isso” ou algo assim. Isso
é problema deles, não seu.
Se as abordagens iniciais não surtirem efeito, você pode precisar levar o caso
adiante: por exemplo, escrevendo uma carta de reclamação para o escritório
central da companhia, fazendo uma queixa formal em um órgão competente,
ou mesmo ameaçando entrar com uma ação na Justiça.
Guarde uma cópia de cada correspondência e qualquer outro documento
relacionado à reclamação, como cotações de preços, orçamentos de serviços,
faturas, notas fiscais de compra e recibos.
FISCAIS E ÓRGÃOS REGULADORES
Existem vários órgãos aos quais você pode apelar caso tenha tentado outros
meios de reclamar mas não tenha obtido resultados satisfatórios. Entre eles
estão os diversos órgãos de proteção ou fiscalização criados pelo governo, como,
por exemplo, as agências reguladoras de serviços públicos, os órgãos de
proteção e defesa do consumidor; o Ministério Público, que tem autorização da
lei para processar órgãos públicos ou privados em casos de irregularidades ou
ilegalidades, representando os cidadãos nas ações judiciais; os fiscais
preparados para receber reclamações feitas dos órgãos públicos administrativos
e as Corregedorias, que visam a fiscalizar determinadas atividades públicas,
como a polícia ou o Judiciário. Existem, ainda, diversas entidades não
governamentais que também possuem esse papel, como os conselhos ou as
associações representativas de classe, que exercem fiscalização. Para detalhes
sobre como contatá-los, veja a lista de telefones e endereços úteis no fim deste
livro.
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) Regula os planos e seguros de saúde privados
e apura reclamações contra as empresas.
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Regula e fiscaliza, juntamente com o Banco Central, os
corretores da bolsa de valores e as empresas que vendem ações e papéis na bolsa de valores
(empresas de capital aberto).
Ministério da Educação e Cultura (MEC) Inspeciona e produz relatórios sobre escolas públicas e
particulares, incluindo creches, universidades e cursos de extensão.
Ministério Público Tem como função principal a defesa dos interesses da sociedade, bem como
fiscalizar a aplicação e a execução das leis.
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Regula e fiscaliza a profissão de advogado. Fiscaliza
também a condução de reclamações contra advogados.
Tribunal de Contas da União (TCU) Julga as contas dos administradores e demais responsáveis
por dinheiros, bens e valores públicos.
1
ANTES DE RECLAMAR
1. Descubra a quem você deve encaminhar sua queixa – de preferência o nome de quem
ocupa o cargo responsável pelo recebimento da reclamação.
2. Obtenha aconselhamento apropriado.
3. Decida o que você quer.
PASSO UM
Descubra com quem reclamar
Geralmente, a melhor maneira de começar é com a pessoa imediatamente
responsável pelo seu problema ou com aquela com a qual você manteve contato.
Escreva à loja de móveis informando que a estante sob medida ficou fora das
medidas especificadas. Em uma carta ao gerente da loja de eletrodomésticos,
explique exatamente o que há de errado com o televisor que você comprou na
semana passada. Avise ao locador por escrito que a infiltração continua, apesar da
promessa de conserto.
Se você está lidando com uma grande organização, pode ser necessário falar ou
escrever para algum superior ou alguém mais especializado – talvez no escritório
central (matriz) ou no serviço de atendimento ao consumidor.
Muitas das grandes organizações têm um procedimento oficial para reclamações.
A primeira pessoa a quem você se dirige deve ser capaz de lhe dizer o que fazer e a
quem recorrer. Os detalhes podem estar impressos em um boletim ou manual de
normas da organização. Caso contrário, telefone e pergunte por quem cuida de tais
reclamações – consiga o nome e o cargo, e enderece sua carta a essa pessoa.
Há situações em que você pode preferir recorrer a um intermediário para resolver
a questão, como, por exemplo, sua empresa de seguros, que, depois de um acidente
de carro, irá negociar com a companhia de seguros do outro motorista. Em casos
como este, o intermediário deverá lhe dizer como proceder.
Avançando degraus Se a sua reclamação não foi atendida de imediato, você pode
levá-la adiante na escala de hierarquia da empresa ou organização. O número de
degraus que você terá de subir dependerá do tamanho da organização.
Se a sua queixa for contra um profissional liberal ou autônomo, seu próximo
passo pode estar limitado a contatar o órgão de proteção e defesa do consumidor, ou
a entidade à qual ele está vinculado, para obter orientação sobre como prosseguir
com sua reclamação.
Caso você esteja enfrentando dificuldades com a empresa de telefonia ou com
alguma outra companhia que presta serviços essenciais, siga os procedimentos de
reclamação da companhia. Se sua queixa não for resolvida satisfatoriamente, contate
o órgão de proteção e defesa do consumidor ou a agência reguladora responsável
pelo serviço.
Algumas vezes, você terá diversos caminhos a escolher. Por exemplo, se você
sofreu prejuízos com um atendimento médico de má qualidade, você pode contatar
seu advogado, utilizar o procedimento de reclamação da ANS (Agência Nacional de
Saúde Suplementar), apresentar uma queixa do médico ao CRM (Conselho Regional
de Medicina), contatar seu plano de saúde, abrir um processo pedindo indenização,
ou tentar uma combinação dessas possibilidades.
PASSO DOIS
Obtenha aconselhamento
Se o seu problema é complicado, ou você quer ter certeza sobre sua situação legal, ou,
ainda, se reclamou e não obteve êxito, você provavelmente vai precisar da orientação
de um especialista. Isso irá ajudá-lo a decidir se vale a pena persistir e, em caso
positivo, como proceder.
Verifique seu seguro Muitas pessoas, frequentemente sem se dar conta, têm
proteção legal inclusa em suas apólices de seguro. Primeiro, verifique se o seguro da
sua residência (para reclamações sobre bens e serviços) ou do seu carro (para
reclamações contra outros motoristas) cobrem as respectivas despesas legais. Seguros
de viagem também podem cobrir custos legais se, por exemplo, você tiver de fazer
uma reclamação por danos contra alguém como resultado de um acidente ocorrido
no exterior ou no caso de extravio de bagagens.
Se sua companhia de seguros oferece esse tipo de cobertura, geralmente há uma
central de atendimento para a qual você pode telefonar e obter orientações iniciais.
Ordem dos Advogados do Brasil Entidade de classe responsável pela fiscalização dos
advogados e estagiários de Direito. É organizada em conselhos federal e estaduais, que
mantêm um setor de atendimento aos cidadãos, oferecendo ajuda legal em problemas de toda
espécie. Também dispõe de um site com um diretório para ajudar a encontrar advogados
especializados nas diversas áreas do Direito no seu estado.
Núcleos de prática jurídica das faculdades de Direito São setores vinculados aos
cursos de Direito em universidades. Prestam orientação e serviços gratuitos a todos os
cidadãos. Os alunos que já estão terminando a faculdade prestam atendimento jurídico,
supervisionados por professores e coordenadores, atuando nos processos judiciais ou
administrativos abertos nos órgãos de proteção e defesa do consumidor.
O que fazer:
Comprei esta filmadora na sua loja no dia 19 de fevereiro de 2005, e paguei por ela R$ 1.500.00,
usando meu cartão de crédito. Uma cópia da nota fiscal está anexada.
Quando cheguei em casa e abri a embalagem da câmera, descobri que o conjunto de lentes estava
rachado e que a função de “zoom” não funcionava. Telefonei imediatamente para a sua loja e fui
orientado a contatá-lo.
Segundo a legislação de defesa do consumidor, os bens devem ter qualidade satisfatória e estar
aptos para suas finalidades. Neste caso, a filmadora está defeituosa. Eu não fiz mau uso do aparelho
de nenhuma forma. Estou, portanto, pedindo o conserto da câmera, que deve ser feito em até trinta
dias. Caso isso não seja possível, que ela seja trocada por outra, em condições adequadas de uso.
Caso isso também não seja possível, peço o reembolso do valor pago pelo produto.
A câmera está disponível para a coleta, mas me disponho a retornar à loja para entregá-la para ser
encaminhada ao conserto ou troca. Entre em contato para discutirmos as providências a serem
tomadas.
Se este problema não for resolvido de forma satisfatória dentro de trinta dias, ou seja, até o dia 24 de
março de 2005, procurarei orientação para reclamar a devolução e todas as demais despesas.
Aguardo notícias.
Sinceramente,
João S. S. S. Júnior
Associações especializadas ou profissionais Considere se seu problema pode
ser avaliado por alguma organização especializada com interesse em ajudá-lo.
Sindicatos muitas vezes oferecem orientação legal gratuita aos seus membros sobre
questões trabalhistas e podem financiar uma ação desse tipo se parecer que você está
sendo tratado de forma injusta ou abusiva, ou se você tiver sido dispensado do seu
emprego e não houver recebido todos os seus direitos.
Ou você pode pertencer a uma associação profissional ou de proteção de direitos
com experiência em questões similares – por exemplo, associações de proteção e
defesa do consumidor. Se você é comerciante e está com dificuldades em relação a
cheques sem fundos, pode contar com a associação de lojistas, que oferece orientação
legal aos seus membros gratuitamente ou a um preço reduzido.
2
RECLAMANDO POR ESCRITO
Você já sabe com quem reclamar, conseguiu a informação pertinente e técnica sobre o
caso e está ciente do que quer. Tentou resolver o problema pessoalmente ou por
telefone, e não obteve sucesso. Agora você está numa posição em que deseja
apresentar sua reclamação por escrito.
Você mesmo pode redigir uma carta ou usar o procedimento oficial de
reclamação, se a organização dispuser de um.
Escreva uma carta de uma só página – outros detalhes importantes, como uma
lista cronológica dos acontecimentos ou cópias de documentos, podem ser anexados.
Envie como carta registrada com Aviso de Recebimento (A.R.) ou por um serviço de
entrega especial, que exige assinatura no recebimento – dessa forma não será possível
alegar que a correspondência não foi recebida. Guarde uma cópia e faça anotações
sobre a resposta e o que foi combinado.
Um e-mail pode ser tudo de que é preciso para que se chegue a um resultado
satisfatório. Em outros casos, porém, você pode ter de escrever vários e-mails para
negociar um acordo.
Não aceite uma oferta insatisfatória Se você chegou a um impasse em suas
negociações, entre em contato com o órgão do governo, órgão de defesa ou
associação que fiscaliza a respectiva organização, profissão ou negócio. Ele pode ter
um procedimento de conciliação ou mediação para ajudá-lo.
3
PREPARANDO-SE PARA MOVER UMA AÇÃO JUDICIAL
Não é possível acionar a Justiça nos casos em que você não tenha razão ou direito
conferido por lei, ou seja, se você tem uma reclamação sem amparo legal. Por
exemplo:
se você concordou em pagar por algo e depois descobriu que poderia ter pago
mais barato em outro lugar;
se você fechou contrato para vender sua casa e depois resolveu desistir;
se a eletricidade de sua casa foi cortada durante uma enchente.
inadimplemento contratual;
danos causados intencionalmente ou por negligência, imprudência ou
imperícia de alguém.
De acordo com a regra geral, aquele que faz as alegações é que tem o ônus de
provar o que está alegando. Então, nos três casos, você terá de provar que a pessoa
ou organização que está processando falhou em cumprir um contrato ou uma
obrigação, ou lhe causou um dano por ter deixado de tomar os cuidados mínimos
necessários para evitar danos às outras pessoas.
Os prós e os contras de mover uma ação judicial devem ser cuidadosamente avaliados. A lista a
seguir pode ajudá-lo a tomar a melhor decisão.
Prós
A ameaça de uma ação na Justiça frequentemente é o suficiente para levar o outro lado (a outra
parte) a entrar em um acordo.
Processar vai resolver o problema, desde que você tenha chances de vencer.
Entrar com a ação, na maioria das vezes, garante que a justiça seja feita.
Contras
Uma vez que a determinação judicial é expedida O juiz vai impor a forma
como ela deve ser cumprida, por quem deve ser cumprida, o período de tempo em
que é válida ou obrigatória, ou seja, por quanto tempo o réu tem de cumprir a
obrigação determinada. Dependendo do caso, por exemplo, se for uma determinação
judicial por antecipação de tutela de um pedido, o juiz também pode revogar a
determinação após ouvir o réu caso se convença de que ele tem razão.
Uma determinação deve ser prontamente obedecida, podendo o juiz, no entanto,
estipular um prazo para o cumprimento da obrigação e uma multa como penalidade
para o caso de não ser cumprida dentro daquele prazo fixado.
4
MOVENDO UMA AÇÃO JUDICIAL
Se você decidiu processar uma pessoa ou uma empresa, será necessário contratar um
advogado, com exceção das causas a serem propostas nos Juizados Especiais
Estaduais Cíveis, que têm o seu valor avaliado em até vinte salários mínimos.
Tribunais Superiores
TJ – Tribunal de Justiça
TA – Tribunal de Alçada
JD – Juiz de Direito
Justiças Especializadas
Juizados Especiais
Cada esfera do Judiciário é responsável por julgar determinados tipos de causas, de acordo
com a sua natureza. Assim, as causas devem ser propostas em cada esfera, conforme sua
classificação. De acordo com a ordem jurídica de nosso país, as decisões podem ser revisadas
por meio de recursos, se houver insatisfação de uma das partes.
As causas trabalhistas serão julgadas por um juiz do trabalho, que atua na Vara do
Trabalho. Se uma das partes ficar insatisfeita com a decisão desse juiz, poderá recorrer ao
Tribunal Regional do Trabalho. Alguns casos podem ser revistos pelo Tribunal Superior do
Trabalho.
Os casos em que houver interesse da União, autarquia ou empresa pública federal serão
julgados por um juiz federal, que atua na Vara Federal. Se uma das partes ficar insatisfeita,
poderá recorrer ao Tribunal Regional Federal.
Os casos cíveis serão julgados por juízes estaduais, que atuam nas Varas Cíveis; ou nas
Varas de Família, se for questão de Direito de Família; nas Varas Empresariais, se for questão
de falência; nas Varas de Órfãos e Sucessões, se for questão de herança; nos Juizados da
Infância e da Juventude, se for questão de adoção; nas Varas Criminais, se for questão
relacionada a um crime, entre diversos outros órgãos que integram a Justiça Estadual. Se uma
das partes ficar insatisfeita, poderá recorrer ao Tribunal de Justiça do Estado. O caso pode,
ainda, ser revisto pelo STJ e até pelo STF em última instância.
Os juízes eleitorais julgarão os conflitos e crimes eleitorais apurando denúncias, e, em caso
de insatisfação de uma das partes, o recurso será julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral.
Alguns casos podem ser revisados pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral.
Os juízes militares julgarão os crimes praticados por oficiais militares, e os recursos serão
julgados pelo Superior Tribunal Militar.
As causas mais simples também poderão ser julgadas por juízes dos Juizados Especiais
Estaduais e Federais, e os recursos serão julgados por Turmas Recursais compostas por três
juízes. A decisão pode, ainda, ser revista pelo STF. Esses juizados foram criados para julgar
causas de menor complexidade, ou de menor potencial ofensivo, nos casos dos Juizados
Especiais Estaduais Criminais.
Nos Juizados Estaduais Cíveis, o valor da causa é fixado em até quarenta salários mínimos
(são consideradas causas de menor complexidade). Nas avaliadas em até vinte salários
mínimos, você não precisa contratar um advogado, somente nas que superarem esse valor.
Nos Juizados Especiais Estaduais Criminais são julgadas as infrações penais de menor
potencial ofensivo, ou seja, os delitos ou contravenções penais cuja pena máxima não
ultrapasse dois anos de detenção.
Nos Juizados Especiais Federais Cíveis, o teto do valor da causa é fixado em até sessenta
salários mínimos. Nos Juizados Federais Criminais, as infrações penais de menor potencial
ofensivo são os delitos ou contravenções penais cuja pena máxima não ultrapasse dois anos ou
multa. Os Juizados Especiais receberam esse nome para se diferenciar da Justiça Comum; eles
integram um sistema independente, mas não são um Tribunal.
Frequentemente, pode ser mais barato para ambos os lados pôr fim a uma ação judicial antes que ela
chegue a julgamento. Para isso, as partes podem fazer um acordo em qualquer fase do processo. A lei
inclusive determina que o juiz, dentro dos parâmetros legais, deve tentar, a qualquer tempo, conciliar
as partes.
O acordo pode ser feito diretamente pelas partes, sem qualquer participação do juiz ou de um
conciliador, mas elas terão de noticiar esse acordo nos autos, por meio de uma petição, endereçada
ao juiz, com identificação do juízo e do número do processo, assinada por ambos. Se tiverem
advogado, ele pode assinar também, informando os termos em que foi feito, o que cabe a cada parte,
a penalidade em caso de descumprimento, a quem caberá o pagamento das custas judiciais, e
requerendo o fim do processo, pois a questão foi resolvida.
As partes podem convencionar a quem caberá o pagamento das custas, uma vez que se trata de
um acordo. Mas, conforme a lei, o mais adequado é cada uma das partes pagar a metade das custas
e assumir o pagamento dos honorários de seus advogados individualmente.
O juiz vai homologar esse acordo por sentença, o que significa dar a ele validade por meio de uma
decisão judicial (que é a sentença), determinando que as partes não poderão mais recorrer com base
naqueles fatos. Elas poderão somente requerer a execução do acordo caso este seja descumprido. Ou
seja, se uma das partes não cumprir o que foi acertado, a outra poderá voltar à Justiça para obrigar
que ela cumpra o que foi combinado, exigindo o cumprimento também da penalidade afixada, a qual,
na maioria das vezes, é uma multa.
Logicamente, se houver interesse de uma das partes em fazer um acordo desde o início do
processo, e ela não conseguir entrar em contato com a outra parte, ela pode aguardar a audiência de
conciliação, que será designada pelo juiz, para fazer a sua proposta. Se a outra parte aceitar a
proposta, o juiz homologará o acordo por sentença na própria audiência de conciliação,
determinando quais serão as penalidades pelo não cumprimento, a quem caberá o pagamento das
custas, e julgará extinto o processo, ou seja, determinará o seu fim.
Caso não haja acordo nessa oportunidade, o processo continua para que sejam produzidas as
provas. Então o juiz irá designar outra audiência, denominada audiência de instrução e julgamento,
quando serão verificadas novas provas, como, por exemplo, o depoimento das partes e das
testemunhas. Mas nessa audiência também pode ser feito um acordo.
COMO FAZER UMA RECLAMAÇÃO SOZINHO NO JUIZADO ESPECIAL
CÍVEL
Se você decidir redigir a sua petição inicial sozinho, pode pedir ajuda nos postos de atendimento dos
Juizados.
Nela, você deverá se identificar informando sua profissão, documentos de identificação, endereço
residencial, além de fornecer essas informações sobre o réu.
Você terá de descrever com detalhes tudo o que aconteceu, apontar suas razões de direitos
determinadas pela lei e os requerimentos que deseja fazer, incluindo quanto deseja receber de
indenização pelos danos sofridos. Você terá de anexar a essa petição todas as provas e evidências que
garantem o seu direito, e todos os documentos relacionados ao fato, além de seus documentos
pessoais.
Você poderá requerer o benefício da gratuidade de Justiça, para não ter de pagar custas e
honorários de advogados se sair vencido ou for recorrer. Para isso, terá de anexar à sua petição
comprovante de rendimentos demonstrando que precisa do benefício porque não pode pagar as
custas do processo.
Você deve endereçar essa petição ao juiz da sua região. Para saber qual é o Juizado Especial em
que você deve propor a ação, consulte o site do Tribunal do seu estado. Se for uma causa que envolva
relação de consumo, a ação será proposta no Juizado da sua região. Se não envolver relação de
consumo, a ação será proposta no Juizado da região do réu.
No mesmo dia em que for dada entrada nessa documentação, será marcada uma audiência de
conciliação, que ocorrerá no Juizado, e o órgão enviará uma citação para que o réu compareça à
audiência de conciliação e apresente sua defesa na audiência de instrução e julgamento, que pode
ocorrer no mesmo dia da de conciliação.
Se houver um acordo entre as partes, será lavrado o termo por escrito, constando as condições e
penalidades para o caso do não cumprimento. Esse acordo será homologado por sentença pelo juiz.
Se não houver um acordo entre as partes, o conciliador irá designar a data da audiência de
instrução e julgamento, na qual o réu deverá apresentar sua defesa, e deverão ser produzidas todas as
provas de que as partes disponham, além dos documentos que já foram anexados à petição inicial.
Nessa audiência, o juiz pergunta novamente se é possível fazer um acordo. Em caso negativo, irá
proferir a sentença. Se o réu não comparecer à audiência de instrução e julgamento, a sentença será
decretada à sua revelia.
Se você ficar insatisfeito com a decisão do juiz, poderá recorrer à Turma ou Conselho Recursal, e
somente nesse momento você terá de pagar as custas. (Mas você pode requerer ao juiz que seja
beneficiado pela gratuidade de Justiça, se provar que não pode arcar com este custo.)
O recurso obrigatoriamente deverá ser apresentado por um advogado, mesmo se o valor do seu
pedido for menor do que vinte salários mínimos. Assim, mesmo que você se sinta capaz de fazer a
petição sozinho, precisará de um advogado para assiná-la e orientá-lo a como pagar as custas. No
Juizado você também encontrará modelos da guia que deve ser usada para fazer o pagamento. A
alternativa é procurar a Defensoria Pública.
O recurso será endereçado ao mesmo juiz que julgou a causa, mas com um pedido para que ele
encaminhe o caso ao Conselho ou Turma Recursal, para que seja novamente analisado. Nas razões
do recurso deve ficar claro que o juiz errou ou cometeu injustiça, e que por isso você está recorrendo;
assim, será necessário requerer que a decisão do juiz seja substituída para seu pedido ser concedido.
O réu será intimado a se defender do seu recurso, apresentando as suas contrarrazões ao recurso
do autor, e a Turma ou Conselho Recursal irá analisar o caso novamente e decidir definitivamente
quem tem razão e quanto o vencido terá de pagar de honorários advocatícios ao advogado do
vencedor (os honorários são fixados entre 10% e 20% do valor da condenação fixado na sentença, ou
seja, quanto o juiz acha que deve ser pago).
Caso a Turma ou Conselho Recursal entenda que você tem razão, o réu terá de lhe pagar o que
ficou estipulado pelo Conselho Recursal. Se ele não pagar, você terá de cobrar o pagamento por uma
ação de execução.
Nessa ação, o juiz manda que o réu pague em 24 horas. Se ele não pagar, o juiz poderá
determinar que alguns dos bens dele sejam vendidos em leilão para que o valor apurado cubra a
dívida ou poderá mandar bloquear contas bancárias para reservar a quantia para pagar o valor da
condenação.
Reunindo evidências Entregue ao seu advogado (ou àquele que faz as vezes deste,
como o defensor público, ou o advogado ou estudante de Direito do Núcleo de
Prática Jurídica instalado na universidade e nos postos de atendimento dos Juizados
Especiais, ou ao advogado da associação que representa você na ação) toda a
documentação relativa às evidências de sua reclamação.
Você deve incluir uma breve lista dos acontecimentos que levaram à sua
reclamação e um sumário de todos os documentos que está apresentando. Tudo isso
servirá como prova ou indício para instruir a ação.
Se esquecer alguma coisa importante, pode ser que não consiga provar o que está
alegando. Isso poderá prejudicar o convencimento do juiz de que você esteja certo, e
você poderá perder a ação e ser condenado a pagar as custas e os honorários do
advogado da outra parte. Lembre-se de que, de acordo com a regra geral da lei, cabe
a quem alega fazer prova da alegação.
VOCÊ E SEUS DIREITOS: GLOSSÁRIO
Autor ou Reclamante É a pessoa física ou jurídica que inicia um processo judicial – aquela que vai
em busca do seu direito. Também conhecida como queixoso, querelante ou autor.
Danos São os prejuízos sofridos por uma pessoa resultantes de uma ação de uma outra pessoa ou de
algum fato da natureza. Os danos podem ser materiais, ou seja, perdas de coisas ou valores que
tenham ficado destruídos; ou podem ser morais, em caso de ofensa à moral, à honra, à dignidade, à
imagem ou à integridade psicológica da pessoa.
Estatutos legais São as normas, atos normativos, resoluções, circulares, decretos e regulamentações
estabelecidos por uma autoridade local (do Poder Executivo) ou pelo Poder Legislativo, com força de lei
na área específica.
Intimação Uma ordem judicial obrigando alguém a fazer ou a não fazer algo.
Mandado É o documento que contém uma determinação judicial. Pode ser, por exemplo: um
mandado de citação (determinando ao réu/acusado que tome ciência da reclamação e se defenda
dentro do prazo legal); um mandado de intimação (determinando que a pessoa faça alguma coisa);
um mandado de execução (determinando ao réu/executado que perdeu a ação que pague o valor
devido ou que cumpra a obrigação requerida pelo autor); um mandado de busca e apreensão (que
autoriza o oficial de justiça a remover o bem ou a pessoa, tirando da posse da parte); entre vários
outros. Em regra, o mandado é cumprido ou entregue à parte por um oficial de justiça, mas em alguns
casos também pode ser enviado pelo correio. Se necessário, o oficial de justiça pode requerer auxílio
policial para garantir o cumprimento da determinação judicial constante do mandado no caso de a
parte se recusar a recebê-lo ou impedir sua ação.
Ônus É o dever ou a obrigação de fazer alguma coisa, impostos pela lei ou pelo juiz.
Ônus da prova É o dever de quem faz a alegação de provar aquilo que está alegando.
Pessoa física É uma pessoa comum, o cidadão.
Petição inicial É o documento que dá início a uma ação judicial, em que o autor faz seus pedidos e
requerimentos e apresenta suas provas.
Responsabilidade Responsabilidade legal por alguma coisa – por fazer ou deixar de fazer algo.
Réu ou Reclamado A pessoa contra quem um processo judicial é aberto, também conhecido como
acusado na ação penal. Ele deve se defender na ação judicial.
Revelia Ocorre quando o réu deixa de apresentar a sua resposta em uma ação dentro do prazo
legal ou fixado pelo juiz. A revelia produz o efeito de gerar a presunção (relativa) de veracidade das
alegações de fato feitas pelo autor, ou seja, como o réu não apresentou a sua defesa no momento
oportuno, presume-se que os fatos alegados na petição inicial são verdadeiros.
COMPRANDO PRODUTOS
P Vi, na vitrine de uma loja, um casaco à venda por R$ 916,00, e entrei para
experimentar. Resolvi levar o casaco, mas na hora de pagar fui informada pelo
vendedor de que o preço na vitrine estava errado, o casaco custava R$ 114,00 a
mais. As lojas podem anunciar um preço e no ato da venda cobrar outro?
R Não. A loja é obrigada a vender o produto pelo preço que anunciou, mesmo
quando o produto foi etiquetado erradamente. Inclusive, se o mesmo produto for
oferecido com preços diferentes, por exemplo, com duas etiquetas, você tem direito a
pagar o valor mais baixo. Se o preço informado foi trocado deliberadamente – por
exemplo, todos os preços anunciados são inferiores àqueles praticados no interior da
loja –, o estabelecimento está agindo ilegalmente. Etiquetas, mostradores, catálogos,
propagandas e serviços de atendimento por telefone devem informar ao cliente o
preço correto. Se o comerciante compara seus preços com o de outro estabelecimento
com o objetivo de conquistar clientela, ele deve fazê-lo de forma honesta, ou seja,
informar os preços reais dos serviços ou produtos que está oferecendo.
Você pode obrigar a loja a vender o casaco pelo preço mais baixo, e também pode
fazer uma denúncia ao órgão de proteção e defesa do consumidor de sua cidade,
como o Procon ou o Codecon, que irá verificar a irregularidade, podendo obrigar a
loja a corrigir os preços, aplicar uma multa ou mesmo fechar o estabelecimento até
que se regularize a situação.
O QUE FAZER QUANDO SE VERIFICA UM DEFEITO NUM PRODUTO
Se você e o fornecedor quiserem, podem modificar esse prazo de trinta dias para que seja
reparado o defeito e combinar um novo prazo. Mas atenção: ele não pode ser menor do que
sete dias, nem maior do que 180 dias.
No caso de você optar pela troca por outro produto igual e não houver nenhum disponível
(o produto acabou), você pode exigir que a troca se dê por outro produto, de outra marca,
espécie ou modelo, porém mediante complementação ou restituição de eventual diferença de
preço.
Não há determinação clara na lei com relação ao prazo no qual você deva retornar
à loja, então se consideram os mesmos prazos fixados nos casos em que haja defeito
do produto ou serviço.
PLANO DE AÇÃO
1 Retorne à loja para exigir que se cumpra uma das alternativas às quais você tem direito e
apresente a nota fiscal, que comprova que o produto foi adquirido naquele estabelecimento e
a data da compra. Explique o motivo da sua insatisfação e proponha o reembolso ou a troca,
deixando claro que a loja não está cumprindo a oferta feita a você.
2 Alternativamente, você pode enviar à loja uma reclamação por escrito ou fazê-lo por
telefone, caso ela mantenha um serviço de atendimento ao cliente, geralmente por meio de
telefones gratuitos 0800. Descreva o ocorrido e solicite a troca ou o reembolso. A carta deve
ser registrada, para que você fique com o comprovante de envio, e ter o A.R. (Aviso de
Recebimento) do correio. Ou anote o número do protocolo de atendimento telefônico
informado pelo atendente.
3 Se não for atendido, você pode entrar em contato com o órgão de proteção e defesa do
consumidor de sua cidade, como o Procon ou o Codecon, visando à solução da questão. Dessa
forma, o órgão poderá agir entrando em contato com o fornecedor, agendando uma
audiência de conciliação entre você e a loja, e cobrando do fornecedor uma explicação para a
sua atitude, podendo aplicar penalidades se ficar comprovado que agiu de forma ilegal.
R Possivelmente sim, mas neste caso será necessário verificar se você realmente
cumpriu todas as determinações do programa, como a dieta e os exercícios
recomendados. Em caso positivo, será necessário verificar se existe alguma eficácia
no programa.
A oferta obriga o fornecedor a cumprir o prometido. A propaganda enganosa,
além de ser proibida, é uma infração penal, sendo prevista pena de prisão para quem
a pratica.
Nesse tipo de serviço, que envolve saúde, é necessário que a empresa em questão
tenha uma licença do Ministério da Saúde autorizando a entrada do produto no
mercado. E mais: neste caso, tais empresas têm de comprovar a eficácia do serviço
prestado, por meio de estudos científicos. Checar essa informação antes de contratar
o serviço é mais do que um direito, é uma obrigação do consumidor.
Se você quer seu dinheiro de volta, e não conseguir esse reembolso entrando em
contato com a empresa, deve procurar agir legalmente. Nesse caso, você vai ter de
demonstrar que seguiu o programa e que continua com o mesmo peso, ou que está
ainda mais pesado do que quando começou. Mas atenção: a obrigação de provar a
eficácia do programa é da empresa. Ela é que tem de provar que o serviço é eficaz
com base em estudos científicos, que tem autorização do Ministério da Saúde, e que
você não emagreceu porque não o utilizou adequadamente.
Essa questão, na maioria das vezes, somente é resolvida na Justiça, pois as
empresas normalmente se recusam a devolver o dinheiro dos consumidores. Como é
um caso mais complicado, procure a orientação de um advogado e lembre-se de que
as custas processuais podem ser maiores que o reembolso que você receberia se
ganhasse a ação.
P Comprei uma mesa de jantar extensível, e informei que queria a mesa para uma
festa que ocorreria em seis semanas. Agora, uma semana antes da festa, o gerente
da loja me ligou para dizer que não pode garantir a entrega na data combinada. Eu
quero cancelar o pedido, mas ele se recusa a aceitar o cancelamento. Ele pode fazer
isso?
R Não. A obrigação da loja é entregar dentro do prazo combinado. Isso porque a lei
garante ao consumidor que seja fixado um prazo para o cumprimento da obrigação
pela loja.
Caso isso não aconteça, haverá descumprimento contratual, que autoriza o
cancelamento do contrato, com o pedido de reembolso do valor pago.
Geralmente, o prazo de entrega consta da nota fiscal de compra, inclusive para
que alguém esteja à espera do entregador na data combinada.
Vale a pena lembrar de verificar se o prazo está mesmo fixado na nota, para ter o
documento a seu favor no caso de optar por fazer uma reclamação ou mover uma
ação contra a loja.
P Eu decidi vender uma moto que comprei a prazo. Fui informado de que a moto
não poderia ser vendida até que eu pagasse todas as prestações. Isso está certo?
R Sim, está. Quando você compra um veículo a prazo, na verdade está fazendo uma
espécie de empréstimo, que funciona da seguinte maneira: a financeira empresta o
dinheiro para comprar o automóvel da loja, que é pago à vista, e aí você paga as
parcelas para a financeira. Para conceder esse financiamento, a loja verificou se você
tinha crédito, ou seja, se tinha condições de pagar. Se você quiser vender a moto para
alguém, esta pessoa terá de assumir as parcelas que ainda não foram pagas, mas a
loja e a financeira não sabem se esta pessoa tem crédito, por isso elas podem se
recusar a aceitá-la.
Na verdade, a moto só se tornará sua quando você tiver pago a última parcela.
Até lá a financeira é a proprietária, e você precisa da autorização dela para vender a
moto. Você não pode vender para outra pessoa e continuar pagando as prestações da
compra a prazo, inclusive porque nesse caso não será possível transferir os
documentos da moto para o nome do novo dono.
Se você quiser desistir da moto por não ter mais condições de pagar por ela, pode
desfazer o contrato, devolvendo a moto e pedindo de volta o valor que pagou, mas
nesse caso estará sujeito a eventuais multas de rescisão que estejam previstas no
contrato, bem como a pagar pelas multas das parcelas que estejam em atraso.
R Não. A lei não exige que o próprio comprador do produto tenha de retornar à loja
para solicitar a troca. Ela define como consumidor o destinatário final do produto, ou
seja, aquele que vai ficar com a mercadoria, mesmo não sendo ele o comprador.
Assim, se você ganha algo e deseja trocá-lo, não depende de quem lhe deu esse
presente para fazer a troca.
R Não. Você não tem qualquer obrigação com relação à empresa, uma vez que
recebeu um produto que não solicitou. A cobrança só poderia ter sido feita se o
cartão tivesse sido utilizado, porque, com essa atitude, você teria concordado com a
contratação do serviço. A lei determina que enviar produtos ou prestar serviços ao
consumidor sem a sua prévia solicitação é uma prática abusiva, e que esses produtos
não solicitados são equiparados a amostras grátis, não havendo a obrigação de pagar
por eles. As práticas abusivas são proibidas e estão sujeitas a penalidades, na maioria
das vezes aplicação de multas.
PLANO DE AÇÃO
P Comprei uma câmera digital em promoção por ser um modelo antigo. Embora a
câmera funcione, o estojo está bastante arranhado em alguns lugares, mas o
vendedor recusa-se a aceitar a devolução. Ele pode fazer isso?
R Sim. Você não tem o direito de devolver a mercadoria se o defeito estava evidente
no momento em que a comprou. No ato da compra, você estava ciente de que se
tratava de um produto antigo, que inclusive por isso estava sendo ofertado com
desconto. É razoável que um modelo antigo tenha aparência de velho ou alguns
arranhões. Se a câmera funciona bem, então é adequada ao propósito para o qual foi
comprada. O importante é que você tenha sido informado sobre as condições do
produto no ato da compra.
SEUS DIREITOS COMO CONSUMIDOR
Como consumidor, você está protegido contra eventuais defeitos nos produtos e
contra vendas enganosas. Essa proteção é conferida pelo Código de Defesa do
Consumidor, que diz que qualquer produto colocado no mercado de consumo
deve:
Ser semelhante:
deve ser semelhante a qualquer amostra que o fornecedor tenha apresentado na hora da
compra.
Direito de reclamar Se qualquer uma dessas condições não for cumprida, você tem o
direito de exigir o conserto, a troca, o abatimento do preço ou o reembolso do valor pago.
Você deve fazer isso dentro do prazo legal para reclamar, denominado garantia legal, ou
dentro do prazo de garantia contratual.
Uso e mau uso O comerciante que lhe vendeu um determinado produto não é
responsável por qualquer dano causado ao produto em consequência de mau uso deste.
Defeito de difícil verificação Se você comprou um produto há algum tempo, usou-o da
forma correta, e só depois se deu conta de algum defeito de fabricação, você tem o prazo
da garantia legal ou da garantia contratual para reclamar e fazer valer uma das opções a
que tem direito.
Tempo-limite O comerciante é responsável até cinco anos pelos danos materiais ou
morais causados ao consumidor em razão de defeitos dos produtos. Nesse caso, você terá
de demonstrar o dano sofrido e provar que ele decorreu do defeito do produto.
Se um produto não durável apresenta um defeito dentro de trinta dias, ou um produto
durável apresenta um defeito dentro de noventa dias, você está automaticamente habilitado
ao conserto por conta do fornecedor, à troca, ao abatimento do preço ou ao reembolso do
valor pago, a menos que o comerciante possa provar que a propaganda ou a mercadoria
não era defeituosa no ato da compra, que o defeito se deu por mau uso (culpa do
consumidor) ou que ele não colocou o produto no mercado.
P Comprei um par de botas para proteger os meus pés no inverno. Mas, quando as
usei num dia chuvoso, a água da chuva molhou meus pés. Quando fui à loja exigir
a troca, me informaram que as botas não deveriam ser usadas em dias chuvosos.
Eles podem se recusar a fazer a troca?
R Sim, mas somente se estiver claro desde o início que o material usado na confecção
do calçado não é resistente à água, como, por exemplo, camurça ou tecido. Neste
caso, é óbvio que o material não resistiria se fosse usado num dia chuvoso.
Entretanto, o produto deve ser adequado ao fim a que se destina. Se as botas foram
anunciadas “para uso em qualquer tempo e lugar”, então a loja não pode se recusar a
trocá-las. Produtos anunciados para determinado fim devem apresentar qualidade
correspondente. O normal é presumir que as botas são adequadas para o inverno,
portanto seria razoável esperar que elas mantivessem seus pés secos e aquecidos
sempre. Neste caso, é necessário observar as condições em que se deu a venda.
De acordo com a lei, cabe ao fornecedor provar que não havia defeito no ato da
venda e que não foi feita propaganda enganosa. Se a loja não puder provar isso, você
poderá requerer a troca ou o reembolso.
PLANO DE AÇÃO
1 Se não era óbvio que as botas poderiam ficar úmidas por causa do material, então retorne
à loja para exigir a troca do produto, o abatimento do preço ou o reembolso do valor pago.
Apresente a nota fiscal de compra, explique o motivo de sua insatisfação e solicite o
reembolso ou a troca, deixando claro que aquele produto não serve aos seus propósitos.
2 Você pode enviar à loja uma reclamação por escrito, ou registrar a reclamação por
telefone, caso a loja mantenha um serviço de atendimento ao cliente. Descreva o ocorrido e
deixe claro que houve uma falha de informação e que você deseja cancelar o contrato de
venda, exigindo a troca ou o reembolso. A carta deve ser registrada, para que você fique com
o comprovante de envio, e com o A.R. (Aviso de Recebimento) do correio. Ou anote o número
do protocolo de atendimento telefônico informado pelo atendente.
OS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR
3 Se não for atendido, você pode entrar em contato com o órgão de proteção e defesa do
consumidor de sua cidade, como o Procon ou o Codecon. Dessa forma o órgão poderá agir,
entrando em contato com o fornecedor, agendando uma audiência de conciliação entre você e
a loja, e cobrando do fornecedor uma explicação para a sua atitude, podendo aplicar
penalidades se ficar comprovado que ele agiu de forma ilegal.
R Sim. Desde que o gaveteiro seja como descrito na embalagem e não apresente
defeitos, o gerente não tem obrigação de devolver o seu dinheiro. As lojas não têm de
reembolsar seus clientes por eles terem se enganado na hora da compra, mas podem
oferecer a opção de trocar o produto por outro, dependendo da boa vontade do
gerente.
A troca ou o reembolso só são obrigatórios em caso de defeito do produto ou da
venda (descumprimento da oferta feita pelo vendedor).
No entanto, como a troca não é obrigatória nos casos em que não há defeito no
produto, ou naqueles em que há um pequeno defeito anunciado claramente (outlets e
pontas de estoque), ao contrário de adotar uma atitude ilegal ou irregular, o
fornecedor estará, na verdade, cumprindo com o dever de informar aos seus clientes
sobre as suas regras de venda.
PLANO DE AÇÃO
1 Você deve procurar a loja, esclarecer que os azulejos entregues são de cor diferente da
que você escolheu, e requerer a troca, inclusive solicitando que a loja providencie a retirada
do material em sua casa. Caso a troca não seja possível, você pode requerer o abatimento do
preço, se decidir ficar com os azulejos de cor diferente, ou o reembolso do valor pago,
mediante a devolução da mercadoria.
PRAZOS PARA TROCA
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, o prazo para se reclamar pelos vícios de um
produto é de trinta dias, se for um produto não durável, e noventa dias, se for um produto durável –
contados da data da entrega se o defeito for de fácil verificação.
Tratando-se de vício que não pode ser facilmente verificado, o prazo inicia-se no momento em que se
constatar o defeito.
2 Você pode enviar à loja uma reclamação por escrito, ou registrar a reclamação por
telefone, caso a loja mantenha um serviço de atendimento ao cliente. Descreva o ocorrido e
deixe claro que houve uma falha de informação e que você deseja cancelar o contrato de
venda, exigindo a troca ou o reembolso. A carta deve ser registrada, para que você fique com
o comprovante de envio, e ter o A.R. (Aviso de Recebimento) do correio. Ou anote o número
do protocolo de atendimento telefônico informado pelo atendente.
3 Se não for atendido, entre em contato com o órgão de proteção e defesa do consumidor de
sua cidade, como o Procon ou o Codecon. Dessa forma o órgão poderá agir, entrando em
contato com o fornecedor, agendando uma audiência de conciliação entre você e a loja, e
cobrando do fornecedor uma explicação para a sua atitude, podendo aplicar penalidades se
ficar comprovado que ele agiu de forma ilegal.
A lei garante um prazo ao consumidor para que ele apresente uma reclamação por defeito de
produto. É o chamado prazo legal, que vai depender do tipo de produto:
defeito aparente (fácil de verificar): o prazo começa a contar da data da entrega do produto;
defeito oculto (difícil de verificar): o prazo começa a contar da data em que se detectou o defeito.
No caso de o produto causar um dano ao consumidor (como, por exemplo, um ferimento ou uma
queimadura), o prazo para reclamar é de cinco anos e começa a contar do dia em que ocorreu o
dano.
Esses prazos são considerados garantias legais (pela lei), mas o fornecedor pode assegurar outra
garantia, que vai ter um período de validade determinado por ele, e que será chamada de garantia
contratual. Ela é complementar à garantia legal e deve ser conferida mediante documento escrito
descrevendo em que consiste essa garantia, a forma como será prestada, o lugar em que pode ser
exercida, e se o consumidor tem de fazer alguma coisa para ter direito a ela (como, por exemplo,
preencher uma ficha e enviar pelo correio). Ela deve ser entregue pelo fornecedor devidamente
preenchida no momento da compra e vir acompanhada do manual de instruções ou de instalação do
produto, sendo escrita em linguagem didática e de fácil compreensão.
Se o fornecedor deixar de entregar o termo de garantia ao consumidor com as especificações
claras de seu conteúdo, estará praticando uma infração penal que prevê pena de detenção de um a
seis meses ou multa.
P Quando nosso armário foi entregue, percebi que uma das portas não fechava.
Liguei para a loja na mesma hora, e a gerente propôs entregar um novo armário
desde que eu levasse até a loja o que estava com defeito. Ela pode me obrigar a
fazer isso?
R Não. Se o produto é defeituoso e você notifica isso à loja dentro do prazo legal,
você tem direito à troca ou, caso esta não seja possível, ao reembolso total do seu
dinheiro ou até mesmo a um abatimento do preço se decidir ficar com o produto
defeituoso. Como um armário é um item de grande porte e precisa de transporte
especial para seu deslocamento, é razoável que você peça à loja que faça a coleta.
Você deve dar ao vendedor tempo suficiente para que ele planeje o transporte, e até
lá você é responsável pelo produto. Entre em contato com a loja e combine uma data
para a retirada e para a troca do armário.
AVISO
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, para exigir a troca de um
produto ou o reembolso do valor pago, é necessário que haja um defeito no produto.
No caso de uma disputa judicial, como o consumidor é considerado a parte mais
fraca na relação de consumo, há em favor dele a presunção de que o defeito existe, e
caberá ao fornecedor provar o contrário. Esta é a chamada regra da “inversão do
ônus da prova”, aplicada porque se entende que é mais fácil ao fornecedor produzir
provas do que ao consumidor. Para adotar esta regra, o juiz vai levar em conta a
verossimilhança das alegações do consumidor e os indícios de que ele esteja falando
a verdade.
PLANO DE AÇÃO
1 Neste caso, em que há um defeito de fabricação, você deve reclamar primeiro com o
fabricante. No caso de ele não ser identificado, você deve reclamar com o comerciante.
Contudo, é muito comum que se retorne à loja onde a compra foi feita diretamente, porque as
lojas costumam efetuar a troca e depois contatar o fabricante para proceder à troca do
produto entre eles. Sendo assim, retorne à loja com a calça e a nota fiscal de compra. Peça ao
gerente que faça a troca do produto, ou que dê um desconto se você decidir ficar com ela
assim mesmo, ou que reembolse o valor pago mediante a devolução da calça. Se a loja se
recusar a resolver o problema, entre em contato com o fabricante, para fazer as mesmas
exigências. Caso ainda assim não seja solucionado o problema, será necessário procurar o
órgão de proteção e defesa do consumidor de sua cidade para reclamar da qualidade do
produto e buscar a solução.
2 Esse tipo de problema pode ser difícil de resolver, e você deve ser prudente e recorrer à
opção mais simples. Na verdade, neste caso, não seria vantajoso mover uma ação contra a
loja para discutir a qualidade do produto, pois as custas processuais (valor necessário a ser
pago ao Estado para entrar com a ação) poderiam ser mais caras do que a própria roupa, e
assim você acabaria arcando com o prejuízo.
REGRA DE OURO
Algumas lojas oferecem garantia adicional mediante cobrança de um valor em dinheiro. Nesse
contrato fica determinado um prazo ainda maior para o consumidor reclamar dos defeitos do
produto, prazo este que vai além da garantia legal e da contratual, e só começa a contar depois que
estas duas já tiverem vencido.
P Uma máquina de lavar que comprei há um mês, com garantia extra, quebrou. O
gerente da loja disse que eu deveria entrar em contato com o fabricante e reclamar
pela garantia contratual – a que o fabricante oferece na compra do produto. O
gerente da loja pode negar sua responsabilidade?
O QUE CONTA COMO ACEITAÇÃO DE UM PRODUTO
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, você tem o direito de exigir o conserto ou a troca
de um produto dentro de trinta dias (se for um produto não durável) ou noventa dias (se for um
produto durável) caso este apresente defeito, não esteja de acordo com a descrição dada no momento
da venda, ou não atenda ao fim a que se destina. Sendo assim, você tem todo o direito de rejeitar o
produto que apresente defeito. Porém há alguns fatores que sugerem que você aceitou o produto
como estava:
Uma atitude que mostre ao comerciante que você aceitou o produto, como, por exemplo,
confirmar por escrito uma entrega em boas condições.
Alterar o produto de alguma maneira, como, por exemplo: causando danos a ele porque o
usou sem os devidos cuidados ou por não ter seguido as instruções; anexando qualquer item ao
produto (como adesivos ou pinturas...) ou removendo partes do produto. Neste caso, o produto não
apresenta um defeito de fabricação, portanto você não tem direito à garantia legal.
Ficar com o produto depois do prazo legal, se ele não tiver outra garantia, ou depois de
vencidas as garantias contratual e estendida. O fato de você não ter reclamado dentro dos
prazos de garantia vigentes sugere que você tenha aceitado o produto como estava.
PLANO DE AÇÃO
1 Volte à loja onde você fez a compra, levando a nota fiscal e o recibo de entrega (se tiver
recebido o produto em casa), e solicite o conserto. Você deve pedir que a loja envie à sua
residência um técnico do serviço autorizado, ou, se for o caso, que remova a máquina de lavar
para conserto. Dependendo do período dentro do qual você estiver reclamando, uma das três
garantias previstas (legal, contratual, estendida) estará sendo usada.
2 Se a loja se recusar a resolver o problema, entre em contato com o fornecedor e peça que
ele tome uma providência. Caso o defeito não possa ser reparado, é obrigação do fabricante
fazer a troca.
AVISO
Segundo a lei, você deve reclamar primeiro com o fabricante. Somente no caso de ele
não poder ser identificado é que o comerciante assume suas obrigações.
Assinar recibo de entrega não elimina seus direitos
R Não. Quando você assina um recibo de entrega, não abdica de seus direitos –
inclusive o de reclamar de uma mercadoria defeituosa –, mesmo que a nota ateste
que a mercadoria está em perfeitas condições. Você deve desembalar e inspecionar o
produto dentro do prazo de garantia em vigor e, então, informar ao comerciante se o
produto estiver com defeito. Estando dentro dos prazos de garantia (legal, contratual
ou estendida), você tem o direito de exigir o conserto ou a troca do produto, sem
custos adicionais.
PLANO DE AÇÃO
1 Volte à loja, explicando a situação e levando a nota fiscal de compra, e solicite o conserto,
a troca, o abatimento do preço ou o reembolso do valor pago.
2 Você também pode enviar à loja uma reclamação por escrito, ou registrar a reclamação
por telefone, caso a loja mantenha um serviço de atendimento ao cliente. Descreva o ocorrido
e exija a troca, o abatimento do preço ou o reembolso do valor pago.
3 Se não houver nenhuma manifestação da loja, você pode entrar em contato com o órgão
de proteção e defesa do consumidor de sua cidade. Dessa forma, o órgão poderá agir,
entrando em contato com o fornecedor, agendando uma audiência de conciliação entre você e
a loja, e cobrando do fornecedor uma explicação para a sua atitude, podendo aplicar
penalidades se ficar comprovado que ele agiu de forma ilegal.
AVISO
Sempre verifique os produtos ao recebê-los e informe qualquer problema ao
vendedor ou ao fabricante. Se você demorar a comunicar o recebimento de um
produto defeituoso, poderá estar arriscando a perda do seu direito.
Pedido de reembolso por um reparo necessário
P Comprei uma mala para viajar para o exterior e, durante a viagem, ela quebrou.
Apesar de ainda estar dentro do prazo de garantia, tive de providenciar um
conserto emergencial em qualquer loja, porque precisava terminar a viagem.
Quando voltei, levei a mala até a loja onde a comprei, e o gerente disse que, como
eu tinha consertado a mala em qualquer loja, eu havia infringido o contrato de
garantia. E se recusou a me reembolsar pelo conserto. Ele pode fazer isso?
NEGOCIAÇÕES DE DÍVIDAS
Por meio da negociação de uma dívida, você pode dividir em parcelas o pagamento devido. Ou seja,
você consegue um prazo maior para pagar. Um empréstimo, um financiamento, cartões de crédito e
de cobrança, crédito rotativo do cartão de crédito, compra a prazo e vendas sob condições de
parcelamento são todos acordos de crédito ou negociações de dívidas.
Em regra, a lei não determina um limite de valor para que você negocie uma dívida e nem o
número de parcelas em que será dividido o pagamento. Isso será parte da negociação que você fará
com o seu credor, ou seja, com a empresa à qual você está devendo.
Deve ser dada a você uma cópia escrita do acordo ou do contrato de negociação. Ele deve incluir
todos os detalhes, como, por exemplo, o que acontece se o acordo for cancelado, quais são os seus
direitos no caso do pagamento adiantado de algumas parcelas ou do valor total, e que encargos e
juros ou multas poderão ser cobrados e em que situações. Acordos comuns são:
Compra a prazo – Você é dono do produto desde o início, mas paga por ele em parcelas.
Crédito em loja de departamentos – Um empréstimo para comprar itens determinados é feito
a você por meio de uma companhia financeira.
Crédito rotativo do cartão de crédito – Você pode não pagar o valor integral da fatura,
optando por pagar apenas o valor mínimo, que vem indicado, ou outro valor entre o mínimo e o
débito. A diferença será cobrada na outra fatura com o acréscimo dos encargos.
Quando você está devendo muito ao cartão de crédito, pode parcelar a dívida e ficar um
período sem fazer compras. Também serão cobrados encargos que devem ser informados a você.
R Sim. Ao fazer o conserto sem utilizar o termo de garantia, você abriu mão dele.
Você não tem direito ao reembolso pelo conserto que decidiu fazer. Mas atenção: a
garantia não se esgota por isso. Se aparecer outro defeito, e a mala ainda estiver
dentro do prazo de garantia, esta poderá ser usada (mas isso se o novo defeito não
estiver relacionado ao conserto feito anteriormente).
R Sim. Se o prazo legal de noventa dias, a partir da data da compra, para reclamar o
produto durável expirou, e se também já expirou o prazo dado pela garantia
contratual, você terá de pagar pelo conserto. Isso só não acontecerá se o defeito for de
difícil verificação, como, por exemplo, uma falha do equipamento ou de seus
componentes que existia quando você o comprou, mas que só apareceu muito tempo
depois. Neste caso, o seu prazo legal para reclamar só começa no dia em que o
defeito se manifestou. Aí, sim, você terá direito ao conserto – mas terá de cobrar do
fabricante, não da loja.
PLANO DE AÇÃO
1 Entre em contato com o fabricante e peça o conserto do amplificador. Caso não seja
possível identificar o fabricante, você deve procurar o gerente da loja (neste caso, ele será o
responsável).
2 Se o fabricante se recusar a fazer o conserto, informe que você vai orçar o valor do
conserto em um serviço autorizado, para que a fonte do problema seja identificada. Você terá
de pagar por isso, apesar de ser de competência do fabricante, mas num eventual processo
contra ele você poderá receber a quantia gasta.
R Se é o distribuidor local que está falido, não há maiores problemas, porque você
pode cobrar a obrigação, ou seja, a entrega da cozinha, da matriz da loja. Mas se é a
matriz que está falida, então a resposta é: sim, ela poderá ficar com o seu dinheiro.
O síndico da falência (pessoa responsável, designada pela Justiça, pelo controle
financeiro e pelos compromissos de uma firma falida) pode ficar com o valor da
entrada que você pagou porque é ele quem administra as dívidas da loja. Você terá o
direito de reclamar, mas para isso vai ter de cobrar da massa falida (que é a reunião
dos bens da empresa), juntamente com todos os outros credores e clientes da loja.
Para cobrar o crédito da massa falida, você terá de procurar um advogado
especialista, para que ele entre com uma ação chamada “ação de habilitação de
crédito” no processo da falência. Tenha em mente que problemas como este podem
levar muito tempo para serem resolvidos e que o dinheiro que você irá gastar no
processo poderá ser maior que o valor da entrada que pagou.
Se você processar a loja falida, será convidado a uma sessão com os credores da
loja para saber quanto dinheiro será destinado às pessoas a quem a loja devia
dinheiro. Se os fundos forem suficientes para atender os créditos prioritários, como
de empregados e impostos, pode ser que você consiga o seu dinheiro de volta.
Crediário em loja de departamentos
R Sim. O crediário é uma forma de comprar a prazo, mas todos os meses você tem
de ir à loja efetuar o pagamento. Se você vai se mudar e não puder comparecer à loja
para pagar as parcelas, poderá quitar toda a dívida de uma só vez (neste caso, pode
pedir um desconto, direito que a lei determina), ou pode tentar negociar com a loja
outra forma de pagamento, como, por exemplo, emitindo cheques pré-datados. Mas
atenção: a loja não é obrigada a aceitar a mudança na forma de pagamento, uma vez
que a oferecida por ela é o crediário e você sabia disso quando fez a sua opção de
compra.
AVISO
Se você não pagar pelos produtos adquiridos, a loja poderá mover uma ação de
cobrança contra você. Como os produtos não apresentam defeito, a loja não é
obrigada a aceitar uma devolução ou cancelar a venda.
P Comprei um microsystem estéreo para minha filha, numa promoção que vendia
por R$ 500,00 um produto que normalmente custava R$ 700,00. Quando disse a ela
o preço que paguei, minha filha comentou que tinha visto um aparelho igual na
vitrine daquela loja por R$ 400,00 no dia anterior ao da promoção. A loja pode
fazer isso?
R Não. Os fornecedores têm o dever de prestar informações verdadeiras sobre os
produtos, inclusive sobre preços e promoções, e os consumidores têm o direito de
receber informação precisa sobre os preços dos produtos.
Essa atitude constitui uma fraude contra o consumidor, e é definida como infração
penal pelo Código de Defesa do Consumidor, estando o fornecedor sujeito a pena de
detenção de três meses a um ano e multa (que será fixada pelo juiz).
PLANO DE AÇÃO
1 Se você tem certeza de que o produto não estava mais caro nos dias anteriores ao da
promoção, peça para falar com o gerente e reclame. Ele deverá oferecer-lhe um desconto.
PLANO DE AÇÃO
1 No caso de o aviso não estar visível, leve a bolsa à loja, com a nota fiscal de compra, e
solicite o conserto ou a troca. Caso não haja mais bolsas do mesmo modelo disponíveis, você
tem direito a escolher outro produto ou a exigir um abatimento do preço se decidir ficar com
ela, ou ainda o reembolso do valor pago mediante a devolução do produto.
2 Se o gerente se recusar a resolver o problema, você pode enviar à loja uma reclamação
por escrito, ou registrar a reclamação por telefone, caso a loja mantenha um serviço de
atendimento ao cliente.
3 Se não for atendido, você pode entrar em contato com o órgão de proteção e defesa do
consumidor de sua cidade. Dessa forma, o órgão poderá agir, entrando em contato com o
fornecedor, agendando uma audiência de conciliação entre você e a loja, e cobrando do
fornecedor uma explicação para a sua atitude, podendo aplicar penalidades se ficar
comprovado que ele agiu de forma ilegal.
R Não. Você tem o direito de desistir do produto em um prazo de até sete dias após
tê-lo recebido, e o vendedor deveria ter dito isso quando você fez a encomenda.
QUEM VOCÊ PODE DEIXAR ENTRAR NA SUA CASA
Não é muito seguro receber estranhos em casa, mas, se você decidir comprar um produto de um
representante comercial que o visite, tome alguns cuidados:
Exija que ele declare seu nome e a empresa ou loja para a qual trabalha.
Peça o número do telefone da empresa e explique que você pode usar o número para
checar a idoneidade dele. O número fornecido deve ser de um telefone fixo, não de celular
ou de pager, e a ligação feita deve ser respondida por uma pessoa, não por uma máquina
(mensagem eletrônica). O número deve constar da lista telefônica (páginas amarelas) e de
preferência ser um 0800.
Quando você faz uma compra em feiras de artesanato ou feiras livres (nas quais o vendedor não tem
qualquer ligação com alguma empresa), você não está protegido pelo Código de Defesa do
Consumidor. Nesses casos, você e o vendedor podem negociar as condições da compra e venda com
liberdade. O que você tem é a proteção geral do Código Civil.
Geralmente essas feiras se estabelecem com certa frequência e em locais determinados, o que
torna mais fácil procurar o vendedor se houver algum problema. É muito comum que os vendedores
façam a troca de um produto com defeito para não perderem a clientela. Aliás, mesmo os
vendedores ambulantes, ou camelôs, adotam essa mesma postura quando um comprador os procura
para reclamar de algum defeito. Mas como nesse caso não há a proteção da lei do consumidor, é
necessário tomar algumas precauções:
Preste bastante atenção ao comprar produtos que possam oferecer qualquer tipo de perigo, como
aparelhos elétricos ou brinquedos que possam machucar ou provocar choque elétrico.
Preste atenção também a produtos que possam ser roubados ou falsificados. Se você suspeitar de
algo, procure a polícia. A venda de produto roubado ou falsificado é crime, com pena de
detenção e multa. Além disso, a qualidade dos produtos falsificados é duvidosa e pode causar
danos.
PLANO DE AÇÃO
1 Entre em contato com a empresa e informe que não deseja mais o produto ou serviço,
cancelando o contrato e informando que pretende proceder à devolução. Deixe claro que você
está fazendo uso do prazo de desistência previsto no Código de Defesa do Consumidor. Você
não deve arcar com nenhum custo dessa devolução.
2 Se você não for atendido, entre em contato com o órgão de proteção e defesa do
consumidor de sua cidade.
AVISO
Não importa se a visita do representante comercial se deu porque você a solicitou ou
não: a lei diz que, em caso de compras feitas fora do estabelecimento comercial do
fornecedor, o consumidor tem direito a desistir do produto em sete dias, e ponto
final. Este prazo é chamado de prazo de reflexão.
P Comprei um freezer de uma loja que vende produtos de segunda mão. Quando
o instalei, percebi que, apesar de ele manter a comida congelada, está sempre
vazando, o que faz com que haja sempre uma poça de água na minha cozinha.
Reclamei, mas o gerente disse que não pode fazer nada. Ele pode negar sua
responsabilidade?
AVISO
Quando estiver comprando produtos de segunda mão, pergunte se há qualquer tipo
de problema com a mercadoria. Seja específico. O vendedor não pode dar informação
falsa ou duvidosa porque estará agindo de má-fé. Se o vendedor disser que não há
qualquer defeito e você depois deparar com algum, terá não só o direito de receber
seu dinheiro de volta mas também de processá-lo.
R Não, já que efetivamente você não sofreu qualquer dano, mesmo que por sorte.
Mas você pode reclamar do produto e pedir o seu dinheiro de volta, por ele não ser
seguro para o consumo. De acordo com a lei, só existe a obrigação de indenizar, ou
seja, de dar uma compensação, se houver um dano comprovado. Se você tivesse
engolido os pedacinhos de vidro, se tivesse se machucado com eles, ou se tivesse
sofrido algum outro dano em razão de um produto defeituoso, então poderia exigir
uma indenização, além da devolução do seu dinheiro. Para isso você tem um prazo
de cinco anos, que começa a vigorar no dia em que se deu o dano.
Esses direitos são cobrados do fabricante do produto. Se não estiver claro quem é
o fabricante do café e o pessoal da loja não puder dizer ou não souber dizer de quem
se trata, então você pode processar a loja.
Como esse tipo de incidente envolve segurança e pode afetar outros
consumidores, você deve reportar o problema o mais rápido possível tanto ao
fornecedor como aos órgãos de proteção e defesa do consumidor e à Saúde Pública.
PLANO DE AÇÃO
2 Se você está preocupado, com medo de ter sofrido danos causados pela ingestão do café,
procure o médico para fazer um exame, e seu advogado para aconselhamento. Você vai
precisar de evidências médicas se desejar proceder à alegação por danos pessoais.
P Minha filha estava usando seu secador de cabelos, que tem nove meses de uso, e
ele pegou fogo. Os cabelos dela foram atingidos pelo fogo e ela ainda queimou a
mão. Depois, quando soltou o secador, o carpete do banheiro foi danificado.
Podemos processar alguém?
R Sim. Sua filha tem direito à compensação pelos danos morais, inclusive estéticos,
que tenham sido causados, e pelos danos materiais sofridos: o secador, o carpete,
despesas médicas ou outra coisa que também tenha sido danificada ou queimada no
incidente. Ela vai ter de demonstrar que seguiu as instruções do fabricante, que o
aparelho não sofreu nenhum tipo de alteração e que não foi usado para fins aos quais
não se destina.
Nos casos em que há relação de consumo, havendo probabilidade de a alegação
do consumidor ser verdadeira (verossimilhança da alegação), vai caber ao fabricante
provar o contrário, ou seja, que o produto é seguro, adequado ao uso comum, e que
não tinha defeito ou não apresentava risco. O fornecedor somente não é obrigado a
indenizar o consumidor se provar que não colocou o produto no mercado, que o
defeito não existe, que o consumidor ou outra pessoa causou o defeito por sua
própria culpa ou por mau uso do produto.
AVISO
Você não terá sucesso em alegar danos morais ou materiais caso o acidente seja
resultado de algo que você tenha feito, como, por exemplo, se você desencapou ou
reencapou os fios do aparelho ou o colocou dentro d’água.
Espera por pedidos feitos por correio
P Há seis meses aguardo um computador que comprei por meio de uma empresa
que trabalha com pedidos pelo correio. Agora quero cancelar o meu pedido e
receber meu dinheiro de volta, mas a pessoa com quem falei ao telefonar para lá
disse que a empresa não vai efetuar o cancelamento. A empresa pode deixar um
cliente à espera tanto tempo?
R Não. O Código de Defesa do Consumidor garante que seja fixado um prazo para o
cumprimento da obrigação e proíbe que a fixação do termo inicial fique
exclusivamente a critério do fornecedor – ou seja, tem de haver uma fixação para o
prazo de entrega da mercadoria e ele tem de ser cumprido pela loja. Caso isso não
aconteça, haverá a falta de cumprimento da oferta e o descumprimento contratual,
que autorizam o cancelamento do contrato com o pedido de reembolso do valor
pago.
Geralmente, o prazo de entrega vem estipulado na nota fiscal. Se for uma compra
pela Internet ou por catálogo, o prazo vem descrito junto com as especificações do
produto, preço e taxa de entrega (frete), inclusive para que se aguarde o entregador
na data combinada. Vale a pena lembrar de verificar se o prazo está mesmo fixado,
para ter o documento a seu favor no caso de optar por fazer uma reclamação ou
mover uma ação contra a loja.
PROTEÇÃO PARA QUEM FAZ COMPRAS EM CASA
Quando você adquire produtos via correio, telefone, fax, Internet ou canais de compra da TV, tem os
mesmos direitos garantidos pelo Código de Defesa do Consumidor, exatamente como quando compra
em uma loja.
Você tem o direito de saber tudo sobre o produto ou serviço que está comprando ou contratando,
mesmo que por telefone, com todas as especificações, condições de uso e direitos que são garantidos
por esses serviços ou produtos. Caso você não tenha total conhecimento prévio no ato da compra, não
é obrigado a aceitar esse contrato de compra ou adquirir esse serviço.
Nesses casos, a lei oferece uma proteção a mais: se você resolver não ficar com o produto ou
serviço porque se decepcionou com ele, ou simplesmente porque desistiu da compra, você tem sete
dias a contar da entrega do produto para entrar em contato com a loja e dizer que não o deseja mais.
Você poderá devolvê-lo sem nenhum custo adicional.
No Brasil já existe uma preocupação com as transações feitas pela Internet. Há órgãos do governo
federal que desenvolvem políticas neste sentido, mas ainda não temos uma legislação específica
regulando o comércio eletrônico, apesar de já existirem alguns projetos de lei que visam a
regulamentar a troca de informação via Internet, como, por exemplo, os e-mails.
Siga estas regras para minimizar a possibilidade de roubo e outros problemas quando
fizer compras pela Internet:
Só negocie com comerciantes que sejam reconhecidos pelo mercado e que tenham endereço fixo
(real/geográfico) e telefone fixo (sem ser pager ou celular). Tente negociar com empresas
renomadas ou recomendadas por pessoas que você conheça e em que confie.
Procure declarações no site que garantam que ele é seguro. Geralmente o ícone que indica que o
site é seguro é um cadeado que aparece na barra de status. Se você não puder achar nenhuma
indicação a esse respeito, não faça compras nele.
Imprima os termos e políticas da empresa e verifique que proteções você tem contra problemas que
possam vir a ocorrer. Guarde uma cópia do impresso. Se for difícil localizar ou identificar a
empresa, você vai encontrar dificuldades para resolver problemas eventuais, como atraso na
entrega, produtos com defeito etc.
Verifique as taxas de entrega – você pode ser responsável pelo pagamento de impostos e outras
cobranças extras. Nunca forneça detalhes do seu cartão de crédito, a menos que você esteja num
site seguro.
Imprima e guarde seus pedidos e as confirmações dos pedidos, tanto para efetuar cobranças
posteriores da empresa que vende pela Internet como para poder mover uma ação contra ela, se
for o caso.
Quando você pagar com cartão de crédito, verifique o extrato do cartão assim que ele chegar e
informe à operadora se houver qualquer discrepância.
PLANO DE AÇÃO
1 Envie uma carta registrada à empresa, ou entre em contato por telefone, sempre
solicitando o número de protocolo da sua ligação. Diga que você tem o direito de cancelar o
pedido e peça o reembolso do seu dinheiro. Se você pagou com cartão de crédito, entre em
contato com a administradora do cartão e peça orientação sobre como proceder para cancelar
a compra.
3 Se o problema não for resolvido, você deve procurar um advogado para mover uma ação
contra a empresa que vendeu o computador pelo correio. Neste caso, se você puder
demonstrar que a falta do computador causou outros danos, como, por exemplo, prejudicou o
seu trabalho (você deixou de ganhar dinheiro), poderá exigir indenização também por essas
perdas.
P Minha faca elétrica parou de funcionar no Natal do ano passado, por isso
comprei uma nova numa loja especializada em eletrodomésticos sofisticados. Não
precisei usá-la por alguns meses e, quando o fiz, ela não funcionou. O gerente diz
ser tarde demais para reclamar. Ele está certo?
PLANO DE AÇÃO
Se você a comprou há menos de noventa dias, explique que tem direito à troca ou ao
conserto do produto. Se a faca elétrica não puder ser consertada ou trocada, você ainda
tem o direito de exigir o seu dinheiro de volta.
Se você comprou há mais de noventa dias, mas só verificou o defeito agora, explique as
circunstâncias e o fato de que você tem o direito de ter um produto com defeito consertado
ou trocado dentro de noventa dias a contar da constatação do defeito.
Se o produto ainda estiver dentro da garantia contratual, faça uso dela, exigindo o
conserto no serviço autorizado sem nenhum custo adicional.
2 Se o fabricante não estiver identificável na embalagem, você pode procurar a loja onde
comprou o produto para fazer sua reclamação e exigir os seus direitos.
AVISO
Seus diretos baseiam-se no fato de que o produto foi usado com cuidado e guardado
em condições adequadas para a sua conservação de acordo com suas características.
Se, por exemplo, você guardou a faca elétrica num lugar úmido, ela pode ter
enferrujado, e você não vai poder reclamar por isso, porque foi você mesmo quem
gerou o defeito. Aí não se trata de um defeito de fabricação.
P Minha lava-louças nova funcionou por seis meses, depois alagou a cozinha,
estragando meu piso. O fornecedor concordou em consertar ou trocar a lavadora,
mas se recusa a pagar pelo piso, ele pode fazer isso?
R Não. Você tem direito ao conserto do produto e à indenização por danos materiais
diretamente causados em função do defeito de fabricação do produto. Você poderá
mover uma ação contra o fabricante da máquina de lavar louças (o responsável em
primeiro lugar é o fabricante) e, depois, contra a loja na qual você fez a compra (se
não for possível identificar o fabricante nos documentos que acompanharam o
produto).
Uma ação de indenização por danos materiais pode ser complicada e você vai
precisar da ajuda de um advogado especialista em defesa do consumidor.
PLANO DE AÇÃO
1 Tire fotos dos danos, junte o máximo de documentação que puder sobre o piso, como
orçamentos e cobranças pelo serviço de reparo, e toda e qualquer declaração escrita sobre a
causa do estrago. Por exemplo, se um bombeiro que você chamou para consertar o
vazamento puder dar um parecer por escrito sobre os motivos pelos quais o vazamento
ocorreu, ou explicar o que aconteceu, junte também esse documento.
2 Entre em contato com o fabricante da lava-louças e informe que você está ciente dos seus
direitos e que vai pedir uma indenização pela troca do piso.
3 Se o fabricante se recusar a aceitar que foi a lavadora que gerou o problema, envie a ele
uma reclamação por escrito, através de carta registrada, com aviso de recebimento. É bom
notificar os dois sobre o problema, mesmo se depois você só processar um deles.
4 Se você não conseguir uma solução diretamente com o fabricante ou com a loja, será
preciso entrar em contato com um advogado especialista em defesa do consumidor para
processar a loja e o fabricante.
TEMPO-LIMITE PARA PEDIR O CONSERTO, A TROCA OU O REEMBOLSO
SEUS DIREITOS
• Aceitar o produto sabendo que ele está com defeito e você perdeu o prazo legal para reclamar.
• O fornecedor provar que ele não tinha nenhum defeito ou que este ocorreu por culpa do
consumidor, por uso incorreto ou inadequado.
Se for poduto não durável, trinta dias. Se for durável, noventa dias. O prazo começa no dia da
compra ou entrega – se for defeito de fácil verificação –, ou no dia em que se manifestou o defeito
– se for de difícil verificação.
Com o fabricante (ou o comerciante, se o fabricante não puder ser identificado ou informado).
Bases legais
Receber indenização por danos materiais ou morais causados por produtos com
defeito. O valor será fixado judicialmente com base nos danos que forem
comprovados no processo.
• Contribuiu para os danos graças a ações tomadas durante uso do produto – uso incorreto ou
inadequado.
• O fornecedor provar que o defeito ou o dano não existia e que ele ocorreu por culpa do
consumidor.
Com o produtor, construtor, importador ou o fabricante (ou o comerciante, se nenhum dos outros
puder ser identificado ou informado).
Bases legais
Conservar qualquer produto deixado na sua casa e deixá-lo disponível para que a empresa possa
recolhê-lo, ou devolvê-lo à custa do fornecedor (sem gastos adicionais para você).
Bases legais
O vendedor não é responsável por defeitos decorrentes do uso contínuo, do desgaste natural do
produto, ou causados pelo próprio consumidor. O vendedor é responsável pelo produto que apresente
defeitos de fabricação surgidos após a compra. Isso vai depender do tempo que passou desde que
você comprou o produto, do tempo que ele deve durar sem apresentar defeito, e de como ele foi
manuseado. Se, por exemplo, você derrama café no seu DVD, deixa-o em local não arejado, sujeito a
altas temperaturas, ou não o manuseia com os devidos cuidados, o vendedor não será responsável
por defeitos que eventualmente aparecerem.
AVISO
Um processo por danos materiais causados por um produto defeituoso pode levar
um longo tempo para ser resolvido. Se os custos com a troca do piso puderem ser
cobertos por seu seguro residencial, você vai, provavelmente, perceber que esta é a
opção mais rápida e simples.
P Comprei uma cama elástica caríssima para fazer exercícios e só a usei uma vez,
mas uma das cordas parece estar rompendo-se. A vendedora recusa-se a me
reembolsar, trocar ou consertar a cama elástica, dizendo que esse tipo de dano no
produto é gerado pelo uso. Ela pode alegar isso?
R Não. Em primeiro lugar, você deve reclamar com o fabricante. Somente se ele não
for identificado é que você deverá reclamar com a loja. (Mas é muito comum
procurar a loja onde foi feita a compra, e muitas vezes eles resolvem o problema para
não perderem o cliente.)
O fabricante não pode alegar o desgaste do produto que somente foi usado uma
vez, ou que possua tão pouco tempo de uso, principalmente quando a peça que
apresenta o defeito é essencial ao funcionamento dele, e por isso deve ter uma
durabilidade mínima considerável. Lembre-se: produtos ou serviços colocados no
mercado devem apresentar uma qualidade razoável.
Você tem direito ao reparo do defeito do produto, ou seja, pode exigir a troca da
corda que apresenta o defeito de qualidade.
PLANO DE AÇÃO
1 Entre em contato com o fabricante, esclarecendo que a cama elástica não apresentou
qualidade satisfatória. Que deseja obter o conserto da corda que está se rompendo, ou a
troca do produto, ou o abatimento do preço – caso decida ficar com ela mesmo com o defeito
–, ou ainda o reembolso do valor pago mediante a devolução da cama elástica. Esteja de
posse da nota fiscal de compra, que indica quem é o fabricante, onde o produto foi adquirido
e em que data.
2 Você pode enviar para o fabricante uma reclamação por escrito, ou registrar a reclamação
por telefone, caso a empresa mantenha um serviço de atendimento ao cliente. Descreva o
ocorrido. A carta deve ser registrada, para que você fique com o comprovante de envio, e ter
o Aviso de Recebimento (A.R.) do correio. Ou anote o número do protocolo de atendimento
telefônico que deve ser informado pelo atendente.
3 Se não for atendido, você pode entrar em contato com o órgão de proteção e defesa do
consumidor de sua cidade visando à solução da questão. Dessa forma, o órgão poderá agir,
entrando em contato com o fornecedor, agendando uma audiência de conciliação entre você e
a loja, e cobrando do fornecedor uma explicação para a sua atitude, podendo aplicar
penalidades se ficar comprovado que ele agiu de forma ilegal.
R Não. Se o tamanho marcado na camiseta está errado, você está protegido pelo
Código de Defesa do Consumidor porque houve uma falha na especificação do
produto, ou seja, foi prestada uma informação errada sobre ele. Você deve levar a
camiseta à loja dentro do prazo legal, juntamente com a nota fiscal de compra, e
pedir a troca por outra camiseta no tamanho certo, ou, se não tiver mais, a troca por
outro produto semelhante, ou do mesmo preço. Em último caso, você tem direito ao
reembolso da quantia paga pela camiseta. Lembre-se de que você tem esse direito
garantido por lei.
Se você comprou o tamanho errado por engano mas a roupa estava corretamente
etiquetada, você não tem o direito de devolvê-la a menos que ela tenha algum
defeito, e a loja pode se negar a reembolsá-lo ou fazer uma troca.
P Comprei uma estante do tipo “monte você mesmo” e segui à risca as instruções
de montagem. No entanto ela está bamba e instável. O gerente da loja na qual fiz a
compra afirma que eu não devo ter juntado as partes da forma correta e que a loja
não é responsável por isso. Ele pode agir assim?
R Sim, caso não haja um defeito. O gerente da loja deve ser capaz de lhe apresentar
evidências de que a estante é perfeitamente funcional, provando que não há nada de
errado com ela nem com as instruções de montagem, e que o problema está na forma
como você a montou.
Contudo, se as instruções de montagem são incorretas ou incoerentes, mal
formuladas, conduzindo a erro, ou enganosas, então o produto apresenta um defeito.
As instruções fazem parte do produto. Se elas são incorretas, ou se de alguma forma
conduzem a erro, então elas não cumprem seu objetivo e você tem o direito de
reclamar e pedir orientação ao fabricante com relação à montagem do produto. Se
não houver indicação de quem seja o fabricante, ou um meio de contato com ele
(telefone, e-mail), é obrigação do vendedor (da loja) esclarecer as suas dúvidas.
Mas atenção: se estiver faltando alguma peça, ou se elas não têm o tamanho
adequado, tornando a montagem impossível, então há um defeito que precisa ser
reparado, e você tem direito de exigir o conserto, a troca da estante, ou o reembolso
do valor pago se alternativas anteriores não forem possíveis. Neste caso, é comum o
consumidor procurar a loja na qual fez a compra, mas o primeiro responsável é o
fabricante, é com ele que você deve entrar em contato primeiro.
Se o vendedor argumentar que você não tem direito ao reembolso porque já
montou a estante, caracterizando que você aceitou o produto, você pode explicar que
a montagem faz parte do procedimento de checagem da mercadoria, o qual é
previsto no contrato de compra, e que isso não caracteriza a aceitação do produto.
QUANDO ACEITAR CRÉDITO DA LOJA
Se você compra uma mercadoria que apresenta algum defeito, que não cumpre
os objetivos aos quais se destina originalmente, ou que foi descrita
incorretamente, a lei lhe permite exigir o conserto, a troca ou, em último caso, o
reembolso do valor pago. O comerciante não pode negar a você esse direito
garantido por lei.
Ele é obrigado a providenciar o conserto do produto, em até trinta dias, e se o conserto não for
possível ele é obrigado a fazer a troca. Se, por sua vez, a troca também não for possível, ele será
obrigado a efetuar o reembolso do valor pago mediante a devolução do produto.
Ele pode oferecer um crédito, no mesmo valor do produto, para que você o utilize na loja
comprando qualquer produto que deseje. Esta é uma forma alternativa de resolver o problema,
mas você não é obrigado a aceitar isso.
Verifique se esse crédito possui um prazo de validade para utilização, e garanta que este seja um
prazo razoável.
Se você comete um erro na escolha da cor ou do tamanho de uma mercadoria referente a peças
de vestuário, o comerciante não é obrigado a reembolsá-lo e nem a trocar a peça, mas ele pode,
dependendo da sua boa vontade, oferecer-lhe uma nota de crédito para aquisição de produtos no
mesmo valor daquele que você comprou errado.
SE AS COISAS DÃO ERRADO
Se você compra alguma coisa e algo sai errado, o produto não funciona, não
combina com o que você pediu, vaza, quebra, parte-se, causa qualquer tipo de
dano, você tem direito a reclamar. Recolha as evidências, decida o que você quer
fazer, depois verifique as opções e tome a providência apropriada.
JUNTE OS FATOS
Aja prontamente Você pode perder seus direitos se expirarem os prazos de garantia legal ou
contratual.
Não use a mercadoria defeituosa Não tente consertar a mercadoria por conta própria. Se
possível, recoloque o item na sua embalagem original e retorne à loja para exigir o conserto ou
a troca, ou informe ao comerciante que a mercadoria está disponível para ser retirada na sua
casa.
São opções:
PLANO DE AÇÃO
1 Diga ao bombeiro que o preço não lhe parece razoável. Ele poderá dar uma explicação
(por exemplo, se um acessório caro foi necessário), ou poderá considerar uma redução no
preço.
2 Se você não está satisfeito com a resposta do bombeiro, deve tentar descobrir qual seria o
preço justo para o serviço, solicitando orçamentos de outros profissionais. Se o preço cobrado
por eles for bem mais baixo, considera-se que o bombeiro não fez um preço razoável. Você
pode pagar-lhe o valor que acha justo, retendo a parcela que ultrapassa o montante cobrado
por outros profissionais, mas terá de sustentar esse procedimento caso o bombeiro o leve à
Justiça.
4 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial cabível no caso.
AVISO
Se você deseja estar certo do preço de um determinado serviço, deve solicitar um
orçamento por escrito antes de contratar o trabalho. Isso ajuda a evitar surpresas
desagradáveis. No entanto, uma vez que concorde com o preço, não poderá contestá-
lo depois.
Pagamento a marceneiro
PLANO DE AÇÃO
1 Entre em contato com o marceneiro e explique que você não ficou satisfeito com o serviço e
por quê. Estipule um prazo para que ele conserte o defeito, e uma data para a resposta.
2 Caso o marceneiro não concorde, você poderá tentar uma ação legal para receber a
compensação. Você necessitará de, pelo menos, dois orçamentos formais para o conserto do
serviço defeituoso. Você também pode solicitar um relatório de um especialista para
demonstrar que o serviço não está dentro do padrão. Irá ajudar se você tiver uma evidência
escrita de que a colocação devida da dobradiça era parte do serviço acordado.
4 Caso não obtenha uma solução satisfatória, procure os órgãos de proteção e defesa do
consumidor para obter aconselhamento, registrar uma reclamação e resolver o problema.
5 Se, ainda assim, o problema não for solucionado, você pode recorrer à Justiça para propor
a ação judicial cabível no caso.
Subempreitada
R Não. Geralmente, quando você contrata uma firma para executar um determinado
serviço de forma global, esse serviço envolverá profissionais diferentes. Nesse caso, o
contratado principal é o responsável por todo o trabalho que está sendo
desenvolvido, incluindo os demais profissionais e serviços por ele contratados ou
“subempreitados”.
REGRA DE OURO
Evite pagar os serviços de uma só vez, a menos que haja um desconto vantajoso para o pagamento à
vista (pelo menos 10% de desconto) e sempre exija recibo dos valores pagos. Além disso, sempre
peça o endereço do prestador do serviço e seu CPF ou CNJP: esses dados são essenciais caso você
precise cobrar algo na Justiça.
PLANO DE AÇÃO
1 Diga ao empreiteiro que ele é o principal responsável pelo trabalho feito em sua cozinha e
que o ladrilho tem qualidade insatisfatória ou está defeituoso. Explique que você poderia lhe
dar a oportunidade de solucionar o problema. Sugira um tempo razoável para que isso
aconteça.
2 Se você não obtiver uma resposta satisfatória do empreiteiro, obtenha orçamentos de duas
ou três firmas.
3 Diga ao empreiteiro que o fato de o serviço não ter sido executado de forma satisfatória e
hábil implica uma rescisão contratual, e que você pode: a) Reter, do total de honorários do
serviço, o valor referente à recolocação dos ladrilhos; b) Pagar o serviço em sua totalidade e
contratar outro profissional que possa efetuar o trabalho, remetendo ao empreiteiro inicial a
fatura respectiva.
R Sim. A lei declara que você tem direito à restituição da quantia no caso de o
eletricista não completar o serviço, ou de não tê-lo sequer iniciado. Na prática, você
terá oportunidade de obter seu dinheiro de volta se tiver como localizar o
profissional, ou se ele ainda fizer regularmente serviços na sua redondeza.
PLANO DE AÇÃO
2 Caso o profissional seja autônomo, tente contatá-lo. Pergunte quando ele planeja começar
o trabalho e estipule um prazo final razoável para que ele possa completar o serviço. Diga
que, se o trabalho não for realizado dentro desse período, você irá cancelar o contrato pelo
descumprimento por parte dele, e irá requerer seu dinheiro de volta. Isso lhe dará o respaldo
legal de que necessita para que mais tarde possa entrar com uma ação contra ele na Justiça.
3 É muito importante que você tenha o recibo dos eventuais valores pagos. Caso tenha dado
algum cheque ao prestador de serviço, poderá sustá-lo, indicando como justificativa o
descumprimento contratual.
4 Caso o problema não seja resolvido e ainda existam valores a serem restituídos, procure
os órgãos de proteção e defesa do consumidor para resolver a questão.
5 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial cabível no caso.
R Em regra, sim, o que não quer dizer que ele obterá sucesso. Aliás, para falar a
verdade, ele terá poucas chances. Se ele o processar, você poderá contrapor a ação. Se
nenhum prazo para o início da execução do serviço tiver sido estipulado no contrato,
a legislação declara que o trabalho deve ser iniciado dentro de um prazo razoável.
Não existe, entretanto, regra específica nesse caso. Portanto, em uma disputa, o juiz é
quem irá decidir.
Para processar você, o carpinteiro teria de provar que uma demora de nove meses
para começar o trabalho é bem razoável, o que obviamente não é. Além disso, você
pode argumentar em juízo que, em função da demora excessiva do profissional para
iniciar o trabalho, ocorreu o descumprimento contratual por parte do prestador de
serviço. Só este motivo já lhe daria direito a rescindir o contrato sem nenhum ônus.
Seria o caso até de considerar a cobrança de uma multa por conta do atraso excessivo.
Em vez de deixar as coisas serem resolvidas por si sós, a melhor atitude é impor
um prazo para o início de um serviço assim que contratar um profissional. Você
poderá estipular tal prazo, que deverá constar num simples documento escrito.
REGRAS BÁSICAS DE PROCEDIMENTO
Ao contratar qualquer serviço, procure se ater a regras básicas de procedimento. Assim, você pode
evitar problemas mais graves que irão causar futuros aborrecimentos.
1 Para qualquer serviço, sempre contrate firmas especializadas, que estejam há algum
tempo no mercado e que sejam conceituadas.
3 Prefira sempre contratos por escrito, mesmo que o serviço não seja muito extenso ou
complexo. Peça ao prestador de serviço que discrimine tudo o que vai ser executado e
quais as peças a serem adquiridas e utilizadas.
4 Se, na execução de qualquer serviço, surgirem problemas, esteja certo de que existem
organizações e conselhos regionais dos profissionais que atuam no mercado, e essas
instituições podem solucionar os problemas sem que você precise recorrer à Justiça.
O QUE FAZER PARA TER UM BOM TRABALHO REALIZADO
Há uma série de precauções e dicas simples que você deve seguir para se resguardar de futuros
problemas e ter um melhor serviço prestado. Essas dicas estão relacionadas a serviços de construção,
reforma, decoração ou consertos em geral.
Selecione um profissional do ramo que tenha sido recomendado por algum amigo e
obtenha dele outras referências de trabalhos já realizados.
Se for possível, escolha alguém que seja membro de alguma associação ou conselho
profissional.
Antes de fechar um contrato, consiga pelo menos três orçamentos.
Verifique se os orçamentos incluem especificações precisas sobre os utensílios e materiais a
serem usados. Isso evita surpresas futuras indesejáveis.
Certifique-se de que o orçamento seja exato, claro, simples, e abranja todo o serviço e
material a ser usado. Assim, legalmente, você não fica obrigado a pagar mais nada depois
de concluído o serviço.
Especifique um tempo para o início e o término do trabalho, mas lembre-se de que o
próprio profissional tem o direito de estipular o tempo de duração do serviço para obter os
melhores resultados.
Tenha um contrato escrito sobre o serviço principal a ser executado.
Evite o pagamento em espécie, prefira o uso de cheques ou do cartão de crédito. Se preferir
o dinheiro, sempre emita recibo ao fazer o pagamento.
Exija sempre a nota fiscal de serviços, que pode ser emitida pelo profissional autônomo ou
pela empresa prestadora do serviço. Caso seja emitida pelo próprio profissional, certifique-
se de que conste o nome e o endereço dele. Na nota fiscal emitida pela empresa devem
constar, entre outras informações, a razão social da firma e o número do CNPJ da empresa
na Receita Federal.
Antes de contratar, pergunte o prazo de garantia do serviço, que segundo a legislação é,
em regra, de noventa dias. Há também a garantia contratual que conta a partir da garantia
legal.
Verifique se a empresa oferece algum seguro em caso de acidentes que gerem prejuízos no
seu lar, em utensílios ou na propriedade do vizinho. Mesmo não havendo, qualquer
prejuízo advindo da culpa exclusiva do fornecedor deve ser reparado.
Dependendo da extensão ou periculosidade da obra ou reforma a ser executada, o seguro
da firma prestadora de serviços contra acidentes ou prejuízos deve ser analisado com
cuidado.
O QUE DEVE SER EVITADO
Empregar qualquer profissional que não tenha um endereço de trabalho certo e fixo, e um
telefone que nunca funciona.
Permitir que você seja pressionado por um profissional a aceitar um serviço que não deseja
ver executado.
Concordar com um serviço extra além do serviço original contratado, a menos que você
tenha certeza de que sua realização é estritamente necessária.
ACEITANDO UM CONTRATO
Um contrato pode ser escrito ou verbal, ou em ambas as formas. Tanto a forma escrita quanto
a forma verbal estão previstas em lei, embora um contrato escrito torne mais fácil a
constatação do que foi acordado ou aceito por ambas as partes.
Um contrato escrito
É sempre bom que você tenha um contrato escrito especificando o que está sendo acordado no
serviço, para que ambas as partes estejam cientes de seus direitos e obrigações. Não há a
necessidade de que seja um documento formal, embora seja importante a assinatura de ambos
e a data em que foi celebrado. Após assinado, cada um deve ficar com uma cópia.
Quando você contratar alguém para fazer um trabalho, tenha cuidado com:
Os profissionais que cobram o serviço por dia. Observe se eles chegam atrasados, se fazem
longos intervalos ou se saem mais cedo.
Os profissionais que saem no meio do trabalho para comprar ou obter materiais para o
serviço, e acabam por ficar fora durante muito tempo.
Visitas de pessoas estranhas à sua residência, sem qualquer supervisão, no caso de ter
permitido ao profissional acesso à sua casa, mesmo estando você ausente.
Os problemas “descobertos” pelo prestador de serviço durante o trabalho em sua casa.
Normalmente devem ser alvo de suspeitas, especialmente se você verificar que o defeito
não tem relação com o serviço que está sendo feito (isso é comum entre profissionais
inescrupulosos, que exageram ou até mesmo criam novos problemas para onerar ainda
mais o serviço).
O superfaturamento nos materiais (cobrando de você uma quantia muito acima do valor de
mercado, e ainda uma taxa para poder buscar o material).
A baixa qualidade nos materiais. Alguns prestadores podem comprar esse tipo de material
e ainda cobrar como sendo o mais caro e confiável no mercado.
O trabalho extra não autorizado pelo contratante e cobrado pelo contratado.
TENHA CUIDADO COM O PROFISSIONAL QUE:
Sugere a necessidade de itens ou materiais extras, ou procedimentos que outros orçamentos não
tenham mencionado.
Diz ter encontrado sérios problemas na sua propriedade, não tendo nenhuma relação com o
serviço em questão.
Fala sobre a dificuldade de se executar um trabalho honesto.
Pede um adiantamento mesmo não sabendo ao certo que serviço irá executar.
Faz promessas verbais sobre aquilo com que você não concorda em determinada especificação do
contrato.
PLANO DE AÇÃO
1 Entre em contato com o carpinteiro e diga que você deseja que o trabalho seja iniciado o
mais breve possível. Estipule um prazo razoável para o início e para o término do serviço.
Para este segundo prazo, você deve ouvir a opinião do profissional. Por fim, diga que, se o
trabalho não for iniciado nesse período, o pedido e o contrato serão cancelados, sem nenhum
ônus para você.
2 Uma vez que o profissional ultrapasse o prazo para finalizar o serviço, você poderá
cancelar o contrato, declarando para tanto que a razão está no atraso da entrega do trabalho
no tempo estipulado.
3 A partir daí, você poderá obter estimativas de outros profissionais e contratar outro.
Peças substituídas sem aprovação
R Não, se o tipo de portas que você encomendou tiver sido especificado no acordo
original. Quando os materiais são fornecidos como parte de um serviço, eles devem
estar de acordo com a descrição dada no momento da contratação, assim como ser de
qualidade satisfatória e ainda se adequar ao propósito a que se destinam. Dessa
forma, você tem o direito de exigir que se coloquem as portas de sua escolha, e não as
que foram instaladas pelo profissional à sua revelia.
PLANO DE AÇÃO
1 Entre em contato com o gerente da firma e relate o que ocorreu. Diga que as portas não
eram aquelas que você havia escolhido, e exija que se instale o material descrito no momento
em que o contrato foi firmado com a empresa. Peça ao profissional que substitua as portas
por aquelas especificadas.
2 Se o pagamento não tiver sido efetuado integralmente, e após a firma ter tido
conhecimento do fato nada for resolvido, você poderá reter parte do pagamento pelo armário
do banheiro até que as portas corretas tenham sido instaladas.
3 Se as portas que você escolheu não estão disponíveis, você tem o direito de optar por um
tipo equivalente ou solicitar uma compensação monetária, caso a ofertada seja mais barata.
4 Caso a firma não tome as devidas providências, você deverá procurar os órgãos de
proteção e defesa do consumidor para obter aconselhamento, registrar uma reclamação e
resolver o problema.
5 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial cabível no caso.
P Mandei instalar uma nova máquina de lavar e, na primeira vez que a usei, a
cozinha ficou toda inundada, causando uma infiltração no teto do apartamento
abaixo do meu. A empresa contratada para fazer a instalação consertou o
vazamento e me ofereceu uma pequena quantia a título de indenização. O gerente,
entretanto, alega que a empresa não é responsável pelo prejuízo causado no
apartamento vizinho. Ele pode fazer isso?
R Não. Sua máquina de lavar deveria ter sido instalada com o devido cuidado e
habilidade, e quaisquer materiais utilizados deveriam ser de qualidade satisfatória
para evitar que ocorresse o vazamento.
A companhia que instalou a máquina de lavar é inteiramente responsável por
quaisquer danos resultantes de sua falha e culpa no serviço, incluindo a reparação de
danos causados a terceiros.
PLANO DE AÇÃO
1 Peça a seu vizinho que obtenha dois ou três orçamentos fixos (não apenas uma estimativa)
para consertar a infiltração no teto e qualquer outro dano decorrente dela.
2 Escreva ao gerente da empresa salientando que foi a má prestação do serviço que gerou
danos ao contratante e a terceiros. Anexe os orçamentos obtidos e solicite à empresa que, na
compensação que fará a você, adicione os custos para reparo dos danos causados à
propriedade do vizinho.
3 Se você não obtiver uma resposta satisfatória da firma, procure os órgãos de proteção e
defesa do consumidor para obter aconselhamento, registrar uma reclamação e resolver o
problema.
4 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial cabível no caso.
Garantia inútil
PLANO DE AÇÃO
1 Entre em contato com o gerente da nova empresa, por telefone ou por carta. Relate o fato,
esclarecendo que, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, a garantia contratual
deve ser cumprida pela nova empresa especializada, uma vez que ela tem o mesmo objeto
social da antiga e pelo fato de não ter sido decretada a falência da antiga empresa. Diga ao
gerente que você deseja que o serviço seja refeito e que o problema seja reparado.
2 Caso você não obtenha uma resposta favorável, procure os órgãos de proteção e defesa do
consumidor para resolver o problema.
3 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial.
R Não. Apesar de você não ter um acordo definido com a empresa prestadora de
serviço, a lei entende que toda publicidade deve ser considerada parte integrante do
contrato, mesmo que o serviço ainda não tenha sido iniciado. Se o anúncio se refere à
lavagem e limpeza de um carpete similar ao seu por um determinado preço, o
anúncio vincula o contrato e deve ser cumprido nos termos em que foi apresentado.
Mesmo que a empresa afirme que o anúncio estava desatualizado, a cobrança
deve ser feita de acordo com o que estava na propaganda. A empresa só tem o direito
de não cumprir o anunciado se provar que a oferta não se referia ao serviço que você
está contratando. Por exemplo, se o tapete do anúncio for menor que o seu, ou se a
limpeza anunciada é do tipo simples e você deseja uma operação mais completa.
Dessa forma, não existe a propaganda enganosa. No caso de o anúncio ser enganoso,
e de o prestador de serviços se recusar ao cumprimento da oferta ou publicidade,
você poderá:
PLANO DE AÇÃO
1 Se você recebeu o anúncio em algum tipo de prospecto ou, ainda, se o viu publicado em
algum jornal ou revista, guarde-o e o apresente ao gerente da empresa, informando os
termos do anúncio e alegando que você tem direito ao cumprimento do que estava
anunciado.
2 Caso você não receba uma resposta favorável, procure os órgãos de proteção e defesa do
consumidor para obter aconselhamento, registrar uma reclamação e resolver o problema.
3 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial.
P Aluguei uma serra. Ao usá-la, verifiquei que uma lâmina estava defeituosa, o
que acabou por arruinar uma peça valiosa de madeira de lei na qual eu estava
trabalhando. O fornecedor se recusa a tomar qualquer atitude, negando sua
responsabilidade. Ele pode sair desta assim?
De acordo com a lei, os seus direitos no aluguel de ferramentas ou equipamentos são os mesmos
que aqueles adquiridos caso você os tivesse comprado. Os equipamentos devem ser de qualidade
satisfatória, adequar-se aos seus propósitos e se encaixar em sua descrição.
PLANO DE AÇÃO
1 Entre em contato com o gerente da empresa que alugou a ferramenta. Relate o fato,
declarando ainda que a empresa forneceu uma ferramenta defeituosa, e que por sorte não
ocorreu nenhum dano à saúde de nenhum usuário da máquina. Dessa forma, a empresa fica
responsável pelos danos e prejuízos decorrentes da má qualidade e do defeito do produto
alugado. Tal compensação seria a restituição da quantia paga e o custo para a reposição da
peça danificada pela ferramenta do fornecedor. Dê ao gerente duas semanas para tomar as
providências.
2 Se você não receber uma resposta satisfatória, ou a empresa não tomar nenhuma
providência nesse prazo, procure os órgãos de proteção e defesa do consumidor para resolver
o problema.
3 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial.
AVISO
Embora as lojas que fornecem ferramentas para aluguel sejam responsáveis em
garantir que tais produtos são seguros na utilização e não apresentam risco, os
usuários desses produtos também têm sua parcela de responsabilidade, que reside na
correta utilização e atenção rigorosa às instruções de segurança. Muitos acidentes
envolvendo ferramentas perigosas ocorrem em função do uso impróprio ou por falha
na atenção às regras de segurança.
Preço alto para conserto
R Sim. Se você relata que deixou seu relógio para consertar, pressupõe-se que já
havia contratado o valor do serviço. O melhor momento para negociar esse valor
seria quando você deixou seu relógio na loja. Já tendo sido realizado o serviço, até lhe
cabe o direito de negociação, mas nunca de se recusar a pagar o que foi estipulado.
Você precisará ter uma justificativa suficientemente razoável para se recusar a pagar
o conserto, caso contrário, quem estará descumprindo o contrato será você e não o
prestador de serviço, o que dará à loja o direito de cobrar judicialmente tal valor.
No entanto, se não houve estipulação de valor no início, mesmo que você tenha
solicitado, a situação se modifica. Por exemplo, se o prestador tiver se recusado a
fazer um orçamento antes do início dos trabalhos, alegando que só teria noção do
valor do serviço quando abrisse o relógio e fizesse alguns testes. Se ele não lhe
informou o preço nem lhe pediu a devida autorização, você poderá contestar o valor
do serviço caso ele seja superfaturado, ou demasiado alto. E, se você tiver aceitado
que o serviço fosse feito sem a informação do orçamento (valor contratual), ambas as
partes agiram erradamente, sendo o problema resolvido se o preço cobrado estiver
de acordo com o praticado no mercado.
PLANO DE AÇÃO
1 Volte à loja e converse com o gerente. Se o valor do serviço já tiver sido ajustado, tente
negociar um preço razoável pelo reparo.
2 Se vocês não chegarem a um acordo sobre o preço e você desejar continuar a contestar o
valor, pague a conta para obter o relógio de volta e escreva no verso do cheque ou do recibo
de pagamento que você está pagando sob protesto.
4 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial cabível no caso.
R Sim. Se a sola do sapato não durou três semanas, como você disse, esta é a prova
de que o serviço foi malfeito, ou que o produto utilizado (solado) é de péssima
qualidade. Numa ou noutra situação, o sapateiro tem total responsabilidade. O
serviço deveria ter sido realizado de forma hábil e profissional. Os materiais
utilizados devem ser de qualidade satisfatória para cumprir o objetivo a que se
destinam.
Vale lembrar que seus direitos se aplicam unicamente se você utiliza seus sapatos
de uma forma convencional. O mau uso exime e exclui a responsabilidade do
fornecedor de serviços. Por exemplo, se você usou um sapato social para uma partida
de futebol, para longas caminhadas ou o expôs a um calor extremo.
PLANO DE AÇÃO
1 Leve os sapatos de volta ao sapateiro, relate o fato e esclareça que, de acordo com o
Código de Proteção e Defesa do Consumidor, você tem direito à substituição do solado, ou até
mesmo do salto (se já estiver descolando), sem nenhum ônus. Explique também que você
utilizou os sapatos de forma prudente e convencional, e que o serviço não foi realizado com o
razoável profissionalismo e a habilidade exigidos por lei, bem como o solado utilizado na
troca é provavelmente de baixa qualidade. Diga que três semanas de vida útil para um
solado é absurdamente inferior ao tempo de duração média de qualquer solado de
qualidade. O prazo legal de garantia é em regra de noventa dias, e existem sapatos e
solados que duram até dez anos.
2 Se você não receber uma resposta satisfatória, ou a empresa não tomar nenhuma
providência, procure os órgãos de proteção e defesa do consumidor para obter
aconselhamento, registrar uma reclamação e resolver o problema.
3 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial cabível no caso.
REGRA DE OURO
No caso de a sua camisa ter um valor sentimental particular, e não ser possível encontrar nada
parecido para reposição, estamos diante de um valor inestimável. Dessa forma, a compensação
poderá ultrapassar os valores normais de uma camisa comum, saindo o caso da esfera do dano
patrimonial para o dano moral, emocional. Antes de prosseguir com qualquer espécie de reparo ou
conserto de uma peça muito cara ou de valor pessoal inestimável, obtenha sempre um orçamento
por escrito, contendo o máximo de especificações do serviço a ser realizado.
P Coloquei uma camisa de seda na lavanderia para lavagem a seco. Quando fui
retirá-la, percebi que estava completamente danificada. O gerente do
estabelecimento me apontou um aviso na loja que dizia: “Não nos
responsabilizamos por extravios e prejuízos causados pelas máquinas às roupas.”
Ele pode fazer isso?
PLANO DE AÇÃO
1 Leve a camisa de volta à lavanderia e peça para falar com o gerente. Relate o fato,
esclarecendo que, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, todos os serviços devem
ser prestados com profissionalismo, cuidado, habilidade, presteza e adequação. Tendo
ocorrido o dano à sua camisa, isso prova que a lavanderia não atentou para esses princípios
e que ela tem ampla responsabilidade pelos prejuízos causados. Dessa forma, você tem
direito a uma camisa nova nas mesmas características da sua e, se isso não for possível, ao
reembolso do valor atual de uma camisa similar.
2 Se você não ficar satisfeito com a proposta ou o valor oferecido, escreva ao gerente
explicando e relatando os fatos, dando a ele mais uma oportunidade de oferecer o que lhe é
de direito. Peça o Aviso de Recebimento dessa carta.
3 Se, mesmo assim, você não obtiver uma resposta satisfatória ou a empresa não tomar
nenhuma providência, você deverá procurar os órgãos de proteção e defesa do consumidor
para obter aconselhamento, registrar uma reclamação e resolver o problema.
4 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial cabível no caso.
AVISO
Você não tem os mesmos direitos a uma compensação se, ao deixar a camisa na
lavanderia, o funcionário lhe avisou dos danos que ela poderia sofrer ao ser lavada, e
mesmo assim você aceitou.
Filme extraviado
PLANO DE AÇÃO
1 Escreva um e-mail ou carta ao fotógrafo relatando o fato. Diga que as fotografias tinham
um grande valor sentimental e que você gostaria de receber uma compensação proporcional
à perda e ao desapontamento sofridos em função do ocorrido.
3 Se o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a ação judicial
cabível no caso.
P Fui ao cabeleireiro fazer um alisamento muito caro. Alguns dias depois, notei
que meu cabelo começou a cair aos tufos. Quando fui me queixar com o
cabeleireiro, ele me disse que poderia apenas me oferecer um novo serviço, não
podendo efetuar a restituição do meu dinheiro. Ele pode fazer isso?
PLANO DE AÇÃO
1 Tire fotografias de seu cabelo para evidenciar que o alisamento ficou insatisfatório. Essas
fotos serão necessárias para uma eventual ação na Justiça, caso a sua reclamação não seja
resolvida rápida e amigavelmente.
2 Volte ao cabeleireiro e mostre o estado do seu cabelo. Esclareça que, se o cabeleireiro não
pode retificar todo o prejuízo causado (o que é muito difícil de acontecer), você gostaria da
restituição da quantia paga. Também pergunte sobre a procedência dos produtos aplicados
no seu cabelo.
3 Se o cabeleireiro não puder solucionar o problema, isto é, retificar todo o prejuízo, e ainda
se recusar a lhe restituir o dinheiro pago pelo serviço, procure a opinião de um
dermatologista e outro cabeleireiro sobre o acontecido e pergunte se há algo que possa ser
feito para reparar o prejuízo causado ao seu cabelo. Se isso for possível, você tem o direito de
cobrar do cabeleireiro original a compensação pelo gasto feito para solucionar o problema.
Caso o dermatologista e o cabeleireiro digam que não há como reparar o problema, você
deverá exigir a restituição da quantia paga.
4 Se não houver nada que possa solucionar o problema do seu cabelo, até que ele cresça
novamente, procure os órgãos de proteção e defesa do consumidor para resolver o problema.
5 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial. Nesse caso, uma ação contra o cabeleireiro e o salão de beleza, para exigir seu
dinheiro de volta e uma eventual compensação pelos prejuízos sofridos.
Aceitando contrato de adesão
R Sim. Se você assinou um contrato de adesão, quer dizer que estava concordando
com todas as cláusulas e condições nele previstas. O contrato de adesão é feito
somente por uma das partes e normalmente já está pronto, não podendo a outra
parte discuti-lo, apenas ingressar nele. Além disso, a previsão de multa rescisória
contratual não é abusiva e está prevista em lei. Isso porque, quando você assina um
contrato com alguém, presume-se que você e a outra parte querem (manifestação de
vontade) cumpri-lo, até o fim.
Se há desistência de uma das partes, ocorre uma espécie de decepção, de
expectativa frustrada. Legalmente, a empresa tem direito a cobrar uma multa. Até
porque, quando você se inscreveu e contratou o curso, ocupou a vaga de outro aluno.
Sua desistência pode vir a causar um prejuízo à empresa.
Vale lembrar que o momento da contratação é muito importante. Se não lhe foi
dada a oportunidade de conhecer o conteúdo do contrato que assinava, ou, ainda, se
o vendedor lhe garantiu que não haveria nenhum ônus para você no caso de
desistência, o contrato pode ser questionado em função da propaganda e venda
enganosas. Importante também é identificar o motivo da desistência, que pode ser
desde um motivo fútil até um motivo fortuito e de força maior.
P Tem havido vários cortes de energia em minha casa, o que me deixa sem
eletricidade por longos períodos. A gota d’água de todos esses tormentos ocorreu
na semana passada, quando tive de jogar fora toda a comida armazenada no
congelador. Posso exigir uma compensação da companhia de eletricidade?
Para evitar uma eventual cobrança realizada por estimativa de leitura do medidor, sempre cheque e
analise a sua fatura mensal, verificando se o contador na fatura de cobrança confere com o contador
do medidor. Em caso de dúvida, solicite a visita de um técnico da concessionária para explicar como
é realizado o procedimento de leitura do medidor. Você tem direito a isso.
PLANO DE AÇÃO
3 Se você não receber uma resposta satisfatória da Aneel, procure os órgãos de proteção e
defesa do consumidor para obter aconselhamento, registrar uma reclamação e resolver o
problema.
4 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial cabível no caso.
A AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA tem como atribuições regular e fiscalizar a
geração, a transmissão, a distribuição e a comercialização da energia elétrica, atendendo a
reclamações de agentes e consumidores com equilíbrio entre as partes e em benefício da sociedade;
mediar os conflitos de interesses entre os agentes do setor elétrico e entre estes e o consumidor;
conceder, permitir e autorizar instalações e serviços de energia; garantir tarifas justas; zelar pela
qualidade do serviço; exigir investimentos; estimular a competição entre os operadores e assegurar a
universalização dos serviços.
A missão da Aneel é proporcionar condições favoráveis para que o mercado de energia elétrica se
desenvolva com equilíbrio entre os agentes e em benefício da sociedade.
AVISO
1 Existe outra reclamação muito comum entre os consumidores de energia elétrica. É
o chamado “pico de luz”. O pico de luz é, em regra, uma descarga maior ou menor
nas instalações elétricas de uma unidade consumidora. Tal evento ocorre ou por
alguma intempérie natural, como uma tempestade, ou por falha no sistema
operacional da companhia de energia elétrica. Este fato pode danificar e até mesmo
inutilizar quaisquer aparelhos que estejam na rede elétrica. Para tanto, o
procedimento de compensação junto à empresa é o mesmo. Vale sempre lembrar
que, em casos como este, é essencial colher provas que possam sustentar suas
alegações.
P Mudei-me para meu apartamento há 18 meses e, desde então, nunca recebi uma
só conta de luz, mesmo tendo solicitado várias vezes. Agora recebi uma conta no
valor de R$ 1.500,00. A companhia de eletricidade exige que eu pague de uma só
vez esse valor e ameaça cortar o fornecimento caso o pagamento não aconteça. Eles
podem fazer isso?
R Não. E você tem meios até mesmo de acionar judicialmente a empresa por conta
dessa ameaça. A lei que regula os serviços de energia elétrica diz que a companhia
deve enviar mensalmente a fatura de cobrança de fornecimento de energia. O dever
de regularidade do envio da conta é do prestador de serviço, e não do consumidor.
Obviamente, é razoável e até aconselhável que você efetue as devidas solicitações
de envio de sua fatura de cobrança mensal. Não se desespere, entretanto, se a conta
não chegar. Mês a mês, proceda à sua reclamação sobre a fatura, anotando o dia, a
hora e o número de solicitação. A empresa deve lhe oferecer meios de pagar a dívida
de forma economicamente viável.
O mínimo que se espera é que a empresa divida esse débito em tantas parcelas
quantos foram os meses referentes às cobranças. Se você deve à empresa 18 meses, a
concessionária deve parcelar a dívida em 18 prestações mensais, sem juros e
consecutivas, que podem ou não vir aglutinadas em suas futuras contas mensais.
As diretrizes de boa prática no fornecimento de energia elétrica nos sugerem que,
quando o fornecedor está em falta, não enviando regularmente a conta de luz por um
longo período, a empresa poderá reduzir o débito ou, ainda, desconsiderá-lo.
PLANO DE AÇÃO
2 Se você não receber uma resposta positiva da concessionária, imprima uma cópia da sua
carta e envie à Aneel, informando que deseja registrar uma reclamação contra a empresa. A
Aneel vai proceder à apuração de sua reclamação e apresentar um resultado, que, se
positivo, será a mediação e o acordo do parcelamento do débito de forma economicamente
viável, sem nenhum acréscimo de encargos, ônus ou restrições.
4 Se o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a ação judicial
cabível no caso.
P Estive viajando durante quatro meses e, quando voltei, percebi que o valor das
minhas contas de luz não diminuiu em nada, mantendo-se na média mensal do
meu consumo. Entrei em contato com a concessionária para contestar essas contas,
mas a empresa me informou que a leitura do medidor é feita a partir de dados
obtidos do chamado “relógio” da minha casa, e que eu devo pagar as contas. Eles
podem fazer isso?
R Sim, mas isso não acontecerá imediatamente. Se você insistir em não pagar a
conta, a concessionária poderá efetuar o corte, isto é, a suspensão no fornecimento
dos serviços. O prazo para o corte de energia é de 15 dias a contar do prévio aviso
formal de inadimplência ao consumidor. Em regra, o aviso de corte vem impresso na
conta subsequente àquela não paga.
Entre em contato com a concessionária tão logo seja possível, para indagar a
respeito da possibilidade de parcelamento da conta. Normalmente, consta o número
do serviço de atendimento ao consumidor no verso da fatura de cobrança.
A empresa tem o direito ao recebimento do valor em atraso, porém, segundo as
normas de bom procedimento e razoabilidade nas relações de consumo, elas sempre
indicam que é possível parcelar a conta no caso de inadimplência. Nesse caso, o valor
a ser parcelado seria incorporado às contas futuras, mês a mês. Vale frisar que a
negociação de dívidas, com o consequente contrato de parcelamento, está sujeita a
juros, que não podem exceder os patamares dos juros legais (2% ao mês). As
concessionárias, em sua maioria, estão dispostas a oferecer conselhos e orientações
sobre como reduzir e economizar os gastos com energia, evitando, assim, os valores
altos e a consequente inadimplência da conta.
Entre em contato com a Aneel caso você não esteja satisfeito com o procedimento
da concessionária de energia. Lá você obterá orientação e esclarecimentos mais
detalhados.
R Sim. Insista em que a empresa deve sanar o problema mandando refazer o serviço.
Esclareça que, no seu caso, ocorreu uma má prestação de serviços, e que por isso a
empresa fica responsável por refazê-lo, sem qualquer ônus para o cliente, ou ainda
por devolver a quantia paga pelo consumidor.
PLANO DE AÇÃO
1 Entre em contato com a empresa prestadora de serviços, por telefone ou por meio de uma
carta. Explique e relate os fatos, descrevendo o problema. Estipule um prazo para que a
empresa retorne à sua casa e tente solucionar o problema. Caso a empresa não consiga
solucionar o problema numa segunda tentativa, você poderá requerer seu dinheiro de volta,
ou contratar uma nova empresa habilitada a prestar o serviço a contento. As despesas por
este novo serviço deverão ficar a cargo da primeira prestadora de serviços. Antes de contratar
uma nova firma para execução dos serviços, obtenha três orçamentos e opte pelo mais em
conta.
2 Se você não obtiver uma resposta satisfatória, procure os órgãos de proteção e defesa do
consumidor para obter aconselhamento, registrar uma reclamação e resolver o problema.
3 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial.
Instalador de gás não aparece
R Sim, em tese. De acordo com a legislação civil, qualquer um que cause prejuízo a
outrem fica obrigado a indenizar por perdas e danos. Mas veja bem: a premissa da
obrigação de indenizar é cheia de nuances. Cada caso é um caso, e na maioria das
vezes esse tipo de problema só é resolvido na Justiça. Se seu dia de trabalho perdido
não lhe causou um prejuízo considerável e, ainda, de fácil comprovação, o mais
aconselhável seria remarcar uma nova data, de preferência no fim de semana, para
receber o profissional.
Se os compromissos marcados pela empresa continuarem a falhar, saindo da
esfera do razoável, aí, sim, você terá mais chances de conseguir da empresa uma
indenização por perdas e danos. Não existe uma delimitação muito clara do que é
razoável, por isso a dificuldade da questão. Se você trabalha como autônomo, ou
mesmo empregado, poderá calcular mais ou menos de quanto foi o seu prejuízo por
perder, por exemplo, três dias de trabalho. Vale lembrar que é necessária a prova dos
danos sofridos, e que não só os prejuízos são reparáveis. O que se deixa de lucrar
também deve ser reparado.
PLANO DE AÇÃO
1 Escreva à companhia de gás explicando e relatando os fatos. Junte a essa carta toda
documentação que comprove os prejuízos sofridos, como, por exemplo, uma declaração de
ausência no seu emprego; reuniões de negócios perdidas; ou ainda vendas que deixaram de
ser realizadas. Explique que as consecutivas ausências do profissional causaram esses
prejuízos, saindo assim da esfera do que seria razoável. Sugira, para tanto, um valor a ser
compensado pelos lucros cessantes e prejuízos.
2 Se você não obtiver uma resposta satisfatória, procure os órgãos de proteção e defesa do
consumidor para obter aconselhamento, registrar uma reclamação e resolver o problema.
3 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial cabível no caso.
Interrupção no fornecimento de água
P Sem qualquer aviso prévio, há dois dias houve uma suspensão no fornecimento
de água em minha residência. Ninguém sabe me dizer quando o fornecimento
estará novamente normalizado. A companhia de água pode fazer isso?
Efetuar uma notificação, por escrito, formal a você até 48 horas antes de
proceder à suspensão.
Informar qual o prazo para que o serviço seja restabelecido.
PLANO DE AÇÃO
1 Entre em contato com a prestadora de serviço. Relate o fato, esclarecendo que você tem
direito a um fornecimento regular e constante de água e que, no caso de interrupção, a
companhia deveria lhe ter enviado um aviso prévio formal sobre as condições e o período da
suspensão de fornecimento. Indague o motivo por que está ocorrendo a interrupção, e os
telefones e endereços de fornecedores particulares alternativos de água. Pergunte também
qual é o prazo para que se restabeleça o serviço.
2 Se as explicações que você receber não forem satisfatórias ou se o prazo dado para o
restabelecimento do serviço for muito extenso, registre uma reclamação na companhia de
água e procure o órgão responsável pela fiscalização desse fornecedor de serviços, que
provavelmente será o poder público estadual ou alguma agência reguladora do estado.
3 Se você não obtiver uma resposta satisfatória, procure os órgãos de proteção e defesa do
consumidor para resolver o problema.
4 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial.
Garantir a qualidade de produtos e serviços que são disponibilizados no mercado é uma obrigação de
toda empresa que forneça produtos e serviços, porque é um direito garantido ao consumidor pelo
Código de Defesa do Consumidor.
Certificações de qualidade
Muitas empresas preocupadas em cumprir esta obrigação buscam certificações de qualidade, que são
conferidas por processos de auditoria que verificam materiais, produtos, processos, procedimentos e
serviços.
ISO 9001
A certificação de qualidade mais famosa no Brasil é a ISO 9001, que avalia a gestão de qualidade
tendo em vista:
ABNT
No Brasil, a ISO (organização americana que criou as certificações denominada International
Organization for Standardization) é representada exclusivamente pela ABNT – Associação Brasileira de
Normas Técnicas. É a ABNT quem define as normas e os procedimentos a serem seguidos para a
obtenção da certificação de qualidade, que é identificada pelo selo ISO 9001.
R Sim. A companhia de água somente é responsável pela água que flui pelo cano da
rua. Você é responsável por todo o encanamento de sua residência e por manter o
fluxo da água do hidrômetro da rua até a torneira da sua casa. Como o seu
fornecimento de água é medido a partir do hidrômetro, você fica responsável pela
água perdida em decorrência de qualquer vazamento existente após o aparelho.
R Sim. Em regra, quando você faz a solicitação de linha telefônica fixa à empresa, ela
primeiro irá analisar a viabilidade técnica para a instalação da linha. Até esse
momento, a empresa não tem propriamente uma responsabilidade, pois a instalação
irá depender de fatores técnicos, que não vinculam ou obrigam a prestadora de
serviços a executá-lo.
Porém, logo após essa viabilidade técnica ter sido verificada, a empresa deve lhe
informar o prazo para instalação da linha, que, em regra, é de 15 dias úteis. A partir
desse momento, a empresa fica obrigada a cumprir esse prazo, sob as penas da lei,
que variam desde o pedido de execução forçada da obrigação de instalação da linha
telefônica até mesmo uma ação judicial por perdas e danos.
OS RESPONSÁVEIS VARIAM
Os serviços de fornecimento de água e saneamento básico estão divididos, hoje, no Brasil, entre
diversas companhias públicas e empresas privadas. No âmbito estadual, cada ente federativo tem,
em regra, sua companhia de água e esgoto vinculada direta e indiretamente ao poder público
estadual. Há também as prestadoras de serviços municipais por força de concessão, outorga ou
autorização.
PLANO DE AÇÃO
2 Se a empresa não estipular uma data certa para instalação da linha, ou descumprir o
compromisso na data estabelecida, registre uma reclamação na própria empresa, e logo
depois na Anatel, alegando a má prestação de serviços e solicitando que o caso seja
investigado.
3 Se você não obtiver uma resposta satisfatória, procure os órgãos de proteção e defesa do
consumidor para resolver o problema.
4 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial.
R Sim, mas isso vai depender de até onde você consegue comprovar suas perdas.
Primeiramente você tem direito, de imediato, a uma redução no valor do plano
mensal de minutos. Se o seu telefone fica mudo por defeito na linha durante metade
do mês, você tem direito a pagar somente a metade do plano.
TERMOS CONTRATUAIS ABUSIVOS E INJUSTOS
O Código de Defesa do Consumidor cita diversas cláusulas abusivas e arbitrárias que são
consideradas nulas se encontradas num contrato. As principais são as que:
Quanto aos prejuízos advindos do defeito da linha, você deverá fazer uma
reclamação formal à prestadora, relacionando os prejuízos e juntando cópia das
provas documentais que confirmem essas perdas.
Nessa reclamação, você irá pedir uma compensação pelo atraso no conserto. Se
você tem uma atividade empresarial na qual um dos objetos mais essenciais é a sua
linha telefônica, é evidente que um período considerável de pane na linha irá lhe
causar prejuízos financeiros. Em contrapartida, se o período de defeito na linha não
tiver sido extenso, o pedido de indenização torna-se infundado.
A compensação poderá vir na modalidade de créditos em contas futuras. Por fim,
a empresa poderá se eximir da responsabilidade pelas razões legalmente
estabelecidas, como, por exemplo, os casos fortuitos ou de força maior.
PLANO DE AÇÃO
1 Entre em contato com a prestadora de serviços telefônicos. Relate o fato, esclarecendo que
a pane nos serviços lhe causou prejuízos consideráveis, e remeta à empresa o material e os
documentos exigidos para que se faça uma análise do caso. Você deverá efetuar essa
comunicação formal via correio, e-mail ou pessoalmente, em um dos postos de atendimento
ao consumidor. A empresa lhe dará um prazo para que a reclamação seja apurada.
2 Não sendo julgada procedente sua reclamação, registre outra, desta vez na Anatel, e
aguarde um prazo para que esse órgão lhe dê alguma posição a respeito de uma eventual
mediação com a prestadora de serviços.
3 Caso você não obtenha uma resposta satisfatória, procure os órgãos de proteção e defesa
do consumidor para obter aconselhamento, registrar uma reclamação e resolver o problema.
4 Se, ainda assim, o problema não for resolvido, você pode recorrer à Justiça para propor a
ação judicial cabível no caso.
Se você estiver insatisfeito com os serviços da sua operadora de telofonia fixa ou móvel, poderá
mudar de operadora sem perder seu número. Com a portabilidade numérica, você leva seu número
de telefone para outra operadora contratando um novo pacote de serviços mais adequado a seu
perfil de uso. Só é possível a troca dentro de uma mesma área de DDD. Você poderá trocar de
operadora quantas vezes quiser, mas terá de solicitar o desbloqueio do seu aparelho à atual
operadora (apresentando RG, CPF e nota fiscal do aparelho). No caso de pacotes com benefícios,
poderá ser cobrada a multa rescisória se você estiver no plano há menos de 12 meses. Caso desista
de manter o mesmo número, pode cancelar o pedido de portabilidade e receber um novo número na
nova operadora.
P Enviei pelo Sedex minha ficha de inscrição para concorrer a uma oferta de
emprego. A correspondência demorou 11 dias para chegar ao seu destino e acabei
perdendo o prazo de inscrição. Tenho direito a uma indenização?
Tarifas bancárias
R Sim. Ao abrir a conta, você assinou um contrato que fixa os seus direitos e
obrigações como cliente, assim como os da instituição financeira.
Os termos desse contrato são estabelecidos pela instituição nos limites e condições
fixados pelo Banco Central do Brasil (Bacen). O cliente não tem o poder de decidir
sobre o seu conteúdo, apenas pode aderir ou não a ele.
Pelas regras do Bacen, apenas as contas-salário – que se destinam unicamente a
receber salários, aposentadorias, pensões e similares, sem a possibilidade de
movimentação por cheques – estão isentas da cobrança de tarifas.
Quanto às demais contas, permite-se a cobrança de tarifas relativas aos serviços
listados em quadro demonstrativo. Esse quadro deve estar obrigatoriamente afixado
na agência, em local visível ao público, com trinta dias de antecedência do início da
cobrança ou da alteração de valores.
Mas nem todos os serviços podem ser cobrados. A lista de serviços gratuitos
engloba: o fornecimento, a critério do correntista, de cartão magnético ou de um talão
de cheques, com pelo menos dez folhas por mês (que poderá ser suspenso quando
vinte ou mais folhas de cheque, já fornecidas ao correntista, ainda não tiverem sido
liquidadas); a substituição do cartão magnético, no vencimento de sua validade; o
fornecimento dos documentos que liberem garantias de qualquer espécie; a
devolução de cheques (exceto se por motivo de insuficiência de fundos); a
manutenção de conta de poupança, exceto das contas de poupança inativas (aquelas
que não possuem saldo e que não apresentem movimentação pelo período de seis
meses); a manutenção de contas à ordem do poder judiciário e de contas decorrentes
de ações de depósitos em consignação de pagamento; e o fornecimento de um extrato
mensal, contendo toda a movimentação da conta no mês.
Além das tarifas, os bancos estão autorizados a debitar diretamente da conta do
cliente taxas relativas aos seguintes serviços públicos: renovação de cadastro;
devolução de cheque pelo sistema de compensação destinado à Câmara de
Compensação; e solicitação de exclusão de nome do Cadastro de Emitentes de
Cheque sem Fundos, CCF, destinados ao Fundo Garantidor de Crédito – FGC.
PLANO DE AÇÃO
1 Verifique se o quadro demonstrativo de tarifas do seu banco foi afixado em tempo hábil
para a cobrança, se o serviço não está entre os gratuitos, e se o preço cobrado corresponde
ao serviço prestado.
2 Se você não concorda com alguma cobrança, fale com o seu gerente ou com alguém que
possa resolver o problema rapidamente.
R Talvez. Mas, primeiro, você terá de descobrir se houve falha, e onde ela ocorreu.
Lembre-se de que, pela legislação trabalhista em vigor, caso não haja acordo ou
convenção mais favorável ao trabalhador, os salários relativos ao mês trabalhado
devem ser pagos até o quinto dia do mês seguinte.
Caso o seu empregador tenha realizado o depósito ou a transferência em tempo
hábil, o problema pode ter ocorrido por responsabilidade do banco.
Se o depósito em sua conta tiver sido efetuado em cheque ou em documentos de
crédito (DOC), é importante verificar os prazos máximos de compensação permitidos
aos bancos.
OS BANCOS E O CÓDIGO DO CONSUMIDOR
O Código de Defesa do Consumidor (CDC) aplica-se à relação entre bancos e clientes. Graças à
complexidade dessa relação, regras mais específicas são impostas pelo Banco Central e pelo Conselho
Monetário Nacional. O chamado “Código do Consumidor Bancário” e outras normas esparsas do
Banco Central contêm exigências muito mais amplas, complexas e específicas do que aquelas
genericamente fixadas pelo CDC, mas não podem contrariá-lo.
O sistema de atendimento ao público implantado pelo Banco Central em todo o Brasil tem índices e
prazo médio de soluções que podem ser classificados como bons, e costuma receber atenção
prioritária dos bancos. Isso porque o elevado grau de competitividade obriga grandes bancos a
manterem um bom padrão de atendimento, sem o qual não sobrevivem no mercado.
Portanto, não hesite em tirar proveito dessa condição, e exija tratamento e vantagens diferenciados.
PLANO DE AÇÃO
1 Verifique a Tabela de Prazos dos DOC, TED e Cheques Compensáveis e compare com o
tempo decorrido no seu caso.
2 Se você confirmar que a responsabilidade foi do banco, faça uma reclamação formal ao
seu gerente.
O pagamento de faturas de diversos serviços pelo sistema de débito em conta corrente já está
disponível nos principais bancos, por meio de convênios com empresas prestadoras de serviços, como
telefonia, gás e energia elétrica. O sistema funciona como uma autorização para que seja debitado da
sua conta corrente o valor correspondente à fatura nos vencimentos. O cliente recebe a fatura apenas
para conferência e controle pessoal.
Para o consumidor, é uma preocupação a menos: desde que tenha saldo suficiente em conta
corrente, não arcará com possíveis atrasos no pagamento de contas, que serão de responsabilidade
do banco ou da empresa, conforme o caso. Para a empresa, o sistema garante a pontualidade no
pagamento dos seus clientes. Para os bancos, além de diminuir as filas nas agências, o serviço é
tarifado, e é todo processado por sistemas de informática.
A autorização para o débito é feita por escrito, na própria agência, nas máquinas de
autoatendimento do banco e pela Internet. Para suspender a autorização, basta solicitar o
cancelamento do serviço.
Desde outubro de 2009 está disponível o DDA – Débito Direto Autorizado, que é um sistema de
pagamento eletrônico, sem uso de boleto bancário ou qualquer meio de cobrança em papel,
disponibilizado pelos bancos em que o correntista se cadastrar. O banco verifica as contas a serem
pagas no sistema do DDA e cobra eletronicamente de você. Consulte seu gerente para mais
informações.
Erro em débito
PLANO DE AÇÃO
2 Caso não obtenha sucesso, faça uma reclamação formal por escrito, de preferência por
meio de carta com Aviso de Recebimento (A.R.) ou por e-mail, ao serviço de atendimento ao
cliente do banco, imprimindo o e-mail e a confirmação de envio.
Retirada fantasma
R Não. A não ser que o banco possa provar que você cometeu uma fraude, o valor
deverá ser estornado. Você pode ser responsabilizado se o banco provar que você
faltou com os cuidados necessários para proteger o seu cartão de mau uso, ou seja, se
provar que você foi negligente ou imprudente. Essa falta de cuidado abrange:
escrever a sua senha no cartão ou em algum lugar próximo ou junto dele; fornecer a
sua senha para outra pessoa; escolher senha óbvia, com combinação fácil de
adivinhar.
O ônus de provar a sua culpa é sempre do banco, portanto, não é você que,
inicialmente, deve provar a sua inocência.
PLANO DE AÇÃO
1 Escreva uma carta ao banco com A.R. explicando a situação e solicitando o estorno da
quantia debitada.
Cheque forjado
P Meu último extrato acusa o desconto de um cheque que eu não emiti. Liguei
imediatamente para minha agência para avisar o banco da ocorrência. O gerente
com o qual falei me disse que já era tarde para tomar alguma providência. Ele pode
fazer isso?
R Não. O banco deve abrir uma sindicância para apurar o caso. Enquanto se apuram
as responsabilidades, o valor, em geral, é estornado para a sua conta, até a conclusão
da investigação. Você agiu corretamente ao alertar o banco tão logo verificou o
problema. Se o cheque tiver sido forjado, trata-se de crime, que deverá ser
comunicado à polícia.
Você só terá de assumir o prejuízo se tiver infringido alguma das condições ou
limites estabelecidos no contrato, tais como: emitir cheques em branco ou deixar
espaços exagerados entre as palavras em um cheque que tenha preenchido – o que
poderia permitir ao fraudador modificar o valor original.
PLANO DE AÇÃO
1 Escreva para o seu gerente explicando o que o leva a pensar que o cheque foi falsificado.
Anexe cópia do seu extrato. Solicite o estorno imediato do valor.
2 Caso não obtenha sucesso, faça uma reclamação formal ao serviço de atendimento ao
cliente do banco e peça cópia do cheque em questão.
3 Caso ainda não tenha resolvido o problema, entre em contato com a Central de
Atendimento ao Cidadão do Banco Central.
Talão roubado
Você (ou outra pessoa) digitou erradamente a senha da sua conta. Essa técnica
de tentativa e erro é muito utilizada para cometer fraudes, e a máquina é
programada para reter o cartão após três tentativas incorretas.
O cartão já está com a data de validade vencida, caso em que, normalmente, o
banco já emitiu um novo para substituí-lo. Não sendo este o caso, pode ter
acontecido de o seu novo cartão ter sido interceptado por fraudadores nos
Correios.
Você pode estar sendo alvo de uma fraude no terminal. Criminosos utilizam-
se de aparelhos que costumam reter cartões. Assim que a vítima se afasta do
terminal, eles usam o seu cartão e os dados já inseridos para furtar dinheiro da
sua conta ou, simplesmente, vão às compras com ele. Às vezes, essas pessoas
ficam próximas ao terminal, oferecendo “ajuda” em caso de dificuldade, o que
lhes dá a chance de observar e memorizar a sua senha.
Caso o seu cartão fique retido, notifique a administradora. Normalmente, os
caixas eletrônicos têm um telefone para contato direto, contudo recomenda-se
também ligar para o número de emergência do banco ou da administradora
que normalmente consta no verso do cartão para cancelá-lo.
Se o seu cartão for “engolido” num terminal localizado numa agência no horário
do expediente bancário, entre e relate o ocorrido. Talvez os funcionários da agência
possam recuperar o seu cartão na hora.
Caso o caixa eletrônico não seja anexo à agência, ligue imediatamente,
bloqueando o cartão. Isso impedirá a aplicação do golpe mencionado.
Caso você esteja no exterior, utilize o serviço de assistência de viagem oferecido
pelas principais administradoras.
Se o seu cartão for retido durante seu período de férias, e você tiver feito um
seguro de viagem, entre em contato com a seguradora. Talvez a cobertura do seu
seguro inclua a possibilidade de saque em caso de emergência. Hoje, algumas
administradoras de cartão de crédito providenciam o envio de um novo cartão num
prazo de até 24 horas.
Você somente poderá ter direito a uma reparação pelo transtorno se o seu cartão
tiver sido engolido por um defeito do caixa automático.
REGRA DE OURO
Os cartões de débito e de crédito contêm no seu verso um número de atendimento 24 horas para
notificar perdas ou roubos. Se você faz uso de cartão, não esqueça de anotar esse número,
mantendo-o sempre com você. Se o seu cartão for perdido ou roubado, ligue para avisar do
ocorrido, e, para sua maior segurança, notifique a operadora por escrito, por meio de carta ou
mensagem eletrônica. Para maior garantia, e para evitar aborrecimentos, os bancos oferecem
seguros que cobrem qualquer gasto realizado no intervalo entre o extravio ou o roubo e a
comunicação.
P Meu cartão do banco foi roubado. Antes que eu pudesse bloqueá-lo, o ladrão
sacou R$ 1.000,00 e a minha conta ficou negativa em R$ 300,00. Não tenho limite
em cheque especial. Pensei que não pudesse ser responsabilizado, mas o banco diz
que, como escrevi a senha no meu cartão, terei de arcar com todos os prejuízos.
Eles podem fazer isso?
R Não. Como você não tem limite no cheque especial, só terá de arcar com a quantia
que tinha na conta. O banco não pode obrigá-lo a cobrir o resto, pois não havia
previsão contratual para que se pudesse exceder o limite do saldo existente.
Você só será responsável pelo pagamento, até o limite do seu saldo, se o banco
provar que você não teve os cuidados necessários para evitar mau uso do cartão.
Escrever a sua senha no cartão é uma situação que caracteriza uma falta grave
com relação ao dever de cuidado mínimo para evitar fraudes com o cartão. Se o
banco conseguir provar isso, você é passível de responsabilização.
De qualquer forma, você deve avisar à polícia do ocorrido, e comunicar o fato ao
gerente do banco. Mostre interesse em resolver o problema e peça o estorno do valor
sacado até que tudo seja esclarecido.
Quando for digitar a senha do seu cartão, bloqueie a visão de possíveis bisbilhoteiros, fazendo
uma barreira com as mãos.
Desconfie se alguém lhe oferecer ajuda.
Tão logo complete cada estágio da operação, guarde o cartão, o dinheiro e o recibo.
Nunca forneça sua senha a ninguém.
Não jogue o recibo na lixeira do terminal. Guarde-o para rasgá-lo e jogá-lo fora mais tarde.
Não utilize o terminal se estiver se sentindo inseguro – se, por exemplo, a rua estiver escura e
deserta ou se houver pessoas de atitude suspeita por perto.
Você não pagou integralmente o seu débito do mês anterior. Os cartões têm
diferentes metodologias para calcular os juros, e isso se aplica aos cartões que
cobram juros até a data do vencimento da fatura, e não apenas até a data de sua
emissão.
Vítima de “clonagem”
P Usei meu cartão de crédito para pagar uma conta num restaurante no exterior.
Agora, apareceu na minha fatura uma despesa de R$ 300,00 em ligações telefônicas
que eu não fiz. O cartão pode me obrigar a pagar por essas ligações?
R Não. Você não pode ser responsabilizado pela perda ou mau uso das informações
de seu cartão se ele permaneceu na sua posse. Provavelmente, você foi vítima de uma
fraude conhecida como “clonagem”. Quando você fez uma transação normal, o seu
cartão pode ter sido passado em uma máquina que copia os dados contidos na tarja
magnética. Esses detalhes são utilizados em cartões falsos. O fraudador vai às
compras, e as transações feitas são debitadas em sua fatura. Esse tipo de fraude é
comum em postos de gasolina, restaurantes, bares e hotéis, locais em que o seu cartão
pode ficar fora de seu raio de visão por alguns momentos.
Sempre verifique cuidadosamente a sua fatura. Se ela contiver alguma operação
que você não realizou, utilize o número no verso do cartão para entrar em contato
com a administradora. Ela irá apurar o ocorrido, fazendo um estorno provisório da
quantia cobrada. Além disso, bloqueará o seu cartão e enviará outro em substituição
ao anterior. Para sua segurança, faça uma ocorrência policial.
Limite de crédito
P Recebi uma correspondência da administradora do meu cartão de crédito
informando-me do aumento do limite do cartão. Eu não desejava ampliá-lo. A
companhia pode aumentar meu limite de crédito sem a minha concordância?
R Sim. Na forma da lei, se ela considerar que você está apto a receber esse aumento
de limite, nada impede que o faça. Essa prática, diferentemente da remessa de cartão
de crédito sem o consentimento do cliente, é considerada legítima, mas nada impede
que você recuse a oferta. Se você não desejar a elevação do limite de crédito, basta
que manifeste esse desejo à administradora.
Reembolso de despesa
Dívidas do filho
R Não. Como seu filho é maior de idade, com capacidade jurídica plena, você não
pode ser responsabilizado pelas dívidas dele, a não ser que seja seu avalista para esse
fim específico, ou se o cartão dele for um adicional ao seu com regras de controle e
responsabilidades contratuais para o titular principal.
Contas do marido
P Meu marido fez dívidas elevadas no cartão de crédito dele com hotéis e
restaurantes. A administradora do cartão está agora me cobrando por elas. Ela pode
fazer isso?
R Não. Você não é responsável pelas dívidas contraídas pelo seu marido no cartão
de crédito dele. Os cartões são normalmente emitidos no nome do correntista, que
será o responsável pelo pagamento de tais dívidas.
O titular pode, no entanto, solicitar cartões adicionais em nome de dependentes,
caso em que será solidariamente responsável, ou seja, responderá da mesma forma
que o detentor do cartão, ainda que o cartão não contenha o seu nome. Mas os
detentores de cartões adicionais não se tornam responsáveis pelas dívidas dos
titulares.
Débito em duplicidade
PLANO DE AÇÃO
1 Entre em contato com o banco e explique a situação. O banco não deve criar problemas
para estornar o valor excedente e as taxas, além de retirar o seu nome do cadastro de
emissores de cheques sem fundos ou similares.
2 Peça ao banco que ofereça alguma compensação pelo constrangimento causado, o que
poderá, ou não, ser aceito pela instituição.
Concessão de empréstimo
P Meu marido faleceu ano passado e agora tive um empréstimo recusado porque
não havia qualquer registro de crédito efetuado em meu nome. Posso ter outros
pedidos assim recusados?
R Sim. Os bancos não são obrigados a conceder crédito a quem quer que seja, o que
equivale a dizer que não há direito automático a crédito. O agente financeiro vai
basear sua decisão nas informações contidas no seu cadastro e nos bancos de dados
dos serviços de proteção ao crédito. Para que ele concorde em lhe fazer um
empréstimo, irá, certamente, consultar o seu histórico.
Se você e o seu marido tinham empréstimos em conjunto, eles aparecerão nos seus
registros pessoais. Mas se todos os financiamentos tiverem sido feitos em nome dele,
nenhum aparecerá no seu histórico, e o agente financeiro não terá em que se basear.
A ausência de registros de crédito pode causar dificuldades em outras situações,
como, por exemplo, na hora de alugar um carro. Jovens sem registro de crédito, por
vezes, enfrentam problemas semelhantes quando solicitam crédito pela primeira vez.
PLANO DE AÇÃO
1 Ligue para o estabelecimento e peça para falar com o gerente. Pergunte se a instituição
poderá reconsiderar a decisão, caso sejam apresentadas informações adicionais, como, por
exemplo, a de que agora você é a proprietária do imóvel da família, e documentos, tais como
uma declaração do seu empregador de que você tem emprego regular e fixo, ou uma
referência bancária.
3 Se você não conseguir nenhuma instituição, indique um avalista. Isso significa que a
pessoa indicada, caso aceite, se responsabiliza pela quitação de dívidas que você não
conseguir pagar.
Empréstimo recusado
R Sim. Você não pode obrigar alguém a lhe emprestar dinheiro. A decisão de
conceder um empréstimo tem natureza comercial e é exclusiva de quem empresta. A
financeira costuma verificar o histórico do cliente, pedir que preencha um cadastro e
checar suas referências comerciais. A informação fornecida, juntamente com as
obtidas de bancos de dados de serviços de proteção ao crédito, é usada para que seja
feita uma classificação do cliente.
Essa classificação é um segredo comercial, mas não é muito difícil descobrir por
que você teve um pedido recusado. Você tem garantido constitucionalmente o direito
de conhecer informações a seu respeito contidas em bancos de dados de caráter
público, como o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Portanto, exija que lhe
forneçam ao menos o nome da instituição que prestou a informação.
PLANO DE AÇÃO
2 Faça valer o seu direito de ter acesso às informações existentes em cadastros, fichas,
registros e dados pessoais e de consumo arquivados, bem como sobre as suas respectivas
fontes.
R Não. Mesmo que você esteja devendo, a lei o protege desse constrangimento. Você
deve deixar claro para o cobrador que conhece seus direitos e que ele está violando a
lei. Credores e empresas de cobrança que trabalham para eles têm autorização legal
para relembrá-lo de pagar as suas dívidas – mas não de maneira que possa assustá-
lo, causar desconforto ou humilhá-lo. Não podem tomar atitudes como: telefonar
para sua casa tarde da noite; ligar frequentemente para sua casa ou para seu trabalho;
estacionar um carro com a inscrição “cobrador” na porta da sua casa, ou reclamar em
seu emprego deixando recado sobre a dívida com outras pessoas.
Você pode fazer queixa ao Procon, fornecendo detalhes da empresa de cobrança e
de cada vez que foi importunado (anote a data, o horário e o tempo de duração da
conversa).
É importante saber que, por força do Código de Defesa do Consumidor, se lhe for
cobrado valor acima daquele realmente devido, você terá direito a receber a
devolução, por valor igual ao dobro do que pagou a mais, acrescido de correção
monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável da empresa de
cobrança.
Eu? Insolvente?
P Alguém que me emprestou dinheiro protestou o título que emiti a seu favor.
Disseram-me que isso significa que estou insolvente. É isso mesmo?
R Não. Mas pode ser um dos passos para que a sua insolvência seja requerida. Um
protesto é uma cobrança formal de algum título de crédito, feita por cartório,
necessária para que seja promovida uma execução contra um devedor. É uma
cobrança, não uma declaração de insolvência.
COMO OS BANCOS OPERAM COM A INTERNET
Muitos bancos oferecem a seus clientes a possibilidade de operar sua conta pela
Internet. Os clientes podem fazer transferências eletrônicas de crédito para
outras contas, pagar contas, consultar saldos, verificar e imprimir extratos, entre
outros serviços.
Essa possibilidade é conhecida como e-banking ou home banking. Para
prevenir fraudes de hackers (pessoas que entram em contas alheias para furtar
dinheiro), os clientes recebem senhas e outros códigos de segurança para
acessar suas contas.
As pessoas que usam as facilidades do home banking continuam a poder usar
os outros serviços tradicionais dos bancos, como fazer depósitos ou sacar
dinheiro nas agências ou em caixas automáticos.
Toda a regulamentação referente aos serviços bancários é aplicável ao home
banking.
As regras para regular a atividade bancária no Brasil são muito antigas e não têm sido
atualizadas. Por esse motivo, a quantidade hoje de hackers na Internet no Brasil é maior do
que em qualquer outro lugar do mundo. Os grandes bancos têm investido altas somas em
dinheiro para aumentar a segurança e estimular o uso da web pelos seus correntistas. Mesmo
assim, o volume de fraudes via Internet tem sido muito elevado.
1. Se você verificar que houve algum saque indevido na sua conta, entre em contato com a
central de atendimento 24 horas do seu banco, cujo número se encontra no verso do seu
cartão.
2. Além disso, bloqueie sua antiga senha da Internet para evitar outras fraudes. Isso pode ser
feito digitando-se a senha erradamente por três vezes seguidas.
3. Recebido o aviso, o banco protocolará a ocorrência e iniciará um inquérito para apurar o
caso. Enquanto isso, ele costuma fazer um estorno provisório da quantia transferida da sua
conta.
4. Ainda que lhe seja fornecido um número de protocolo pelo telefone, convém fazer uma
comunicação formal por escrito da ocorrência, pelo correio ou por e-mail, no serviço de
atendimento ao cliente da Internet do seu banco.
5. É provável que o banco solicite o seu comparecimento à agência para que sejam fornecidas
maiores informações quanto ao caso.
6. Mesmo se houver receptividade por parte do banco, é prudente ir a uma delegacia de
polícia para registrar o ocorrido, pois se trata de um crime.
7. Normalmente, quando não se consegue provar a responsabilidade do cliente, o banco
assume o prejuízo e torna o estorno definitivo.
O protesto só pode ser feito com base em título exigível, ou seja, tem de ser
baseado em título vencido, líquido (cujo valor se possa determinar) e certo (não
sujeito a qualquer condição). Qualquer pessoa portadora de um título desse tipo
pode requerer o protesto a um cartório de protesto de títulos desde que pague as
taxas necessárias.
Para evitar o protesto de um título legítimo e a posterior execução da dívida, você
tem três opções:
quitar a dívida;
oferecer algum bem em garantia;
pedir o parcelamento da dívida.
INSOLVÊNCIA PESSOAL
1. Após protestar o título correspondente à dívida, o credor propõe uma ação de execução contra
você.
2. Intimado a pagar, você não o faz e não indica nenhum bem à penhora. O credor, ou mesmo você,
pede que o juiz declare a sua insolvência.
3. Essa declaração tem como primeiro efeito fazer com que todas as suas dívidas vençam
automaticamente e com que todos os seus bens sejam arrecadados pela Justiça. Você perde o
poder de dispor dos seus bens, que serão administrados por alguém nomeado pela Justiça, com
direito a uma remuneração.
4. Elaborada uma lista de credores, que serão comunicados da situação, é feito um leilão dos bens
arrecadados, cujo produto em dinheiro será rateado entre todos os credores, de acordo com a
ordem de prioridade dos respectivos créditos.
5. Se o dinheiro arrecadado não for suficiente, você continuará responsável pela parcela não paga
até a quitação dos débitos ou a sua prescrição.
6. Enquanto todas as suas obrigações no processo de insolvência não tiverem sido declaradas
extintas, você não terá qualquer pedido de crédito aceito, além de uma série de outras restrições
legais.
A prazo X consórcio
Antecipando prestações
R Provavelmente, não. Isso era possível na época em que havia inflação elevada no
país. Com a estabilização da inflação, a não ser que o financiamento seja muito longo,
dificilmente o seu valor nominal superará o valor original.
Além disso, o Código de Defesa do Consumidor obriga à concessão de desconto
proporcional de juros e demais acréscimos em caso de pagamento antecipado de
débitos.
Como raramente o consumidor dispõe de dinheiro para antecipar o pagamento de
dívidas, e o empréstimo para capital de giro tem custo elevado para as empresas,
vale a pena negociar. Além de deixar de ter o risco de inadimplemento por parte do
cliente, a empresa poderá se capitalizar sem ter de tomar dinheiro no mercado.
Assim, a quitação antecipada pode ser vantajosa para ambos, consumidor e empresa.
Argumente com o gerente sobre não estar de acordo com o valor final e peça que
refaça o cálculo, com o desconto dos juros pelo período antecipado.
Maus conselhos
Quando seu consultor lhe falou dos produtos que eram adequados ao seu caso,
ele deveria procurar conhecer a sua situação financeira pessoal, o seu perfil como
investidor e, sobretudo, a sua disposição de correr riscos. Deveria ter explicado em
detalhes os investimentos que lhe apresentou e se certificado de que você estava
satisfeito com o grau de risco envolvido. Além disso, se você já era cliente antigo, ele
deveria ter conferido se as informações sobre a sua situação financeira estavam
atualizadas.
Se o seu consultor tiver investido seu dinheiro num investimento que você não
autorizou, você pode ter chance de sucesso em uma reclamação contra ele na CVM.
Todas as ordens de compra e venda de ações devem ficar registradas pela corretora,
inclusive aquelas feitas por telefone. Leia atentamente todos os contratos de
investimentos antes de decidir assiná-los
PLANO DE AÇÃO
1 Se você acha que o consultor não seguiu as regras determinadas pela CVM, entre em
contato com ele e verifique quais os canais da corretora ou banco para uma reclamação
formal.
2 Se você ficar descontente com a resposta, faça uma reclamação formal à Superintendência
de Proteção e Orientação aos Investidores (SOI) da CVM.
P Estou próximo de me aposentar. Meus poucos bens estão divididos entre fundos
de investimentos, poupança, ações e previdência privada. Há alguma forma de me
proteger contra a falência das empresas nas quais mantenho investimentos?
R Na verdade, o risco existe, mas ele pode ser diluído. O risco faz parte das decisões
de investimento no mercado de renda variável. Isso é natural e é por isso que você
precisa ter uma “carteira” diversificada para minimizar o seu risco.
O ideal é mesclar as aplicações, mantendo parte do seu patrimônio em renda fixa,
que representa riscos menores. Eles são geralmente compostos de títulos do governo,
que têm um rendimento menor, mas que envolvem menor risco.
Entretanto, se você perder dinheiro porque foi enganado, isso não é nada natural,
trata-se de um sério problema. Às vezes, você só precisa ligar para o profissional de
investimentos para resolvê-lo. Pode ter ocorrido simplesmente um engano e a falha
pode ser corrigida. Se a conversa não resolver o problema, fale com o gerente e
escreva uma carta confirmando o que foi dito. Se isso também não resolver, procure a
bolsa de valores e a CVM.
As reclamações são importantes para a CVM, pois, às vezes, a reclamação de um
único investidor é o bastante para desencadear uma investigação que expõe um mau
profissional de mercado ou um esquema ilegal.
Você também pode recorrer ao Fundo de Garantia das bolsas de valores, caso
esteja enfrentando problemas com corretoras de valores.
Além disso, você deve estar atento aos prazos e tomar medidas necessárias com
rapidez. Caso seja preciso entrar com alguma medida judicial, procure um advogado
especializado em mercado de valores mobiliários.
USANDO OS SERVIÇOS DE UM PROFISSIONAL DE INVESTIMENTO
AUTORIZAÇÃO
As corretoras são instituições financeiras com diversas funções. Toda corretora necessita de autorização
prévia do Banco Central do Brasil para ser constituída, estando sujeita à fiscalização da própria bolsa
de valores, da CVM e do Banco Central. Todas cobram taxas e comissões por seus serviços.
As sociedades distribuidoras de valores são instituições financeiras também autorizadas a funcionar
pelo Banco Central do Brasil, atuando na intermediação de títulos e valores mobiliários. Não estão
autorizadas a operar em bolsas de valores e, quando o fazem, operam por meio de uma corretora. Da
mesma forma, toda distribuidora cobra taxas e comissões por seus serviços.
RECLAMAÇÕES E COMPENSAÇÃO
Se um profissional de investimento lhe vender um produto diferente do que descreveu, mais caro do
que o combinado, ou inadequado para as suas necessidades, procure a bolsa de valores e a CVM.
Você também pode recorrer ao Fundo de Garantia das bolsas de valores caso esteja enfrentando
problemas com corretoras de valores.
Fique atento aos prazos para poder tomar as medidas necessárias com rapidez. Caso seja preciso
entrar com alguma medida judicial, você deverá procurar um advogado especializado em mercado de
valores mobiliários.
PROTEÇÃO CONTRA DISSABORES AO INVESTIR
Todos os investimentos envolvem riscos, mas você pode proteger-se contra maus
conselheiros e fraudes.
P Para ter certeza de que minhas ações seriam vendidas rapidamente se o preço
delas caísse, dei uma ordem de venda à minha corretora em caso de baixa do preço
a partir de um determinado patamar. Como ela não fez a venda, perdi muito
dinheiro. Agora, ela não quer me indenizar. Ela pode fazer isso?
R Não. De acordo com as regras da CVM, dada uma ordem de venda, a corretora
deverá executá-la na forma e nas condições que você definiu. Com isso, a corretora
pode, sim, ser responsabilizada pela demora no cumprimento de uma ordem ou pelo
descumprimento dessa ordem, cabendo, neste caso, reclamação à CVM, que analisará
a situação. Se considerar procedente a reclamação, o órgão poderá aplicar as
seguintes sanções, previstas em lei:
advertência;
suspensão da autorização ou do registro para o exercício das atividades
previstas em lei;
cassação de autorização ou de registro para o exercício das atividades
descritas em lei;
proibição temporária, até o máximo de vinte anos, de praticar determinadas
atividades ou operações para os integrantes do sistema de distribuição ou de
outras entidades que dependam de autorização ou de registro na CVM;
proibição temporária, até o máximo de dez anos, de atuar, direta ou
indiretamente, em uma ou mais modalidades de operação no mercado de
valores mobiliários.
Todos os tipos de empréstimo trazem consigo sérias consequências caso você não
consiga pagá-los no prazo previsto. Por isso, é essencial que você analise com
cuidado antes de solicitar crédito, tendo em vista que as taxas de juros são muito
elevadas. Um descuido maior, além de trazer sérios problemas por inclusão em
cadastro de serviços de proteção ao crédito e no Serasa, pode levá-lo à
insolvência. Portanto, aja com decisão se, por descuido, você se endividar muito.
Elabore um plano de pagamento e discuta-o com os seus credores, não
esquecendo da importância de honrá-lo.
TIPOS DE CRÉDITO
A concessão de crédito pelas instituições financeiras pode ser de duas categorias principais:
Créditos não garantidos. Você satisfaz as condições estabelecidas pelo emprestador (por exemplo,
idade, renda e cadastro), assina um contrato e o dinheiro é entregue. Se você não conseguir pagar
conforme o contrato, o título emitido por você em favor da instituição poderá ser protestado e
executado judicialmente. A dívida proveniente é chamada de obrigação pessoal.
Créditos garantidos. Além de satisfazer aos critérios estabelecidos pela instituição financeira e
assinar um contrato, você é obrigado a oferecer algum bem, imóvel ou móvel, que, em caso de não
pagamento, será vendido para cobrir as despesas.
1 Calcule o seu rendimento mensal, o quanto necessita para seus gastos essenciais, e elabore
um orçamento.
4 No caso de bancos comerciais, troque dívidas de cheque especial, cujas taxas de juros são
mais elevadas, por empréstimos do tipo, por exemplo, “crédito direto ao cliente” – CDC –, que
cobra juros menores.
5 Dê preferência aos pagamentos que podem lhe acarretar consequências mais sérias, como
contas de luz e água, e àqueles que cobram juros mais elevados.
FAÇA UMA LISTA DE PRIORIDADES
Também é bom saber que as bolsas de valores mantêm um fundo de garantia com
a finalidade exclusiva de assegurar o ressarcimento de prejuízos ocorridos aos
clientes de sociedades corretoras, em função de má execução de ordem, falha
operacional na liquidação de operações e na administração da custódia, entre outros.
Contador negligente
P Descobri que, durante anos, o contador ao qual deleguei minhas contas tem
agido de forma inadequada, o que resultou numa situação financeira falsa, melhor
do que na verdade é. Como resultado disso, estou tendo de fazer uma
reestruturação na empresa. O contador diz que não tenho razão para pedir
compensação. Ele está certo?
R Provavelmente, não. Tudo depende dos detalhes do caso. Em termos gerais, você
tem um contrato de serviços com esse contador, e ele é obrigado a prestá-los com
cuidado e perícia. Caso não se comportem com o zelo e a perícia necessários, os
contadores estão sujeitos a responsabilização e a sanções do Conselho Regional de
Contabilidade da área em que atuam. Hoje, dado o risco do exercício da profissão, é
recomendável que contadores contratem seguro de responsabilidade profissional, o
que, infelizmente, não é obrigatório no país.
PLANO DE AÇÃO
1 Agende um encontro com o contador para discutir a matéria em detalhes. Se ele se eximir
da responsabilidade, faça uma reclamação formal por escrito.
2 Se você não for indenizado pelos prejuízos, ou se o seu contador for autônomo, leve a
reclamação ao Conselho Regional de Contabilidade.
Desconto de previdência
Regime Próprio dos Servidores Públicos Civis e Militares – Na verdade, são dois os regimes
que regem essas categorias: um garantido àqueles que ingressaram no serviço público antes da
mudança na lei em 1998, que é um regime de transição para se adequar a essas mudanças, e outro
que regula aqueles que já ingressaram no serviço público após as mudanças. Também tem caráter
público e é mantido pelo governo com base nas contribuições. Visa a assegurar o pagamento de
benefícios aos servidores titulares de cargos efetivos e vitalícios da União, estados e municípios, e suas
autarquias e fundações. Os benefícios são: aposentadoria por invalidez permanente e pensão por
morte (sem prejuízo dos inúmeros benefícios previstos em leis próprias de cada estado ou município).
É importante saber um pouco mais a esse respeito para ter noção dos seus direitos:
As entidades fechadas oferecem planos aos servidores públicos e aos empregados de uma
empresa, a qual funcionará como patrocinadora; e também aos associados ou membros
integrantes de pessoa jurídica profissional, classista ou setorial, que funcionarão como instituidores.
Os patrocinadores ou instituidores podem pagar contribuições em favor dos seus empregados ou
associados, ajudando no investimento. Em troca, receberão, benefícios fiscais.
As entidades abertas oferecem planos a quaisquer pessoas físicas.
Os planos podem ser: individuais ou coletivos; de benefício definido (o valor que será recebido ao
fim do período de contribuição é prefixado), de contribuição definida (é fixado o valor a ser pago
durante o período de contribuição, e recebe-se o resultado do investimento, que é variável), ou de
contribuição variável (o valor da contribuição não é fixo, podendo variar de acordo com a vontade
do investidor e, ao fim, recebe-se o resultado do investimento, que vai depender de quanto
contribuiu).
Os valores pagos durante o período de contribuição formam um fundo (investimento) que irá
garantir o pagamento dos benefícios. Assim, o dinheiro depositado é investido e rentabilizado pela
empresa de previdência privada, visando a obter rendimentos aos participantes, bem como à
manutenção do próprio plano.
É possível resgatar (sacar) ou transferir os valores investidos, de acordo com as regras de cada
plano. Pode-se optar por receber uma pensão vitalícia ou por prazo determinado, ou ainda pelo
pagamento do resultado do investimento de uma só vez, dependendo do plano, além de pensão
para os dependentes em caso de morte. Estes e vários outros detalhes podem ser esclarecidos pelas
diversas empresas de previdência privada ou pelas seguradoras que administram tipos de planos
de segmentos diferentes.
Observe que quem faz os pagamentos dos benefícios não são os empregadores, mas sim a
empresa de previdência privada com quem você fez o contrato, mesmo que o empregador ajude
nas contribuições. Assim, os benefícios pagos não são parte do seu salário, da sua aposentadoria
garantida pelo regime geral, e não têm relação com nenhum benefício ou direito trabalhista, dado
o seu caráter complementar.
R Sim. O seu plano com a participação daquela empresa será interrompido, mas, em
caso de perda do vínculo empregatício, a lei permite que você transfira os valores
investidos para um outro plano, do mesmo tipo, em seu nome. A transferência pode
ser feita tanto para um plano de outra empresa para a qual você vá trabalhar, como
para um plano de uma entidade aberta de previdência privada. Mas, nesse segundo
caso, a transferência somente será admitida se todos os recursos financeiros
acumulados por você no primeiro plano forem utilizados para nova contratação de
renda mensal vitalícia ou por prazo determinado, que não pode ser inferior àquele
em que a reserva foi constituída, limitado ao mínimo de 15 anos.
Se você não quiser transferir o investimento, tem direito ao recebimento
proporcional do valor acumulado, que inclui as contribuições feitas por você e pelo
empregador. Nessa hipótese, você perdeu o vínculo empregatício antes de cumprir
os requisitos contratuais necessários ao recebimento do benefício previsto pelo plano.
Pedido de pensão
P Meu plano de previdência privada está para vencer. No entanto, ele tem sofrido
com as perdas do mercado financeiro e eu soube que os juros que estão sendo
pagos agora estão cotados muito em baixa. Meu filho me disse que é melhor
esperar até que as taxas de juros do mercado subam novamente para que eu faça o
resgate do valor investido. Posso fazer isso?
R Provavelmente, não. Você não poderá adiar o vencimento do seu plano, pois o
contrato de previdência privada é um contrato de adesão, redigido em forma de
formulário pré-pronto, contendo todas as regras, inclusive sobre os vencimentos,
bastando apenas o preenchimento dos dados pessoais e a assinatura do contratante
para ingressar no plano. Assim, se não houver uma cláusula permitindo que você
adie esse prazo, ao fim dele você resgatará todo o valor investido ou passará a
receber os benefícios contratados, dependendo do plano ao qual você aderiu.
RECLAMANDO ATIVOS ESQUECIDOS
Você tem um prazo de até três anos para cobrar o resgate do montante acumulado ou os benefícios
que não tiverem sido pagos pela empresa de previdência privada. Assim, se você fez um resgate
parcial do montante investido, e restou algum valor no fundo, o que pode acontecer em
determinados planos de previdência privada, você tem até três anos para cobrar este valor. Mas,
caso você tenha deixado de pagar alguma das contribuições, a empresa de previdência privada tem
um prazo de cinco anos para cobrá-la de você, não podendo suspender o pagamento do benefício
ou do resgate.
Para isso, basta entrar em contato com a empresa administradora do seu plano. Entretanto, caso
surjam problemas, será necessário contratar um advogado especializado para cobrar judicialmente o
valor ao qual você tem direito.
Se desejar, você também poderá apresentar ao órgão público fiscalizador e regulador competente
uma reclamação para tentar resolver o problema administrativamente antes de procurar a Justiça.
Transferência de plano
R Sim. Se você possui um plano contratado com uma entidade aberta de previdência
privada (caso em que qualquer pessoa pode contratar um plano de previdência
diretamente com a empresa), os valores não podem ser transferidos. Se você está
insatisfeito com os rendimentos, poderá somente resgatar o valor investido,
encerrando o plano, e fazer um novo investimento com o valor resgatado.
Se você possui um plano de previdência administrado por uma entidade fechada
de previdência, em que contribui com uma parte do valor investido e a empresa na
qual você trabalha contribui com outra parte, a lei lhe permite, caso você seja
demitido e deseje manter um plano de previdência, fazer uma transferência dos
valores investidos para outro plano de outra empresa. Se você não for mandado
embora, somente restará a alternativa do resgate se não tiver mais interesse em
permanecer no plano.
REGRA DE OURO
Quando você renova um contrato de seguro, normalmente não tem de preencher formulários de
novas propostas, mas deve informar ao segurador quaisquer mudanças que possam afetar a
cobertura ou o prêmio do seguro. Mas atenção: a lei só permite a renovação do contrato uma vez.
Depois disso, você deve firmar um novo contrato, preenchendo toda a documentação necessária,
mesmo que seja com a mesma seguradora.
Omitindo informações
R Sim. Mas só se você omitiu essa informação antes da aceitação pela seguradora de
sua proposta de pedido de seguro, quando estava fazendo o contrato. Isso porque, no
caso de declarações falsas feitas na proposta, se ficar comprovado que você agiu de
má-fé (sabia do uso pelo seu filho e omitiu), a seguradora pode rescindir o contrato,
você perde o direito à indenização e ainda é obrigado a pagar as prestações do
seguro (prêmio). Será ainda mais difícil apresentar uma reclamação contra a
seguradora para obrigá-la a pagar a indenização se o problema com o seu carro for
resultante do uso pelo seu filho (ele avançou um sinal ou bateu). Mas se você
informou sobre outros condutores, então a seguradora não pode se recusar a pagar a
indenização, porque isso faz parte do risco que ela assumiu quando aceitou sua
proposta de seguro.
Exclusões na apólice
R Sim. Mas a seguradora terá de provar que você contribuiu para o risco
intencionalmente, ou que teve culpa pelo roubo do seu carro por ter agido de forma
negligente. Se você deixou a chave na ignição e a porta da garagem aberta e se
ausentou, mesmo que por pouco tempo, contribuiu para o furto com a sua
negligência.
Mas se você foi vítima de roubo, sofrendo ameaça, mesmo que a chave estivesse
na ignição, a seguradora não poderia se recusar a pagar a indenização, porque nesse
caso você não contribuiu para o evento: você foi vítima dele. E foi justamente para
isso que você contratou o seguro. Obviamente, cada caso é analisado pela Justiça, que
irá verificar se houve ou não negligência por parte do segurado.
ACONSELHE-SE ANTES DE PEDIR COBERTURA DO SEGURO
Quando fizer um contrato de seguro, procure um profissional avaliador de bens. Isso é muito
importante, porque o valor do seguro deve corresponder ao valor do bem. Em regra, é a seguradora
quem estipula esse valor, mas você pode indicar um, que poderá ser aceito pela seguradora. Na
apólice não pode constar valor maior nem menor do que o do bem. Se se tratar do seguro de um
carro novo, o valor da apólice deve corresponder ao valor da nota fiscal de compra; se for o seguro
de um imóvel novo, na apólice deve constar o valor do imóvel apontado pela construtora no ato da
compra ou financiamento.
OBSERVE OS DIREITOS E DEVERES, AS COBERTURAS E EXCLUSÕES DO
SEGURO ANTES DE ASSINAR A APÓLICE
A seguradora pode se recusar a pagar o seguro tendo como base as políticas de exclusão existentes no
contrato. Sendo assim, verifique cuidadosamente todas as cláusulas antes de assinar a apólice. A
seguradora deve deixar claras as políticas de exclusão no momento da realização do seguro,
justamente porque a lei prevê que as cláusulas restritivas ou ambíguas serão interpretadas a seu favor,
e não a favor da seguradora.
Ela também pode se recusar a pagar a indenização se você violar alguma cláusula ou se não seguir
os termos do contrato. Quando esse fato for relevante para o seu pedido de indenização, ela vai negar
o pagamento com base no seu descumprimento. No entanto, a posição dela deve ser diferente se essa
atitude não for relevante para a ocorrência do sinistro que gera o pagamento da indenização.
Quando um contrato contém termos que não são comuns ou que são desvantajosos para o
consumidor, o Código de Defesa do Consumidor exige que eles sejam destacados, de forma que o
cliente fique ciente deles antes de assinar a apólice. Se a seguradora não fez isso, você pode mover
uma ação judicial para obter a indenização do seguro alegando que não estava ciente da cláusula,
que ela não era de fácil compreensão e que não recebeu o destaque na forma exigida pela lei.
Se preferir, você pode tentar resolver o problema amigavelmente com a seguradora, entrando em
contato com o corretor ou com o setor de atendimento ao cliente, e esclarecendo que as cláusulas do
seguro não foram bem explicadas, ou que os documentos do seguro, como a apólice, o manual do
segurado, as condições gerais e outros, não foram entregues (se for o caso). Você também pode tentar
uma solução administrativa procurando o setor de reclamações da Susep, que é o órgão regulador e
fiscalizador das seguradoras, ou mesmo o órgão de proteção e defesa do consumidor de sua cidade
para formalizar uma reclamação.
PLANO DE AÇÃO
1 Entre em contato com o corretor ou com a seguradora e argumente que você não pôde
cuidar do carro enquanto abria o portão, que não contribuiu para o risco e que o evento foi
inevitável. Peça que registrem sua reclamação no serviço de atendimento ao cliente.
Conta de advogado
R Sim. A não ser que vocês já tivessem assinado contrato fixando os honorários. Mas
você talvez possa conseguir um desconto.
De acordo com o Estatuto da Advocacia, o advogado deve cumprir rigorosamente
as obrigações constantes do Código de Ética e Disciplina da OAB. Lá está
determinado que os honorários devem ser fixados com moderação e de acordo com
alguns critérios, entre eles a complexidade das questões e o trabalho e tempo
necessários à sua execução.
Como o caso não envolveu uma ação judicial, você deve solicitar ao seu advogado
uma revisão do valor. Se não estiver de acordo, procure outro advogado para
promover ação de consignação em pagamento do valor originalmente proposto.
Nessa ação, você deposita o valor que acha justo e devido, que será oferecido ao
profissional, em uma conta judicial. Caso essa quantia não seja aceita, o juiz analisará
os argumentos e as provas trazidas por você e pela parte contrária e fixará o valor
que julgar correto.
Caso esteja configurada uma infração disciplinar da advogada com relação à
cobrança, faça uma representação à OAB para que a conduta dela seja submetida ao
Tribunal de Ética e Disciplina.
R Não. Você deve fazer uma queixa formal contra o advogado no escritório dele.
Esse tipo de tratamento contraria o previsto no Estatuto da Advocacia e no Código
de Ética e Disciplina. Se, depois da sua queixa, a matéria não for tratada
satisfatoriamente, faça uma representação à OAB. Prepare-se para esperar por alguns
meses.
PLANO DE AÇÃO
2 Faça uma queixa formal, de preferência pelo correio, com Aviso de Recebimento (A.R.),
pedindo reembolso dos custos de telefone e cartas, além de qualquer outra compensação que
julgue devida. O prazo para resposta deverá ser de cerca de 15 dias.
3 Se a firma recusar o seu pedido ou deixar de responder dentro de 28 dias, leve o caso à
OAB.
4 Se a OAB não lhe der resposta satisfatória, recorra da decisão no próprio Tribunal de Ética
e Disciplina da OAB.
RECLAMANDO DE SERVIÇOS DE ADVOCACIA
Mudança de advogado
Mau desempenho
R Sim. Mas você deve primeiro discutir a questão com um advogado de confiança,
que talvez possa orientá-lo sobre a condução da matéria. O advogado, no exercício
da profissão, deve comportar-se com todo o zelo, empenhando-se para que a causa
tenha desenvolvimento regular.
PLANO DE AÇÃO
1 Recolha provas de que houve uma infração disciplinar, para, então, fazer uma
representação contra o advogado no Conselho Seccional da OAB. Entre outros motivos, podem
configurar infração: prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio;
acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do processo em que
funcione; ou abandonar uma causa sem justo motivo ou antes que prescrevam os dez dias da
comunicação da renúncia.
2 Se a decisão do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB não for satisfatória, faça um recurso.
3 Caso pretenda uma reparação em dinheiro, você tem o direito de acionar a Justiça para
processar o mau advogado.
Negligência profissional
P O advogado que está patrocinando uma causa em meu nome contra a empresa
construtora do prédio onde moro, por prejuízos ocorridos por conta de uma
inundação, perdeu o prazo para entrar com a ação devida, e a causa prescreveu.
Isso não é negligência?
PLANO DE AÇÃO
1 Escreva ao seu advogado pedindo compensação pelos prejuízos por não ter acionado a
construtora em decorrência da negligência dele, anexando cópia de provas. Se ele estiver
coberto por seguro profissional, encaminhará o pedido à seguradora, que analisará o caso, e
esta, se achar a queixa procedente, fará uma oferta de indenização. Se não for segurado, a
negociação terá de ser feita diretamente com o próprio advogado.
2 Se você recusar a oferta e não conseguir chegar a um acordo, deve levar o caso à Justiça.
Entre em contato com outro advogado para obter mais informações.
Conflito de interesses
R Sim. Mas é prudente que você verifique a sociedade na OAB para ver se está
regularmente inscrita no órgão de classe.
A contratação de advogado por honorários em caso de êxito da demanda não é
proibida pelo Código de Ética, mas é, de certa forma, desaconselhada, já que ele
proíbe o aviltamento de valores dos serviços profissionais, que não devem ser
fixados de forma irrisória ou abaixo da tabela de honorários divulgada pela OAB.
Copyright © 2014 by Reader’s Digest Brasil Ltda.
Adaptado de Use as leis a seu favor, publicado por Reader’s Digest Brasil Ltda.
Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil a partir
de 2009.
Revisão
Vanna Patueli
e-ISBN: 978-85-7645-540-0