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= publicacdo mensal da @ i a == eee ACAIOPECUARIO ISSN : 0100.3964 — Ano 12—N9 142 — Qutubro/86 ~ Belo Horizonte Goveeno do Estado se Minas Gora © Sistema Estadual se Pesquisa Agropecusria: - EPAMIG, ESAL, UFMG, UFV Aplique f= Is RUBS es Nr SIRTF ice - i ‘aria de Estado da at ign vate ePecuaria MINAS GERAIS InrOlME—— FOAM ae Sree eee A procura de melhor qualidade Quando em 1978 publicamos a ediéo de Alho n®48, procuramos fornecer 20 produtor, ou aos que desejavam se iniciar no plantio desta cultura, conhacimentos pelos uals, passo a passo, ele seria informado desde o preparo de solo, escolha de sementes até a comercializacdo. A situacéo da cultura do alho era entdo péssima: a culture néo tinha competitividade com os alhos importados, a situago agravada sinda mais pelas importagdes que eram feitas em plena sefra nacional Hoje @ situardo é outra. Os dois problemas mais graves que prejudicavam 0 Produtor nacional foram sanados: 0 programa de importages esté sendo respeitedo e a ‘qualidade do alho nacional chega a superar os alhos importados, tendo ainda @ vantagem de ser mais sadio, ter menor custo de produgo, usar uma tecnologia adequada, desen- volvida pelos drgdos de pesquisa e universidades do nosso Pats Minas Gerais, em 1986, respondeu a busca de auto-suficiéncia com um aumen- to na drea plantada de cerca de 17% em relacdo a 1985 e um aumento de produgéo de 19,69 também em relacdo ao mesmo ano. ‘A produgéo nacional de alho para 1986 foi estimada em torno de 41.523 t/eno, para um consumo aproximado de §6.523 t/ano. Isto representa para o Brasil a neces- sidade de importagao de cerca de 16.000 t/ano, o que significa ume expressiva perda para o Pats. Nesta edigéo, 0 Informe Agropecudrio reuniu os mais atualizados conheci mentos sobre a produgdo de alho, com o objetivo de informar e orientar a assisténcia ‘técnica e extensio rural e demals segmentos.interessados no aprimoramento desta cultura. Este esforgo cortamente contribuiré ne melhoria técnica eno aumento de competitividade da cultura MIGUEL JOSE AFONSO NETO Presidente da EPAMIG Capa: Cultivar igante Roxo Em 1978, a edicéo n? 48 do Informe Agropecuério reuniu artigos sobre Siste- ma de Produ¢éo para a Cultura do Alho agora, nesta edicdo, novos enfoques sio dados a esta cultura, ressaltando a area de biotecnologia — cultura de tecidos. Com o objetivo de dar ao leitor uma visio. geral dos avancos alcangados na pesquisa desta cultura, em éreas até entio poucos estudadas, so apresenta- dos os seguintes artigos: Dorméncia dos Bulbos de Alho; Variago Somaclonal em Alho; Pseudoperfilhamento, uma Anormalidade Gendtico-fisiolégica em Alho; Viroses do Alho; Manejo Pés-co- Iheita do Alho e Desidratacao de Alho. Aspectos de importéncia para a maximiza- ¢80 da producéo desta cultura so dis- cutidos em cultivares de alho, nutri¢&o mineral, mecanizagéo da cultura e outros. Na seco de entrevista, 0 Dr. Sérgio Mirio Regina, da EMATER-MG, coorde- nador do Programa de Alho no Estado de Minas Gerais e Assessor do Ministério da Agricultura, dé seu depoimento sobre a cultura do alho em nivel nacional. Fechando esta edicéo estéo os co- is « = A precos pagos e recebidos pelo produtor es eae ~ ee rural referentes aos meses de julho @ > ——— ma agosto. EEE SUMARIO Dorméncia dos bulbos de alho ~ Francisco Affonso Ferrera, Vicente Wagner Dies Casali, José Geraldo Soares Peake ss CCultivares de alho — Jodo Alves de Menezes Sobrinko " O alho Peruano, uma perspectiva - Noten Fontoura da Sia n ‘Varisgdo somacional em alho ~ Rolf Dieter Il, Walter José Siqueira : epee 2 ‘Mecanizagio da cultura do alho ~ Francisco Eduardo Castro Rocha é SSeS a eal Nutrigdo mineral do alho — José Ronaldo de Magalies Asis sa) 2 Controle de plantas daninhas na cultura do alho ~ Maria Helena Tabim Mascarenhas « « .. « « » ‘ i pps vo de cobertura morta no eultivo do alho ~ Ademar Pereira de Oliveira, Francisco Affonso Ferreira, José Geraldo Soares arene a Prcudoperflnamento - Uma anormalidade genético-Fiilégica em alho ~ Rovilson José de Souza, Vicente Wagner Dias Casali. .....- 36 YViroses do atho ~ Murilo Geraldo de Carvalho By aah he 5 241 Manejo pés-colhelta do alho ~ Reni Alencar Werner : 46 Desideatagao do alho ~ Paulo César Stringheta, Jodo Alves de Menezes Sobrinho 0 ‘lho: agora pode dar certo... - mee 6 Pregos Agropecuétios em Minas Geruis. - Informe Agropecuario Belo Horizonte ¥12 No 142 Outubro de 1986 ‘Os nomes comercaisapresentados nesta revista so citados apenas para conveniéncia do leitor, ‘havendo prefereneia, por parte da EPAMIG, por este ou aquele produto comercial A‘citagio de termos tGenicos seguiu a nomenclatura proposta pelos autores de cada artigo. 2 Int, Agropec., Belo Horizonte, 12 (142) outubro de 1986 aul tho. Dorméncia dos bulbos de alho Francisco Affonso Ferreira 1 Vicente Wagner Dias Casali 2/ José Geraldo Soares 3/ Os pesquisadores da culture de alho no Brasil ndo consideravam a dorméncia dos bulbos como um parametro impor- tante, ¢ os estudos se limitavam as fases vegetativas até a produgo comerciavel Entretanto, a cultura passa por sucessivas etapas Asioldgicas e culturais (Fig. 1), sendo que as mudangas que ocortem no Dulbilho durante a bulbificagao (Fig, 2), senesoéncia ¢ também durante 0 arma zenamento, s40 acentuadamenteinfluen: ciadas pelas condigoes ambientais. © bulbitho de alho apresenta um rmeristema apical com trés a quatro pri- mordios foliares envolvidos por trés for Ihas modificadas: a fotha de brotagao, a folha de armazenamento ¢ a folha pro- tetora (Chun & Soh 1980), como repre- sentado na Figura 3. E uma organizaggo morfologica bastante simples, mas fisio- légica e bioquimicamente complexa. A fola de brotagdo consiste de uumna bainha que rodeia completamente 6s primérdios funcionais, sendo caracte- rizada por tecidos extremamente va cualizados ¢ que na histogénese precoce isola fisiologicamente o meristem, con- seguindo, assim, com que mantenha sua potencialidade morfogenética A folha de urmazenamento contém 2s reservas ‘que serdo consumidas durante 0 proces- so de erescimento das partes meristem- ticas até o desenvolvimento inicial da planta no campo. A folha de protegao € constituida de varias bainhas proteto- ras do bulbilho, sendo uma barreira & penetragdo de pragas, doengas, umidade, Oxigénio etc, até o interior do bulbilho. © processo de dorméncia dos bul bos 6, ainda hoje, pouco conhecido, ape- sar da sua grande importancia na regula- go das épocas de plantio, racionaliza- (40 das tarefas e escalonamento das 52- fras na cultura do alho, Por isso, os me eanismos de superacdo ou prorrogacao da dorméncia deverio ser conhecidos para manejar @ cultura, visando reduzir © periodo de entressafta (Burba 1983), Para uma boa conservago. dos bulbos destinados & comercializagio, & deseji- vel que a dorméncia se protongue por maior tempo possivel, enquanto que 0 alho-semente no deve apresentar sinal de dorméncia no momento do plantio (Messiaen 1974). A doméncia € 0 fendmeno pelo qual a folha de brotagio, mesmo em condigdes ideais, ndo apresenta cresci mento, nfo havendo, portanto, a brota- go do bulbilho. Segundo Lang et al (1985), @ dorméncia pode ser definida em termos de mudangss bioguimicas, tais como, sintese de proteina, Acidos inucléicos ou respiraedo, Por razbes pré- ticas, pode-se considerar a dorméncia como um termo universal significando_ — auséncia de crescimento visivel das re- sides meristemsticas. estado de dorméncia nao se con- funde com o de quiescéncia, que é um estado de repouso em que, estando viavel 0 bulbilho, ela & superdvel facil mente com 0 fornecimento de condi- bes ambientais necessérias. Segundo Amen (1968), a dorméncia ¢ controlada por fatores endogenos ¢ a quiescéncia, por fatores exogenos. O conceito mais generalizado define a dorméncia como 0 estado no qual 0 crescimento da folha de brotacao é tem- porariamente suspenso, no podendo ser definida como repouso, pois, na pratica, se manifesta como um processo dinami- co de mudancas lentas, graduais e permanentes (Mann 1952). Nos bulbos, {ubérculos, assim como nas sementes, a dorméncia € decorrente de interagoes entre substincias promotoras e inibido- ras do ctescimento (Thomas 1981), PLANTIO Fig. 1 — Etapas fisiolégicas e culturais do alho, 1/ Eng® Agro, M.Sc. ~ Pesg,/EPAMIG/CRZM ~ Caixa Postal 216 — 36.570 Vigoss-MG. 2/ Eng® Agro, PHD ~ Prof, Ttulan/UFV ~ Caixa Postal 216 — 36,570 Vigoss-MG. '3/ Enge Agr '~ Depto Fitotecnia/UFV ~ Caixa Postal 216 ~ 36.570 Vigona- MG. Inf. Agropec., Belo Horizonte, 12 (142) outubro de 1986 Aho. a 0 Games deceas | 2A 6 dobuiho eed “ j i + tips ace | 13 oo | sod « fase \3 i 2-0 Timmbo dict icy 2 as to Lived 2 bx» 0 | 100 a pees + ie st TUNHO Fig, 2 — Mudangas no bulbilho durante a bulbificagdo. Fonte: Chum & Soh (1980). sas distintas da dorméncia, Luckwill (1982), citado por Amen (1968), foi 0 primeiro a langar a teoria unificadora da dorméncia, englobando todas as pos- siveis causas como diferentes facetas de um mesmo sistema. Entfo, a dormén- cia seria a consequéncia de um equili- brio entre substincias promotoras € ini- bidoras da brotaglo, decorrentes dos vi- ros subsistemas: luz, temperatura, oxi genio ejou CO2, umidede, etileno ete Folha de protecdo Folha de armazenamento Folha de brotago Esses diferentes subsistemas, provavel- ‘mente, niéo ocorrem sozinhos, mas com- binados (Wereing & Phillips 1981), 0 que concorre para a grande complexida- de do assunto, INFLUENCIA DOS FATORES PRE-COLHEITA SOBRE A DORMENCIA A escasser de investigagdes dos me- canismos envolvidos na sobrevivéncia, ante as mudangas das condigbes am- bientais, fazem com que a dorméncia de plantas bulbosas seja uma grande con- trovérsia em termos académicos, princi- palmente quanto a0 mecanismo bio- quimico e fisiol6gico do processo (Bur- ba 1983). bulbitho é considerado uma gema vegetativa dormente, ingressando neste «estado ap6s 0 inicio do desenvolvimento das folhas de armazenamento e da folha de brotacdo (Mann 1952). Qualquer fe- nomeno anormal, alteragdes diversas, in- clusive exogenas, que ocorrem entre a senescéncia da planta e o plantio dos bu- bilhos-filhos, podem modificar seria- ‘mente 0 comportamento da dorméncia (Bleasdale 1976), sendo que estes efei- tos no foram ainda quantificados. Segundo Harrington (1972), a preo- ‘cupaco com o armazenamento deve co- megar ainda no campo, desde o momen- to em que a planta atinge a maturidade joldgica. Nesta fase, diversas varia- Indore Fig. 3 — Componentes morfolégicos de um bulbilho observados num corte iL @ @ DORMENCIA, longitudinal. sendo que 0 papel exato destes hormé: nios néo é ainda bem definido (E! Motaz Billan et al 1971). A Figura-¢ ilustra diversas situagdes hormonais no bulbo, promovendo a brotagao ou provocando a dorméncia © controle do equilibrio entre subs- tancias promotoras ¢ inibidoras do cres- 2 cimento é altamente complexo. Subs tancias localizadas em diferentes teci- dosy associadas a diferentes sistemas do bulbo, determinam 0 comportamento altamente especifico, o que tem levado ‘muitos pesquisadores a confundirem esses comportamentos, como sendo cau- SITUAGOES ‘ HORMONAIS| NO BULHO BROTAGKO nna Fig, 4 — Belango hormonal e dorméncia de bulbos. Fonte: Thomas (1977) ~ Adaptado. ‘4 Inf. Agropec., Belo Horizonte, 12 (142) outubro de 1986 tno ‘¢0es podem ocorrer e devem estar rel cicnadas com as condigdes ambientais reinantes (climétieas, mutricionais, hidri- cas, edaficas etc.), a um estidio de de- senvolvimento da planta e da maturagdo do bulbo aliadas as caracteristias fsio- l6gicas inerentes a cada cultivar. Entéo, 0 periodo de pré-dorméncia determina. ria 0 comportamento dos bulbos duran- te o armazenamento e as primeiras eta- pas de pos-plantio, ja que estas condi- ges afetariam de forma direta a dor- ‘méncia do alho-semente (Mann & Minges 1958). Desde 0 inicio da senescéncia des folhas até 0 final do periodo vegetativo, 0s fotossintatos sio translocados até 0 bulbo para sua utlizapdo no perfodo de pés-dorméncia (Metivier 1979), arras tando inibidores que afetario o compor tamento da planta nesta etapa (Thoms 1977), €, por isso, a desfolha, a desseca fo ou colheita prematura podem atuar negativamente durante o armazenamento (Ragheb et al 1972). Entretanto Muller (1982) ngo encontrou diferena signifi- cativa, no perfodo de dorméncia quando fez 0 arrancamento, corte das raizes ¢ dda_parte atrea em diferentes épocas, aps a formagdo completa do bulbo e antes do final do cielo da cultura para 4 cultivar Chonan, sendo que para otras cultivares no hé estudo. INTENSIDADE DE DORMENCIA A intensidade de donméncia é me- dida pelo TVD (Indice Visual de Supera- go de Dorméncia), conforme mostrado nna Figura 5, nfo devendo 0 alho ser plantado com IVD menos que 70%. © final da bulbificago resultante da interagio entre fotoperfodo e hormo- nios coincide com a indugo do periodo de repouso, que esté associada a baixos nivels de auxina e giberelina e a um alto nivel de inibidores. O alho recém-colhi- do, normalmente, apresenta bulbilhos dormentes e niio brota se for plantado Jogo ap6s a colheita (Burba 1983 ¢ Mes- siaen 1974). A duracao da dorméncia pode ser longa, variando com a cultivar € com as condigdes ambientais de arm: zenamento. A dorméncia desaparece gradualmente com o sumento do tempo de armazenamento, provavelmente, de- A Ivp = ? e x 100 A ~ Comprimento da folha de brotacdo B —Comprimento do bulbitho Fig. 5 ~ Corte longitudinal do bulbilho para andlise do (ndice visual de superagdo de dorméncia. Fonte: Burba (1982). vido 4 mudancas na atividade de Subs- tncias hormonais (Thomas 1977). ‘A intensidade de dorméncia esti correlacionada também com diversos aspectos morfofisiolégicos e caractert cas comerciais (Lordachesw 1976; Lee 1973; Messiaen 1974 ¢ Sagdullaev 1977) donde surge a necessidade de agrupar as cultivares para normalizar as condigdes de brotagdo e crescimento inicial da planta. ‘As cultivares. que apresentam grandes variagSes de tama ho de bulbilho manifestam também grandes diferencas na intensidade de dorméncia, diminuindo estas durante 0 ‘armazenamento (Burba 1982). Basicamente, o controle da intensi- dade de dorméncia ¢ feito a0 nivel ge- nético (Vidaver 1977), embora nao haja uniformidade de brotacdo dos bulbilhos Esta_desuniformidade € cbservada até entre bulbilhos vizinhos do mesmo bul bo, 0 intervalo de brotagdo entre o pri- meiro bulbilho e o timo pode chegar a mais de 30 dias nas condigoes dos plans tios tradicionais (Ferseira 1986). SUPERAGAO DA DORMENCIA DOS BULBOS Horménios A domméncia, cuja intensidade varia entre as cultivares, declina com 0 tempo (El Motaz Billan et al 1971 Mahotiere 1972 e Mann & Lewis 1956), indicando que, durante 0 armazenamento, ocor- rem profundas mudangas bioquimicas, particularmente controladas por fitor- monios (Thomas 1981). Ocorre perda de agua e consumo de matéria seca. A medida em que a folha de reserva de- Inf. Agropec., Belo Horizonte, 12 (142) outubro de 1986 cresce de peso, a folha de brotagto aumenta seu crescimento, apos a supers ‘edo da dorméncia. AA transicdo entre bulbithos dormen- tes e bulbilhos em ativo erescimento & acompanhada por constante aumento de siberelinas, principalmente, no momen- to de transformapao de formas confine das em formas livres (Rakhimbaev & Olshanskaya 1976). Dai presumitem estes autores que esta substincia exerce papel importante na regulago endégena da domméncia, O contetdo de gibereli- nas livres aumenta com as condigSes fa- voriveis a brotaggo (Aung et al. 1969 & Rakhimbaev & Olshanskaya 1976), enguanto ocorre um répido decréscimo de giberelinas presas, situago que marca a suida do estado de dorméncia. Segun- do Arguello et al. (1983), 0 periodo de dorméncia do alho “rosado paraguaio’ é caracterizado pela auséncia de atividade das giberelinas, moderado, contetido de inibidores, sem crescimento da folha de brotagdo, tendo durago de 50-70 dias p68 a colheita, culminando com o abrupto aumento da atividade das gibe- relinas, 20 dias ap6s 0 inicio do cresci- mento da folha de brotagao, que é acompanhado pelo decréscimo na con- entragdo de inibidores. Segundo os autores, o aumento na atividade das gi- berelinas poderé nao ser a conseqiiéncia, ‘mas a causa da superacdo da dorméncia, Os resultados dos tratamentos dos bulbithos com fitorreguladores tém apresentado variagdes ¢ nfo tém sido realmente eficientes na superagio da dorméncia. Pyo & Lee (1973), tratando ‘08 bulbithos com acido giberéico, etile- no e tiouréia, nfo encontraram aumen- tos na velocidade de brotagdo, Entre- 3 Aho. tanto, Kato (1969) afirmou que a gibe- relina favorece & brotagio, nfo tendo sido observados efeitos em bulbos em repouso, Lee (1973) relata resultados satisfatorios de superago de dorméncia para 0 tratamento com AIB, BA e efcito inibitorio do ABA. A contradicao de al guns resultados possivelmente esteja re- Jacionada com 0 estégio de dorméncia de bulbos de cada cultivar no momento do inicio do tratamento. IMERSAO DOS BULBILHOS EM AGUA CORRENTE A folha de protegio € constituida de varias bainhas impermeaveis proteto- ras do bulbilho, formando uma barreira {i penetragdo de umidade ¢ oxigénio até © interior do bulbilho, além de ser um forte impedimento mecanico ao cresci- mento da folha de brotagio, sendo maior em determinadas cultivares e bul- bilhos provenientes de plantas pseudo- perfilhadas (Ferreira 1986). A hidrate ‘¢d0, através da imersio dos bulbilhos por 24 horas, provoca a hidrélise ¢ 0 conseqilente amolecimento das bainhas, reduzindo a resistencia mecénica ao crescimento da folha de brotacdo, ati- vando as reagdes enzimaticas e, conse- ‘quentemente, aumentando a energia de brotagao, acelerando a velocidade de brotagao dos bulbilhos. Bulbilhos menores brotam mais len- tamente, em condigdes normais de plan- tio, provavelmente porque possuer me- nor quantidade de reserva, ¢ a energia de brotagao € insuficiente para vencer rap damente 0 impedimento mecinico & brotagdo. Por isso devem ser plantados ‘menos profundamente. ‘As substincias inibidoras da brota- G0 sfo solveis em gua ¢ por essa ra- zo a exposicgo do bulbilho aum fuxo de agua corrente pode leva-lo a perder a condigdo de dorméncia, devido também fa remogdo de partes dos inibidores, fa- vorecendo o balango hormonal promo- torlinibidor. A imersfo em gua parada pode nfo ter o mesmo efeito, pois ape: nas redistribui_ os inibidores no bulbi- tho. Segundo Silva (1984), @ lavagem, além de acelerar a brotagdo, antecipa & ulbificago, nfo influencia o ciclo, aumenta 0 peso médio do bulbo colhido 6 © pode mostrar efeitos suplementares & frigorificacdo. Burba (1983) encontrou {que © tratamento de lavagem dos bulbi- Ihos da ev. Chonan, por 24 horas, apre sentou velocidade de crescimento inicial semelhante dos bulbilhos com trat mento a frio, sem alterar as demais c racteristicas, tais como: ciclo cultural e bulbificagao, tendo resultado em maiores efeitos quando existe baixo IVDs (30-40%). Em bulbilhos aéreos, Tyulenenva (1975), observou 20% de aumento de produgo, quando cles foram imersos por 24 h antes do plantio. Trabalhos preliminares na UFV; (Ferreira 1986), mostram também que a imerso dos bulbilhos pode ser prejudi- cial ao desempenho inicial da planta, quando este tratamento for aplicado a bulbilhos com IVD acima de 90%, onde se observa redugdo no niimero e compri mento de raizes e menor vigor de folha de brotagdo, possivelmente, pela remo- ¢40, também, dos promotores pela égua de lavagem. TEMPERATURA As variagdes, acima ou abaixo da temperatura ambiente, dentro de certos limites e de acordo com 0 tempo de ex- posigdo, podem acelerar a brotapio de bulbilhos. Resultados experimentais de Messiaen (1974) e Mann (1952) apon- tam as temperaturas baixas, de 5-10°C, como as mais eficientes para superar a dorméncia em alho,verificando-se, no campo, uma brotagdo mais répida dos bulbithos (Burba 1983), sendo que Silva (1984) encontrou. maior eficiéncia da frigorificagao para bulbilhos, com IVD de 30a 40%. ‘A aplicagdo de baixas temperaturas aos bulbilhos estimula a acumnulagao de citocininas durante o perfodo de trata mento (Rakhimbaev & Solomina (1980), modificando totalmente 0 balango hor- ‘monal, levando o bulbilho & brotagao (Burba 1983), Figura 6. ‘A temperatura, além de agit em in- terago com 0 fotoperiodo nos proces: sos de pré-dorméncia, tem efeito mar- cante, isoladamente, sobre a dorméncia. O efeito de baixas temperaturas tem, vi sivelmente, um componente quantitati vo. Até um certo limite, 0 efeito sobre a brotagdo sera tanto mais acentuado ‘quanto maior for 0 perfodo em que 0 bulbilho ficar exposto as condigdes de frigorificaggo. Temperatura ¢ “lava. gem” podem interagir positivamente na superagdo da dorméncia em alho (Burba 1983) e, de acordo com resultados ainda preliminares, a sequéncia dos tratamen- tos para melhor brotagao é 0 calor, se- suido de frio e, posteriormente, lavagem (Soares & Casali 1986). Desde as primeiras experiéneias de Mann & Minges (1958), a frigorficagao de bulbos e bulbilhos de alho transfor- ‘mou-se numa alternativa para manejar a cultivar com maior plasticidade, parti- cularmente no que se refere época de plantio e de colheita, Diversos ensaios tém sido executados, tentando a com- binagdo ideal tempo-temperatura€ Spoca de plantio (Ferreira & Souza 1983), sendo que isto ¢ fungdo da cult var e a resposta depende também do estado de dorméncia dos bulbos, 0 que leva muitos trabalhos semelhantes a re- sultados contraditorios. A técnica da frigorificagio para su- perago da dorméncia deve ser usada ‘com restrigGo, principalmente para culti- vvares regionais consideradas.jé bem adaptadas, relevando-se 03 efeitos secundarios da frigorificagao no desen- volvimento da cultura (Quatro 1), Se- gundo Ledesma et al (1980), a diminui {Gio do ciclo vegetativo pela frigorifica- ‘gio manifesta-se _ fundamentalmente entre o plantio e a bulbificaedo, sendo 0 periodo de bulbificago-colheita prati camente constante, ‘A. frigorificagio pré-plantio dos bulbilhos, a0 modificar o tamanho da planta, provoca variagBes na eficiéncia fotossintética e/ou padrdes de fotossin- tatos entre @ folhagem ¢ os bulbilhos em crescimento (Ledesma et al 1980). combinagio ideal de tempo-temperatu- ra de armazenamento pré-plantio para uma determinada cultivar pode ser pro fundamente modificada pelo estado fi- sioldgico ou nivel de dorméncia em que se encontra 0 bulbo e pelas condigdes agroecolgicas pos-plantio (Sims et al 1976). [A baixa temperatura pré-plantio re- sulta em um efeito depressivo sobre a produtividade, quando esta & aplicada fem cultivares ja adaptadas as condigoes Inf. Agropec. Beto Horizonte, 12 (142) outubro de 1986 —! Fig, 6 — Fluxograma de mudengas bioquimicas durante a frigorificagao. aceasta | | QUADRO 1 ~ Influéncia da FrigorificagZo no Desenvolvimento da Planta de Alho cv. Chonan Dissde | Stand1s | _Nde Fomnas Altura da Planta (em) Dias Apés Dias ap6s Plantio oPuntio| 30 | 40 30 0 30 ° 2a | 402 | 663a | 18514 | 46434 | 569340 13 94.0 | 4,37ab] 7,56ab | 224080 | $373.» | 54.80 ab % 358b | 4,68b | 749ab | 2557b | 54.69 | 495245 39 988 | 4626] 8.23 | 2651» | 55696 | 47.036 oe 4a | 38 [42 56 40 44 FONTE: Ferreira & Souza (1983), fototermoperiddicas locais (Carvalho facilitando os tratos culturais (Burba et al 1980; El Motaz Billan et al 1971; Ignat"Ev 1972; Ledesma et al 1980 & ‘Starikoda 1978). Quando se tra- ta de adaptacfo de cultivares a re- gies onde as condigdes fototermope- iddicas ndo satisfazem as exigéncias da planta, a frigorificagao pré-plantio dos bulbos € uma técnica imprescindivel, como ocorre com a cultivar Chonan em Minas Gerais (Ferreira et al 1980), e em So Paulo e no Parané, onde alguns pro- dutores jé plantam cultivares prove- nientes do Sul do Pais. ‘A maioria dos autores concorda que 4 frigorificapdo possibilita uma emergén- cia mais répida e uniforme dos bulbilhos Plantados (Ledesma et al 1980 e Silva 1982), acelera a bulbificaglo e colheita, 1983 e Mann & Minges 1958), Entre- tanto, 0 némero de fothas e altura das plantas sdo também bastante influencia- dos pelo tratamento a frio que promove lum crescimento inicial maior (Ledesma et al 1980 e Silva 1982), Contudo, essa maior taxa de crescimento ndo é manti- a por muito tempo, diminuindo sensi- velmente a partir do inicio da bulbifica- fo (Ledesma et al 1980). A propria bulbificagdo é antecipada (Carvalho et al 1980; Ledesma et al 1980 ¢ Silva et al 1981) pois as plantas ficam menos exi- gentes em termofotoperiodo (Burba 1983e Mann & Minges 1958). A literatura relata poucas informa. ‘Bes sobre os envolvimentos de tempera- turas altas nos processos de dorméncia, Inf. Agropec., Belo Horizonte, 12 (142) outubro de 1986 crescimento e produgdo de alho, mas sabe-se que até 35°C ou temperaturas pouco maiores, & medida em que se aumenta @ temperatura, metabolismo 6 inerementado, 0 que pode aumentar a rapidez de emergéncia e crescimento inicial. O calor, segundo Silva (1984), reverte 0s efeitos da frigorificagdo em al- guns tratamentos, sugerindo que a res- posta a esse tratamento seja também de- pendente do estado fisiologico dos bul- bos, podendo ter efeito bastante favoré- vel, quando aplicado er. bulbilhos com IVD baixo (30 a 40%). Nao se ‘conhecem os efeitos do calor, em trata- mento pré-plantio dos bulbilhos, sobre © desenvolvimento posterior das plantas de alho no campo. A teversibilidade dos efeitos da fri gorificagao em alho ainda ndo esta bem estudada, Muitos dos efeitos causados por exposigéo dos bulbilhos & baixa temperatura, antes do plantio, podem ser revertidos pelas temperaturas altas logo apés o tratamento e antes do plan- tio. Por isso, € recomendado o plantio logo _ap6s 0 tratamento (Trindade (1985). Também Mann & Minges (1958) afirmam que as temperaturas mais altas encontradas pela planta no campo podem reverter parte do efeito da frigorificaggo, que ndo foi ainda quantificado, REFERENCIAS AMEN, R. D. A model of seed dormancy. Bot. Rewiew, 34 (1):1-31, 1968, ARGUELLO, J. BOTTINI, R.; LUNA, Rs BOTTINI, GA. de & RACCA, RW. Dormancy in garlic (Altium sativum L.) cv. Rosaro Paraguaio. 1. 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Agropec., Belo Horizonte, 12 (142) outubro de 1986 Atho Cultivares de alho Jodo Alves de Menezes Sobrinho 1/ Existe um grande ntimero de nomes regionais de allios no Brasil e, agrupan- dose 0s que tém caracteristicas iguais, procura-se facilitar aqueles que traba- lam com esta importante hortalig Sao os seguintes os grupos de alho: Grupo 1 (Branco Mineiro, Branco Mi- neiro-Pl, Jacobina, Cuiabé, Jacobina- BA, Branco Mineiro de Gouveia, Barba- do 1, Cajura, Juréia, Centralina A, Mo: ano Arequipeno B, Branco Mineiro RN, Canela de Ema, Introdugo a0 Cateto Roxo, Inhuma A, Branco Mineiro Ijui, Inhuma E, Gravaté A, Branco Mineiro AMARANTE, CE, Inhuma Casca Roxa, Mossoro, Bar- bado do Rio Grande, Sacaia do GO, Branco Mineiro Capa Branca, Centralina E, Mucugé Pinheiral, Sacaia de GO-B); Grupo 2 (Novo Cruzeiro, Jundiai, Cen: tendrio e Juiz. de Fora); Grupo 3 (Dou- rados, Branco de Dourados, Roxo de Dourados ¢ Santa Isabel); Grupo 4 (Amarante, Barbado 2, Caturra, Caturra Cardinali, Amarante B, Amarante Ama- rantina, Piracicabano Amaralino, Gigan- te Roxio 1, Chinés Sel. IPEACO, Mu- cugé B, Morano Arequipeno, Mexicano A, Amarante Gouveia, Amarante Capa Branca, Gigante Roxo Escuro, Gigante Roxfo, Chinés de Gouveia e Peruano A/ Eng Agro, M.Sc. ~ Pesq JEMBRAPA/CNPH ~ Caixa Postal 07.0218 ~ 70.359 Braslis-DF. Inf. Agropec., Belo Horizonte, 12 (142) outubro de 1986 Ponta Pord); Grupo 5 (Gigante Roxo e Inconfidente II); Grupo 6 (Gigante Inconfidente, Gigante de Lavinia, Cres- po, Gigante de Lavinia-SC, Gigante de Lavinia, Geraldo Bras. e Gigante de La- vinia Bulbilhos Longos, Chileno-PR, Lavinia 3208); Grupo 7 (Mexicano, Me- xicano 2.e Mexicano B); Grupo 8 (Chi- és); Grupo 9 (Cateto Roxo); e Grupo 10 (Peruano) (Menezes Sobrinho 1985). Acreditase que Chonan, Roxo-Pé- rola de Cagador, Quitéria, Caxiense Tupamaro sejam do mesmo grupo (Co- lorado Argentino) e Cagapava (Blanco Argentino). Considerando as boas cultivares de alho ¢ os diferentes microclimas exis- tentes no Brasil, poderse-, em pouco ‘tempo, alcangar a auto-suflciéncia nacio- nal, sendo somente necessério a me- hor organizaggo na produgao e no abas- tecimento de nossos alhos, para o que se sugere 0 esquema a seguir (Menezes Sobrinho 1984): de setembro a janeiro os merca: dos deverio ser abastecidos com alhos produzidos no Sudeste e Centro-Oeste; — de fevereiro a agosto o abasteci- mento terd que ser feito pela regio Sul; — 0 Nordeste e o Norte precisam ter produgdo suficiente para o auto: abastecimento. REFERENCIAS MENEZES SOBRINHO, J.A. Auto-suficién- cia no abastecimento de alho. Hort. Bras., Brasilia, 21):39, 1984. MENEZES SODRINHO, J.A. & FERREIRA, PE. Caracterizagio de diferentes in- todugées de alho (Allium sativum L.. Hort. Bras., Brasilia, 3(1)79, 1985. Re Int, Agropec., Belo Horizonte, 12 (142) outubro de 1986 Oalho Peruano, Natan Fontoura da Sitva 1/ ‘A cultivar Peruano provavelmente origindria de Arequipa, no Peru, onde recebe as denominagdes de Rojo Are- quipefio’ e “Pata de Perro’ devido 20 aspecto do bulbo. E um alho que tem pequeno nimero de bulbilhos, que sio sgraidos e arroxeados, mas com fraco re- vestimento dos bulbos que, quase sem. pre, se apresentam abertos e se debu: ham facilmente durante 0 manuseio «Fig. 1), 0 que é notério no alho ‘Peruano’ é a sua grande capacidade de conserva- fo, mesmo em condigées naturais (Mascarenhas et al 1981), associada 4 um alto teor de solidos totais e alta pungéncia (Mascarenhas et al 1978). ‘A capacidade de conservagio. de uma cultivar § de mdiscutivel im- portancia, principalmente para as nossas condigdes em que, praticamente, nfo existem estruturas adequadas ao armaze- namento de alho. Normalmente apenas a parte destinada 20 plantio é armaze- nada em galpdes improvisados, ou na propria cast _do_produtor (Monteiro 1969), onde volumes de perdas maio- res que 40% nfo fo incomuns. Estas perdas seriam bem menores se cultiva- res com maior poder de conservapao, como a ‘Peruano’, fossem usadas, ‘A maior capacidade de conservagéo uma perspectiva da cultivar Peruano, provavelmente, esta relacionada com o seu prolongado pe- tfodo de dorméncia pés-colheita (Burba & Casali 1982). Esta dorméncia é uma fase do cicto vegetativo do alho que de- saparece gradualmente com 0 tempo, provavelmente devido a mudangas da atividade de substancias hormonais. 0 teot de s6lidos totais e a alta pun- séncia sfo caracteristicas interessantes para a inddstria. A primeira influi di- retamente no rendimento industrial e a segunda, na qualidade do produto in- dustrializado. A produgfo do alho em PS, no Brasil ainds € feita em pequena ‘scala, € a maior parte da matéria-prima uusada € composta por alhos de baixa qualidade industrial, resultando em pro- dutos manufaturados deficientes na apa- éncia © nas caracteristicas organolépti- cas (Regina 1978) Uma caracteristica que nfo pode ser esquecida € a produtividade, e neste aspecto os trabalhos envolvendo a ‘Pe- Fuano” mostram que esta cultivar nao tem sido muito produtiva, usandose a tecnologia tradicional. Um programa de pesquisa direcionado poderia, talvez, de- “senvolver uma tecnologia de cultivo apropriada para a ‘Peruano’, o que re- sultaria em um grande avanco para a cul- tura nacional do alho. fraco revestimento, ou mesmo a Fig, 1 — Bulbos de alho peruano. 1) Eng? Agr, M.Sc. ~ Prof./UFG-FA ~ Caixa Postal 131 — 74.000 Goifnia-GO. Int. Agropec., Belo Horizonte, 12 (142) outubro de 1986 total auséncia de tinicas envolvendo os bulbos do ‘Peruano’, é uma earacteristi ca indesejével para’ a comercializagéo de alho “in natura", mas irrelevante para a indistria, sendo até conveniente por facilitar a debulha. Esta caracteris: tica 6, até certo ponto, influenciada pe Jos fatores ambientais, pois observa-se, em alguns plantios, a formaggo. de alguns bulbos bem revestidos e com sti- ‘mo aspecto comercial. Contudo, 0s fa- tores envolvidos no controle desta ea- racteristica ainda ndo estio determi dos, sendo, também, um assunto inte- ressante para a pesquisa O alho ‘Peruano’ é um material com grande potencial para a indistria, nfo excluindo a possibilidade de comércio in natura”, principalmente, no perio- do de entressafra. Nao se podem me- nosprezar as caracteristicas (Jo impor- tantes e peculiares do ‘Peruano’, sem an- tes ter a certeza do real valor deste alho para a olericultura nacional. REFERENCIAS BURBA, J.L. & CASALL V.W.D, Intensidade dda dorméncia como parimetro fsioljgi- ‘co para o agrupamento de cultivares de alho (Allium sativum L.). In:CONGRES- SO BRASILEIRO DE OLERICULTU: RA, 22,, Vitéria, ES, 1982, Resumos. Vitdria, FS, Secretaria de’ Estado da Agricultura/Sociedade de Olericultura, 1982. p. 138. MASCARENHAS, M.H.T.; CARVALHO, V.D. de; SOUZA, RJ. de & SATURNI- NO. HM, Caracteristicas quimicas de 17 eultivares de alno (Allium sativum L.) visando 4 possbilidade de desidratagéo do produto I ~ Sete Lagoss, MG ~ 1977, In: PROJETO olericultura, relatério 76/77. Belo Horizonte, EPAMIG, 1978, p. 31-3, MASCARENHAS, MHT.; SOUZA, RJ. de; SATURNINO, HM. & LARA, LF.R Perda de peso e deterioragSo de bulbor em alho (Allium satieum L.) Pradente ‘4¢ Morais (MG) — 1977/1978, In: PRO- JETO olericultua, relatério 77/78. Belo Horizonte, EPAMIG, 1981, p. 62-9 MONTEIRO, J. do A. Produgéo e comer lizagdo de alho em Campo do Meio (Zo- ‘na Sul) e Capim-Branco (Zona Metalir- ica) Minas Gerais 1966/1967. Vigo UREMG, 1969.98 p. (Tese MS). REGINA, S.M. Subsidio ao plano nacional de produgio e abastecimento de alho. Brasilia, DP, SUPLAN/MA, 1978. 277 p, tno Variacao somacional em alho Rolf Dieter Ig 1/ Walter José Siqueira 2/ Grande parte da variabilidade gené- fica, necessiria para 0 melhoramento de Plants, jd existe nas reservas génicas fncontradas ras espécies ‘elvagens ¢ variedades antigas (Borlaug 1983), po- dendo ser aproveitadas através de méto- dos cléssicos de melhoramento, No en tanto, durante a domesticagdo¢ selecdo, visando primordialmente a qualidades ites ao homem, muitascaractertsticas de rusticidade foram perdidas com os constantes afunilamentos _genéticos, causados pela intensdades de selegdo pravicadas, resultando, geralmente, em cultivares mais sensiveis a doengas € pragos, exigentes quanto ds condigées edafoclimdticas e de armazenamento. Tanto os métodos classicos de melhora- mento, que envolvem hibridagto eapro- veltamento da variéncia genétce, como 0s ndo-convencionais, como, por exemt- lo, «cultura de tecdos, Baseiam-se na produgio de variabilidade genética, seguida de sele¢do para as caracteristicas desejadas. A espécie Allium sativum é conside- rada, segundo Ved Brat (1965), como Giplbide (2x = 16), assexuada e vivipa ra, sendo propogada, exclusivamente através do plantio de bulbilhos ou den- tes, varecende, portato, do process sexual, condipdo essencial para wm pro gruma de melhoramento genético con- ‘vencional. Cultivares novas tém surgido pela obserragio cuidadoss de produto- res tradicionais de alho, capazes de iden- tificar plantas com caracteristicas agro- rnimices vantajosaseselecioné-as. A in upto de mutagdes, sje por processos fisicos (radiagdes) ou quimicos (muta- génicos), foi muito disseminada nos fnos 50a 70. No entanto, sua contr- buigdo, como fonte geradora de varabi- lidade genética aproveitdvel, no caso do alho, tem sido muito discutida, e os resultados esdo aquém do experado, CULTURA DE CELULAS TECIDOS A cultura de tecidos vegetais tem-se caracterizado por intenso progresso nes- tes Gitimos anos. A partir dos trabalhos pioneiros de Haberlandt (1902) € de White (1934, 1937 ¢ 1939), visando @ demonstrar 0 fendmeno da totipoténcia de cétulas vegetais, a cultura de tecidos, de maneira geral, despertou o interesse da comunidade cientifica, face as ind rmeras aplicagdes priticas que a técnica oferece. Além disso, a estreita seme- Tanga com as técnicas empregadas em microbiologia permitiu rapida adaptagao dda metodologia, por envolver os mesmos aparatos laboratorials conduta experi mental de quando se trabalha com bac- térias e fungos, comparadas a cétulas € tecidos vegetais. De uma maneira did’ tica, a cultura de tecidos pode-se sub- dividir em diferentes areas de aplicacZes, de acordo com 0 explante ou inéculo utilizado. Nese aspecto, destacam-se as culturas artificiais de meristemas, ovi- ios, embrides, anteras, segmentos de planta (folha, caule, raiz, hipocdtilo etc.), células e protoplastos. Algumas derivagdes podem ser inchuidas, tais co- ‘mo, as culturas de Ovulos, de microspo- ros e de endosperma. © progresso que a area de cultura de células ¢ tecidos vegetais pode trazer para o methoramento do alho esti bem fundamentado no trabalho de Novak (1974), Além disso, a cultura de meri temas, cuja finalidade principal ¢ a de produzir plantas livres de virus, dé ori gem a estoques de clones sadios que, além de aumentar 0 potencial produti- vo, poderfo auxiliar na manuten¢do de colegdes e no intercambio de germo- plasmas com outros paises. Por outro lado, a variagfo genética comumente observada entre plantas regeneradas, a partir de culturas de células, atual- mente denominada de variago soma- clonal, vem sendo utilizada como fonte 1) Engo As, PRD — Pro, Titular/IB/UNICAMP — Caixa Postal 6109 ~ 13.100 Campinas-SP 2) Engo Ag Pesg IAC ~ Cats Postal 28-~ 13,100 Campinar-SP 2 alternativa para 0 desenvolvimento de novas cultivares de alho. VARIAGAO SOMACLONAL Aparentemente, 0 maior interesse em se realizarem as culturas de células em suspensio ou de calos em meio liquido ou s6lido, para posterior rege- neraggo de plantas, decorre, principal mente, da variablidade, freqientemen- te apresentada por essas plantas, apos a fase de cultura in vitro, Essa variabili dade, denominada de’variagio somaclo- nal, quer sendo induzida pela técnica propriamente dita, ou pré-existente nas células dos explantes originais uti- lizados, ¢ até mesmo em ambas, é pas sivel de ser explorada com a finalidade de melhoramento genético. ‘A origem da variagio somaclonal € bastante polémica e controvertida, € vem sendo alvo de varias publicagdes recentes. Autores como Sree Ramulu ct al (1984) encontraram evidéncias de endorreduplicagéo, causando alteragdes rnuméricas dos cromossomos das células em cultura, 0 que pode, obviamente, concorrer para a regeneracdo de plantas aneuploides (monossomicas, mulissOmi- cas, trissomicas etc.), ou poliploides (tiploides, tetraploides ete.). No en tanto, a maioria das variagBes observa: das pode também ser explicada por alteragdes estruturais dos cromossomos somiticos, induzidas pela cultura -de tecidos, como conseqiéncia dos seguin- tes fatores: a) “crossing-over” desigual entre as crométides irmas de cromosso- ‘més homélogos, dando origem a dele- ‘g®es e/ou duplicagdes; b) quebra e in- Versfo de segmentos de uma cromatide; ©) quebra simultanea entre cromatides nfo-homblogas ou translocages (Lar. kin & Scowerot 1981 ¢ 1983). Além disso, como jé foi salientado, outra fra- (gio dessa variabilidade ¢ originéria dos roprios tecidos somaticos da planta doadora, como resultado, por exemplo, de falhas nos sistemas de reparo do DNA, durante 0 processo de divisfo diferenciagdo celular, Finalmente, ava- riabilidade induzida pode ser explicada, Inf. Agropec., Belo Horizonte, 12 (142) outubro de 1986 tho pela condigdo artificial imposta as c&lu- Tas, uma vez que so extrafdas do ambi- ente equilibrado de um organismo e, ‘em seguida, so colocadas em contato com 0s compostos do meio de cultura, tanto de origem inorginica (sais mine. rais), como de origem orginica (apiica- res, vitaminas e substancias reguladoras de crescimento), normalmente em con- centrages bastante diferentes do meio ambiente interno, que compoe os teci- dos da planta. Dessas substancias, sabe- 5 que 05 fitorreguladores s40 08 agentes ‘que podem ser mais atuantes no que diz respeito a induggo de mutagao, prin- cipalmente para as drogas de origem sintética que, inclusive em doses. mais clevadas do que 4s preconizadas para a cultura de tecidos, si utilizadas como herbicidas, tais como, 0 acido 2,4 diclo- o-fenoxiacético (2,4 D) e 0 Acido 4 amino-3,5,6 tricloropicolinico (Piclo- ran), Segundo Novak (1981), 0 2,4 D poderia estar envolvido diretamente, co- mo indutor de aberragdes cromossomi- ‘cas, ou indiretamente, como agente sele- tivo, para essas linhagens de células mu- tantes, j4 pré-existentes, no explante original, ou ent, formadas durante as iniimeras divisbes, na fase de calos. As plantas regenerdtlas, por conseguinte, apresentam varias alterag6es. morfol6- Bicas, associadas a aberrapdes cromos- somicas, tanto numéricas (em maior ni- mero), quanto estruturais, cujes fre: ‘qUéncias se elevam na proporga0 em que calos s4o induzidos e desenvolvidos por um periodo prolongado, em contato com 0 2,4 D (Novak 1974, 1980¢ 1981), Gambérg & Dunn Coleman fazem algumas consideragées sobre somaclones obtidos em inimeras espécies vegetais, ‘onde se empregaram varios agentes sele- tivos nos meios de cultura, como 2,4 D, picloran, toxinas de Diploidia mayais € P. infestans, alguns aminoscidos (isina, treonina, valina e cisteina), além de and- logos de nitrato ‘etc.. Resta ainda men- cionar os fendmenos de amplifieago ou diminuiggo génica, de seqiténcias repetitivas do DNA, além dos fendme- nos de transposicio ‘nica (elementos de insereo), como também responsi veis por parte da variago somaclonal hereditaria (Marx 1984), e ainda alte- ages génicas e/ou cromossomicas extra nnucleares, 20 nivel de organelas, tais co- mo, cloroplastos e mitocéndrias. APLICAGGES DA VARIACAO SOMACLONAL NO MELHORAMENTO [A discussdo acerca da variagd0 s0- maclonal ser o¥ no uma importante ferramenta para programas de melho- ramento ainda tem causado muita po- lemica (Friedt & Wenzel 1985). No presente trabalho, considera-se que a vvariago genética de origem somaclonal pode ser de grande utilidade, principal- mente em espécies de propagaco vege- tativa ou apomitica. Genomas comple- tamente diferentes podem surgir como resultado de “crossing-over” desigual, inversbes ow translocacbes, além de ou- tras possibilidades jé discutidas, dando origem a novas combinagoes génicas, as quais sio a base para a selecdo de plantas superiores, altamente adaptadas (Newell et al 1984 € Gill et al 1985), A lista de espécies, nas quais a varia- 40 somaclonal foi constatada e, conse- Qiientemente, explorada para fins de selegdo, cresce rapidamente, Os exem- plos sdo inuimeros ¢ alguns deles sé0 citados por Evans et al (1984) e Ig & Siqueira (1984). Em cana-de-agicar, foram obtidos 85 clones resistentes 20 Helminthosporium sacchari (mancha- ocular), 70% dos quais geneticamente estiveis (Larkin & Scowcroft 1983). Na cultivar estéril de batata ‘Russet Burbank’, Shephard et al (1980) obti- veram cinco clones resistentes a toxina de Altemaria solani ¢ 20 clones resis- tentes &s ragas Oe a raga complexa 1, 2, 3, 4 de Phytophtora infestans, rege- nerados a partir de protoplastos. Em espécies agricolas como arroz (Oono 1983), cevada (Mix et al 1978), sorgo (Brar et al 1979), amendoim (Bajaj et al 1981), milho (Edallo et al 1981) e trigo (Dutrecq 1981), a variagio s0- maclonal também ja foi evidenciada Em tomateiro, espécie autogama na sua forma domesticada e tipicamente dipléide, Evans & Sharp (1983) cara terizaram geneticamente a transmissio de 13 caracteristicas morfolbgicas, de- Vidas a genes nucleares simples, dentre 230 plantas regeneradas de cultura de tecidos, a partir de explantes foliares da cultivar UC 82B, para indistria, 0 que corresponde a 5,6% do total. Duas das catacteristicas das variantes soma clonais estudadas puderam ser atribu Inf. Agropec., Belo Horizonte, 12 (142) outubro de 1986 das a genes ndo-descritos, até entio, pelos estudos usando métodos conven. cionais e de mutagénese. Ainda em to- mate, Illg & Siqueira (1984) descreve.. ram uma série de variantes somaclonais, quanto a caracteristicas morfologicas, afetando 0 formato e coloragao de fo- Ihas, forma de frutos e porte de planta, além de variantes somaclonais, para ca racteristicas fisiol6gicas de resisténcia i toxina do fungo Phytophtora infestans (lg 1985). Novak (11980) € Novak et al (1985) relatam a obtengao de plantas de alho regeneradas, a partir de culturas de ceélulas (calos), possuindo grande varia- ‘¢f0, em caracteristicas fenotipicas, co- ‘mo: altura da planta, ntimero de folhas, peso e formato dos dentes, aspecto externo dos bulbos, coloragao das esca- mas e presenca de bulbilhos aéreos. ois desses somaclones possuem carac- teristicas agronémicas superiores as das plantas originais, tendo sido langadas como novas cultivares PERSPECTIVAS PARA CULTIVARES NACIONAIS QUANTO A UTILIZAGAO DA VARIACGAO SOMACLONAL Existem diversas cultivares de alho sendo plantadas de norte a sul do Pais, abrangendo miltiplas condig6es edafo- climaticas € de fotoperiodo, causadas principalmente pelas diferengas de rele- vo e de latitude, No entanto, a despei- to da plasticidade fenotipica, apresenta- da pela espécie Allium sativum L, algu- ‘mas cultivares so mais indicadas do ‘que outras para o plantio, dependendo das condigdes ecologicas| da regio e da preferéncia do produtor em atender & demanda, em diferentes periodos do ano, Sabe-se que 0 alho apresenta sazo- nalidade de produgo, com maior escas- sez do produto no primeiro semestre, com destaque para os meses de abril julho, quando so realizadas as im- portagdes para regular o abastecimento. Essa sazonalidade surge em fungio de a cultura ser mais adaptével a clima temperado, limitando-se, assim, o plan tio a uma determinada época do ano, coneretizada nos meses de margo a maio. Conseqientemente, tém-se épo- 13 tno. cas de safra e entressafra, agravadas pelo fato de a produgdo nacional, apesar de crescente, ser insuficiente para abastecer (© mercado interno, mercado consu- midor prefere alhos do grupo dos cha- mados “nobres”, ou seja, aqueles que aptesentam bulbos firmes, bem encapa- dos e cujos bulbilhos, regularmente inse- ridos, sejam grandes e em nimero nao muito superior a 20, pois, caso contri rio, 05 bulbilhos intemnos tornam-se Pequenos e afilados (palitos). Neste ‘grupo esté a maioria dos clones de ciclo médio (de 4,5 a 5,5 meses), destacando- se em importincia, face i preferéncia para o plantio, principalmente na regio Sudeste e Centro-oeste, os. seguintes: Lavinia, Amarante, Peruano, Chinés € Gigante. Deve-se esclarecer que existem vvariagdes quanto aos nomes destes clo- nes € de outras cultivares, os quais, em sua maioria, sfo decorrentes de varia- goes fenotipicas devido ao ambiente © nfo-genéticas, além de levarem, geral- mente, denominagdes do local onde sfo cultivadas (Siqueira et al 1985). A cultivar Centenario tem sido fre- qlentemente considerada como nobre, pelo bom aspecto externo dos bulbos, com pelicula branca e lisa, insereao regular dos bulbilhos € manutengdo de alto peso médio, apos cura completa fe com maior conservagao, além de pos- suir resistencia a moléstias fingicas da parte aérea ¢ a herbicidas de pos-emer- géncia, Contudo, ela € de ciclo tardio {maior que 5,5 meses), suscetivel 20 pseudoperfilhamento e apresenta eleva- do nimero de bulbithos, com a conse- qiente formagfo de palitos no centro dos bulbos. Dentro ainda do grupo dos alhos nobres, vém crescendo em importincia, no estado de So Paulo e em Minas Ge- rais, as cultivares introduzidas no sul do Pais (Parand, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), denominadas de Cho- nan’, ‘Roxo Pérola e Cagador’ ou simplesmente ‘Cagador’ ¢, mais recen temente, a ‘Quitéria’. Estes germoplas- ‘mas sfo mais exigentes em.tratos cultu- rais e apresentam clevada dependéncia de fotoperiodo longo e crescente, além de baixa temperatura, para a indugio © completa bulbificagio, razio pela qual sf0 cultivados, mais frequentemen- te, nagueles Estados citados (Biasi & 4 Muller 1984). Os bulbos de boa con- servagio, com coloragdo branca € 0s bulbilhos quase que avermelhados, con- ferem 6timo aspecto ao produto final, competindo inclusive com 0 material importado. Portanto, essas peculiarida- des garantem ao produtor maiores cota- ges e facilidades durante a comercial- zagfo, devido 20 elevado interesse do mercado consumidor por esse tipo de alho. A necessidade de vernalizagio des- ses clones, ou seja, de submeter os bul- bos ou bulbithos a um periodo pré- determinado de frio, por cerea de 40 dias, e 0 alto risco de ocorrer no campo © distiibio fisiolOgico conhecido por pseudoperfilhamento, tomam dificil ‘a ampla utilizagdo dessas cultivares para as regibes ngo-sulinas do Pais. Apesar da elevagao do custo do alho-semente, essa vernalizago é necessiria para di- minuir 2 exigencia de dias longos e, conseqiientemente, para ocorrer a bul- bificagdo completa das cultivares Cho- nan, Cagador ¢ outras de igual carac- teristica Porém, uma vez. eliminado esse problema da vernalizaglo, resta 0 do pseudoperfilhamento. As pesquisas devem ser intensificadas, no sentido de se estabelecerem as interagdes entre a matéria orginica do solo, quantidade, forma e época de aplicagéo do nitrogé- io e a quantidade e a freqiéncia de irrigagao, relacionada com a época de plantio, versus periodo de vernalizagio no pseudoperfilhamento. Muito embo- ra existam indmeras cultivates precoces (de até 4,5 meses), que podem ser plan- tadas em qualquer latitude e abastecer ‘© mercado no periodo de julho a agos to, tais como, Branco Mineiro, Cajuru, Juréia, Gravat e Mossor6, além de ‘outras, estas no apresentam produti- vidade e qualidade de bulbos aprecié: veis pelos agricultores € consumidores, Quanto aos demais clones utilizados, ainda que em menor escala, destacam se 0 Barbado e 0 Caiano, de ciclos tar: dios (maior que 5,5 meses), mas com suscetibilidade a0 pseudoperfilhamen- to e com bulbos apresentando palitos. Salienta-se ainda que muitos pequenos produtores plantam a cultivar de ciclo médio, denominada de Cateto Roxo, para consumo proprio, quer pela tra dligdo, ou por certa relutincia em aderit aos clones nobres. A desvantagem desse material, muito embora produtivo, ris- tico e de bom aspecto vegetative, pro- porcionado pelas fothas eretas ¢ verde- claras, esté no elevado nimero de bul- bilhos, formando, conseqiientemente, muitos palitos. ‘Apos esses comentirios sobre as possibilidades de utilizagio é das carac- teristicas gerais dos clones de alho, mais ‘comumente plantados, podem-se esta belecer, facilmente, as linhas de pesquisa para as diferentes cultivares, envolvendo as técnicas da cultura de tecidos, princi- palmente no que se refere & exploraggo dda variagéo somaclonal, uma vez que essa espécie exclusivamente de propa- gagdo vegetativa, limitando, assim, 0 melhoramento genético para a introdu- eo de novos materiais e para a selagio de mutantes naturais ¢ induzidos. ‘A partir do material genético basi- co, representativo de cada clone, obvi mente livre de possiveis misturas varie- tais, devem-se procurar mutantes soma- clonais estaveis, com alteragbes apenas nas caracteristicas indesejaveis. Para 0 clones nobres do sul do Pais, as aten- ‘gbes devem ser voltadas para a obtengo daqueles que no necessitem de vernali- 2zagio para a produgao de bulbos em la- titudes menores que apresentei resis- téncia a0 pseudoperfilhamento. Como estratégia pars regularizar 0 abasteci- mento, no perfodo de junho a agosto, obtém-se um clone nobre precoce, par tindo-se das ‘proprias cultivares preco- ces, ou mesmo através dos clones nobres de ciclo médio. Com relagao a cultivar Centenirio e demais clones relaciona- dos, a menor sensibilidade a0 pseudo- perfilhamento ¢ a redugéo do nimero de bulbilhos aumentariam a aceitagio por parte dos produtores, face és outras vvantagens, que esses clones oferecem. ‘Além dessas caracteristicas jé men- cionadas, outras, como 0 aumento do potencial produtivo e da conserva gfo (armazenamento), resisténcia a nematoide (Ditylenchus dipsaci), & podridao-branca (Sclerotium cepivo- rum), ferrugem (Puceinia alli), man- cha-parpura (Alternaria porri), viroses ¢ algumas pragas (dearos ¢ tripes) so igualmente desejadas. A possibilidade da ocorréneia do florescimento, com a formagio de sementes vidveis nos clo- nes mutantes obtidos, também merece especial atengio, Int. Agropec., Belo Horizonte, 12 (142) outubro de 1986 Atho PROTOCOLO PARA REGENERACAO DE PLANTAS A PARTIR DE CALOS ) Material: A cultura de eélulas de alho pode ser iniciada a partir de frag, mentos de tecido, preferencialmente meristemitico, tais como, pontas de raizes, base das folhas (de protegdo ¢ definitivas), segmentos do disco cauli- nat, além do proprio meristema (Fig. 1), b) Esterilizagdo: As peliculas dos dentes de atho provenientes de bulbos de cura completa s40 removidas. Em se- muida, os dentes sf0 lavados em agua corrente e esteilizados superficielmente com uma solugdo a 1,259 de hipoclori- to de sodio, durante 30 min, sob agita- 0. 0 residuo da solugdo esterlizante € removido apds cinco a seis lavagens sucessivas com égua esteriizada. ©) Brotagio: Os dentes si0 coloca- dos para brotar em frascos contendo papel de filtro embebido em solugio nutritiva de Hoagland, até o estigio de emergéncia da folha definitiva, de 1 a 2m acima da extremidade do dente. 4) Preparacao dos explantes: A co- leta de explantes ¢ feita a partir de frag- mentos das bases das folhas, ou das pon tas de rafzes ou ainda do disco basal, todos, em média, com 25 mm? €) Inoculagdo dos explantes: os ex- plantes so colocados sobre 0 meio de cultura cuja composigéo salina e de vita- minas é a de Murashige & Skoog (1962), adicionando-se sacarose (2%), mioinosi- tol (100 mg/®), caseina hidrolisada (200 mpl), além das combinagBes de fitor- reguladores 2,4 D (SMM) + cinetina (10 UM) + acido 3-indolacético (10 uM) ou, entdo, 2,4 D (5 MM) + Picloran (5 HM) + Cinetina (5 4M). Os explantes so mantidos, no escuro, a 2521°C. {) Indugdo de calos: A formagao de calos se dé, aproximadamente, de 40 8 60 dias apds 4 inoculagfo dos explan- tes (Fig. 2). 8) Manutencdo e repicagens: Aos 60 dias ap6s a inoculagao dos explantes, 0s calos sdo transferidos para o meio de cultura conforme descrito no item e, ‘modificando-se os fitorreguladores para 25 UM de 6-benzilaminopurina (BA), na resenga de luz a 4.000 lux, durante 12h Fontes de explontes oy 1 -folno verdadeira 2 fama som limbo(de protecdo) ‘3 blbie (fine de ormezsnamento) 4 “disco coulinor S-raizes © -boses dos foltos inducdo de colos regeneracdo variaedo somaclonal novos fendtipos Fig. 1— Esquematizago do protocolo para obtengao de variantes somaclonais em alho, a partir de diferentes fontes de explantes. hy Morfogénese somitica: A rege- nerago de plantas iniia-se aos 30 dias Seguintes, sempre na presenga de 25 4M de BA (Fig. 3). ‘) Enraizamento: As plantas rege- noradas sf0 individualizadas e transfert Inf. Agropec., Belo Horizonte, 12 (142) outubro de 1986, das para o meio de cultura como no item e, substituindo-se os fitorregulado- res por 2 g/? de Acido indolbutirico (BA) (Fig. 4), J) Bulbificagao: Plantas enraizadas fo transferidas para o meio de cultura 1s Fig. 3 - Alta freqidncia de regenerario de plantas, na presenga de 25 uM de BA Fig. 4 — Individualizagao enraizamento de uma planta regenerade, ‘na presenga de 2 9/2 IBA. 16 Fig. 2 - Calo de alho cv. Chonan, 60 dias apés a inoculagdo de ponta de ‘iz, em meio de indugio (uM 240 +10) cinetina + 10 2M IAA). como no item e, na auséncia de fitorre- guladores, a 4,000 lux com fotoperio- dos crescentes, como segue: 20 dias com 12h + 20 dias com 14 h + 20 dias com 16h (Fig. 5). 1) Coleta e cura dos bulbilhos: Apos ‘a maturagdo © secagem das folhas, os bulbilhos sfo lavados para remogio dos Bulbiticagso invitro induzida por tratamento com fotoperiodos crescentes. Inf, Agropec., Belo Horizonte, restos do meio de cultura, secados © curados. ‘m) Plantio em terra: Apés @ cura ter sido completada, os bulbilhos sfo plantados em substrato orgenomineral, com a finalidade de propagagao © ané- lise das caractesisticas morfol6gicas € agrondmicas (Fig, 6). 1) Coleta dos clones de primeira multiplicagao (R1) (Fig. 7). REFERENCIAS, BAJAJ, Y.PS.; RAM, A-L.; LABANA,KS. &’ SINGH, H. Regeneration of geneti- cally variable plants from the anther derived callus of Arachis hypogeae and A, villosa, Plant Sci, Lett, 23:35, 1981 BIASI, J. & MULLER, S. Vernaizagao do alho-semente para Santa Catarina. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLE- RICULTURA, 24., ¢ REUNIAO LATI NO-AMERICANA” DE OLERICULTU- RA, 1, Jaboticabal, 1984. Resumos Jabticabal, UNESP/Sociedade de Ole- rigultura do Brasi, 1984. p.70. BORLAUG, N.E. Contributions of conven- tional plant breeding to food produc- tion, Science, 219:689-93, 1983. BRAR, DS; RAMBOLD, S; GAMBORG, (0. & CONSTABEL, F. 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O custo e a dificuldade de obtengfo de méo-de-obra treinada, bem como de méquinas e equipamentos destinados ao plantio, colheita ¢ bene- ficiamento (referente & toalete, debulha € classificagdo do alho), sf alguns dos fatores que tém limitado a expansio dessa cultura. © plantio € uma etapa relevante dentro do sistema de produedo, uma vez que esté diretamente ligado 20 esta- belecimento do stand e em consequén- cia poderé comprometer seriamente a produtividade. Poucos sio os equipa- mentos encontrados no comércio capa- 2es de ajudar satisfatoriamente no plan- tio, ou seja, na distribuigo uniforme dos bulbilhos a cada 8a 10 cm. Essa di ficuldade decorre de as caracteristicas fisicas dos bulbilhos (forma e tamanho) ‘no se ajustarem aos sistemas de distr bbuigdo de sementes, de plantadeiras tra- dicionais. Assim, tendo em vista esses aspectos, desenvolveu-se na EMBRAPA: CPAC uma plantadeira de alho (Fig. 1), ‘tendo como componente inovador 0 dispositivo separador de bulbilhos. dispositive (Fig. 2) € constitufdo de duas mesas: uma superior fixa, conten- do dois bragos em espiral e outra infe rior rotativa € de formato cOnico. Os bulbilhos armazenados no depésito caem por gravidade, através do tubo de alimentagdo, e vio encher 0 espago va zio abaixo do tubo, entre a mesa supe- rior fixa e a inferior mével. Alguns caem entre os dois primeiros bragos da spiral, mas a grande maioria se amon- toa no espago deixado livre, no centro da espiral. Com a rotagdo da mesa ferior, os bulbilhos so forgados contra a supetficie da espiral e empurrados para a periferia, formando uma fila con: tind a0 longo da superficie convexa da espiral. Os bulbilhos, a0 deixarem 0 dispositivo, caem por gravidade, através de um tubo ditetamente sobre 0 sulco © equipamento, com relagio parte operacional, ainda se encontra em fase de ajustes no Centro Nacional de Pes- quisa de Hortaligas ~ CNPH (Fig. 3). 0 alho destinado & comercializagio passa por um processo de limpeza e de incisdo da haste e raizes (toalete). Esta ‘operago normalmente ¢ iniciada apés a cura do alho com o corte da haste, que deve ser feito de 1 a 3 em acima do bbulbo, a fim de evitar que ocorra a de- bulha. O corte das raizes € feito a se- ui, evitando-se efetus-lo muito rente, uuma vez que ele pode danificar o disco das rafaes. A retirada das capas exterio- res ou ttinicas também faz parte desta operagdo, pois normalmente estas capas Fig, 1 Plantadeira de alho em operacao. se ercontram impregnadas de solo, algumas se soltam livremente. Dessa forma, este preparo confere um bom as- pecto ao produto, ‘A operagio de toalete ainda é feita ‘manualmente, utilizando-se tesoura de oda, faca ou canivete, process que possui baixo rendimento. Para dinami. zé-lo, € necessatio automatizar a0 mé- ximo todas as operag6es, utilizando-se para isso de méquinas adequadas, 0 que ‘no momento no se encontra no comér- cio. Em face deste problema, iniciou-se no CNPH o desenvolvimento de uma méquina para toalete de alho, cuja etapa de desenvolvimento encontra-se limita- da a0 corte da haste, apresentando um rendimento médio de 200 ke/hora, su jeito a aumentar significativamente com ‘@ complementagio do desénvolvimento do protétipo (Figs. 4, 5,6 e 7). Fig. 2 - Saidae disposigéo dos bulbilhos esegmento da espiral fixada mesa superior. mm 4/ Eng? Agricola, M.Sc. ~ Pesq /EMBRAPA/CNPH — Caixa Postal 07.0218 — 70.359 Braslia-DF. 18 Inf. Agropec., Belo Horizonte, 12 (142) outubro de 1986 Fig. 3 — Vista superior dos depdsitos para bulbilhas e fertilizente, REFERENCIAS EMBRATER, Brasilia, DF. Recomendagtes (écnicas’ para hortligas; —mquinas © cequipamentos, sementes ~ 1985/86, Bra silia, EMBRATER/EMBRAPA, 1985 v3, REGINA, S.M. & VIEIRA, GS. Cotheita, - a, preparo, padronizagio, armazena- mento, comercalizagioeindustralizaglo doalho. s.n.t. 10 p. (Mimeogr) SATURNINO, H. M. Colheita, cura, prepa, embalagem, comercalizagfo © armazen mento do alho. Inf. Agropec., Belo Ho- rizonte, 4 (48): 51-60, 1978. SEIXAS, J. & FOLIE, SM, Plantadeira de alho. Brasilia, EMBRAPA/CPAC, 1982. 15 p. (Circular téenica, 14, SISTEMA de produsio pare lho. Florin népolis,_ EMPASC/EMATER-SC/ACA- RESC,1980. 33 p. (EMBRAPA. Boletim, 268). 19 tho Nutricao mineral do alho José Ronaldo de Magalhies 1/ Oalho é uma espécie que se cultiva desde tempos imemoriais, sendo seu centro de origem principal as zonas tem- peradas da Asia Central, de onde, na época pré-historica, se espalhou para a regio do Mediterraneo, onide suas vir- tudes so talvez mais consideradas do que em qualquer outra regifo do mundo (Menezes Sobrinho 1978). Dentre os paises maiores produto- res de alho, 0 Brasil coloca-se em 2 ugar em produgdo, embora 0 rendi- mento médio estefa proximo de 4 t/ha, numa produtividade bastante abaixo da média mundial. Sabe-se, entretanto, que, em culturas conduzidas segundo uma melhor orientagio técnica e em condigdes de clima e solo favoréveis, tém-se alcangado 12 t/ha (Menezes So- brinho 1984). O cultivo do alho em so- los do Egito, ricos em nutrientes, dé a ‘esse Pais a lideranca em produtividade, com mais de 30 t/ha. Em face da baixa rodutividade de alho no Brasil, ete é wm ponto que merece consideraydes, enfatizando-se aqui a nutriefo da plan- 1a como o maior fator de produgéo. CARACTERISTICAS FISIOLOGICAS DA PLANTA ‘Algumas considerages quanto as caracteristicas da planta devem ser feitas para melhor orientar os problemas mais ‘especificos da cultura, (0 alho ¢ uma planta de raizes fasci- culadas, aleangando grandes profundi- dades, desde 40 até 80 em (Menezes So- brinho 1978), o que leva & preocupagao com 0 tipo de solo e a colocaglo dos fertiizantes. As folhas sfo lanceoladas, de superficie lisa, com diferentes graus de cerosidade, 0 que diminui de certs forma a eficiéncia de adubacdo foliar 0 crescimento da planta ¢ bastante ler to nos dois primeiros meses, com con: seqlente baixa absorgio de nutrientes, aumentando 2 partir dai até 0 quarto més (Fig. 1). TIPOS DE SOLOS A semethanga das demais hortaligas, a cultura do alho prefere solos leves, de textura média, profundos, ricos em matéria organica e bem drenados. Solos pesados, muito argilosos ndo permitem um desenvolvimento normal-das rafzes € contribuem para a deformagdo dos bulbos, dificultando a colheita. Reco- mendam-se solos de baixada ou de en- ‘costa com boa insolagdo e com facilid de de agua para irrigagio. Um eficiente preparo do solo é indispensivel para 0 bom crescimento das raizes e dos bul- bos. Para solos de textura fina, sugere- se irrigago por infiltragio, e para solos de textura grossa deve usar-se aspersfo. Para solos sujeitos & salinizacdo, deve-se ter um adequado controle de qualidade da fgua e do manejo de irrigacao, 1 dando-se, principalmente, da drenagem do solo. “A corre¢o, embora antiecond- mica, pode ser feita através da lavagem do solo com uma lamina de égua por aspersio e/ou aplicagio de sulfato de cileio. CORRECAO DO SOLO E pH O-alho ¢ uma planta que apresenta grandes respostas 4 calagem (Cheng et al 1978; Ferreira et al 1979 e Menezes Sobrinho et al 1979). Assim, devido a acidez quase generalizada dos solos do Brasil, a utilizagdo de caleério € de suma importincia para a cultura. A calagem favorece o crescimento e desenvolvimen- to das plantas através de seus efeitos no solo, como fornecimento de Ca e Mg ‘como nutrientes; diminuigdo ou elimi. nago dos efeitos toxicos de Al, Mn & Fe; aumento da disponibilidade de cer tos nutrientes existentes no solo, dispo- nibilidade as plantas dos nutrientes apli- cados, melhor atividade dos microorga- nismos do solo, melhoria, em certos casos, das propriedades fisicas do solo, favorecendo consequentemente 0 me Ihor desenvolvimento das raizes. das plantas (Souza 1978) Com a elevagdo do pH do solo, hi diminuigio do Al toxico, aumento da disponibilidade de Mo P, principal- mente; por outro lado, ocorre 0 decrés- cimo da dispbnibilidade de Zn, B, Cu, Fe ¢ Mn, Para algumas plantas testadas fem solugdo nutritiva mantendo bom balanceamento dos mutrientes, 0 pH fem si, dentro de certos limites (entre 4,5 @ 6,0) nfo tem muito efeito no crescimento da planta e na absorefo ionica (Malavolta 1976). © pH da seiva de muitas plantas esta na faixa ligeira- mente cida (5,0 5,5) € ¢ usado, mui- tas vezes, para cultivo de plantas em solugio nutritiva, A resposta das plan- tas a pH mais alto no solo se deve a ‘ulbo e comprimento ‘Unidades de ature, peso, matéra seca total, Dias de amostragem ulbae iagio Rel Fig. 1 — Matéria seca das diversas partes da planta e comprimento ‘em fungao da época de amostragem. Fonte: Silva et al (1970). 1 Eng® Agr, Ph.D. — Pesq.JEMBRAPA/CNPH ~ Ctixa Postal 07.0218 ~ 70.359 Brasilis-DF. 20 Inf. Agropee., Belo Horizonte, 12 (142) outubro de 1986

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