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História 10 Classe
História 10 Classe
CAHAMA – 2023/2024
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Como ciência, a História nasce nos primórdios do século XIX, tornando assim uma
ciência independente, possuindo métodos de investigação, métodos de análise e
síntese, objecto de estudo, etc.
A palavra história tem como origem a cidade da Grécia Antiga, que em grego historiei,
significa investigar.
Várias são as definições existentes sobre a História como ciência, não existe uma
definição exacta.
Conceitos de História:
Toda e qualquer ciência possuí um objecto de estudo, a História não foge a regra,
também possui objecto de estudo:
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Estes vão constituir o objecto de estudo da História, mais não nos esqueçamos que o
Homem é o objecto primordial da História.
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Pode-se assim afirmar que, não se pode classificar as fontes históricas sem que, exista
a Metodologia da Análise Histórica, visto que, entre elas existe uma relação.
Fontes Históricas: são todos os vestígios que testemunham a presença dos antigos
homens me variados sítios, épocas. Estas fontes classificam-se:
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Obs.: a tradição oral é mais usual em África e em localidades onde tomaram contacto
com a escrita muito mais tarde, por isso é considerada a tradição oral como uma fonte
muito importante para o continente africano, visto que ela é transmitida de geração em
geração.
A CRÍTICA HISTÓRICA
A História faz-se com documentos e não só. Para o historiador distinguir o verdadeiro
do falso deve seguir três passos importantes:
3. Compreendê-las e intrepretá-los.
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A SÍNTESE HISTÓRICA
Pode-se definir a síntese Histórica como sendo o resumo do conteúdo histórico após o
processo de análise. Assim pode-se dizer que, sem a análise não pode haver a síntese.
A História é uma ciência que tem como elementos fundamentais: o tempo e o espaço,
para de poder enquadrar os factos históricos.
Pré-história inicia-se com o surgimento do Homem na Terra; e dura até cerca de 4000
a.C., com o surgimento da escrita. Caracteriza-se pelo nomadismo e actividades de
caça e re-coleção. Surge a agricultura e a pecuária, os quais levaram os homens pré-
históricos ao sedentarismo e à criação das primeiras cidades. É dividida entre Idade da
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compreende-se de cerca de 4000 a.C. até 476 d.C., quando ocorre a queda do Império
Romano do Ocidente. É estudada com estreita relação ao Próximo Oriente, onde
surgiram as primeiras civilizações, sobretudo no chamado Crescente Fértil, que atraiu,
pelas possibilidades agrícolas, os primeiros habitantes do Egito, Palestina,
Mesopotâmia, Irã e Fenícia. Abrange também as chamadas civilizações clássicas:
Grécia e Roma;
compreende de 1789 até aos dias atuais. Envolve conceitos tão diferentes quanto o
grande avanço da técnica, os conflitos armados de grandes proporções e a Nova
Ordem Mundial.
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Exemplo: a data de 1482 possui um grande significado histórico para o Congo e não
para o resto do território angolano. O mesmo pode se dizer da data de 1575 que tem
um grande significado para Luanda igualmente sem muito interesse para o resto do
território de Angola.
2- Período dos reinos do território que é hoje Angola (antes e depois da chegada dos
europeus, terminando convencionalmente em 1482.
Obs.: Estes dois últimos períodos são mais recentes que possuem maior número de
bibliografias, por isso são os períodos mais conhecidos da História Angolana.
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Como exemplo poderíamos citar uma guerra, a construção de uma grande obra, uma
revolução, etc.
Como nem sempre o tempo cronológico e o histórico coincidem, existem povos que
vivem diferentes momentos históricos no mesmo tempo cronológico.
Exemplo: apesar de vivermos numa sociedade informatizada, várias pessoas ainda não
tem acesso a essa tecnologia.
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Os judeus contam o tempo a partir da criação do universo, que para eles teria ocorrido
há cerca de seis mil anos.
❖ Calendário islâmico
Os muçulmanos têm como referência o ano em que Maomé fugiu de Meca para
Medina, isso ocorreu 622 anos depois do nascimento de Cristo. Em países como a
Arábia Saudita este é o calendário observado.
❖ Calendário cristão
Para a história ocidental, as datas referenciadas antes de Cristo devem ser seguidas
de a.C., já os fatos ocorrido depois não necessitam da sigla d.C.
É importante ressaltar que nem todas as igrejas cristãs seguem este calendário. A
Igreja Católica Ortodoxa não aderiu à reforma gregoriana e manteve o calendário
juliano.
A divisão dos séculos ocorre através da contagem de 100 anos. Quando nos referimos
ao século I estamos citando os acontecimentos ocorridos entre o ano 1 e o ano 100.
O século II remete aos acontecimentos ocorridos entre o ano 101 e o ano 200.
O século III compreende os fatos ocorridos entre o ano 201 e o ano 300.
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❖ que são:
❖ Importância
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Todo esse vasto e longo processo histórico começa desde a Pré-história, literalmente
quer dizer antes da História que só pode ser feita com fontes escritas, materiais e oral.
Com desenvolvimento da Arqueologia e outras ciências que buscam a reconstituição
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a. PALEOLÍTICO
Neste periodo houve uma das maiores descobertas deste período: o fogo assim como
o seu domínio o que vai permitir-lhe cozer os seus alimentos, iluminar as cavernas,
afugentar os animais ferozes, aquecer-se do frio.
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Este período é dividido em três fases: o baixo Paleolítico, paleolítico médio e Paleolítico
Superior.
b. MESOLÍTICO
Este é um periodo que menos produziu, por isso poucos são os acontecimentos que se
registraram nesta época. Cerca de 10 milénio a. C, neste período a História registrou
uma vasta e profunda modificação no clima, alteração na fauna e na flora. Algumas
espécies de animais acabaram por desaparecer, tal igual as plantas, e algumas outas
espécies se desenvolveram neste no ambiente.
As regiões que haviam sido ocupadas por gelos dão origem a novas zonas vegetativas.
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c. O NEOLÍTICO
Podemos definir este período como sendo a fase da “Nova Pedra”, também conhecido
como “Revolução Neolítica”. Neste período vamos assistir uma evolução da
humanidade, tanto na sua organização social assim como na evolução dos seus
instrumentos de trabalho.
Nesta fase o Homem deixa de ser nómada e passaram a ser sedentário, deixando de
depender totalmente da natureza e começando a praticar a criação de animais e a
agricultura. Neste período surgem os primeiros aldeamentos e consecutivamente as
novas necessidades de produção que originaram a nova organização social.
A agricultura era realizada nos vales dos rios que recebeu o nome de “crescente fértil”.
Ex: regiões localizadas no rio Nilo (Egipto), e os rios Tigre e Eufrates (Mesopotâmia).
❖ O machado;
❖ A enxada;
❖ A faca;
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Muito antes das migrações Bantu no actual território que constitui hoje Angola, já
existiam alguns povos que constituíam o fundo primitivo de Angola que eram os
Pigmeus e os Khoisan. Nós faremos mais referência aos Khoisan, um grupo que hoje
se encontra em extinção.
Para a caça utilizavam pequenos arcos e flechas envenenadas. Além de Angola vamos
encontrar estes povos na vizinha República da Namíbia, África do Sul e Botswana.
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Durante muito tempo o Homem passou por um longo processo em que vivia totalmente
dependente da natureza, eram nómada andando de um lado para outro procurando
melhores condições naturais.
É muito difícil estabelecer datas exactas das migrações Bantu devido a falta de
documentos por um lado, por outro lado pelo processo longo que teve as deslocações
pois que nunca tinham um carácter de estadia definitiva.
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❖ O aumento da população;
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1. Os Bakongo
Ocupam a maior parte do norte de Angola, limitados pelo mar e pelo rio Kwanza
especificamente Cabinda, Zaire e Uíge.
2. Os Kimbundu
Ocupam também uma grande extensão do território nacional, limitados pelo mar e pelo
rio Kwanza, localizando-se na parte mais a Leste do Norte de Angola para o Sul médio
do Kwanza concretamente nas províncias de Luanda, Bengo, Kwanza Norte, Malange,
e partes de Kwanza Sul.
De uma maneira geral são bons agricultores de subsistência, são bons no domínio dos
instrumentos musicais como é o caso do Xilofones[8], instrumentos construídos de
cabaças. Estes também dominam o artesanato, no ramo da escultura, em algumas
regiões existia povos que eram bons arquitectos de obras fúnebres, como campas
feitas de pedras.
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3. Os Lunda Tchokwé
Igualmente vão ocupar um grande e vasto território deste país, estes povos englobam
as seguintes províncias Lunda Norte e Sul, Moxico e partes do Kuando-Kubango.
Descendentes de caçadores, são povo com uma inclinação para a escultura, bons
empreendedores na construção de habitações. Estes tinham um modo de educar um
pouco diferente em relação aos outros povos, os rapazes eram educados na Mukanda
e as meninas eram educadas na Cikumbi. Este tipo de educação ajudava na
transmissão dos valores culturais de geração a geração, caso característico em África.
Povo este que conserva acultura na linhagem matrilinear. Este povo também leva jeito
para o lado comercial. Actualmente estão a desenvolver a agricultura e a exploração
dos recursos minerais como é o caso do Diamante. Têm como actividade principal a
pesca artesanal e a caça.
4. Os Ovimbundu
um dos povos com a língua mais faladas em Angola, estes estendem-se pelas
seguintes províncias: Huambo, Bié e parte Norte da Huíla.
Estes povos são bons caçadores em savanas, criador de gado, agricultores com a
técnica da charrua puxada pelos bois. Com inclinação na construção de fornos para a
fundição cobre, principalmente em Benguela.
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5. Os Nganguela
Este povo domina a metalurgia com a fundição do ferro, bons na cerâmica negra.
Socialmente também possuem os seus ritos de iniciação para os homens, sem este rito
o Homem não possui o estatuto de Homem.
A partir do fim do século XI até ao final do século XVI, a África produzira civilizações
que se destacaram pelo seu nível de organização, política, social e económica e pela
sua vida cultural.
Mas nos finais do século XVI, o sentido da história africana mudou brutalmente quando
a Europa exactamente na mesma época entrou em período de expansão económica e
geográfica, passando a interferir na evolução das sociedades africanas de uma forma
que se foi acentuando nos séculos seguintes.
Do século XVI ao século XVIII, a África foi teatro de um dos maiores genocídios que a
história da humanidade registou: milhões de africanos foram arrancados violentamente
das suas terras e do seu meio social, ou pereceram, para enriquecer uma burguesia
mercantil, sedento de ouro e outros produtos preciosos.
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Os principais Estados pré coloniais antes da Era do Tráfico foram os Reinos do Ghana,
Mali, Songhai, Benin, Haussa e Congo. Vale dizer que os primeiros contactos entre os
réis da Europa e da África foram contactos de igualdade e de aliança. As relações
diplomáticas estavam intimamente ligadas as relações comerciais. O sentido destas
relações mudaram a partir do momento em que a Europa começou a ter influência
sobre a África.
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O comércio do ouro parece ter sido o elemento decisivo na consolidação dos primeiros
estados. Nesta região desenvolveram-se as cidades em coruacto entre o Mundo
saariano e o Mundo sudanês, no ponto onde as caravanas ele camelos deixaram de
poder avançar mais e onde chegavam o ouro, a cola e, mais tarde, escravos.
O Gana.
Os Almorávidas no Gana
Esta unidade política não resistiu ao avanço almorávida no século XI: estes pastores
nómadas, dominados pelo Gana e sem participação no comércio do ouro e sal,
lançaram-se numa grande expansão militar, chegando a Marrocos e a Espanha.
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A tradição atribui o declínio do Gana ao facto de a região ter sido atingida por um
período de secas prolongadas. Além desta causa, registou-se ainda uma deslocação
das rotas do comércio transaariano: a insegurança ligada ao avanço almóravida levou,
no séc. Xll, à substituição das pistas caravaneiras que conduziam a Tombuctu.
Situação geográfica
O reino do Gana ocupava a região entre os rios Senegal e Níger. Na sua origem era
apenas uma confederação de tribos pertencendo ao grupo étnico dos Sarakolé. Essas
tribos dividiam--se num certo número de clãs, que por vezes tinham funções
especializadas, correspondentes à divisão do trabalho. Assim, os Kandé eram ferreiros,
os Cissé eram o clã real, etc.
Organização social
· Chefe da guerra.
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Controlando esta riqueza, o chefe de clã dos Cissé tomou-se, em consequência, rei
dos Sarakolé, unificando o território sob seu poder. A este território de Uagadu e à
capital Kumbi-Saleh foi dado, pelos árabes, o nome de Gana.
O comércio
O Estado
O núcleo central deste reino era a casa real com os seus principais dignitários e a
guarda real que constituía a classe dominante, incluindo o exército.
O Império do Mali
No séc. XIII, Sundiata Keita, que na tradição dos Bardos refere como fundador do
império Mandinga ou do Mali, conquista e anexa outros reinos próximos. Com esta
expansão, o novo império ficou senhor das minas de ouro, cobre e sal, controlando
todo comércio.
O comércio
De Kabara, porto do rio Níger que servia Tombuctu, as mercadorias vindas do Norte
eram transportados por barcos até Djené e Niani. Nestas duas cidades concentrava-se
o ouro vindo de Bambuk e Buré. Das florestas do sul vinha a cola, o óleo de palma e
escravos. Este comércio provocou o enriquecimento dos comerciantes Malinké,
também participando alguns marabus, chefes religiosos.
Organização social
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· cinco de artesãos;
· quatro de bardos.
A maior parte dos homens livres eram camponeses, recrutaveis como soldados em
caso da guerra. Pagavam tributos sobre as colheitas. .
A classe dominante era constituída pelos chefes religiosos (marabus), chefes de clãs e
funcionários reais.
As guerras de conquista tinham feito aumentar o número' de escravos, uma parte dos
quais eram trocados com os mercadores árabes que os exportavam juntamente com o
ouro, através dos portos do Magrebe.
A maior parte dos que ficavam, trabalhavam para si, como artesãos, criados
domésticos e camponeses nos domínios do rei. Por vezes, ascendiam a postos
importantes na administração, ocupando lugares de confiança.
O Estado
Ao longo dos sécs. XIII e XIV, o império do Mali estendeu a sua autoridade a todo o
vale superior do Níger, uma parte do Saara ao Bambuk e a toda a região costeira com-
preendida entre o Senegal e o rio Geba.
Este grande império tinha uma administração descentralizada. A região habitada pelos
Malinké (Mandinga) estava submetida à administração directa do rei e subdividia-se em
províncias chefiadas por um Farba que tinha funções administrativas e judiciárias.
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O Islão
A decadência
Na segunda metade do séc. XIV o Mali entrou em declmio. O poder enfraqueceu devi-
do ao conflito no seio da família real. Ao mesmo tempo, as províncias iam sendo
pilhadas pelos Tuaregues e pelos Songhai. Estes, após terem conquistado as cidades
de Tombuctu e Djené, foram alargando o seu domínio, à medida que o Mali se ia
contraindo.
O REINO DE SONGHAI
Desde o século Vftl existia nas margens do Níger o Reino de Songhai, com capital em
Kukia. Mais tarde, a capital deslocou-se para Gao, situada igualmente nas margens do
Níger, no término de uma importante via transaariana.
No início do século XIV, este reino foi conquistado pelo Mali, a quem passou a pagar
tributo. No final do século, aproveitando a fragilidade do poder político no Mali, os
Songhai expulsaram os chefes Mandigas de Tombuctu e Djené, cortando assim o
acesso do Mali à Africa do Norte e aos benefícios do comércio do ouro.
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As fontes de rendimentos do imperador eram, tal como para o Gana e o Mali, as taxas,
os tributos, o saque. Funcionários encarregados da cobrança dos impostos percorriam
todo o país.
O ouro, o sal, os cereais, serviam de moeda corrente. Para evitar fraudes procedeu-se,
no século -XV, a uma unificação de pesos e medidas.
O declínio do Império
Este grande conjunto era demasiado vasto e a sua manutenção difícil. As populações
submetidas reagiam à dominação. As lutas internas enfraqueciam o poder.
O REINO DO BENIN
O rei era eleito por notáveis e era responsável perante eles, característica que se
afasta dos sistemas políticos negro-africanos, a comparar com o desenvolvimento
económico e social. Deixava com frequência a prática do poder a um primeiro-ministro,
«o galadima» que traba- lhava em colaboração com os chefes do exército, os
administradores, o astrónomo especialista do ciclo lunar, o chefe de protocolo, os
guardas das portas (cargo particularmente importante, etc).
IMPERIO HAUSSA
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O primeiro rei, ou Sarki, foi Bagoda (999-1063). Mas a partir de século XVII sente-se
que se manifestavam cobiças externas, o que impõe a necessidade de uma defesa. O
rei Yusa Sarkin (1136-1194) termina um primeiro muro em volta de Cano. Um destes
reis, a quem os conselheiros recomendavam violência contra os camponeses
autóctones, teve o cuidado de ouvir estes últimos, que lhe declararam: «o seu reino é
grande, deve o seu soberallo ser paciente. Não é pela impaciência que ele consegue o
que pretende». O rei, impressionado, deixou-os seguir os seus costumes e a sua
religião.
O Islão
Foi no século XIV, no reinado de Yaji (1349-1385), que o Islão foi introduzido em Cano
por malianos, que levaram ao mesmo tempo a arte de escrever. A nova religião talvez
explique os ataques lançados por este príncipe na direcção do vale do Benué contra o
Kororofa (jukun).
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A economia
A vida económica dos estados africanos era caracterizada pela existência de uma
agricultura de auto-subsistência e pelo grande comércio a longa distância.
O trabalho era selectivo, a nível familiar ou de aldeia. No primeiro caso havia uma
divisão de trabalho entre homens e mulheres, entre adultos e jovens. As mulheres
dedica- vam-se ao trabalho agrícola, constituindo uma força de trabalho importante.
As classes sociais
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O Estado
A classe dirigente dos haussás são pretos que habitavam muito mais ao Norte e a
Leste do que hoje.
Desde milênios, em todos os cantos do mundo, a escravidão foi uma prática comum e
aceita por diversos povos. Somente a partir do século XIX é que o comércio de
pessoas passou a ser criticado, e em muitas regiões foi abolido (pelo menos
legalmente). Hoje em dia, apesar da existência de milhões de indivíduos ainda
trabalhando como escravos, tal situação é considerada um crime pela comunidade
internacional.
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Dessa forma, o escravo, sendo uma propriedade, pode ser vendido, emprestado,
alugado e até morto, segundo as necessidades do seu senhor.
A escravidão foi praticada por diversos povos durante toda a história, de modos
diferentes e específicos. Em algumas civilizações, como no Egito Antigo, por exemplo,
o escravo não era a base da produção, sendo o camponês livre obrigado a prestar
serviços ao Estado na forma de corveia (trabalho temporário sem remuneração). Aos
escravos cabia o trabalho doméstico e militar.
Ao contrário, na Roma Antiga, toda produção das grandes fazendas, todo serviço nas
obras públicas (incluindo as diversões nas arenas de gladiadores) recaía sobre a
massa de escravos e por isso chamamos a civilização romana de civilização escravista.
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A escravidão existiu na Ásia, na Europa, nas Américas e na África. Muitos dos povos
africanos utilizavam escravos para os mais diversos fins, e como cada povo africano
tem sua própria organização política, econômica e social, a escravidão na África se
desenvolveu de muitas formas.
De uma maneira geral, partindo da história de grande parte desses povos, podemos
dizer que existia na África uma escravidão doméstica, e não uma escravidão mercantil,
ou seja, entre vários povos africanos, o escravo não era uma mercadoria, mas sim um
braço a mais na colheita, na pecuária, na mineração e na caça; um guerreiro a mais
nas campanhas militares.
Esses povos africanos preferiam as mulheres como escravas, já que eram elas as
responsáveis pela agricultura e poderiam gerar novos membros para a comunidade. E
muitas das crianças nascidas de mães escravas eram consideradas livres pela
comunidade. A grande maioria dos povos africanos eram matrilineares, ou seja, se
organizavam a partir da ascendência materna, partindo da mãe a transmissão de nome
e privilégios. Dessa forma, uma mãe escrava poderia se tornar líder política em sua
sociedade, por ter gerado o herdeiro à chefia local.
Além disso, um escravo que fosse fiel ao seu senhor poderia ocupar um cargo de
prestigio local, inclusive possuindo escravos seus. Assim, nem sempre ser escravo era
uma condição de humilhação e desrespeito. Mesmo representando uma submissão,
tratava-se de uma situação que muitas vezes era a mesma que a de outras pessoas
livres.
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Com o aumento da demanda por escravos nos portos africanos controlados pelos
árabes, aumentou também o número de povos africanos que passaram a viver (e
sobreviver) da captura de inimigos ou de grupos mais fracos, para vendê-los. Acredita-
se que entre os séculos VII e XIX, em torno de 5 milhões de africanos tenham sido
comprados na África pelos árabes.
Apesar de o comércio de escravos já ser praticado na África, foi com a chegada dos
portugueses nesse continente que o tráfico escravista se configurou na maior migração
forçada de povos da história. Os pesquisadores apresentam números diferentes, que
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Com o início da colonização das ilhas de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe (na
segunda metade do século XV), a necessidade de mão de obra aumentou, e a compra
de escravos foi a solução encontrada pela Coroa portuguesa. Por essa mesma época,
os portugueses chegaram à Costa da Guiné (atualmente desde a Guiné até a Nigéria),
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Por quatro séculos, a maior fonte de escravos do tráfico atlântico português se deu a
partir do Reino do Congo e do reino vizinho, Andongo, chamado pelos portugueses de
Angola. Isso ocorreu principalmente quando os portugueses conseguiram o direito de
negociar mão de obra para exploração espanhola da América (o direito de Asiento) e
passaram a precisar de mão de obra para desenvolver sua própria colônia americana:
o Brasil.
a) Rota do Magrebe
A islamização do Norte de África, no século VII a.C., permitiu aos árabes o controlo de
rotas anteriores. A principal desenvolveu-se a +partir de Tripoli (actual Líbia) e dai
avançavam para o Sul do Sahara. Esta rota fornecia escravos todos ao Norte de África
e o Mediterraneo.
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Os portugueses chegaram ali no século XVI. A partir do século XVII os árabes e Suaílis
conseguem expulsar os portugueses das suas principais feitorias da costa Oriental de
África
Havia sete sectores principais de tráfico e que abrangiam a zona que vai de Arguim
Mauritânia até Angola nomeadamente: Senegal, Serra Leoa, Costa da Guiné, Costa do
Marfim, Costa do Ouro Ghana, Costa dos Escravos (togo, Daomé, Nigéria) e Angola.
O tráfico de escravos, que deu origem ao circuito comercial entre os três continentes -
Europa, África e América - trouxe consequências negativas, principalmente para o
continente africano, no domínio Económico, Sócio-político, Cultural e Demográfico.
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A sociedade colonial portuguesa teve o seu início com a chegada dos portugueses no
Reino do Congo, nos finais do século XV (1482) caracterizada por uma dominação
colonial.
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Estava divido em seis províncias, entre as quais Mpemba (onde estava localizada a
capital do reino que se chamava Mbanza Kongo), Nsumdi, Mbamba, Mbata, Soyo,
Mpangu.
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O território, montanhoso e coberto por florestas tropicais, é formado por duas ilhas
principais (São Tomé e Príncipe) e várias ilhotas. A maioria da população reside na
capital, São Tomé. Conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU),
aproximadamente 50% dos habitantes vivem abaixo da linha de pobreza, ou seja, com
menos de 1,25 dólar por dia.
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A primeira tentativa de povoamento da Ilha de São Tomé foi no ano 1485 por João de
Paiva, mas não se viram resultados Tentou-se novamente no ano 1493 por Álvaro de
Caminha. Quanto à Ilha do Príncipe só teve o seu primeiro povoamento no ano 1500.
A cana-de-açúcar foi introduzida nas ilhas no século XV, mas a concorrência brasileira
e as constantes rebeliões locais levaram a cultura agrícola ao declínio no século XVI.
Assim sendo, a decadência açucareira tornou as ilhas entrepostos de escravos.
Numa das várias revoltas internas nas ilhas, um escravo chamado Amador,
considerado herói nacional, controlou cerca de dois terços da ilha de São Tomé. A
agricultura só foi estimulada no arquipélago no século XIX. Registou-se uma enorme
explosão na produção de café e cacau com base no trabalho contratado. Após a
segunda grande guerra, o nacionalismo desenvolveu-se entre a população local crioula
tornando-se, desta forma, famosas algumas revoltas de negros, que se recusavam a
trabalhar para os portugueses nas plantações de cacau e café.
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3. S,Tomé passou a ser o ponto de escala das rotas comercioais para a Índia,
América e depósito de escravos e prisão para os condenados de vários crimes;
“Jagas” foi o nome que os Portugueses deram, no final do Sec. XVI e durante o sec.
XVII, a grupos de nativos africanos, predominantemente nómadas, que se
caracterizavam por não trabalhar, dedicando-se à rapina e à violência sobre as
populações.
Nos anos 70, uma acirrada polémica, de que falaremos a seguir, quis identificar o povo
que teria invadido o Reino do Congo em 1568, quando o Rei Álvaro II pediu ajuda a
Portugal na luta contra os invasores, a quem as fontes chamam "Jagas".
A morte consecutiva de dois reis no decurso de uma Guerra, em 1566 e 1567 deu
origem a uma confusão que degenerou em catástrofe, com a irrupção de guerreiros,
chamados Jaga, provenientes do leste. Os Jagas desafiaram as forças reais e a Corte
teve de se refugiar numa ilha do final do Zaire.
Numerosos refugiados foram vendidos como escravos para São Tomé. O Rei teve de
pedir ajuda a Portugal que enviou um corpo expedicionário, que reconquistou o reino
de 1571 a 1573. A hegemonia do Congo na região ficou destruída, pois, em 1575, foi
fundada a colónia de Angola e os Portugueses vieram comerciar em grande número ao
Loango, a partir do mesmo ano. A identidade dos invasores do Congo nunca pôde ser
determinada. O nome Jaga (em kikongo: Yaka) é utilizado nas fontes como sinónimo
de bárbaro e aplicado a toda uma série de guerreiros mais ou menos nómadas. Os
primeiros Jagas apareceram a leste de Mbata, ao sul do Pool e de lá passaram para as
margens do Coango”.
Os Jagas não constituem verdadeiramente uma família distinta, pois não eram mais
que o conjunto de indivíduos de diversas tribos, educados desde pequenos para a
guerra e só para esse fim.
O nome “Jagas” foi depois aplicado a grupos de variadas origens, mas podem dividir-se
facilmente entre os do Norte e, mais tarde, os do Centro e Sul de Angola (da Conquista,
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Na história de Angola, volta a falar-se muito nos Jagas, na viragem para o século XVII,
sendo o primeiro documento coevo, as Aventuras de Andrew Battell, um marinheiro
inglês preso pelos Portugueses no Brasil e desterrado para Angola, onde fugiu da
prisão, juntando-se depois, nos primeiros anos do Sec. XVII, a um grupo de Jagas
durante cerca de 16 meses, como refém e que conta.
Daqui surgiu conclusão de chamar Imbangalas a estes Jagas do centro e sul de Angola,
no que eu tenho alguma reserva pelas razões que apontarei a seguir.
Sobre estes Jagas do sul e centro de Angola, sabemos muito mais do que acerca dos
do Norte, havendo fontes coetâneas que nos falam deles.
Os seus chefes, que eram conhecidos como o jaga Fulano (no singular), não eram
hereditários mas sim escolhidos entre os guerreiros mais valentes e mais ferozes.
As suas mulheres não eram autorizadas a criar os filhos que tivessem, nem podiam
mesmo dar à luz no perímetro do quilombo (acampamento). As fontes sugerem que
poderiam tentar entregar a outras os recém-nascidos para serem criados.
Possivelmente, poderiam também fugir dos quilombos quando soubessem que
estavam grávidas. Mas as que tentassem conservar os filhos consigo no quilombo
eram sujeitas à pena de morte.
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Não me parece assim fazer muito sentido, chamá-los Imbangalas, já que a composição
dos grupos ia variando em termos de raças. Isto apesar de, segundo a tradição, ainda
no sec XIX, os jagas do Cassanje se designarem a si mesmos “bângalas” (singular:
kimbangala).
Foi dessa forma que Angola se tornou um centro importante de fornecimento de mão
de obra escrava para o Brasil, onde crescia não apenas a produção de cana-de-açúcar
no Nordeste, mas também a exploração de ouro na região central. Navios com
mercadorias de Goa faziam escala em Luanda lá deixando panos, as chamadas
"fazendas de negros". Dali, seguiam para Salvador, na Bahia, carregados de escravos
e de outras mercadorias provenientes da Índia (como louças e tecidos). Foi assim que
Salvador se tornou um centro difusor de mercadorias da Índia pela América do Sul.
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Figurava, ao lado da seda chinesa e as armas europeias, como uma das principais
moedas de troca. Era, na verdade, a moeda mais corrente, já que o comércio de armas
era controlado e a seda chinesa a só chegava à África depois de passar por Lisboa, o
que elevava seu preço e reduzia sua liquidez. Outro produto brasileiro valorizado na
África era o fumo de corda de Salvador.
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Após duas expedições frustradas para converter o Ngola 2, Paulo Dias de Novais
chega em 1575 com a “carta de doação”3 de D. Sebastião, estabelecendo a
“conquista” a partir da recém fundada São Paulo de Luanda.
Inicia-se um complexo jogo de alianças e “avassalamento” dos sobas que estavam sob
o controle político do Ngola ou que lutavam para manter graus variados de autonomia.
No instável cenário político do reino do Ndongo foi se formando a colônia portuguesa
de Angola, nome derivado do título daquele régulo. Alternando-se momentos de
“coexistência pacífica” ou de conflitos armados entre o Ngola e os portugueses, as
guerras angolanas se intensificam a partir da década de 1590 fomentadas pelo “mito da
prata” de Cambambe - nunca encontrada- e pelo crescente mercado escravocrata que
surgia no Atlântico.
É a busca por escravos que vai definir a história de Angola no século XVII e nos
séculos posteriores. As inúmeras guerras, descritas minuciosamente pelo Capitão
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Tudo era motivo para se fazer guerra: a não aceitação da submissão, a interceptação
de alguma caravana comercial, a rebeldia de um soba já avassalado. O controle dos
sobas garantia a penetração no interior e o avanço da “conquista” e, ao mesmo tempo,
fortalecia os exércitos lusitanos, pois os sobas aliados tinham obrigação de dar
passagem, alojamento e alimentação as tropas portuguesas, serem “amigos dos
amigos e inimigos dos inimigos”, de ceder pessoas de sua jurisdição para compor as
tropas da “conquista”, a chamada “GUERRA PRETA”. Ao lado dos generais
portugueses, lutavam africanos designados por seus sobas em sinal de obediência.
As guerras em Angola não existiriam sem a maciça participação dos africanos, que
actuavam como soldados, carregadores, guias na densa mata, coletores de alimentos,
já que a fome era um grande problema dos exércitos em Angola. Além do braço para a
guerra, os africanos combatentes utilizavam seus conhecimentos tribais na preparação
para a luta, as estratégia
A partir deste marco, os portugueses passaram a conquistar não apenas Angola, mas
África.
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Em 1850, Luanda já era uma grande cidade, repleta de firmas comerciais e que
exportava, conjuntamente com Benguela, óleos de palma e amendoim, cera, goma
copal, madeiras, marfim, algodão, café e cacau, entre outros produtos: Milho, tabaco,
carne seca e farinha de mandioca começariam igualmente a ser produzidos localmente.
4.7. OS IMBANGALAS
Suas origens ainda são controversas. Geralmente estão incluídos entre os jagas, que
atacaram o reino do Congo durante o reinado de Álvaro I.
Na década de 1960, foi estabelecido que as tradições orais do reino Lunda sugerem
que ambos os jagas citados acima se originaram no reino Lunda e de lá saíram durante
o século XVII. Outra teoria sugere que os imbangalas se originaram no Planalto Central
de Angola ou na região litorânea subjacente.
O primeiro registro escrito sobre os imbangalas foi feito pelo navegante inglês Andrew
Battell, que viveu com eles por dezesseis meses por volta de 1600-1601. O relato
localiza os imbangalas no litoral e no planalto angolanos, ao sul do rio Cuanza. Os
líderes imbangalas teriam dito a Battell que eles teriam vindo de um lugar chamado
Elembê.
Após a breve tentativa de reunião do Dongo com Cassange em 1629-1630, a rainha foi
para o reino da Matamba e, lá, formou seu próprio esquadrão imbangala, liderado pelo
homem chamado de Jinga Mona ("filho de Ana de Sousa"). Acredita-se que a rainha
tenha se submetido ao rito de iniciação imbangala, golpeando um bebê.
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Costumes
Durante o treinamento, se usava um colar que só poderia ser retirado depois que o
praticante matasse um homem durante uma batalha. Os imbangalas se cobriam com
um unguento chamado maji a samba, o qual eles acreditavam lhes conferir imunidade
nas batalhas, desde que o guerreiro seguisse um código de conduta chamado yijila.
Esse código incluía infanticídio, antropofagia e absoluta ausência de covardia.
O exército imbangala entrava no campo de batalha com uma formação de três dentes
similar à famosa formação zulu de touro e chifre. A formação era composta pelo chifre
direito (mutanda), o chifre esquerdo (muya) e a vanguarda (muta ita) no centro. Suas
armas principais eram o porrete e a machadinha, mas também incluíam o arco e flecha,
a faca e a espada.
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Os portugueses proibiam a venda de armas de fogo aos africanus. Por isso, os Estados
vizinhos da colónia procuraram abastecer-se junto de outros comerciantes europeus
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Da Baia de Luanda, como porto principal, saiam navios com mercadorias de resgate e
produtos de consumo para os portugueses, tais como: a farinha, conservas, queijos,
vinhos, azeite, calçado, etc. E ainda ofertas para os sobas e para os reis africanus
(louças e esmaltes da Índia, vinhos aguardentes, facas e quinquilharia da Europa).
História
Foi formado em 1620 por mercenários imbangalas que desertaram das tropas
portuguesas. O nome do reino é uma referência ao líder desses mercenários,
Cassange, que liderou o grupo na ocupação do alto rio Cuango. O outro nome pelo
qual é conhecido o reino é uma referência ao título assumido pelo rei, jaga. O jaga era
escolhido entre os três clãs formadores do reino.
Em 1689, o português António de Oliveira de Cadornega estimou que o reino tinha 300
000 habitantes, dos quais 100 000 podiam portar armas. No entanto, acredita-se que
tal número possa ser exagerado.[ O reino mantinha-se em constante estado de conflito
com seus vizinhos, especialmente com o reino da Matamba, governado na época pela
rainha Ana de Sousa. O reino era um importante centro comercial até ser eclipsado
pelas rotas comerciais ovimbundas na década de 1850.
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Após quase uma década de relativa tranquilidade, ocorre a terceira guerra da Baixa de
Cassange (1861-1862), após a recusa do rei Bumba em continuar a prestar
vassalagem aos portugueses, declarando a independência do reino de Cassange. A
resposta lusitana foi esmagadora, derrotando o reino sublevado.
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Antecedentes
A partir da década de 1870 ficou claro que o direito histórico não bastava: à intensa
exploração científica e geográfica europeia seguia-se muitas vezes o interesse
comercial. Entre 1840 e 1872 David Livingstone explorou a África central, onde pouco
depois se instalou a Companhia Britânica da África do Sul. Em 1874 Henry Morton
Stanley explorou a bacia do rio Congo e foi financiado pelo rei Leopoldo II da Bélgica,
que em 1876 criou uma associação para colonizar o Congo ignorando os interesses
portugueses na região.
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Pretendiam fazer o reconhecimento do rio Cuango, das suas relações com o rio Congo
e comparar a bacia hidrográfica deste com a do Zambeze, concluindo assim a carta da
África centro-austral (o famoso Mapa cor-de-rosa) e mantendo "estações civilizadoras"
portuguesas no interior do continente. Entretanto, o ministro dos negócios estrangeiros
João de Andrade Corvo procurou reafirmar a tradicional Aliança Luso-Britânica,
propondo abrir Moçambique e Goa ao comércio e navegação britânicos que em troca
reconheciam as suas exigências no Congo.
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Reino da Matamba foi um reino pré-colonial africano localizado nas terras da atual
Malanje, Angola. O reino localizava-se ao leste do Reino do Congo e da Angola
Portuguesa, sendo fundado pela rainha Ana de Sousa Ginga e resistindo com sucesso
a colonização portuguesa.
História e Origens
No entanto, não parece provável que o Congo tivesse mais do que uma presença leve
e simbólica em Matamba, e seus governantes eram provavelmente bastante
independentes. Matamba, sem dúvida, tinha relações mais estreitas com seu vizinho
do sudeste, Dongo, então um reino poderoso, bem como com o Congo.
Em meados do século XVI, Matamba era governada pela rainha Ana de Sousa Ginga,
que recebia missionários do Congo, na época já como reino cristão, despachados pelo
rei Diogo I (1545–1561). Embora essa rainha tenha recebido os missionários e talvez
tenha permitido que pregassem, não há indicação de que o reino se converteu ao
cristianismo.
A chegada dos colonos portugueses sob o comando de Paulo Dias de Novais a Luanda
em 1575 alterou a situação política, visto que os portugueses se envolveram
imediatamente nos assuntos do Dongo e estourou a guerra com o reino em 1579.
Embora Matamba tenha desempenhado um pequeno papel nas primeiras guerras, a
ameaça de uma vitória portuguesa incitou o governante de Matamaba (provavelmente
um rei chamado Cambolo Matamba) a intervir. Ele enviou um exército para ajudar o
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Ana de Sousa Ginga, batizada como Ana de Sousa foi a fundadora do Reino da
Matamba.
A Rainha Ginga governou em Matamba de 1631 até sua morte em 1663. Durante este
tempo ela integrou o país em seus domínios e milhares de seus ex-súditos que fugiram
dos ataques portugueses se restabeleceram com ela estabeleceram lá. Ela fez várias
guerras contra Kasanje, especialmente em 1634-35. Em 1639 ela recebeu uma missão
de paz portuguesa que não conseguiu um tratado, mas restabeleceu as relações entre
ela e os colonizadores. Quando os holandeses tomaram Luanda em 1641, Njinga
imediatamente enviou embaixadores para fazer uma aliança com eles. Durante estes
anos, mudou a sua capital de Matamba para Kavanga, onde conduziu operações
contra os portugueses. Embora as forças do Dongo tenham obtido uma vitória
significativa sobre os mesmos na Batalha de Combi em 1647, quase forçando-os a
abandonar o país e sitiar sua capital do interior, Massangano, uma força de alívio
portuguesa liderada por Salvador de Sá em 1648 que expulsou os holandeses e forçou
Ginga a regressar a Matamba.
Após a morte de Ginga, eclodiu um período de tensão, pontuado pela guerra civil.
Bárbara sucedeu a Ginga, mas foi morta por forças leais a Ginga Mona em 1666. João
Guterres conseguiu expulsar temporariamente a Mona em 1669, mas foi derrotado e
morto em 1670. Ginga Mona governaria o reino até o filho de João Guterres, Francisco,
ser deposto e executar Ginga Mona em 1680, tornando-se seu gobernante.
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Francisco Guterres foi sucedido por sua irmã Verónica I Guterres Kandala Kingwanga,
cujo longo governo de 1681 a 1721 consolidou o controle da dinastia Guterres e criou
um precedente duradouro para governantes femininas. Verónica era aparentemente
uma cristã devota, mas também uma crente fervorosa na independência de Matamba.
Invasão Portuguesa
Quando Verónica morreu em 1721 foi sucedida pelo filho Afonso I Álvares de Pontes.
Durante o seu reinado, o distrito de Holo ao norte separou-se de Matamba para formar
o seu próprio reino e ainda estabeleceu relações com Portugal. Como resultado das
tentativas de Matamba de impedir a secessão e o comércio português com a província
rebelde, as relações entre Matamba e a colônia portuguesa se deterioraram.
Ana II (Ana I era a Rainha Ginga porque Matamba aceitou os nomes cristãos dos
antigos governantes e da sua dinastia), que chegou ao poder em 1741, enfrentou uma
invasão portuguesa em 1744. A invasão de Matamba pelas forças portuguesas em
1744 foi uma das maiores. operações militares no século XVIII.
Fragmentação
Com a norte de Ana II em 1756, estourou-se uma nova guerra civil entre os candidatos
rivais ao trono, durante a qual Verónica II governou brevemente por um tempo, mas ela
foi derrubada em 1758, deixando Ana III no trono.
Ana III foi por sua vez foi deposta por Kalwete ka Mbandi, um líder militar. Kalwete
venceu a guerra e foi batizado como Francisco II ao assumir o trono. No entanto, duas
das filhas de Ana, Kamana e Murili, escaparam da guerra civil, refugiaram-se na antiga
capital de Dongo nas ilhas Quindonga e resistiram com sucesso às tentativas de
Francisco II de as expulsar. A partir desta base, a Rainha Kamana criou um reino rival
e em 1767 tentando, sem sucesso, obter ajuda portuguesa contra o seu rival. Enquanto
o governador português da época, Francisco Innocencio de Sousa Coutinho, lhe
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