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COLECAO DEBATES CCategto Debates ‘Bina poe J. Gulnsurg lourival gomes machado BARROCO MINEIRO Apresensagdo Ronco M. F, pe ANoRADE Inuvoducto ¢ organizapae Fruxcisco Totésas Fotografias Bentorro Lima ve Toto Ny 4 EDITORA PERSPECTIVA Ss mM sige de realagto — Reso: Gzreldo, Gene de, Son: Basi ete cs Mavhndo: Drodugso: inio, Martins Fike EL 49 edigho 1978 Zed ew ome OS. - To poe f renapeets Jen $8.09 0 9 O— os otl2/ &: Nota do Editor .. Apresentagio Lourival Gomes Machado & 0 Barroso ENSAIOS Teartas do Barroco. ........ O Barroco ¢ 0 Absolutismo © Barroco em Minas Gerais |’ ” Viagem a Ouro Pre... 7 Os Pilpitos de Sio Francisco de Ouro — Influ. 4 ee cat Ge no we tOnio Francisco Lisboa ree ee O Medalhao das Mercés pee F © barroco, em si mesmo, no passou de um valor esiético, de uma padrio artistic. Medeiou, portanto, centre 0 social — pelo que tinka de produto espontineo do grupo — ¢ 0 polftico — pelo que representou para 8 autoconsciéncia do grupo ¢, conseqilentemente, pac Fa uma ulterior aplicagdo coneteta na sgho conservae dora ou modificadora. Por esta simples razio, no mo- slo a uma Gnica forma politics. alguma coisa, © barroco conti ‘mostrou-se capacitado a concrecio historica mio exclui a possibilidade de outras combinagses. E, de fa- to, isso se observou no caso concreto do bartoco do ‘iclo do ouro, no Brasil. jséssemos resumir a conclusio te6- ‘ao mesino tempo, revisar todas as dirlamos de maneira muito breve verdadeira que, se 0 barroco curopeu foi a expressio do despotismo dominador, © barcoce brasileira o foi da liberdade criadora © BARROCO EM MINAS GERAIS © estado do barroco mineiro, em sua fase atval, ate se entregues a uma equipe do competente. Menos abun- 151 smpee se esqueceram de observer como essas mesmas formes, alan de fencer & tais solicits, ‘ultrapassa~ ver i . jue constituiram expresso amma, ntiamente, desde que eonsttucam sto xr com qualquer de seus dante, porém sugestiva ¢ proveitosa, € 2 contribuigo de certos estudiosos isolados que, conhecendo a sébia continéncia do organismo oficial em matéria interpreta= tiva, buscam desenvolver a pesquisa das significagdes. Nao obstante, ma medida em que o recenseamento dag. ja nova descoberta, todo Depois, admitiu-se que os grupos sociais, inicialmente responsabilizados pela barroquizagio da arte, nio dis- punham da extensio conceitual ¢ histérica requerida pela ampla fungio causal que se Thes atribuira. | Alu- ‘condigio de momento dialético improvisado colocava © barroco em posiglo propicia a ter afinal desvendada sua esséncia ultima, paradoxalmente tudo se perdeu ne vaguidéo de aventuras pseudofiloséficas, que. preten- diam explicar a forma barroca por um indefinido espi- rito barroco, isto €, jogaram o barreco... 2 conta do 8 autocritica como pont de convivio intelectual, poderiamos partir juntos para, ‘ou prenocées, reexaminarmos. mais , animados 180 36 do desejo cpretatives inspiron o termo que, as teorias do barroco ser ae feja, o sentido profundo duma cultura que, para expel- mir-se, exigira o intermedidrio simbélico de uma arte polivalente, universal, global. No Extase de Santa Te- resa, de Bernini, alguém foi buscar o registro fiel da exaltacfo passional da contra-reforma, mas 10 Luis XIV, do mesmo Bernini, j4 se apontou a necesséria re~ ‘petcussio artistica do absolutismo real — no basteria 153 iaridades expressivas que ‘ou certos valores coleti- ves exigiram das formas barrocas, os tedricos quase 152 Matiz de NS: de Nezaré. Santwério-da'Scrra da “Piedade. cexemplo para firmar-nos na certeza de que, ‘de figura da santa e do busto do rei, o artista ental © eventualmente servindo ‘emplo? A um dutivel, prender 0 barroco no formulagao ‘Teligiosa, © mesmo na rigida cro- nologia das escolas a i pactuar com 2 singular 3s raias do ilogismo significar de modo vis ‘espago infinito que des nilo, numa expansdo irrestrita que seré singela ¢ a mais completa realizagdo da libe: se Vazim mérmores para transformé-los em se ondulam muros até desmentir a rigider ct Construgio, nao se desdobram arquiteturas impossiveis 155 as Aguas com ruse de torres 1, contudo, ser Igreja de N. S. do Pilar. Sabard. nao s6 Aquela equivalesse, porém mesmo a superasse. Nao obstante, todo ésse progresso do conhecimento do hhartoco mineiro, que s¢ adiantou espantosemente nas décadas, ndo chegou jit isco auge da solugéo local com de Assis de Ouro lectual de suas pessoas, que no me compadeco com a idéia de colocé-los na mesma categoria dos primeiros, Fechemos 0 paréntese para voltar ao problema da oposigdo local-importado ¢ assinalar como, apesar de todo © respeito que nos inspiram os que cuidam de destacar 05 elementos ndo-barrocos da arte ‘colonial mineira, com freqiéncia surpreendemo-los a ceder & insinuagéo de que tais fatores discrepantes do padrao geral valem muito para sublinhar-se a originalidade, se- ‘Go mesmo a autonomia, da crinedo artistiea de Minas. Mais de wina ver assim vimos interpretados ¢ utilizados 0s registros desejadamente objetivos de um Wash Ro- Grigues, no campo da omamentacio ¢ do mobilidrio, de um Paulo Santos, no setor dos grandes monumentos. E ainda h4 pouco, no mais amével ¢ honroso desafio polémico que jf me foi dado conhecer e ao qual espero ‘io faltar a0 menos para fruir a rara oportunidade de ombrear com um especialisa do porte de Silvio de Vas- concellos, lastimava verificar que o extremismo da ti- sidez vocabular enfeava 2 sua notavel contribuicdo sobre 0s elementos géticos presentes ma atte mineira. Para ‘outra ocasido ficard a polémica — de momento, 36 cabe assinalar o exagerado vezo de opor irreconciliavelmente Minas ¢ a Europa, 0 barroco trazido de fora © as ex: presses espontdneas da arte local, © que importa subs- fancialmente para as consideragoes mais gerais, como as deste momento. De perfeito senso, ninguém negaré a existéncia das unidades néo-berrocas que se imbricam, com telativa fartura, no corpo do barroce minciro. O'que se impée, contudo, ¢ evitar interpreté-los pelas pseudo-impressoes que possam causar nossa sensibilidade atual, *30 pe- ybandono da expresso original de pegas im- fungio em novo meio s6 podemos com- ‘ido apenas decorativo ¢ sem significa- Em conseqiiéncia, a0 passarmios ao lo das e6pias nic poderemos considerar © modelo ido pelo artists brasileiro como representative de fer 4 maxima contengio no int que @ simples figurago ou qualque reciagdo critica ¢ a estesia simpatica de impulsos jos ¢ imediatos, impoe-se supor possiveis todas tio delicada operagio ‘eréncia analitica mais silo mais genériea, fundada em mais numerosos objetos. ue nasce de conviegdes constantemente reexami- ira, certeza que mai te quando tomam nantes que se fazem visiveis no complexo artistico regio ‘No s¢ trata, esta claro, de ceder ao argumento do nimero, seno jar-se & evidéncia de que empre que aparecem por dos por uma estética niti- wente barroca. Minas colonial anseia pelo barroco, aoe sinmar vom qualquer Bteaturn, quando pat esa, passando a véla segundo nossa prépria perspee- tiva, ‘atual © interessads, ao invés de. perscrutar com isengdo a estrutura mental de quem 2 criow, ao tempo de sua fatura, Nese sentido, Minas constitui o mais farto repositério de amostras elucidativas, a comecar pelo excmplo extremo das peas transpos: deslocamento completo de funco. As p tia de Sabaré, o lambril do cadciral de Mi » quigdy ‘© dragio do pillpito de Congonhas constituem casos de 162 tados ¢ confrontados. © que, contudo, nos assegura a mesmo efeito ger iment do ea original, por vias divers das importa: das, © que nos faz transitar inguietamente, em Vila Rica, da meia-ousadia da Carmo para o esplendor con- Igreja de N.S. do Rosério. Ouro Preto. "Igreja de N.S. do Carmo Sabaré. externa e interna Wash Rodrigues isolou numerosas 165 Igreja de N. 8. do Carmo. Ouro Preto. de expresso ambivalente, através do qual se vai fem seus fluxos € refluxos, todo 0 pracesso social wansposta, Em verdade, tal esquema 36 refletiria ia porgio minima da tealidade histéri veonheceu. as cesquematica inicio pelas foi propriamente contrariado, na medida cm que pode- ria emergir intato, como em certos casos iu, quando cessassem as resttigbes. im tc, mais importa verificar que, aceitando © mo- espirito fundamental do que pela sua ita, desde logo a cultura mincira de- por intermédio de um barroco ‘novos matetiais ¢ pelas maneiras, elemento propulsor de novas influéncia, na arquitetura, da va c, na escultura, do trato da trumental da toréutica constituem milagre de uma riqueza nascida ferdadeiras transfiguracoes, insofismével a tendéncia de Minas colonial. Té entdo era poss ‘© modélo original. 34 entdo era possivel superar as imposigdes dos materiais e das téenicas, sem eeder muito da formulacio final, Em virios casos concretos, salvo talvez no caso muito particular da pintura figurativa, hi patentes demonstracies dessa inteira liberdade de retor- hho A fonte, Exatamente, nesse instante hist6rico, afiz- trices, recurso eficaz no animar a forma para que ela cisco, com’ a surpreendente perspectiva desse tame seeMio que se rasga contra uur fundo inexistente, ¢ tame Teer naamostra secundaria do J6 que esté co pé de om bam Meares laterais da Carmo, Logo, porém, percebemes ‘Ge maiores proporgbes, na condensacdo & q

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