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au Introdugao . O movimento dos fluidos (cinemdtica) & utilizado para analisar os efeitos das forgas sobre o movimento dos fluidos (dindmica). Para o estudo da cinematica dos fluidos considera-se que estes so formados por particulas, cada uma contendo muitas moléculas. Trata-se 0 fluido como um meio continuo composto de particulas fluidas que interagem entre si ¢ com o meio. Estuda-se portanto 0 movimento das particulas de fluido e nao o movimento das moléculas do fluido. ‘A descrigaio de qualquer propriedade do fluido como massa especifica, presso, velocidade © aceleragdio é formulada em fungdio das particulas. A representagio dos parametros dos fluidos em fungdio das coordenadas espaciais denomina-se campo de escoamento. O cisalhamento (esforco cortante) deforma 0 fluido, dando a este a propriedade de escoar, ou seja, de mudar de forma, facilmente. Portanto, o escoamento a facil mudanca de forma do fuido, sob a acaio do esforco tangencial. E a chamada “fluidez"”. FINALIDADE A Cinemitica dos Fluidos estuda © escoamento dos liquidos ¢ gases, sem considerar suas causas. CORRENTE FLUIDA, E 0 escoamento orientado do fluido, isto €, seu deslocamento com diregao e sentido bem determina- dos METODO DE LAGRANGE Um dos métodos de estudo na Cinematica dos Fluidos é 0 de Lagrange, que descreve o movimento de cada particula, acompanhando-a na trajetoria total. O observador desloca-se, simultaneamente, com a parti- cula. Devido ao conceito estabelecido para a particula fluida, podemos consideri-la sem dimensoes. Por isto, ‘as trajetorias sero linhas, descritas pelas particulas em ‘movimento. Ha uma correspondéncia biunivoca entre as particulas e as trajet6rias, isto é, a cada particula corresponde uma trajetoria e vice-versa. A posigao de cada particula é perfeitamente determinada em cada instante. (O método de Lagrange € bastante simples quanto a descrigao do movimento das particulas, mas apresenta grandes dificuldades nas aplicagdes priticas. Outros: sim, na maioria dos casos. nao interessa © comporta- mento individual da particula, e sim 0 comportamento do conjunto de particulas no processo do esedamento. Lagrange partiu do principio dos deslocamentos vir- tuaisda Mecnica Geral e aplicou-os a Hidrodinamica, METODO DE EULER Outro método de estudo na Cinemiitica dos Flui dos é o de Euler, que consiste em adotar um certo intervalo de tempo, escolher um ponto do espaco © considerar todas as particulas que passam por esse ponto. No método de Euler, 0 observador € fixo. De- vidoas facilidades que oferece na pratica, este método é 0 preferido para estudar 0 movimento dos fluidos. De modo geral, a pressao e a velocidade de cada particula sero fungoes do tempo ¢ das coordenadas do ponto considerado; por sua vez, as coordenadas podem de- pender ou nao do tempo t. LINHAS DE CORRENTE No método de Euler, tomemos os vetores ¥), Va. Vs etc. (Fig. 9.1), que representa as diversas velocidades da particula nos instantes considerados, no interior da massa fluida. Tracemos a curva que seja tangente, em cada ponto, ao respectivo vetor-velocidade (Vs, Va, Vs etc.). Tal curva € conhecida como ‘linha de corrente™” fou “linha de fluxo’’, $40 nulas as componentes lade) perpel es trajetoria considerad: cortar-se, pois, em caso positivo, a particula (que esti- vesse no ponto de intersecao das linhas de corrente) teria velocidades diferentesaomesmo tempo, o que nao Linha de _corrente Fig. 9. TUBO DE CORRENTE. FILAMENTO DE CORRENTE ‘Suponhamos duas curvas fechadas Ae A‘, que no sejam linhas de corrente (Fig. 9.2). Por outro lado, consideremos todas as linhas de corrente que toquem nessas duas curvas fechadas em um instante dado. Se 0 campo de velocidades for continuo, formar-se-i, ento, um “tubo de corrente” (Fig. 9.2), que nio pode ser atravessado pelo fluido nesse instante, porque nao ha componente normal da velocidade (apenas existe a componente tangencial). O tubo de corrente é também cofthecido como “veia liquida’ Vemos que a linha fechada é a diretriz do tubo. Quando esta diretriz abrange uma drea infinitesimal dS, ‘a porgao da corrente fluida tomada no interior do tubo de corrente é denominada de “filamento de corrente”” no fluido (Fig. 9.3). Neste caso, 0 eixo do tubo con- funde-se com 0 préprio filamento de corrente. Ne~ nhuma particula da corrente liquida pode penetrar no filamento de corrente, nem dele sair. Quando a diretriz tende para zero, cada filamento de corrente se trans- forma em uma linha de corrente. Fig. 9.2 Fig. 9.3, Consideremos 0 escoamento de dimensoes finitas como um conjunto de filamentos de corrente, que ter’io velocidades diferentes, deslizarao uns sobre 0s outros, mas nao se misturarao (ficarao justapostos). E cada superficie limitada pelo tubo (ou pelo fila- mento) de corrente e tragada segundo a normal as linhas de corrente (Fig. 9.4), no ponto considerado. FUNDAMENTOS DA CINEMATICA DOS FLUIDOS — 213. scans | PROBLEMAS RESOLVIDOS 1) Obter a pressao unitaria de uma particula em mo- vimento, submetida A aceleragio a. Em seguida, chegar & Equac4o Fundamental da Fluidostitica. Solugio No interior da massa fluida, consideremos um prisma elementar (Fig. 9.5), de bases dA e de altura h ‘0 volume elementar desse prisma é dv =h-dA ON) Fig. 9.5 Oprismaesta submetido a acelera eA gravidade g. Nele atuam: (do movimento) 10 unitaria p; I1) a pressao atmostérica py; 111) a resultante R (da aceleragio € da gravidade), Para a massa elementar (dm) de fluido, a massa especi- fica p sera dada pela expressao (1.1) do Cap. 1: p= 2 dm=p-av = 9.2) 214 PROBLEMAS DE MECANICA DOS FLUIDOS Substituindo (9.1) em ©. dm = phdA 3) Havendo equilibrio entre as diversas forgas, teremos: p-dA=p,:dA+R-dm 9.4) e, considerando (9.3) nesta tiltima: p-dA =p, dA +(R + phdA) (9.5) Ora, abase do prisma nao é nula, de modo que podemos simplificar o fator dA: Po + R= ph 0.6) que fornece a pressio unitéria de uma particula em movimento Na Fluidostitica a particula esti parada, isto ¢, nao ha movimento. Logo, a aceleragao é nula (a = 0). Entdo, a resultante R seri apenas a gravidade g, ou seja, R=g 7) donde, em (9.6): p=p+peh (9.8) Substituindo nesta a expressio (1.4) do Cap. 1: p=Pet yh 0.9) cio Fundamental da Fluidostati (a I) Classificar os 0s aspectos d Solugao (Os diversos tipos de escoamentos dos fluidos so 0 indicados na Fig. 9.14. da trajetoria Turbulento ‘no tempo ie i0-permanente| Classificagao do Escoamento dos Fluidos ie Variado Quanto ao Rotacional movimento i Sau Trrotacional Fig. 9.18 Caper Tipo as particulas do fluido percorrem traje- torias paralelas (Fig. 9.15). O escoamento laminar € também conhecido como lamelar, trangiiilo ou de Poi- seuille. Em 1880, Osborne Reynolds fez uma experiéncia, ‘com as seguintes caracteristicas: a agua do reservatorio R passa por um tubo T de vidro (Fig. 9.16). A torneira t regula a saida do liquido, ao mesmo tempo em que se injeta no eixo longitudinal de T um ténue filete colorido, proveniente de V. Para escoamento com pequenas ve- ‘Trajet6rias paralelas eee Fig. 9.15 a SL. = T = t R Fig. 9:16 — locidades, o filete colorido apresenta-se retilineo no cixolongitudinal do tubo, Abrindo mais ainda atorneira 1, avelocidade da agua aumenta e o filete fica sinuosoe, depois, difunde-se na égua. Fechando a torneirat, len- tamente, a velocidade diminui e o filete volta & forma retilinea Conclusdo: dentro de certos limites de velocidade, as particulas do liquido descrevem trajet6rias paralelas no escoamento laminar. Este tipo ocorre, sobretudo, em experiéncias de laboratério. res (Fig. 9.17). Agora, ha trajetorias er trajetOrias errantes), cuja previsao de tragado é impos- sivel. Blas se entrecruzam, formando uma série de mi- niisculos remoinhos. As trajet6rias emaranham-se de tal modo que é impossivel identificé-las na pratica. Em cada ponto da corrente fluida, a velocidade varia em maédulo, diregao e sentido. © escoamento turbulento é também conhecido como “turbilhonirio” ou “hidraulico”’. Na pritica, 0 escoamento dos fluidos quase sempre é turbulento. Eo regime encontrado nas obras e instalagoes de engenha- ria, tals comoadutoras, vertedores de barragens, fontes as toon ee Fig. 9.17 ee te ‘ornamentais etc. Ao sair de um cigarro, a fumaca segue em escoamento laminar; logo depois, ao misturar-se com oar, o escoamento da fumaga torna-se turbulento. Hu consesro raat sne tipo, a veloci nado ponto, nao variam com o tempo. A velocidade ea pressio podem variar do ponto 1 para o ponto 2 (Fig. 9.18), mas séo constantes em cada ponto imével do espaco, a qualquer tempo. © ‘escoamento permanente ¢ também chamado de “estaciondrio” e diz que a corrente fluida é “estavel’’. Nele a pressao e a velocidade em um ponto ‘A(X, Y, 2) si fungoes das coordenadas desse ponto (nao dependem do tempo) f(x, y, 2) (9.85) (9.86) 1 : ' vi ‘ \ : lop 1 Vers 1 24m ' ' ' \ i ' ' 1 + 1 4 ‘4 na Sore pee ere es Tasiante ts Tastante Fig, 9.18 Como a pressao e a velocidade, no escoamento perma- nente, so constantes em relagio ao tempo, obtém-se: Peo tees x7 dt 20 (9.88) a Entio, a velocidade ¢ funco de apenas uma varidvel (0 comprimento de arco s); logo, as derivadas parciais da expressio (9.50) transformam-se em derivadas ordind- rias: ape es (9.89) ds dt Substituindo (9.88) nesta ultima: ares (9.90) a A expressio (9.88) também pode ser escrita com as projecdes (ou componentes) de v, segundo os eixos coordenados: dv, avy a a (9.91) Como exemplos de escoamento permanente, podem ser citados: * | 1) 0 de Kiquido em um recipiente no qual se mantém} constante a SL (superficie livre); 2) 0 que ocorre na tubulagao entré 2 reservatérios. Noescoamento permanente, as trajetorias das par: ticulas do liquido sao curvas invaridveis no tempo. Cada linha de corrente coincide com a respectiva traje- toria da particula. Logo, a forma de cada linha de cor-| rente nao varia com o tempo, no caso de escoamento permanente. Este tipo ocorre, com muita freqiiéncia, nas aplicages prticas, tais como: tubulagao Fig. 9.20 Snare a velocidade e a pressao, em determi- nado ponto, variam com o tempo (Fig. 9.21). Variam também de um ponto a outro. Este tipo é também cha- mado de “‘variavel’’ (ou transitorio), € diz-se que a cor- rente € “instavel”. Agora, a pressio ¢ a velocidade 1 P ‘pt 1 aly Aty 1 ' a, a Tnstante t Trstante teen Fig. 9.21 | aay emum ponto A (x,y,z) dependem tanto das coordena- das como tambem do tempo t: (9.92) (9.93) PHF 20 v= FQ y. 2.0 Por exemplo, 0 escoamento nio-permanente ocorre quando se esvazia um recipiente através de um orificio; i medida que a superficie livre (SL) vai baixando, pressio © a velocidade diminuem (Fig. 9.22). Outro exemplo é o da onda que se forma em um canal, que dispde de uma comporta, no instante em que esta € rebaixada (Fig, 9.23). Outro exemplo é o das particulas liquidas em volta de um torpedo, disparado de um sub- marino. O estudo do escoamento niio-permanente muito mais complexo do que o do permanente, ao qual ficaremos restritos neste capitulo. No escoamento niio-permanente, as trajetorias das diversas particulas (que passam através de'um dado ponto do espaco) terio diferentes formas, Por esta raziio, adota-se 0 conceito de “linha de corrente”’, afim de analisar a corrente que se forma em cada instante SL oriticio SL. Fig. 9.22 Fig. 9.23, chance Ae Tipo, todos os pontos da mesma trajetéria téma mesma velocidade (Fig. 9.24). E um caso particu- lar do escoamento permanente: a velocidade pode va- riar de uma trajetoria para outra, mas, na mesma traje- t6ria, todos os pontos tém a mesma velocidade, ou seja, 2— a — seunen ste Le vy 4-——— Fig. 9.24 ee ee a a ee de um ponto a outro da mesma trajetéria, a velocidade ndo varia (0 médulo, a direcdo e o sentido sao constan- tes). Por exemplo, este tipo ocorre no escoamento de liquidos sob pressio constante em tubulagdes-longas.. de dimetro constante. No escoamento uniforme, a Sedo transversal da corrente € invariavel. oa ‘caso, 0s diversos pontos da mesma trajet6- ria nao apresentam velocidade constante no intervalo de tempo considerado. O escoamento variado ocorre, por exemplo: ) nas correntes convergentes, originirias de orificios (Fig, 9.254(a)) e também nas correntes divergentes, Provocadas por alargamento de secao (Fig. 9.25- (b). Alargamento ) w \orificio Fig. 9.25 b) no golpe de ariete, que se verifiea ao fechar-se, rapidamente, um registro por onde escoa o liquide — (Fig. 9.26). | SL SL. SS Se 5 cei cain eae fechado Fig, 9.26 "Agora, cada particula fluida estd sujeita dade angular w, em rels exemplo, 0 escoamento rotacional é bem caracterizado no fenémeno do equilibrio relativo em um recipiente cilindrico aberto, que contém um liquido e que gira em torno de seu eixo vertical (Cap. 8). Em virtude da viscosidade, 0 escoamento dos fluidos reais é sempre do tipo rotacional am Beene ro mene simplificar oestudo i Mecanica dos Fluidos, € usual desprezar a caracteristica rotacional do escoa- mento, passando-se a consideri-lo como irrotacional, através dos principios clissicos da Fluidodindmica. No tipo irrotacional, as particulas nao se deformam, pois se faz uma concepeio matematica do escoumento, des- prezando a influéncia da viscosidade (v. 0 capitulo se- guinte). G25) 13) Estabelecer 0 conceito de movimento medio na corrente fluida Soluca0 Suponhamos a sega AB, perpendicular a direg Fig. 9.28 Tubo (em corte longitudinal). Em cada instante. a velocidade v é a resulta duas outras: ede 1) a componente longitudinal(v,), que € perpendicu! a segao AB. E a velocidade de transporte da par cula; 2) a componente transversal (Vs). que estd sempre no plano de AB. Fa velocidade de agitagao da part: cula A experiéneia mostra que a componente vs vatia, continuamente, em direcio e sentido; seu médulo pequeno (Fig. 9.28). Ao contririo, a componente v, mantém a direcdo e 0 sentido; além disso, seu modulo é apreciivel, em relagio ao médulo de vs no mesmo ponto. Assim, podemos desprezar v. em face de ¥ Entio, o valor da velocidade longitudinal v,. em cada porto de AB, representa a respectiva velocidade local, que se modifica conforme a posicao do ponto na secio AB. A velocidade local é minima junto a parede do conduto Assim, na segdo transversal AB (Fig. 9.29), per- Fig. 9.29 Tubo (em corte longitudinal. pendicular 4 diregdo do movimento, tomemos oy pon- Velocidades locais (velo- cidades. nos diversos pomtos) SAO V.. Va, Yas ivamente. Com as origens ¢ extremidades dos vetores repre sentativos de V), Vay Vs et. tracemos o diagrama das velocidades locais (Fig, 9.30) Fig. 9.30 Para facilitar o estudo, substituamos este diagrama parabolico por um diagrama retangular. Neste, a velo- Cidade U € suposta constante em todos os pontos da segio transversal AB ¢ de tal forma Que a area do diagrama retangular (Fig. 9.31) seja equivalente a area do diagrama parabolico das velocidades locais, Esta velocidade ficticia U € conhecida como veto- cidade média. Entio, podemos substituir 0 movimento Teal (turbulento) do fluido por um movimento ficticio. chamado de movimento médio (correspondendo a0 movimento principal da massa liquida). com a final dade de facilitar 0 estudo da Cinematica dos Fluidos Do ponto de vista cinematico, 0 escoamento com velo~ cidade média mio difere do escoamento laminar. Por- Fig. 9.31 _ tanto, substituindo © escoamento turbulento pelo es coamento de velocidade média que the corresponde podemos trati-lo da mesma forma que no escoamento laminar, CINEMATICA DOS Fi.uIDOS Leitura complementar: Fonte: Brunetti, F. ,Mecanica dos Fluidos-Prearson Prentice Hall [Regimes ou movimentos variado e permanente Regime permanente ¢ aquele em que as propriedades do fluido so invaridveis em cada ponto com o passar do tempo. Note-se que as propriedades do fluido podem variar de ponto pata ponto, desde que nao haja variagdes com o tempo. Isso significa que, apesar de um certo fuido est em movimento, a configuragao de suas propriedades em qualquer instante permanece a mesma. Um exemplo pritico disso seré o escoamento pela tubulagao do tanque da Figura 3.1, desde que o nivel dele seja mantido constante. NC = Nivel Constante Figura 3.1 Nese tanque. a quantidade de dgua que entra em (1) € idéntica & quantidade de sigua que sai por (2); nessas condi Tagdo de todas as propriedades do fluido. como velocidade, massa especifica, pressio etc...serd, em cad ponto, a mesma em qualquer instante. Note-se que em cada ponto a velocidad, por exemplo, € diferente, assim como a pressio o seri. pela lei de Stevin Regime variado é aquele em que as condigdes do fluido em alguns pontos ou regides de pontos Varlam com o passar do tempo. Se no exemplo da Figura 3.1 nao houver fornecimento de agua por (1), 0 regime sera variado em todos os pontos. Denomina-se reservatsrio de grandes dimensdes um reservatério do qual se extrai ‘ou no qual se admite fluido, mas devido & sua dimensdo transversal muito extensa, o nivel no varia sensivel- mente com o passar do tempo. Em um teservatério de grandes dimensdes, 0 nivel mantém-se aproximadamente constante com 0 passar do tempo. de forma que o regime pode ser considerado aproximadamente permanente A Figura 3.2a mostra um reservatorio de grandes dimens6es, em que, apesar de haver uma des- carga do fluido, 0 nivel ndo varia sensivelmente com o passar do tempo, ¢ 0 regime pode scr consi- derado permanente. es, a config 8 —_MECANICA 00s FiUIDos A Figura 3.2b mostra um reservatério em que a segdo transversal ¢ relativamente pequena em face da descarga do fluido, Isso faz, com que 0 nivel dele varie sensivelmente com o passar do tem- po, havendo uma variagao sensivel da configuracao do sistema, caracterizando um regime variado, Nivel variavel (regime variado) Reservatorio de ndes dimensies | s me permanente) i) (by t Figura 3.2 demonstrou a sua existéncia. Seja, por exemplo, um reservatdrio que contém sigua. Um tubo transparente & ligado ao reser- _vatorio e. no fim deste, uma vailvula permite a variagdio da velocidade de descarga da gua. No eixo do tubo € injetado um liquide corante do qual se deseja observar 0 comportamento (Figura 3.3). No- ta-se que ao abrir pouco a valvula, portanto para pequenas velocidades de descarga, forma-se um fi lete reto e continuo de fluido colorido no eixo do tubo (3). Ao abrir mais a valvula (5), 0 filete comega a apresentar ondulag6es e finalmente desaparece a uma pequena distincia do ponto de inje- Gao. Nesse tiltimo caso, como 0 nivel (2) continua descendo, conclui-se que 0 fluido colorido € injetado, nto, € totalmente dilufdo na agua do tubo (3), Eases fatos denotam a existéncia de dois tipos de escoamentos separados por um escoamento de transigao mas, devido a movimentos transversais do escoan’ (2) (1) Agua (y.¥) — | (2) Liquide colorido (3) Tubo de vido (didmetro D) | | (4) Filete de liquide color (5) Valvula para reg velocidade (v) lagem da 73) Figura 33 No primeiro caso, em que € observavel o filete colorido retot continuo, conclui-se que as par- ticulas viajam sem agitagdes transversais, mantendo-se em Kiminas concéntricas, entre as quais nao ha troca macroseépica de particulas. No segundo caso, as particulas apresentam velocidades transversais importantes. j te desaparece pela diluigao de suas particulas no volume de que o file- (ERGOT aquete em que as particulas se destocam em kiminas individualizadas, sem tpgeas de . éaquele em que as partic crosedpico, isto é, a velocidade apresenta componentes transversais ao movimento geral do conjun- 10 do fluid. Oescoamento lamina jas apresentam um movimento aleatério ma- 0 menos comum na pritica, mas pode ser visualizado por todos, num filete de dgua de uma tomeira pouco aberta ou no inicio da trajetoria seguida pela fumaga de um ci To, jd que & uma certa distancia dele notam-se movimentos transversais. Reynolds verificou que o fato de 0 movimento ser laminar ou turbulento depende do valor do > adimensional dado por: numer (3.1) Essa expresso se chama nimero de Reyif@fls e mostra que 0 tipo de escoamento depende do conjunto de grandezas v, D e v,¢ nao somente de cada uma delas, Esse aspecto s tido no capitulo de andlise dimensional. Reynolds verificou que, no caso de tubos, seriam observados os seguintes valores: erd mais bem discu- Note-se que 0 movimento turbulento é variado por natureza, devido as flutuagdes da velocida- de em cada ponto. Pode-se. no entanto, muitas vezes, considerd-lo permanente, adotando em cada ponto a média das velocidades em relagao ao tempo, Esse fato € comprovado na pritica, jd que so- mente aparelhos muito sensiveis conseguem indicar as flutuagdes dos valores das propriedades em. cada ponto. A maioria dos aparelhos, devido ao fato de que apresentam uma certa inércia na medigao, indi card um valor permanente em cada ponto que corresponderd exatamente & média citada anterior mente (Figura 3.4). t Valor médio indicado pelo aparetho medidor de velocidade flutuagdes _tempo, Figura 3.4 Assim, mesmo que 0 escoaniento seja turbulento, podera, em geral, ser admitido como perma- nente em média nas aplicagdes. — E _Trajetorias e linhas de corrente ‘Trajet6ria é 0 lugar geométrico dos pontos ocupados por uma particula em instantes sucessi- vos. Note-se que a equacao de uma trajetoria sera fungao do ponto inicial, que individualiza a parti- cula, e do tempo, Uma visualizagdo da trajetoria sera obtida por meio de uma fotogratia, com tempo longo de exposig’o, de um flutuante colorido colocado num fluido em movimento (Figura 3.5). Autuante Figura 3.5 Linha de corrente € a linha tangente aos vetores da velocidade de diferentes particulas no mes- imo instante. Note-se que. na equagio de uma linha de corrente, o tempo nao é uma varidvel, j4 que a nogio se refere a um certo instante. ‘A visualizago pode ser feita langando, por exemplo, serragem em diversos pontos do escoa- mento ¢ tirando em seguida uma fotografia instantinca. A serragem iré, num pequeno intervalo de tempo, apresentar um curto espago percorride que representara o vetor yelocidade no pont, ‘linha de corrente seré obtida tragando-se na fotografia a linha tangente aos tragos de serra- gem (Figura 3.6). Ss a O— @ 7 > vw J Ve ragao do fluido e de suas propriedades. A propriedade (b) pode ser verificada por absurdo, supondo que uma particula cruze o tubo de corrente. Para que isso ocorresse, seria necesséirio que o vetor da qetocidade fosse obliquo em relagaio ao tubo de corrente, 0 que nao pode acontecer, pois © mesmo € Tormado de linhas de corrente que, por definigZo, so tangentes aos vetores da velocidade. Essa propriedade é muito importante, pois em regime permanente garante que as particulas de fluido que entram de um lado do tubo de corrente deverio sair do outro, nao havendo adigdo nem subtragao de particulas através do tubo. A sua utilidade sera vista nas equagdes de Meea dos Fluidos.

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