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INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DO CINEMA

AULA 01 - As Origens do Cinema

ORIGENS E DEFINIÇÕES DO CINEMA

Para falarmos sobre as origens, inicialmente precisamos pensar no que admitimos como
cinema.

Se pensarmos no cinema apenas como imagens em movimento, as origens se dão no que


chamamos de pré-cinema. Nos experimentos com lanternas mágicas, teatro de sombras e
vários outros dispositivos que criam a ilusão do movimento.

Teatro Óptico em representação de Louis Poyet

Se formos ainda mais longe, encontramos exemplos pré-históricos de desenhos e pinturas


antigas envolvendo uma ideia de arte sequencial.

Levando em conta a definição de cinema como uma ideia que envolve a projeção de
imagens animadas mecanicamente para uma audiência, Émile Reynaud já o fazia em seu
Teatro Óptico, uma invenção que data de 1888.

OS “INVENTORES” DO CINEMA

O fato é que as origens do cinema não se relacionam apenas com um inventor, mas todo
um contexto em que várias pessoas de diferentes países mostravam-se interessadas em
inventar dispositivos de filmagem e projeção.

Louis Le Prince, Thomas Edison e os Irmãos Lumiére geralmente são os mais debatidos e
estudados dentro desse contexto.
A Saída dos Operários da Fábrica Lumière (1895) - Louis Lumière

Uma parte considerável desses primeiros filmes não estavam interessados em contar
histórias. Eles encantavam os espectadores perante as possibilidades do registro de
imagens em movimento envolvendo aspectos da realidade. Alguns teóricos chamam esse
formato de actuality films.

Porém, alguns cineastas como Alice Guy-Blaché, George Méliès e Segundo de Chomón,
propunham situações fantasiosas e narrativas desde esses primórdios. Nessa época
também existia a tendência dos trick films, filmes que possuíam efeitos especiais realizados
por trucagens de câmera e montagem.

A LINGUAGEM NO INÍCIO DO CINEMA

Embora alguns cineastas sugerissem situações narrativas, a linguagem do cinema ainda


não estava bem definida. Os filmes eram registrados de um ponto de vista único e em
planos gerais, simulando o olhar de uma plateia de teatro.

Na virada do século XIX para o XX, a decupagem e a montagem começaram a tornarem-se


um pouco mais complexas, com destaque para os cineastas da Escola de Brighton e para o
norte-americano Edwin S. Porter.
Os Óculos de Leitura da Vovó (1900) - George Albert Smith

O britânico George Albert Smith, em Os Óculos de Leitura da Vovó (1900), usou alguns
closes simulando a visão de um menino por uma lupa. Já em O Grande Roubo do Trem
(1903), Porter usou a montagem alternada para mostrar o fluxo da ação - algo pouco
comum para a época.

D. W. Griffith foi um dos mais importantes cineastas no início do cinema, tanto pela
sensibilidade artística como pelo modo como contribuiu para o desenvolvimento da
linguagem. Em O Preço do Trigo (1909), Griffith faz uma crítica social ao intercalar imagens
de uma mulher sem dinheiro para comprar pão e de ricos festejando o aumento do preço do
trigo.

O Preço do Trigo (1909) - D. W. Griffith


Griffith também foi um dos precursores no que diz respeito à construção de cenários mais
plásticos que se integravam com as histórias. Ele também mostrou que a montagem pode
induzir a um suspense, como no final de A Operadora de Lonedale (1911).

D. W. GRIFFITH E O NATURALISMO HOLLYWOODIANO

Nesse contexto da sistematização da linguagem, O Nascimento de uma Nação (1915), de


D. W. Griffith, é considerado um marco. É um filme épico de produção ambiciosa, visto
como um blockbuster, que evidenciou o cinema como arte e como indústria.

Ismail Xavier fala que, a partir dos anos 10, o cinema norte-americano produziu obras
naturalistas que serviram como base para o cinema clássico de Hollywood.

O Nascimento de uma Nação (1915) - D. W. Griffith

A IMPORTÂNCIA DE CABIRIA (1914)

É importante ressaltar que a sistematização da linguagem do cinema não ocorre somente


através de cineastas norte-americanos.

Um caso muito relevante é o do filme Cabiria (1914), um épico italiano lançado antes de O
Nascimento de uma Nação (1915), mas que faz coisas parecidas com o que o filme de
Griffith faz.
Cabiria (1914) - Giovanni Pastrone

O longa conta uma história épica em que se utiliza de aspectos formais que se tornariam
convenções. O modo como o cineasta e os fotógrafos movem a câmera durante as cenas,
realizando tanto movimentos de travelling como de dolly, foi um grande marco para a época.

EXPRESSIONISMO ALEMÃO E CINEMA SOVIÉTICO

O Expressionismo Alemão e o Cinema Soviético foram tendências essenciais do início do


cinema.

O primeiro veio da tradição alemã de uma arte mórbida somada ao fracasso do final da
Primeira Guerra; sendo assim, os filmes refletem esse estado de espírito, com destaque
para as obras O Gabinete do Dr. Caligari (1920) e Nosferatu (1922).

O Gabinete do Dr. Caligari (1920) - Robert Wiene


Já o Cinema Soviético veio após a Revolução Russa de 1917, e pretendia mostrar os ideais
socialistas através de filmes de propaganda, com influências do construtivismo e até do
cinema de Hollywood.

Em seus estudos e observações, o diretor e teórico Lev Kuleshov concluiu que a montagem
é o elemento mais importante do cinema, visto que pode dar o sentido desejado a um filme.

Vsevolod Pudovkin aprofundou as ideias de Kuleshov. E mais radicalmente, Sergei


Eisenstein, que levava a montagem a um lado mais extremo, acrescentando imagens sem
relação narrativa direta com os planos de um filme para sugerir críticas e metáforas.

A Mãe (1926) - Vsevolod Pudovkin

A partir dos anos 30, a propaganda soviética torna-se mais impositiva, pendendo para um
lado mais otimista. Assim, mesmo que os diretores fizessem filmes para o regime, muitos
eram rejeitados por não se adequarem a essa exigência.

O Cinema Soviético e o Expressionismo Alemão se deram quando o cinema ainda era uma
invenção relativamente recente, mas já mostravam a importância dos elementos da
linguagem. Sendo, são tendências de extrema importância para esse contexto.

INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DO CINEMA


Minicurso ministrado por Arthur Tuoto
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