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O Pitcher Que Eu Detesto (Estrelas Do Alabama 3) - Lana Silva
O Pitcher Que Eu Detesto (Estrelas Do Alabama 3) - Lana Silva
Copyright 2023©
Revisão: @gramaticaperfeita
Sumário
Sinopse
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Epílogo
Agradecimentos
Redes Sociais
Josh Dawson é o capitão do time de beisebol da universidade, badboy e
cafajeste assumido, conhecido como o coração de gelo. Ele sabe o que é ter
o coração quebrado e para mantê-lo intacto, ele foi obrigado a rejeitar uma
das garotas mais doces que conheceu quando ainda era um calouro.
Dakota Evans estuda para ser professora, romântica assumida, ela só quer
encontrar seu príncipe encantado e viver seu conto de fadas. Ela tem certeza
de que esse príncipe não é Josh, o idiota que ela conheceu no primeiro
semestre da faculdade.
Os dois não deveriam se encontrar outra vez, muito menos em uma aula de
teatro. Dakota não suporta Josh, Josh evita
Dakota
Eu levo minha mão até minha testa e tento me proteger do sol, quem faz
uma festa logo após o almoço? Está no ápice do
Abby sussurra ao meu lado, viro-me para o lado e encaro minha melhor
amiga.
— Não duvido, mas ainda acho que deveríamos ter vindo um pouco mais
tarde.
Minha amiga que assim como eu está com a mão sobre sua testa faz uma
careta.
— Talvez, mas já estamos aqui e o táxi foi caro.
— Você é.
Ficamos nessa discussão idiota até chegar a nossa vez, então entregamos
nossos ingressos para os organizadores e entramos no local. É um imenso
jardim com um local coberto que parece ser uma casa, mas é apenas um
salão. Pelo gramado, há tendas com bares e até mesmo locais para comprar
comida.
Existem puffs, bancos e sofás, lugar para tirar foto e caixas de som de onde
ecoa música eletrônica.
Abby chama minha atenção e eu sigo minha amiga até uma das tendas, nós
pegamos nossos copos de cerveja e saímos caminhar pelo local. Essa é a
maior festa da Universidade do Alabama, organizada pelos veteranos para
recepção dos calouros e arrecadação de fundos.
Pena que não sinto muita vontade de socializar, por que eu tenho de ser
horrível no quesito de fazer novas amizades?
Tenho que lembrar a mim mesma que estou na faculdade e aberta a novas
experiências, a conhecer novas pessoas, a fazer amizades e quem sabe
conhecer alguns garotos, a última parte faz meu coração bater acelerado.
Droga!
Por que essa merda tem que ser tão difícil pra mim? Eu consigo ser
desapegada, não é? Não preciso ver romance em absolutamente tudo.
— Estou.
— Você parece distraída, espero que não esteja pensando no idiota do seu
ex.
Abby me conhece desde o jardim de infância, é claro que ela sabe quando
estou distraída.
Sinto o olhar de Abby sobre mim, olho para o lado e ela tem as
sobrancelhas erguidas.
Minha amiga não está tentando me ferir pelo contrário, ela está tentando me
ajudar, porém me sinto ofendida.
Pra mim é tudo muito exaustivo, mesmo com o álcool fazendo efeito e me
deixando mais alegre e solta. O sol está se pondo quando Abby inicia uma
conversa com um cara, pelo olhar, entre eles irá rolar algo bem mais do que
uma conversa, por isso faço um sinal para minha amiga e me afasto. Uma
de nós duas merece se divertir.
Eu encho minha caneca com mais cerveja e fico andando pelo local, as
pessoas estão claramente bêbadas e eu estou começando a ficar embriagada,
as luzes estão mais brilhantes e meu equilíbrio não está perfeito. Procuro
um lugar para sentar e encontro um assento de madeira, com algumas
almofadas e é possível observar a cidade e o sol se pondo. Sento-me e fico
pensativa enquanto encaro a vista à minha frente.
Porque meu último namorado foi um idiota. Eu acreditava que ele gostava
de mim e que iríamos nos casar no futuro, mas ele terminou comigo, disse
que eu estava sendo uma trouxa em acreditar que o nosso relacionamento
seria duradouro . Pelo amor de Deus, nós temos dezoito anos, é lógico que
terminaríamos em algum momento, essas foram as palavras deles.
Ryan me disse que sou romântica e a vida não é um conto de fadas. Ele está
certo, mas eu só achava que seria diferente, que seria como meus pais que
são apaixonados desde sempre.
E eu não quero ser mais assim. Minha consciência acusa que não consigo
ser diferente e uma vozinha em meu interior fala que deveria me levantar e
provar a mim mesma que posso não ser a garota romântica.
Trago minha caneca até meus lábios e deixo que o álcool desça pela minha
garganta, quem sabe bêbada, eu consiga ter
coragem.
A voz soa perto de mim, mas não a reconheço. Será que alguém está
falando comigo? Olho para o lado e um garoto se aproxima, ele tem cara de
garoto problemático, é loiro, cabelo bagunçado, com alguns fios na sua
testa, seus olhos são escuros e tem um belo maxilar marcado. Ele é bonito,
mas um alarme surge em minha mente, ele parece ser problema e não
preciso de problemas.
Zombo e ele faz uma careta. Ele claramente não é nenhum príncipe.
— É uma pena.
Ele fica em silêncio e quando acredito que ele desistiu, escuto sua voz outra
vez.
Ele fala com tanto pesar que quase sinto sua dor. Talvez seja a mesma que a
minha.
— Bem-vindo ao clube.
Ele ri outra vez e sua risada causa uma sensação estranha em minha barriga.
O vento trás seu perfume até mim, ele é cheiroso.
— Eu não fugi.
Seus olhos estão brilhando e aposto que é a bebida, mas gosto como ele me
encara.
Faço um gesto na direção que o sol está se pondo e o cara ao meu lado
ergue suas sobrancelhas.
— Só isso?
Ele me analisa e eu faço o mesmo. Não me lembro de tê-lo visto, mas ele
parece ser tão novo quanto eu, talvez seja um calouro. Algo em seus olhos
me puxa na sua direção.
Normalmente, eu não faria algo assim, porém hoje não quero pensar, eu só
quero uma fuga. O estranho ao meu lado me oferece sua mão e eu coloco
meus dedos sobre os seus.
Seu carro grita caro e é óbvio que ele tem dinheiro. Mais uma vez, minha
mente me alerta que provavelmente ele é um garoto problemático e que
deveria me manter longe.
Zombo, mas uma parte grita que estou maluca por estar confiando em um
estranho. O que tinha nessa bebida?
— Para sua sorte, eu não sou, mas você não deveria ter entrado em um
carro com um estranho.
Ele liga o som do carro e uma música do Elton John inicia, Your Song, uma
música romântica e meu coração dá um solavanco em meu peito. Droga,
Dakota, não vá por esse caminho.
— Um clássico.
— Eu gosto de clássicos.
Quero dizer que eu também, mas apenas assinto e fico em silêncio. Não
trocamos mais nenhuma palavra e mais uma vez,
Assim que a caixa metálica para, entramos e minha mão continua presa a
sua. Eu o encaro e ele faz o mesmo. É como se uma corrente elétrica
estivesse se formando onde temos nossos dedos unidos, ele faz com que
sinta um frio em minha barriga e uma pontada abaixo do meu ventre.
Estou suando e não é por conta do calor, meu corpo todo está em alerta à
espera de um toque, de um esbarrão... de qualquer migalha. Minha
respiração está alterada e minha pulsação acelerada.
Enfim, o elevador para e respiro aliviada. Ele me guia para fora e na direção
da primeira porta à direita, abre-a e entramos em um apartamento, em uma
sala ampla, mas com poucos móveis, apenas uma televisão e um sofá.
— Sinta-se em casa.
Continuo com minha mão presa à sua e o seguindo. Ele me leva até a
cozinha e então solta minha mão.
— Cerveja?
Escuto a voz da minha mãe dizendo para não aceitar bebida de estranhos,
mas a ignoro.
— Sim.
Ele vai até uma geladeira de duas portas e eu me apoio no balcão que há no
cômodo. Enquanto pega as cervejas, envio uma mensagem para Abby,
avisando que estou com alguém, ela me responde pedindo para que me
cuide e não faça nada contra minha vontade.
— Obrigada.
Dou de ombros.
— Pelos dois.
Meu peito sobe e desce cada vez mais rápido, minha pele está arrepiada e
minha boca seca.
Ele diminui a distância entre nós e sua boca quase encosta na minha. Todo
meu corpo anseia por esse toque e fecho meus olhos. Não sei o que esperar,
mas quando seus lábios encontram os meus é como se uma explosão
acontecesse.
Apoia suas mãos ao lado do meu corpo e sua boca desce pelo meu pescoço,
inclino minha cabeça para o lado e facilito seu acesso. Meu clitóris vibra e
aperto minhas pernas uma na outra, ele percebe e então traz uma das suas
mãos até minha coxa, ele a aperta e um gemido escapa dos meus lábios.
Estou com corpo mole e me sentindo em êxtase quando ele se afasta e fica
em pé. E quando abro meus olhos, ele está a minha frente, com olhos
escuros e um sorrisinho idiota em seus lábios. Ele não fala nada, apenas
puxa minha blusa para cima e me deixa completamente nua, então me pega
em seus braços e me carrega para seu quarto.
Ele me deixa sobre sua cama e tira as suas roupas, eu o observo e caralho,
ele é lindo. É claro que malha, seu abdômen
forma aquele V perfeito, suas coxas são grossas e definidas. Ele pega uma
camisinha no bolso da calça, coloca-a e o meio das minhas pernas volta a
desejar mais dele. Ele é uma visão e tanto.
Sussurra. Viro meu rosto, abro meus olhos e minha boca fica a centímetros
da sua.
Seus olhos brilham, ele se guia para dentro de mim e nós dois fechamos
nossos olhos. Assim que me preenche completamente, nós dois gememos e
ele não é delicado, ele me fode sem piedade. Abaixa sua mão até minha
perna e a enrola ao
redor da sua cintura, seus dedos me apertam com força e sei que ficarei
marcada.
Nossos gemidos ecoam pelo seu quarto e ele continua entrando e saindo de
dentro de mim com rispidez, o prazer em mim ganha cada vez mais
intensidade, meu corpo queima, convulsiona e pela segunda vez na noite
tenho um orgasmo. Ele continua me penetrando mais algumas vezes até
enfim gozar.
Eu continuo de olhos fechados e minha respiração aos poucos se normaliza.
A sensação de plenitude ecoa pelo meu corpo e gosto de como estou me
sentindo.
Ele se afasta e continuo deitada, volta e me puxa para seus braços. Não nos
conhecemos, mas é agradável estar em seus braços. Eu consegui cumprir
meu objetivo de estar com outra pessoa, de ser algo casual. Provei a mim
mesma que não sou a romântica alucinada como Ryan disse.
estudo, então me levanto e visto minha roupa. Pego meu celular no bolso do
meu short e confiro o horário, são seis da manhã.
Ainda é cedo.
Minha boca tem um gosto horrível e o efeito do álcool segue em meu corpo,
a prova disso é o meu equilíbrio e zunido em meus ouvidos. Eu vou até o
banheiro anexado ao quarto e lavo minha boca com água e pasta de dente,
eu daria tudo por uma escova de dente. Arrumo meu cabelo em um coque
bagunçado e suspiro. O que eu faço? Qual são as etiquetas pós-sexo com
um desconhecido? Droga, eu nem sei o seu nome.
Eu não sou assim. Não sou essa Dakota, por mais que tenha sido bacana,
não sou assim.
Ergue seu rosto e detesto o seu olhar frio. Ergo minhas sobrancelhas e ele ri
debochado, meu coração para e meu estômago embrulha.
— Você não achou que isso seria mais que uma noite, não é? — Idiota! Não
tenho tempo de respondê-lo, porque ele continua com seu discurso
desagradável. — Você não é do tipo que vê romance em tudo, não é?
Porque, se for, é melhor esquecer qualquer tática que pensa que irá
funcionar comigo.
Cadê aquele cara legal e gentil que conheci na noite passada? Ele se vira
ficando de costas para mim.
Fecho meus olhos e respiro fundo, ele precisava jogar na minha cara
exatamente o que Ryan falou? O pior é que nem esperava nada dele. Não
esperava absolutamente nada e ele me deu o seu pior.
— Você é sempre assim? — Sorrio amarga, ele olha para trás e me encara
sem entender. — Usa seu charme, conquista a garota e a trata como um
lixo.
— Você é um idiota.
Reviro meus olhos e o deixo na sua cozinha. Ele é um idiota, mas eu sou
mais ainda. Deveria ter confiado no alarme que soou em minha mente.
Estou me sentindo patética, lágrimas acumulam-se em meus olhos, porém
me recuso a chorar e saio do seu apartamento.
2 ANOS DEPOIS
Dakota
— Dakota Evans.
— Sim.
— Claro.
— Mais uma vez, você não tem uma dupla para um trabalho.
Suspiro.
Dou de ombros.
— Irei me esforçar.
Minto para que ela me deixe em paz e possa sair dessa sala. Pela forma
como me encara, não acredita em mim. Droga!
— Vou pensar.
— A matrícula para as aulas de teatro não está aberta, mas eu falei com a
professora e ela irá abrir uma exceção para você.
Ótimo, ela sorri, abaixa sua cabeça e pega um papel em sua mesa, em
seguida me entrega. É um formulário para a aula de teatro e na parte
inferior do papel, há o nome da professora, e-mail, os dias e local da aula.
Sorrio.
— Talvez seja melhor não ir hoje, afinal não será legal chegar atrasada.
— Melhor eu ir logo.
— Tchau, querida.
Sigo para meu carro, um civic antigo e respiro fundo. Eu tenho bolsa e não
posso perdê-la, isso significa que preciso manter minhas notas altas e os
professores ao meu lado, uma reclamação, ou um porém deles e minha
bolsa pode ser reconsiderada, além disso preciso começar a estagiar.
Foco meu olhar na professora, mas sinto os olhares sobre mim. Eu coro e
continuo caminhando na direção do grupo.
— Sente-se.
Assinto e olho para baixo, deparo-me com os rostos dos meus colegas. É
uma turma para iniciante e amadores, pelo menos não é ninguém que
entende de atuação. Não serei julgada pela minha incapacidade de atuar.
Os rostos são desconhecidos para meu alívio, sorrio gentilmente e me sento
no lugar indicado pela professora.
O maldito Josh Dawson. Merda, milhões de vezes merda. Eu devo ter feito
algo muito ruim na vida passada.
Escuto seus passos e o sinto se sentando à minha esquerda, abro meus olhos
e encaro a professora. Estou tensa e me recuso a olhar para o Josh, respiro
devagar como se isso fosse me evitar mais problemas.
Aponta para a menina ao seu lado, a garota suspira, seu rosto fica vermelho,
mas ela se apresenta. Em seguida, o garoto ao seu lado se apresenta e assim
por diante até a minha vez.
Sinto o olhar do idiota sobre mim, mas não olho para ele.
— Bem-vinda, Dakota.
— Obrigada.
Dayse faz um gesto na direção de Josh. Mais uma vez, controlo-me para
não olhar em sua direção. Não preciso encarar esse idiota, egocêntrico e
imbecil.
Minha consciência, novamente, acusa que não deveria guardar rancor, mas
foda-se.
Merda, merda, merda! A minha vida parece estar piorando a cada segundo.
Todos seguram na mão do colega do lado, eu entrelaço meus dedos na
garota à minha direita, mas continuo sem tocar no babaca ao lado.
Meu coração está acelerado e rezo para que ele simplesmente não queira
segurar na minha mão, sei que minha oração não foi ouvida quando o sinto
se aproximando da minha orelha.
— Você!?
Sorrio debochada.
Apenas de olhar para Josh, suas palavras voltam a ecoar em minha mente.
Não estou procurando um relacionamento e muito menos garotas
apaixonadas e românticas atrás de mim.
— Quem você pensa que é para me dizer que não devo guardar rancor?
Claro, ele pensa que é o rei do universo. Ele abre a boca para me responder,
mas somos interrompidos pela professora.
— Vamos iniciar.
Viro-me em frente e o imbecil pega minha mão e une meus dedos aos seus.
Ódio triplica em meu peito e me pergunto como irei suportar duas aulas por
semana com esse idiota, talvez eu acabe comento um homicídio.
Josh
Entrelaço sua mão com a minha e sinto em minha pele uma sensação de
choque, como se uma eletricidade estivesse percorrendo meu braço, e meu
corpo. Aqui está o que tentei evitar
Faz dois anos daquela noite e alguns dias ela ainda volta à minha mente, e
agora ela tem nome. Dakota Evans. Maldito momento que acreditei que
fazer teatro seria conquistar horas fáceis.
Eu fui um babaca, mas não poderia ser amigável, não poderia deixar que ela
insistisse, porque cederia. Porra, eu estava miserável naquele dia e ela fez
meu humor mudar, ela me fez esquecer de tudo e sorrir, não sorria há dias.
Dakota fez com que meu coração voltasse a bater e quando acordei com ela
em minha cama, eu soube que precisava a manter distante, nunca poderia
saber seu nome, ou dar a oportunidade de nos tornamos amigos. Precisei
ser um idiota.
Manter a distância.
A aula parece durar uma eternidade, não sei se é pelo meu estado de
espírito, ou se realmente é um tédio. Assim que a professora encerra, pego a
mochila que deixei no chão e saio do palco. Não falo com ninguém e
caminho na direção da porta. Não vim fazer amigos, nem interagir, só
preciso das minhas horas.
Meu celular vibra em meu bolso, então apoio meu corpo contra a parede ao
lado da porta e pego o aparelho. É uma mensagem de Ethan em nosso
grupo, ele está lembrando Aiden que hoje é o seu dia de fazer o almoço. Se
nós não o avisarmos, ele esquece por conta do TDAH. Ele ainda não
respondeu, mesmo assim, envio uma mensagem e o marco.
Mesmo com uma expressão debochado em seu rosto, ela é fofa e doce, ela é
como uma princesa dos contos de fadas. Dou de ombros.
— Você é um idiota.
Quero a manter longe, quero que ela realmente acredite que eu sou um
idiota, mas há algo sobre provocá-la que faz uma sensação de satisfação
vibrar em meu peito.
— Espero que alguém acerte uma daquelas bolas de beisebol em sua cabeça
e você sangre até morrer.
Ela deveria soar ameaçadora, porém ela é tão adorável que preciso me
controlar para não rir. Dakota percebe e revira seus olhos, ela se vira
ficando de costas para mim e se afasta enquanto resmunga uma série de
xingamentos. Não é a primeira vez que sou xingado por uma garota.
Eu vou até o estacionamento, entro no meu Jeep e como não tenho aula pela
tarde, dirijo para casa. Espero que hoje Aiden esteja inspirado para
cozinhar.
O som está ligado em uma rádio qualquer e toca uma música pop, uma
música que me lembra a Dakota, ela tem cara de quem gosta do estilo
musical. A garota que por muito tempo não teve nome, agora tem um,
Dakota, e combina com ela.
Se fechar meus olhos e forçar minha mente, eu posso sentir o gosto dos seus
lábios.
Eu como capitão do time irei fazer o meu melhor, darei tudo de mim.
As vozes vindas da cozinha denunciam que os caras estão aqui, vou até lá e
os encontro cozinhando, melhor Aiden está
— O que você prefere ser mordido por um tubarão ou ser picado por mil
formigas ao mesmo tempo?
Sorri debochado.
— Estamos em um dilema.
Eu vou até ele, jogo minha mochila no chão e me sento ao lado de Dylan.
Aiden confessa.
Dou de ombros e não me sinto nem um pouco culpado, melhor elas do que
eu, além do mais não é exatamente como eles estão falando.
— Sempre deixo claro que é apenas sexo, aliás elas conhecem minha
índole, por que insistem em achar que irei mudar?
— Isso é uma ótima pergunta, inclusive acho que irei usar para o meu
trabalho de conclusão de curso. — Ethan debocha. —
Por que continuam caindo na conversa de Josh mesmo sabendo da sua fama
de sem-coração?
Sorrio.
Nós continuamos a conversa por mais um tempo até que meus amigos me
abandonam para irem jogar videogame na sala.
“Bem e você?”
“Ele me disse que você fez mais uma tatuagem e está chegando em casa
pela madrugada bêbada.”
Ele utilizou a palavra chapada, mas é melhor não contar isso para Tessa.
“Cuidado, Tessa, não faça besteiras apenas para desafiar seus pais.”
Eu posso imaginar o porquê das escolhas da minha irmã, só queria que ela
entendesse que vivendo dessa maneira, seus pais ainda estão vencendo.
“Eu não estou fazendo nada demais, o único problema é que não estou
sendo a filha perfeita que eles esperam que eu seja.”
Tessa é inteligente e tem escolhas, uma parte minha quer que ela venha para
Tuscaloosa, ela é a única pessoa da minha família que me importo e
gostaria de tê-la por perto.
Ela é só uma garota normal, por que ela me chama tanta a atenção?
Dakota
A segunda aula foi tão chata quanto a primeira, porém para minha sorte,
não me sentei ao lado de Josh e nem fui obrigada a interagir com ele, por
mais que tenha sido difícil, evitei até mesmo
olhar para ele. Eu agi como se ele não existisse e espero conseguir fazer o
mesmo hoje.
Eu entro na sala e como nas outras aulas, estou atrasada, a culpa não é
minha, a culpa é da minha primeira aula que é do outro lado do campus.
— Hey, Dakota.
Sorrio e a respondo assim que estou perto o suficiente para ela me ouvir,
minha voz não é tão alta quanto a sua.
— Só faltava você.
Seus olhos estão brilhando, seus lábios curvados em um sorriso imenso, ela
realmente está empolgada. Olho para meus colegas e nem um compartilha a
animação da professora.
Um dos caras me chama para sair e eu nego, outro me conta que é gay, e o
último fala do seu gato.
O apito soa, despeço-me do meu colega e fico em pé, procuro por alguém
que ainda não conversei, mas não encontro.
— É a última rodada, ou seja, existe uma única pessoa para cada um.
Respiro fundo e entro em negação. Ele não, ele não, ele não. Um arrepio
sobe pelo meu corpo ao mesmo tempo que escuto sua voz.
Dou de ombros.
Sorrio debochadamente.
— Tudo isso pelo título ridículo que associam a você e a seus amigos?
Enruga seu nariz, como se estivesse pensando. Como se ele fosse capaz de
pensar...
— Não apenas isso. — Ergue sua mão e começa a enumerar os motivos por
quais se considera um rei. — Um todos me conhecem, dois tenho muitos
fãs, três as garotas me amam e os cara me bajulam.
Faço uma careta, o que ele está querendo dizer? Melhor onde ele quer
chegar?
Sorri, um sorriso irônico e uma sombra estranha surge em seu olhar. Qual o
problema desse garoto?
— Você é perigosa.
— Eu sou perigosa?
Odeio a forma como ele se refere a mim, como se me conhecesse. Ele não
sabe nada sobre mim.
Nós dois ficamos em silêncio e volto a olhar para minhas unhas, sinto seu
olhar sobre mim, mas continuo ignorando o maluco.
Paro por alguns segundos, o que ele falou? Ele falou essa merda mesmo?
Olho para cima e o fuzilo.
— Desista dessa aula, não nos suportamos, então é melhor nos evitarmos.
Sorrio incrédula.
— Desista você.
Quando eu acho que ele não pode piorar, ele consegue me provar que estou
errada.
Não desvio os olhos dos seus. Eu tenho motivo para não o suportar, porém
eu nunca fiz nada para esse maluco.
Cruzo meus braços assim como ele e o encaro com meu olhar mortal.
— Josh, se você quiser, você desista, eu não vou desistir por causa de um
idiota como você.
O apito soa, mas continuo sentada, assim como o idiota a minha frente.
Fuzilamo-nos através dos nossos olhos.
— Eu também.
Olho uma última vez para Josh, com todo desprezo que há em mim, e fico
em pé.
A professora usa o restante da aula para falar sobre a parte teórica do teatro,
eu não consigo assimilar muito do que ela está falando, porque estou com
muita raiva e tudo que consigo fazer é encarar Josh e desejar socar seu rosto
bonito.
Por que ele tem que ser bonito? Cabelos loiros, olhos escuros, maxilar
quadrado e marcado, uma mistura de Ken[4] com badboy.
Assim que Dayse diz que estamos liberados, eu pego minha mochila e
caminho para a saída. Tudo que eu quero é fingir que essa manhã nunca
existiu.
A raiva ainda está vibrando em meu peito e respiro fundo. Aquele idiota
não merece nem meu ódio, eu preciso continuar ignorando sua existência,
como fiz na aula passada.
Como hoje é terça, dirijo para o lar de idosos. Toda terça-feira eu vou até o
Sweet Home e almoço com os senhores e senhoras, a maioria deles quase
não recebe visitas e ficam alegres com a minha presença.
Eles sorriem e acenam na minha direção, eu vou até alguns, recebo abraços
e beijos, e até algumas reclamações, do tipo “minhas costas estão doendo”,
outros o problema é a hérnia de disco.
— Hey, querida.
Sorri animado.
Suspiro e mordo meu lábio inferior. Não são apenas eles que desabafam
comigo, eu também desabafo com eles.
— Defina babaca?
— Eu não trataria uma garota mal, ainda mais se ela fosse bonita.
Confessa e reviro meus olhos. Phillip tem oitenta anos e foi casado quatro
vezes, ele com certeza foi um cafajeste quando mais novo, além do mais ele
foi um jogador de futebol americano.
Segue rindo e faz um sinal com a mão para que eu conte mais, então eu
faço. Faço um breve resumo da minha relação com Josh.
Phillip me encara com um olhar que diz que eu não sei de nada sobre a
vida.
— Nós ficamos apenas uma vez, ele não iria se apaixonar por mim em um
único dia.
Enrugo minha testa e mordo meu lábio inferior. Não faz sentindo algum, ou
faz? — Ou você desperta algum dos seus medos, ou lembre alguém, ou ele
seja do tipo que não acredita em você.
Essa conversa está confusa e Phillip parece estar falando por códigos, um
código que não estou entendo.
— Você é diferente, Dakota, você tem um brilho, uma leveza, você poderia
ser uma protagonista de um conto de fadas, uma princesa. — Engulo em
seco, porque é como Josh me
Ele faz sua jogada e encaro o tabuleiro. Suas palavras ainda são confusas e
continuo não entendo o porquê Josh foi e é tão idiota comigo.
— Sabe, o idiota não merece que nós dois perdemos nosso precioso tempo
falando sobre ele, vamos mudar de assunto. — Faço minha jogada e ergo
meus olhos até o seu rosto. — Me conte sobre você quando era jovem.
— Claro.
Elas estão olhando uma foto deles, no Instagram do jogador de hóquei, não
as conheço, mas quando elas falam que Josh é o mais bonito, reviro meus
olhos e não consigo me controlar.
— Ele é um idiota.
— Você o conhece?
Sorrio debochada.
— Sim, nós tentamos ficar, mas não aconteceu, porque ele não deu conta.
— Ele brochou?
Suspiro, deixo que uma expressão desolada tome conta do meu rosto e
assinto.
— Infelizmente.
Josh
Entro no auditório onde acontece as aulas de teatro e procuro por ela, claro
que Dakota não está aqui, porque sempre chega atrasada.
É uma questão de tempo até meus amigos e meus colegas de time ficarem
sabendo. O que ela estava pensando quando criou essa mentira? Eu tenho
uma reputação a zelar. A maioria das pessoas pode não acreditar, mas uma
parcela usará dessa mentira para me difamar. E se os times rivais ficarem
sabendo?
Deus, eu estou prestes a me tornar uma piada.
Dayse está sobre o palco e fala sobre o que iremos conversar durante a aula,
eu não consigo prestar atenção nela, porque estou concentrado na porta.
Será que ela não vem? E se ela desistiu como sugeri na terça-feira? Seria
ótimo se ela tivesse atendido meu pedido.
Minha consciência acusa que dou muita importância para uma garota,
deveria simplesmente a ignorar e seguir minha vida como se nunca a tivesse
acontecido.
Seu cabelo ruivo está preso em um rabo de cavalo e posso ver algumas das
suas sardas. Ela é tão linda, como um anjo. Um anjo que está tentando
acabar com a minha reputação.
A aula chega ao fim e espero ela sair, Dakota está caminhando pelo
corredor, então deixo meu lugar e caminho logo
— Menti?
Sorri e dá de ombros.
— Porque é mentira.
— Você fará.
O quê? Ela está maluca? Dou um passo para trás e passo a minha mão pelo
cabelo.
Sua voz soa cheia de desdém. Droga, ela está levando meu apelo como
brincadeira.
— Eu também.
— Sim, você não pode ser um idiota e achar que está tudo bem.
Entrar nesse jogo com ela pode ser perigoso, mas foda-se, eu sou
competitivo e não vou perder para uma garota. Não vou desistir.
Nenhum dos caras está e não virão para almoçar, por isso peço
Como não tenho treino e as aulas ainda são recentes para ter algo para
estudar, eu fico na sala durante a tarde jogando videogame, perco noção do
horário e mesmo quando Ethan chega e se senta ao meu lado, continuo
concentrado jogando.
— Está ganhando?
— Não exatamente.
— Acho que sim. — Dou de ombros. — Mas tudo pode mudar, minha irmã
continua tentando chamar a atenção dos pais.
Ethan está apenas me provocando, ele conhece Tessa desde que ela tinha
quatro anos, nunca tiveram nada e ele nunca deu em cima dela.
Aiden escolhe esse exato momento para entrar em casa e suspiro. Agora
terei que aguentar os dois me provocando.
— Isso é sério?
Balanço minha cabeça negando.
Ergo meu dedo do meio em sua direção. Aiden assim como Ethan conhece
a minha irmã e ele está certo, minha irmã não é nenhuma puritana, mas isso
não significa que desejo a ver com um dos putos dos meus amigos.
Meu amigo pergunta e não esboço nenhuma reação negativa, afinal dos três,
sei que Dylan será o menor dos meus problemas, ele é o mais quieto e o
menos cafajeste.
— Estamos tentando convencer Josh que sua irmã deveria vir morar com a
gente.
Ethan o responde.
Realmente, inofensivo.
— Eu tenho uma novidade. — Ele caminha em nossa direção e encaramos
Dylan curioso. Ele continua em pé e de frente para a poltrona onde Aiden
está. — Eu sou o novo capitão do time de basquete.
— Precisamos comemorar.
Aiden grita, mas continuo deitado na espreguiçadeira que estou. Está quente
e uma piscina seria ótimo, mas não estou nas minhas melhores condições.
Largo meu celular sobre a espreguiçadeira e fico em pé, assim que Ethan
deixa a piscina, viro-me de costas e corro para longe, porém paro quando
escuto um som estranho e seguido de um grito de dor do meu melhor
amigo.
Pergunto.
Ele está chorando. Nós três olhamos para o seu ombro e o analisamos, não
somos médicos, mas somos atletas e sabemos
Ethan está vestindo apenas uma cueca quando entramos no hospital, mas
não estamos nos importando, porque estamos preocupados, uma lesão pode
significar estar fora dos jogos e prejudicar a carreira profissional do meu
amigo.
— Mordo meu lábio para conseguir parar de rir. — Isso é algo que irei
adorar contar para os seus filhos.
Ethan balança a cabeça, mas por fim também acaba sorrindo, um sorriso
que se desfaz assim que entramos no carro.
Suspira e assente.
Assente.
Ligo o carro.
— Sinto muito.
Vamos para casa e eu subo para meu quarto dormir um pouco antes da
minha aula, Aiden fica responsável por levar
Ethan até o seu treinador. Eu não queria ser Ethan, porque seu treinador irá
acabar com ele.
E o treinador realmente acaba com ele, assim como sua mãe, o treinador
atlético do seu time e o idiota do seu agente, inclusive eles anunciam que a
partir de amanhã, colocarão uma pessoa para estar quase vinte e quatros
horas com Ethan para o auxiliar na recuperação e evitar que ele tenha
atitudes irresponsáveis.
Para aproveitar seu último dia sem uma babá, à noite eu vou com Ethan
para o maior bar universitário das redondezas.
Dakota
Eu consigo ignorar Josh boa parte da aula, mas ele vem tirar satisfação
comigo na hora da saída. Não sou uma pessoa vingativa, mas ele me tira do
sério, ele desequilibra todos meus chakras e eu nem entendo absolutamente
nada sobre chakras.
Não sou má, mas gosto de vê-lo desesperado, gosto de vê-lo praticamente
implorar e acho genial a ideia de pedir para que ele desista da aula de teatro.
Posso não ser famosa como Josh, mas tenho uma boa reputação, não sou do
tipo de garota que ama jogadores e fama, sequer sou o tipo deles, ou do tipo
que quer fama, ou seja, não
tenho o porquê estar mentindo e é por isso que a minha invenção se torna
mais real e o boato está se espalhando.
A última frase é minha e enquanto me afasto, sinto seu olhar sobre mim, há
uma sensação de vitória que nunca senti antes. Estou aliviada e com um
sorriso em meu rosto. Não sou uma cadela do mal, mas Josh merece, ainda
me lembro da forma como ele me tratou naquela noite, além do mais teve
aquela história de ele me pedir para desistir da aula de teatro na aula
passada, terça-feira.
Meu dia é ótimo, chego sorrindo no apartamento que divido com Brooke e
Abby no fim da tarde, minhas amigas perguntam o motivo da minha
felicidade e apenas dou de ombros. Eu amo essas duas, mas elas nunca
ficaram sabendo que o garoto que me rejeitou no primeiro semestre foi uma
das Estrelas do Alabama.
Estou de tão bom humor que quando Brooke e Abby me chamam para sair,
eu topo. Eu, Dakota, a rainha do “eu vou ficar em casa” , aceito sair para
curtir uma festa em uma quinta-feira. Até mesmo
minhas amigas ficam surpresas, mais uma vez, dou de ombros quando elas
me perguntam o que diabos está acontecendo.
Vamos para uma festa de alguém que não faço a mínima ideia de quem seja,
algum amigo do amigo do amigo de um conhecido de Brooke. É divertido
eu danço e até mesmo converso com outras pessoas que não são minhas
amigas, mas como estou de bom humor e não maluca, eu não bebo.
Eu tomo meu café e vou para a minha primeira aula do dia. Dirijo com
meus olhos pesados e bocejo a cada segundo. A matéria é uma das minhas
preferidas e mesmo assim, preciso me concentrar para não cochilar em
alguns momentos. Nunca mais irei sair em plena quinta-feira, é como se um
caminhão tivesse passado por cima de mim.
meu sono vence, eu cruzo meus braços escondo meu rosto entre eles e
cochilo. Realmente, estou perdida, dormindo na biblioteca, quem diria?
— Hey, Brooke.
Brooke está com um aspecto ótimo, nenhuma olheira e nada que indique
que passou a noite em claro. Pleníssima.
— Meu corpo assim como eu ama festas, ou seja, quanto mais festas feliz e
disposta eu fico.
Tiro meus tênis, minhas meias e dobro minhas pernas sobre o sofá.
— Você só está assim tão mal, porque quase nunca sai de casa e sabe o que
cura desânimo pós-festa?
— O quê?
Sorri animada.
— Nem pensar.
Brooke revira seus olhos e eu apenas sorrio. Abby larga sua mochila e se
senta no puff que está bem à nossa frente.
— Por que chegou tão cedo? Ficou milionária e decidiu parar de estudar?
Brooke indaga, porque esse horário era para Abby estar em aula.
— Não, pelo contrário, sou uma pobre desempregada que faltou aula para ir
em uma entrevista de emprego.
Brooke faz a pergunta que está rodeando a minha mente enquanto balança
suas mãos para que o esmalte seque mais rápido.
Abby curva seu corpo para frente e apoia seus cotovelos nas pernas.
Algumas das suas atitudes começam a fazer sentido na minha cabeça. Abby
ama esportes, com exceção de futebol americano por causa do idiota do seu
pai, é por isso que ela deve estar tão revoltada em ter de trabalhar com um
jogador, porém analisando seu olhar, percebo que há algo a mais.
— Ele deslocou o ombro bêbado, não sei exatamente como, mas foi
bêbado. — Frisa a última palavra e suspira dramaticamente. — Esse é o
tipo de cara que ele é.
— Sinto muito, ele deve ser um idiota. — Brooke se solidariza com Abby
que faz um coração com as mãos para nossa amiga. —
Encaro-a curiosa, ao mesmo tempo que me pergunto quem pode ser, não
chego nenhum um nome. Abby continua fazendo suspense até que Brooke
perde a paciência.
— Ethan Lewis.
Dou de ombros. Ethan Lewis é uma das Estrelas do Alabama, até onde eu
sei, o melhor amigo de Josh, porém o principal problema de Abby é que ele
é agenciado por Liam, o seu pai, ou melhor seu doador de esperma e Abby
o odeia por esse motivo.
Ela suspiro.
— E ele irá deixar você trabalhar com alguém que trabalha com ele?
— Liam não sabe que sou eu, segundo Miller, o agente do quarterback não
quer ter que lidar com isso.
— Claro que eu estou, principalmente porque é ele que irá pagar a minha
bolsa e não a universidade, logo o cartão que ele está me obrigando a pagar
será com o próprio dinheiro dele.
Liam não é uma boa pessoa e não quero que minha amiga se machuque.
— Nunca se sabe.
Espero que Abby perceba que sairmos hoje é uma péssima ideia, porém por
fim ela sorri.
Resmungo.
Abby pega sua mochila, acena para nós duas e segue para seu quarto.
Faço uma careta, porque Brooke está certa. Liam está cobrando Abby,
exigindo que a própria filha pague o cartão de crédito que usou para
comprar comida. Nossa amiga pode bancar a durona e fingir que não está se
importando com atitude do pai e da mãe que se recusa a ajudá-la, mas isso a
machuca.
Duas horas depois estamos saindo de casa, eu mais uma vez não irei beber e
sou a motorista do dia. Abby até tenta me convencer ao contrário, mas não
cedo. Não quero beber, eu e bebidas não somos uma boa combinação.
— Eu preciso ir ao banheiro.
Concordo com Brooke e ela sorri vitoriosa. Apenas balanço minha cabeça e
bebo o restante do refrigerante que há em meu copo.
Abby não demora para voltar para nossa mesa, porém para a minha
esquerda e não se senta em seu lugar, ela está fitando algo e quando olho na
direção em que está olhando, me deparo com Ethan.
Sorri.
— Indo cuidar do bebê rebelde.
— Eu também.
Quando Abby volta, ela está sorrindo. Ela não se senta e pega minha mão e
a de Brooke.
— Vamos dançar.
Seguimos Abby na esperança de que ela nos fale algo, mas minha amiga
fica em silêncio. Quando perguntamos o que aconteceu, ela
Mexo meu corpo no ritmo da música até que sinto sede, então aviso minhas
amigas que estou indo até o bar e me afasto. Eu vou até o balcão, curvo
meu corpo para frente e peço meu refrigerante para um dos atendentes, ele
assente e se vira de costas para buscar meu pedido.
— Me perseguindo?
Não preciso me virar para o lado para reconhecer a quem a voz pertence.
Ele sussurra e sinto sua respiração em meu rosto, um arrepio sobe pelo meu
corpo e o ignoro.
Ele me fuzila.
Repito sua pergunta. Nós nos encaramos, a tensão entre nós aumenta. Deus,
eu me esqueço do que estamos falando quando meu olhar encontra o seu.
Minha respiração falha, meu peito sobe e desce, tremo de antecipação e
excitação percorre meu corpo.
Sua boca encontra a minha e não hesito, eu deixo que ele me beije, fecho
meus olhos e correspondo aos seus lábios com a mesma intensidade. Não o
empurro quando traz sua mão até minha cabeça e segura os fios do meu
cabelo e não o afasto quando sua língua duela com a minha.
Ele faz com que tudo em mim desperte e faz com que eu me esqueça de
tudo. Minha boca está dormente e meus lábios inchados quando ele se
afasta.
Abro meus olhos e ele está me encarando. Nossas respirações estão
alteradas e ficamos segundos sem trocarmos nenhuma palavra, o que parece
uma eternidade.
Dakota
Eu deixo o bar, vou até minhas amigas e ajo como se nada tivesse
acontecido, comporto-me como se meu coração não estivesse acelerado,
sorrio e ignoro todas as sensações que estão em meu peito.
Essa noite quando voltamos para casa e me deito em minha cama, demoro a
dormir, eu fico pensando no beijo, nos seus lábios sobre os meus.
Eu odeio Josh, odeio como meu corpo reage ao seu. Como gosto do seu
beijo e do seu toque.
Tento esquecê-lo, mas é como se ele estivesse em todo o lugar, mesmo três
dias depois ainda consigo me lembrar do beijo nitidamente. Como faço
para simplesmente deletá-lo da minha mente?
Como se não bastasse a aula de teatro, agora minha amiga está trabalhando
com seu melhor amigo e frequentando sua casa. Abby fala de Josh, Dylan e
Aiden como se eles fossem legais e preciso morder minha língua para não
falar que Josh é um babaca.
Não sei o porquê mantenho essa informação oculta das minhas amigas,
talvez por vergonha, talvez porque não queria parecer interessada no idiota,
ainda mais que eu fiquei obcecada depois que descobri a identidade do cara
daquela noite, inclusive criei um fake para o acompanhar Josh em suas
redes socais.
Totalmente, vergonhoso.
Será que ele sabe que Abby e eu somos amigas? Acho que não, porque
Abby não mantém suas redes sociais muito atualizadas, não consigo me
lembrar se tem alguma foto nossa em seu Instagram.
Abro a porta e assim que entro no auditório, procuro por ele e não o
encontro.
— Olá, Dakota.
Nada de Josh, ele realmente não veio para a aula. Estou aliviada, é o que
digo a mim mesma, e espero que ele tenha desistido da aula de teatro,
porém ao entrar no auditório na
Imbecil.
Sento-me no lado contrário ao seu, não olho em sua direção, mas sinto
como se estivesse sendo observada. Preciso me controlar para não me virar
e conferir se é ele que está mesmo me encarando.
Dayse faz os exercícios de sempre, porém acaba a aula um pouco antes, ela
pede nossa atenção e sorri animada.
— Eu tenho uma ótima notícia. — Faz uma pausa para criar uma
expectativa. — Iremos participar do festival de talentos no final do
semestre.
Faço uma careta. Não é uma notícia animadora, não para mim.
Ela continua.
Sussurro para a garota que está sentada ao meu lado, Edith, e ela ri.
— Seremos um desastre.
Ela continua falando sobre como será incrível, nem um de nós parece
concordar com ela. Dayse pede sugestão de peças teatrais e tenta nos
animar, é totalmente em vão. Por fim, ela apenas suspira derrotada e encerra
a aula.
Olha de mim para Josh com malícia. Maldito Josh, ela vai ficar pensando
que temos algo.
— Até mais, Edith.
Ela se afasta e me viro para o lado, Josh está com parte do seu corpo
apoiado na parede e seus pés à frente do seu corpo.
Sorri debochado.
— É uma honra para você ser vista com alguém como eu.
Inclino meu corpo para frente e paro com meu rosto a centímetros do dele.
— Você entendeu. — Seu perfume me atinge e dou um passo para trás antes
que pensamentos indesejados ecoem em minha mente. — Achei que você
tinha desistido.
Ele sorri de lado, o que faz com que uma covinha surja em seu rosto, uma
mistura de fofo com cretino.
— Porque eu fui legal com você e não respondi nenhuma das mensagens
que me enviaram, mas cuidado, posso não ser tão boazinha e acabar
confirmando que seu amiguinho não subiu.
Sua voz chega aos meus ouvidos enquanto caminho para longe e eu mordo
meu lábio inferior para não sorrir.
...
“Os meninos estão organizando uma festa, será hoje à noite e vocês estão
convidadas.
P.S.: por favor, venham me salvar, porque eu não quero ficar à noite inteira
com esses quatro jogadores imaturos e irresponsáveis.”
Ela está nos chamando para uma festa na casa de Josh, sem chance. Sei que
ela prometeu os apresentar para Brooke, mas eu estou fora, não quero
encontrar Josh e muito menos conhecer seus amigos. Uma mensagem de
Brooke chega e não fico nenhum pouco surpresa ao ler seu texto.
“Quando você diz meninos, você está falando sobre as Estrelas do
Alabama, não é?”
Brooke: Finalmente você será uma boa amiga e irá me apresentar a eles.
Abby: Finalmente você poderá conhecê-los, Brooke, mas já aviso que eles
são quatro idiotas, bagunceiros e irresponsáveis.
— Eu li.
— E?
— Não, e para minha defesa, essa semana eu ainda não fui em nenhuma
festa.
Sei que não devo ir, mas existe uma parte em mim que quer ir e desafiar
Josh, eu quero ver a sua cara ao me ver em sua casa.
— É óbvio que eu vou. — É claro que ela vai e minha consciência pesa,
não deveria ir, deveria ser madura e responsável. — Algo está acontecendo?
É claro que ela percebeu meu incômodo, porque sou péssima em não
demostrar as minhas emoções. Sento-me no sofá e sorrio, um sorriso
forçado.
— Hey, Abby não ficará chateada se você não for e eu posso ir sozinha.
Eu deveria aceitar sua oferta, mas a parte que quer irritar Josh vence.
— Eu sei e eu vou.
— Você não quer ser uma amiga legal e cozinhar duas vezes seguidas?
— Não.
Brooke tenta me persuadir, mas não cedo. Sem alternativa minha amiga vai
preparar o nosso almoço. Como nossa cozinha e sala é conjugada, nós
conversamos enquanto ela cozinha nosso frango grelhado, legumes picados
e uma salada fresca.
Assim que termino de limpar, pego meu livro e vou para meu quarto. Eu
estou em uma parte ótima do meu romance de época. Perco o horário lendo
e quando me dou conta a tarde já chegou ao fim e a noite tomou o seu lugar.
Abandono meu livro e saio do meu quarto. Encontro Brooke na cozinha, ela
prepara um sanduíche para mim e outro para ela e nos sentamos no sofá.
— Qual deles você acha mais bonito? — Encaro-a sem entender. — Dos
meninos... os jogadores famosinhos... os meninos da Abby.
Trago o sanduíche até minha boca e espero que ela desista do assunto.
Brooke pega seu celular, desliza seu dedo pela tela e em seguida o vira em
minha direção. Ela está me mostrando uma foto dos quatro juntos.
— Eu talvez prefira o Aiden, embora Ethan seja bem bonito, Josh não seja
de se jogar fora e Dylan seja tão gostoso.
— Pobre Josh.
Apenas sorrio e ela faz o mesmo. Para meu alívio, Brooke não continua
insistindo no assunto e ficamos em silêncio. Assim que terminamos de
comer, vamos nos arrumar para a festa.
Após o banho, volto para meu quarto, visto minha roupa, prendo meu
cabelo ruivo em uma trança lateral e quase não passo maquiagem. Estou
encarando meu reflexo no espelho quando Josh surge em minha mente.
Droga, eu estou indo na sua casa.
Meu coração acelera e respiro fundo várias vezes. Não há motivos para
ficar ansiosa, muito menos nervosa.
Assim que estou pronta, deixo meu quarto e encontro Brooke na sala, eu me
sento no sofá enquanto ela está tirando fotos. Nós duas ficamos
conversando enquanto esperamos Abby.
Brooke aponta.
— Impressão sua.
Nós trocamos algumas palavras e ela vai para o seu quarto se arrumar para
a festa. Eu observo minha amiga caminhar pelo corredor e Abby não
aparenta estar triste por estar sendo praticamente uma babá do cara que ela
odeia. Faz uma semana que eles estão sendo obrigados a conviver e aos
poucos, ela parece estar se acostumando com o quarterback.
— Ela não parece assim tão triste por estar com Ethan.
Viro-me para Brooke e ela assente.
— Acho que ele realmente não é tão ruim quanto ela acredita que ele é.
— Talvez.
Será que eles se tornarão amigos? A romântica que existe em mim, torce
para que sim.
Abby não demora a retornar para a sala, então nós vamos para o meu carro
e eu dirijo com as coordenadas de Abby para a casa das Estrelas do
Alabama, afinal ela conhece o caminho.
Estamos quase chegando quando Abby me faz entrar em uma rua errada.
— Meu Deus, Abby, você é horrível, era melhor ter colocado o endereço no
GPS.
Reclamo.
— Uau.
Exclamo impressionada.
— Já tinha ouvido falar que eles moram em um lugar luxuoso, mas não
esperava algo assim.
Brooke está tão surpresa quanto eu e Abby abre a porta ao seu lado.
— Vamos lá.
Ela sai do carro e a seguimos. O gramado de entrada é bem cortado e
cuidado e andamos por um caminho de pedra. É
Abby a abrir a porta, ela apenas faz sinal para entrarmos, então entramos e
continuamos a seguindo. Cruzamos por um hall e chegamos a uma sala que
no momento se transformou em uma pista de dança, com música ecoando
pelo ambiente e luzes coloridas.
— Hey, eu cheguei.
— Estamos na cozinha.
Não sei quem falou, porque minha atenção está totalmente voltada para o
loiro que acaba de fechar a porta do freezer. Seu olhar encontra o meu e ele
me encara totalmente surpreso.
Josh
O que Dakota está fazendo aqui? Dakota está em minha casa. Juro que
consigo ouvir meu coração batendo. Caralho, não era para ela estar aqui.
Abby apresenta suas amigas. Suas amigas. Dakota é sua amiga. Abby, a
garota que está auxiliando Ethan na sua recuperação e está frequentando
minha casa diariamente é amiga da Dakota, como eu não soube disso? Tudo
bem que não
bisbilhotei as redes sociais de Abby e ninguém sabe sobre Dakota e eu, até
mesmo porque não há nada entre nós.
Dakota não está surpresa, ela sabia que iria me encontrar aqui. Ela fez de
propósito? Ela está tentando me irritar?
— Vocês se conhecem?
Dakota responde e desvia seus olhos dos meus. Por alguns segundos, sigo a
encarando.
— E eu preciso de horas.
Porra!
Dakota está dançando com Brooke e Abby. Seu sorriso ocupa parte do seu
rosto e seu corpo balança no ritmo da música.
A saia curta deixa suas pernas à mostra, seus seios pulam do seu top e mexe
com minha imaginação. Lembranças daquela noite passeiam em minha
mente. Caralho!
Eu vou para a cozinha e completo meu copo que está ficando vazio com
mais cerveja, então volto para a sala e caminho por entre as várias pessoas
que agora estão espalhadas pela minha casa.
Converso com alguns caras, mas meu foco são as mulheres. Quem será a
escolhida para terminar a noite comigo?
Flerto com algumas e danço com uma loira que me puxa pela mão.
Ela sorri, deixo minha mão em sua cintura e aproximo minha boca do seu
pescoço. Meus lábios encostam em sua pele e o rosto de Dakota ocupa
minha mente. Fecho meus olhos e tento empurrar a imagem para longe, é
em vão.
Meus pensamentos seguem sendo Dakota e quando beijo a garota, são seus
lábios que gostaria de estar beijando. Por mais que me esforce é Dakota que
eu desejo.
É exatamente por isso que tenho que me manter distante de Dakota, ela é
um perigo, porque me desperta emoções que não deveria sentir. Não mais,
não de novo. Ela faz com que me recorde de um Josh que não sou mais e
não devo ser.
Eu vou até Dylan que está apoiado em uma parede e observando o lugar ao
seu redor.
— Impressão sua.
Resmungo.
Dylan dá de ombros.
— Acho que ele não se importa muito com seu ombro e espero que Abby
derrote ele.
— E Aiden?
Dylan conta para Aiden que Ethan e Abby estão no Beer Ponge, eu fico
observando Brooke segurar a mão de Dakota e a puxar na sua direção.
Dakota sorri para amiga assim que está longe do cara, ela não estava
gostando de estar com ele e isso faz com que uma satisfação vibre em meu
peito.
— Quer dizer que você precisou de uma aposta para conquistar a amizade
de uma garota?
Ethan apenas segue nos fuzilando com o olhar, porque sabe que se falar
algo, será ainda pior.
está embaçada e tudo ao meu redor está mais vibrante, colorido e caótico.
Algumas vezes meu olhar encontra Dakota e é difícil ignorá-la. Ela sorri
para outras pessoas e gostaria de que fosse comigo. Gostaria de estar
sorrindo com ela como há dois anos.
— Não contei.
— Você sabia que essa é a minha casa, você sabia que Ethan é o meu
melhor amigo e mesmo assim veio aqui.
Ela sequer demostra surpresa, ou tenta fingir que não sabe do que estou
falando.
Estreito meus olhos e tento entender o que ela queria vindo até a minha
casa.
Seu peito sobe e desce acelerado e ela continua com os olhos nos meus.
Dakota não foge, ela fica e dá tudo de si para vencer.
— Você não significa nada para mim. — Ela está mentindo, nós dois
sabemos disso. — Você acredita ser o mais esperto, o mais incrível...
perfeito, mas na verdade não passa de um idiota, egocêntrico que não
consegue ver nada além do seu umbigo.
Odeio suas palavras, odeio como elas têm capacidade de tocar feridas que
luto todos os dias para cicatrizar.
Por que ela tem que cheirar tão bem? Minha vontade é jogar tudo para o
alto e obedecer a meu corpo, porém não faço , sigo a vontade de machucá-
la assim como ela fez comigo.
— Eu poderia levar você para meu quarto e você não hesitaria. — Abaixo
meu rosto e meus lábios encostam em seu pescoço. — Foderia-a e você
gritaria meu nome.
Dakota não se afasta e vejo sua pele se arrepiar. Adoraria subir meus dedos
pela sua pele e a beijar, mas quero que ela se sinta tão ferida quanto eu
estou . Dessa vez, não irei perder para uma mulher.
Dou um passo para trás e a encaro. Ela está ofegante, lábios meio
entreabertos, bochechas coradas e olhos fechados.
Totalmente perdida nas sensações que causei em seu corpo com simples
toques.
— Mas não irei escolher você, porque garotas iguais a você é o que mais
tem no mundo, até mesmo nessa sala não consigo sequer contá-las. — Abre
seus olhos e me encara com raiva e frustração. — Você não tem nada de
especial, Dakota.
Ótimo, antes ela do que eu, então por que não me sinto bem? Por que meu
peito está apertado?
Não sei quem é, não pergunto seu nome, apenas paro a sua frente e ela traz
suas mãos até meu peito, não a afasto.
Viro-me para a garota e ela continua repetitiva, então entrelaço minha mão
na sua e a levo para o meu quarto. Eu a beijo, porém não consigo continuar,
é impossível. Peço desculpas e ela deixa meu quarto. Eu fico sozinho
sentado na cama e encarando a parede à minha frente.
Dakota deve estar me odiando e espero que seja o suficiente para a manter
longe.
Eu me deito e tento fechar meus olhos, porém meu passado surge para me
atormentar. A cena da garota que amei durante praticamente toda minha
adolescência me deixando por dinheiro se repete em minha mente. Juro que
escuto as palavras ditas pela minha mãe quando descobriu o que aconteceu.
Não deveria acreditar no que Scarlett fala, porque sempre está drogada,
entretanto algumas coisas entram em nossa mente e em nosso coração e
fazem morada.
Minha vontade é ir até ela e pedir perdão, mas não faço, continuo aqui,
observando-a e me sentindo horrível. Ela segue no jardim e eu sigo com os
olhos fixos nela.
Eu apoio minha testa no vidro e suspiro. Não importa o que meu coração
deseje, não importa pelo que implora, ele não está mais no comando.
Dakota
Josh me machuca como achei que não poderia me machucar. Eu não espero
nada dele, mas como eu pude cair na sua provocação? Como meu corpo foi
capaz de reagir ao seu? E
Depois daquela festa no primeiro semestre, não voltei a transar com pessoas
desconhecidas. Eu sou romântica e simplesmente não consigo não ser.
Quero alguém para estar comigo e segurar minha mão. Mesmo depois de
Ryan, não desisti de relacionamentos e fiquei por um ano depois de Josh
marcando de sair com caras que pareciam legais, porém todos foram
fracassados e nenhum deles passou do primeiro encontro.
É como se todos se dessem conta de que não valho a pena, como se fosse
inadequada, como se não fosse especial.
Não choro por causa de Josh outra vez. Nas aulas de teatro, ignoro-o,
sequer olho para ele, algumas vezes é como se algo em mim implorasse
para procurar por ele, porém me
mantenho firme. Abby continua trabalhando na casa de Josh, ela até cita seu
nome em algumas conversas e eu mudo de assunto rapidamente. Minhas
amigas desconfiam de algo, porém sempre que me perguntam o que
aconteceu entre nós, respondo nada.
Mesmo fingindo que Josh não existe, em alguns momentos ele surge em
meus pensamentos, minha mente é uma traíra.
...
Chego em casa quando o sol está se pondo, então tomo um banho, visto
uma roupa confortável, pego um dos meus livros de romance de época e
como nenhuma das meninas está em casa vou para sala e me deito no sofá.
Antes de começar a ler, confiro meu celular e há uma mensagem de Abby
em nosso grupo.
P.S.: Faz tanto tempo que não janto com as minhas amigas e queria muito
vocês aqui.”
Talvez, consiga ignorar sua existência. Quem sabe, ele não esteja em casa.
— Estou morta.
— Convite?
— Você irá?
— Não sei.
Debocho.
— Então, vamos? — Assinto por fim. — Ok, eu vou tentar tirar um cochilo
e podemos ir lá pelas sete, o que acha?
Acena e vai para o seu quarto, eu fico encarando a parede à minha frente de
novo. Devo ir mesmo? Quão ruim será? Mas
não posso deixar Josh comandar minha vida. Eu quero ver minha amiga e
irei vê-la.
Volto para o meu livro e dessa vez, minha leitura flui. Leio alguns capítulos
e decido ir tomar meu banho, demoro embaixo do chuveiro e quando vou
para meu quarto com a toalha em volta do meu corpo, coloco música em
meu celular, escolho minha roupa e me visto ao som de Beatles
É algo simples, então visto apenas um vestido, deixo meu cabelo solto e
calço uma rasteirinha. Saio do meu quarto, colocando meus brincos e
encontro Brooke na sala sentada no sofá e com o celular em mãos. Ela tem
um sorrisinho em seu rosto, aposto que está conversando com algum
garoto.
— Vamos.
Nega.
— Estava sim.
Dá de ombros.
Brooke age como se não fosse nada demais e eu zombo dela. Durante o
caminho até a casa dos meninos, eu vou a provocando e Brooke negando
que aja algo entre eles. Segundo ela, foi apenas uma vez, porém pela sua
animação, ela está disposta a repetir.
Nós chegamos e é Abby que abre a porta, ela está tão à vontade que você
juraria que ela é a dona da casa.
— Olha só, Dakota, ela já age como se a casa fosse dela, será que iremos
perder a nossa colega de apartamento?
Brooke provoca e Abby revira seus olhos. Eu abraço minha amiga e
entramos na casa. Meu coração acelera enquanto seguimos para a cozinha,
não sei se estou pronta para ver Josh.
Dylan se defende e em seguida, Josh. Ouvir sua voz faz com que uma
sensação estranha se instale em minha barriga.
Respiro fundo e ergo minha cabeça. Foco em Aiden que está falando no
momento.
Brooke põe fim no assunto e minha amiga flerta com Aiden enquanto pega
algumas cervejas na geladeira. Continuo evitando Josh e assim que Brooke
me entrega uma cerveja para dividir com Abby, trago a garrafa até minha e
bebo um longo gole da bebida.
Digo ao mesmo tempo que Josh e meu sorriso morre. Sinto seu olhar sobre
mim, meu peito vibra com emoções diversas e não consigo mais me
controlar, eu olho em sua direção. Meu olhar encontra com o seu e é como
se de repente ele estivesse vendo a minha alma e eu a sua. Ele parece triste,
arrependido e em meio a uma batalha.
Nossos amigos falam ao nosso redor, mas continuamos nos encarando até
que ele desvia os olhos dos meus e se vira para Aiden.
Nós sete vamos para o jardim. Eu sei que estou ficando bêbada, porque meu
equilíbrio está péssimo e não pretendo parar de beber. Nós ocupamos as
espreguiçadeiras ao redor da piscina e continuamos bebendo. Eu me
mantenho quieta e distante.
Como o álcool está fazendo efeito em meu sistema, quando meu olhar
encontra com Josh, não o desvio, encaro-o e meu coração acelera.
Odeio como ele tem a capacidade de mexer comigo. Por que não consigo
fingir que ele não existe? Por que ele segue como se estivesse impregnado
em mim?
Fecho meus olhos e deixo que minha mente me guie, ela me leva para um
lugar calmo, tão tranquilo... tão bom. Alguém está me chamando, resisto,
mas a pessoa segue me chamando.
— Que merda!
Reconheço a voz e fico irada. Por que ele está me chamando? Abro meus
olhos e Josh está curvado em minha direção e tocando meu braço.
— Não me toque.
— Nem morta.
— Você está bêbada e não pode ir embora. Abby subiu com Ethan, Aiden e
Brooke estão quase se comendo na piscina, ela com certeza vai dormir com
Aiden hoje.
— Vou de táxi.
Estou bêbada, mas sei que ele está certo e não sou uma irresponsável. Não
costumo ser pelo menos.
Faço uma careta. Não estou conseguindo ver seu rosto nitidamente, apenas
as luzes da noite ao seu redor. Quase como se ele fosse um anjo, um anjo
caído.
— Não seria a primeira vez. — Dou um chute em sua perna. — Não seja
agressiva.
— Então, não seja um idiota.
— Não vou tocar em você, prometo. — Balanço minha cabeça, o que faz
com que tudo gire ainda mais. — Não vou ficar no quarto.
— Vamos, Dakota.
— Ai, caralho.
— Aí é a porta, princesa.
Apesar da dor em meu corpo, entro na casa, a luz está mais forte e meus
olhos doem. Por que, parece que estou mais bêbada a cada segundo?
Josh não fala nada e segue comigo em seus braços para a escada.
Estou tonta demais para protestar e deixo que ele me leve para seu quarto.
Assim que abre a porta, meu estômago protesta e a ânsia de vômito se torna
insuportável.
— Eu preciso de um banheiro.
Josh
— Droga.
Levo Dakota para o banheiro. Eu posso não estar sóbrio, porém não estou
tão bêbado quanto ela. Coloca-a no chão com cuidado e ela se curva sobre o
vaso sanitário.
Eu já vi muitas vezes meus amigos perderem a linha na bebida para ter nojo
de vômito, além da minha mãe, então me aproximo de Dakota e seguro seu
cabelo. Assim que ela para de vomitar, dá um passo para trás e se distancia
do vaso. Ela se senta no chão com as costas apoiadas na parede.
Seu cabelo está uma bagunça, ela está pálida e seus lábios estão tremendo.
A expressão em seu rosto não é nada saudável.
Ela fecha seus olhos e suspira. Droga, ela está com sono, ela deve estar
prestes a dormir e não posso a deixar com essas roupas, elas estão sujas e
devem estar fedidas. Faço uma careta.
— Não costumo beber, então quando bebo, não preciso de muito para ficar
bêbada.
Assinto.
Ela protesta e coloca uma das mãos sobre seus seios e a outra sobre sua
virilha. O vidro do box não a deixa tão exposta e eu viro meu rosto para não
a olhar.
— Era para você ter esperado eu trazer as roupas antes de ficar nua e entrar
no box.
Sorrio debochado.
Eu sabia que continuaria vendo Dakota depois daquela festa, só não sabia
que seria tão difícil a ignorar. A cada aula de teatro queria ir até ela e pedir
desculpas, queria que ela olhasse em minha direção e parasse de me ignorar.
Não é algo agradável de admitir, mas seu desprezo doeu em mim.
Passo as mãos pelos fios do meu cabelo. O que essa garota tem? Por que me
puxa em sua direção como um imã? Por
Eu não esperava vê-la aqui hoje, mas desde que ela entrou na cozinha, meu
olhar procura por ela. Nós nunca nem tivemos uma conversa normal, a não
ser a daquela noite e estávamos bêbados.
Por que então ela me chama tanta atenção? Deve ser aquele lance de querer
o que você não pode ter. Minha consciência acusa que não existe nada que
me impeça de me aproximar dela, apenas motivos baseados literalmente em
vozes da minha cabeça. Será que estou sendo ridículo?
tomar seus lábios e fazê-la gemer meu nome. Quando se torna insuportável,
desvio meus olhos e fico em pé.
Aponto para cama e quando volto a olhar para ela, encontro seus olhos que
ainda estão brilhando por conta do álcool.
— Ok.
Ela se aproxima da minha cama e acompanho com meus olhos, ela irá se
deitar no meu colchão, meus lençóis e travesseiro possuirão o seu cheiro.
Que tipo de armadilha estou fazendo para mim mesmo? Dakota puxa o
lençol e edredom e se vira para mim.
Sorrio.
— Tá bom.
Assim que as roupas estão lavadas e secas, recolho-as e volto para o meu
quarto. Deixo-as dobradas sobre a cômoda e me ocupo o lugar ao lado de
Dakota. Ela disse que não me queria dormindo com ela, porém eu não disse
que não dormiria.
Dakota
Droga, ele veio dormir comigo e ainda me abraçou. Quem ele pensa que é?
Minha mente acusa que pela posição fui eu que me aproximei dele .
Com raiva de mim, desvencilho-me dele com cuidado para ele não acordar
e deixo sua cama. Meu pé pisa no chão e tudo parece estar se movendo
lentamente, droga, ainda há álcool em meu sistema. Nunca mais irei beber.
Suspiro, pego minhas roupas e vou para o banheiro. Minha cabeça está
doendo e minha garganta está seca, além de existir um gosto horrível em
minha boca. Realmente, nunca mais irei beber.
Encaro minha amiga e antes que ela possa dizer algo, balanço a cabeça e me
justifico.
— Café?
— E Brooke?
Respondo minha amiga, embora não tenha visto Brooke subir para o quarto
com Aiden, acredito que os dois estejam juntos pela forma como os dois
estavam juntos ontem à noite.
Reviro meus olhos, porque ela faz uma expressão de cachorro abandonado.
— Ok, ok.
Cedo por fim e vamos para a cozinha. Abby prepara nosso café enquanto
faço os ovos, ela é quem pega tudo que
— E você e Ethan? — Eles parecem bem próximos e ela dormiu com ele.
Abby encara os ovos em seu prato. — O que vocês têm?
— Nada.
Minha amiga na minha frente responde muito rápido e por essa razão, eu
rio, porque ela claramente está mentindo.
Suspira.
Brooke pergunta ao entrar na cozinha, nós duas olhamos para ela e não a
respondemos. Brooke se senta ao lado de Abby e ela está nos encarando,
esperando por uma resposta. Abby olha para nós duas com uma expressão
estranha.
— Qual é o problema?
Tesão.
Ela não soa nenhum pouco determinada, Brooke e eu nos olhamos e Abby
bufa.
— Aiden e você?
Muda de assunto e pergunta para Brooke, que se levanta e enche uma xícara
com café.
— E você e Josh?
principalmente, por que não nos contou que um dos seus colegas é uma das
Estrelas do Alabama?
— Esqueci.
Minto e bebo mais um pouco do meu café para evitar continuar falando.
Acordo e Dakota não está mais ao meu lado, porém seu cheiro está
impregnado nos meus lençóis e em meu travesseiro como eu suspeitava.
Suspiro e faço a idiotice de trocar o meu travesseiro pelo que ela usou, só
para sentir como se ela estivesse ainda aqui bem ao meu lado.
Volto a dormir e sonho com Dakota. Sonho com ela em meu quarto, em
minha cama, com minha boca sobre a sua e com
Assim que me dou conta de que tive um sonho erótico com Dakota, suspiro,
fico com raiva de mim mesmo e me levanto.
Vou para o banheiro e entro debaixo da água fria. Estou precisando disso
para me acalmar. É realmente o fim do poço, a humilhação só não é maior,
porque não preciso me tocar.
Raiva de mim faz ferver o meu sangue e me deixa de mal humor. Tudo
culpa daquela ruiva. Saio do banho e enrolo a toalha ao redor da minha
cintura, paro em frente à pia e escovo meus dentes e quando termino,
constato duas coisas.
Ela usou uma das escovas embaladas que eu tinha em minha gaveta e ela
esqueceu a sua correntinha. Guardo a minha escova, pego a sua correntinha
e a ergo a fim de analisá-la melhor.
Não preciso ser um gênio para adivinhar de quem ele está falando. Passo a
mão pelos fios do meu cabelo, suspiro e encaro o teto. Como não há como
evitá-lo, envio uma mensagem.
“Quanto?”
“Mil dólares.”
— Caralho.
Coloco o celular sobre a minha cama à minha direita, curvo meu corpo para
frente, apoio meus cotovelos nas minhas pernas e deixo minha cabeça entre
minhas mãos.
É claro que nosso DNA não define quem seremos, Scarlett não está certa.
Mentalizo, porque é irracional acreditar nela, é tolice acreditar que estou
fadado ao fracasso. Eu sei disso, só é difícil de aceitar algo quando tudo te
leva crer ao contrário.
Antes que fique com mais raiva da minha mãe e da minha vida, e caia em
um poço de autodepreciação, me levanto, apanho a correntinha de Dakota
para guardar no meu bolso da calça e
Dou de ombros.
Ethan ergue suas sobrancelhas, Abby larga a faca que estava usando para
cortar a salada, lava as mãos com água da torneira e enxuga com o pano de
prato, por fim cruza seus braços em frente do seu corpo.
— Não totalmente.
Ela tem a testa franzida e um olhar mortal, poderia ficar com medo dela se
não fosse tão baixinha. É uma cena cômica.
impossível não rir da sua ameaça. — Não ria, eu estou falando sério.
Resmunga.
— Ok, não sou assim tão alto, mas você não seria capaz de me matar.
— Sempre posso pagar alguém.
Abby ergue suas sobrancelhas e Ethan gargalha, ela se vira para meu amigo.
Ethan ergue as mãos para o alto e respira fundo algumas vezes até enfim
conseguir parar de rir.
— Isso é verdade.
Concordo com meu melhor amigo. Abby olha desconfiada para nós dois.
Ergo minha mão e enquanto falo, enumero a semelhança entre elas usando
os dedos.
— Vocês são debochadas, têm humor ácido, são irônicas e baixinhas. São
rebeldes.
— Eu não sou rebelde.
Ela aponta a língua para Ethan. Eu sorrio do seu gesto super infantil e Ethan
continua a provocando.
Abby se vira para mim com uma expressão de quem está prestes a matar
alguém.
— Idiota!
Sorri.
— Sua irmã deve ser incrível se for mesmo parecida comigo e iria adorar a
conhecer.
Ethan e eu nos conhecemos no quarto ano, quando fui morar com meu pai e
precisei mudar de escola, foi lá que conheci Ethan e o beisebol.
— O de sempre.
— Você sabe que não adianta, ela fica uns meses sem droga, mas sempre
acaba retornando para o vício.
Nós já tivemos essa conversa e entendo Ethan, porém algumas questões não
são tão simples de resolver como imaginamos.
— Sei que não é saudável apoiar seu vício e que provavelmente uma hora
ele irá matá-la, mas se não der o dinheiro, ela irá pegar emprestado e se não
tiver como pagar, os agiotas irão bater nela, ou fazer pior.
Meu estômago embrulha só de recordar vê-la com as roupas rasgadas em
cima do sofá, eu tinha nove anos e mesmo assim pela sua expressão, pelas
lágrimas descendo pelo seu rosto, soube que havia sido abusada
sexualmente. Naquele dia, eu liguei para a polícia, esse meu ato foi o que
meu pai precisou para conseguir minha guarda e minha mãe foi para uma
clínica de reabilitação.
Achei que ela ficaria bem e que um dia voltaríamos a viver juntos, e dessa
vez, seria melhor, porque ela estaria bem, mas ela não ficou bem. Não por
muito tempo.
É nítido que Ethan não concorda, mas também sabe que não tenho muito o
que fazer.
— Eu também, Ethan.
— Dakota pediu para eu pegar uma correntinha que esqueceu no seu quarto.
— Fale para ela que se quiser, terá que pegar diretamente comigo.
— Vocês ficaram?
— Não.
Ele está perguntando de agora e não de dois anos atrás e de qualquer forma
iria mentir.
— Juro que se você fizer minha amiga sofrer, eu corto seu pinto, ou no
mínimo quebro o seu nariz como fiz com Ryan.
— Quem é Ryan?
— O ex idiota da Dakota.
— E Dylan e Aiden?
O estádio é enorme, com sua última reforma, o lugar ficou ainda mais
incrível, contando com Lounge para jogadores, suítes, sala de imprensa,
vestiário e uma sala de treinamento com equipamentos de elevado padrão.
Encontro com alguns dos meus colegas de time nos corredores e trocamos
tapinhas nas costas. Alguns encontrei nas festas, outros eu não via desde o
fim da temporada passada.
Sorrio.
— É claro que nós temos, afinal vocês têm a mim jogando com vocês.
— Bem-vindos.
— Bem-vindos mais uma vez. — Seu olhar percorre pelos nossos rostos. —
Estamos aqui para falar sobre a próxima temporada, conversaremos sobre
objetivos e estratégias.
Ele chama os nomes e o pessoal entra pela porta que fica na lateral. A
maioria são conhecidos, porém há alguns nomes novos e os calouros não os
conhecem.
— E por último, mas não menos importante o capitão do nosso time: Josh
Dawson.
Digo que temos de ter garra que não será fácil, mas se tivermos
comprometimento em conjunto tanto quanto individual, conseguiremos
conquistar tudo que almejamos. Ao fim, berro o nosso grito de guerra e eles
me seguem, levantando mais o grito.
Sorrio, abro minha câmera, puxo a gola da minha camiseta e tiro uma foto
da correntinha em meu pescoço.
Dakota
Entro no auditório e procuro por aquele idiota. Josh está com meu colar
desde sábado, simplesmente me enviou uma foto o usando e me ignorou
quando mandei que me devolvesse.
— Josh, tudo está péssimo, aliás desde que estou sendo obrigada a conviver
com você, tudo está péssimo.
A professora começa a falar, mas a ignoro e nem presto atenção no que está
falando.
E se eu enforcar Josh? Aposto que ninguém sentirá sua falta, inclusive será
um alívio para as pobres pessoas que são obrigadas a conviver com ele.
— Isso é roubo.
Ergo minhas sobrancelhas e abro a boca para o xingar, mas ele e eu somos
chamados pela professora. Só nessa vez que olho para ela.
— Desculpa, professora.
Ela assente.
É a minha vez de assentir. Apesar de estar furiosa e querer matar Josh, fico
em silêncio.
— Bom, hoje irei ler a peça teatral para vocês e depois faremos um teste
para descobrir o papel de cada um, ok?
— Ok.
Todos presentes dizem ao mesmo tempo, então Dayse pega um papel que
há sobre a mesa e inicia a leitura da peça. Ela caminha de um lado para o
outro enquanto faz a leitura.
— Subam todos.
— Adorei o texto.
Fazemos o que a professora pede e ela entrega uma cópia do roteiro para
cada um de nós.
Abano-me com o papel. Deus, eu por favor não! Para meu alívio, uma
garota ergue o braço.
Assim a garota faz e interpreta o seu trecho escolhido. Ela é ótima e seria
uma ótima filha de um conde. O próximo a se
voluntariar é um garoto, ele interpreta o duque, ele não é incrível, mas
poderia ser escolhido.
Merda, merda, merda. Esse não é o momento para uma crise de pânico.
Vamos lá, eu já superei o problema de falar em público. Não preciso ficar
ansiosa. É algo normal, ninguém irá me julgar.
Josh toca meu braço. Sua voz não soa debochada e muito menos irônica.
Não sei o porquê ele está me ajudando e no momento nem me importo.
Por fim, ficamos apenas Josh e eu. Fecho meus olhos e respiro fundo. Tudo
ficará bem.
— Eu vou primeiro.
Josh vai para o centro do círculo e se vira em minha direção. Seus olhos
encontram os meus.
— Não tenha medo, eu não farei nada contra sua vontade e se for possível,
farei o possível para que tenha a melhor vida possível. — Ele sorri, seu
sorriso cafajeste. — Não sou tão mal quanto pensa, na medida do possível,
eu sou um cavalheiro.
Ele com certeza não foi o melhor, porém, eu achei que ele foi o melhor.
— Dakota.
Dayse me chama mais uma vez, dou um passo em frente e cruzo com Josh,
estou tão perto que meu braço esbarra com o seu.
— Pode começar.
Fito o papel. O que droga eu vou fazer? E se sair correndo? Parece uma
ótima ideia. Lembro-me do que Josh falou e viro a página, percorro meus
olhos pelo papel até o terceiro parágrafo.
Eu estou praticamente com o rosto coberto pelo papel e minha voz falha,
porque estou nervosa demais. As pausas que eu faço são ridículas. Continuo
e a cada palavra que deixa minha boca fico mais vermelha. Os minutos são
intermináveis e quando enfim termino, respiro aliviada.
— Obrigada, Dakota.
Volto ao meu lugar e mantenho o olhar no chão. Não quero ver os sorrisos
de deboche no rosto de ninguém.
Resmungo.
Pego minha mochila, coloco sobre meu ombro e corro do auditório. Não
olho para os lados e me mantenho assim até estar dentro do carro e quando
estou atrás do volante, me permito chorar.
Não sou chorona, mas hoje foi demais. Essa maldita aula me desencadeou
um gatilho gigante. E hoje, ainda é a primeira aula da semana. Deus, tem
como piorar?
— Hey, querida.
— Hey.
— Nem vou perguntar se tudo está bem, porque claramente não está.
Solto meu lábio dos meus dentes e sorrio, um sorriso tímido, porém um
sorriso.
— Eu disse que faria o possível para não rir. — Nós dois rimos. — E o que
mais aconteceu para seu dia ser tão ruim?
— Eu tenho aula de teatro para melhorar minhas habilidades sociais... —
Reviro meus olhos. — Fui quase obrigada por uma das minhas professoras
e até então tudo estava ok, porém hoje tivemos que ler um texto na frente de
todos e odeio falar em público, eu fiz terapia e tudo mais, porque são
momentos que me desencadeiam crises de pânico, e estou melhor, porém
ainda é difícil.
— Sinto muito.
ficamos em silêncio até que eu me viro para ele e Phillip faz uma careta.
Dou de ombros.
Há um motivo para minha mente reagir como reage, mas não quero falar
sobre, já estou um caos e não quero ficar pior.
— Sabe o idiota?
— Esse mesmo.
Eu conto para Phillip o dia em sua casa, o furto da minha correntinha e até
mesmo do seu ato totalmente inesperado de generosidade durante a aula de
teatro.
— Impossível.
Sorri e me encara com olhos de quem sabe muito mais do que eu.
Repito mais uma vez, ele dá de ombros e continua me encarando com uma
expressão assustadora de sabedoria. Ergo minhas sobrancelhas, ele faz o
mesmo.
— Por isso, você não veio almoçar com a gente hoje?
Ele empurra minha perna com sua assim como eu fiz anteriormente.
— Nós sentimos sua falta e perdeu uma briga entre Mary e Anne.
Josh
Abro a boca para dizer algo, mas ela pega sua mochila, fica em pé e corre
do auditório. Eu me levanto e a observo se afastar. Ela parece devastada.
Seu olhar em pânico enquanto esperava pela sua vez para interpretar um
dos trechos do texto segue ecoando em minha mente. Dakota estava frágil e
vulnerável e quando a vi daquela forma, me esqueci de tudo e só precisava
ajudá-la de alguma forma.
Meu medo é que Dakota seja uma farsa, assim como Laylah, essa é a
verdade, porém ninguém conseguiria fingir um olhar desses.
Eu pego minha mochila, aceno para as pessoas que ainda estão aqui e saio
do auditório. Continuo pensando no seu olhar e suas lágrimas não
derramadas, mesmo enquanto dirijo até o estádio.
Estou me sentindo culpado pela forma como a julguei, como a tratei. Uma
parte em mim justifica todas minhas ações com base no que vivi com
Laylah, a outra diz que sou um idiota.
consciência acusa que fui imaturo e que joguei sobre Dakota um cargo que
não era dela.
Mas e se o que aconteceu hoje não significa nada? E se ela realmente for
ardilosa?
— Porra.
Soco a direção à minha frente e a buzina dispara. Eu preciso superar o que
aconteceu com Laylah no passado. Faz mais de dois anos. Não posso
continuar desconfiando de todo mundo, muito menos julgando as pessoas
em base do que aconteceu comigo.
Não que eu queira arriscar que tudo se repita, não quero um outro
relacionamento, entretanto não posso continuar acreditando que todas
garotas são iguais a ela.
Saio do carro e bato a porta com força. Não estou com raiva da Dakota, mas
com raiva de mim mesmo, por ter acreditado em Laylah, por ela continuar
influenciado de certa forma a minha vida, por eu não conseguir deixar o
passado onde pertence, no passado.
Eu tiro minha roupa e visto meu uniforme, coloco minha roupa no armário
e deixo a correntinha de Dakota sobre a minha camiseta. Saio do vestiário,
segurando minhas luvas e alguns dos caras batem em minhas costas.
Estamos todos empolgados para o início dos treinos.
— Boa tarde.
Mesmo estando no lugar que eu amo, fazendo o que eu mais gosto de fazer,
continuo pensando em Dakota. O seu olhar triste e frágil não sai da minha
cabeça.
O fato é que não consigo mais acreditar que ela não é o que aparenta ser e
isso está me matando. Deveria continuar acreditando que ela é tão ardilosa
quanto Laylah para o meu bem, porém simplesmente não consigo.
Ele e os caras que estão por perto riem e me provocam. Eu apenas continuo
sorrindo e balanço minha cabeça negando qualquer interpretação errada que
eles possam ter.
Saio do estádio com minha mente tão perturbada quanto antes. Três horas
depois e ainda estou pensando no que aconteceu mais cedo. Não quero ter
nenhum envolvimento romântico com Dakota, mas e se formos amigos?
Talvez, eu deva pedir desculpas pelos meus erros, e pelas vezes que fui
grosseiro com ela e possamos ser amigos, ou pelos menos possamos ter
uma relação mais amigável. Não precisamos continuar agindo como se
desprezássemos um ao outro.
...
Eu chego no auditório e Dakota ainda não está aqui, ela sempre chega
atrasada. A professora está no palco e os alunos ocupam as poltronas, eu
me sento na primeira logo ao lado do corredor e mantenho meus olhos na
porta.
Espero que ela não tenha desistido por causa do que aconteceu na quinta-
feira. Mesmo depois de dois dias seu olhar vulnerável segue em meus
pensamentos.
Franzo minha testa. Dakota está me ignorando como fazia antes de terça.
Será que para ela nada mudou? Para mim tudo mudou, não quero mais agir
com hostilidade.
— Eu pensei e decidi fazer algo diferente, não irei chamar os melhores para
serem os protagonistas.
Acho que deveria prestar a atenção no que a professora está falando, mas
não faço. Dakota segue tendo meu foco total.
Dakota faz uma careta. Eu demoro alguns segundos para entender o que
realmente a professora falou e quando compreendo, olho em frente com a
testa franzida.
— Como assim?
Minha voz soa alto o suficiente para que a professora possa escutar. Ela
ergue suas sobrancelhas.
— Eu sou péssima.
Vendo que não tenho outros argumentos, seu sorriso volta a ser doce e olha
ao redor do auditório.
— Hoje iremos fazer a observação de alguns pontos da história, além de
comunicar quem farão os outros personagens.
Eu faço o que ela pede e quando estamos todos com a peça em mãos, Dayse
volta para seu lugar e inicia a leitura do enredo. Ela faz algumas
observações, divide os outros personagens entre o restante dos alunos e por
fim, chama todos para o palco. Mais uma vez ficamos em um círculo.
Para minha surpresa, é Dakota a responder, viro-me para ela e ergo minhas
sobrancelhas.
Minha voz soa mais debochada que gostaria e ela me encara com raiva
refletida em seus olhos.
Dakota fala entre dentes. Eu não estava tentando a atacar, mas ela acredita
que sim. Ótimo, Josh! Abro a boca para me defender, mas Dayse é mais
rápida.
— Josh, você precisa se convencer que está sendo obrigado a se casar, o
duque tem poder como você mesmo apontou, mas estamos falando de uma
sociedade em que tudo gira em torno de aparências e ele tem uma irmã, se
manchasse seu nome com um escândalo, ela poderia perder suas chances de
um casamento.
Ela explica e entendo seu ponto, ou forço me entender para que ela possa
encerrar seu monólogo. Eu olho para Dakota e dessa vez, está me
encarando, mas é com um olhar de julgamento. Droga, eu estraguei tudo e
não foi de propósito.
Assim que a última palavra deixa sua boca, Dakota se afasta, desce do palco
e pega sua mochila. Faço o mesmo e me apresso para acompanhá-la. Ela
deixa o auditório e sigo logo atrás.
— Dakota.
Soa seca e rude, preciso respirar fundo para não ser irônico e debochado.
— Você está querendo que eu desista, não é? — Ela não espera que eu
responda e continua. — Vai ser horrível, mas farei questão de continuar só
para que você seja obrigado a me suportar, Josh.
Mais uma vez, não espera pela minha resposta. — Se você me odeia, por
que continua usando a minha correntinha?
Sorrio debochado.
Continuo sorrindo.
Ela dá um passo em frente e dou um para trás. Dakota faz um gesto com as
mãos e tenho a impressão de que ela está com
vontade de me enforcar.
— Quer saber, pode ficar com ela, não tem valor nenhum.
Vira-se e com passos longos se afasta de mim.
Grito e posso ouvir Dakota bufar. Não pedi desculpas como deveria e nem
conversei com ela sobre tornar nossa convivência mais amigável, porém,
mesmo assim há um sorriso em meu rosto.
Josh
O treino chega ao fim com um saldo super positivo, todos do time estão
animados e confiantes. Depois de um banho, visto minha roupa, deixo o
estágio e dirijo para casa.
Não encontro nenhum dos caras, então subo para meu quarto e me jogo na
capa. Encaro o teto e imagens de Dakota nessa manhã voltam para minha
mente. Ela fica adorável quando está irritada.
Como não devo ficar pensando em garotas, muito menos em Dakota, vou
até minha mochila e pego o roteiro da peça de teatro, em seguida volto para
cama e me sento com as costas apoiadas na cabeceira.
Leio o roteiro e algumas vezes é impossível não rir, ora por causa de cenas
engraçadas, ora por trechos constrangedores. Há muitas palavras que não
utilizamos, como vossa graça, e o vocabulário formal é engraçado.
O duque não pode chamar a própria noiva pelo nome, além disso ele diz
que os olhos dela são da cor do céu. Brega, muito brega.
— Qual o problema?
— Seus pais?
Dou de ombros.
Tessa suspira.
— Eles não querem que eu vá para Tuscaloosa, eles querem que eu faça
faculdade em New York, uma faculdade de moda, ou design de interiores,
porque devo apenas ter um diploma qualquer. — A tristeza é evidente em
seus olhos. — Não posso fazer engenharia, porque devo me casar com
alguém com dinheiro e ser apenas uma esposa troféu.
Ela suspira.
Assinto.
Tessa e eu só passamos a morar juntos quando eu tinha nove anos e ela sete,
depois do incidente que chamei a polícia, e antes disso, convivíamos apenas
nos fins de semana e feriados.
Ela me conta que olhou alguns apartamentos, mas como seus pais não
aceitaram suas escolhas, não sabe como fará com
Meus pais tinham vinte anos quando se conheceram, minha mãe trabalhava
limpando a casa dos meus avôs e meu pai estava de férias da faculdade, eles
tiveram um caso e eu nasci.
Um bastardo. Nessa época minha mãe já estava usando drogas, só não era
tão viciada e meu pai já namorava a mãe de Tessa.
— Não sou você que sempre tenta fugir das suas tarefas.
— Eu nunca fujo.
Faz uma expressão de dor, Abby e eu reviramos os olhos para seu drama.
— Não esqueça que está melhor. — Aponto a faca em sua direção e Abby
assente. — Inclusive a louça de hoje é sua.
Dou de ombros.
— Eu sou seu melhor amigo.
Abby pergunta e seus olhos estão brilhando. Ela realmente está querendo
saber mais sobre a nossa infância, aliás sobre a infância de Ethan.
Abby faz uma careta quando menciono o treinador e quando pergunto se ela
o conhece, então ela volta a sorrir e diz que não, em seguida pergunta se
erámos muito terríveis na adolescência.
É nítido seu interesse em Ethan e não é apenas como amigo. Droga, eu vou
perder, porque na aposta que os meninos e eu fizemos apostando quanto
tempo demoraria para os dois ultrapassarem o limite de amigos, apostei seis
semanas, é óbvio que eles não irão mais duas semanas sendo apenas
amigos. O
Abby nos pergunta e olha para nós três e é Aiden que está entrando na
cozinha que a responde, se é que podemos chamar a sua pergunta de
resposta.
Fala perplexa.
Após terminar de comer, despeço-me dos meus amigos e volto para meu
quarto. Sigo para o banheiro, tomo um banho, visto uma calça confortável e
velha, então pego o roteiro e vou para cama.
despertador iria tocar, decido não voltar a dormir e vou para o banheiro.
Apesar de começar meu dia com o sonho caótico, o resto do dia segue sem
mais acontecimentos estranhos. Eu assisto minhas aulas, almoço no campus
e termino o dia em uma festa com meus amigos.
Como no jogo de amanhã não irei entrar em campo, não fico sem beber
álcool como deveria se fosse jogar. Eu bebo e me divirto. Apesar de ir com
Aiden e encontrar com Dylan, Ethan e Abby, em certo momento da festa,
perco-os de vista e interajo com algumas pessoas que fazem o mesmo curso
que eu.
Volto para casa de táxi perto do amanhecer, eu me deito no sofá, porque não
terei muito tempo para dormir e se ir para minha
cama será pior. Eu fecho meus olhos e como estou bêbado, apago segundos
depois.
Dá de ombros e sorrio.
— Aposto que o jogou no chão apenas para me acordar.
— Infelizmente, não tive essa brilhante ideia, mas vou anotá-la para fazer
em outro momento quando encontrar com um de vocês dormindo na sala.
Debocha de mim e segue para a cozinha, eu deixo o sofá e vou atrás dela.
Não estranho o fato de ela estar usando a mesma roupa que ontem, uma saia
e um top, porque é comum ela estar por perto desde que começou a cuidar
de Ethan. Ela se transformou na quinta integrante dessa casa.
Abby vai até a parte do balcão onde está a cafeteira para preparar seu café.
Resmunga.
— Você não é minha serva, mas aqui nessa casa agimos coletivamente.
Volto a olhar para Abby que me fuzila com os olhos, ela claramente não
acredita em mim.
amiga.
Engulo em seco e não a respondo. É tarde demais para fazer essa promessa.
Para minha sorte, Dylan decide entrar nesse momento na cozinha.
Abby debochada.
Dylan responde que apenas não estavam no clima da festa. O café fica
pronto e Abby despeja o líquido em duas xicaras, então alcança-as para nós
dois.
— Pode tomar.
Tento entregar minha xícara para ela, já que não sobrou café para ela e
Abby balança a cabeça.
— Pode ficar, farei mais café e deixarei pronto para caso Aiden e Ethan
queiram beber mais tarde.
Abby coloca mais pó e água na cafeteira e antes que o café fique pronto,
Aiden entra na cozinha.
Após tomar café com meus amigos, subo para meu quarto, eu tomo um
banho e me deito ainda com a toalha ao redor do meu corpo apenas para
descansar, porém acabo dormindo e quando acordo, estou quase atrasado
para o jogo.
Droga, eu posso não jogar, mas ainda sou o capitão titular do time.
Pulo da cama, visto uma roupa, escovo meus dentes, pego minha mochila
com uniforme e corro até a garagem. Entro em
meu carro e dirijo para o estádio. Minha sorte é que o jogo é em casa.
Assim que entro no bar, meu olhar cruza com o da Dakota e por alguns
segundos, me esqueço do jogo, da vitória e do barulho ao meu redor.
Dakota
Eu devo estar maluca, primeiro aceitei ir a um jogo de beisebol, agora estou
em um bar lotado com os seus torcedores e em breve os jogadores do time
estarão aqui.
contra Josh. Ele zombou de mim na aula de teatro, ele consegue ser a cada
dia mais idiota. Talvez, só tenha aceitado acompanhar meus amigos para
esse bar, porque bebi muitas cervejas durante o jogo.
Por que, ele tem esse poder de tornar insignificante o que está ao nosso
redor? É como se tudo se paralisasse por alguns segundos.
Pisco e desvio os meus olhos dos seus, não precisamos ter esse tipo de
conexão. Um arrepio percorre meu corpo, então volto
a olhar na sua direção, somente mantenho meus olhos longe dos seus, ele
está caminhando na nossa direção.
Droga!
É lógico que ele está querendo conversar com seus amigos, Dylan, Ethan, e
Aiden, mas não quero nem esbarrar com ele. Por que minhas amigas
tinham que se envolver logo com as Estrelas do Alabama?
Viro-me para Brooke que está ao meu lado e toco o seu braço.
Minha amiga me encara sem entender, eu imploro com meu olhar e por fim,
ela assente. Antes de nos afastarmos, Brooke puxa Abby pela mão, ela não
compreende o que está acontecendo, mas não hesita em nos seguir
— Beber tequila.
— Josh.
— Faz sentido.
Peço para o atendente assim que estou de frente para o balcão de pedidos,
ele assente e sai para preparar a bebida.
— Está quente.
É a primeira desculpa que surge em minha mente. Brooke e ela se olham e
simplesmente as ignoro. Assim que o barmen coloca o copo a minha frente,
ignoro o sal e limão e trago a dose até minha boca e a tomo de uma única
vez.
Brooke avisa.
Digo enquanto coloco o copo vazio sobre o balcão. Minhas amigas bebem
suas doses e Brooke nos arrasta para dançar.
alguém me observando, olho ao meu redor e Josh está com Dylan, Aiden e
Ethan, ele está apoiado em um pilar e me encarando.
Ele sorri quando percebe que estou olhando para ele, então faço uma careta
e volto a dançar. Abby busca mais cerveja e bebemos enquanto dançamos.
O álcool se espalha pelo meu sangue, deixando-me mais ousada e aplico
isso na forma de dançar.
A quanto tempo não ajo sem pensar? Uma vozinha sussurra em minha
mente que sempre quando Josh está por perto, eu ajo sem pensar, empurro-a
para o fundo da minha mente e sigo dançando.
Sigo como se tudo estivesse normal, mas a verdade é que algo em mim está
queimando, minha respiração está totalmente irregular, Abby me entrega
uma garrafa de cerveja e bebo o restante que há no recipiente, apenas um
gole não é o suficiente.
Preciso prender meu cabelo em um coque para evitar que os fios fiquem
presos em meu pescoço suado. Algo vibra diferente em meu peito. Não
conversamos porque o som é alto, mas rimos e fazemos dancinhas
engraçadas, entretanto estou tensa, como se a qualquer momento algo fosse
acontecer.
mais bebida. Uma mão toca minha cintura e meu corpo todo reage. Dessa
vez, sinto a faísca. Fecho meus olhos, respiro fundo e ele se aproxima
deixando seu peito quase encostado em minhas costas.
— Hey, princesa.
Seus olhos estão brilhando, claramente ele está tão bêbado quanto eu.
Seu peito sobe e desce, sua respiração atinge meu rosto e todo meu corpo e
meu ser têm noção de que ele está perto, muito
perto. Encaro-o sem desviar meus olhos dos seus e parece que há borboletas
sobrevoando meu estômago.
— Não.
Nego, mas não dou nenhum passo para trás. Não me afasto.
— Emma?
Sorrio debochada.
Ele assente.
— É claro que eu li, você não leu?
Faço outra pergunta mesmo que não tenha obtida resposta da anterior.
— Porque eu quero.
Espalmo minhas mãos em seu peito, ele me encara e não desvio meus olhos
dos seus.
— Estou falando sério, nós podemos ser amigos, ou pelo menos ter uma
relação mais amigável.
— Você é tão egocêntrico, Josh. — Liberto minhas mãos das suas. — Você
não pode ser um idiota comigo e de repente, decidir não ser mais um idiota.
Suspira.
— Eu sei, eu queria te pedir desculpas por ter sido um idiota com você.
Meu peito aperta e uma vontade imensa de que ele esteja falando sério
ocupa meu coração. Por que eu quero tanto que ele esteja falando sério? Eu
o odeio, não é?
o espaço entre nós mínimo, suas mãos tocam minha cintura e eu deixo as
minhas ao redor do seu pescoço.
Nossas respirações estão alteradas, meus olhos estão fixos nos seus, é como
se nesse instante nossos corações estivessem batendo no mesmo ritmo,
como se fôssemos o ar um do outro, o universo um do outro. A música ecoa
pelo ambiente, nós seguimos dançando, pessoas continuam ao nosso redor,
entretanto tudo perde a importância.
Meu corpo está tocando no seu e todas as células do meu corpo estão
despertas, queimando e implorando por mais.
Eu quero que ele me beije, ardo por isso, mas antes que ele cubra minha
boca com a sua, a música chega ao fim e me dou conta do que estávamos
prestes a fazer.
Dou um passo para trás, desvencilho-me de Josh, dessa vez ele deixa que eu
vá.
Desnorteada com meu coração acelerado, caminho sem rumo pelo bar,
inclusive esbarro em algumas pessoas. Acabo indo para o banheiro, paro em
frente a pia, respiro fundo e encaro meu reflexo no espelho.
Estou vermelha e ofegante. Meu exterior reflete a bagunça que está meu
interior. Abro a torneira e molho meu pescoço, então percebo que algo não
voltou para o meu pescoço.
— E Brooke?
— Abby.
Ela ri.
Abby grita e os dois sequer ficam vermelho. Eles puxam uma cadeira e se
sentam com a gente. Josh é o único que não está aqui no momento e olho ao
redor, mas não o encontro. Será que ele está com alguém?
Nós continuamos bebendo até que um dos funcionários nos informa que
eles estão fechando. Com tristeza e resmungando, deixamos o bar, nós
paramos na calçada e Josh e Dylan se entreolham, depois para a frente,
onde se situa o estúdio de tatuagem vinte e quatro horas. Daí eles começam
a rir.
— Eles não podem estar falando sério. — Exclamo incrédula. — Quem faz
uma tatuagem bêbado?
— Acredite, aqueles dois são idiotas o suficiente para fazerem algo assim.
Adentramos, Dylan e Josh entram na sala e ficamos na recepção do estúdio.
Abby está no colo de Ethan, os dois finalmente se entenderam e estão em
um clima de romance e paixão, Aiden e Brooke também, embora digam que
apenas são amigos com benefícios. Sou a única sozinha e isso me causa
uma estranha sensação de solidão.
Ela está falando dela e de Ethan, faço uma careta e eles seguem sorrindo.
Eles me ignoram e assim que Dylan e Josh deixam a sala, eles voltam para
recepção onde estou. Josh ocupa a poltrona ao meu lado e me mostra sua
tatuagem. É uma luva de beisebol com uma bola dentro, é pequena e está na
parte interior do seu braço.
Ele apenas ri, aproxima seu rosto do meu e beija minha bochecha. Eu fico
sem saber como reagir ao toque inesperado.
Dylan assente, deixa a poltrona, então os dois acenam para nós e saem do
estúdio.
Assim que Ethan e Abby deixam a sala, vamos para o carro do quarterback.
A tatuagem que os dois fizeram é brega, brega até mesmo para mim que sou
romântica. Vamos debochando dos dois durante todo o caminho.
Brooke e eu ficamos em nosso apartamento e Abby vai com Ethan para sua
casa. Nós duas seguimos cada uma para seu quarto, eu fecho a minha porta
e me apoio contra ela.
Josh
dia em que dançamos e beijei sua bochecha. Digo a mim mesmo que foi por
causa da bebida, mas sei que não foi o único fator.
A porta finalmente é aberta e Dakota entra por ela, mantenho meu olhar
sobre ela enquanto ela caminha na direção do palco.
— Bom dia.
Seu olhar esbarra com o meu, mas ela o desvia rapidamente. Ela se
posiciona ao meu lado de forma que não consigo olhar para ela, ela fez de
propósito.
Dakota põe sua mochila no chão e continuamos os exercícios até que Dayse
os finaliza e deixa seu lugar para ocupar o meio do círculo.
— Leram o roteiro? — Assinto e a maioria dos presentes faz o mesmo. —
Ótimo, hoje iremos começar o ensaiar.
Ela dá um passo para trás e espera nossa aproximação, eu vou até Dayse e
paro à sua frente, olho para Dakota e seus olhos têm aquele medo e pavor.
Encaro-a e tento transmitir tranquilidade.
Sibilo para que apenas ela entenda. Dakota respira fundo e dá um passo em
frente, é possível perceber a sua luta e seu esforço. Ela para a minha frente e
está tremendo.
Sussurro.
— Confie em você, Dakota, além do mais não estamos aqui para julgá-la.
— Dayse dá a volta em torno de nós. —
Leio que o duque disse a Emma no primeiro baile que eles compareceram
após ficarem noivos.
— Deveria?
Preciso me controlar para não rir ao ouvir a voz de Dakota, porque Emma
às vezes é tão insole quanto ela.
Nós dois não estamos nos olhando, porque estamos encarando o papel. —
Irá me conceder uma dança ou não?
Desvio os olhos do roteiro para Dakota, eu preciso ver o seu rosto quando
pronunciar a próxima fala.
Dakota fecha os olhos, assim como Dayse. Eu preciso morder meu lábio
para não rir.
— Ninguém irá julgá-la, ninguém irá rir de você, desbloqueie suas travas e
viva a Emma. — Abre seus olhos, dá um passo para trás e sorri. — Dakota
e Josh, repitam o trecho.
Dakota abre seus olhos, eu a encaro com deboche e ela revira seus olhos.
— Podem começar.
— Vocês estão ótimos. — Dayse força um sorriso, acho que nem ela
mesmo acredita em nós dois. — Próximos.
Dakota e eu voltamos para o círculo e outras pessoas ocupam nosso lugar
para apresentarem seus trechos. Eles são incrivelmente melhores, o sorriso
e o brilho no olhar de Dayse até se intensificam. Espero que com a nossa
clara falta de talento, ela coloque outras pessoas para serem os
protagonistas.
Não tenho como fugir, então apenas assinto e continuo no palco. Olho para
Dakota e ela apenas dá de ombros. Ficamos observando o auditório se
esvaziar e assim que ficamos apenas nós três, Dayse faz um sinal para que
nos aproximemos dela, Dakota e eu vamos até ela e paramos na sua frente,
um ao lado do outro.
— Mais ensaio?
A professora assente.
Preciso me controlar para não dizer que uma experiência incrível para mim
é um jogo de beisebol e não uma peça de teatro.
— Isso não está em discussão, Dakota. — Ela volta a ficar parada a nossa
frente. — Alguma dúvida?
Antes de abrir a porta, ela olha para trás e encara nós dois.
Não posso ver com nitidez o seu rosto, mas é óbvio que está sorrindo.
Sua voz é doce, mas tendenciosa. Vira-se em frente e deixa o auditório. Ela
está praticamente dizendo que não podemos desistir, porque há pessoas que
querem a gente aqui. E
ela está certo, meu treinador quer que eu tenha horas para me formar, assim
que for convocado no draft, se é que serei convocado.
Ela suspira.
— Infelizmente.
Sigo sorrindo, uma parte em mim, talvez bem infantil, gosta de irritar
Dakota, a mesma que adora provocar e irritar meus amigos. Realmente,
estou levando a sério esse negócio de sermos amigos.
— Não, princesa.
— Começamos hoje?
Sorrio.
— Claro, princesa.
Dou de ombros.
Ela assente.
— Isso.
Respondo-a, ela volta a olhar para mim e nos encaramos até que ela desvia
seus olhos.
Eu pego a minha mochila e a sigo. Ela sabe que estou logo atrás dela, mas
não olha para trás. Nós dois deixamos o auditório e Dakota continua na
minha frente.
— Tchau, Dakota
...
Almoço e vou para o meu treino, como suspeitei, todos estão animados com
a vitória, principalmente os reservas que jogaram boa parte do jogo. A
maior parte do treino e com a bola, eu foco em treinar arremessos e me
sinto realizado, porque é tão satisfatório ocupar meu lugar, arremessar a
bola e acertar a zona de strike[12], além de na maioria das vezes, o receptor
consegue segurar a bola.
Parte do time marca de ir jogar sinuca mais tarde, então vou para casa
apenas com o intuito de trocar de roupa. Eu tomei banho após o treino, mas
minha roupa segue sendo a mesma que estava usando pela manhã.
Aiden está vestido e não consigo ver a garota, porque Aiden está a
cobrindo. Sorrio malicioso.
— Feche os olhos.
Resmunga e não o obedeço. Não que queira ficar os assistindo, mas quero o
provocar por alguns segundos.
— Me respeite, Josh!
Deixo-os em paz e subo para meu quarto. Eu troco de roupa e como ainda
falta alguns minutos para o horário que marcamos, sento-me na cama para
ficar mexendo no celular, porém ao olhar para o lado, encontro o roteiro,
pego-o e o releio mais uma vez. Deve ser a terceira, ou quarta vez que
estou o relendo.
Minha curiosidade vence minha pressa, desisto de seguir para a porta e vou
até o jardim. Deparo-me com Aiden, Brooke, Ethan e Abby na área de
lazer, as meninas estão sentadas ao redor da mesa e Aiden e Ethan estão de
frente para a churrasqueira.
— Um churrasco.
É Aiden a me responder.
Dakota
Digo a mim mesma que é porque gosto das minhas amigas, não tinha
comida em casa e de qualquer forma, serei obrigada a conviver com Josh,
afinal minha melhor amiga está praticamente namorando seu melhor amigo.
Antes que minha mente exploda, pego minha bolsa e saio do carro, foda-se,
não importa os motivos, estou aqui, vou entrar e me divertir.
Espero alguns segundos até a porta ser aberta, é Dylan a abri-la para minha
surpresa, esperava que Abby viesse me
receber, afinal ela me disse por telefone que seria somente nós e os
meninos, então sabia que a única que poderia estar tocando a campainha
seria eu.
— Hey, Dakota.
— Hey, Dylan.
— Até você, Dylan? Achei que fosse o único que se salvasse nessa casa.
Apesar de estar brincando, Dylan é realmente o mais quieto dos quatro, não
que ele seja um santo, ele só é diferente, não consigo encontrar uma palavra
que o defina.
Dou de ombros.
— Esqueci.
Vou até minhas amigas que estão sentadas ao redor de uma mesa redonda
de vidro e ocupo uma das cadeiras ao lado de Abby. Passo meu braço pelos
ombros da minha amiga e abraço-a, só para provocá-la, já que ela não é
muito fã de abraços.
— Eu não ganho abraços.
Brooke faz drama e jogo um beijinho em sua direção assim que me afasto
de Abby.
— Não chore, eu também amo você. — Ela ri e faz um coração com suas
mãos em minha direção. — Só sinto falta de Abby, porque ela está
praticamente morando com Ethan e nos abandonou.
Faço um beicinho.
Abby se justifica.
— Você estava sendo obrigada, porque Ethan não está mais com braço
imobilizado e não precisa mais ser a sua babá.
— Quem?
— Brooke.
— Sua fofoqueira.
Desvio os olhos para Josh e ele está encarando minha amiga com deboche.
— Eu não sabia que para organizar uma festa, as pessoas precisavam ficar
uma sobre a outra em cima de um sofá.
A voz de Abby deixa claro que ela está brincando, porém Josh interrompe a
brincadeira com Aiden e a encara com uma expressão de poucos amigos.
Eu deveria olhar para Dylan para ver qual é a sua reação, mas continuo
encarando Josh.
— Por quê?
Ele pergunta a Abby, sua voz soa sem emoção, como se não fosse nada
demais. Finalmente, eu olho para Dylan e ele está sorrindo debochado. Nós
nunca olhamos um para o outro com algum interesse e não será agora que
isso irá mudar.
Conheço Abby e sei que ela está apenas zombando. Nem ela e nem Brooke
são do tipo que gostam de encontro de casais.
— Esqueça Dakota.
Josh morde seu lábio inferior e posso ver uma veia em sua testa.
— Não estamos.
Mudo de assunto, porque é óbvio que Josh não está com ciúmes. Elas estão
malucas. Minhas amigas aceitam minha troca
Algumas vezes meu olhar esbarra com o de Josh, mas não é desagradável.
Talvez, realmente possamos coexistir em um mesmo ambiente.
Como os meninos cozinharam, nós somos as responsáveis por limparmos.
Eles vão para a piscina e assim que terminamos, vamos até eles. Ninguém
está bebendo, porque é terça-feira, mas estamos rindo como se
estivéssemos.
Eu tiro meu vestido, o deixo sobre uma das espreguiçadeiras e fico apenas
de maiô, sinto alguém me olhando e quando olho na direção da piscina,
vejo Josh me observando.
— Vamos?
A voz de Abby chama minha atenção, desvio meus olhos de Josh, viro-me
para Abby e assinto.
Apesar da água estar fria, não demoro a me acostumar, afinal é uma noite
quente.
Eu sou a próxima a sair, após alguns minutos, porque estou com frio. Assim
que pego meu vestido sobre a espreguiçadeira, me dou conta de que não
trouxe nenhuma toalha.
— Obrigada, Dylan.
Pego meu vestido e corro até o banheiro que fica em um espaço entre sala e
cozinha. Encontro uma toalha no armário abaixo da pia e me seco. Ao
encarar meu reflexo no espelho, percebo que não deveria ter molhado meu
cabelo, ele está parecendo um ninho de passarinho. Sem alternativa, tiro o
excesso de água dos meus fios ruivos e faço um coque. Estou ridícula,
como não há muito o que ser feita, deixo a toalha sobre o balcão da pia e
saio do banheiro.
Meu coração está disparado e respiro fundo algumas vezes até enfim
conseguir me acalmar.
Ele ri.
— Desculpe, princesa.
Escutar o apelido faz com que a faísca que sempre parece existir entre nós
volte a acender.
Abro a boca para responder que é claro que não, mas a parte irracional da
minha mente se lembra de Brooke e Abby dizendo que ele está com ciúmes
e mudo minha resposta.
Repete sua pergunta, aproxima-se ainda mais até ter seu rosto a centímetros
do meu. Não o respondo, porque quero saber
Toca minha cintura e abaixa seu rosto até que seu nariz toque meu pescoço.
— Não é Dylan que deixa seu corpo arrepiado. — Sua mão aperta minha
cintura. Eu poderia me afastar, mas não me afasto.
Continuo aqui, ansiando por mais dos seus toques. — Não é Dylan que
você deseja, princesa.
Espalmo minhas mãos em seu peito e inclino meu pescoço para o lado.
Seus lábios encostam minha pele e sua mão desce até minha bunda, ele me
puxa para mais perto e não ofereço resistência nenhuma. Finalmente, ele
beija meu pescoço e seus dedos erguem meu vestido e tocam minha coxa.
Afasta seu rosto do meu pescoço e aproxima os seus lábios dos meus, ao
mesmo tempo que aperta minha bunda.
Suspiro e espero ansiosa por seu beijo, porém antes que ele cubra minha
boca com a sua, escuto meu nome ser chamado e me dou conta do que
estávamos prestes a fazer.
Abro meus olhos e dou um passo para trás. Josh me encara totalmente
desnorteado. Nunca um segundo durou tanto.
Atordoada viro-me, deixando Josh para trás e sentindo seu olhar em minhas
costas e vou encontrar minha amiga. Que merda nós pensamos que estamos
fazendo?
Josh
Bato o lápis em meu caderno ansioso, essa maldita aula não termina nunca,
eu não quero saber sobre Ciência Gastronômica, só quero que chegue ao
fim para que possa ir para minha aula de teatro.
Um dia daquele quase beijo e não sai da minha mente. É difícil admitir,
porém preciso ver Dakota.
Minha mente está um caos, uma briga interna se instalou em minha cabeça,
deveria me manter longe, entretanto não
É como um vício. Como algo que você se proibi e fica mais atrativo.
Talvez, se nos tornamos amigos tudo passe, quem sabe assim consiga a tirar
do meu sistema.
sua pele. Caralho! Nunca mais conseguirei esquecer essa maldita cena? Ela
foi o suficiente para me fazer arder de desejo, para me fazer sonhar com
Dakota e com seu corpo abaixo do meu, merda... foi o suficiente para ter
que me tocar como um adolescente.
Empurro meus pensamentos para longe antes que tenha uma ereção em
plena sala de aula, mais uma vez tento me concentrar no professor a minha
frente, porém é tarde demais para conseguir entender algo.
Não sou o primeiro a chegar na aula de teatro, mas não sou o último, a
última sempre é Dakota.
A voz da Dayse ecoa pelo auditório e sorrio, parece que a sorte está ao meu
favor hoje. Dakota assente e faz o que a professora pediu, ela vem até mim
e ocupa o lugar ao meu lado.
Inclino meu corpo na sua direção, seu perfume me atinge e aproximo minha
boca da sua orelha.
Pisco em sua direção e sorrimos ainda mais. Sorrir com Dakota é como tirar
um fardo das minhas costas.
Dakota traz suas mãos até meus braços e se segura em mim. O contato
causa uma energia diferente em meu corpo, é
Dayse se aproxima e caminha ao nosso redor. Ela está nos analisando, então
coloca sua mão sobre as costas de Dakota.
Preciso me conter para não rir. Não precisamos fingir química, pelo
contrário precisamos fingir não existir nada entre nós.
Dakota volta a ficar ereta e afasta suas mãos dos meus braços,
instantaneamente sinto falta do seu toque. Não perco tempo e levo minhas
mãos até seus braços.
Sorrio debochado.
Ela revira seus olhos e me curvo para frente. Eu tento ao máximo não
pressionar seu braço, porém para manter meu equilíbrio, preciso me apoiar
nela. Parece que dura uma eternidade até que Dayse grita que podemos
interromper o exercício.
Ergo-me e antes de me afastar de Dakota, passo minha mão pela sua pele
que está um pouco vermelha.
— Desculpe.
Ela dá de ombros.
Assentimos.
Engulo em seco, estendo meu braço e ofereço minha mão esquerda para
Dakota, então ela coloca seus dedos sobre os meus. A música continua
tocando enquanto coloco sua mão esquerda em meu ombro direito e por fim
deixo minha mão direita abaixo da sua escápula direita. Mais uma vez, é
como se existisse uma corrente elétrica transitando entre nós.
Seu olhar está preso ao meu, nossas respirações estão alteradas e seguindo a
música, dou um passo em frente com meu pé esquerdo, Dakota dá um passo
para trás com seu pé direito, depois ambos vamos para o lado e em seguida
juntamos nossos pés, ficamos fazendo esse ciclo da valsa simples.
Os olhos de Dakota estão brilhando e morde seu lábio para não rir.
— Talvez deva lhe avisar que um dos meus muitos defeitos é a insolência,
senhor.
Não soo tanto irônico como deveria, porque não consigo me concentrar o
suficiente.
Encaramo-nos por alguns segundos até que Dakota dá um passo para trás,
vira-se, pula do palco e caminha na direção da porta. Eu a observo se
afastar com uma sensação estranha em meu peito. Uma parte da minha
mente está contabilizando quantas horas falta para nosso ensaio.
Totalmente insano.
Antes que eu surte ainda mais, pego minha mochila, coloco-a em meu
ombro e deixo o auditório. Eu vou para casa, é hora do almoço e para minha
sorte, Dylan está preparando o almoço. Almoço com meu amigo e em
seguida sigo para o estádio.
Dou de ombros.
— Tenho um compromisso.
Fecho a porta, logo após entrar e ela ergue seus olhos ao ouvir o barulho.
Caminho na sua direção, subo no palco e ao me aproximar, me dou conta de
que está lendo um livro.
— Demorei?
— Não muito.
Ela assente e nos encaramos, como se estivesse um abismo entre nós, mas
ao mesmo tempo quiséssemos atravessá-lo.
— Vamos começar.
— O que é isso?
— Ótimo.
Ao voltar a olhar para Dakota, encontro seus olhos e há um brilho neles que
denuncia que gostou da minha escolha.
— Acertei na escolha?
Não preciso da sua resposta para saber que sim, porque a sua expressão a
entrega.
Minto, porque escutei toda uma playlist e escolhi essa pela letra. Estendo
minha mão em sua direção, ela coloca seus dedos sobre os meus e a puxo
em minha direção.
— Essa música faz parte da trilha sonora de uma série baseada em um dos
meus livros favoritos.
— Bridgerton.
— Irei assistir, afinal tenho que convencer as pessoas que sou um duque. —
Dakota ri e faço com que ela rodopie ao redor
Seu olhar segue no meu e mesmo quando faço com que rodopie assim que
volta a sua posição, voltamos a nos olhar.
“Porque garotas como você ficam com caras como eu Até o Sol se pôr,
quando eu chegar
E assim que chega ao fim, paramos e entreolhamos sem saber o que fazer
ou como agir. São segundos assim, talvez minutos até que Dakota se
desvencilha e dá um passo para trás.
— Acho que por hoje está ótimo. — Assinto, mal ensaiamos, mas não
podemos continuar, não quando minha mente é uma confusão. — Eu vou
indo.
Parte de mim quer ir atrás dela, a outra está me alertando que não
deveríamos seguir por esse caminho.
Lembranças do meu passado voltam para minha mente, porém elas não
permanecem por muito tempo, porque são substituídas pelo rosto de Dakota
enquanto dançávamos.
Ainda pensando em Dakota, pego minha mochila e saio do auditório. Vou
para o meu carro, dirijo para casa e assim que
Dakota
Passar o fim de semana estudando para uma prova não deveria ser um
problema, porém é, porque não consigo me concentrar por estar pensando
em coisas que não deveria, melhor em alguém que não deveria.
O ensaio de quinta-feira não sai da minha cabeça, o que aconteceu? Por que
parecíamos tão à vontade um com o outro?
O fato é que desde a aula de manhã de quinta, eu não conseguia mais olhar
para Josh com desprezo e tudo por culpa
Deve ser essa maldita peça totalmente romântica que está me fazendo
acreditar que há um motivo pelas vezes que ele foi um idiota e me afastou.
Talvez ele realmente queira ser meu amigo, mas eu quero ser sua amiga?
Meu cérebro acusa que não posso ser amiga dele, porque em algum
momento irei me iludir.
Assim que estaciono meu carro, olho em frente e respiro fundo algumas
vezes tentando encontrar o controle da minha mente. Não preciso surtar.
Josh e eu podemos ter um relacionamento amigável, apenas amigos. Não
vou me apaixonar
e ele não irá quebrar meu coração, existe vários motivos que comprovam
essa tese.
Terceiro:...
O que eu faço? Volto a ser hostil? Abandono essa maldita peça? Finjo que
ele não existe? Mando ele se manter longe de mim? Peço para ele voltar a
ser um idiota?
Nada irá acontecer, sou uma adulta e posso muito bem ser amiga de um cara
sem esperar da nossa relação algo amoroso.
Minha consciência acusa que estou mentindo para mim mesmo, porém a
ignoro, assim como o alarme que dispara em minha mente.
Como sempre sou a última a chegar e assim que fecho a porta, sinto seus
olhos sobre mim e meu coração bate acelerado, vamos lá, você faz parte de
mim, não pode ser assim tão traiçoeiro.
Merda! Sou obrigada a procurar por ele , Josh está à direita da professora e
seu olhar está sobre mim. Caminho até ele com minha respiração alterada e
com meus batimentos totalmente irregulares.
Olho para ele e ele está sorrindo, sorrio de volta e só voltamos a olhar em
frente quando Dayse inicia a aula. Ela explica que hoje começaremos a
ensaiar a peça desde o início e que ela irá nos corrigir e ensaiar as técnicas
conforme avançamos. Por fim, pergunta se temos dúvidas, ninguém levanta
a mão, então ela chama os participantes do primeiro ato para o centro do
círculo.
Dayse nos rodeia e nos ensina como devemos nos portar, principalmente
porque a mulher tinha uma postura padrão e trejeitos específicos a seguir.
ato 2 é o duque chegando no baile e mães dispostas a casarem sua filha com
o melhor partido da temporada e é encerrado quando ele deixa o salão.
Ao se virar e ficar de frente para o duque, o encara com raiva, além disso,
ignora o fato de ser um homem a sua frente por estar farta de tudo ao seu
redor, principalmente por estar sendo questionada pelo pedido de
casamento negado.
— O que a senhorita está fazendo aqui? — Josh franze sua testa, conforme
está estipulado no roteiro para fazer, e nós
dois nos seguramos para não rir. — A senhorita é a moça que recusou o
pedido de casamento de Avebury.
Pobre Emma.
— Esse fato não vem ao caso, o senhor não deveria estar aqui.
— É por que não deveria estar aqui? Se bem sei, a senhorita não é a dona da
residência.
Continuamos encenando a discussão dos dois e mais de uma vez,
precisamos morder nossos lábios para não rir. Josh e eu nos encaramos
como se estivéssemos compartilhando um segredo, seus olhos brilham
assim como os meus.
Sorrio.
Ele assente e continuamos nos olhando. Droga, uma parte minha não quer ir
embora, uma outra não sabe o que fazer, ou o que falar, e por fim, algo em
minha mente sussurra apenas para reagir.
— Tchau, Josh.
Sorrio e desvio meus olhos dos seus. Eu estou tremendo quando me abaixo
para pegar minha mochila e assim que fico em pé, olho para Josh uma
última vez e caminho para longe. Desço o
Sinto seu olhar sobre mim enquanto vou até a porta e me controlo para não
olhar para trás. Assim que saio do auditório e piso no corredor, é como se
pudesse respirar normalmente.
Ele me faz gostar de estar com ele, só que sinto a necessidade de refrear
nossas interações, de me proteger.
Entro em meu carro, jogo minha mochila ao banco ao lado e respiro fundo.
Talvez só esteja sendo surtada, talvez esteja agindo como uma louca, eu
realmente estou parecendo uma maluca.
— Perdido em pensamento?
— Hey, querida.
Sorrio de volta.
— Bem e você? — Ele estreita seus olhos, me analisa e não espera pela
minha resposta. — Você parece atordoada.
Sorri debochado.
— E o idiota?
Droga!
— Sim, é ele.
Apesar de negar, meu coração bate acelerado. Não posso estar apaixonada.
Para minha sorte, somos interrompidos por uma funcionária que vem nos
chamar para o almoço. Nós vamos para o refeitório e nos sentamos com
outros senhores e senhoras.
Minha tarde, é uma tarde normal de terça-feira, com duas aulas e a única
diferença é que sigo para o auditório para encontrar Josh ao fim da tarde.
Durante o dia, consegui deixar Josh em segundo plano, ele ainda esteve em
minha mente, mas não a todo instante, não a ponto de me deixar
desnorteada, porém agora a ansiedade está de volta, porque estamos prestes
a nos encontrar mais uma vez.
lendo Uma dama fora dos padrões da Julia Quinn, sento-me no chão e apoio
minhas costas na parede.
Abro na página em que parei e tento ler o primeiro parágrafo, porém não
consigo entender nada do que estou lendo, porque tudo que consigo pensar
é em como será quando nos encontrarmos. Será como antes com desprezo?
Será embaraçoso? Ou agiremos como dois amigos?
Fecho meu livro e ele caminha na minha direção. Ele está vestindo uma
calça jeans, camiseta preta, par de tênis e seu cabelo está molhado o que
significa que recém tomou banho e assim como na semana passada, sinto o
perfume do seu sabonete. Vai ser uma tortura, para minha sorte, não iremos
ensaiar a dança do baile, eu espero pelo menos.
— Hey, princesa.
— Hey, Josh.
Assinto. — Ok.
Foco, Dakota!
Josh fica vermelho e passa sua mão pelos fios do seu cabelo.
Essa não parece ser a verdadeira razão, mas apenas dou de ombros.
— Tenho certeza que se ler mais oito vezes você irá decorar todos os
diálogos.
Josh não pronuncia nenhuma palavra, seu pomo de adão desce e sobe em
sua garganta. Expectativa percorre pelo meu corpo e anseio por sentir suas
mãos em mim.
Dou um pulo para trás, meu coração salta em meu peito e demoro alguns
segundos para me dar conta de que é Dayse.
Olho para o lado e ela está em frente ao palco nos encarando com os olhos
brilhando.
Olho para ele e seu peito está subindo e descendo em um ritmo acelerado.
— Claro.
— Repitam o ensaio.
Olho para Josh, ele suspira e dá de ombros. Repetimos a cena, mas dessa
vez, é mais difícil, não porque temos alguém nos assistindo, mas porque a
tensão entre nós é insuportável.
Assinto e seguimos juntos, ele me acompanha até meu carro, então para e
me observa caminhar até a porta.
— Tchau, Josh.
— Tchau, Dakota.
Josh
Porra!
Caralho, eu usei o fato de ensaiar para o teatro como desculpa para não ir
com Aiden em uma festa na sexta-feira, não era dia de ensaiar e menti, na
verdade, fiquei lendo o maldito roteiro.
Por que meu coração não acelera mais ao pensar nessas coisas como
acelerava há algum tempo? O que mudou?
Faz muito tempo que não converso com meu psicólogo, talvez deva marcar
uma consulta.
Entro no auditório, Dayse sorri e acena na minha direção, ela com certeza é
a professora mais animada que eu conheci.
Ela está empolgada e aposto que deve ser pelo que presenciou o nosso
ensaio particular na terça. Mal sabe ela que não estávamos encenando, se
bem que não sei se realmente é algo negativo.
Dayse e ela trocam algumas palavras, ela sobe no palco e finalmente, seu
olhar encontra o meu. Abro espaço para que ela ocupe o lugar ao meu lado,
o garoto que está à minha direita entende a minha intenção e dá um passo
para outro lado.
Nós temos uma diferença de alguns centímetros de altura e quando ela olha
para cima, meu nariz quase toca com o seu.
Pisco em sua direção e ela cora. É com ela que gosto de ser um cafajeste, de
flertar e de ser o bad boy debochado.
— Vamos começar?
Dayse chama nossa atenção e olhamos em frente. Ela explica que hoje
focaremos nos gestos daquela época, na maneira como eles se portavam, e
vamos aprender a dançar.
Ela é bem poética. Por fim, se vira para nós e nos encara com seus olhos
azuis brilhando de empolgação.
— Alguém tem alguma sugestão de música?
Pego meu celular para responder à pergunta de Dayse, eu coloco para tocar
a música que Dakota e eu usamos para ensaiar.
Sorrio satisfeito e Dayse pede para que eu conecte meu celular no aparelho
de som, além de colocar a música em loop.
Faço o que ela pede e ela nos junta em pares, é claro que Dakota e eu
ficamos juntos.
Dayse dança com seu aluno e mande que dancemos, os imitando. Enquanto
ela dança, dita o que devemos fazer, Dakota e eu não temos dificuldade em
seguirmos seus comandos. A dança não é muito diferente da valsa
convencional e nos adaptamos bem. Somos ótimos dançarinos, pelo menos
somos ótimos em alguma coisa no teatro.
— Sério?
Assente, não sei o porquê, mas essa informação é extremamente
surpreendente.
— Uau.
— Claro, uma pessoa esperta sempre utiliza a frase dita por uma pessoa
contra ela mesmo.
Dakota rodopia enquanto seguro sua mão e quando voltamos a nos encarar,
ela continua sorrindo.
Ela abre a boca para dizer algo, porém somos interrompidos por Dayse, ela
não está mais dançando e caminha ao nosso redor.
Bate palmas, mordo meu lábio inferior para não rir e Dakota faz o mesmo.
Assim que a professora se afasta, Dakota sussurra.
Assim que encerra a aula, o pessoal começa a juntar suas coisas, eu faço o
mesmo e pego minha mochila, Dakota também, porém antes que possamos
descer do palco, Dayse se vira na nossa direção.
— Ok, professora.
— Tchau, Josh.
Antes que ela fique de costas para mim, seguro seu pulso, ela me encara
sem entender. Curvo meu corpo para frente e beijo seu rosto.
— Tchau, Dakota.
Sua voz é grossa, formal e determinada, mesmo meu pai conversando com
a família parece um político. A única coisa que ele sabe ser na vida é um
político.
Há muito tempo aprendi que John não sabe ser um pai, aliás ele não sabe
ser nada além de um político.
Respiro fundo, porque esse é o momento que eu terei que ajudar Tessa.
— Porque eu quero que ela vá para New York fazer algum curso rápido de
moda. Tessa tem um futuro brilhante e não precisa perder o tempo em uma
universidade.
Futuro brilhante ele diz casando-se com algum político e sendo uma esposa
troféu igual a minha madrasta.
Faço uma careta, ele não está preocupado com minha irmã, é claro que ele
quer dizer a todos que sua filha estuda na melhor escola de moda do país.
Fico em silêncio alguns segundos, tentando pensar em algo, e um
argumento surge em minha mente, que com certeza pode fazer John mudar
de ideia.
— Ela estudar aqui pode te ajudar a se tornar senador, afinal isso seria
ótimo na sua candidatura, inclusive poderia ajudar a conquistar mais
eleitores e utilizar na sua campanha eleitoral.
Sei que fiz um ponto quando ele demora alguns segundos para responder.
Desdém em sua voz é nítido. Como esse cara e eu temos o mesmo DNA?
— Desde que se comporte, se Tessa sujar meu nome, ela entra em um avião
e embarca para Nova York.
Eu sei que ele encontraria os meios de obrigá-la a fazer o que ele quer. Não
tenho dúvidas.
— Ok.
— Até mais.
Encerra a ligação, abaixo o aparelho e envio uma mensagem para Tessa
dizendo que precisamos conversar. Sei que ela não ficará feliz em desistir
de engenharia, porém às vezes temos que perder uma batalha para ganhar
um guerra.
Dirijo para casa, almoço com Dylan, Ethan e Abby, mesmo não sendo mais
a babá de Ethan, os dois passam muito tempo juntos, meu amigo está
apaixonado. Há um tempo o julgaria e o aconselharia a se afastar de Abby,
porém algumas coisas mudaram. Eu mudei.
Eu vou para o vestiário, tomo banho, visto minha roupa e vou para o carro
ainda com raiva de mim mesmo. O que me tranquiliza é saber que estou
indo me encontrar com Dakota.
Uma gargalhada escapa dos seus lábios e continuo a observando, ela é linda
rindo. Quando consegue para de sorrir, ela me encara e faz um gesto de não
com a mão.
Eu vou até o aparelho de som, conecto meu celular e coloco a nossa música,
então volto e estendo minha mão para Dakota. Assim que seus dedos estão
sobre os meus, nos posicionamos corretamente e começamos a dançar.
— Não é tão ruim quanto imaginei que seria, meu episódio preferido é o
sexto. — Dakota cora, porque sabe que estou falando do episódio por causa
das cenas de sexo. — Mas a segunda temporada é horrível.
É quando a música está iniciando pela quarta vez que decidimos nos
concentrar e treinar os diálogos, como estamos com as mãos ocupadas,
somos obrigados a não utilizar o roteiro e quando esquecemos alguma
palavra, improvisamos.
Ela me provoca, porém algo me chama atenção em sua frase. Volto a minha
posição normal e a encaro curioso.
— A verdade.
Confirmo e vou até ela, sento-me ao seu lado e espero pela sua resposta.
— Por quê?
Ela balança suas pernas que estão suspensas no palco e olha em frente, eu
continuo a encarando, mesmo que não possa ver seu rosto.
Como pode existir tantas coisas não ditas em uma única troca de olhar?
— Por ter sido um idiota com você, por todas as vezes que a magoei.
— Sabe o que mais doeu? Nunca acreditei que aquela noite fosse significar
algo e você me acusou de algo que meu ex também tinha me acusado
quando ele terminou comigo, me criticou por ser romântica e enxergar
romance em tudo.
— Aquela noite significou algo, Dakota e foi por isso que fui um idiota com
você. Não é uma justificativa, mas é um fato. Eu não soube lidar com tudo
que tinha significado.
Nenhum de nós fala nada, Dakota não faz mais perguntas, gostaria de que
ela fizesse, porque poderia falar tudo, se ela quisesse, eu faria um resumo
da minha vida nesse exato momento.
O silêncio é esmagador, a tensão entre nós poderia ser cortada por uma faca.
Abaixo meu olhar e encaro sua mão e meus dedos sobre sua pele, então
Dakota gira sua mão, deixando a palma para cima.
— Amigos?
— Obrigado, Dakota.
Ela abre sua boca, mas suas palavras morrem quando curvo meu corpo para
frente e aproximo minha boca do seu rosto.
Por alguns segundos, olho em seus olhos e por fim, beijo sua bochecha.
Meus lábios se demoram em sua pele. Seu perfume me cercando e o calor
do corpo é uma tentação, um convite para mais, mas me afasto.
Ela claramente não entende e talvez não seja o momento de entender. Antes
que ela faça perguntas, eu fico em pé e estendo minha mão.
— Vamos?
— Vamos.
O que ele quis dizer com isso? Eu não faço a mínima ideia, por mais que
tente entendê-lo, simplesmente não consigo. Dirijo para casa com o coração
acelerado, com uma sensação de êxtase vibrando em meu peito e uma
quantidade expressiva de perguntas em minha mente.
Como assim aquela noite significou algo para ele? Por que Josh agiu como
um idiota? Tenho certeza de que não foi em vão.
O que fez com ele mudasse? Por que ele não está mais agindo como um
idiota? Por que ele não está mais me afastando?
Eu queria ter feito essas perguntas para ele, porém não estou pronta para
saber suas respostas, não sem que a Dakota romântica que existe em mim
tome conta da situação.
Minha consciência zomba dizendo que não tenho mais como agir com a
razão com Josh, porque meu coração está no controle, mesmo eu dizendo
que não.
Deixo meu carro no estacionamento que fica no outro lado da rua, já que
nosso prédio não possui garagem e sigo para o apartamento que divido com
as meninas. Abby e eu compartilhávamos um quarto no início da faculdade,
só depois de um tempo que conseguimos um ótimo apartamento no campus
para três pessoas, daí escolhemos Brooke a partir de um formulário e foi a
escolha perfeita.
Abro a porta e me deparo com minhas amigas sentadas no sofá, a luz está
deligada e há um balde de pipocas entre elas.
— Principalmente você, não é!? Aposto que seu quarterback está chorando
por você não estar com ele.
Não conversamos sobre os garotos, o que é ótimo, porque não quero falar
sobre Josh. Eu consigo me distrair e esquecer a nossa conversa, porém
assim que me deito para dormir, depois de um banho, volto a pensar sobre o
pitcher.
Diferente das outras vezes, eu torço para que Josh esteja em casa.
E para minha sorte, ele está, assim que entramos na cozinha para encontrar
Ethan, deparamo-nos com Josh também.
É divertido estar com minha amiga, com Ethan e Josh, nós conversamos
sobre a festa de Halloween na próxima semana.
Eles nos perguntam da peça de teatro, nós nos olhamos e somente dizemos
que tudo está bem. Não prolongamos o assunto e mudamos o foco para
Ethan, perguntando se ele está preparado para o jogo no sábado.
Ele apenas encosta em meu rosto, mas é o suficiente para meu coração
reagir batendo mais rápido.
Abby e eu vamos para o seu carro depois de nos despedirmos dos meninos
na varanda.
Ela comenta assim que liga o carro e dou de ombros como se não fosse
nada demais.
— Eu sei... eu sei.
...
Nós não nos falamos no domingo, nem na segunda e apesar de seguir minha
vida como sempre, é como se algo tivesse mudado, é em Josh que penso
quando vou dormir e ao acordar.
E ao entrar no auditório, meu olhar procura pelo seu, ele está lá no palco ao
lado de Dayse e ele está me encarando. A professora fala comigo, respondo
no automático e continuo olhando para Josh.
Conforme me aproximo, seu rosto, seus traços e suas expressões ficam mais
nítidos. Ele está me encarando como se estivesse ansioso para ver e isso me
anima.
Subo no palco e vou até ele, ocupo o lugar ao seu lado e ele se inclina até
sua boca estar próxima a minha orelha.
— Hey, Dakota.
— Hey, Josh.
Não tento mais fingir que ele não existe, não faço uma lista mental dos
motivos por quais devo continuar o desprezando.
Ele se afasta, mas apenas alguns centímetros, ainda sou capaz de sentir o
calor e energia do seu corpo.
— Bem e você?
Ele apenas assente, porque Dayse começa a falar. Nós dois olhamos em
frente e prestamos atenção na professora.
Dessa vez, não ficamos em um círculo. Dayse pede para que apenas quem
esteja no primeiro ato fique no palco, o resto deve ocupar as poltronas.
Assim nós fizemos e iniciamos o ensaio.
Por fim, todos nós nos sentamos nas poltronas e Dayse fica sozinha no
palco, porque ela tem um comunicado.
— Eu tenho uma ótima notícia. — Como sempre soa animada. — Irá rolar
um beijo.
Ela está olhando para Josh e eu, o que só pode significar que o beijo será
entre nós.
— Um beijo?
Faço uma careta, não porque não quero beijar Josh, só que já é difícil tirar
ele da minha cabeça sem beijo, com beijo irá tornar minha vida ainda mais
difícil.
Eu pego minha bolsa sem olhar para Josh que está ao meu lado e é somente
quando fico em pé que o encaro. Ele está em pé assim como eu e segura
alça da mochila que está em seu ombro.
Seus olhos percorrem meu rosto como se estivesse procurando por algo. É
óbvio que nenhum de nós está confortável com o fato de termos que nos
beijar.
— É, um beijo.
Concordo e sinto meu rosto ficando vermelho. Droga, péssima hora para
corar. Josh passa sua mão livre por seu cabelo indicando que está
desconfortável com algo.
— Podemos cancelar o ensaio hoje? Eu tenho uma reunião com meu
treinador após o treino.
— Claro.
Ele fica de lado para que eu possa passar e assim eu faço, meu braço
esbarra em seu peito e a faísca que sempre desperta quando estamos muito
próximo acende em meu corpo.
Não preciso ler mentes para saber que ele está falando da nossa atuação.
— Engraçadinha.
— Mas você tem razão, estamos bem melhor, eu inclusive estou gaguejando
menos e isso é culpa sua, porque me passa tranquilidade.
— Obrigada.
Com a pergunta ecoando em minha mente, dirijo para Sweet Home. Para
minha sorte, Phillip não me faz perguntas sobre Josh e conversamos sobre a
nossa fofoca, Matilde, uma das novas morados do lar está apaixonada por
Phillip, embora ele negue, sinto que também está gostando da senhora.
Após almoçar no lar, sigo novamente para o campus, assisto minhas aulas e
no fim do dia, enquanto estou dirigindo para casa, ligo para minha mãe.
Estou precisando ouvir sua voz, sentir o conforto da sua voz. Ela não
demora a me atender.
— Hey, querida.
Minha mãe tem a voz tão gentil e doce, ela causa uma paz a qualquer um
que a escuta.
— Bem e você?
Mordo meu lábio inferior enquanto uma imagem do meu pai todo sujo de
terra surge em minha mente.
— Seu pai e eu somos casados há trinta anos e desde o nosso primeiro ano
de casado, ele está tentando plantar rosas.
Apesar do comentário, é possível notar o carinho nas palavras da minha
mãe. Ela e meu pai são um casal repleto de carinho e cumplicidade. Eles
são tudo que almejo ter na vida.
— Dirigindo para casa e antes que pergunte, estou com o celular conectado
no carro.
Ela ri.
— Ótimo e o teatro?
— Não?
— Não.
Nego rápido demais e minha mãe suspira, dessa vez não é dramático.
— É complicado.
Confesso algo para minha mãe que tenho evitado confessar a mim mesma.
— Eu vi Ryan essa semana, acho que ele veio visitar a irmã e o novo
sobrinho, ele me perguntou de você.
Sei que esse é o ponto que ela queria me mostrar assim que as palavras
deixam minha boca.
— Exato e um verdadeiro idiota, então não deixe que ele dita a sua vida.
O treinador mandou que eu desistisse, mas não posso desistir. Não agora. Se
eu não for o duque, outra pessoa será, outra pessoa irá beijar Dakota. Sem
chance.
Eu chego em casa após reunião, ignoro meus amigos que estão na sala,
jogando videogame e corro para meu quarto.
Como ela não me responde e provavelmente não irá responder por conta do
horário, levanto-me e bem mais humorado, saio do meu quarto e me junto
aos caras que continuam jogando videogame.
Após o tempo com meus amigos, subo novamente para meu quarto, eu ligo
para Tessa e conversamos sobre ela vir para Tuscaloosa, ela não está muito
feliz com ter de cursar moda, porém irá aceitar, pelo menos por enquanto.
chateado com isso, porque sei que se eles souberem o que realmente está
acontecendo, nunca mais terei paz.
Além de que Ethan e Aiden sabem do meu passado, eles entenderiam no
mesmo momento a intensidade do que eu sinto por Dakota. Eles acabariam
jogando na minha cara algo que ainda não consigo admitir nem a mim
mesmo.
...
Minha primeira aula demora horrores para passar, eu olho para o meu
celular para conferir o horário a todo instante e os minutos não passam. Mal
presto a atenção no que o professor está dizendo e assim que encerra a aula,
pego minha mochila e deixo a sala.
Dakota não se afasta e não me ignora. Ela somente cora e faz uma piadinha
sobre o fato de Dayse estar usando preto, nós dois rimos e olhamos em
frente quando a professora chama nossa atenção. É tão satisfatório ter esse
tipo de relacionamento com ela.
Nós rimos durante toda aula, inclusive quando estamos encenando. Nós
temos um tipo de parceria que não existia há algumas semanas, porém, o
tempo que compartilhamos não é o suficiente.
Apesar de estar exausto, sigo feliz para o prédio de artes cênicas após um
banho rápido. Quando foi a última vez que estive assim? Porque estou feliz,
feliz de verdade.
Dakota está sentada no palco, com as pernas dobrados abaixo do seu corpo
e lendo seu livro, essa é a forma como ela sempre me espera.
— Acho que preferia quando você estava sendo uma dama fora dos
padrões.
— Só para sua informação, essa é uma série que conta sobre alguns
parentes dos Bridgertons.
Ela dá um passo para trás e caminha de um lado para o outro pelo palco.
— O melhor romance.
— Há controvérsias.
Discutimos sobre o livro até que ela me lembra de que precisamos ensaiar.
Nós ensaiamos a peça completamente e como já estou exausto do treino ao
fim, estou morto. É como se um caminhão tivesse passado por cima de
mim.
Viro-me para ela e encontro seu olhar debochado. Empurro levemente seu
ombro com o meu, o que faz com que ela derrame um pouco de água e nós
dois começamos a rir.
Nossas risadas cessam, ela apoia sua cabeça contra a parede, eu faço o
mesmo e continuamos nos encarando. Seus olhos estão brilhando e tudo
que vejo neles me faz ter certeza de que nunca poderemos ser só amigos.
Não sei ser só seu amigo, não sei nem como agir como amigo de Dakota,
parece estranho, parece que falta algo.
É difícil de admitir, mas estou apaixonado. Tentei evitar, fugir de tudo que é
forma, mas não consegui.
— Por quê?
Eu demoro a responder, porque não é tão simples. Nem sei se estou pronto
para essa conversa, mas não posso mais procrastinar, não consigo mais.
— Porque para entender o que aconteceu naquela noite há dois anos, você
precisa saber de tudo.
— Se for muito difícil para você, não precisa me contar, o que passou,
passou, Josh, não podemos mudar o passado.
— É claro que quando minha mãe descobriu que estava grávida, ela obrigou
meu pai a me assumir e como meu avô já era
político na época, eles fizeram tudo que ela pediu, e mais um pouco, porque
tinham uma reputação para preservar. — Faço uma pausa. — Meu avô
comprou uma casa para minha mãe, carro, minha pensão sempre foi
altíssima mesmo antes de eu nascer.
Conto a parte que eu sei, as partes da minha história que ouvi, porque nunca
ninguém fez questão de realmente contá-la.
— Eu nasci e fiquei com minha mãe, não sei se meus avôs me visitavam e
nem meu pai, é algo que nunca soube. Minhas lembranças da infância são a
partir de quatro anos, eu ficava os fins de semana com meu pai, que após a
faculdade, casou-se com a mãe da minha irmã e lá eu ficava com as babás,
assim como minha irmã que tinha dois anos.
— Meu pai nunca foi carinhoso, nem meus avôs e muito menos a minha
mãe, que nessa época já estava viciada em drogas e totalmente endividada
com agiotas, afinal também era viciada em jogos, meu pai já não pagava
minha pensão diretamente a ela, porque sabia que iria jogar tudo fora, então
pagava minha escola, abastecia a casa com comida e um fato
importante, ela já tinha perdido a casa e carro que meus avôs tinham dado a
ela.
As lembranças são dolorosas e encaro o teto para que lágrimas não desçam
pelo meu rosto.
— Ela tentou ir para a reabilitação mais duas vezes ao longo de todos esses
anos e em nenhuma das vezes ela realmente conseguiu ficar limpa. —
Dakota segura minha mão com a sua e olho para o lado. — Estou te
cansando?
Dou de ombros.
— Ele perguntava se queria ir morar com ele, mas negava, porque não
queria deixar minha mãe sozinha, a criança que eu fui acreditava que um
dia ela iria se libertar, além de que era eu a ajudar quando passava dos
limites, eu que segurava seu cabelo enquanto vomitava. — Faço uma
careta. — Minha infância foi assim, dias de semana com minha mãe viciada
e os fins de semana com meu pai que tinha por sua única preocupação
É claro que Dakota percebeu que meu pai não é um simples político.
— John Dawson.
— O Governador?
— O Governador.
Ela pisca.
— Quando eu tinha sete anos, Gavin e eu, um dia, encontramos uma garota
no parquinho, Laylah, ela era tímida, doce, parecia uma boneca, seu olhar
era triste e frágil, assim como nós, também era filha de pais viciados, e por
essa razão, nos tornamos amigos, principalmente ela e eu, ela me fazia rir,
me fazia esquecer dos meus problemas e de quem eu era. Minha mãe
costumava dizer que eu estava destinado ao fracassado, porque eu era seu
filho e eu acreditava nela, porém quando estava com Laylah, acreditava que
tudo seria diferente.
Volto a olhar em frente e Dakota segue com minha mão presa a sua.
As
lembranças
ecoam
em
minha
mente
Assinto.
— Eu jurei nunca mais abrir meu coração, não queria ser machucado e
aquela noite que compartilhamos fazia meses que isso tinha acontecido, era
tão recente e de repente, você estava ali me fazendo rir, despertando
sentimentos de esperança, eu me senti como me sentia com Laylah.
— Sim, eu fiz isso e fui um idiota, porque não queria sentir nada do que
estava sentindo. — Ergo minha mão e acaricio a lateral do seu rosto. —
Aquela noite significou muito, Dakota.
Ficamos assim por um tempo até minhas pernas ficarem dormentes, então
nos levantamos e deixamos o auditório. De mãos dadas, a acompanho até
seu carro e nos despedimos com um beijo no rosto.
Enquanto a observo entrar em seu carro, uma certeza passeia em meu peito.
Não posso esperar para beijar essa garota somente daqui a seis semanas e
em cima de um palco com várias pessoas nos assistindo. Precisa ser antes.
O mais breve possível.
Dakota
Olho para meu reflexo no espelho e respiro fundo, estou vestida como
Peach, a princesa de Mario Bros, ou uma versão da princesa, já que o
vestido rosa é curtíssimo e metade dos meus seios estão quase pulando do
decote.
Há uma coroa em meu cabelo e meus fios ruivos estão parte presos, parte
soltos. Minhas sardas estão cobertas por maquiagem, meus cílios estão mais
volumosos por conta do rímel e meus lábios vermelhos.
Não quero um eu te amo, mas quero a certeza de que não estou me iludindo,
de que não estou sendo a garota que espera
demais, que cria expectativas e histórias que nunca irão se tornar reais.
Meu coração quer acreditar que há um motivo especial para ele ter me
contado a sua história de vida, porém minha razão diz que Josh apenas
estava justificando o porquê agiu daquela forma há dois anos. Mas é que
aquele abraço não parecia um simples abraço, ele me puxou para seu colo,
ele deixou claro que aquela noite significou algo para ele.
— Estou indo.
Grito de volta, olho uma última vez para meu reflexo, respiro fundo e então
me viro, pego meu celular e deixo meu quarto.
— Estamos lindas.
Abro a porta e fico de lado para que Brooke possa passar por mim.
— Estou mesmo.
Ela ri e passa por mim, saindo do nosso apartamento, eu fecho a porta e vou
atrás dela. Nós seguimos para seu carro, assim que entramos em seu carro,
enquanto ajusta o seu banco, vira-se para mim e me encara com malícia.
Eu preciso morder meus lábios para não rir, é muito engraçado eles ainda
não terem percebido que não nos odiamos mais, além do mais já cometei
que nossa relação mudou, ou foi com Abby? O fato é que se a conversa foi
com Brooke, ela provavelmente esqueceu e irei me aproveitar disso.
— Sim. — Concordo, posso não ser uma ótima mentirosa, mas Brooke
acredita em mim. — E como está a sua amizade com Aiden?
Brooke ri, como se não fosse nada demais, porém é nítido que minha amiga
está apaixonada. É uma questão de tempo até os dois evoluírem de uma
amizade colorida para um namoro.
Quando Brooke estaciona em frente a casa dos meninos, olho para o luar e
suspiro, nunca vou me acostumar com universitários morando em uma
mansão, meu cérebro me lembra de que Josh é filho do governador. Minhas
pesquisas foram péssimas, porque isso eu não descobri e ontem assim que
cheguei em casa, joguei seu nome na barra de pesquisa, fotos com seu pai
foram as primeiras que apareceram. Se bem que a única pesquisa que fiz a
cerca do seu nome foi em redes sociais e não há nenhuma foto dele e do pai.
— Vamos?
lugar está todo decorado com abóboras assustadoras e logo que entramos,
nos deparamos com muitas teias de aranha.
— Eu também.
Nós sorrimos e vamos para sala que virou uma pista de dança apavorante,
Josh, Dylan, Ethan, Aiden e Abby estão em
Sinto Josh olhando em minha direção e minha vontade é de olhar para ele,
porém algo me impede, uma vontade imensa de provocá-lo, talvez seja o
clima da festa.
Não quero estar apaixonada, mas estou. Não quero mais uma vez me
machucar, porém algumas coisas são impossíveis.
Volto a encher meu copo com mais cerveja e antes de voltar para a sala,
apoio-me contra o balcão da pia, olho em frente e respiro fundo.
Bebo mais do álcool em meu copo. Eu queria ser como minhas amigas,
gostaria de não me apegar tão fácil, ser menos romântica e menos
esperançosa, só que não consigo. Há única vez que tentei ser assim,
terminei machucada de todas as maneiras.
Josh me deixa uma bagunça ao mesmo tempo que é fácil estar com ele, é
difícil quando me afasto, porque todas dúvidas e medos voltam a martelar
em minha mente.
caminhando em minha direção. A cada passo ele fica mais perto de mim e a
ansiedade em meu peito aumenta de intensidade.
Josh se apoia no balcão ao meu lado e mantém seus olhos fixos em meu
rosto.
— E se eu estiver?
em alerta. Seus olhos encontram os meus e a forma como ele me faz sentir é
inexplicável. A faísca, que só acende quando ele está por perto, queima e
faz cada parte de mim se contorcer por mais.
São segundos que duram uma eternidade. E quando sua mão toca minha
coxa é como receber água depois de caminhar por longos minutos no Sol. E
é só um toque.
Sorrio.
— Eu estou.
palavra. Nada mais importa nesse momento a não ser nós dois.
Josh ergue sua mão e acaricia a lateral do meu rosto, há tanto afeto, tanto
carinho e cuidado em seu gesto. Preciso me segurar para não fechar meus
olhos.
— Não quero que a próxima vez que eu te beije seja em um palco, não
quero que seja algo falso. — Sua mão deixa meu rosto, toca meu braço e
aproxima seu rosto do meu, seus lábios praticamente encostam a lateral da
minha boca. — Porque nunca é falso quando estou com você, Dakota.
Sua língua toca meu lábio e abro minha boca, permitindo sua exploração e
fazendo o mesmo com ele. Nosso beijo tem gosto de cerveja e desespero .
Não nos fazemos de rogado.
Falta fôlego e nos separamos, mas por poucos segundos, só nós olhamos e
voltamos a nos beijar. Josh morde meus lábios entre um beijo e outro. Ele
se posiciona entre minhas pernas e tem um dos seus braços apoiados na
parede.
Seus dedos que estão em minha coxa sobem, infiltram-se por baixo do
vestido e aperta minha bunda. Um gemido escapa entre meus lábios e Josh
se afasta, encara-me por alguns segundos e abaixa seu rosto para beijar meu
pescoço.
Inclino minha cabeça para trás e ele distribui beijo pela minha pele, todo
meu corpo está arrepiado e encolho o meu dedinho do pé em meu tênis.
Beija o topo dos meus seios descobertos pelo decote generoso e acaricio sua
cabeça incentivando o a continuar.
Ondas de excitação flutuam em meu corpo e fecho meus olhos.
— Droga, Josh.
Sinto o sorrir contra minha pele e sua mão deixa minha bunda, sobe pela
minha barriga e segura meu seio por cima do tecido do vestido. Minha
respiração se altera mais uma vez e outro gemido deixa minha boca. Minha
reação é o que Josh precisa para puxar o vestido para baixo e deixar meus
seios totalmente nus, eles estão rígidos, implorando por serem tocados e
para meu alívio e prazer, ele os ataca.
Qualquer um poderia nos pegar aqui, mas não importa, pelo contrário me
deixa mais excitada.
— Por muito tempo, eu sonhei com você, Dakota, sonhei com aquela noite.
— Ele ergue seu rosto e abro meus olhos. Ele está me encarando com uma
intensidade arrebatadora. — E tudo que eu queria era estar com você mais
uma vez.
Josh se afasta e ao abrir meus olhos, encontro seu olhar escuro, repleto de
desejo e luxúria. Ele continua me encarando enquanto afasta sua mão da
minha bunda e aproxima seus dedos da minha calcinha, minha respiração
falha e ofego quando coloca o tecido para o lado e seus dedos tocam meu
clitóris. Josh sorri malicioso, abaixa seu rosto e para com sua boca a
centímetros da minha orelha.
Contraio os músculos entre minhas pernas e Josh entra com seus dedos
dentro de mim, ele não é delicado, mas o gesto não me causa dor, pelo
contrário.
— Droga, Josh.
Minha voz soa alta, então retira seus dedos de dentro de mim e me encara.
— Eu poderia ter você contra essa parede, mas quero você na minha cama,
princesa.
Josh segura minha cintura, eu enrolo minhas pernas ao redor da sua cintura
e ele me leva para seu quarto. Coloca-me com cuidado sobre sua cama e
paira sobre mim. Nós nos
Parece que nunca será o suficiente, que sempre irei necessitar dos seus
beijos.
Ele só afasta sua boca para descer seus lábios pelo meu pescoço, minhas
mãos deslizam pelas suas costas até que ele fica em pé, em frente a cama.
Posso imaginar, porque sou uma bagunça. Meu vestido está todo torto pelo
meu corpo, meus seios para fora, meus lábios inchados pelo beijo e estou
corada. Não o respondo, apenas sorrio e o encaro.
Josh começa a tirar sua roupa, então sento-me na cama, tiro meus tênis,
jogo a tiara que tenho em meus cabelos para longe e empurro meu vestido
para baixo. Continuamos nos encarando a todo instante.
Apenas de calcinha faço um sinal para que Josh se aproxime, ele faz o que
peço. Ele está só de cueca e levo meus dedos até a borda da sua última peça
de roupa, seu abdômen malhado se contrai e sorrio satisfeita.
Enquanto ele perde o controle e segura os fios do meu cabelo com força, a
minha calcinha fica cada vez mais encharcada. Seus gemidos ficam mais
alto e de repente ele puxa minha cabeça para trás.
Meus olhos encontram os seus e ele me encara como se fosse a sua presa.
Não fala nada e me empurra para trás, eu vou, ainda me impulsiono para
mais cima da cama e abro minhas pernas, Josh paira sobre mim e seus
lábios encontram meu pescoço.
Pego a camisinha das suas mãos, rasgo a embalagem com meus dentes e
enquanto ele mantém os braços ao lado da minha cabeça, coloco o
preservativo.
Seus olhos estão presos aos meus e nós dois suspiramos quando o guio para
dentro de mim. No início não é tão confortável, mas depois de alguns
segundos estou acostumada com seu tamanho e mexo meu quadril na sua
direção, ele entende o que preciso e se movimenta.
Fecho meus olhos e nós dois gememos a cada estocada, Josh segura minha
coxa e passo minha perna ao redor da sua cintura, ele me toca em lugares
que fazem com que meu corpo se sinta como se estivesse prestes a entrar
em combustão.
Sua boca explora meu pescoço, minhas mãos seguram o lençol com força,
meus gemidos ecoam pelo quarto, meus quadris vão ao encontro do seu e
estabelecemos um ritmo, rápido, duro e sem delicadeza nenhuma.
Dakota
Um medo irracional de que tudo se repita ecoa em meu peito. Uma parte em
mim diz que estou sendo ridícula depois de tudo que compartilhamos na
noite passada, é impossível que ele me trate como aquela vez, porém não
consigo ficar tranquila. Se ele me rejeitar outra vez, eu irei quebrar
completamente, porque dessa vez, eu estou apaixonada.
Para minha sorte, Josh segue dormindo, tiro a sua camisa que coloquei após
o banho, visto a fantasia, faço um coque, vou ao banheiro e lavo meu rosto
e quando volto para o quarto, Josh segue com seus olhos fechados. Encaro-
o uma última vez e deixo seu quarto.
Para meu azar, abro a porta e me deparo com Ethan, ele parece totalmente
atordoado.
— Está tudo bem?
Assinto.
Só não sei se sou uma idiota por estar apaixonada, ou por ter transado com
Josh, ou por ter fugido. Não trocamos mais nenhuma palavra e sigo na
direção da escada enquanto ele entra em seu quarto.
Eu não posso ir embora, porque vim com Brooke e não vou embora de táxi
vestindo esse minivestido que está todo amassado, além do mais minha
aparência não é das melhores.
Sigo para a cozinha e preparo um café. Não paro de pensar na noite passada
e em Josh. Eu deveria ter ficado, será que volto para seu quarto e espero ele
acordar? Mas e se ele se arrepender? Não estou pronta para uma rejeição.
Não sei o que fazer, então faço meu café e me sento de frente para a
bancada. Meus pensamentos continuam uma bagunça, assim como meu
coração.
— Com Josh?
Eles negam.
— Vou preparar algo para comermos.
Assinto e meu coração acelera. E se Josh acordar antes disso? Pelo menos
estaremos com nossos amigos, ele não poderá ser um idiota na frente de
todos, não pelo menos o idiota que quebra meu coração em pedacinhos.
Meu Deus, quando eu fiquei tão dramática?
Meu coração dispara, eu tento olhar para ele, mas sem olhar em seus olhos.
Ele está me encarando e não é com desprezo. Suspiro aliviada, mesmo sem
entender o que exatamente isso significa.
Ele ergue suas sobrancelhas e dou de ombros. Talvez, ele não esteja
arrependido. Talvez possamos conversar mais tarde.
Nossa conversa não acontece, porque nossas próximas horas são caóticas.
Abby e Ethan sumiram e quando voltam para a casa, é para contar o que o
imbecil do pai da Abby aprontou.
— Claro.
Digo a mim mesma enquanto dirijo e as lágrimas descem pelo meu rosto.
Quero ter o direito de sentir hoje, de chorar, de talvez, ser uma idiota. Foda-
se.
Eu chego em casa com o rosto marcado pelas lágrimas, então tiro meus
tênis e me jogo no sofá, continuo chorando enquanto ligo a televisão e
coloco para assistir a série que comecei a assistir com Brooke no dia em
que soube que Josh e eu iriamos protagonizar uma peça de teatro, nesse dia
eu estava triste e com raiva e minha amiga topou assistir a uma série de
romance comigo para que eu pudesse me animar.
Quem será? E se for Josh? Será que existe a possibilidade de ser ele?
Passo os dedos embaixo dos meus olhos para limpar o vestígio de choro do
meu rosto e fico em pé. Caminho na direção da porta com meu coração aos
pulos em meu peito, são apenas alguns passos, porém parece que estou
percorrendo quilômetros.
Se não for ele, irei ficar decepcionada. Estar apaixonada é uma droga.
Fico de lado para que ele entre, ele dá um passo em frente, seu braço
esbarra com meu e prendo minha respiração. Um simples toque e a faísca
acende.
Ele entra e fecho a porta. Respiro fundo antes de me virar e quando faço,
Josh está parado no meio da minha sala, que agora diante do seu tamanho,
parece minúscula.
— Por que você fugiu, princesa? — A forma como ele diz princesa traz
mais lágrimas em meus olhos, ele percebe e dá um passo em frente. — O
que está acontecendo, Dakota?
Sua mão segura a minha, as lágrimas descem pelo meu rosto e ele me puxa
para seus braços. Eu choro com o rosto apoiado em seu peito, soluços
escapam dos meus lábios e ele apenas me segura.
Eu só precisava de um abraço.
Afasta-se e apoia sua testa na minha enquanto segura meu rosto com suas
mãos. Olho em seus olhos e digo a verdade.
— Que não seja real, que esteja apenas me iludindo, que mais uma vez
apenas esteja sentindo demais.
Acaricia a lateral do meu rosto e a intensidade com me encara me fornece
todas as certezas de que eu preciso.
— O que você precisa ouvir? Você precisa ouvir que eu estou apaixonado?
— Sorri. — Porque eu estou apaixonado por você, Dakota.
Meu coração dispara e suas palavras causam um frenesi em meu peito. Ele
está apaixonado por mim.
— Eu sempre soube que você seria alguém por quem me apaixonaria, desde
aquela noite e quando reencontrei você, apenas tive certeza. — Aproxima
seu rosto do meu e encosta seus lábios na lateral da minha boca. — Você
derrubou todas as barreiras que existiam ao redor do meu coração, você me
fez voltar a acreditar nas pessoas, você se tornou a minha esperança,
Dakota.
Meus olhos ainda seguem presos aos seus e entendo o que ele está querendo
dizer. Não há mais dúvidas, não há mais
Lentamente Josh acaba com o espaço que existe entre nós e sua boca cobre
a minha. É um beijo que inicia calmo e que ganha intensidade conforme os
segundos passam. Sua língua brinca e duela com a minha, nos perdemos
entre suspiros, mordidas e sorrisos.
Desce seus lábios pelo meu pescoço e inclino minha cabeça para o lado
facilitando o seu acesso à minha pele. Seus beijos me incendeiam, mexem
com meu corpo como ninguém mais fez, ele me reivindica de todas as
formas possíveis.
Josh desce suas mãos pelo meu corpo e as deixa em minha cintura. Não o
respondo, apenas viro-me, ficando com as costas contra seu peito e o guio
para meu quarto. Ele joga meu cabelo para o lado e segue explorando meu
pescoço com seus lábios.
Nós dois entramos em meu quarto e volto a ficar de frente para ele. Sua
boca encontra a minha mais uma vez e só nos
separamos para ele tirar minha blusa, em seguida tiro sua camisa e enquanto
abro o zíper da sua calça, ele libera meus seios.
Josh se abaixa para tirar minha calça e calcinha e beija a parte interna das
minhas coxas, respiro fundo e fecho meus olhos. Assim que estou
completamente nua, ele volta a ficar em pé e acaricia a lateral do meu rosto.
Josh continua em pé, ele me olha com tanta adoração e devoção, ele faz
com que eu me sinta única, especial. Seu olhar percorre meu corpo e sem
inibição, abro minhas pernas, levo minhas mãos até o meio das minhas
pernas e me toco.
Ele assisti, seus olhos escurecem e fecho meus olhos quando as sensações
em meu corpo se tornam demais. Continuo sentindo seu olhar sobre mim,
meus seios pesam, acelero o ritmo dos meus dedos e respiro fundo tentando
encontrar o que tanto
preciso. Ainda estou de olhos fechados quando Josh afasta minha mão.
— Caralho, Josh.
— Calma, princesa.
Ri e abro meus olhos, ele está completamente nu, curvado sobre parte do
meu corpo e com a boca próxima à minha coxa.
Dessa vez, sou eu a interromper nosso beijo. Afasto minha boca da sua,
espalmo minha mão sobre seu peito e o empurro para o lado. Ele não hesita
e cai ao meu lado, então monto sobre ele.
Meus seios encostam nele e esfrego meus quadris contra ele, nós dois
gememos. Josh sobe uma das suas mãos e enrola os fios do meu cabelo ao
redor dos seus dedos, enquanto com a outra mão aperta minha bunda.
Sussurra, então o beijo uma última vez e me sento sobre sua barriga,
procuro pela embalagem e encontro ao seus pés.
Mordo meu lábio inferior e me viro, ficando com minha bunda em frente ao
seu rosto. Ele passa sua língua por minhas dobras e respiro fundo, preciso
de todo meu autocontrole para pegar a embalagem e voltar à minha posição
inicial.
— Outra hora.
Entrego a embalagem para ele, sento-me sobre suas pernas e o assisto
desenrolar a camisinha sobre todo seu comprimento. Ele se toca de cima a
abaixo, então dobro minhas pernas, apoio meus joelhos na cama e pairo
sobre ele.
seu peito e cavalgo em Josh, subo e desce por todo seu comprimento, fecho
meus olhos e dito nosso ritmo. O prazer percorre pelas células do meu
corpo e me concentro em apenas obter a satisfação que tanto preciso.
Dessa vez, gozamos ao mesmo tempo e sou eu a ficar deitada sobre seu
corpo até que ele me afasta, Josh então descarta a camisinha e volta a me
trazer para perto. Apoio minha cabeça em seu peito e fecho meus olhos.
Sua mão desce e sobe pelas minhas costas e me sinto em casa em seus
braços como nunca me senti em outro lugar. Josh beija a lateral da minha
cabeça e me aconchego-me ainda mais contra ele.
Por mais que Dakota tenha deixado claro que está apaixonada por mim em
cada gesto e em cada toque seu, é um alívio ouvir suas palavras. Afasto
meus dedos das suas costas e passo meu braço ao redor da sua cintura e
aperto ainda mais seu corpo contra o meu. Beijo a lateral da sua cabeça
mais uma vez.
— Sorte a minha.
— Eu segui você.
Ela se senta sobre a cama, ao meu lado, com as pernas cruzadas abaixo do
seu corpo e me encara sem entender.
Dakota está nua a minha frente e é impossível não descer meus olhos pelo
seu corpo.
— Eu vi você saindo do estádio e como não sabia para onde estava indo, eu
te segui.
— Homens.
Dou de ombros.
Dakota fica de costas, caminha pelo seu quarto e para de frente para o mural
de fotos que tem pendurado na parede sobre seu mural de fotos. Eu deixo
sua cama, visto minha cueca e minha calça, aproximo-me dela e paro ao seu
lado.
Faço a pergunta que ecoa em minha mente desde que Abby o chamou de
idiota e disse que quebrou o seu nariz.
Ela suspira.
— Foi por isso que ficou com tanto medo de estar apaixonada por mim,
você estava com medo de ser algo unilateral.
— Sim, não queria ser rejeitada de novo. — Ela olha para o lado e me
encara. — Superei Ryan, o que sentia por ele e o que ele me fez passar,
porém eu me recordo da dor que ele me causou, pode parecer bobo, mas
doeu e eu passei uma semana chorando.
— Ela mentiu, aposto que estava apenas tentando colocar medo em você,
embora tenha certeza de que Abby seria capaz de quebrar o nariz de um
cara se precisasse.
— Estou decepcionado.
Ela assente.
— Fazia quatro semanas e estava tentando provar a mim mesma que era
diferente, não era a garota apaixonada e iludida descrita por Ryan.
— Sinto muito.
— De certo modo, sua reação me ajudou, porque entendi que não poderia
ser desapegada e que sexo casual realmente não era minha praia. — Ela
volta a em encarar. — Eu desisti de sexo casual e decidi focar em encontrar
alguém, durante um ano fui a encontros e tentei encontrar alguém para se
apaixonar.
Imaginá-la com outros caras não é algo saudável e tento não pensar em seus
encontros.
— Se você sempre esteve disposta a se apaixonar, por que você fugiu hoje
pela manhã?
O quarto está totalmente escuro e a única luz entra pela janela, mas é o
suficiente para conseguir enxergá-la. Dakota está relaxada apesar da nossa
conversa e o fato de estar apenas com minha camisa, de pés descalçados e
cabelos soltos a deixam com um aspecto ainda mais despojado . Olho para
ela e vejo uma deusa, a minha deusa.
— Não sei, talvez porque estou apaixonada por você e temos um passado.
— Dá de ombros. — Talvez teria sido assim com qualquer outra pessoa,
porque pensar em se apaixonar e se apaixonar são coisas totalmente
diferentes.
— Não, Josh.
Afasto-me da sua mesa de estudo, abaixo meu rosto e meus lábios ficam a
centímetros do seus.
— Se restar qualquer dúvida, eu farei de tudo para a acabar com ela, nem
que precise passar a vida toda dizendo que estou apaixonado por você.
— A vida toda?
— Sou intenso, querida, e não sei se te contei, mas também sempre gostei
de contos de fadas.
Minha boca cobre a sua e a levo de volta para cama, dessa vez sou eu no
comando e tento deixar claro em cada toque, em
Estar com Dakota é incrível, ela é receptiva, ela gosta do mesmo jeito que
eu e há uma paixão entre nós que deixa tudo ainda mais excitante.
— Precisamos de um banho.
— Isso é um convite?
Ela se afasta, apoia seu corpo em seu braço e seu cabelo cai sobre parte do
seu rosto
Ela ri, pega uma toalha que está pendura em um prego atrás da porta e sai
do seu quarto. Fico sozinho e olho ao redor do cômodo. Essa é a minha
chance de bisbilhotar suas coisas.
Volto a andar pelo quarto e minha próxima parada é o seu mural de fotos.
Deixo o livro sobre a mesa de estudos e observo as fotos.
Dakota tem fotos com Abby e Brooke, algumas ela e Abby são apenas
crianças, e há Dakota criança em algumas apresentações de dança, outros
fotos são com um casal, acredito serem seus pais, porém eles são
extremamente diferentes da Dakota.
A porta é aberta, mas sigo encarando as fotos à minha frente, sinto Dakota
se aproximando e ela para ao meu lado.
Ela assente.
Apoia a lateral do seu rosto em meu braço e segura sua mão com a minha.
Meus pais me adotaram quando tinha quatro anos, eles são incríveis e não
tenho lembranças de antes deles.
Seu tom de voz muda. — E foi a partir daí que criei um certo bloqueio com
apresentações.
compreenda, por mais que ame meus pais e não sinta necessidade de
encontrar meus pais biológicos, alguns vestígios estão aqui. Os machucados
não estão mais sangrando, mas ainda estão cicatrizando.
— Mas fizeram você ter medo de estar apaixonada por mim, fizeram você
fugir.
Pisca em minha direção, eu ergo minha mão e coloco alguns fios de seu
cabelo para trás da sua orelha.
— Você é incrível, sabia?
— Ok, ok.
Após o banho, enrolo a toalha ao redor da minha cintura, pego minha cueca
e volto para o seu quarto. Deparo-me com Dakota sentada em sua cama e
mexendo em seu celular.
Ela pega seu travesseiro e acerta o meu peito, o que faz com que apenas
sorria ainda mais.
Dá de ombros.
— Não quer?
Encara-me divertida.
— Quero ver quanto tempo eles demoram para descobrir que estamos
juntos.
— Então, vamos fingir que não estamos juntos e aguardar eles descobrirem
por conta própria?
Assente.
Concorda comigo, então a puxo na minha direção, Dakota não hesita e paira
sobre mim, com suas pernas dobradas e
apoiadas na cama ao lado do meu quadril. Ela está usando uma camisola
com um desenho das princesas da Disney, o que me permiti tocar suas
coxas.
— Acho que o problema não será nossos amigos, acho que o problema será
quanto tempo consigo fingir que não estou loucamente apaixonado por
você.
Dakota
Como Abby me falou que ela e Brooke ficaram na casa dos meninos, Josh
continua aqui, nós pedimos uma pizza, ele coloca sua roupa e vamos para a
sala. Eu ligo a televisão e escolho um programa qualquer para assistimos,
nos sentamos no sofá, eu estou apoiada sobre seu peito e seus dedos
brincam com os meus. É bom estar com ele, Josh é o carinho e a todo
momento ele me toca.
— Quando você se deu conta de que eu não era como sua ex?
Nós já conversamos sobre muitas coisas e ainda falta alguns assuntos para
abordarmos.
— Isso é um interrogatório?
— Sinto muito.
Ele ri.
— Realmente, não precisava, mas o importante é que agora não irei destruir
o coração de mais ninguém, só de quem ficar muito chateada por eu estar
namorando.
— E o interrogatório continua.
— Entendi.
— Josh, vá a merda.
É uma hora da manhã quando Josh suspira e encara-me com pesar. Ele está
ao meu lado com as costas apoiadas no sofá e braço apoiado em seu joelho.
Sorrio maliciosa.
— Melhor mesmo.
...
É difícil para caralho!
Primeiro, assim que Brooke e Abby retornam para casa no domingo, elas
me perguntam o que está acontecendo.
Segundo, converso com Josh por mensagem durante o dia todo, por sorte,
tínhamos o número um do outro por causa do grupo de mensagem do teatro
e mais de uma vez, minhas amigas me flagram sorrindo para o celular e me
provocam querendo saber com quem estou conversando, sou obrigada a
desconversar.
— Hey, Dakota.
— Hey, professora.
Aceno para ela e procuro por Josh, ele está sentado na primeira fileira e tem
o rosto virado na minha direção. Eu vou até
— Hey, princesa.
Inclina-se na minha direção e beija meu rosto. Eu me viro para ele e nossas
bocas quase se tocam.
— Hey, Josh.
Olho em seus olhos e meu coração acelera, anseio por seu toque e por algo
mais dele.
A voz de Dayse nos interrompe, então nós dois rimos e nos afastamos.
Olhamos em frente e encaramos nossa professora.
— Vocês dois podem subir aqui no palco, iremos começar pela cena de
Emma e o duque no dia do noivado.
Ao fim somos aplaudidos pela professora, ela está tão animada com a
nossa atuação. Dayse encerra a aula radiante, Josh e eu pegamos nossas
mochilas e um ao lado do outro deixamos o auditório. Nossas mãos se
esbarram quando andamos e sinto todo meu corpo se eletrizar com um
simples toque.
Paramos ao lado da porta um de frente para o outro e Josh apoia seu ombro
contra a parede.
Mordo meu lábio inferior, eu não contei para ele sobre o lar e pensar em
compartilhar essa informação com ele me deixa nervosa. É algo
extremamente pessoal e íntimo, somente meus pais e minhas amigas sabem
sobre.
— Em um lar de idosos.
— Como assim?
— Preciso conhecer seus amigos, mesmo que eles tenham mais de sessenta
anos.
Reviro meus olhos, mas estou sorrindo. Conforme vamos para o meu carro,
o nervosismo me abandona. Não há motivos para estar nervosa. Enquanto
dirijo até o lar, eu falo para Josh sobre o que ele irá encontrar no lar, sobre
as pessoas, inclusive sobre Phillip.
Nós chegamos, Josh faz um breve cadastro na recepção e vamos para área
de convivência. Nós caminhamos de mãos dadas e é assim que entramos no
cômodo, somos recebidos por olhares curiosos. Cumprimentamos alguns
moradores do lar e os apresento a Josh, eu o apresento como meu namorado
e isso me deixa contente.
Josh sorri e claro conquista a maioria das senhoras. Deixo Phillip por último
propositalmente. Ele está sentado em uma poltrona lendo um livro, aposto
que ele está fingindo o desinteresse. Josh e eu puxamos duas cadeiras e nos
sentamos
de frente para Phillip, ele olha para nós dois, suspira e deixa seu livro sobre
suas pernas.
Sorrio animada e ele apenas curva seus lábios em uma linha fina.
— Seria uma questão de tempo até você aparecer com ele aqui. — Dá de
ombros. — Eu falei que ele estava apaixonado por você.
Nós três rimos e Phillip nos faz explicar como assumimos que estamos
apaixonados, Josh e eu fazemos um resumo e omitimos certas partes.
Quando os funcionários avisam que o almoço está pronto, seguimos para o
refeitório e nos sentamos ao redor de uma mesa, continuamos conversando,
e logo Phillip e
— Eu preciso ir. — Olha em meus olhos, segura meu rosto entre suas mãos,
então morde meu lábio inferior e se afasta. —
Ele deixa meu carro, apoio minha cabeça contra o bando e suspiro. Quantas
horas falta até o nosso próximo encontro?
Eu vou para a aula, porém a única coisa que consigo pensar é quanto tempo
falta para nos vermos mais uma vez.
Estou tão ansiosa que passo boa parte do tempo batendo com minha caneta
sobre meu caderno e conferindo o horário em meu celular.
Ao fim da tarde, assim que minha aula termina, pego minhas coisas e
apressada sigo para o prédio de artes cênicas.
Ele ri e se aproxima.
Assim que está perto o suficiente, traz suas mãos até minha cintura e me
puxa em sua direção. Espalmo minhas mãos em seu peito e como
acontecesse toda vez que estamos juntos, cada célula em meu corpo
desperta e juro que o ar ao nosso redor muda. Esqueço-me completamente
sobre o que estávamos conversando.
— Você acha?
— Eu tenho certeza.
Sua boca cobre a minha, fecho meus olhos e levo minhas mãos até seu
pescoço. Ele desce suas mãos e toca minhas coxas. Nunca fui tão feliz por
ter escolhido vir de vestido para universidade.
Ele continua com seus lábios nos meus quando me impulsiona para cima e
enrolo minhas pernas ao redor da sua cintura. Josh me leva até a mesa que
há no canto no palco e me coloca sentada sobre ela, ele afasta sua boca da
minha e desce beijos pelo meu pescoço.
— Porra, Dakota.
Sigo de olhos fechados e levo minha mão livre até sua cabeça. Ele empurra
minha calcinha para o lado e seus dedos me encontram molhada.
Um de seus dedos brinca com meu clitóris e inclino meu corpo na sua
direção.
Choramingo.
Seus dedos entram em mim e um gemido escapa dos meus lábios. Josh me
fode com seus dedos, sua boca volta a cobrir a minha e ele sufoca os sons
que deixam minha boca enquanto gozo em seus dedos.
Josh
Eles estão insistindo nesse assunto outra vez para meu desespero. Esse
jantar foi uma péssima ideia.
Viro-me para Dylan e o encaro com uma vontade imensa de mandá-lo calar
a boca.
Dakota para meu alívio recusa o convite do meu amigo que segue rindo. Ele
não parece muito preocupado com sua negativa.
Aiden que está ao meu lado comenta. Realmente, não terei paz hoje. Eu
olho em frente, encaro Dakota e bebo minha cerveja.
Caralho, era para ser uma brincadeira com nossos amigos, não uma tortura
para mim.
Aiden me acusa e respiro fundo. Tudo bem, já entendi que estou pagando
todos meus pecados nessa noite.
Dakota pergunta curiosa. Olho na sua direção e dou de ombros. Foi antes
dela e ela sabe que eu estava tentando consertar o meu próprio coração.
Aiden bate em minhas costas e faço uma careta. Eu não posso nem me
defender, porque minha fama de cafajeste sempre foi algo que me
vangloriei.
Há um duplo sentido nas frases ditas por nós dois e é divertido saber que
somente nós dois sabemos exatamente o que está acontecendo. Ainda estou
a encarando quando Dylan fica em pé, dá a volta ao redor da ilha e se
aproxima de Dakota.
— Estou ótimo.
— Que bom.
Meu amigo pisca em minha direção e tudo que continuo pensando é que ele
continua abraçado a Dakota. Antes que eu cometa um assassinato, Dakota
se desvencilha de Dylan, que volta para seu lugar.
Estamos no corredor ao lado da sala, então me viro, seguro sua mão com a
minha e puxo para o banheiro. Assim que entramos, fecho a porta, ergo
minha mão e seguro seu rabo de cavalo.
Dakota sorri e seus olhos brilham maliciosos. Puxo seu cabelo para o lado e
ela inclina seu pescoço, então abaixo meu rosto e passo minha língua pela
sua pele.
Dakota suspira, dá um passo para trás e apoia sua bunda contra o balcão da
pia, então ergo meu rosto e minha boca encontra a sua. Beijo com furor e só
me afasto quando espalma suas mãos em meu peito.
Abro meus olhos e encontro os seus. Dakota me empurra até que eu tenho
as costas contra a parede, então se abaixa e fica de joelhos à minha frente.
— Só sua.
Repete enquanto abaixa minha calça e cueca.
— Caralho, princesa.
Ela mantém o olhar em meu rosto enquanto toca-me e aproxima sua boca
da minha ereção. Perco a noção de tudo quando me toma em sua boca,
esqueço que nossos amigos estão no jardim, que estamos no banheiro da
minha casa e que sequer fechei a porta.
Quando abro meus olhos, ela está à minha frente com o rosto vermelho e os
olhos brilhando.
— Não importa como, mas essa noite não termina aqui, Dakota.
Beija meus lábios e antes que possa aprofundar o beijo, dá um passo para
trás.
Dou de ombros.
— Ok, ok.
Ele assente.
— Pode deixar.
Dylan caminha em nossa direção e voltamos os três para o jardim.
Aparentemente ninguém desconfiou do nosso sumiço.
Ficamos o restante da noite com nossos amigos e para nossa sorte, Dakota
volta sozinha para casa, então minutos depois sigo para o meu carro e dirijo
para seu apartamento.
...
Sigo pelo campo até meu lugar e a maioria dos presentes no estádio chama
pelo meu nome. Adrenalina percorre meu corpo e ocupo meu espaço de
frente para o rebatedor do time adversário e para o meu receptor. Meus
colegas de time, os outros oito, também se posicionam e ficamos nove
contra um.
Coloco minhas luvas e arremesso cada bola como se fosse a última bola da
minha vida. E consigo eliminar dois rebatedores em sequência, o terceiro
consegue avançar uma base, porém não deixo que o time adversário
conquiste a segunda base.
Estou sorrindo e meu sorriso amplia ainda mais quando me deparo com
Dakota, Abby, Ethan e Dylan em frente ao meu carro, porém é em Dakota
que fixo meu olhar.
— Parabéns, capitão.
— Obrigado, princesa.
Ethan parece realmente chateado, olho para meu melhor amigo e sorrio.
— Não leve para o pessoal, o único que sabe é Dylan, porque ele descobriu
antes de vocês.
— Não sei como eles te enganaram, porque eles são péssimos em disfarçar.
Pela primeira vez em quase três semanas, acordo na cama de Josh, abro
meus olhos e ele me aperta ainda mais contra seu corpo, ergo meu rosto e o
encontro com olhos abertos.
— Bom dia.
— Não sei se eu fico feliz pelas férias, ou triste pelas provas que estão se
aproximando.
Ergo minhas mãos e tento fazer um coque, mas meu cabelo está todo
embaraçado.
— Eu preciso de um banho.
Sorri malicioso.
— Banho?
— Banho.
Ele coloca uma das suas calças jeans e me encara sem nenhuma culpa.
Eu desejo melhoras para Brooke, peço para que ela me ligue caso precise de
algo e volto para o carro de Josh, ele dirige para o prédio de artes cênicas e
vamos para a aula de teatro.
Nós almoçamos juntos e como minha aula da tarde é cancelada, eu vou com
ele para o seu treino, sento-me na arquibancada e leio meu livro enquanto
ele treina.
Ele segue para o vestiário assim que o seu treinador encerra o treino e eu
fico o esperando. Josh não demora a me encontrar com cabelo molhado e
cheirando a sabonete, então guardo meu livro e fico em pé, ele passa seu
braço pelos meus ombros e beija a lateral da minha cabeça.
Nós dois rimos e seguimos para a saída do estádio. Alguns dos seus colegas
de time passam por nós dois e provocam Josh por ele estar namorando, ele
apenas dá de ombros e vamos para seu carro.
— Agora que estamos juntos, todos irão saber que seu boato sobre eu ter
brochado era falso.
— Não mais.
— Acho bom.
Josh dirige para o prédio de artes cênicas e vamos conversando sobre como
o beisebol é importante para ele. O
quanto representou em sua vida entrar para o time, ele me conta que até
tentou jogar futebol americano, mas odiava o treinador.
— Como assim?
— Emma assim como você, é mais tímida, doce, tem esse ar de princesa em
torno de si, é decidida, apesar de delicada, tem respostas afiadas e não
abaixa a cabeça para ninguém.
— Estou falando que não seria tão especial, não iriamos valorizar tanto o
que sentimos. Tudo o que vivemos nos trouxe até aqui.
Josh assente, para e me estende a sua mão. Coloco meus dedos sobre os
seus e ele me puxa para perto.
Ele ergue nossas mãos, eu giro e quando volto ao meu lugar, meu olhar
encontra o seu e nós dois começamos a rir, nossas risadas ecoam pelo
auditório.
Estar com Josh é fácil, é natural, meu coração segue acelerando quando ele
está com perto, mas também se tranquiliza, se acalma, encontro nele tudo
que preciso.
Eu o amo.
...
Seu humor só melhora na sexta à noite, porque vamos para uma festa e
transamos no banheiro. Apesar da sua melhora, não acho que dizer que o
amo enquanto fazemos sexo em um banheiro alheio seja algo especial, nem
no dia seguinte quando acordamos de ressaca.
No sábado Brooke e Aiden, que estavam na casa dos pais, retornam e nos
mostram a primeira ultrassonografia do bebê. E
descobrimos que eles ainda não sabem sobre nós, então decidimos
continuar os enganando, inclusive Ethan, Abby, Dylan, Josh e eu apostamos
quanto tempo eles irão demorar para descobrir.
Nós vamos para o bar comemorar a vitória do time de hóquei e não nos
mantemos afastados, assim que Aiden percebe que estamos abraçados,
encara-nos perplexo. Ele é quem ficou mais surpreso dos nossos amigos por
estarmos juntos. Nós sete escolhemos uma mesa e revelamos para Aiden e
Brooke que todos, com exceção deles, sabiam sobre nós, Brooke me acusa
de ser uma falsa por não ter contado toda a verdade pela tarde.
Afasta seus lábios dos meus, mas suas mãos seguem em minha cintura e dá
passos em frente me obrigando a ir para trás.
Apesar de tudo, foi divertido fingirmos que não estávamos juntos, existe
algo sensual em manter segredos. Jogo seu moletom para longe e seu olhar
volta a encontrar o meu.
— Talvez, mas saber que poderei beijar e tocar você em qualquer momento
compensa qualquer joguinho.
Sobe suas mãos pelo meu corpo e é a sua vez de tirar o moletom do meu
corpo. Nós dois não falamos mais nada e nos concentramos em tirar as
roupas um do outro.
Assim que estamos ambos nus, Josh me vira e fico com as costas apoiadas
em seu peito, então suas mãos apalpam meus seios, passeiam pela minha
barriga, entre minhas pernas até que seus dedos adentram meu corpo.
Gemidos escapam dos meus lábios e fecho meus olhos.
Sua voz rouca e carregada de promessas me deixa ainda mais excitada. Josh
dá passos em frente e me empurra até a cama, então fico de joelhos sobre o
colchão e ele continua em pé
Seguro o lençol abaixo de mim com força e quando Josh traz seus dedos até
meu clitóris e o apertam, me desfaço e explosões acontecem em meu
interior.
Nada mais importa, nem Josh ainda investindo contra meu corpo, nem suas
mãos que continuam me tocando, nem quando atinge seu próprio orgasmo.
Estou exausta, então assim que ele beija minhas costas e se afasta, eu me
jogo completamente na cama exausta e puxo um travesseiro e adormeço.
Não faz muito que estou dormindo quando acordo com o som do celular
tocando, é o de Josh. Sigo de olhos fechados, ele
Josh
Uma parte em mim sempre soube que poderia receber uma ligação de
Gavin dizendo que minha mãe tinha morrido de overdose, porém não
esperava que fosse hoje, no meio da madrugada, depois de uma noite
incrível.
Dakota fica de joelhos na cama e paira logo atrás das minhas costas, ela
toca meu ombro e continuo encarando o chão tentando entender o que estou
sentindo.
— Eu sinto muito.
Suas palavras ecoam pelo quarto e pelo meu coração. Ela sente muito e eu o
que sinto? Não sei, há apenas um vazio em meu peito e uma sensação
distante de perda. Dakota se senta ao meu lado e ficamos em silêncio pelo
que parece uma eternidade.
— Ok, eu vou com você. — Assinto, mas nem sei se realmente sei com o
que estou concordando. — Josh, você está bem?
— Não sei. — Digo a verdade. — Não sei o que sentir, não sei o que
deveria estar sentindo.
Coloco minha mão sobre a sua, ela me puxa e me levanto, Dakota me guia
para o banheiro, como nenhum de nós está vestindo algo, vamos direto para
debaixo do chuveiro. Nós tomamos nosso banho em silêncio. Não consigo
parar de pensar.
Minha mãe morreu. Nós nunca tivemos uma relação de mãe e filho, mas era
a minha mãe.
Ela veste a roupa que estava usando e eu escolho uma calça, cueca,
camiseta e moletom em meu guarda-roupa.
Não sinto vontade de chorar, mas lamento sua morte e o fato de nunca ter
tido uma vida realmente. Eu queria que tudo fosse diferente, mas não foi.
Infelizmente esse é o seu final e o nosso final.
— Josh. — Olho para Dakota, ela está vestida e segura a maçaneta da porta.
— Eu vou avisar os meninos.
— Não precisa.
Não espera por minha resposta, vira-se e deixa meu quarto. Dakota está
certa, eles são minha família e quero eles comigo. Enquanto a espero voltar,
arrumo uma mochila com algumas peças de roupa e me sento na beirada da
cama para colocar meus tênis.
Mais uma vez, assinto e fico em pé. Pego minha mochila, deixo-a em meu
ombro e caminho na sua direção. Paro a sua frente e entrelaço nossas mãos.
— Obrigado.
Aiden aperta meu ombro e Brooke sorri, um sorriso triste e gentil. O trajeto
até Birmingham é realizado em silêncio. Nunca
Ele foi ver a sua mãe depois de sair de uma festa e acabou por passar na
casa de Scarlett, já que é do lado, e a encontrou desacordada no chão, ela já
estava morta, então ele ligou para o hospital e eles vieram a buscar. Nada
mais poderia ter sido feito.
Eu o agradeço e mais uma vez, lamento que tudo tenha que ter acabado
como acabou.
Ela terá um enterro digno. Após tudo pronto, eles recolhem o corpo e como
opto por apenas o sepultamento, já que ela não tem
tantos amigos assim e nem família para algo mais longo, marcamos para
daqui a quatro horas.
— Ficarei bem. — Beijo seus lábios rapidamente, uno minha mão a sua e
olho para meus amigos. — O sepultamento será daqui a quatro horas e o
melhor é esperarmos na casa do meu pai.
Eles assentem, então olho para Dakota que faz uma careta.
Nós deixamos o hospital, voltamos para nossos carros, eu ligo para Tessa e
conto o que está acontecendo e que estou indo para sua casa, minha irmã
lamenta e garante que estará me esperando. Então, seguimos para a mansão
do governador do Alabama.
Sinto Dakota tensa ao meu lado e seguro sua mão com a sua.
— Ela mesmo.
— Obrigado, fofinha.
Uso o apelido que usava quando éramos crianças, então ela se afasta e soca
meu ombro levemente.
Ethan assim como eu, faz uma careta, por fim nós rimos e como as
apresentações foram feitas, deixamos a entrada da casa e seguimos para a
sala. Encontramos meu pai e minha madrasta sentados no sofá e os dois
ficam em pé com a nossa chegada.
John soa distante como sempre, não há abraço, porém pela primeira vez em
anos vejo algo em seus olhos além de frieza.
Obrigado, Lacey.
Os dois assentem.
minha mão com sua e ela está tremendo, aperto seus dedos com os meus e
espero que ela entenda que nada será capaz de nos separar.
Ela não espera pela nossa resposta e nos guia para a sala de jantar. Sentamo-
nos ao redor da mesa e comemos enquanto conversamos. Não tocamos no
assunto da morte e nem mantemos uma conversa divertida. Apenas
socializamos e ao fim, subimos para o segundo andar e nos dividimos pelos
quartos, Abby e Ethan ocupam um quarto, Dylan outro, Aiden e Brooke o
último e eu vou para meu quarto com Dakota.
— Eu estou bem, talvez mais do que deveria, talvez devesse estar chorando
e sentindo mais, porém eu não a conhecia, eu lamento e estou triste, mas é
apenas isso. Não posso sentir muita falta de alguém que nunca esteve
presente.
Eu fiz o que pude por Scarlett, eu tentei a ajudar, sustentei seus gastos e
seus vícios, porém não podia a libertar, não se ela não quisesse.
Viro-me para o lado, seguro sua mão e beijo a lateral da sua cabeça.
— Obrigado por estar aqui, por não me julgar e por não correr para longe
com a minha reação.
— Você não é frio por causa disso, Josh, sei disso, porque vejo pela forma
como ama a sua irmã e seus amigos.
Fecho meus olhos por alguns segundos e agradeço o universo por ter
colocado Dakota em meu caminho. Eu quero dizer que a amo, mas Dakota,
a minha garota que ama contos de fadas, não merece uma simples
declaração e em um momento como esse.
Não há vinte pessoas presentes, incluindo nós sete, minha irmã e Gavin,
porém é a presença de Laylah que me surpreende.
Eu não sinto nada ao encarar minha ex, nem raiva, nem saudade.
Absolutamente nada e quando ela se aproxima ao fim do enterro, Dakota
beija minha bochecha e se afasta com nossos amigos.
Sei que ela não está falando apenas sobre a morte da minha mãe.
Sorrio gentilmente.
Viro-me e me apresso até estar com minha família. Nós seguimos para os
carros e nos reunimos todos na casa do meu pai, até mesmo Gavin. Nós
vamos para a cozinha e almoçamos por lá mesmo. Após o almoço, Gavin se
despede e o levo até a porta.
Meu amigo faz direito em uma faculdade comunitária, porque não quer
deixar a mãe sozinha.
Ele assente.
— Eu também, Josh.
Droga!
— Você pode não acreditar, mas me importo com você e só fiz o que fiz,
porque sabia que aquela garota não gostava de você.
Ele se vira e sobe os degraus. Acho que essa foi a sua forma de dizer que
me ama.
Dakota e eu nos deitamos em minha cama e ela adormece com parte do seu
corpo sobre o meu e com a lateral do seu rosto em meu peito. Eu fecho
meus olhos e permito minha mente desligar.
Se Aiden e Ethan tivessem solteiros, seria uma péssima ideia, mas como
estão namorando e Dylan é Dylan, não há perigo
nenhum.
Meus amigos e minha irmã continuam conversando, mas eu os ignoro e
olho para Dakota, ela se vira para mim e sorri.
— O que foi?
Dessa vez, ela não me pergunta o que estou querendo dizer. Ela entende que
ela é a minha esperança. Ela foi a responsável por quebrar as barreiras ao
redor do meu coração e me mostrar que sim poderia amar, poderia ser
amado. Nenhum destino esteve traçado pelo meu DNA, ou por quem foram
meus pais, ou pelo meu passado.
Josh
Dou de ombros.
Nós dois sabemos que estou mentindo, realmente sou obcecado pela peça e
perdi as contas de quantas vezes a reli.
Dakota tira seus tênis, sobe na cama, aproxima-se e monta em meu colo.
Seguro suas coxas e sorrio.
Eu amo como ela reage às minhas frases bregas, seus olhos ganham uma
intensidade, seus lábios se curvam em um sorriso singelo e suas bochechas
ficam um pouco vermelhas.
Traça alguns círculos invisíveis em meu peito com a ponta dos seus dedos.
— Porque seu melhor amigo namora a minha melhor amiga.
Dakota ri.
Dakota não está usando maquiagem o que me permite ver suas sardas. Seu
cabelo está solto e cai sobre o moletom rosa que está usando.
— Confesso que depois que você me falou que a peça lembrava a nós dois,
eu passei a enxergar certas semelhanças.
Ergo meus dedos conforme apresento meus argumentos para Dakota, ela
segue rindo e incrédula.
— Bem melhor.
Beijo-a como se estivéssemos dias sem nos vermos, porém a verdade é que
estávamos juntos ontem no último ensaio para a peça.
Minha língua duela com a sua, mordo seu lábio inferior, suas mãos sobem
pelo meu peito e meus dedos que seguem em
sua coxa, a apertam. Continuamos nessa pegação até que Dakota se afasta,
ela tem os lábios inchados e seu cabelo está uma bagunça.
— Normal e o seu?
Ela suspira.
— Então, vai escutar mais uma vez, eu odeio o fim de semestre, hoje tive
prova e precisei apresentar um trabalho.
— Não me contou que iria apresentar um trabalho.
Ergo minha mão e coloco algumas mechas do seu cabelo para trás da sua
orelha.
— E como foi?
— Não fiquei tão nervosa, ainda não é algo que me sinto confortável,
porque essa sou, porém as aulas de teatro por incrível que pareça realmente
ajudaram. — Dakota soa tranquila e não há nenhuma mágoa na forma como
está falando. — Apesar dos professores acreditarem que preciso socializar
mais, não gostar de estar sempre falando com pessoas que eu não conheço
faz parte de quem eu sou, claro que é bom aprender a superar alguns
receios, mas não preciso ser expansiva. Não preciso mudar para me
encaixar em expectativas que outras pessoas têm de mim.
Não há mais a sombra que antes existia em seu olhar, pelo contrário, ela
está determinada.
— Eu ajudei?
— Sim, desde que me ajudou naquela aula quando entrei em pânico, além
disso, me ajudou a enxergar que não preciso ter medo da rejeição e nem
desejar ardentemente a aceitação.
Minhas mãos sobem e descem pela sua barriga e mantenho meus olhos
presos ao seu.
Dakota ri, curva-se para frente e mais uma vez, sua boca cobre a minha. As
palavras eu te amo estão implorando para serem ditas, mas ainda não é o
momento.
Reivindico seus lábios com os meus e espero que ela saiba que seu coração
é meu, assim como o meu é seu.
Continuamos nos beijando até que o som do meu celular tocando ecoa pelo
quarto, então somos obrigados a nos separar e pego o aparelho que está no
cômodo ao lado da cama.
Para minha surpresa, é meu pai, aceito a chamada e trago o celular até
minha orelha. Trocamos algumas palavras cordiais e conversamos sobre a
mudança de Tessa e ao fim, antes de
desligar, pergunta se irei para casa no Natal, respondo que ainda não sei,
porque não esperava pelo seu questionamento.
John encerra sua ligação dizendo que espera que eu vá para o Natal e leve
comigo minha namorada. Eu abaixo minha mão e encaro o aparelho sem
reação, sem saber o que pensar sobre sua atitude.
— Ele disse que espera que eu vá para casa no Natal e leve você comigo.
Depois de 20 anos? Não sei se Dakota está certa, mas sua intenção real é
um problema apenas dele.
— Ou está pensando na sua eleição para Senador, mas não importa. Não
carrego mágoas, se ele quer se aproximar, estarei aqui, se não quiser, tudo
bem, posso seguir minha vida sem ele.
— Tão maduro.
Dakota me provoca, então estreito meus olhos, ela tenta fugir, mas sou mais
rápido e faço cócegas em sua barriga. Sua gargalhada ecoa pelo quarto, ela
grita para que pare e tenta se afastar, mas falha.
Quando paro, nós dois estamos sem fôlego e rindo. Dakota e eu nos
deitamos em minha cama e encaramos o teto por um tempo, até eu me
levantar e a puxar pela mão.
Não há como explicar, mas é muito melhor quando ela está por perto. Eu
me sinto como se finalmente estivesse completo.
...
Ao olhar para espelho, quase não me reconheço e posso jurar que sai de um
dos livros da Dakota. Ela com certeza irá amar a minha caracterização.
Ao voltar, não a encontro, alguém me diz que ela está trocando de roupa e
vou até o corredor que leva até os banheiros
e a espero apoiado na parede.
Eu estou nervoso e não é apenas pela peça, é o que o todo significa. É bem
mais que uma apresentação.
A minha princesa.
Seu olhar encontra o meu e ela caminha em minha direção com um sorriso
em seus lábios. Assim que está perto o suficiente, estendo minha mão e
Dakota coloca seus dedos sobre os meus.
Nós dois sorrimos e olho ao redor, procuro por algum lugar menos
movimentado, há um outro corredor e não parece haver ninguém por ali,
então a guio para lá e quando paramos, ficamos um de frente para o outro.
Assim que nos afastamos, não trocamos nenhuma palavra, apenas sorrimos,
entrelaçamos nossas mãos e voltamos a nos reunir com o restante dos
nossos colegas. Dayse bate palmas ao nos ver e juro que posso ver lágrimas
em seus olhos. Ela pede para que formemos um círculo, faz um
agradecimento e nos encoraja a subirmos no placo e fazermos nosso
melhor.
Perto do horário, subimos para o palco, uma cortina nos separa da plateia,
porém espiamos e o lugar está lotado. Olho para Dakota, ela sorri e dá de
ombros.
Ensaiamos o beijo algumas vezes, quer dizer nos beijamos algumas vezes, é
lógico que não iremos usar técnica. E na teoria é para ser apenas um
encostar de lábios.
A cena é na sala de estar deles, eles têm uma breve discussão e ela diz que
não significa nada para ele, então ele a interrompe e diz que ela significa
tudo e que a ama, em seguida ela confessa que também o ama e ocorre o
beijo.
Falo conforme o que está descrito, mas em seguida dou um passo para trás e
saio do roteiro. Dakota me encara sem entender e sorrio.
Seus olhos estão fixos nos meus e a intensidade entre nós é avassaladora.
Minha boca cobre a sua e nos beijamos com paixão. Não é um simples beijo
como no roteiro, é um beijo digno de cinema, digno de um casal
apaixonado.
Dakota
Há palmas ao nosso redor, porém nada importa. Tudo que importa é que ele
me disse que me ama. Josh me ama, assim como eu o amo. E esse beijo
significa tudo. Significa o quanto nos amamos e o quanto estamos
apaixonados.
Não quero que esse momento chegue ao fim, não quero me afastar dele,
porém Josh interrompe nosso beijo e dá um passo para trás.
— Eu preciso ir.
— Eu preciso ir.
Abro a boca para dizer algo, porém ele se vira e caminha para longe. Eu não
disse que o amo. Preciso dizer. Droga! Reage, Dakota. Dou um passo em
frente e Dayse surge e para a minha frente.
Nós
aguardamos
ansiosamente
pelo
fim
das
— Vocês ganharam.
Josh ganhou!
Assim que Abby estaciona o carro, abro a porta e saio correndo. Corro até a
bilheteria, compro o bilhete e corro para o estádio. Todos estão
comemorando e abro caminho por entre os torcedores.
Ainda estou de Emma, meu cabelo está uma bagunça, porque o coque se
desfez, mas não me importo. Só preciso dizer que eu o amo.
Desço até a beira do campo e para minha sorte, o olhar de Josh encontra o
meu. Ele faz um sinal para o segurança, então deixa que eu entre no campo.
Finalmente posso correr até Josh. Eu vou até ele e me jogo em seus braços,
ele me abraça e sorrio. Afasto-me alguns
centímetros e Josh traz suas mãos até meu rosto, me mantenho olhando para
ele.
— Eu não disse que te amo.
— Eu te amo, Josh, como nunca amei outra pessoa. Você é tudo que eu
preciso e tudo que eu quero.
Seus lábios cobrem os meus e eu tenho meu beijo de final feliz. Eu tenho
meu próprio conto de fadas.
5 ANOS DEPOIS
Josh
Caminho de um lado para o outro e confiro meu relógio pelo que deve ser a
milésima vez e não se passou um minuto desde que o conferi a última vez.
— Seu papel como meu padrinho é me manter calmo, não piorar minha
situação.
— Dakota iria ficar tão feliz por ter seu casamento cancelado.
Gavin, o último dos meus padrinhos se manifesta e olho para os quatro com
desdém.
— Eu nunca deveria ter chamado vocês para serem meus padrinhos, aliás
nós deveríamos ter fugido para Las Vegas.
Ethan está certo. Dakota demorou quase três anos para organizar seu
casamento dos sonhos. Eu a pedi em casamento logo após ser recrutado
para o Boston Red Sox, ela aceitou, nós viemos para Boston, moramos
juntos, porém ela demorou longo anos para organizar seu casamento dos
sonhos.
Dakota pisa no corredor que irá a trazer até mim e se torna o centro do meu
universo. Meus olhos percorrem cada detalhe do seu rosto, ela não usa
muita maquiagem, seu cabelo está parte preso, parte solto e há cachos na
ponta. Desço para seu corpo e encontro o vestido perfeito, ele é volumoso,
com as alças caídas em seu ombro, é brilhoso e ao redor do decote existe
algumas flores bordadas.
Não demoro a perceber que é o mesmo modelo do vestido que usou naquela
peça há cinco anos. Ergo minhas sobrancelhas e ela dá de ombros. Nós nos
conhecemos o suficiente para saber sobre o que estamos falando mesmo
que nenhuma palavra deixe nossas bocas.
Seu pai acompanha e parece que demora uma eternidade até que os dois
estejam à minha frente.
Ele sorri satisfeito, eu estendo minha mão e ele coloca a mão da filha sobre
a minha, então se afasta e se senta na primeira fileira junto com o restante
da nossa família.
Dakota me encara com ternura, amor e paixão. É o mesmo amor e a mesma
paixão de cinco anos. Nossos sentimentos não diminuíram e em nenhum
momento duvidamos do que sentimos.
Levo minhas mãos até a correntinha que uso em meu pescoço desde o dia
que ela esqueceu em meu quarto e a tiro.
Sorri maliciosa e se vira ficando de costas. Com cuidado coloco seu cabelo
e seu longo véu para o lado e coloco a correntinha nela.
— Obrigada, Josh.
Dakota volta a ficar de frente para mim, unimos nossas mãos e nos viramos
para o juiz. Ele segue a cerimônia e continuamos nos encarando. Sorrimos
algumas vezes e de coisas que apenas nós dois entendemos, esse é o tipo de
parceria e conexão que temos.
— Eu amo nossa história e tudo que nos trouxe até aqui, inclusive as partes
não tão bonitas e perfeitas, porque elas nos trouxeram até aqui. —
Seguimos nos encarando. — Você foi
Coloca a aliança em meu dedo e não espero pela ordem do juiz, diminuo a
distância entre nós e a beijo. Como sempre nos esquecemos de tudo quando
estamos juntos e só nos separamos quando um dos nossos amigos assobia.
Idiotas.
— Para sempre.
Hey, gente!
Escrever Josh e Dakota foi maravilhoso, mas confesso que surtei bastante,
porque sei que muita gente estava esperando por eles, então espero que
você tenha gostado. Eu confesso que amei o desfecho e os dois me
surpreenderam bastante, principalmente, porque o intuito não era um livro
fofo, quase um conto de fadas, mas Josh e Dakota lutaram pelo final felizes
dele até mesmo comigo.
E por fim, a você. Muito obrigada e espero que realmente tenha gostado do
livro.
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Sinopse
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Epílogo
Agradecimentos
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