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LANA SILVA

Copyright 2023©

1° edição – abril 2023

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS A LANA SILVA

Capa: Snake Designer

Revisão: @gramaticaperfeita

Sumário

Sinopse

Prólogo
Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Capítulo 18

Capítulo 19

Capítulo 20
Capítulo 21

Capítulo 22

Capítulo 23

Capítulo 24

Capítulo 25

Capítulo 26

Capítulo 27

Capítulo 28

Capítulo 29

Epílogo

Agradecimentos

Série Estrelas do Alabama

Redes Sociais
Josh Dawson é o capitão do time de beisebol da universidade, badboy e
cafajeste assumido, conhecido como o coração de gelo. Ele sabe o que é ter
o coração quebrado e para mantê-lo intacto, ele foi obrigado a rejeitar uma
das garotas mais doces que conheceu quando ainda era um calouro.

Dakota Evans estuda para ser professora, romântica assumida, ela só quer
encontrar seu príncipe encantado e viver seu conto de fadas. Ela tem certeza
de que esse príncipe não é Josh, o idiota que ela conheceu no primeiro
semestre da faculdade.

Os dois não deveriam se encontrar outra vez, muito menos em uma aula de
teatro. Dakota não suporta Josh, Josh evita

Dakota, porém eles serão obrigados a serem os dois protagonistas de uma


peça teatral romântica.

Dakota será capaz de quebrar as barreiras que Josh construiu ao redor do


seu coração? Josh conseguirá não se apaixonar por Dakota?

Para todas que esperaram ansiosamente pelo Josh, principalmente a Ingrid.

E mais uma vez, eu escrevi um conto de fadas contemporâneo.


2 ANOS ANTES

Dakota

O lugar é afastado da cidade, quase uma casa de campo e está repleto de


universitários. Estamos em uma fila diante uma mesa em que os estudantes
responsáveis pela organização da festa conferem nossos ingressos, uma
bilheteria improvisada.

Eu levo minha mão até minha testa e tento me proteger do sol, quem faz
uma festa logo após o almoço? Está no ápice do

calor e estou prestes a começar ficar suada.

— Hey, será legal.

Abby sussurra ao meu lado, viro-me para o lado e encaro minha melhor
amiga.

— Não duvido, mas ainda acho que deveríamos ter vindo um pouco mais
tarde.

Minha amiga que assim como eu está com a mão sobre sua testa faz uma
careta.
— Talvez, mas já estamos aqui e o táxi foi caro.

Ela tem razão, suspiro e assinto.

— Estamos destinadas a ficarmos sofrendo sobre o sol.

Soo dramática e Abby empurra seu cotovelo contra minha barriga

— Não seja tão mal-humorada, é a nossa primeira festa universitária.

É a minha vez de fazer uma careta.

— Realmente, estou na pior... a rainha das mal-humoradas está me


chamando de mal-humorada.

Abby sorri debochada e balança a cabeça.

— Não sou mal-humorada.

— Você é.

Ficamos nessa discussão idiota até chegar a nossa vez, então entregamos
nossos ingressos para os organizadores e entramos no local. É um imenso
jardim com um local coberto que parece ser uma casa, mas é apenas um
salão. Pelo gramado, há tendas com bares e até mesmo locais para comprar
comida.

Existem puffs, bancos e sofás, lugar para tirar foto e caixas de som de onde
ecoa música eletrônica.

Apesar de ser uma festa universitária, tudo está organizado. O que me


surpreende, esperava ser mais bagunçada, na verdade estava esperando o
caos.

— Vamos pegar uma bebida.

Abby chama minha atenção e eu sigo minha amiga até uma das tendas, nós
pegamos nossos copos de cerveja e saímos caminhar pelo local. Essa é a
maior festa da Universidade do Alabama, organizada pelos veteranos para
recepção dos calouros e arrecadação de fundos.

O lugar é bonito, e no alto, sendo assim é possível observar a cidade. A


decoração é caprichada, apesar de simples,

com alguns balões e assentos para se sentarem e socializarem.

Pena que não sinto muita vontade de socializar, por que eu tenho de ser
horrível no quesito de fazer novas amizades?

Tenho que lembrar a mim mesma que estou na faculdade e aberta a novas
experiências, a conhecer novas pessoas, a fazer amizades e quem sabe
conhecer alguns garotos, a última parte faz meu coração bater acelerado.
Droga!

Por que essa merda tem que ser tão difícil pra mim? Eu consigo ser
desapegada, não é? Não preciso ver romance em absolutamente tudo.

— Você está bem?

— Estou.

Respondo Abigail no automático.

— Você parece distraída, espero que não esteja pensando no idiota do seu
ex.

Abby me conhece desde o jardim de infância, é claro que ela sabe quando
estou distraída.

— Não estou pensando no Ryan, não em absoluto.

Sinto o olhar de Abby sobre mim, olho para o lado e ela tem as
sobrancelhas erguidas.

— Você ainda está pensando naquela sua ideia idiota?

Faço uma careta.


— Não é uma ideia idiota.

Abby revira seus olhos.

— É sim, você não tem jeito para bancar a desapegada, Dakota.

Minha amiga não está tentando me ferir pelo contrário, ela está tentando me
ajudar, porém me sinto ofendida.

— Quem disse que não?

Abby suspira e bebe o restante da cerveja que há em seu copo.

— Você só está tentando superar aquele idiota do seu ex e da maneira


errada, você não é assim, Dakota. — Ela não está errada, mas eu preciso
provar a mim mesma que posso ser diferente. — Não há nada de errado em
ser como você é.

Engulo em seco e olho em frente.

— Nem tudo é sobre Ryan. — Bebo restante da minha bebida. — Vamos


buscar mais cerveja.

Normalmente, não bebo. Normalmente, eu não faço muitas coisas.

Conforme os minutos passam, mais pessoas chegam e o local está quase


lotado, para onde eu olho há alguém. Abby e eu bebemos, dançamos e
interagimos. Abby não é simpática, mas é melhor do que eu em socializar.

Pra mim é tudo muito exaustivo, mesmo com o álcool fazendo efeito e me
deixando mais alegre e solta. O sol está se pondo quando Abby inicia uma
conversa com um cara, pelo olhar, entre eles irá rolar algo bem mais do que
uma conversa, por isso faço um sinal para minha amiga e me afasto. Uma
de nós duas merece se divertir.

Eu encho minha caneca com mais cerveja e fico andando pelo local, as
pessoas estão claramente bêbadas e eu estou começando a ficar embriagada,
as luzes estão mais brilhantes e meu equilíbrio não está perfeito. Procuro
um lugar para sentar e encontro um assento de madeira, com algumas
almofadas e é possível observar a cidade e o sol se pondo. Sento-me e fico
pensativa enquanto encaro a vista à minha frente.

Minha primeira festa na faculdade e não flertei com ninguém. Eu deveria


procurar alguém para beijar e provar para eu mesma que eu posso ser
ousada e desapegada. Por que, eu quero fazer isso mesmo?

Porque meu último namorado foi um idiota. Eu acreditava que ele gostava
de mim e que iríamos nos casar no futuro, mas ele terminou comigo, disse
que eu estava sendo uma trouxa em acreditar que o nosso relacionamento
seria duradouro . Pelo amor de Deus, nós temos dezoito anos, é lógico que
terminaríamos em algum momento, essas foram as palavras deles.

Bebo da cerveja em meu copo.

Ryan me disse que sou romântica e a vida não é um conto de fadas. Ele está
certo, mas eu só achava que seria diferente, que seria como meus pais que
são apaixonados desde sempre.

Droga, eu sou péssima e iludida.

E eu não quero ser mais assim. Minha consciência acusa que não consigo
ser diferente e uma vozinha em meu interior fala que deveria me levantar e
provar a mim mesma que posso não ser a garota romântica.

É só flertar, beijar e transar com alguém desconhecido. Só isso. Porém, só


de pensar em fazer algo assim, meu estômago embrulha.

Trago minha caneca até meus lábios e deixo que o álcool desça pela minha
garganta, quem sabe bêbada, eu consiga ter

coragem.

— Por que a princesa está aqui sozinha?

A voz soa perto de mim, mas não a reconheço. Será que alguém está
falando comigo? Olho para o lado e um garoto se aproxima, ele tem cara de
garoto problemático, é loiro, cabelo bagunçado, com alguns fios na sua
testa, seus olhos são escuros e tem um belo maxilar marcado. Ele é bonito,
mas um alarme surge em minha mente, ele parece ser problema e não
preciso de problemas.

Ele claramente está falando comigo e sorrio antes de respondê-lo.

— Estou à espera do príncipe encantado para me salvar.

Zombo e ele faz uma careta. Ele claramente não é nenhum príncipe.

— Para sua decepção, estou longe de ser um príncipe encantado.

Continua caminhando em minha direção e se senta ao meu lado.

— É uma pena.

Sussurro e bebo o restante da cerveja no copo. Vislumbro a paisagem de


frente e tento ignorar o garoto ao meu lado, apesar de ser pouco difícil,
porque ele é alto, aparenta ser malhado e seu corpo emana um calor que me
faz querer me aconchegar contra ele.

— Você não parece estar se divertindo.

Dou de ombros e continuo observando o sol se pôr.

— Acho que estou na fase em que a bebida me deixa melancólica.

Ele fica em silêncio e quando acredito que ele desistiu, escuto sua voz outra
vez.

— Estou quase entrando nessa fase também.

Sorrio em solidariedade ao meu novo amigo.

— Sinto muito, é uma péssima fase.

Ele ri e gosto do som que sai da sua boca.

— E o que está deixando você melancólica, princesa?


Suspiro.

— Você já tentou ser alguém diferente?

Falo a verdade e culpo a bebida, jamais me abriria com um estranho se


estivesse sóbria.

— Mais do que você imagina.

Ele fala com tanto pesar que quase sinto sua dor. Talvez seja a mesma que a
minha.

— Bem-vindo ao clube.

Ele ri outra vez e sua risada causa uma sensação estranha em minha barriga.
O vento trás seu perfume até mim, ele é cheiroso.

— Então, por que você fugiu?

Olho para ele e inclino minha cabeça para o lado.

— Eu não fugi.

Seus olhos estão brilhando e aposto que é a bebida, mas gosto como ele me
encara.

— Enquanto todos estão bebendo e dançando, você está aqui.

Volto a deixar minha cabeça reta e dou de ombros.

— Estou observando o pôr do sol.

Faço um gesto na direção que o sol está se pondo e o cara ao meu lado
ergue suas sobrancelhas.

— Só isso?

Sorrio e balanço minha cabeça negando.


— Confesso que festas e bebidas não são muito a minha praia.

Ele me encara curioso.

— E por que está aqui?

— Tentando ser alguém diferente, lembra?

Ele me analisa e eu faço o mesmo. Não me lembro de tê-lo visto, mas ele
parece ser tão novo quanto eu, talvez seja um calouro. Algo em seus olhos
me puxa na sua direção.

— Nós podemos ir para um outro lugar.

Normalmente, eu não faria algo assim, porém hoje não quero pensar, eu só
quero uma fuga. O estranho ao meu lado me oferece sua mão e eu coloco
meus dedos sobre os seus.

Ele fica em pé e me ajuda a levantar, então de mãos dadas, deixamos as


festas e seguimos para seu carro. Meu coração bate acelerado assim que me
sento no banco ao seu lado.

Seu carro grita caro e é óbvio que ele tem dinheiro. Mais uma vez, minha
mente me alerta que provavelmente ele é um garoto problemático e que
deveria me manter longe.

— Espero que você não seja um serial killer.

Zombo, mas uma parte grita que estou maluca por estar confiando em um
estranho. O que tinha nessa bebida?

— Para sua sorte, eu não sou, mas você não deveria ter entrado em um
carro com um estranho.

Ele liga o carro e dirige para longe do estacionamento.

— Eu não faria isso normalmente só para deixar claro.


Ele ri e gosto de como seu rosto se transforma quando curva seus lábios,
some a cara de garoto problemático e o deixa bem mais leve. No quesito
beleza, qualquer expressão que seu rosto assuma, ele continuará lindo.

— Sorte a sua então que não sou um serial killer.

Ele liga o som do carro e uma música do Elton John inicia, Your Song, uma
música romântica e meu coração dá um solavanco em meu peito. Droga,
Dakota, não vá por esse caminho.

— Um clássico.

— Eu gosto de clássicos.

Quero dizer que eu também, mas apenas assinto e fico em silêncio. Não
trocamos mais nenhuma palavra e mais uma vez,

pergunto-me o que eu estou fazendo.

Encaro a janela ao meu lado e observo as ruas, o sol desaparece totalmente


no horizonte e a lua assume o seu lugar.

Ele entra na garagem de um prédio e meu coração volta a acelerar.

— Eu estou morando aqui por enquanto.

Mais uma vez, assinto e saio do carro. O estacionamento é normal e olho ao


redor enquanto espero por ele, ele não demora a dar a volta e a se aproximar
de mim, entrelaça minha mão na sua e me guia na direção do elevador.

Assim que a caixa metálica para, entramos e minha mão continua presa a
sua. Eu o encaro e ele faz o mesmo. É como se uma corrente elétrica
estivesse se formando onde temos nossos dedos unidos, ele faz com que
sinta um frio em minha barriga e uma pontada abaixo do meu ventre.

É impossível fingir que não existe uma tensão entre nós.

Estou suando e não é por conta do calor, meu corpo todo está em alerta à
espera de um toque, de um esbarrão... de qualquer migalha. Minha
respiração está alterada e minha pulsação acelerada.

Enfim, o elevador para e respiro aliviada. Ele me guia para fora e na direção
da primeira porta à direita, abre-a e entramos em um apartamento, em uma
sala ampla, mas com poucos móveis, apenas uma televisão e um sofá.

— Sinta-se em casa.

Continuo com minha mão presa à sua e o seguindo. Ele me leva até a
cozinha e então solta minha mão.

— Cerveja?

Escuto a voz da minha mãe dizendo para não aceitar bebida de estranhos,
mas a ignoro.

— Sim.

Ele vai até uma geladeira de duas portas e eu me apoio no balcão que há no
cômodo. Enquanto pega as cervejas, envio uma mensagem para Abby,
avisando que estou com alguém, ela me responde pedindo para que me
cuide e não faça nada contra minha vontade.

Guardo o celular em meu bolso. Ele se aproxima com a cerveja e me


entrega, depois cruza seus braços sobre o balcão, ficando de frente para
mim.

— Obrigada.

Agradeço e ele sorri.

— Pela cerveja, ou por ter te resgatado?

Dou de ombros.

— Pelos dois.

Nós dois sorrimos e bebemos a cerveja em silêncio e assim que nossas


garrafas estão vazias, ele se afasta do balcão e vem até mim, ele para ao
meu lado e viro-me ficando de frente para ele.

O ar de repente parece mais denso e algo invisível me puxa em sua direção.

— Eu posso beijar você?

Meu peito sobe e desce cada vez mais rápido, minha pele está arrepiada e
minha boca seca.

— Você pode me beijar.

Ele diminui a distância entre nós e sua boca quase encosta na minha. Todo
meu corpo anseia por esse toque e fecho meus olhos. Não sei o que esperar,
mas quando seus lábios encontram os meus é como se uma explosão
acontecesse.

É um beijo cru, carnal e repleto de luxúria. Todo meu corpo se tensiona e


implora por mais. Sua língua explora minha boca e

ele me empurra contra o balcão, apesar da minha blusa, sinto o mármore


frio contra minhas costas.

Apoia suas mãos ao lado do meu corpo e sua boca desce pelo meu pescoço,
inclino minha cabeça para o lado e facilito seu acesso. Meu clitóris vibra e
aperto minhas pernas uma na outra, ele percebe e então traz uma das suas
mãos até minha coxa, ele a aperta e um gemido escapa dos meus lábios.

Continuo de olhos fechados quando ele abre o zíper do meu short e o


empurra para baixo junto com minha calcinha. Não tenho vergonha e nem
receio, nem mesmo quando ele fica de joelhos e aproxima sua boca do meu
clitóris, esqueço completamente enquanto ele me chupa e me leva a um
orgasmo com sua língua e seus dedos me penetrando.

Estou com corpo mole e me sentindo em êxtase quando ele se afasta e fica
em pé. E quando abro meus olhos, ele está a minha frente, com olhos
escuros e um sorrisinho idiota em seus lábios. Ele não fala nada, apenas
puxa minha blusa para cima e me deixa completamente nua, então me pega
em seus braços e me carrega para seu quarto.
Ele me deixa sobre sua cama e tira as suas roupas, eu o observo e caralho,
ele é lindo. É claro que malha, seu abdômen

forma aquele V perfeito, suas coxas são grossas e definidas. Ele pega uma
camisinha no bolso da calça, coloca-a e o meio das minhas pernas volta a
desejar mais dele. Ele é uma visão e tanto.

Olha em meus olhos enquanto caminha na minha direção e meus seios


pesam, levo minhas mãos até eles e ele me encara hipnotizado. Seus joelhos
tocam o colchão e paira sobre mim, suas mãos afastam as minhas e seus
dedos tocam meus mamilos. Fecho meus olhos e deixo que a sensação
percorra meu corpo e resulte em uma fisgada no meio das minhas pernas.

Debruça-se sobre mim, afasta as suas mãos e as deixa ao lado da minha


cabeça enquanto aproxima sua boca da minha orelha.

— O que você quer, princesa?

Sussurra. Viro meu rosto, abro meus olhos e minha boca fica a centímetros
da sua.

— Quero você dentro de mim.

Seus olhos brilham, ele se guia para dentro de mim e nós dois fechamos
nossos olhos. Assim que me preenche completamente, nós dois gememos e
ele não é delicado, ele me fode sem piedade. Abaixa sua mão até minha
perna e a enrola ao

redor da sua cintura, seus dedos me apertam com força e sei que ficarei
marcada.

Nossos gemidos ecoam pelo seu quarto e ele continua entrando e saindo de
dentro de mim com rispidez, o prazer em mim ganha cada vez mais
intensidade, meu corpo queima, convulsiona e pela segunda vez na noite
tenho um orgasmo. Ele continua me penetrando mais algumas vezes até
enfim gozar.
Eu continuo de olhos fechados e minha respiração aos poucos se normaliza.
A sensação de plenitude ecoa pelo meu corpo e gosto de como estou me
sentindo.

Ele se afasta e continuo deitada, volta e me puxa para seus braços. Não nos
conhecemos, mas é agradável estar em seus braços. Eu consegui cumprir
meu objetivo de estar com outra pessoa, de ser algo casual. Provei a mim
mesma que não sou a romântica alucinada como Ryan disse.

Suas mãos sobem e descem pelas minhas costas, eu me sinto sonolenta e


exausta, não tenho intenção de dormir e até tento me manter acordada,
porém falho.

Acordo sozinha na cama e ao olhar ao redor do quarto, encontro minha


roupa sobre a cadeira em frente a mesa de

estudo, então me levanto e visto minha roupa. Pego meu celular no bolso do
meu short e confiro o horário, são seis da manhã.

Ainda é cedo.

Minha boca tem um gosto horrível e o efeito do álcool segue em meu corpo,
a prova disso é o meu equilíbrio e zunido em meus ouvidos. Eu vou até o
banheiro anexado ao quarto e lavo minha boca com água e pasta de dente,
eu daria tudo por uma escova de dente. Arrumo meu cabelo em um coque
bagunçado e suspiro. O que eu faço? Qual são as etiquetas pós-sexo com
um desconhecido? Droga, eu nem sei o seu nome.

Arrependimento começa a martelar em minha mente e em meu coração.


Que merda eu fiz? Olho para o espelho logo acima da pia e me sinto
deplorável.

Eu não sou assim. Não sou essa Dakota, por mais que tenha sido bacana,
não sou assim.

Envergonhada e com ressaca moral, saio do banheiro e deixo o quarto do


estranho. Encontro-o na cozinha, ele está com uma xícara em mãos e com o
corpo apoiado contra o balcão.
— Você precisa que eu chame um táxi?

Soa rude totalmente diferente do cara da noite passada.

Ergue seu rosto e detesto o seu olhar frio. Ergo minhas sobrancelhas e ele ri
debochado, meu coração para e meu estômago embrulha.

— Você não achou que isso seria mais que uma noite, não é? — Idiota! Não
tenho tempo de respondê-lo, porque ele continua com seu discurso
desagradável. — Você não é do tipo que vê romance em tudo, não é?
Porque, se for, é melhor esquecer qualquer tática que pensa que irá
funcionar comigo.

Cadê aquele cara legal e gentil que conheci na noite passada? Ele se vira
ficando de costas para mim.

— Não estou procurando um relacionamento e muito menos garotas


apaixonadas e românticas atrás de mim.

Fecho meus olhos e respiro fundo, ele precisava jogar na minha cara
exatamente o que Ryan falou? O pior é que nem esperava nada dele. Não
esperava absolutamente nada e ele me deu o seu pior.

— Você é sempre assim? — Sorrio amarga, ele olha para trás e me encara
sem entender. — Usa seu charme, conquista a garota e a trata como um
lixo.

— Não fiz nada demais, você que se iludiu com pouco.

Odeio seu sorrisinho, odeio sua expressão de pena.

— Você é um idiota.

Dá de ombros e volta a ficar completamente de costas para mim.

— Você não é a primeira a dizer isso.

Reviro meus olhos e o deixo na sua cozinha. Ele é um idiota, mas eu sou
mais ainda. Deveria ter confiado no alarme que soou em minha mente.
Estou me sentindo patética, lágrimas acumulam-se em meus olhos, porém
me recuso a chorar e saio do seu apartamento.

2 ANOS DEPOIS

Dakota

Guardo minhas coisas em minha mochila, deixo a cadeira que estava


ocupando e subo dois degraus da sala que tem um formato de anfiteatro,
então escuto a voz da minha professora me chamando.

— Dakota Evans.

Eu suspiro e me viro ficando de frente para a mulher alta e elegante.

— Sim.

Sorrio, um sorriso forçado. Eu sei exatamente o porquê ela está me


chamando.

— Nós podemos conversar?

Eu não tenho nenhuma aula a seguir e nenhum compromisso. E se mentir?


A professora continua me encarando à espera de uma resposta. Apesar de
não estar a fim de conversar com ela, não sou uma fujona e nem uma
mentirosa.

— Claro.

Desço os degraus e paro à frente da sua mesa. Ela está em pé e continua


assim.

— Mais uma vez, você não tem uma dupla para um trabalho.

Mordo meu lábio inferior.

— É a primeira matéria com a senhora.

Justifico na esperança de que ela não tenha conversado com outros


professores.

— Mas não a primeira no departamento e conversei com outros professores.


— É claro que eles conversaram. — Em todas as matérias, você nunca tem
uma dupla e sempre fica nos grupos que sobra vagas.

Suspiro.

— Eu prefiro fazer meus trabalhos sozinha. — Ela me encara com uma


expressão de pena e faço uma careta. — Não é tão ruim assim.

— Você lidará com pessoas, Dakota, pós-universidade.

Dou de ombros.

— Com crianças e com elas, consigo me relacionar. —

Justifico, mas a professora que ensina como podemos aplicar a arte no


ensino e educação para crianças não me parece muito convencida. — Eu
tenho amigos, não são muitos, sou seletiva.

Ela me olha com gentileza e me sinto mal. Meu Deus, é como se eu


estivesse cometendo um crime e apenas não estou fazendo amigos.
— Você tem um ótimo currículo e deveria desenvolver mais a sua questão
social.

— Irei me esforçar.

Minto para que ela me deixe em paz e possa sair dessa sala. Pela forma
como me encara, não acredita em mim. Droga!

— Você deveria fazer aulas de teatro, ajudaria no seu desenvolvimento.

— Vou pensar.

Eu não vou fazer.

— A matrícula para as aulas de teatro não está aberta, mas eu falei com a
professora e ela irá abrir uma exceção para você.

Fecho meus olhos rapidamente e respiro fundo e quando volto a abri-los,


Gemma está me encarando determinada. Eu não tenho alternativas.

— Eu não tenho alternativas, não é?

— Não se você quiser recomendação para estágios.

Eu não posso me formar sem estágio e sem recomendação dos professores é


quase impossível conseguir alguma vaga.

— Ok, eu farei as aulas.

Ótimo, ela sorri, abaixa sua cabeça e pega um papel em sua mesa, em
seguida me entrega. É um formulário para a aula de teatro e na parte
inferior do papel, há o nome da professora, e-mail, os dias e local da aula.

A primeira aula é agora.

— Como você pode ver, a aula está prestes a começar.

Sorrio.
— Talvez seja melhor não ir hoje, afinal não será legal chegar atrasada.

Forço-me a parecer gentil, porém Gemma segue me encarando com um


olhar irredutível.

— A professora estará esperando por você.

Assinto, eu posso fazer algo? Não consigo pensar em nada.

— Melhor eu ir logo.

Dessa vez, não há como vencer. Gemma assente e sorri.

— Você é ótima, Dakota, apenas precisa deixar que as pessoas te conheçam.

Mostro meus dentes em um sorriso completamente fingido e aceno para ela.

— Tchau, professora Reese.

— Tchau, querida.

Viro-me, subo os degraus e caminho na direção da saída com um sorriso


falso e pensando em algum modo de fugir dessa maldita aula. O fato é que
não posso não fazer, não quando os professores estão me pressionando,
talvez se fizer algumas aulas e interagir mais com outras pessoas seja
liberada desse mártir.

Sigo para meu carro, um civic antigo e respiro fundo. Eu tenho bolsa e não
posso perdê-la, isso significa que preciso manter minhas notas altas e os
professores ao meu lado, uma reclamação, ou um porém deles e minha
bolsa pode ser reconsiderada, além disso preciso começar a estagiar.

Suspiro e dirijo para o prédio de artes cênicas. Deixo meu carro no


estacionamento e caminho rapidamente na direção da sala, ou melhor do
auditório. Espero que a aula não tenha começado e espero não chamar a
atenção, não gosto de ser o centro das atenções.

Para meu desespero, não há ninguém na parte de fora do auditório e a porta


está fechada. A aula já iniciou. Suspiro e abro a porta, um grupo de pessoas
estão sentados no chão do palco, uma mulher loira, com algumas mechas
verdes, fica em pé e acena para mim, eu retribuo o gesto enquanto me
aproximo do grupo.

— Olá, Dakota, eu estava esperando por você.

É a professora e ela soa animada, então forço um sorriso.

— Olá e desculpa o atraso.

Foco meu olhar na professora, mas sinto os olhares sobre mim. Eu coro e
continuo caminhando na direção do grupo.

— Recém iniciamos, ainda nem começamos as apresentações.

Ótimo, terá apresentações. Eu gostaria de cavar um buraco no chão e sumir


assim como o Pernalonga[1] faz nos desenhos animados. Aproximo-me,
subo no palco e a mulher simpática me aponta um lugar no chão.

— Sente-se.

Assinto e olho para baixo, deparo-me com os rostos dos meus colegas. É
uma turma para iniciante e amadores, pelo menos não é ninguém que
entende de atuação. Não serei julgada pela minha incapacidade de atuar.
Os rostos são desconhecidos para meu alívio, sorrio gentilmente e me sento
no lugar indicado pela professora.

A professora está se abaixando para se sentar em seu lugar quando ouvimos


o som da porta sendo aberta, ela volta a

ficar totalmente em pé e eu olho para o intruso, estou longe e não consigo


enxergar seu rosto.

— Opa, desculpa pelo atraso.

Essa voz não é desconhecida. Meu coração dispara. É

apenas parecida, pessoas aleatórias e diferentes têm vozes quase iguais.


— Não se preocupe, nós ainda nem fizemos nossas apresentações.

O cara que está de boné se aproxima e a primeira coisa que consigo


distinguir é que é um boné de beisebol e do time da universidade, Crimson
Tide. Deus, por favor não seja ele. Eu sou uma boa garota e não mereço
esse carma.

Ele se aproxima e meu coração para em meu peito. É ele.

O maldito Josh Dawson. Merda, milhões de vezes merda. Eu devo ter feito
algo muito ruim na vida passada.

Olho em frente e me recuso a encará-lo. O pior de tudo é que nosso


encontro há dois anos volta a ecoar em minha mente e o ódio que sinto do
babaca vibra em meu peito.

— Eu estava em uma reunião com meu treinador.

Quase deixo um som de desdém sair da minha boca.

Imbecil! Arrogante que acredita que o mundo gira ao seu redor.

— Sem problemas, Josh, sente-se.

Há um lugar vazio ao meu lado, por favor, aqui não.

Universo está decidido a me punir, a professora indica o lugar ao meu lado.


Fecho meus olhos e respiro fundo. Meu dia está mesmo destinado a ser
horrível?

Escuto seus passos e o sinto se sentando à minha esquerda, abro meus olhos
e encaro a professora. Estou tensa e me recuso a olhar para o Josh, respiro
devagar como se isso fosse me evitar mais problemas.

— Estamos todos aqui e podemos iniciar a aula.

Enquanto a professora se apresenta e fala um pouco do curso, sou atingida


pelo perfume do cara ao meu lado. O mesmo idiota que me disse aquelas
grosserias há dois anos, descobri um tempo depois que ele é Josh Dawson,
o jogador de beisebol, se tornou popular rapidamente e é conhecido como
Estrela do Alabama. Uma estrela apática e sem brilho.

Eu não deveria guardar rancor e normalmente não guardo, mas dele eu


tenho e muito. Josh e Ryan ocupam todo o espaço

em mim existente para o desprezo.

Concentro-me na professora que se chama Dayse Hampton, ela frisa que


devemos chamá-la apenas de Dayse e diz que todos iremos aprender muito
em suas aulas. Ela é uma pessoa alegre e comunicativa, um fato que reflete
nas suas roupas coloridas.

— Bom, agora é o momento de vocês se apresentarem. —

Sorri animada e ninguém parece muito entusiasmado. — Você primeiro.

Aponta para a menina ao seu lado, a garota suspira, seu rosto fica vermelho,
mas ela se apresenta. Em seguida, o garoto ao seu lado se apresenta e assim
por diante até a minha vez.

— Meu nome é Dakota Evans, sou de Montgomery, estudo pedagogia para


ser professora das séries iniciais, tenho 20 anos e estou aqui na aula de
teatro para melhorar as minhas relações interpessoais.

Sinto o olhar do idiota sobre mim, mas não olho para ele.

Olho para todos e sorrio, menos para ele.

— Bem-vinda, Dakota.

Assinto para Dayse.

— Obrigada.

Os outros colegas acenam em minha direção e retribuo com o mesmo gesto.


Ótimo, estou interagindo como outras pessoas exatamente como a
professora Gemma queria, será que está bom?
— Você é o próximo.

Dayse faz um gesto na direção de Josh. Mais uma vez, controlo-me para
não olhar em sua direção. Não preciso encarar esse idiota, egocêntrico e
imbecil.

Minha consciência, novamente, acusa que não deveria guardar rancor, mas
foda-se.

— Meu nome é Josh Dawson, sou de Birmingham, estudo nutrição, mas


meu objetivo é ser jogador profissional de beisebol, tenho 20 anos e estou
aqui na aula de teatro porque estou precisando de horas.

Eu vejo o brilho no olhar de algumas garotas e reviro meus olhos, se elas


soubessem que ele é do tipo que as descarta como lixo, não olhariam para
ele dessa forma, ou talvez sim, nem todas se importam com serão tratadas e
sim com o status que estar com Josh pode trazer.

— Ótimo. — A professora fica em pé. — Obrigada pelas apresentações,


agora ficaremos em pé e faremos alguns exercícios.

Eu fico em pé assim como meus colegas, nós continuamos em um círculo.

— Nós iremos nos alongar, porque é importante estarmos relaxados.

Enquanto reproduzimos os mesmos exercícios de alongamento que ela,


Dayse nos explica o porquê precisamos estar relaxados, está relacionado
com cordas vocais, desenvoltura, timidez e um monte de outras coisas.

— Perfeito. — Para com os alongamentos e fizemos o mesmo. — Agora,


nós precisamos nos conectar com nossos colegas, então vamos nos dar as
mãos e fazer alguns exercícios de respiração, afinal na apresentação de
peças teatrais, é importante as pausas e respirar corretamente.

Merda, merda, merda! A minha vida parece estar piorando a cada segundo.
Todos seguram na mão do colega do lado, eu entrelaço meus dedos na
garota à minha direita, mas continuo sem tocar no babaca ao lado.
Meu coração está acelerado e rezo para que ele simplesmente não queira
segurar na minha mão, sei que minha oração não foi ouvida quando o sinto
se aproximando da minha orelha.

— Eu não mordo, querida.

Querida? Querida, é o caralho. Viro-me para o lado e o encaro com ódio,


ele se afasta e seu olhar encontra com o meu, e então vejo reconhecimento
na sua expressão. Ele só se deu conta de que não é a primeira vez que
cruzamos um com o outro nesse momento. Ele é tão idiota que ainda
consegue me surpreender.

— É claro que você não tinha me reconhecido.

Sussurro apenas para que ele escute, ele me encara surpreso.

— Você!?

Sorrio debochada.

— É um desprazer rever você.

Apenas de olhar para Josh, suas palavras voltam a ecoar em minha mente.
Não estou procurando um relacionamento e muito menos garotas
apaixonadas e românticas atrás de mim.

Sua expressão de surpresa some e ele sorri debochado.

— Você não deveria guardar rancor do que aconteceu há dois anos.

— Quem você pensa que é para me dizer que não devo guardar rancor?

Claro, ele pensa que é o rei do universo. Ele abre a boca para me responder,
mas somos interrompidos pela professora.

— Vamos iniciar.

Viro-me em frente e o imbecil pega minha mão e une meus dedos aos seus.
Ódio triplica em meu peito e me pergunto como irei suportar duas aulas por
semana com esse idiota, talvez eu acabe comento um homicídio.

Josh

Desde que eu cheguei, a ruiva ao meu lado me chamou a atenção e agora,


entendi o porquê, é a garota daquele dia. O seu perfume está ao meu redor
desde que cheguei, ele é doce, lembra ao cheiro de flores, e é achei familiar,
porém achei que fosse por ser comum, mas não, é porque é ela.

A garota daquele dia.

Entrelaço sua mão com a minha e sinto em minha pele uma sensação de
choque, como se uma eletricidade estivesse percorrendo meu braço, e meu
corpo. Aqui está o que tentei evitar

naquele dia, a conexão estranha que sinto ao tocá-la, a sensação de estar


sendo puxado na sua direção. É como se nós dois fôssemos imãs.

Faz dois anos daquela noite e alguns dias ela ainda volta à minha mente, e
agora ela tem nome. Dakota Evans. Maldito momento que acreditei que
fazer teatro seria conquistar horas fáceis.

Péssima ideia, e se eu voltar atrás? Mas preciso de horas e não conseguirei


me matricular em mais nenhuma outra aula, além do mais não pode ser tão
complicado dividir uma aula com Dakota, nós podemos nos evitar e apenas
coexistir um com o outro.

— Todos respirando comigo.

Olho para professora e tento imitar seus movimentos.

Ignoro a garota ao meu lado e me concentro em respirar da maneira correta.


Minha mente é uma merda, porque mesmo evitando, continuo pensando em
Dakota e imagens daquela noite voltam em meus pensamentos, empurro-as
para longe, entretanto seguem insistindo em aparecer em minha cabeça.

Eu fui um babaca, mas não poderia ser amigável, não poderia deixar que ela
insistisse, porque cederia. Porra, eu estava miserável naquele dia e ela fez
meu humor mudar, ela me fez esquecer de tudo e sorrir, não sorria há dias.
Dakota fez com que meu coração voltasse a bater e quando acordei com ela
em minha cama, eu soube que precisava a manter distante, nunca poderia
saber seu nome, ou dar a oportunidade de nos tornamos amigos. Precisei
ser um idiota.

Mesmo depois de dias, depois da noite que compartilhamos, eu ainda


pensava nela, em seus olhos, no seu toque e principalmente em seu sorriso.
Ela é um perigo, ela é exatamente o que tenho evitado.

A professora encerra o exercício e diz que podemos soltar as mãos um do


outro, faço imediatamente e sinto falta do seu contato. Minha vontade é me
virar para o lado, observá-la e fazer alguma piadinha, talvez conseguir a
irritar, afinal ela fica linda irritada, mas não faço, porque um alarme soa em
minha mente.

Manter a distância.

Dayse inicia um pequeno discurso sobre como devemos ter segurança e


como devemos nos sentir protagonistas da nossa própria vida. Ela até faz
um exercício onde devemos fechar

nossos olhos e nos imaginar como um Sol, é patético e preciso me controlar


para não rir enquanto mantenho meus olhos fechados.
Não converso com a garota ao meu lado, não olho para ela e faço de tudo
para ignorar sua existência. Ela é apenas uma desconhecida. Preciso repetir
essa frase a mim mesmo mais vezes do que gostaria, principalmente quando
seu perfume me atinge.

Droga, faz dois anos... ela deveria ter trocado de perfume.

A aula parece durar uma eternidade, não sei se é pelo meu estado de
espírito, ou se realmente é um tédio. Assim que a professora encerra, pego a
mochila que deixei no chão e saio do palco. Não falo com ninguém e
caminho na direção da porta. Não vim fazer amigos, nem interagir, só
preciso das minhas horas.

Meu celular vibra em meu bolso, então apoio meu corpo contra a parede ao
lado da porta e pego o aparelho. É uma mensagem de Ethan em nosso
grupo, ele está lembrando Aiden que hoje é o seu dia de fazer o almoço. Se
nós não o avisarmos, ele esquece por conta do TDAH. Ele ainda não
respondeu, mesmo assim, envio uma mensagem e o marco.

“Espero que você esteja inspirado, porque estou morrendo de fome.”

— Você é sempre assim?

Desvio o olhar do celular e ergo minha cabeça. Deparo-me com Dakota


deixando a sala e parando logo à minha frente, ergo minhas sobrancelhas e
ela sorri debochada.

— Mal-educado, nem um tchau, ou até logo.

Mesmo com uma expressão debochado em seu rosto, ela é fofa e doce, ela é
como uma princesa dos contos de fadas. Dou de ombros.

— Não estou aqui para fazer amigos como você.

Sorrio e ela faz uma careta.

— Sempre tão gentil.


Há raiva em seus olhos. É claro que ela guarda rancor do que aconteceu no
passado, se eu fosse ela, também guardaria.

— Eu fui gentil com você. — Dou um passo em frente e me aproximo dela.


— Quando estava dentro de você.

Suas bochechas assumem um tom de vermelho e a raiva em seus olhos se


intensifica.

— Você é um idiota.

Quero a manter longe, quero que ela realmente acredite que eu sou um
idiota, mas há algo sobre provocá-la que faz uma sensação de satisfação
vibrar em meu peito.

— Não é a primeira vez que você me diz isso, princesa.

Se um olhar fosse capaz de matar, eu estaria morto nesse momento.

— Espero que alguém acerte uma daquelas bolas de beisebol em sua cabeça
e você sangre até morrer.

Ela deveria soar ameaçadora, porém ela é tão adorável que preciso me
controlar para não rir. Dakota percebe e revira seus olhos, ela se vira
ficando de costas para mim e se afasta enquanto resmunga uma série de
xingamentos. Não é a primeira vez que sou xingado por uma garota.

Observo-a caminhar pelo corredor, ela é bonita e mantenho meus olhos em


sua bunda. Perco-a de vista, então me afasto da parede e também sigo para
a saída.

Eu vou até o estacionamento, entro no meu Jeep e como não tenho aula pela
tarde, dirijo para casa. Espero que hoje Aiden esteja inspirado para
cozinhar.

O som está ligado em uma rádio qualquer e toca uma música pop, uma
música que me lembra a Dakota, ela tem cara de quem gosta do estilo
musical. A garota que por muito tempo não teve nome, agora tem um,
Dakota, e combina com ela.
Se fechar meus olhos e forçar minha mente, eu posso sentir o gosto dos seus
lábios.

Balanço minha cabeça e foco meus pensamentos em outra coisa. Antes da


aula de teatro, eu estive com meu treinador, nós conversamos sobre os
objetivos do time esse semestre e sobre a próxima temporada, como sempre
trabalharemos para ganhar o College World Series[2], nós ainda não temos
um título, mas estamos trabalhando arduamente por isso, e é com esse
intuito que mesmo longe do início da temporada, iremos iniciar os treinos e
os amistosos.

Eu como capitão do time irei fazer o meu melhor, darei tudo de mim.

Não demoro a chegar em casa, deixo o carro estacionado na entrada, pego


minha mochila e caminho na direção da entrada.

As vozes vindas da cozinha denunciam que os caras estão aqui, vou até lá e
os encontro cozinhando, melhor Aiden está

cozinhando, enquanto Ethan e Dylan estão sentados de frente para a ilha


que ocupa o meio do cômodo.

— O que você prefere ser mordido por um tubarão ou ser picado por mil
formigas ao mesmo tempo?

Olho para Ethan com as sobrancelhas erguidas.

— Qual motivo da pergunta?

Sorri debochado.

— Estamos em um dilema.

Eu vou até ele, jogo minha mochila no chão e me sento ao lado de Dylan.

— A mordida do tubarão pode ser em qualquer parte do corpo?

Os três me encaram sem saber como me responder e sorrio vitorioso.


— Nós não tínhamos pensado nisso.

Aiden confessa.

— Sempre soube que sou o mais inteligente de nós quatro.

Ethan revira seus olhos e Dylan faz uma careta.

— Eu sou o mais inteligente.

Balanço a cabeça negando.

— Você é o mais sensível, Dylan.

— Você é o mais idiota.

Dylan resmunga e dou de ombros.

— Você não é a primeira pessoa que me chama de idiota no dia.

— O importante é que eu sou o mais bonito.

Aiden se vangloria e no mesmo instante Ethan fica em pé.

— Eu sou o mais bonito e o mais aclamado.

Abre os seus braços e em seguida a ponta para si mesmo.

Às vezes, eu acho que ele realmente acredita que é um deus.

— Ethan, você é ridículo.

Meu melhor amigo desde a infância simplesmente ergue o dedo do meio em


minha direção e segue rindo.

— Como as garotas podem gostar dele?

Dylan me pergunta e faço uma careta.


— Eu me pergunto todos os dias como ele e Aiden conseguem ser tão
populares.

— Eu sou uma ótima pessoa.

Nós três discordamos de Aiden e entramos em uma discussão de qual de


nós três é o melhor.

— Talvez, devêssemos fazer uma pesquisa de opinião.

Ethan sugere, ele realmente está convencido de que é o melhor.

— Uma enquete no Instagram.

Embarco na sua ideia, podemos estar apenas nos provocando e zoando,


porém não temos limites. Nunca tivemos e não será agora que passaremos
a ter.

— É óbvio que o vencedor será o dono do Instagram.[3]

Aiden está certo e uma ideia surge em minha mente.

— Vamos criar uma conta e podemos divulgar em nossos storys. — Dou de


ombros. — É o mais justo.

Meus amigos concordam e começamos a fazer a nossa conta na rede social,


usamos a maneira como chamados na universidade, Estrelas do Alabama,
nós fizemos a enquete, quem é o mais incrível de nós quatro, divulgamos
em nossas contas individuais e claro que incentivamos a votarem em nós.

Aiden termina o almoço, sentamo-nos os quatro ao redor da ilha e


almoçamos. Assim que acabamos, eu começo a limpar a

cozinha, porque é a minha vez. Meus amigos ficam assistindo e seguimos


acompanhando nossa enquete, nós já temos mais de dois mil seguidores e
Dylan está ganhando, Ethan está em segundo, depois Aiden e eu sou o
último.

— Não estou entendendo o porquê estou perdendo.


Resmungo e Ethan aponta seu dedo em minha direção.

— Deve ser, porque você já quebrou o coração da metade das garotas do


campus.

Balanço minha cabeça negando, porém há um sorrisinho debochado em


meu rosto.

— Isso é uma calúnia contra minha pessoa.

Eu não tenho culpa se elas são iludidas.

— Você é tão idiota.

Dou de ombros e não me sinto nem um pouco culpado, melhor elas do que
eu, além do mais não é exatamente como eles estão falando.

— Sempre deixo claro que é apenas sexo, aliás elas conhecem minha
índole, por que insistem em achar que irei mudar?

Não é como se eu prometesse o mundo para elas, entretanto elas sempre


esperam mais, talvez, atraia mulheres assim.

— Isso é uma ótima pergunta, inclusive acho que irei usar para o meu
trabalho de conclusão de curso. — Ethan debocha. —

Por que continuam caindo na conversa de Josh mesmo sabendo da sua fama
de sem-coração?

Sorrio.

— Se conseguir uma resposta, por favor compartilhe comigo.

Nós continuamos a conversa por mais um tempo até que meus amigos me
abandonam para irem jogar videogame na sala.

Eu termino de limpar, pego minha mochila e subo para meu quarto.


Retiro o meu celular do meu bolso, deixo a mochila sobre a mesa de
estudos e me jogo na cama. Abro o perfil da minha irmã e a envio uma
mensagem.

“Hey, como você está?”

Ela me responde imediatamente.

“Bem e você?”

“Estou bem, eu conversei com nosso pai ontem...”

Respiro fundo, sento-me no colchão com as costas apoiadas na cabeceira e


passo minha mão livre pelos meus cabelos. John Dawson me enviou uma
mensagem e pediu para que eu conversasse com minha irmã rebelde,
porque ele claramente não tem tempo para fazer isso, assim como a idiota
da sua mulher.

“Ele enviou mensagem fazendo fofoca, não é?”

“Ele me disse que você fez mais uma tatuagem e está chegando em casa
pela madrugada bêbada.”

Ele utilizou a palavra chapada, mas é melhor não contar isso para Tessa.

“Eu estou apenas me divertindo.”

“Cuidado, Tessa, não faça besteiras apenas para desafiar seus pais.”

Eu posso imaginar o porquê das escolhas da minha irmã, só queria que ela
entendesse que vivendo dessa maneira, seus pais ainda estão vencendo.

“Eu não estou fazendo nada demais, o único problema é que não estou
sendo a filha perfeita que eles esperam que eu seja.”

Encaro o aparelho procurando as palavras certas, não sou o melhor em


conselhos. Uma parte minha inclusive queria incentivar minha irmã a
continuar desafiando seus pais, os idiotas com certeza merecem, porém, a
parte racional que existe sabe que se ela está apenas sendo rebelde, ela está
se prejudicando também, vivendo de qualquer forma em função deles.

“Faça apenas o que é melhor para você, Tessa.”

Ela demora a me enviar uma nova mensagem e quando faz, me surpreendo


com o que está escrito.

“Eu fui aceita na universidade, Josh.”

Tessa terminou o ensino médio no semestre passado e se recusou a entrar na


faculdade, um claro desafio aos seus pais e estou realmente surpreso com
sua decisão.

“Qual universidade você irá escolher?”

Tessa é inteligente e tem escolhas, uma parte minha quer que ela venha para
Tuscaloosa, ela é a única pessoa da minha família que me importo e
gostaria de tê-la por perto.

“Eu vou para Tuscaloosa.”

Sorrio animado e pelos próximos minutos conversamos sobre a


universidade. Estou feliz com sua escolha. Ela se

despede de mim, porque irá encontrar uma amiga, eu continuo com o


celular em mãos, então abro o Instagram e procuro pelo seu nome, Dakota
Evans.

Apesar do tempo com meus amigos e com minha irmã, lá no fundo da


minha mente, ainda continuo pensando nela.

Encontro sua conta e fico um tempo vendo as suas fotos.

Ela é só uma garota normal, por que ela me chama tanta a atenção?
Dakota

Uma semana de aula e já estou precisando de férias, como a universidade


tem a capacidade de sugar sua alma? Caminho pelo corredor, buscando todo
ânimo existente em mim, porém é difícil, primeiro porque será a minha
segunda aula de uma manhã de quinta-feira e segundo porque será a terceira
aula de teatro.

A segunda aula foi tão chata quanto a primeira, porém para minha sorte,
não me sentei ao lado de Josh e nem fui obrigada a interagir com ele, por
mais que tenha sido difícil, evitei até mesmo

olhar para ele. Eu agi como se ele não existisse e espero conseguir fazer o
mesmo hoje.

Eu entro na sala e como nas outras aulas, estou atrasada, a culpa não é
minha, a culpa é da minha primeira aula que é do outro lado do campus.

— Hey, Dakota.

Sorrio e a respondo assim que estou perto o suficiente para ela me ouvir,
minha voz não é tão alta quanto a sua.

— Hey, professora Dayse.


Ela está sorridente e está usando um dos seus vestidos coloridos, semana
passada ela usou um verde e um vermelho, hoje ela está de azul.

— Só faltava você.

Ela não está me acusando, mesmo assim sorrio, um sorriso forçado.

— Desculpe, minha aula anterior a essa é um pouco longe.

Segue sorrindo compreensiva. Meu Deus, essa mulher é a rainha do bom


humor!

— Desculpa, querida, hoje nós iremos continuar trabalhando em círculo em


um primeiro momento.

Posiciono-me no círculo ao lado de uma garota, cumprimentamos com um


sorriso e a professora inicia os exercícios, primeiro os focados em oratória e
depois os de desenvolvimento de autoestima, afirmamos que somos o Sol,
os protagonistas das nossas vidas, pessoas únicas e especiais. Eu me sinto
envergonhada de fazer o que estou fazendo, e miserável.

Depois de alguns minutos, fazendo alguns gestos bastante constrangedores,


a professora para, sorri e deixa suas mãos apoiadas em sua cintura.

— Hoje, nós iremos fazer algo que ainda não fizemos. —

Faz uma pausa para criar uma expectativa. — Conhecermos um ao outro.

Seus olhos estão brilhando, seus lábios curvados em um sorriso imenso, ela
realmente está empolgada. Olho para meus colegas e nem um compartilha a
animação da professora.

— Vamos nos dividir e nos sentarmos um de frente para o outro, faremos


rodadas de cinco minutos e quero que vocês falem de qualidades, defeitos,
hobbys e todos devem conversar entre si, cada vez que meu apito soar,
vocês devem trocar de dupla.

Continua nem um pouco abalada pelo nosso desânimo.


Após sua última palavra, leva o apito até sua boca e o som ecoa pelo
ambiente. Demoramos alguns segundos, até enfim começarmos a procurar
alguém para conversarmos e assim que achamos, nos sentamos e iniciamos
o bate-papo forçado.

A primeira pessoa com que converso é uma garota da administração, ela


assim como eu não é muito boa de interação e ficamos cinco minutos
tentando encontrar um assunto em comum.

Somos péssimas. É um alívio quando o apito soa, rapidamente ficamos em


pé e procuramos pela próxima dupla.

A segunda é mais extrovertida e conduz nossa conversa, ela faz direito, é de


uma cidadezinha pequena, não tem irmãos e ama cozinhar. Eu realmente
gosto de conversar com ela.

Conforme os minutos vão passando, eu vou me soltando e consigo manter


boas conversas. Descubro que uma das meninas ama livros e filmes de
romance e nos empolgamos no assunto.

Um dos caras me chama para sair e eu nego, outro me conta que é gay, e o
último fala do seu gato.

O apito soa, despeço-me do meu colega e fico em pé, procuro por alguém
que ainda não conversei, mas não encontro.

— É a última rodada, ou seja, existe uma única pessoa para cada um.

Respiro fundo e entro em negação. Ele não, ele não, ele não. Um arrepio
sobe pelo meu corpo ao mesmo tempo que escuto sua voz.

— Somos você e eu, princesa.

O idiota teve coragem de me chamar de princesa. Como não posso


simplesmente sair correndo, viro-me e fico de frente para ele. Sento-me e
fico analisando minhas unhas. Continuarei fingindo que ele não existe e
evitando olhar em sua direção, como eu fiz até agora.
— Pontualidade não é uma das suas qualidades. — Sigo em silêncio,
embora minha vontade seja xingá-lo. — Nós deveríamos conversar e nos
conhecer.

Dou de ombros.

— Eu não quero conhecer você.

Continuo fitando minhas unhas, elas estão precisando de um esmalte novo,


talvez deva pintá-las de rosa.

— Não acho que temos uma escolha.

Sorrio debochadamente.

— Eu conheço você o suficiente, um idiota que se acha o rei do universo.

— Do universo não, mas da Universidade do Alabama meio que sim.

Inacreditável! Ergo minha cabeça e ele tem os braços cruzados e me encara


com um olhar divertido.

— Tudo isso pelo título ridículo que associam a você e a seus amigos?

Enruga seu nariz, como se estivesse pensando. Como se ele fosse capaz de
pensar...

Balança a cabeça negando.

— Não apenas isso. — Ergue sua mão e começa a enumerar os motivos por
quais se considera um rei. — Um todos me conhecem, dois tenho muitos
fãs, três as garotas me amam e os cara me bajulam.

Reviro meus olhos.

— Você é ridículo, Josh.

Abaixa sua mão e o seu sorriso se desfaz.


— E você, Dakota? — Ergo minhas sobrancelhas. — Você se considera
uma rainha?

Olha em meus olhos como se estivesse me analisando.

Faço uma careta, o que ele está querendo dizer? Melhor onde ele quer
chegar?

— Não sou uma maluca egocêntrica como você.

Sorri, um sorriso irônico e uma sombra estranha surge em seu olhar. Qual o
problema desse garoto?

— Você é perigosa.

— Eu sou perigosa?

Pergunto incrédula e ele assente.

— A garota que aparenta ser romântica, gente boa, sorridente e ingênua.

Odeio a forma como ele se refere a mim, como se me conhecesse. Ele não
sabe nada sobre mim.

— Você não me conhece. — Ele apenas segue me encarando. — Você é


maluco.

Nós dois ficamos em silêncio e volto a olhar para minhas unhas, sinto seu
olhar sobre mim, mas continuo ignorando o maluco.

— Você deveria desistir dessa aula.

Paro por alguns segundos, o que ele falou? Ele falou essa merda mesmo?
Olho para cima e o fuzilo.

— O que você está querendo dizer?

— Desista dessa aula, não nos suportamos, então é melhor nos evitarmos.
Sorrio incrédula.

— Desista você.

Quando eu acho que ele não pode piorar, ele consegue me provar que estou
errada.

— Eu preciso mais dessas horas que você.

Suspira, como se não estivesse me pedindo nada demais.

— Por que você não me suporta, Josh?

Não desvio os olhos dos seus. Eu tenho motivo para não o suportar, porém
eu nunca fiz nada para esse maluco.

— Tenho meus motivos.

Cruzo meus braços assim como ele e o encaro com meu olhar mortal.

— Josh, se você quiser, você desista, eu não vou desistir por causa de um
idiota como você.

O apito soa, mas continuo sentada, assim como o idiota a minha frente.
Fuzilamo-nos através dos nossos olhos.

— Não vou desistir.

Dou de ombros e sorrio.

— Eu também.

— O exercício terminou, pessoal.

Olho uma última vez para Josh, com todo desprezo que há em mim, e fico
em pé.

— Tenha um péssimo dia, Josh Dawson.


Viro-me e me afasto do babaca. Quem ele pensa que é para me pedir para
desistir de algo? Egocêntrico, idiota, tolo, imbecil... falta adjetivos no meu
vocabulário para o xingar.

A professora usa o restante da aula para falar sobre a parte teórica do teatro,
eu não consigo assimilar muito do que ela está falando, porque estou com
muita raiva e tudo que consigo fazer é encarar Josh e desejar socar seu rosto
bonito.

Por que ele tem que ser bonito? Cabelos loiros, olhos escuros, maxilar
quadrado e marcado, uma mistura de Ken[4] com badboy.

Assim que Dayse diz que estamos liberados, eu pego minha mochila e
caminho para a saída. Tudo que eu quero é fingir que essa manhã nunca
existiu.

Sigo para o estacionamento e entro em meu Honda Civic[5].

A raiva ainda está vibrando em meu peito e respiro fundo. Aquele idiota
não merece nem meu ódio, eu preciso continuar ignorando sua existência,
como fiz na aula passada.

É exatamente isso que eu farei, irei o ignorar e será como se nem


estivéssemos no mesmo ambiente.

Como hoje é terça, dirijo para o lar de idosos. Toda terça-feira eu vou até o
Sweet Home e almoço com os senhores e senhoras, a maioria deles quase
não recebe visitas e ficam alegres com a minha presença.

Eu comecei a fazer as visitas em um lar de idosos em Montgomery para


receber pontos para a admissão na faculdade e gostei mais do que achei que
iria gostar. Os senhores e senhoras amam conversar, sempre tem histórias
para compartilhar e em cada visita sempre acabo rindo muito.

Deixo o carro no estacionamento e sigo para o prédio, na entrada a


recepcionista sorri para mim e aceno para ela. Eu sigo
até a sala de convivência onde a maioria sempre está, encontro ela cheia,
algumas senhoras estão fazendo seus crochês, alguns estão jogando xadrez
e damas, e outros estão ao redor de uma mesa redonda jogando carteado.

Eles sorriem e acenam na minha direção, eu vou até alguns, recebo abraços
e beijos, e até algumas reclamações, do tipo “minhas costas estão doendo”,
outros o problema é a hérnia de disco.

Phillip, um senhor de cabelos brancos e um dos meus preferidos, me chama


para ir jogar damas com ele e eu vou, sento-me na cadeira à sua frente e
uma mesa com o tabuleiro fica entre nós.

— Hey, querida.

Sorri animado.

— Hey, Phillip, tudo bem?

Faz um tempo que fui proibida de chamá-lo de senhor.

— Tudo sim e com você?

Suspiro e mordo meu lábio inferior. Não são apenas eles que desabafam
comigo, eu também desabafo com eles.

— O senhor era do tipo babaca quando jovem?

Ele faz sua primeira jogada e seus olhos me analisam.

— Defina babaca?

Faço minha jogada enquanto o respondo.

— Do tipo que trata mal uma garota.

Faz uma careta.

— Eu não trataria uma garota mal, ainda mais se ela fosse bonita.
Confessa e reviro meus olhos. Phillip tem oitenta anos e foi casado quatro
vezes, ele com certeza foi um cafajeste quando mais novo, além do mais ele
foi um jogador de futebol americano.

Atletas e suas índoles duvidosas.

— Vocês homem são um problema, sabia?

Ele ri e balança a cabeça de um lado para o outro.

— Qual motivo da sua aversão repentina a homem?

— Há um idiota sendo um idiota comigo.

Segue rindo e faz um sinal com a mão para que eu conte mais, então eu
faço. Faço um breve resumo da minha relação com Josh.

— Eu acho que ele tem medo de você.

Uma risada irônica escapa entre meus lábios.

— Medo de mim? Eu sou inofensiva.

Phillip me encara com um olhar que diz que eu não sei de nada sobre a
vida.

— Talvez, ele tenha medo de se apaixonar por você.

Balanço minha cabeça negando.

— Nós ficamos apenas uma vez, ele não iria se apaixonar por mim em um
único dia.

Phillip continua me encarando com seu olhar superior.

— Mas poderia ter sentido que se apaixonaria por você. —

Enrugo minha testa e mordo meu lábio inferior. Não faz sentindo algum, ou
faz? — Ou você desperta algum dos seus medos, ou lembre alguém, ou ele
seja do tipo que não acredita em você.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Não acredita em mim?

Essa conversa está confusa e Phillip parece estar falando por códigos, um
código que não estou entendo.

— Você é diferente, Dakota, você tem um brilho, uma leveza, você poderia
ser uma protagonista de um conto de fadas, uma princesa. — Engulo em
seco, porque é como Josh me

chamou quando nos conhecemos e hoje. — Nem sempre é fácil acreditar


que pessoas como uma aura tão boa realmente existam.

Ele faz sua jogada e encaro o tabuleiro. Suas palavras ainda são confusas e
continuo não entendo o porquê Josh foi e é tão idiota comigo.

— Sabe, o idiota não merece que nós dois perdemos nosso precioso tempo
falando sobre ele, vamos mudar de assunto. — Faço minha jogada e ergo
meus olhos até o seu rosto. — Me conte sobre você quando era jovem.

— Eu ainda sou jovem.

Controlo-me para não rir.

— Claro.

— O que importa é alma, garota.

Nisso eu concordo com ele e por isso apenas assinto.

Pelos próximos minutos enquanto jogamos, Phillip me conta sobre seus


casos de amor e sobre como era um cafajeste.

— Você era um idiota, Phillip.

— Eu era solidário, tinha Phillip para todas.


Nós rimos e continuamos o jogo, Phillip como sempre ganha, então vamos
para o refeitório, nós pegamos nosso almoço

e nos juntamos a um grupo de senhores e senhoras que estão ocupando uma


das mesas espalhadas pelo lugar.

É um almoço repleto de histórias e risadas e meu rosto está doendo de tanto


que eu rir quando deixo o lar. É bom estar com eles, porque me faz esquecer
do Josh e da nossa conversa desastrosa de mais cedo.

Após deixar o lar, eu vou para minha aula de Psicologia Educacional e


assim que ocupo uma cadeira, escuto as meninas à minha frente
conversando sobre as Estrelas do Alabama, curvo meu corpo para frente e
tento escutar sobre o que estão falando.

Elas estão olhando uma foto deles, no Instagram do jogador de hóquei, não
as conheço, mas quando elas falam que Josh é o mais bonito, reviro meus
olhos e não consigo me controlar.

— Ele é um idiota.

As duas olham para trás.

— Você o conhece?

Sorrio debochada.

— Sim, nós tentamos ficar, mas não aconteceu, porque ele não deu conta.

As garotas me encaram surpresas e uma sensação satisfatória ecoa em meu


peito.

— Ele brochou?

Suspiro, deixo que uma expressão desolada tome conta do meu rosto e
assinto.

— Infelizmente.
Josh

Entro no auditório onde acontece as aulas de teatro e procuro por ela, claro
que Dakota não está aqui, porque sempre chega atrasada.

A professora nos orienta a nos sentarmos nas cadeiras de frente para o


palco, porque hoje aprenderemos algumas teorias sobre a arte de
interpretação. Escolho uma das poltronas da ponta e do lugar sou capaz de
enxergar a entrada, eu quero ver Dakota quando ela chegar. Quero olhar em
seus olhos. Quero que ela saiba que eu sei da sua mentira.

Dakota parece ingênua e inofensiva, mas inventou que eu brochei. Isso


nunca aconteceu comigo e agora tem garotas duvidando da minha
capacidade sexual. Há dois dias recebi uma mensagem em meu direct de
uma das minhas seguidoras me perguntando se Dakota Evans estava
falando a verdade quando disse que eu não tinha dado conta, é claro que
desmenti, mesmo assim o boato está rolando pela universidade.

É uma questão de tempo até meus amigos e meus colegas de time ficarem
sabendo. O que ela estava pensando quando criou essa mentira? Eu tenho
uma reputação a zelar. A maioria das pessoas pode não acreditar, mas uma
parcela usará dessa mentira para me difamar. E se os times rivais ficarem
sabendo?
Deus, eu estou prestes a me tornar uma piada.

Dayse está sobre o palco e fala sobre o que iremos conversar durante a aula,
eu não consigo prestar atenção nela, porque estou concentrado na porta.
Será que ela não vem? E se ela desistiu como sugeri na terça-feira? Seria
ótimo se ela tivesse atendido meu pedido.

Como Dakota é a pedra no meu sapato, abre a porta depois de cinco


minutos do início da aula. A professora a saúda

animada e Dakota olha ao redor do auditório, mas desvia os olhos ao me


perceber. Cretina.

Ela se senta do outro lado do corredor e não olha em minha direção em


nenhum momento, ela está me ignorando completamente. Minha raiva se
intensifica. Dakota me incomoda por mexer comigo, por sua mentira e
agora por me ignorar.

Minha consciência acusa que dou muita importância para uma garota,
deveria simplesmente a ignorar e seguir minha vida como se nunca a tivesse
acontecido.

Porém, não consigo e isso me deixa com mais raiva.

A professora Hampton fala sobre técnicas de interpretação usada por atores


e atrizes, entretanto não consigo absorver nada do que ela fala. Sigo
olhando para Dakota e observando escrever algo em seu caderno, ela está
concentrada e está mordendo parte do seu lábio e franzindo seu nariz.

Seu cabelo ruivo está preso em um rabo de cavalo e posso ver algumas das
suas sardas. Ela é tão linda, como um anjo. Um anjo que está tentando
acabar com a minha reputação.

A aula chega ao fim e espero ela sair, Dakota está caminhando pelo
corredor, então deixo meu lugar e caminho logo

atrás dela. Ela me deve satisfações.

— Por que você mentiu?


Pergunto assim que passamos pela porta e pisamos no corredor, ela para e
olha para trás.

— Menti?

Encara-me com uma falsa indignação em seu rosto. Dou um passo em


frente e sussurro para que apenas ela escute.

— Você espalhou por aí que eu brochei.

— Eu espalhei? Nem lembro de ter dito algo assim.

Estreito meus olhos.

— Desminta esse boato.

Sorri e dá de ombros.

— Por que eu faria isso?

Seus olhos refletem sua determinação e suspiro.

— Porque é mentira.

— Eu não farei isso.

Estreito meus olhos.

— Você fará.

Seu olhar ganha um brilho provocativo.

— Só faço isso se você desistir da aula de teatro.

O quê? Ela está maluca? Dou um passo para trás e passo a minha mão pelo
cabelo.

— Não vou desistir.


Ela me encara determinada e dá de ombros.

— Então, não vou desmentir o boato.

— Isso não é um jogo, Dakota, minha reputação está em risco.

Ela ri e tapa sua boca com a mão para evitar a gargalhada.

— Desculpe ter ferido a reputação do coitado do capitão do time de


beisebol.

Sua voz soa cheia de desdém. Droga, ela está levando meu apelo como
brincadeira.

— Eu estou falando sério, Dakota.

— Eu também.

— Por que você está fazendo isso?

Ela não hesita e nem parece constrangida por estar mentindo.

— Porque você foi um idiota comigo.

— Então, é uma vingança?

Sorri, um sorriso de quem está muito satisfeita com sua mentira.

— Sim, você não pode ser um idiota e achar que está tudo bem.

Inacreditável, ela está se vingando de mim.

— Nunca te contaram que vingança envenena a alma?

Faça uma expressão de deboche.

— Olho por olho, dente por dente, querido.


Eu abro minha boca, porém antes que possa dizer algo, ela se vira de costas
e se afasta. Fico a observando, talvez, devesse desistir dessa aula, eu posso
implorar para meu treinador me ajudar a conseguir outra matéria, porém
não quero que Dakota vença.

Entrar nesse jogo com ela pode ser perigoso, mas foda-se, eu sou
competitivo e não vou perder para uma garota. Não vou desistir.

Eu deixo o prédio de artes cênicas e dirijo para casa.

Nenhum dos caras está e não virão para almoçar, por isso peço

comida por aplicativo e almoço enquanto assisto a uma série na televisão.

Como não tenho treino e as aulas ainda são recentes para ter algo para
estudar, eu fico na sala durante a tarde jogando videogame, perco noção do
horário e mesmo quando Ethan chega e se senta ao meu lado, continuo
concentrado jogando.

— Está ganhando?

Faço uma careta.

— Não exatamente.

O idiota do meu amigo ri e pega um dos controles.

— Vou te ensinar como jogar.

Reviro meus olhos.

— Primeiro, você teria que aprender a jogar.

Ethan e eu ficamos em silêncio e direcionamos toda nossa atenção para a


televisão a nossa frente. Nós somos péssimos e depois de perdemos duas
vezes, desistimos. Deixamos os controles de lado, colocamos em um canal
de esporte e nos jogamos contra o sofá.

— Tessa virá para Tuscaloosa mesmo?


Ethan é meu melhor amigo há anos, ele conhece minha família e seus
problemas.

— Acho que sim. — Dou de ombros. — Mas tudo pode mudar, minha irmã
continua tentando chamar a atenção dos pais.

— Ela irá ficar com a gente?

Faço uma careta.

— Lógico que não, quero minha irmã longe de vocês.

Olho para o lado e ele está me encarando com malícia.

— Iríamos adorar ter uma garota nessa casa.

Ethan está apenas me provocando, ele conhece Tessa desde que ela tinha
quatro anos, nunca tiveram nada e ele nunca deu em cima dela.

— Uma garota nessa casa?

Aiden escolhe esse exato momento para entrar em casa e suspiro. Agora
terei que aguentar os dois me provocando.

— O que você acha da irmã do Josh morando com a gente?

Aiden sorri debochado e caminha em nossa direção.

— Ela pode ficar no meu quarto.

Eu pego a almofada ao meu lado e jogo na sua direção.

— Fiquem longe da minha irmã.

Os dois ficam rindo de mim, Aiden ocupa a poltrona ao lado do sofá e me


encara com as sobrancelhas erguidas.

— Isso é sério?
Balanço minha cabeça negando.

— Não, minha irmã não irá ficar com a gente.

— Eu seria um ótimo cunhado.

Pisca para mim e faço uma careta.

— Você é um puto, Aiden.

Segue com o sorriso debochado em seu rosto.

— Sua irmã não é nenhuma puritana, Josh.

Ergo meu dedo do meio em sua direção. Aiden assim como Ethan conhece
a minha irmã e ele está certo, minha irmã não é nenhuma puritana, mas isso
não significa que desejo a ver com um dos putos dos meus amigos.

— Foda-se, vocês estão proibidos de olharem para minha irmã.

Mais uma vez, a porta é aberta dessa vez é Dylan a entrar.

— O que tem a sua irmã?

Meu amigo pergunta e não esboço nenhuma reação negativa, afinal dos três,
sei que Dylan será o menor dos meus problemas, ele é o mais quieto e o
menos cafajeste.

— Estamos tentando convencer Josh que sua irmã deveria vir morar com a
gente.

Ethan o responde.

— E ocupar o meu quarto.

Aiden complementa, Dylan apenas ri e balança a cabeça.

Realmente, inofensivo.
— Eu tenho uma novidade. — Ele caminha em nossa direção e encaramos
Dylan curioso. Ele continua em pé e de frente para a poltrona onde Aiden
está. — Eu sou o novo capitão do time de basquete.

Nós três ficamos em pé e vamos até nosso amigo.

Pulamos, batemos em suas costas e assobiamos. Sou o primeiro a me


afastar e bato minhas mãos uma na outra e chamo a atenção.

— Precisamos comemorar.

Ethan se desvencilha de Aiden e Dylan.

— Eu vou buscar a cerveja.

Nós concordamos e o quarterback do time de futebol americano sai da


nossa casa para ir buscar bebidas. Aiden, Dylan e eu vamos para o jardim,
afinal é uma noite quente, ocupamos as espreguiçadeiras que ficam ao redor
da piscina e Dylan nos conta como está se sentindo. É óbvio que ele está
feliz.

Agora somos os quatro capitães, eu sou o capitão do time de beisebol,


Aiden, do time de hóquei, Ethan, do futebol americano e Dylan, do time de
basquete. Realmente, somos as Estrelas do Alabama.

Ethan chega com as cervejas, então ligamos o som e começamos a beber.


Amamos uma festa e não precisamos de muitas pessoas para fazer uma.

Fazemos um churrasco e continuamos bebendo, ao fim da noite estamos


bêbados e é impossível dizer quem é o mais sóbrio.

— Vamos pular na piscina.

Aiden grita, mas continuo deitado na espreguiçadeira que estou. Está quente
e uma piscina seria ótimo, mas não estou nas minhas melhores condições.

Apenas observo Dylan, Ethan e Aiden ficando apenas de cueca e pulando


na piscina. Pego meu celular e gravo os três idiotas até que Ethan e Aiden
decidem que irão me jogar a força na piscina.
Droga!

Largo meu celular sobre a espreguiçadeira e fico em pé, assim que Ethan
deixa a piscina, viro-me de costas e corro para longe, porém paro quando
escuto um som estranho e seguido de um grito de dor do meu melhor
amigo.

Eu olho para trás e me deparo com Ethan de costas no chão e urrando de


dor. Caralho, ele caiu. Como ele não está rindo, deve ter sido algo sério,
por isso vou até ele e o ajudo a se levantar. Ajudo-o a se sentar em uma das
espreguiçadeiras e Aiden e Dylan saem da piscina e se aproximam.

— Você está bem?

Pergunto.

— Não, meu ombro. — Chora. — Eu machuquei meu ombro.

Ele está chorando. Nós três olhamos para o seu ombro e o analisamos, não
somos médicos, mas somos atletas e sabemos

que algo aconteceu com o ombro de Ethan.

— Droga, nós precisamos ir para o hospital.

Eles concordam comigo e como sou o único vestido e seco, sou o


responsável por levar o nosso quarterback para o hospital.

Ethan está vestindo apenas uma cueca quando entramos no hospital, mas
não estamos nos importando, porque estamos preocupados, uma lesão pode
significar estar fora dos jogos e prejudicar a carreira profissional do meu
amigo.

Eu fico à noite toda sentado em uma cadeira desconfortável, esperando por


Ethan e quando é liberado, olho para ele e ele está apenas de cueca, é
impossível não rir. Minha gargalhada ecoa pela sala de espera, Ethan se
aproxima e suspira.

— Não seja um idiota.


Fico em pé e continuo rindo enquanto deixamos o hospital.

— Porra, você está só de cueca e com o braço imobilizado.

— Mordo meu lábio para conseguir parar de rir. — Isso é algo que irei
adorar contar para os seus filhos.

— Vou me lembrar de manter você o mais distante possível dos meus


filhos.

Seguimos para meu carro e balanço minha cabeça.

— Serei padrinho de todos eles.

Ethan balança a cabeça, mas por fim também acaba sorrindo, um sorriso
que se desfaz assim que entramos no carro.

— É tão ruim assim?

Suspira e assente.

— Desloquei o ombro e provavelmente, irei ficar uns jogos fora.

— Já falou com seu treinador?

Assente.

— Sim, só vou para casa para trocar de roupa e em seguida, vou ir


encontrá-lo.

Ligo o carro.

— Sinto muito.

— Eu também, Josh, eu também.

Vamos para casa e eu subo para meu quarto dormir um pouco antes da
minha aula, Aiden fica responsável por levar
Ethan até o seu treinador. Eu não queria ser Ethan, porque seu treinador irá
acabar com ele.

E o treinador realmente acaba com ele, assim como sua mãe, o treinador
atlético do seu time e o idiota do seu agente, inclusive eles anunciam que a
partir de amanhã, colocarão uma pessoa para estar quase vinte e quatros
horas com Ethan para o auxiliar na recuperação e evitar que ele tenha
atitudes irresponsáveis.

Para aproveitar seu último dia sem uma babá, à noite eu vou com Ethan
para o maior bar universitário das redondezas.

Nós queremos apenas beber e esquecer de todos os problemas, eu só não


esperava encontrar com Dakota e muito menos beijá-la.

Dakota

Eu consigo ignorar Josh boa parte da aula, mas ele vem tirar satisfação
comigo na hora da saída. Não sou uma pessoa vingativa, mas ele me tira do
sério, ele desequilibra todos meus chakras e eu nem entendo absolutamente
nada sobre chakras.
Não sou má, mas gosto de vê-lo desesperado, gosto de vê-lo praticamente
implorar e acho genial a ideia de pedir para que ele desista da aula de teatro.
Posso não ser famosa como Josh, mas tenho uma boa reputação, não sou do
tipo de garota que ama jogadores e fama, sequer sou o tipo deles, ou do tipo
que quer fama, ou seja, não

tenho o porquê estar mentindo e é por isso que a minha invenção se torna
mais real e o boato está se espalhando.

A última frase é minha e enquanto me afasto, sinto seu olhar sobre mim, há
uma sensação de vitória que nunca senti antes. Estou aliviada e com um
sorriso em meu rosto. Não sou uma cadela do mal, mas Josh merece, ainda
me lembro da forma como ele me tratou naquela noite, além do mais teve
aquela história de ele me pedir para desistir da aula de teatro na aula
passada, terça-feira.

Idiota, o rei dos idiotas.

Sigo meu dia normalmente, ou tento seguir normalmente. Eu preciso


restringir minha conta no Instagram, porque algumas pessoas estão
começando a me seguir, recebi alguns directs perguntando se Josh
realmente brochou, não respondo nenhuma. Será que o boato realmente se
espalhou? Impressionante.

Meu dia é ótimo, chego sorrindo no apartamento que divido com Brooke e
Abby no fim da tarde, minhas amigas perguntam o motivo da minha
felicidade e apenas dou de ombros. Eu amo essas duas, mas elas nunca
ficaram sabendo que o garoto que me rejeitou no primeiro semestre foi uma
das Estrelas do Alabama.

Estou de tão bom humor que quando Brooke e Abby me chamam para sair,
eu topo. Eu, Dakota, a rainha do “eu vou ficar em casa” , aceito sair para
curtir uma festa em uma quinta-feira. Até mesmo

minhas amigas ficam surpresas, mais uma vez, dou de ombros quando elas
me perguntam o que diabos está acontecendo.
Vamos para uma festa de alguém que não faço a mínima ideia de quem seja,
algum amigo do amigo do amigo de um conhecido de Brooke. É divertido
eu danço e até mesmo converso com outras pessoas que não são minhas
amigas, mas como estou de bom humor e não maluca, eu não bebo.

A noite é ótima, porém é horrível acordar de manhã para a primeira aula do


dia, apesar de não estar morrendo por causa da ressaca como Abby, estou
com sono, sortuda é Brooke que não tem aula e pode ficar dormindo.

Eu tomo meu café e vou para a minha primeira aula do dia. Dirijo com
meus olhos pesados e bocejo a cada segundo. A matéria é uma das minhas
preferidas e mesmo assim, preciso me concentrar para não cochilar em
alguns momentos. Nunca mais irei sair em plena quinta-feira, é como se um
caminhão tivesse passado por cima de mim.

Sobrevivo a primeira aula, a segunda é ainda pior, porque não gosto do


conteúdo e a professora tem uma voz suave. Eu me sento logo na primeira
fileira e a professora me encara com um olhar de julgamento. Droga, lá se
vai minha fama de boa aluna.

Almoço em um dos restaurantes do campus e sigo para biblioteca até o


horário da minha última aula e tento estudar, porém

meu sono vence, eu cruzo meus braços escondo meu rosto entre eles e
cochilo. Realmente, estou perdida, dormindo na biblioteca, quem diria?

Meu celular vibrando em meu bolso me desperta, abro meus olhos e


sonolenta pego o aparelho, é uma notificação sinalizando que recebi um e-
mail, abro-o e sorrio ao ler o texto. Meu professor está cancelando a última
aula.

Junto minhas coisas, deixo a biblioteca e dirijo depressa para casa. Ao


entrar em nosso apartamento, encontro com Brooke sentada no sofá e
pintando as suas unhas dos pés.

— Hey, Brooke.

Minha amiga sorri.


— Hey, Dakota.

Jogo minha mochila ao seu lado e me sento ao seu lado.

— Como você não está destruída?

Brooke está com um aspecto ótimo, nenhuma olheira e nada que indique
que passou a noite em claro. Pleníssima.

— Meu corpo assim como eu ama festas, ou seja, quanto mais festas feliz e
disposta eu fico.

Faço uma careta.

— Isso não faz sentindo nenhum.

Tiro meus tênis, minhas meias e dobro minhas pernas sobre o sofá.

— Você só está assim tão mal, porque quase nunca sai de casa e sabe o que
cura desânimo pós-festa?

Encaro-a com minhas sobrancelhas erguidas.

— O quê?

Sorri animada.

— Uma outra festa.

Balanço minha cabeça negando enquanto pego um esmalte do seu cestinho.

— Nem pensar.

— Não seja careta, Dakota.

— Não sou careta, eu apenas não amo festas como você.

Entramos em uma discussão sobre eu ser careta ou não enquanto pintamos


nossas unhas e ainda estamos com o esmalte em mãos quando a porta é
aberta. Abby entra e sorri debochada ao se deparar com nós duas.

— Abrimos um salão e eu não sabia?

Brooke revira seus olhos e eu apenas sorrio. Abby larga sua mochila e se
senta no puff que está bem à nossa frente.

— Por que chegou tão cedo? Ficou milionária e decidiu parar de estudar?

Brooke indaga, porque esse horário era para Abby estar em aula.

— Não, pelo contrário, sou uma pobre desempregada que faltou aula para ir
em uma entrevista de emprego.

Abby está precisando de um emprego, porém não parece muito animada.

— Conseguiu a vaga? Fará o quê?

Pergunto curiosa e Abby suspira.

— Serei babá de um idiota.

Ergo minhas sobrancelhas. Como assim ela será babá?

— Babá? Que idiota? Explique-se, garota.

Brooke faz a pergunta que está rodeando a minha mente enquanto balança
suas mãos para que o esmalte seque mais rápido.

Abby curva seu corpo para frente e apoia seus cotovelos nas pernas.

Deus, ela parece estar destruída.

— Lembram que no semestre passado me inscrevi para um programa de


estágio para treinamento atlético? — Assinto e Brooke também. — Surgiu
uma vaga.

Minha amiga queria muito a vaga e sorrio.


— Então, você irá trabalhar com o time de basquete feminino?

Ela bufa ao ouvir minha pergunta e balança a cabeça negando.

— Um dos jogadores do time de futebol americano deslocou o ombro e está


precisando de alguém para supervisioná-lo, porque o idiota é um
irresponsável.

Algumas das suas atitudes começam a fazer sentido na minha cabeça. Abby
ama esportes, com exceção de futebol americano por causa do idiota do seu
pai, é por isso que ela deve estar tão revoltada em ter de trabalhar com um
jogador, porém analisando seu olhar, percebo que há algo a mais.

— O que você quer dizer por supervisioná-lo?

Olha em minha direção e me responde.

— Estar com ele todo tempo possível, em suas aulas, em casa, no


treinamento... se precisar até mesmo dormir na sua casa.

Apesar da sua resposta seca, não é isso que a está incomodando.

— Por que ele precisa de uma babá?

Brooke continua com nosso interrogatório.

— Ele deslocou o ombro bêbado, não sei exatamente como, mas foi
bêbado. — Frisa a última palavra e suspira dramaticamente. — Esse é o
tipo de cara que ele é.

— Sinto muito, ele deve ser um idiota. — Brooke se solidariza com Abby
que faz um coração com as mãos para nossa amiga. —

Quem é ele? Ele é pelo menos bonito?

— Vocês não irão acreditar quem é.

Encaro-a curiosa, ao mesmo tempo que me pergunto quem pode ser, não
chego nenhum um nome. Abby continua fazendo suspense até que Brooke
perde a paciência.

— Fale logo, caralho!

— Ethan Lewis.

Abby praticamente grita o nome do quarterback do time de futebol


americano e arregalo meus olhos. Esse nome carrega muita informação.

— O seu Ethan Lewis?

Ela faz uma careta ao ouvir a minha pergunta.

— Hey, ele não é meu.

Dou de ombros. Ethan Lewis é uma das Estrelas do Alabama, até onde eu
sei, o melhor amigo de Josh, porém o principal problema de Abby é que ele
é agenciado por Liam, o seu pai, ou melhor seu doador de esperma e Abby
o odeia por esse motivo.

— O seu Ethan Lewis. — Brooke aponta seu dedo na direção de Abby. —


Aquele que você odeia.

Ela suspiro.

— Eu tenho certeza de que são os astros, algo na astrologia está mexendo


com a minha vida e a estragando.

Abby faz um beicinho infantil e Brooke ri.

— Ele é agenciado pelo seu pai, não é?

Pergunto mesmo sabendo a resposta.

— Ele é. — Aponta seu dedo em minha direção. — E um dos motivos por


odiar Ethan Lewis é exatamente esse, ele e meu pai parecem ser muito
amigos, inclusive meu pai vive colocando foto dos dois juntos nas redes
sociais.
Uma expressão de nojo toma conta do seu rosto.

— E ele irá deixar você trabalhar com alguém que trabalha com ele?

A pergunta de Brooke é totalmente pertinente. Sabendo como Liam é,


provavelmente ele não deixará a filha estar com alguém que é tão próximo a
ele.

— Liam não sabe que sou eu, segundo Miller, o agente do quarterback não
quer ter que lidar com isso.

Abby sorri e é evidente que está se divertindo.

— Você está se divertindo com isso.

Abby dá de ombros para as palavras de Brooke.

— Claro que eu estou, principalmente porque é ele que irá pagar a minha
bolsa e não a universidade, logo o cartão que ele está me obrigando a pagar
será com o próprio dinheiro dele.

Abby parece animada, Brooke ri, porém eu franzo minha testa.

Liam não é uma boa pessoa e não quero que minha amiga se machuque.

— Espero que isso não acabe mal.

Além do mais, Ethan Lewis é melhor amigo do Josh, se Josh é um idiota,


então tem grandes probabilidades de que o seu amigo também pode ser.

— O que poderia acontecer?

Abby me pergunta e dou de ombros.

— Nunca se sabe.

Assim que termino de falar, Brooke fica em pé.


— Como a partir de amanhã, você será todinha do QB idiota, hoje você é
nossa.

Eu tenho até medo do que Brooke está sugerindo.

— O que você está querendo dizer?

Abby pergunta receosa e Brooke sorri maliciosa.

— Vamos para o Crimson Giants.

Suspiro dramaticamente. Brooke está sugerindo irmos para o bar mais


frequentado pelos universitários, um bar que seu nome e é em homenagem
a Universidade do Alabama.

Espero que Abby perceba que sairmos hoje é uma péssima ideia, porém por
fim ela sorri.

— Ok, mas mais tarde. — Levanta-se do puff. — Eu preciso descansar por


alguns minutos.

— Nós já saímos ontem à noite e definitivamente não deveríamos fazer o


mesmo hoje.

Resmungo.

— Deixa de ser chata, Dakota.

Brooke me repreende e aponto minha língua na sua direção.

— Abby estará péssima em seu primeiro dia de trabalho.

Abby pega sua mochila, acena para nós duas e segue para seu quarto.

— Ela precisa se distrair, ou irá ficar pensando no idiota do Liam.

Faço uma careta, porque Brooke está certa. Liam está cobrando Abby,
exigindo que a própria filha pague o cartão de crédito que usou para
comprar comida. Nossa amiga pode bancar a durona e fingir que não está se
importando com atitude do pai e da mãe que se recusa a ajudá-la, mas isso a
machuca.

Como é para o bem-estar da minha amiga, concordo em ir para o bar com


ela e Brooke.

Duas horas depois estamos saindo de casa, eu mais uma vez não irei beber e
sou a motorista do dia. Abby até tenta me convencer ao contrário, mas não
cedo. Não quero beber, eu e bebidas não somos uma boa combinação.

Chegamos cedo, ou cedo para os universitários da UA[6]. Música ecoa pelo


local e escolhemos uma mesa, o ambiente está escuro e há luzes coloridas,
em uma televisão está passando um jogo de beisebol e algumas pessoas
estão ao redor de uma mesa de sinuca. Brooke e Abby bebem cerveja e eu
fico no refrigerante.

Os minutos passam, nós rimos, cantamos, e o local começa a encher. O


ambiente fica cada vez mais caótico. Brooke e Abby estão um pouco
bêbadas e presencio a palhaçada das duas, elas observam os caras e julgam
a beleza deles com notas de 0 a 10.

— Eu preciso ir ao banheiro.

Abby interrompe seu julgamento e fica em pé, Brooke e eu assentimos e ela


se afasta.

— Ela está bem melhor do que se estivesse em casa.

Concordo com Brooke e ela sorri vitoriosa. Apenas balanço minha cabeça e
bebo o restante do refrigerante que há em meu copo.

Abby não demora para voltar para nossa mesa, porém para a minha
esquerda e não se senta em seu lugar, ela está fitando algo e quando olho na
direção em que está olhando, me deparo com Ethan.

— Onde você está indo?

Sorri.
— Indo cuidar do bebê rebelde.

Ela se afasta e Brooke e eu a observamos.

— Espero que ela saiba o que está fazendo.

— Eu também.

Brooke concorda comigo. Nós ficamos assistindo Abby se aproximar de


Ethan, não estamos tão perto, então não conseguimos ouvir nada e nem
decifrar a reação dos dois.

— Droga, o que será que eles estão conversando?

— Não faço a mínima ideia, Brooke.

Pessoas ficam à nossa frente e perdemos a visão dos dois.

Quando Abby volta, ela está sorrindo. Ela não se senta e pega minha mão e
a de Brooke.

— Vamos dançar.

Brooke e eu apenas trocamos um olhar e ficamos em pé.

Seguimos Abby na esperança de que ela nos fale algo, mas minha amiga
fica em silêncio. Quando perguntamos o que aconteceu, ela

somente balança a cabeça e começa a dançar, sem alternativas, apenas


dançamos.

Apesar de não ser a maior fã de festas, eu gosto de dançar.

Mexo meu corpo no ritmo da música até que sinto sede, então aviso minhas
amigas que estou indo até o bar e me afasto. Eu vou até o balcão, curvo
meu corpo para frente e peço meu refrigerante para um dos atendentes, ele
assente e se vira de costas para buscar meu pedido.

— Me perseguindo?
Não preciso me virar para o lado para reconhecer a quem a voz pertence.

— Eu tenho mais o que fazer do que perseguir você, Josh.

Olho para o lado e ele dá um passo em minha direção, diminuindo ainda


mais a distância entre nós.

— Você precisa desmentir para as pessoas que eu brochei.

Ele sussurra e sinto sua respiração em meu rosto, um arrepio sobe pelo meu
corpo e o ignoro.

— Desista da aula de teatro.

Viro-me completamente ficando de costas para o balcão para me distanciar


dele, mas Josh é um cretino e para à minha frente, traz as suas mãos até o
balcão e me prende entre seus braços.

— Qual é o seu problema?

Ele me fuzila.

— Qual é o seu problema?

Repito sua pergunta. Nós nos encaramos, a tensão entre nós aumenta. Deus,
eu me esqueço do que estamos falando quando meu olhar encontra o seu.
Minha respiração falha, meu peito sobe e desce, tremo de antecipação e
excitação percorre meu corpo.

— Meu problema é você, Dakota.

Sua boca encontra a minha e não hesito, eu deixo que ele me beije, fecho
meus olhos e correspondo aos seus lábios com a mesma intensidade. Não o
empurro quando traz sua mão até minha cabeça e segura os fios do meu
cabelo e não o afasto quando sua língua duela com a minha.

Ele faz com que tudo em mim desperte e faz com que eu me esqueça de
tudo. Minha boca está dormente e meus lábios inchados quando ele se
afasta.
Abro meus olhos e ele está me encarando. Nossas respirações estão
alteradas e ficamos segundos sem trocarmos nenhuma palavra, o que parece
uma eternidade.

Josh dá um passo para trás e em silêncio, vira-se e caminha para longe.

Dakota

Eu deixo o bar, vou até minhas amigas e ajo como se nada tivesse
acontecido, comporto-me como se meu coração não estivesse acelerado,
sorrio e ignoro todas as sensações que estão em meu peito.

Essa noite quando voltamos para casa e me deito em minha cama, demoro a
dormir, eu fico pensando no beijo, nos seus lábios sobre os meus.

Eu odeio Josh, odeio como meu corpo reage ao seu. Como gosto do seu
beijo e do seu toque.

Tento esquecê-lo, mas é como se ele estivesse em todo o lugar, mesmo três
dias depois ainda consigo me lembrar do beijo nitidamente. Como faço
para simplesmente deletá-lo da minha mente?

Como será quando nos encontrarmos daqui a alguns minutos na aula de


teatro? Eu faço o máximo para prolongar a minha ida até o prédio de artes
cênicas. Normalmente, vou o mais rápido possível, porém hoje dirijo como
alguém que acabou de obter a licença para dirigir e tem medo de pisar no
acelerador.

Como se não bastasse a aula de teatro, agora minha amiga está trabalhando
com seu melhor amigo e frequentando sua casa. Abby fala de Josh, Dylan e
Aiden como se eles fossem legais e preciso morder minha língua para não
falar que Josh é um babaca.

Abby e Brooke sabem do que aconteceu no primeiro semestre quando tentei


ser desapegada e adapta ao sexo casual, mas elas não sabem quem foi. Elas
não sabem que no semestre seguinte, descobri que o garoto que me rejeitou
era um dos garotos que estava ganhando fama por ser bonito, jogador de
beisebol e dividir uma casa com outros três atletas.

Não sei o porquê mantenho essa informação oculta das minhas amigas,
talvez por vergonha, talvez porque não queria parecer interessada no idiota,
ainda mais que eu fiquei obcecada depois que descobri a identidade do cara
daquela noite, inclusive criei um fake para o acompanhar Josh em suas
redes socais.

Totalmente, vergonhoso.

Quando Abby fala sobre os meninos eu tento ao máximo não demostrar


meu desprezo por Josh, finjo que nunca cruzei com ele. Ela e Brooke sequer
sabem que nós dois estamos fazendo aula de teatro juntos, eu nem contei
que estou fazendo teatro. Tenho sido uma péssima amiga e vou culpar Josh
por isso, porque quero encontrar um culpado e ele é o alvo perfeito.

Será que ele sabe que Abby e eu somos amigas? Acho que não, porque
Abby não mantém suas redes sociais muito atualizadas, não consigo me
lembrar se tem alguma foto nossa em seu Instagram.

Droga, eu estou pensando demais! Empurro o assunto Josh para o fundo da


minha mente e deixo meu carro no estacionamento. Conforme caminho
pelos corredores e me aproximo do auditório, meu coração acelera ainda
mais. Será que conseguirei fingir que aquele beijo não aconteceu?
Espero que sim.

Eu coloco minha mão sobre a maçaneta e respiro fundo, é só ignorá-lo,


continuar ignorando sua existência, não é tão difícil.

Abro a porta e assim que entro no auditório, procuro por ele e não o
encontro.

— Olá, Dakota.

— Olá, professora Dayse.

Sorrio e ocupo uma das cadeiras em frente ao palco. A professora continua


falando sobre as técnicas do teatro. Olho ao redor da sala, analisando cada
detalhe, esperando encontrar sua mochila, mas ele não está na sala e
nenhuma das suas coisas.

Será que ele desistiu?

Uma sensação de vazio, decepção e alívio se misturam em meu peito. Eu


fico esperando que ele entre a qualquer momento e interrompa a aula, mas
não acontece. Depois de alguns exercícios de respiração, de oratória e de
expressão corporal, Dayse encerra a aula.

Nada de Josh, ele realmente não veio para a aula. Estou aliviada, é o que
digo a mim mesma, e espero que ele tenha desistido da aula de teatro,
porém ao entrar no auditório na

quinta-feira, encontro Josh sentado na primeira poltrona. Meu coração


dispara quando meu olhar encontra o seu e ele sorri debochado.

Imbecil.

Sento-me no lado contrário ao seu, não olho em sua direção, mas sinto
como se estivesse sendo observada. Preciso me controlar para não me virar
e conferir se é ele que está mesmo me encarando.

Dayse faz os exercícios de sempre, porém acaba a aula um pouco antes, ela
pede nossa atenção e sorri animada.
— Eu tenho uma ótima notícia. — Faz uma pausa para criar uma
expectativa. — Iremos participar do festival de talentos no final do
semestre.

Faço uma careta. Não é uma notícia animadora, não para mim.

— Espero que vocês estejam dispostos a atuarem.

Ela continua.

— Estou super disposta a ser a árvore.

Sussurro para a garota que está sentada ao meu lado, Edith, e ela ri.

— Seremos um desastre.

Sorrio e assinto. Essa é uma turma só de amadores, ninguém realmente faz


artes cênicas, ou tem talento, a maioria de nós está aqui ou para
desenvolvimento pessoal, ou para obter horas fáceis.

Ela continua falando sobre como será incrível, nem um de nós parece
concordar com ela. Dayse pede sugestão de peças teatrais e tenta nos
animar, é totalmente em vão. Por fim, ela apenas suspira derrotada e encerra
a aula.

— Espero que ela desista da ideia.

Concordo com Edith, nós trocamos mais algumas palavras,


cumprimentamos outros colegas e uma ao lado da outra, deixamos o
auditório. Estou cruzando a porta, quando escuto a sua voz.

— Sentiu minha falta?

Meu coração dá uma leve acelerada . Traíra.

— Até mais, Dakota.

Olha de mim para Josh com malícia. Maldito Josh, ela vai ficar pensando
que temos algo.
— Até mais, Edith.

Ela se afasta e me viro para o lado, Josh está com parte do seu corpo
apoiado na parede e seus pés à frente do seu corpo.

— Ela vai pensar que temos algo.

Sorri debochado.

— É uma honra para você ser vista com alguém como eu.

Alguém pede licença e sou obrigada a me afastar da porta, eu paro de frente


para Josh, porque ainda não estou pronta para ir embora.

— Preferia ser vista com Voldemort do que com você.

Há um brilho repleto de malícia em seus olhos.

— Ele nem existe, seria impossível.

Inclino meu corpo para frente e paro com meu rosto a centímetros do dele.

— Você entendeu. — Seu perfume me atinge e dou um passo para trás antes
que pensamentos indesejados ecoem em minha mente. — Achei que você
tinha desistido.

Josh continua me encarando com uma expressão de deboche. Essa forma


como ele está me olhando me irrita de uma forma inexplicável.

— E deixar você sem a minha ilustre presença?

— Você estaria me fazendo um favor.

Ele sorri de lado, o que faz com que uma covinha surja em seu rosto, uma
mistura de fofo com cretino.

— Sabe, seu boato caiu no esquecimento, nem meus amigos ficaram


sabendo da sua mentira infame.
Soa vitorioso e dou de ombros.

— Porque eu fui legal com você e não respondi nenhuma das mensagens
que me enviaram, mas cuidado, posso não ser tão boazinha e acabar
confirmando que seu amiguinho não subiu.

Olho para baixo e encaro a frente da sua calça.

— Não seja má, Dakota.

Ergo meus olhos.

— Não seja um idiota, Josh.

Pisco e me viro de costas.

— Alguns pedidos são impossíveis de se realizarem, Dakota.

Sua voz chega aos meus ouvidos enquanto caminho para longe e eu mordo
meu lábio inferior para não sorrir.

...

Evito pensar em Josh e até sou bem-sucedida, porém no sábado, no fim da


manhã, estou deitada no sofá lendo um livro quando meu celular que está
sobre minha barriga vibra, eu o pego e é uma mensagem de Abby no grupo
que estamos ela, Brooke e eu.

“Os meninos estão organizando uma festa, será hoje à noite e vocês estão
convidadas.

P.S.: por favor, venham me salvar, porque eu não quero ficar à noite inteira
com esses quatro jogadores imaturos e irresponsáveis.”

Ela está nos chamando para uma festa na casa de Josh, sem chance. Sei que
ela prometeu os apresentar para Brooke, mas eu estou fora, não quero
encontrar Josh e muito menos conhecer seus amigos. Uma mensagem de
Brooke chega e não fico nenhum pouco surpresa ao ler seu texto.
“Quando você diz meninos, você está falando sobre as Estrelas do
Alabama, não é?”

Eu fico com o celular em mãos acompanhando a troca de mensagens entre


elas.

Abby: Sim, eu estou falando deles.

Brooke: Finalmente você será uma boa amiga e irá me apresentar a eles.

Abby: Finalmente você poderá conhecê-los, Brooke, mas já aviso que eles
são quatro idiotas, bagunceiros e irresponsáveis.

Brooke: Estou louca para saber o quanto eles são irresponsáveis.

Abby: KKKKKK... você não presta, Brooke.

Alguns segundos passam e nenhuma nova mensagem chega, então volto a


colocar o celular sobre meu corpo e a ler meu livro. Não consigo ler
nenhuma página, porque escuto os passos de Brooke pelo corredor.
Interrompo minha leitura assim que ela se senta no puff, abaixo meu livro e
olho na sua direção.

— Você leu as mensagens de Abby?

— Eu li.

Não deixo nenhuma emoção transparecer em minha voz.

— E?

Ergue suas sobrancelhas. Ela claramente está animada.

— Você não se cansa de festas?

Sorri e balança a cabeça negando.

— Não, e para minha defesa, essa semana eu ainda não fui em nenhuma
festa.
Sei que não devo ir, mas existe uma parte em mim que quer ir e desafiar
Josh, eu quero ver a sua cara ao me ver em sua casa.

— Se você for, eu vou.

Digo sem pensar nas consequências e Brooke sorri.

— É óbvio que eu vou. — É claro que ela vai e minha consciência pesa,
não deveria ir, deveria ser madura e responsável. — Algo está acontecendo?

É claro que ela percebeu meu incômodo, porque sou péssima em não
demostrar as minhas emoções. Sento-me no sofá e sorrio, um sorriso
forçado.

— Não, então festa mais tarde?

— Hey, Abby não ficará chateada se você não for e eu posso ir sozinha.

Eu deveria aceitar sua oferta, mas a parte que quer irritar Josh vence.

— Eu sei e eu vou.

Estou sendo tão imatura.

— Ok. — Escuto minha amiga, mas em minha cabeça está acontecendo


uma batalha. Ser madura e não ir versus provocar Josh. — Qual será o
almoço?

Brooke me encara, então empurro meu questionamento para longe e sorrio.

— É a sua vez, porque a última vez fui eu.

Faz uma careta.

— Você não quer ser uma amiga legal e cozinhar duas vezes seguidas?

Balanço minha cabeça e volto a me sentar no sofá.

— Não.
Brooke tenta me persuadir, mas não cedo. Sem alternativa minha amiga vai
preparar o nosso almoço. Como nossa cozinha e sala é conjugada, nós
conversamos enquanto ela cozinha nosso frango grelhado, legumes picados
e uma salada fresca.

Almoçamos enquanto assistimos aos episódios aleatórios de Friends[7].


Logo após comermos, Brooke segue para seu quarto e eu fico limpando a
cozinha, afinal quem cozinha, não limpa.

Assim que termino de limpar, pego meu livro e vou para meu quarto. Eu
estou em uma parte ótima do meu romance de época. Perco o horário lendo
e quando me dou conta a tarde já chegou ao fim e a noite tomou o seu lugar.

Abandono meu livro e saio do meu quarto. Encontro Brooke na cozinha, ela
prepara um sanduíche para mim e outro para ela e nos sentamos no sofá.

— Qual deles você acha mais bonito? — Encaro-a sem entender. — Dos
meninos... os jogadores famosinhos... os meninos da Abby.

Sorrio, porque ela usa a expressão “meninos da Abby” e aproveito para


desviar da sua pergunta. O mais bonito é Josh, mas me recuso a citá-lo.

— Eu os vi poucas vezes e não sou capaz de julgar qual deles é o mais


bonito.

Trago o sanduíche até minha boca e espero que ela desista do assunto.
Brooke pega seu celular, desliza seu dedo pela tela e em seguida o vira em
minha direção. Ela está me mostrando uma foto dos quatro juntos.

— Eu talvez prefira o Aiden, embora Ethan seja bem bonito, Josh não seja
de se jogar fora e Dylan seja tão gostoso.

Sorrio enquanto em minha mente procuro algo para dizer.

— Eu acho que fico entre Dylan e Ethan, Josh definitivamente não.

Digo por fim.

— Pobre Josh.
Apenas sorrio e ela faz o mesmo. Para meu alívio, Brooke não continua
insistindo no assunto e ficamos em silêncio. Assim que terminamos de
comer, vamos nos arrumar para a festa.

Brooke é a primeira a ir para o banheiro, eu fico no meu quarto escolhendo


uma roupa, opto por uma saia e um top. Logo que Brooke sai do banheiro,
eu o ocupo.

Após o banho, volto para meu quarto, visto minha roupa, prendo meu
cabelo ruivo em uma trança lateral e quase não passo maquiagem. Estou
encarando meu reflexo no espelho quando Josh surge em minha mente.
Droga, eu estou indo na sua casa.

Meu coração acelera e respiro fundo várias vezes. Não há motivos para
ficar ansiosa, muito menos nervosa.

Assim que estou pronta, deixo meu quarto e encontro Brooke na sala, eu me
sento no sofá enquanto ela está tirando fotos. Nós duas ficamos
conversando enquanto esperamos Abby.

Em alguns momentos, Josh volta à minha mente.

— Você parece nervosa.

Brooke aponta.

— Impressão sua.

Sorrio, um sorriso forçado. Brooke encara-me desconfiada, porém antes que


possa me fazer perguntas, Abby abre a porta e entra em nosso apartamento.
Suspiro aliviada e me concentro totalmente em minha amiga.

Nós trocamos algumas palavras e ela vai para o seu quarto se arrumar para
a festa. Eu observo minha amiga caminhar pelo corredor e Abby não
aparenta estar triste por estar sendo praticamente uma babá do cara que ela
odeia. Faz uma semana que eles estão sendo obrigados a conviver e aos
poucos, ela parece estar se acostumando com o quarterback.

— Ela não parece assim tão triste por estar com Ethan.
Viro-me para Brooke e ela assente.

— Acho que ele realmente não é tão ruim quanto ela acredita que ele é.

— Talvez.

Será que eles se tornarão amigos? A romântica que existe em mim, torce
para que sim.

Abby não demora a retornar para a sala, então nós vamos para o meu carro
e eu dirijo com as coordenadas de Abby para a casa das Estrelas do
Alabama, afinal ela conhece o caminho.

Estamos quase chegando quando Abby me faz entrar em uma rua errada.

— Meu Deus, Abby, você é horrível, era melhor ter colocado o endereço no
GPS.

Reclamo.

— Não sou horrível e essas ruas que são todas iguais.

Ela continua me guiando e se justificando. Quando Abby fala para


estacionar em frente a uma mansão, encaro o local abismada. Não esperava
que o lugar fosse tão grande e luxuoso.

Eles são só universitários!

— Uau.

Exclamo impressionada.

— Já tinha ouvido falar que eles moram em um lugar luxuoso, mas não
esperava algo assim.

Brooke está tão surpresa quanto eu e Abby abre a porta ao seu lado.

— Vamos lá.
Ela sai do carro e a seguimos. O gramado de entrada é bem cortado e
cuidado e andamos por um caminho de pedra. É

Abby a abrir a porta, ela apenas faz sinal para entrarmos, então entramos e
continuamos a seguindo. Cruzamos por um hall e chegamos a uma sala que
no momento se transformou em uma pista de dança, com música ecoando
pelo ambiente e luzes coloridas.

— Hey, eu cheguei.

Abby grita e alguém a responde logo em seguida.

— Estamos na cozinha.

Enquanto caminhamos na direção da cozinha, meu coração dispara, minhas


mãos estão suando e há um frio em minha barriga. Será que Josh está na
cozinha? Como será quando ele se deparar comigo? Talvez, ele saiba que
Abby e eu somos amigas, talvez não.

Meu Deus, são muitas possibilidades.

— Ela chegou. — Alguém soa animado logo que entramos no cômodo. —


E suas amigas.

Não sei quem falou, porque minha atenção está totalmente voltada para o
loiro que acaba de fechar a porta do freezer. Seu olhar encontra o meu e ele
me encara totalmente surpreso.
Josh

O que Dakota está fazendo aqui? Dakota está em minha casa. Juro que
consigo ouvir meu coração batendo. Caralho, não era para ela estar aqui.

— Essas são Brooke e Dakota.

Abby apresenta suas amigas. Suas amigas. Dakota é sua amiga. Abby, a
garota que está auxiliando Ethan na sua recuperação e está frequentando
minha casa diariamente é amiga da Dakota, como eu não soube disso? Tudo
bem que não

bisbilhotei as redes sociais de Abby e ninguém sabe sobre Dakota e eu, até
mesmo porque não há nada entre nós.

Caralho! Estou totalmente desnorteado.

Dakota não está surpresa, ela sabia que iria me encontrar aqui. Ela fez de
propósito? Ela está tentando me irritar?

— Vocês se conhecem?

Abby pergunta, eu não a respondo e continuo encarando Dakota. Porra, ela


está aqui.
— Nós estamos fazendo teatro juntos.

Dakota responde, ela curva seus lábios em um sorriso discreto.

— Desde quando vocês fazem teatro?

Abby continua com seu interrogatório.

— Segundo a minha professora de artes, precisava desenvolver minha


relação com as pessoas.

Dakota responde e desvia seus olhos dos meus. Por alguns segundos, sigo a
encarando.

— E eu preciso de horas.

Justifico e um silêncio se instala na cozinha.

— Se são amigas da Abby, são minhas amigas. — Aiden enfim se


manifesta e acaba com o silêncio. — Sintam-se em casa.

Abby e suas amigas se sentam de frente para o balcão, eu continuo


guardando as cervejas e bebidas no freezer e Aiden flerta com Brooke. Algo
em mim continua me puxando na direção de Dakota e preciso me controlar
para não olhar em sua direção.

Porra!

Ethan e Dylan voltam do jardim depois de alguns minutos, Abby e Ethan


trocam algumas farpas como sempre e todos nós nos sentamos ao redor da
ilha que ocupa boa parte da nossa cozinha.

Nós ficamos bebendo e conversando, eu faço de tudo para ignorar Dakota,


mas é impossível. É como se existisse a porra de um imã que nos
conectasse.

É um alívio quando outras pessoas começam a chegar e somos obrigados a


nos dispersar. Eu tento ao máximo me manter o mais longe possível de
Dakota, entretanto como o universo é meu inimigo número um, meus olhos
sempre acabam encontrando-a.

Dakota está dançando com Brooke e Abby. Seu sorriso ocupa parte do seu
rosto e seu corpo balança no ritmo da música.

A saia curta deixa suas pernas à mostra, seus seios pulam do seu top e mexe
com minha imaginação. Lembranças daquela noite passeiam em minha
mente. Caralho!

Eu vou para a cozinha e completo meu copo que está ficando vazio com
mais cerveja, então volto para a sala e caminho por entre as várias pessoas
que agora estão espalhadas pela minha casa.

Converso com alguns caras, mas meu foco são as mulheres. Quem será a
escolhida para terminar a noite comigo?

Flerto com algumas e danço com uma loira que me puxa pela mão.

Ela sorri, deixo minha mão em sua cintura e aproximo minha boca do seu
pescoço. Meus lábios encostam em sua pele e o rosto de Dakota ocupa
minha mente. Fecho meus olhos e tento empurrar a imagem para longe, é
em vão.

Meus pensamentos seguem sendo Dakota e quando beijo a garota, são seus
lábios que gostaria de estar beijando. Por mais que me esforce é Dakota que
eu desejo.

Desapontado e querendo bater minha cabeça na parede, afasto-me da loira


bonita. Ela não entende e eu apenas sorrio.

Caminho para longe transtornado.

É exatamente por isso que tenho que me manter distante de Dakota, ela é
um perigo, porque me desperta emoções que não deveria sentir. Não mais,
não de novo. Ela faz com que me recorde de um Josh que não sou mais e
não devo ser.
Eu vou até Dylan que está apoiado em uma parede e observando o lugar ao
seu redor.

— Você parece tenso.

— Impressão sua.

Resmungo.

— Você sabia que Ethan e Abby estão no Beer Pong?

Olho para o lado e o encaro surpreso.

— Não, e o ombro de Ethan?

Dylan dá de ombros.
— Acho que ele não se importa muito com seu ombro e espero que Abby
derrote ele.

Ethan se acha o rei do Beer Pong e seria ótimo se Abby o vencer.

— Vamos torcer para que ela vença.

Sorrimos e volto a olhar em frente. Deparo-me com Dakota conversando


com um cara. Não é algo agradável de se ver, porém não posso interrompê-
los. Não tenho esse direito, aliás ela pode conversar com quem bem
entender.

— E Aiden?

Pergunto seco e rude.

— Olhe para sua esquerda.

Eu faço o que ele pede e o encontro com Brooke.

— Aiden realmente não perde tempo. — Dylan concorda comigo e sorrio


debochado. — Vamos interrompê-los.

Como dois adolescentes, vamos até Aiden e Brooke, o interrompemos e os


provocamos. Para meu alívio, Brooke se afasta depois de alguns minutos
para afastar Dakota do idiota que ela está conversando.

Dylan conta para Aiden que Ethan e Abby estão no Beer Ponge, eu fico
observando Brooke segurar a mão de Dakota e a puxar na sua direção.
Dakota sorri para amiga assim que está longe do cara, ela não estava
gostando de estar com ele e isso faz com que uma satisfação vibre em meu
peito.

As duas amigas se aproximam e Dakota me encara com um olhar mortal.


Ergo minhas sobrancelhas e ela revira seus olhos. Aiden se vira para mim
com um olhar questionador e apenas dou de ombros. Ninguém precisa
entender o que se passa entre nós.
— Precisamos de mais cerveja.

Dylan sugere e o seguimos para cozinha. Nós encontramos Ethan e Abby e


os dois não estão brigando e Abby não está encarando meu amigo como se
estivesse prestes a matá-lo.

— Vocês não parecem estar brigando.

Digo ao me aproximar dos dois.

— Nós somos amigos.

É Ethan a me responder e o encaro surpreso. O que está acontecendo? Ele


finalmente conseguiu convencer Abby de que não é um idiota?

— Eu perdi uma aposta e agora Ethan está tentando me convencer de que


não é tão ruim quanto eu acho que ele é.

Encaro meu melhor amigo desde o quarto ano com deboche.

— Quer dizer que você precisou de uma aposta para conquistar a amizade
de uma garota?

Ele faz uma careta.

— Quem diria, hein, Ethan, quem diria?

Aiden continua a provocação.

Ethan apenas segue nos fuzilando com o olhar, porque sabe que se falar
algo, será ainda pior.

— Você perdeu no Beer Pong? — Dylan pergunta e Abby assente. — Você


tem que ser muito ruim para perder para alguém que está com o ombro
deslocado.

Ele zomba dela e Abby revira seus olhos.

— Vocês são uns idiotas.


Faz uma semana que Abby tem frequentado nossa casa e ela é divertida,
apesar do seu humor ácido, além de tudo, o ódio que ela sente por Ethan faz
com que tenhamos vários momentos de entretenimento. Ethan ficou horas
preso na varanda, porque ela está com enxaqueca.

Aiden e Brooke buscam cervejas e ficamos nos provocando, bebendo e


conversando. Conforme os minutos passam, o álcool faz efeito e nos deixa
uma bagunça, minha visão

está embaçada e tudo ao meu redor está mais vibrante, colorido e caótico.

Algumas vezes meu olhar encontra Dakota e é difícil ignorá-la. Ela sorri
para outras pessoas e gostaria de que fosse comigo. Gostaria de estar
sorrindo com ela como há dois anos.

Vamos os sete para a sala, Aiden e Brooke são os primeiros a se afastarem,


Dylan sobe para seu quarto e Ethan e Abby parecem estar em um mundo só
deles.

— Você não me contou que era amiga de Abby.

Sussurro para a garota ao meu lado.

— Não contei.

Olha para mim com um sorriso debochado.

— Você sabia, não é?

Ethan e Abby se afastam e ficamos apenas nós dois.

Dakota fica completamente de frente para mim e nos encaramos uma


intensidade que altera minha respiração. Nada mais importa, nem as
pessoas ao nosso redor, nem o lugar em que estamos.

— Do que você está falando?

— Você sabia que essa é a minha casa, você sabia que Ethan é o meu
melhor amigo e mesmo assim veio aqui.
Ela sequer demostra surpresa, ou tenta fingir que não sabe do que estou
falando.

— Claro, minha amiga me convidou e eu vim.

Estreito meus olhos e tento entender o que ela queria vindo até a minha
casa.

— Você está aqui para me irritar.

Meus pensamentos estão mais devagar e são um caos.

Dakota sorri e seus olhos brilham.

— O mundo não gira em torno de você, Josh.

Dou um passo na sua direção e a encurralo contra a parede.

— Então, você não está aqui para me irritar?

Seu peito sobe e desce acelerado e ela continua com os olhos nos meus.
Dakota não foge, ela fica e dá tudo de si para vencer.

— Estou aqui para me divertir, Josh.

Segue sorrindo debochada enquanto pega o copo que tenho em mãos e o


leva até sua boca, ela toma o restante da minha bebida.

— Você não significa nada para mim. — Ela está mentindo, nós dois
sabemos disso. — Você acredita ser o mais esperto, o mais incrível...
perfeito, mas na verdade não passa de um idiota, egocêntrico que não
consegue ver nada além do seu umbigo.

Odeio suas palavras, odeio como elas têm capacidade de tocar feridas que
luto todos os dias para cicatrizar.

— Você não significa nada para ninguém, Josh.


Suas palavras martelam em minha mente e raiva em meu peito. Porra!
Lembranças invadem minha mente e o caos se instala em mim. Dou mais
um passo em frente e tenho meu rosto a centímetros de Dakota.

A forma como nos encaramos é como se quiséssemos nos matar e ao


mesmo tempo nos beijar. Eu deixo o copo cair no chão e levo minha mão
até seu pescoço enquanto aproximo meus lábios dos seus.

— Você não sabe do que está falando, Dakota.

Sinto sua respiração se alterar e seu perfume me atinge.

Por que ela tem que cheirar tão bem? Minha vontade é jogar tudo para o
alto e obedecer a meu corpo, porém não faço , sigo a vontade de machucá-
la assim como ela fez comigo.

— Eu poderia levar você para meu quarto e você não hesitaria. — Abaixo
meu rosto e meus lábios encostam em seu pescoço. — Foderia-a e você
gritaria meu nome.

Toco sua coxa e ergo um pouco da sua saia para cima.

Dakota não se afasta e vejo sua pele se arrepiar. Adoraria subir meus dedos
pela sua pele e a beijar, mas quero que ela se sinta tão ferida quanto eu
estou . Dessa vez, não irei perder para uma mulher.

Dou um passo para trás e a encaro. Ela está ofegante, lábios meio
entreabertos, bochechas coradas e olhos fechados.

Totalmente perdida nas sensações que causei em seu corpo com simples
toques.

— Mas não irei escolher você, porque garotas iguais a você é o que mais
tem no mundo, até mesmo nessa sala não consigo sequer contá-las. — Abre
seus olhos e me encara com raiva e frustração. — Você não tem nada de
especial, Dakota.

Minha voz é repleta de desdém e de mentira. Nunca conheci alguém como


Dakota, e é isso que me assusta. Seus olhos verdes ficam escuros, quer
dizer que ela está magoada.

Ótimo, antes ela do que eu, então por que não me sinto bem? Por que meu
peito está apertado?

Dakota continua me encarando enquanto me afasto. Viro-me de costas e


tenho vontade de olhar para trás, entretanto não faço. É melhor assim.
Procuro por outras garotas, nenhuma me chama atenção, nenhuma é
Dakota, mas me aproximo da primeira que me encara com desejo.

Não sei quem é, não pergunto seu nome, apenas paro a sua frente e ela traz
suas mãos até meu peito, não a afasto.

Sorrio, um sorriso forçado e deixo que ela me beije, eu a beijo de volta,


porém é algo mecânico, porque é tudo que realmente quero é que Dakota
veja, e assim que interrompo o beijo, viro-me na sua direção.

Dakota está me encarando e seu olhar é devastado. Eu consegui o que


queria e me sinto um idiota, o pior dos seres

humanos e mesmo assim, eu não paro.[AMF1]

Viro-me para a garota e ela continua repetitiva, então entrelaço minha mão
na sua e a levo para o meu quarto. Eu a beijo, porém não consigo continuar,
é impossível. Peço desculpas e ela deixa meu quarto. Eu fico sozinho
sentado na cama e encarando a parede à minha frente.

Dakota deve estar me odiando e espero que seja o suficiente para a manter
longe.

Eu me deito e tento fechar meus olhos, porém meu passado surge para me
atormentar. A cena da garota que amei durante praticamente toda minha
adolescência me deixando por dinheiro se repete em minha mente. Juro que
escuto as palavras ditas pela minha mãe quando descobriu o que aconteceu.

“Você é como eu, Josh, você atrai o caos.”

Não deveria acreditar no que Scarlett fala, porque sempre está drogada,
entretanto algumas coisas entram em nossa mente e em nosso coração e
fazem morada.

Sem conseguir dormir, eu me levanto e paro de frente para minha janela.


Encaro o jardim e me deparo com Dakota deitada em uma espreguiçadeira,
em certo momento leva as mãos até o rosto e o limpa. Ela está chorando.

Minha vontade é ir até ela e pedir perdão, mas não faço, continuo aqui,
observando-a e me sentindo horrível. Ela segue no jardim e eu sigo com os
olhos fixos nela.

Dakota se senta quando o sol começa a nascer e depois de alguns minutos


Brooke se aproxima dela, as duas conversam e em seguida ficam em pé e as
perco de vista.

Eu apoio minha testa no vidro e suspiro. Não importa o que meu coração
deseje, não importa pelo que implora, ele não está mais no comando.

Dakota

Josh me machuca como achei que não poderia me machucar. Eu não espero
nada dele, mas como eu pude cair na sua provocação? Como meu corpo foi
capaz de reagir ao seu? E

ele está certo, eu subiria com ele para o quarto.


Odeio as lágrimas que caem em meu rosto quando fujo para o jardim depois
de vê-lo subir para o quarto com a garota que acabou de beijar em minha
frente.

Estou me sentindo humilhada, usada e magoada. Sequer posso ir embora,


porque estou bêbada e não vou dirigir assim.

Fico contemplando o nada e pensando no quão idiota eu sou.

Depois daquela festa no primeiro semestre, não voltei a transar com pessoas
desconhecidas. Eu sou romântica e simplesmente não consigo não ser.
Quero alguém para estar comigo e segurar minha mão. Mesmo depois de
Ryan, não desisti de relacionamentos e fiquei por um ano depois de Josh
marcando de sair com caras que pareciam legais, porém todos foram
fracassados e nenhum deles passou do primeiro encontro.

Qual o problema comigo?

É como se todos se dessem conta de que não valho a pena, como se fosse
inadequada, como se não fosse especial.

Não deveria doer, mas dói.

Continuo no jardim enquanto as pessoas se divertem, sigo aqui enquanto


vão embora e me sento para assistir o nascer do sol e ainda estou perdida
em pensamentos quando Brooke me encontra. Desvio das perguntas das
minhas amigas e vamos embora.

Não choro por causa de Josh outra vez. Nas aulas de teatro, ignoro-o,
sequer olho para ele, algumas vezes é como se algo em mim implorasse
para procurar por ele, porém me

mantenho firme. Abby continua trabalhando na casa de Josh, ela até cita seu
nome em algumas conversas e eu mudo de assunto rapidamente. Minhas
amigas desconfiam de algo, porém sempre que me perguntam o que
aconteceu entre nós, respondo nada.
Mesmo fingindo que Josh não existe, em alguns momentos ele surge em
meus pensamentos, minha mente é uma traíra.

São duas semanas que consigo me manter longe de Josh.

...

Minha sexta-feira é normal, aula pela manhã, logo após almoçar em um


restaurante do campus, fico um tempo estudando na biblioteca e no meio da
tarde vou para minha última aula.

Chego em casa quando o sol está se pondo, então tomo um banho, visto
uma roupa confortável, pego um dos meus livros de romance de época e
como nenhuma das meninas está em casa vou para sala e me deito no sofá.
Antes de começar a ler, confiro meu celular e há uma mensagem de Abby
em nosso grupo.

“Os meninos irão preparar meu prato preferido/costela de porco e molho


barbecue, vocês não querem jantar com a gente?

P.S.: Faz tanto tempo que não janto com as minhas amigas e queria muito
vocês aqui.”

Meu coração bate acelerado, eu me sento e encaro a parede à minha frente.


Não quero ver Josh, mas Abby está certa, como ela está praticamente vinte
e quatro horas com Ethan, quase não nos vimos e tenho saudade da minha
melhor amiga.

Seria ótimo jantar com ela, se ele não estivesse presente.

Merda, o que eu faço?

Talvez, consiga ignorar sua existência. Quem sabe, ele não esteja em casa.

Continuo ponderado se devo ou não ir enquanto começa minha leitura,


minha concentração está péssima e preciso ler e reler as mesmas frases
várias vezes. Estou relendo uma parte pela quarta vez quando a porta é
aberta e Brooke entra em nosso apartamento.
Largo meu livro de lado, já que minha leitura não está fluindo e encaro
minha amiga. Brooke está com os cabelos

bagunçados, olheiras e está com uma expressão de derrota em seu rosto.

— Você parece acabada.

Ela fecha porta, entra e se joga no sofá ao meu lado.

— Estou morta.

Apoia sua cabeça contra o estofado e fecha seus olhos.

Ela realmente parece estar morrendo.

— Então, vai recusar o convite de Abby?

Ela abre seus olhos e me encara com sua testa franzida.

— Convite?

— Não leu as mensagens que ela enviou no nosso grupo?

Ergo minhas sobrancelhas e ela balança sua cabeça.

Brooke pega seu celular e lê a mensagem que Abby nos enviou.

Ela reflete sobre o convite e olha para mim novamente.

— Você irá?

Mordo meu lábio inferior. Eu quero e não quero ao mesmo tempo.

— Não sei.

Brooke faz uma careta.

— Você não parece muito empolgada.

— Quando eu estou muito empolgada para sair?


Uso como desculpa e sorrio, um sorriso forçado e falso.

— Você está escondendo alguma coisa.

Brooke não parece muito convencida, mas eu estou determinada a não


conversar sobre. Se falar de Josh, ele vai tomar uma importância da minha
vida que não merece.

— Juro que não estou.

Brooke assente e muda de assunto.

— Eu confesso que estou muito cansada, porém estou extremamente


entediada de ficar em casa.

— Realmente é o seu recorde: duas semanas em casa.

Debocho.

— Então, vamos? — Assinto por fim. — Ok, eu vou tentar tirar um cochilo
e podemos ir lá pelas sete, o que acha?

Assinto mais uma vez e Brooke fica em pé.

— Estou indo tentar descansar.

Acena e vai para o seu quarto, eu fico encarando a parede à minha frente de
novo. Devo ir mesmo? Quão ruim será? Mas

não posso deixar Josh comandar minha vida. Eu quero ver minha amiga e
irei vê-la.

Volto para o meu livro e dessa vez, minha leitura flui. Leio alguns capítulos
e decido ir tomar meu banho, demoro embaixo do chuveiro e quando vou
para meu quarto com a toalha em volta do meu corpo, coloco música em
meu celular, escolho minha roupa e me visto ao som de Beatles

É algo simples, então visto apenas um vestido, deixo meu cabelo solto e
calço uma rasteirinha. Saio do meu quarto, colocando meus brincos e
encontro Brooke na sala sentada no sofá e com o celular em mãos. Ela tem
um sorrisinho em seu rosto, aposto que está conversando com algum
garoto.

— Estou pronta, vamos?

Brooke olha para mim e seus olhos estão brilhando.

— Vamos.

Brooke fica em pé e saímos do nosso apartamento.

— Quem era o responsável pelo sorriso em seu rosto?

Provoca-a enquanto caminhamos para o seu carro.

— Não estava sorrindo.

Nega.

— Estava sim.

Dá de ombros.

— Apenas estava conversando com Aiden.

— Aiden e Brooke, eu shippo, hein!?

Brooke age como se não fosse nada demais e eu zombo dela. Durante o
caminho até a casa dos meninos, eu vou a provocando e Brooke negando
que aja algo entre eles. Segundo ela, foi apenas uma vez, porém pela sua
animação, ela está disposta a repetir.

Nós chegamos e é Abby que abre a porta, ela está tão à vontade que você
juraria que ela é a dona da casa.

— Olha só, Dakota, ela já age como se a casa fosse dela, será que iremos
perder a nossa colega de apartamento?
Brooke provoca e Abby revira seus olhos. Eu abraço minha amiga e
entramos na casa. Meu coração acelera enquanto seguimos para a cozinha,
não sei se estou pronta para ver Josh.

Assim que entramos na cozinha, nos deparamos com os quatro meninos,


Dylan, Josh, Ethan e Aiden. Minha respiração se altera, eu não o encaro,
apenas aceno na direção deles e sigo Abby. Ela se senta ao lado do Ethan e
eu ocupo o banco do outro

lado do quarterback. Josh está à nossa frente e mantenho meu olhar no


balcão, eu não quero o ver.

— Eu acho um máximo vocês cozinharem, ricos, famosos, jogadores e bons


na cozinha, qual é o defeito deles?

Brooke ri e sigo tensa. Meu Deus, eu não deveria ter vindo.

Quero voltar para casa.

— Eles não prestam.

Abby responde e as duas riem. Eu estou suando e prestes a ter um colapso.

— Isso não é verdade, eu sou o genro que toda mãe quer.

Dylan se defende e em seguida, Josh. Ouvir sua voz faz com que uma
sensação estranha se instale em minha barriga.

— Eu estou cozinhando para você e você me caluniando, Abby.

Respiro fundo e ergo minha cabeça. Foco em Aiden que está falando no
momento.

— Você está sendo ingrata, Abby, eu te trato como uma princesa.

— Bom, se minha amiga está dizendo, eu acredito nela.

Brooke põe fim no assunto e minha amiga flerta com Aiden enquanto pega
algumas cervejas na geladeira. Continuo evitando Josh e assim que Brooke
me entrega uma cerveja para dividir com Abby, trago a garrafa até minha e
bebo um longo gole da bebida.

Hoje, eu preciso de muito álcool.

Os meninos cozinham e conversamos. Eu me mantenho mais quieta e com


os olhos em Abby e Ethan, assim não corro o risco de esbarrar com Josh.
Ouvir sua voz já é ruim o suficiente.

Aiden de repente bate no balcão e no automático viro-me para ele.

— Nós deveríamos fazer uma festa de Halloween.

Sorrio e balanço minha cabeça.

— Ainda falta semanas para o Halloween.

Digo ao mesmo tempo que Josh e meu sorriso morre. Sinto seu olhar sobre
mim, meu peito vibra com emoções diversas e não consigo mais me
controlar, eu olho em sua direção. Meu olhar encontra com o seu e é como
se de repente ele estivesse vendo a minha alma e eu a sua. Ele parece triste,
arrependido e em meio a uma batalha.

Nossos amigos falam ao nosso redor, mas continuamos nos encarando até
que ele desvia os olhos dos meus e se vira para Aiden.

— Eu quero ficar com as bebidas.

Engulo em seco, tento esquecer essa interação entre Josh e eu e me


concentrar em meus amigos. Nós conversamos sobre a festa, organizamos e
nos planejamos e continuamos no assunto enquanto jantamos. Eu sigo
bebendo como se não houvesse amanhã e meu olhar volta a cruzar com
Josh outras vezes. É uma tortura e por isso quando Dylan sugere irmos para
o jardim, pulo do banco que estou sentada e o apoio.

Nós sete vamos para o jardim. Eu sei que estou ficando bêbada, porque meu
equilíbrio está péssimo e não pretendo parar de beber. Nós ocupamos as
espreguiçadeiras ao redor da piscina e continuamos bebendo. Eu me
mantenho quieta e distante.
Como o álcool está fazendo efeito em meu sistema, quando meu olhar
encontra com Josh, não o desvio, encaro-o e meu coração acelera.

Odeio como ele tem a capacidade de mexer comigo. Por que não consigo
fingir que ele não existe? Por que ele segue como se estivesse impregnado
em mim?

Bebo a ponto da minha visão estar totalmente nublada, o ruim de beber


pouco é que quando você bebe, fica bêbada com pouco. Estou me sentindo
leve e meu corpo está um pouco dormente.

Caralho, bebi demais.

Aiden e Brooke pulam na piscina e logo em seguida Dylan e Josh fazem o


mesmo, eu continuo na espreguiçadeira e me deito. Melhor me manter
distante do loiro de olhos castanhos.

Fecho meus olhos e deixo que minha mente me guie, ela me leva para um
lugar calmo, tão tranquilo... tão bom. Alguém está me chamando, resisto,
mas a pessoa segue me chamando.

— Que merda!

— Olha a boca, princesa.

Reconheço a voz e fico irada. Por que ele está me chamando? Abro meus
olhos e Josh está curvado em minha direção e tocando meu braço.

— Não me toque.

Ele ri e afasta sua mão da minha pele.

— Você fica linda babando, sabia?

— Vá a merda, Josh! — Josh continua rindo e me encarando como se fosse


uma peça de joia em exibição. — Pare de me olhar.

Dá de ombros, ajeita-se ficando com suas costas retas e me estende sua


mão.
— Você pode dormir em meu quarto.

Uma risada irônica escapa entre meus lábios.

— Nem morta.

Sento-me na espreguiçadeira e vejo o mundo ao meu redor girar. Droga,


não deveria ter bebido tanto.

— Você está bêbada e não pode ir embora. Abby subiu com Ethan, Aiden e
Brooke estão quase se comendo na piscina, ela com certeza vai dormir com
Aiden hoje.

Ele está certo, minhas amigas me abandonaram.

— Vou de táxi.

— Você esta bêbada demais para entrar em um carro com um estranho.

Estou bêbada, mas sei que ele está certo e não sou uma irresponsável. Não
costumo ser pelo menos.

— Vou continuar dormindo aqui.

Tento voltar a me deitar, mas Josh toca minhas costas e me impede.

— Já disse para não me tocar.

— Não seja teimosa.

Faço uma careta. Não estou conseguindo ver seu rosto nitidamente, apenas
as luzes da noite ao seu redor. Quase como se ele fosse um anjo, um anjo
caído.

— Não vou dormir com você, Josh.

— Não seria a primeira vez. — Dou um chute em sua perna. — Não seja
agressiva.
— Então, não seja um idiota.

Ele ri e dá um passo para trás.

— Não vou tocar em você, prometo. — Balanço minha cabeça, o que faz
com que tudo gire ainda mais. — Não vou ficar no quarto.

Encaro-o, minha cabeça gira e meus olhos estão pesados.

Droga, eu preciso dormir.

— Vamos, Dakota.

Volta a me estender sua mão. Eu recuso e fico em pé sozinha, o que é


horrível. Tudo está duplicado e balanço para o

lado. Josh tenta me segurar, mas dou um tapa em seu braço.

— Vou dormir no sofá.

Afirmo enquanto me afasto dele e tento caminhar sozinha, o que é horrível.


O chão está se movendo. Tudo está se movendo. Estou quase entrando na
casa quando meu corpo encontra algo.

— Ai, caralho.

— Aí é a porta, princesa.

Josh ri, eu procuro pela maçaneta e consigo abrir a porta.

Apesar da dor em meu corpo, entro na casa, a luz está mais forte e meus
olhos doem. Por que, parece que estou mais bêbada a cada segundo?

Eu quase caio no meio da cozinha, mas Josh me segura de novo, e de


repente, passa seus braços pelas minhas pernas e me pega em seu colo.

— O que você está fazendo?


Mando meu corpo reagir, porém ele não me obedece e apenas apoio minha
cabeça em seu peito.

— Sendo seu herói.

— Impossível, porque você é o vilãoooo.

Sorrio da forma como arrasto minha voz na última palavra.

Josh não fala nada e segue comigo em seus braços para a escada.

— Você não está me levando para sala.

— Não, não estou.

Estou tonta demais para protestar e deixo que ele me leve para seu quarto.
Assim que abre a porta, meu estômago protesta e a ânsia de vômito se torna
insuportável.

— Eu preciso de um banheiro.

Josh

— Droga.
Levo Dakota para o banheiro. Eu posso não estar sóbrio, porém não estou
tão bêbado quanto ela. Coloca-a no chão com cuidado e ela se curva sobre o
vaso sanitário.

Eu já vi muitas vezes meus amigos perderem a linha na bebida para ter nojo
de vômito, além da minha mãe, então me aproximo de Dakota e seguro seu
cabelo. Assim que ela para de vomitar, dá um passo para trás e se distancia
do vaso. Ela se senta no chão com as costas apoiadas na parede.

Seu cabelo está uma bagunça, ela está pálida e seus lábios estão tremendo.
A expressão em seu rosto não é nada saudável.

— Quão mal você está?

— Eu não estou mal.

Sussurra e sorrio ironicamente.

— Claro que não, eu que estou.

— Você precisa parar de ser um idiota e ser um cavalheiro, Josh.

Ela fecha seus olhos e suspira. Droga, ela está com sono, ela deve estar
prestes a dormir e não posso a deixar com essas roupas, elas estão sujas e
devem estar fedidas. Faço uma careta.

— Você nem bebeu tanto assim, princesa.

Abaixo-me e a ajudo a ficar em pé. Dakota abre seus olhos e me encara


com uma expressão de inocência.

— Não costumo beber, então quando bebo, não preciso de muito para ficar
bêbada.

— Percebi. — Resmungo e dou um passo para trás. —

Você precisa de um banho.


Ela faz um beicinho adorável e enruga o nariz, por que até mesmo bêbada
ela precisa estar linda?

— Realmente, estou precisando de um banho.

Olho para o lado e encaro o box.

— Você consegue tomar um banho sozinha?

— Claro que consigo.

Assinto.

— Ok, eu vou pegar uma roupa para você.

Viro-me e deixo o banheiro. Quem diria que estaria cuidado de Dakota


bêbada? De tudo que poderia acontecer, isso é o mais improvável. Eu pego
uma camiseta, uma cueca e uma bermuda.

E ao voltar para o banheiro, encontro-a embaixo do meu chuveiro, sem


nenhuma roupa. Porra!

— Hey, você não pode entrar assim.

Ela protesta e coloca uma das mãos sobre seus seios e a outra sobre sua
virilha. O vidro do box não a deixa tão exposta e eu viro meu rosto para não
a olhar.

— Era para você ter esperado eu trazer as roupas antes de ficar nua e entrar
no box.

Coloco as roupas sobre o balcão da pia

— Você não me disse para esperar.

Reviro meus olhos.

— Era para você supor que entraria no banheiro.


— Vai se foder, Josh!

— Olha, a princesinha diz palavrões. — Olho em seus olhos e me viro


ficando de costas. — E não entendi o porquê está preocupada, não há nada
que não tenha visto.

Sorrio debochado.

— Imbecil, idiota, babaca...

Abro a porta, saio do banheiro e ainda posso a ouvir me xingando. Ainda há


um sorriso em meu rosto enquanto vou até minha cama e me sento sobre o
colchão, porém ele se desfaz e encaro a parede à minha frente.

Eu sabia que continuaria vendo Dakota depois daquela festa, só não sabia
que seria tão difícil a ignorar. A cada aula de teatro queria ir até ela e pedir
desculpas, queria que ela olhasse em minha direção e parasse de me ignorar.
Não é algo agradável de admitir, mas seu desprezo doeu em mim.

Passo as mãos pelos fios do meu cabelo. O que essa garota tem? Por que me
puxa em sua direção como um imã? Por

que simplesmente não consigo ignorá-la?

Eu não esperava vê-la aqui hoje, mas desde que ela entrou na cozinha, meu
olhar procura por ela. Nós nunca nem tivemos uma conversa normal, a não
ser a daquela noite e estávamos bêbados.

Por que então ela me chama tanta atenção? Deve ser aquele lance de querer
o que você não pode ter. Minha consciência acusa que não existe nada que
me impeça de me aproximar dela, apenas motivos baseados literalmente em
vozes da minha cabeça. Será que estou sendo ridículo?

Poderia ter a deixado na espreguiçadeira, porém não consegui. Ela estava


dormindo tão mal e no outro dia, a assisti pela janela, talvez fizesse o
mesmo hoje.

A porta do meu banheiro é aberta e Dakota surge usando as minhas roupas,


uma onda de excitação percorre meu corpo e minha respiração se altera. Há
algo tão sexy em vê-la vestindo as minhas roupas. Minhas.

Encaro-a enquanto minha vontade é ir até ela e a beijar. E

tomar seus lábios e fazê-la gemer meu nome. Quando se torna insuportável,
desvio meus olhos e fico em pé.

— Você pode dormir na minha cama.

Aponto para cama e quando volto a olhar para ela, encontro seus olhos que
ainda estão brilhando por conta do álcool.

— Ok.

Ela se aproxima da minha cama e acompanho com meus olhos, ela irá se
deitar no meu colchão, meus lençóis e travesseiro possuirão o seu cheiro.
Que tipo de armadilha estou fazendo para mim mesmo? Dakota puxa o
lençol e edredom e se vira para mim.

— Você irá dormir aqui?

Sorrio.

— Onde mais irei dormir?

Balança sua cabeça negando.

— Não quero que você durma comigo.

Assinto e continuo com um sorriso em meu rosto, porque suas palavras


estão mais arrastadas que o normal, apesar de ter vomitado e do banho,
Dakota segue bêbada.

— Tá bom.

Levanto a mão para cima em sinal de rendição e ela se deita em minha


cama. Dakota está de barriga para baixo, abraça
um dos meus travesseiros e fecha seus olhos. Eu fico a observando e não
demora muito para que sua respiração indique que está dormindo.

Enquanto estou olhando Dakota, me lembro das suas palavras: Impossível,


porque você é o vilãoooo.

— E você, Dakota, é a heroína ou a vilã da minha história?

Suspiro, viro-me e vou até o banheiro. Eu tomo um banho, coloco roupas


limpas e pego as minhas roupas. Encontro as de Dakota, as apanho e desço
até a lavanderia. Lavo-as na lava e seca, porque assim ela poderá vesti-las
assim que acordar.

Eu fico fitando a parede enquanto a máquina faz o seu trabalho. A imagem


de Dakota vestindo minhas roupas ecoa em minha mente. Não consigo de
parar de pensar nela. Ela tem sido meu tormento.

Assim que as roupas estão lavadas e secas, recolho-as e volto para o meu
quarto. Deixo-as dobradas sobre a cômoda e me ocupo o lugar ao lado de
Dakota. Ela disse que não me queria dormindo com ela, porém eu não disse
que não dormiria.

Fecho meus olhos e antes de dormir, sinto Dakota se aproximando, ela


passa seu braço pela minha barriga e apoia sua

cabeça em meu peito. Eu relaxo e a abraço.

Dakota

Acordo com braços ao redor do meu corpo e não consigo reconhecer a


quem os braços se referem. Abro meus olhos e como tudo está escuro,
demoro a me acostumar com a falta de luz, assim que me adapto à baixa da
luz, dou conta-me que estou nos braços de Josh.

Droga, ele veio dormir comigo e ainda me abraçou. Quem ele pensa que é?
Minha mente acusa que pela posição fui eu que me aproximei dele .

Com raiva de mim, desvencilho-me dele com cuidado para ele não acordar
e deixo sua cama. Meu pé pisa no chão e tudo parece estar se movendo
lentamente, droga, ainda há álcool em meu sistema. Nunca mais irei beber.

Olho ao redor do seu quarto e me deparo com as minhas roupas dobradas


sobre a sua cômoda. Eu vou até elas e me dou conta de que estão limpas,
então Josh as lavou. Ele não deveria ter gestos assim, ele precisa ser apenas
idiota.

Suspiro, pego minhas roupas e vou para o banheiro. Minha cabeça está
doendo e minha garganta está seca, além de existir um gosto horrível em
minha boca. Realmente, nunca mais irei beber.

Eu troco minha roupa, vasculho as gavetas da pia de Josh e encontro com


uma escova de dente na embalagem, pego-a e escovo meus dentes. Por fim,
prendo meu cabelo em um coque com os meus próprios fios e deixo o
banheiro. Então, deixo suas roupas sobre a cômoda e saio do seu quarto

— O que você estava fazendo no quarto de Josh?

Olho para o lado e me deparo com Abby. Merda, não pretendia me


encontrar com ninguém, só queria ir para casa.

Encaro minha amiga e antes que ela possa dizer algo, balanço a cabeça e me
justifico.

— Não aconteceu nada entre nós, eu dormi na espreguiçadeira e ele me


trouxe para o seu quarto, foi isso, apenas isso.

Abby apenas assente e suspiro aliviada.

— Café?

Mordo meu lábio inferior.

— Estava pensando em ir embora.

— E Brooke?

Abby se aproxima e caminhamos uma ao lado da outra na direção da


escada.
— Com Aiden.

Respondo minha amiga, embora não tenha visto Brooke subir para o quarto
com Aiden, acredito que os dois estejam juntos pela forma como os dois
estavam juntos ontem à noite.

— Espero que esses dois não acabem se machucando.

Assinto, embora minha atual preocupação seja eu mesma não sair


machucada. Nós descemos o último degrau e dou um passo na direção da
porta, porém Abby engancha seu braço no meu e sou obrigada a parar.

— Fique mais um pouco e vamos preparar algo para comermos.

Reviro meus olhos, porque ela faz uma expressão de cachorro abandonado.

— Ok, ok.

Cedo por fim e vamos para a cozinha. Abby prepara nosso café enquanto
faço os ovos, ela é quem pega tudo que

precisamos para preparar o que iremos cozinhar, minha amiga realmente


está como se estivesse em casa. Logo que temos tudo pronto, nos sentamos
nos bancos que ficam de frente para a ilha, que ocupa a metade da cozinha
dos meninos.

— E você e Ethan? — Eles parecem bem próximos e ela dormiu com ele.
Abby encara os ovos em seu prato. — O que vocês têm?

— Nada.

Minha amiga na minha frente responde muito rápido e por essa razão, eu
rio, porque ela claramente está mentindo.

— Vocês não parecem não ter nada.

Dá de ombros e ergue seus olhos até me encarar.

— Nós somos amigos.


Ela não tem determinação em sua voz e nem em seus olhos.

— E tudo está sobre controle?

Ergo minhas sobrancelhas e seus ombros cedem.

— Não, nada está sobre controle.

Suspira.

— O que nada está sobre controle?

Brooke pergunta ao entrar na cozinha, nós duas olhamos para ela e não a
respondemos. Brooke se senta ao lado de Abby e ela está nos encarando,
esperando por uma resposta. Abby olha para nós duas com uma expressão
estranha.

— A minha situação com Ethan.

— Qual é o problema?

Brooke pergunta sem entender. Abby suspira mais uma vez.

— Eu não o odeio mais e às vezes... tenho vontade de beijá-lo.

— Sabe o nome disso? — Encaramos Brooke curiosa. —

Tesão.

Eu não consigo me controlar e acabo rindo, Abby faz uma careta.

— Nome disso é: eu estou ferrada.

— Acho que você está apaixonada.

Sou direta e Abby arregala seus olhos.

— Você está errada.


Conheço Abby desde o jardim de infância e sei reconhecer quando ela está
em negação.

— É apenas uma questão de tempo até você admitir.

Dou de ombros e Abby me fuzila com seus olhos.

— Você está enganada.

Ela não soa nenhum pouco determinada, Brooke e eu nos olhamos e Abby
bufa.

— Aiden e você?

Muda de assunto e pergunta para Brooke, que se levanta e enche uma xícara
com café.

— Repetimos a dose. — Sorri maliciosa. — Já disse que ele é ótimo? Seu


brinquedo é do tamanho perfeito e ele sabe o usar.

— Detalhes demais, detalhes demais.

Tapo meus ouvidos e zombo dela. Brooke apenas ri e volta a se sentar.

— Não seja tão recatada, certeza que ela não é virgem?

Provoca-me fazendo a pergunta para Abby, reviro meus olhos e as duas


riem.

— E você e Josh?

Abby pergunta e engulo em seco.

— Nós não temos nada.

Bebo do meu café e Abby estreita seus olhos.

— Por que é tão estranho quando vocês estão por perto?


Balanço minha cabeça.

— Você está vendo coisas demais, Abby.

— Por que você não nos contou do teatro? E

principalmente, por que não nos contou que um dos seus colegas é uma das
Estrelas do Alabama?

Abby está desconfiada e por isso está me desafiando.

— Esqueci.

Minto e bebo mais um pouco do meu café para evitar continuar falando.

— Vamos mesmo organizar a festa de Halloween, não é?

Graças a Deus, Brooke muda de assunto. Pelos próximos minutos


conversamos sobre a festa e sobre o que podemos fazer e qual fantasia
usaremos. Nós terminamos de comer, então limpamos o que sujamos e
Brooke e eu vamos embora, Abby fica, porque continua sendo a babá de
Ethan.

Brooke dirige e vamos conversando sobre assuntos aleatórios, apesar de ter


passado mal e estar com dor de cabeça,

estou melhor do que acreditava que estaria.

Nós chegamos em nosso apartamento e eu vou direto para meu quarto, e


assim que entro no cômodo, me deparo com o espelho e meu reflexo, acabo
me dando conta de que não estou usando a correntinha que sempre uso.

Droga, eu tirei minha correntinha para tomar banho e a esqueci em cima do


balcão da pia do banheiro de Josh.
Josh

Acordo e Dakota não está mais ao meu lado, porém seu cheiro está
impregnado nos meus lençóis e em meu travesseiro como eu suspeitava.
Suspiro e faço a idiotice de trocar o meu travesseiro pelo que ela usou, só
para sentir como se ela estivesse ainda aqui bem ao meu lado.

Isso me faz tão patético que eu mesmo tenho vergonha de mim.

Volto a dormir e sonho com Dakota. Sonho com ela em meu quarto, em
minha cama, com minha boca sobre a sua e com

minhas mãos tocando seu corpo. Acordo ofegante e excitado.

Assim que me dou conta de que tive um sonho erótico com Dakota, suspiro,
fico com raiva de mim mesmo e me levanto.

Vou para o banheiro e entro debaixo da água fria. Estou precisando disso
para me acalmar. É realmente o fim do poço, a humilhação só não é maior,
porque não preciso me tocar.

Raiva de mim faz ferver o meu sangue e me deixa de mal humor. Tudo
culpa daquela ruiva. Saio do banho e enrolo a toalha ao redor da minha
cintura, paro em frente à pia e escovo meus dentes e quando termino,
constato duas coisas.

Ela usou uma das escovas embaladas que eu tinha em minha gaveta e ela
esqueceu a sua correntinha. Guardo a minha escova, pego a sua correntinha
e a ergo a fim de analisá-la melhor.

O pingente é um coração brilhoso. É delicado, assim como Dakota,


combina perfeitamente com ela. Volto para meu quarto e meu humor está
um pouco melhor.

Deixo a correntinha em cima da cômoda enquanto me visto, meu olhar


nunca desvia da joia. Eu me visto e pego meu

celular, sento-me na beirada do colchão e confiro as notificações.

Para minha infelicidade, há uma de Gavin.

“Hey, Josh, ela me pediu mais dinheiro.”

Não preciso ser um gênio para adivinhar de quem ele está falando. Passo a
mão pelos fios do meu cabelo, suspiro e encaro o teto. Como não há como
evitá-lo, envio uma mensagem.

“Quanto?”

Ele me responde imediatamente.

“Mil dólares.”

— Caralho.

Eu não preciso perguntar o porquê, os motivos são sempre os mesmos.


Dívidas com agiotas e com traficantes. Entro no meu aplicativo do banco e
faço a transferência.

“Feito, obrigado cara e desculpa meter você nessa confusão.”


Odeio ter envolvido Gavin com a história da minha mãe, mas ele é o único
que ela deixaria entrar em sua casa e contaria seus problemas. Ela só me
ligaria quando tudo estivesse no limite e talvez nem pudesse resolver a
encrenca da vez daqui.

“Você não precisa me agradecer, você sempre me ajudou no que precisei.”

Gavin e eu temos uma dívida de gratidão um com o outro, ele é filho da


vizinha da minha mãe, uma viciada como ela, porém seu pai não é rico
como o meu. Ele não teve a mesma sorte, se é que podemos chamar de
sorte. Quando estava com minha mãe e ela estava ou drogada, ou em surto
por falta de droga, era para casa de Gavin que eu corria para me afastar
dela. Se sua mãe estava na mesma situação, íamos até o parquinho na
esquina e ficávamos lá tentando encontrar novas esperanças.

Foi lá que eu conheci Laylah e achei que tinha encontrado a minha


esperança. No fim, estava enganado e as palavras da minha mãe fizeram
sentido: pessoas como nós não vencemos.

Coloco o celular sobre a minha cama à minha direita, curvo meu corpo para
frente, apoio meus cotovelos nas minhas pernas e deixo minha cabeça entre
minhas mãos.

É claro que nosso DNA não define quem seremos, Scarlett não está certa.
Mentalizo, porque é irracional acreditar nela, é tolice acreditar que estou
fadado ao fracasso. Eu sei disso, só é difícil de aceitar algo quando tudo te
leva crer ao contrário.

Antes que fique com mais raiva da minha mãe e da minha vida, e caia em
um poço de autodepreciação, me levanto, apanho a correntinha de Dakota
para guardar no meu bolso da calça e

deixo meu quarto. Desço as escadas e encontro Ethan e Abby na cozinha,


eles estão preparando o almoço.

— A bela adormecida acordou.


Ethan zomba e ergo o meu dedo do meio em sua direção enquanto me
aproximo e me sento no banco de frente para os dois.

— Acorda quase três horas da tarde e ainda está de mau humor.

Abby me provoca e sorrio debochado.

— Hoje é sábado, o dia mundial do descanso.

— Se você tivesse descansado, não estaria de mau humor.

Dou de ombros.

— Tenho meus motivos para não estar com um humor espetacular.

Ethan ergue suas sobrancelhas, Abby larga a faca que estava usando para
cortar a salada, lava as mãos com água da torneira e enxuga com o pano de
prato, por fim cruza seus braços em frente do seu corpo.

— Espero que isso não tenha a ver com a minha amiga.

— Não totalmente.

Ela tem a testa franzida e um olhar mortal, poderia ficar com medo dela se
não fosse tão baixinha. É uma cena cômica.

— Não magoe minha amiga, ou irei matá-lo. — É

impossível não rir da sua ameaça. — Não ria, eu estou falando sério.

— Você tem quase a metade do meu tamanho.

Revira seus olhos, descruza seus braços e volta a cortar a salada.

— Não seja exagerado.

Resmunga.

— Ok, não sou assim tão alto, mas você não seria capaz de me matar.
— Sempre posso pagar alguém.

Ela dá de ombros, como se realmente fosse capaz de pagar um assassino de


aluguel. A garota baixinha que na maioria das vezes parece estar zangada
pode tentar, mas não coloca medo em ninguém, na verdade é ao contrário.

Eu adoro Abigail, porque ela me lembra da Tessa, as duas agem como se


odiassem o mundo, porém são inofensivas. A

maior diferença entre as duas é que Tessa é mais extrovertida e expansiva,


até demais.

— Você se daria bem com a minha irmã.

Abby ergue suas sobrancelhas e Ethan gargalha, ela se vira para meu amigo.

— Qual o motivo da risada?

Desafio-o e os observo com curiosidade. Os dois se odiavam, agora são


amigos e pela forma como estão se olhando, não ficaram apenas na
amizade. Espero que eles não se machuquem, pois gostar de alguém quando
você é jovem, é um perigo.

Ethan ergue as mãos para o alto e respira fundo algumas vezes até enfim
conseguir parar de rir.

— Você e Tessa juntas seriam um problema para sociedade.

— Isso é verdade.

Concordo com meu melhor amigo. Abby olha desconfiada para nós dois.

— Por que nós somos parecidas?

Ergo minha mão e enquanto falo, enumero a semelhança entre elas usando
os dedos.

— Vocês são debochadas, têm humor ácido, são irônicas e baixinhas. São
rebeldes.
— Eu não sou rebelde.

Defende-se e apenas balanço minha cabeça negando.

— Ela só é um pouco mais sociável que você.

Ela dá uma leve cotovelada em sua barriga e se vira para Ethan.

— Sou super sociável.

Ela aponta a língua para Ethan. Eu sorrio do seu gesto super infantil e Ethan
continua a provocando.

— Demorou semanas para você aceitar ser minha amiga.

— Você merecia. — Aponta na direção dele. — Eu fui super sociável com


seus amigos.

— Nisso sou obrigado a concordar com você.

Concordo com Abby, que sorri vitoriosa para Ethan.

— O problema sempre foi você.

Ela o acusa e os dois se encaram. Há uma intensidade na forma como os


dois se olham.

— Por favor, se vocês forem transar, façam isso em um quarto.

Abby se vira para mim com uma expressão de quem está prestes a matar
alguém.

— Idiota!

É a minha vez de apontar em sua direção.

— É esse jeito esquentadinho que minha irmã tem.

Sorri.
— Sua irmã deve ser incrível se for mesmo parecida comigo e iria adorar a
conhecer.

— Talvez, semestre que vem você a conheça.

— Ela virá para universidade? — Assinto. — E quantos anos ela tem?

Respondo dezoito e pelos próximos minutos enquanto conversamos sobre


minha irmã, Ethan e Abby cozinham. Quando o almoço está pronto, Abby
deixa a cozinha para ir ao banheiro, então Ethan espalma as mãos sobre o
balcão e me encara preocupado.

— O que aconteceu para o estar de mau humor? — Estou prestes a negar,


mas Ethan é mais rápido. — E não me diga mais nada, porque sei que algo
está o perturbando.

Ethan e eu nos conhecemos no quarto ano, quando fui morar com meu pai e
precisei mudar de escola, foi lá que conheci Ethan e o beisebol.

— O de sempre.

Ethan faz uma careta.

— Você deveria tentar a clínica.

Sorrio, um sorriso totalmente sem humor.

— Você sabe que não adianta, ela fica uns meses sem droga, mas sempre
acaba retornando para o vício.

— E se você parar de dar o que ela pede?

Nós já tivemos essa conversa e entendo Ethan, porém algumas questões não
são tão simples de resolver como imaginamos.

— Sei que não é saudável apoiar seu vício e que provavelmente uma hora
ele irá matá-la, mas se não der o dinheiro, ela irá pegar emprestado e se não
tiver como pagar, os agiotas irão bater nela, ou fazer pior.
Meu estômago embrulha só de recordar vê-la com as roupas rasgadas em
cima do sofá, eu tinha nove anos e mesmo assim pela sua expressão, pelas
lágrimas descendo pelo seu rosto, soube que havia sido abusada
sexualmente. Naquele dia, eu liguei para a polícia, esse meu ato foi o que
meu pai precisou para conseguir minha guarda e minha mãe foi para uma
clínica de reabilitação.

Achei que ela ficaria bem e que um dia voltaríamos a viver juntos, e dessa
vez, seria melhor, porque ela estaria bem, mas ela não ficou bem. Não por
muito tempo.

— Não quero estar relacionado à morte da minha mãe de alguma forma,


então se ela quer dinheiro, dinheiro ela terá.

É nítido que Ethan não concorda, mas também sabe que não tenho muito o
que fazer.

— Sinto muito, cara.

— Eu também, Ethan.

Encerramos o assunto assim que Abby se aproxima, ela entra na cozinha


mexendo em seu celular. Ergue seus olhos do aparelho e para ao lado de
Ethan, porém olha em minha direção.

— Dakota pediu para eu pegar uma correntinha que esqueceu no seu quarto.

Sorrio ao me lembrar da joia que tenho em meu bolso, pego-a e a coloco em


meu pescoço.

— Fale para ela que se quiser, terá que pegar diretamente comigo.

Deveria entregar para Abby e a continuar evitando, mas foda-se.

— Não seja um idiota, Josh.

Abby está tentando me coagir, mas balanço a cabeça negando.

— Não vou entregar para você.


— Vamos, Josh, não seja um cuzão.

Rio do palavrão da Abby.

— Vocês ficaram?

Ethan interrompe nós dois.

— Não.

Ele está perguntando de agora e não de dois anos atrás e de qualquer forma
iria mentir.

— Juro que se você fizer minha amiga sofrer, eu corto seu pinto, ou no
mínimo quebro o seu nariz como fiz com Ryan.

Abby volta a me ameaçar, porém não é a sua ameaça que me chama a


atenção.

— Quem é Ryan?

— O ex idiota da Dakota.

Quero perguntar o porquê ele é um idiota, mas não faço.

— Vamos comer que estou morto de fome.

Assinto e olho para a porta.

— E Dylan e Aiden?

— Aiden está estudando e Dylan saiu.

Ethan me responde enquanto pega os pratos no armário.

Nenhum de nós fala mais nada e almoçamos em silêncio. Após o almoço,


subo para meu quarto, troco de roupa e vou para The Joe, o apelido do
estádio de beisebol da Universidade do Alabama. E o lugar onde me sinto
realizado.
Assim que estaciono o carro, deixo-o e caminho na direção da sala de
imprensa. Passo pelos corredores e posso sentir meu coração vibrando mais
forte. Eu amo o beisebol, é a minha vida e meu maior medo é fracassar
como atleta.

O estádio é enorme, com sua última reforma, o lugar ficou ainda mais
incrível, contando com Lounge para jogadores, suítes, sala de imprensa,
vestiário e uma sala de treinamento com equipamentos de elevado padrão.

Mal posso esperar para o início da temporada.

Encontro com alguns dos meus colegas de time nos corredores e trocamos
tapinhas nas costas. Alguns encontrei nas festas, outros eu não via desde o
fim da temporada passada.

— Capitão, qual o objetivo desse ano?

Um dos calouros me pergunta enquanto caminhamos na direção da sala de


imprensa.

— Chegar a Men's College World Series[8] com certeza.

— E nós temos capacidade?

Sorrio.

— É claro que nós temos, afinal vocês têm a mim jogando com vocês.

Os veteranos que estão com a gente riem e me chamam de arrogante.


Nenhum deles está realmente falando sério e eles sabem que comigo no
time as chances realmente são melhores.

Entramos na sala de imprensa e o treinador já está em pé logo em frente a


mesa que normalmente é ocupada por ele e os melhores jogadores do jogo.

— Bem-vindos.

O treinador Turner nos saúda e ocupamos as cadeiras que estão espalhas


pela sala. Ele soou seco como sempre. Um fato sobre meu treinador é que
ele pode parecer ser durão e um idiota, porém é só aparência dele. Todos
nós do time o admiramos.

Ele fica em silêncio e conversamos um com o outro até que o restante do


time, os calouros e veteranos, chegam e ele inicia o seu discurso.

— Bem-vindos mais uma vez. — Seu olhar percorre pelos nossos rostos. —
Estamos aqui para falar sobre a próxima temporada, conversaremos sobre
objetivos e estratégias.

Como nós já nos encontramos particularmente para uma reunião, eu sei


sobre o que ele irá falar, mesmo assim quando meus colegas assentem, faço
o mesmo gesto e continuo escutando atentamente o que o treinador está
falando.

— Vou chamar a equipe técnica que fará parte da temporada.

Ele chama os nomes e o pessoal entra pela porta que fica na lateral. A
maioria são conhecidos, porém há alguns nomes novos e os calouros não os
conhecem.

— E por último, mas não menos importante o capitão do nosso time: Josh
Dawson.

Sou aplaudido e alguns dos meus colegas assobiam, eu fico em pé e faço


uma reverência na direção deles. O treinador faz sinal para que eu vá até lá
na frente, então, vou lá. Walker Turner manda eu proferir algumas palavras
de incentivo para nosso time e assim eu faço.

Digo que temos de ter garra que não será fácil, mas se tivermos
comprometimento em conjunto tanto quanto individual, conseguiremos
conquistar tudo que almejamos. Ao fim, berro o nosso grito de guerra e eles
me seguem, levantando mais o grito.

Sorrindo, volto para o meu lugar e o treinador comenta sobre nosso


primeiro jogo que será um amistoso contra UT
Martin, time que representa a Universidade do Tennessee em Martin. Estou
morrendo de vontade de colocar minhas luvas, porém nesse jogo
provavelmente não serei um titular, porque é apenas um amistoso.

Assim que a reunião é finalizada, combinamos de ir para um bar, então


animado vou para o meu carro e antes de dirigir para o Crimson Giants, o
estabelecimento que sempre vamos para comemoramos nossas vitórias,
pego meu celular e confiro as minhas notificações. Há uma mensagem de
alguém que não me segue, abro-a e é um texto de Dakota.

“Eu quero minha correntinha de volta, seu idiota.”

Sorrio, abro minha câmera, puxo a gola da minha camiseta e tiro uma foto
da correntinha em meu pescoço.

“Ela agora tem um novo dono”

Dakota

Entro no auditório e procuro por aquele idiota. Josh está com meu colar
desde sábado, simplesmente me enviou uma foto o usando e me ignorou
quando mandei que me devolvesse.

Quem ele pensa que é para estar usando minhas coisas?


Ele está sentado na primeira fila e vou até ele, hoje não quero o evitar, só
quero a minha correntinha. Sento-me ao seu lado e o encaro com raiva.

— Devolva a minha correntinha.

Ele se vira para mim e sorri vitorioso.

— Bom dia, princesa, tudo bem?

O imbecil está com a minha correntinha.

— Josh, tudo está péssimo, aliás desde que estou sendo obrigada a conviver
com você, tudo está péssimo.

Digo entre dentes e ele segue rindo. Idiota!

— Acho que alguém não dormiu bem.

— Josh, só me faça o favor de devolver o que é meu.

A professora começa a falar, mas a ignoro e nem presto atenção no que está
falando.

— Como disse anteriormente por mensagem, ela tem um novo dono.

E se eu enforcar Josh? Aposto que ninguém sentirá sua falta, inclusive será
um alívio para as pobres pessoas que são obrigadas a conviver com ele.

— Isso é roubo.

Olha em meus olhos e dá de ombros.

— Achado não é roubado.

— Não seja infantil, Josh.

— Silêncio, por favor.

Mais uma vez ignoro a professora e sigo encarando Josh.


— Vou considerar a correntinha um pagamento por ter cuidado de você
bêbada.

Ergo minhas sobrancelhas e abro a boca para o xingar, mas ele e eu somos
chamados pela professora. Só nessa vez que olho para ela.

— Josh, Dakota, vocês podem compartilhar conosco o que é tão importante


para estarem interrompendo a minha aula?

Dayse, a professora compreensiva e fofa, chama nossa atenção. Maldito


Josh, o idiota ri e eu morrendo de vergonha.

— Desculpa, professora.

Ela assente.

— E que isso não se repita.

É a minha vez de assentir. Apesar de estar furiosa e querer matar Josh, fico
em silêncio.

— Bom, hoje irei ler a peça teatral para vocês e depois faremos um teste
para descobrir o papel de cada um, ok?

— Ok.

Todos presentes dizem ao mesmo tempo, então Dayse pega um papel que
há sobre a mesa e inicia a leitura da peça. Ela caminha de um lado para o
outro enquanto faz a leitura.

É uma peça autoral e de romance. Eu fico fascinada pelo texto. É uma


história que se passa no período regencial, de um duque que é obrigado a se
casar com uma desconhecida, após serem pegos sozinhos em uma
biblioteca durante um baile. Ele só queria fugir das mães casamenteiras e
ela só queria não ter mais que responder o porquê tinha recusado a oferta de
casamento de um dos melhores partidos da temporada. E Emma, a
personagem, só queria se casar por amor.
Lembra-me um pouco dos meus romances favoritos. Eu adorei o enredo e
irei adorar ser uma das figurantes, ou talvez possa ser a diretora, ou estar na
equipe que cuida da caracterização.

— Subam todos.

Fico em pé, deixo minha mochila na poltrona e sigo na direção da


professora animada.

— Adorei o texto.

Elogio-a e ela sorri animada.

— Obrigada, Dakota. — Sorrio e me afasto, porque meus colegas também


pisam no palco. — Formem um círculo.

Fazemos o que a professora pede e ela entrega uma cópia do roteiro para
cada um de nós.

— Quero que cada um de vocês escolha um trecho em que tenha fala de


alguns dos personagens principais e a intérprete, escolham de acordo com o
gênero de identificação, ou que mais se identificam, ou que gostariam de
interpretar, não importa.

Estou suando só de pensar em falar algo na frente de todo mundo. Sempre


fui a melhor aluna desde que não precisasse apresentar trabalhos. E agora?

— Quem será o primeiro? — Ninguém se voluntaria. — Eu preciso que


alguém comece, se ninguém se prontificar, irei escolher aleatoriamente.

Abano-me com o papel. Deus, eu por favor não! Para meu alívio, uma
garota ergue o braço.

— Obrigada, Amanda, venha até o centro do círculo.

Assim a garota faz e interpreta o seu trecho escolhido. Ela é ótima e seria
uma ótima filha de um conde. O próximo a se
voluntariar é um garoto, ele interpreta o duque, ele não é incrível, mas
poderia ser escolhido.

Um por um dos meus colegas faz a apresentação, o que significa que a


minha vez irá chegar. Minha respiração se altera, minhas mãos estão
tremendo e sinto uma pontada em meu peito.

Merda, merda, merda. Esse não é o momento para uma crise de pânico.
Vamos lá, eu já superei o problema de falar em público. Não preciso ficar
ansiosa. É algo normal, ninguém irá me julgar.

— Hey, vai ficar tudo bem.

Josh toca meu braço. Sua voz não soa debochada e muito menos irônica.
Não sei o porquê ele está me ajudando e no momento nem me importo.

Por fim, ficamos apenas Josh e eu. Fecho meus olhos e respiro fundo. Tudo
ficará bem.

— Eu vou primeiro.

Josh vai para o centro do círculo e se vira em minha direção. Seus olhos
encontram os meus.

— Pode começar, Josh.

— Não tenha medo, eu não farei nada contra sua vontade e se for possível,
farei o possível para que tenha a melhor vida possível. — Ele sorri, seu
sorriso cafajeste. — Não sou tão mal quanto pensa, na medida do possível,
eu sou um cavalheiro.

Continua sorrindo e de alguma forma ele consegue me tranquilizar. Josh


continua encenando o seu trecho e enquanto isso segue me encarando. Ele
finaliza e a professora bate palmas assim como fez com todos.

Ele com certeza não foi o melhor, porém, eu achei que ele foi o melhor.

— Sua vez, Dakota.


Josh se afasta e volta para seu lugar. Eu continuo parada esperando por um
milagre, Deus, eu sequer escolhi um trecho.

— Dakota.

Dayse me chama mais uma vez, dou um passo em frente e cruzo com Josh,
estou tão perto que meu braço esbarra com o seu.

— Página dois, terceiro parágrafo.

Sussurra. Não sei o que ele quis dizer, mas assinto.

Caminho até o centro do círculo como se estivesse caminhando

na direção de uma forca. Eu paro no meio dos meus colegas e minha


garganta está seca. Abro a boca e nada sai.

— Pode começar.

Fito o papel. O que droga eu vou fazer? E se sair correndo? Parece uma
ótima ideia. Lembro-me do que Josh falou e viro a página, percorro meus
olhos pelo papel até o terceiro parágrafo.

É a cena seguinte a que ele escolheu, a resposta da protagonista. Suspiro,


busco toda a coragem existente em meu ser e como não decorei o texto,
leio-o.

— Muito me admira, milorde... o senhor como um cavalheiro ser um dos


frequentadores das noites londrinas... e é impossível eu ser agraciada com
uma vida agradável... sendo obrigada a casar-me com o senhor.

Eu estou praticamente com o rosto coberto pelo papel e minha voz falha,
porque estou nervosa demais. As pausas que eu faço são ridículas. Continuo
e a cada palavra que deixa minha boca fico mais vermelha. Os minutos são
intermináveis e quando enfim termino, respiro aliviada.

Talvez hoje eu seja expulsa da aula de teatro.

— Obrigada, Dakota.
Volto ao meu lugar e mantenho o olhar no chão. Não quero ver os sorrisos
de deboche no rosto de ninguém.

— Na próxima aula, quinta, decidiremos os papéis de cada um.

Dayse finaliza a aula, eu praticamente saio correndo do palco e pego minha


mochila, na pressa derrubo todos meus cadernos e canetas no chão. As
coisas poderiam ser mais humilhantes? Lágrimas se acumulam em meus
olhos e preciso respirar fundo várias vezes para não as deixar cair. Alguém
se abaixe ao meu lado e só sei que é Josh, por causa do seu perfume. Não
olho para ele, porque se olhar, irei chorar.

— Está tudo bem.

Ele me ajuda a juntar as minhas canetas e cadernos e continuo sem o


encarar.

— Nada está bem.

Resmungo.

— Não foi tão ruim quanto imagina.

Sorrio irônica, pego meu último caderno e o soco dentro da mochila.

— Foi horrível, Josh, vergonhoso.

Pego minha mochila, coloco sobre meu ombro e corro do auditório. Não
olho para os lados e me mantenho assim até estar dentro do carro e quando
estou atrás do volante, me permito chorar.

Não sou chorona, mas hoje foi demais. Essa maldita aula me desencadeou
um gatilho gigante. E hoje, ainda é a primeira aula da semana. Deus, tem
como piorar?

Apesar de estar péssima retoco minha maquiagem, passo em um Drive-


Thru, almoço no carro e em seguida dirijo para o Sweet Home, eu posso
estar acabada, mas estarei lá. Quem sabe, eles consigam mudar o saldo do
meu dia.
Eu chego, aceno para todos e vou direto me sentar ao lado de Phillip, ele
está lendo um jornal e ocupo a poltrona ao lado da sua. Ele abaixa o jornal e
se vira para mim com um sorriso no rosto.

— Hey, querida.

Suspiro e apoio minha cabeça contra o estofado da poltrona.

— Hey.

— Nem vou perguntar se tudo está bem, porque claramente não está.

Faço uma careta.

— Meu dia foi péssimo.

— O que aconteceu? — Mordo meu lábio inferior e respiro fundo. — Você


sabe que pode me contar o que quiser que não irei julgá-la.

Solto meu lábio dos meus dentes e sorrio, um sorriso tímido, porém um
sorriso.

— Nem rir da minha cara?

— Isso será um pouco difícil, mas farei o possível, querida.

Meu sorriso se desfaz.

— Primeiro, meu dia já começou caótico quando fui pegar um ovo na


geladeira e acabei derrubando a bandeja toda de ovos no chão, você
consegue imaginar a bagunça que eu fiz no chão?

Phillip ri e me viro para ele.

— Hey, não ria.

— Eu disse que faria o possível para não rir. — Nós dois rimos. — E o que
mais aconteceu para seu dia ser tão ruim?
— Eu tenho aula de teatro para melhorar minhas habilidades sociais... —
Reviro meus olhos. — Fui quase obrigada por uma das minhas professoras
e até então tudo estava ok, porém hoje tivemos que ler um texto na frente de
todos e odeio falar em público, eu fiz terapia e tudo mais, porque são
momentos que me desencadeiam crises de pânico, e estou melhor, porém
ainda é difícil.

Afasto minhas costas da poltrona e curvo meu corpo para frente.

— Eu gaguejei e foi horrível, além disso, no final, derrubei meus cadernos e


canetas todos no chão. — Só de lembrar, lágrimas voltam a se acumular em
meus olhos. — Foi vergonhoso e humilhante.

— Sinto muito.

Ele dá leves tapinhas em minhas costas me confortando. E

ficamos em silêncio até que eu me viro para ele e Phillip faz uma careta.

— Você não estuda para ser professora? — Assinto. —

Mas e a vergonha em falar em público?

Dou de ombros.

— Serei professora de crianças, de crianças eu não tenho vergonha, na


verdade eles me ajudam a ser mais espontânea. —

Dou de ombros. — Depende da ocasião.

Há um motivo para minha mente reagir como reage, mas não quero falar
sobre, já estou um caos e não quero ficar pior.

— Isso não faz sentido.

— Na minha cabeça faz. — Ele sorri e balança a cabeça de um lado para o


outro. Eu empurro sua perna com a minha. —

Acredite, crianças e idosos são inofensivos.


— Você está iludida. — Nós dois rimos. — Algo mais aconteceu no seu
terrível dia?

Bufo irritada ao me lembrar de Josh.

— Sabe o idiota?

— Aquele mesmo idiota da outra vez?

— Esse mesmo.

— O que ele fez dessa vez?

Eu conto para Phillip o dia em sua casa, o furto da minha correntinha e até
mesmo do seu ato totalmente inesperado de generosidade durante a aula de
teatro.

— Ele gosta de você.

Abro minha boca e o encaro indignada.

— Impossível.

Sorri e me encara com olhos de quem sabe muito mais do que eu.

— Acredite, eu sou velho e homem, tenho experiência e ele gosta de você e


pela sua cara, você também gosta dele.

— Você está maluco.

Ele segue rindo.

— Estou ansioso para o desfecho dessa história.

— Você está maluco.

Repito mais uma vez, ele dá de ombros e continua me encarando com uma
expressão assustadora de sabedoria. Ergo minhas sobrancelhas, ele faz o
mesmo.
— Por isso, você não veio almoçar com a gente hoje?

Muda de assunto e assinto.

— Sim, eu seria uma péssima companhia.

Ele empurra minha perna com sua assim como eu fiz anteriormente.

— Nós sentimos sua falta e perdeu uma briga entre Mary e Anne.

Pelos próximos minutos, ele me conta o porquê as duas senhoras brigaram,


ele só para quando um grupo nos chama para jogar cartas, eu como tenho
aula, sou obrigada a me despedir deles e deixo o lar.

Entro em meu carro e as palavras de Phillip voltam a ecoar em minha


mente: Ele gosta de você e pela sua cara, você também gosta dele.

Sorrio e balanço minha cabeça. Josh e eu gostar um do outro? Impossível.

Josh

— Foi horrível, Josh, vergonhoso.


Mesmo com a ironia presente em sua voz, é possível perceber o quanto ela
não está confortável com a situação. Seu rosto continua vermelho e há
lágrimas presas em seus olhos.

Abro a boca para dizer algo, mas ela pega sua mochila, fica em pé e corre
do auditório. Eu me levanto e a observo se afastar. Ela parece devastada.

Seu olhar em pânico enquanto esperava pela sua vez para interpretar um
dos trechos do texto segue ecoando em minha mente. Dakota estava frágil e
vulnerável e quando a vi daquela forma, me esqueci de tudo e só precisava
ajudá-la de alguma forma.

Estou confuso e meus pensamentos são uma bagunça.

Mesmo quando ela fecha a porta do auditório, continuo em pé, olhando na


direção do lugar pelo qual Dakota acabou de cruzar.

Meu medo é que Dakota seja uma farsa, assim como Laylah, essa é a
verdade, porém ninguém conseguiria fingir um olhar desses.

Eu pego minha mochila, aceno para as pessoas que ainda estão aqui e saio
do auditório. Continuo pensando no seu olhar e suas lágrimas não
derramadas, mesmo enquanto dirijo até o estádio.

Estou me sentindo culpado pela forma como a julguei, como a tratei. Uma
parte em mim justifica todas minhas ações com base no que vivi com
Laylah, a outra diz que sou um idiota.

Estaciono o carro, porém continuo sentado atrás do volante. Passo as mãos


pelos fios do meu cabelo. Minha

consciência acusa que fui imaturo e que joguei sobre Dakota um cargo que
não era dela.

Mas e se o que aconteceu hoje não significa nada? E se ela realmente for
ardilosa?

— Porra.
Soco a direção à minha frente e a buzina dispara. Eu preciso superar o que
aconteceu com Laylah no passado. Faz mais de dois anos. Não posso
continuar desconfiando de todo mundo, muito menos julgando as pessoas
em base do que aconteceu comigo.

Não que eu queira arriscar que tudo se repita, não quero um outro
relacionamento, entretanto não posso continuar acreditando que todas
garotas são iguais a ela.

Saio do carro e bato a porta com força. Não estou com raiva da Dakota, mas
com raiva de mim mesmo, por ter acreditado em Laylah, por ela continuar
influenciado de certa forma a minha vida, por eu não conseguir deixar o
passado onde pertence, no passado.

Sigo até a praça de alimentação do estádio e almoço em um dos


restaurantes, há mais alguns atletas e dividimos uma

mesa. Participo da conversa e dou minha opinião sobre o draft[9]

da temporada passada, porém não é no assunto que minha mente está


focada. E em Dakota, por mais que tente, não consigo esquecê-la.

Quanto mais eu penso, mais eu chego à conclusão de que fui um imbecil


com ela em todos os aspectos. Eu a tratei mal por julgá-la, por algo que
aconteceu comigo. Descontei em outra pessoa os meus problemas.

Ficamos na praça de alimentação até o horário do treino e em seguida,


vamos para o vestiário. Apenas de entrar no lugar repleto de armários e de
bancos, meu coração bate diferente.

Eu tiro minha roupa e visto meu uniforme, coloco minha roupa no armário
e deixo a correntinha de Dakota sobre a minha camiseta. Saio do vestiário,
segurando minhas luvas e alguns dos caras batem em minhas costas.
Estamos todos empolgados para o início dos treinos.

Saímos para o campo e juro que o ar é diferente. É

libertador. O treinador está em campo e vamos até ele.


— Boa tarde.

— Boa tarde.

Respondemos todos ao mesmo tempo e ele explica como será o primeiro


treino. É o treino normal de todo início de temporada, mas temos calouros e
eles não sabem como tudo funciona.

Iniciamos com um treino de aquecimento, correndo pelo campo que tem um


formato de diamante, damos algumas voltas e começamos a fazer o circuito
com alguns outros exercícios.

Mesmo estando no lugar que eu amo, fazendo o que eu mais gosto de fazer,
continuo pensando em Dakota. O seu olhar triste e frágil não sai da minha
cabeça.

O fato é que não consigo mais acreditar que ela não é o que aparenta ser e
isso está me matando. Deveria continuar acreditando que ela é tão ardilosa
quanto Laylah para o meu bem, porém simplesmente não consigo.

O treino com a bola inicia e eu me posiciono na minha posição. Ocupo a


parte que fica no centro do campo interno, coloco minha luva e me
aproximo do montinho inclina onde preciso encostar o pé antes e durante os
arremessos.

O treinador chama os rebatedores e os receptores, nós treinaremos juntos,


eles ocupam os lugares a minha frente e

iniciamos o treino. Não estou na minha melhor atuação, porque minha


concentração não está totalmente aqui. Eu consigo acertar a área de strike,
porém os rebatedores algumas vezes conseguem rebater o meu arremesso.

De quatro rebatedores consigo eliminar dois, em outras ocasiões


conseguiria eliminar três, ou quatro.

Ao fim do treino, deixo o campo de cabeça baixa e um sentimento de


fracasso ecoando em meu peito.

— Bom treino, Dawson, mas você pode melhorar.


Assinto, porque o treinador tem razão, essa não foi a minha melhor atuação.
Sigo para o vestiário, tomo um banho, visto minha roupa e volto a colocar a
correntinha de Dakota.

— De quem é esse colar, hein, capitão?

Travis, o melhor rebatedor do nosso time, ao meu lado, me provoca com um


tom de malícia em sua voz. Sorrio e bato em sua barriga com o meu
cotovelo.

— De alguém que não te interessa.

Ele e os caras que estão por perto riem e me provocam. Eu apenas continuo
sorrindo e balanço minha cabeça negando qualquer interpretação errada que
eles possam ter.

Saio do estádio com minha mente tão perturbada quanto antes. Três horas
depois e ainda estou pensando no que aconteceu mais cedo. Não quero ter
nenhum envolvimento romântico com Dakota, mas e se formos amigos?

Talvez, eu deva pedir desculpas pelos meus erros, e pelas vezes que fui
grosseiro com ela e possamos ser amigos, ou pelos menos possamos ter
uma relação mais amigável. Não precisamos continuar agindo como se
desprezássemos um ao outro.

...

Eu chego no auditório e Dakota ainda não está aqui, ela sempre chega
atrasada. A professora está no palco e os alunos ocupam as poltronas, eu
me sento na primeira logo ao lado do corredor e mantenho meus olhos na
porta.

Espero que ela não tenha desistido por causa do que aconteceu na quinta-
feira. Mesmo depois de dois dias seu olhar vulnerável segue em meus
pensamentos.

A porta é aberta, meu coração acelera e só volta a se normalizar quando


Dakota cruza a porta. Ela veio. Dakota não
parece acuada, ou com medo, ela parece determinada.

Caminha pelo corredor e se senta na primeira fileira das poltronas, mas no


lado contrário ao que estou. Continuo a encarando, entretanto ela não olha
pra mim. Cruza os braços e fica seus olhos na professora à sua frente.

Franzo minha testa. Dakota está me ignorando como fazia antes de terça.
Será que para ela nada mudou? Para mim tudo mudou, não quero mais agir
com hostilidade.

Sigo olhando para Dakota e ela continua me ignorando.

— Bom dia, hoje eu irei definir os personagens de cada um e faremos um


cronograma de ensaio.

A voz de Dayse ecoa pelo auditório, entretanto continuo encarando a garota


ao meu lado. Vê-la como a vi na terça fez com que algo mudasse em mim.
Ainda acho que não posso me dar ao luxo de estar tão próximo dela, porque
ela é o tipo de garota que o Josh que já fui um dia se apaixonaria. Porém,
ela não é como Laylah, ela não está tentando me enganar, aliás nunca
deveria ter a comparado com a minha ex.

Nos últimos dias continuei pensando em Dakota e cheguei à conclusão de


que eu realmente estava sendo um idiota e

infantil. Eu preciso consertar os meus erros.

— Eu pensei e decidi fazer algo diferente, não irei chamar os melhores para
serem os protagonistas.

Acho que deveria prestar a atenção no que a professora está falando, mas
não faço. Dakota segue tendo meu foco total.

— Porque quero que realmente aprendam e tenham um pleno


desenvolvimento, sendo assim que Josh e Dakota interpretaram o casal
principal.

Dakota faz uma careta. Eu demoro alguns segundos para entender o que
realmente a professora falou e quando compreendo, olho em frente com a
testa franzida.

— Como assim?

Minha voz soa alto o suficiente para que a professora possa escutar. Ela
ergue suas sobrancelhas.

— Você, Josh, e Dakota serão Emma e o duque de Windsor.

Olho para o lado e Dakota está encarando a professora surpresa.

— Eu sou péssima.

Dakota tenta se justificar e Dayse apenas dá de ombros.

— Exatamente, a peça será ótima para seu desenvolvimento, querida. —


Soa gentil. — Você será capaz de superar seu medo de falar em público.

— Não serei o protagonista.

Interrompo-a e ela se vira para mim. O olhar doce e gentil da professora


cede lugar a um olhar determinado e rude.

— Vocês não têm escolha, Josh.

— Não posso ser obrigado a fazer algo.

Sorri, um sorriso irônico.

— Na minha aula eu dito as ordens e se você não concordar, sinto muito,


mas terá que desistir da matéria.

Droga, eu preciso das horas e não há como me matricular em outra matéria,


eu preciso de um mínimo de horas para continuar atuando como atleta. Eu
não tenho escolhas.

Vendo que não tenho outros argumentos, seu sorriso volta a ser doce e olha
ao redor do auditório.
— Hoje iremos fazer a observação de alguns pontos da história, além de
comunicar quem farão os outros personagens.

— Vira-se de costas, vai até a mesa e pega um papel. — Peguem o roteiro.

Eu faço o que ela pede e quando estamos todos com a peça em mãos, Dayse
volta para seu lugar e inicia a leitura do enredo. Ela faz algumas
observações, divide os outros personagens entre o restante dos alunos e por
fim, chama todos para o palco. Mais uma vez ficamos em um círculo.

— Vocês precisam embarcar na história, vocês precisam se sentir como se


estivessem no final do século 19. — Caminha animada pelo palco. — Vocês
precisam se sentir nos bailes, nos costumes e acreditar na história.

Faço uma careta.

— Como se um duque com tanto poder pudesse ser obrigado a se casar.

Resmungo, porém, alto o suficiente para ser escutados por todos.

— Ela é filha de um conde.

Para minha surpresa, é Dakota a responder, viro-me para ela e ergo minhas
sobrancelhas.

— É uma história tosca.

Minha voz soa mais debochada que gostaria e ela me encara com raiva
refletida em seus olhos.

— Não é uma história tosca.

— É fantasiosa e absolutamente romântica demais.

— Não há um problema em ser romântica, Josh.

Dakota fala entre dentes. Eu não estava tentando a atacar, mas ela acredita
que sim. Ótimo, Josh! Abro a boca para me defender, mas Dayse é mais
rápida.
— Josh, você precisa se convencer que está sendo obrigado a se casar, o
duque tem poder como você mesmo apontou, mas estamos falando de uma
sociedade em que tudo gira em torno de aparências e ele tem uma irmã, se
manchasse seu nome com um escândalo, ela poderia perder suas chances de
um casamento.

Ela explica e entendo seu ponto, ou forço me entender para que ela possa
encerrar seu monólogo. Eu olho para Dakota e dessa vez, está me
encarando, mas é com um olhar de julgamento. Droga, eu estraguei tudo e
não foi de propósito.

— Nossos ensaios começam na próxima aula e usem o fim de semana para


lerem o roteiro, tentem inclusive decorarem algumas falas. — Sorri em
êxtase. — Por hoje, é só, pessoal, até semana que vem.

Assim que a última palavra deixa sua boca, Dakota se afasta, desce do palco
e pega sua mochila. Faço o mesmo e me apresso para acompanhá-la. Ela
deixa o auditório e sigo logo atrás.

— Dakota.

Chamo-a quando estamos ambos no corredor. Ela para e se vira em minha


direção.

— O que você quer?

Soa seca e rude, preciso respirar fundo para não ser irônico e debochado.

— Você irá desistir?

Olha-me com raiva.

— Você está querendo que eu desista, não é? — Ela não espera que eu
responda e continua. — Vai ser horrível, mas farei questão de continuar só
para que você seja obrigado a me suportar, Josh.

Eu achei que ia ser fácil depois de ser um idiota?

— Não vai ser um problema.


Estou falando sério, mas ela acredita que estou debochado e revira seus
olhos. Ela se vira e dá um passo em frente,

entretanto para e se vira para mim outra vez.

— Você continua com a minha correntinha, por quê? —

Mais uma vez, não espera pela minha resposta. — Se você me odeia, por
que continua usando a minha correntinha?

Sorrio debochado.

— Nunca disse que odeio você, Dakota.

Ela franze sua testa.

— Tenho certeza de que você já disse em algum momento.

Cruzo meus braços.

— Diga-me em que momento.

— Eu não consigo me lembrar de nenhum, mas com certeza existe.

Continuo sorrindo.

— Não existe, princesa.

Chamá-la de princesa deixa-a ainda mais irritada.

— O relevante é que eu te odeio e preciso da minha correntinha.

Ela dá um passo em frente e dou um para trás. Dakota faz um gesto com as
mãos e tenho a impressão de que ela está com

vontade de me enforcar.

— Quer saber, pode ficar com ela, não tem valor nenhum.
Vira-se e com passos longos se afasta de mim.

— Obrigado pelo presente, princesa.

Grito e posso ouvir Dakota bufar. Não pedi desculpas como deveria e nem
conversei com ela sobre tornar nossa convivência mais amigável, porém,
mesmo assim há um sorriso em meu rosto.

Josh

Eu vou para o meu treino com um sorriso em meu rosto.

Dessa vez, faço o meu melhor e consigo eliminar quatro de quatro


rebatedores. Realmente, minha melhor performance.

Como há um amistoso no sábado, fazemos uma rodada como se fosse um


jogo, eu não irei jogar, porque é um jogo sem muita importância, então
apenas passo algumas dicas para o meu reserva. Não escondo as melhores
táticas e estratégias, porque sei que mesmo ele fosse bom, não conseguirá
ser melhor que eu.

O treino chega ao fim com um saldo super positivo, todos do time estão
animados e confiantes. Depois de um banho, visto minha roupa, deixo o
estágio e dirijo para casa.
Não encontro nenhum dos caras, então subo para meu quarto e me jogo na
capa. Encaro o teto e imagens de Dakota nessa manhã voltam para minha
mente. Ela fica adorável quando está irritada.

Como não devo ficar pensando em garotas, muito menos em Dakota, vou
até minha mochila e pego o roteiro da peça de teatro, em seguida volto para
cama e me sento com as costas apoiadas na cabeceira.

Leio o roteiro e algumas vezes é impossível não rir, ora por causa de cenas
engraçadas, ora por trechos constrangedores. Há muitas palavras que não
utilizamos, como vossa graça, e o vocabulário formal é engraçado.

O duque não pode chamar a própria noiva pelo nome, além disso ele diz
que os olhos dela são da cor do céu. Brega, muito brega.

Conforme avanço na leitura, me dou conta de que a protagonista e Dakota


são parecidas, tanto fisicamente quanto

emocionalmente. Emma, a personagem, é ruiva, tem sardas, olhos azuis


como Dakota, além de corar facilmente. As duas são determinadas, não
gostam de falar em público, engraçadas, têm um senso de humor que apesar
de não ser totalmente ácido, têm a sua porcentagem de ironia, são gentis,
leais, comprometidas e não abaixam a cabeça para ninguém.

E o duque lembra um pouco a mim. Debochado, libertino (palavra utilizada


no texto), filho de um homem poderoso, mas que não ligava para os filhos,
tudo que priorizava é o status.

Vincent, o duque, também tem problemas em superar um acontecimento do


passado, assim como eu, a rejeição de uma garota.

As coincidências são gigantes, o som do meu celular tocando ecoa pelo


quarto e interrompe meus pensamentos. Largo o roteiro na cama ao meu
lado, pego o aparelho em meu bolso e é uma ligação em vídeo da minha
irmã. Ergo-o, deixando a frente do meu rosto e aceito a ligação.

— Hey, irmãozinho querido.


Sorrio.

— Hey, irmãzinha. — Uso seu mesmo tom de voz e ela ri.

— Qual o problema?

Ela faz uma careta.

— Eu não ligo para você só quando estou com problemas.

— Ergo minhas sobrancelhas e ela faz um beicinho. — Tudo bem, a


maioria das vezes estou com problemas, mas dessa vez não é bem um
problema.

— Seus pais?

Ela ri, mas dessa vez não é um sorriso feliz.

— Você sabe que ele também é seu pai.

Dou de ombros.

— Mas a mãe é apenas a sua.

Tessa suspira.

— Eles não querem que eu vá para Tuscaloosa, eles querem que eu faça
faculdade em New York, uma faculdade de moda, ou design de interiores,
porque devo apenas ter um diploma qualquer. — A tristeza é evidente em
seus olhos. — Não posso fazer engenharia, porque devo me casar com
alguém com dinheiro e ser apenas uma esposa troféu.

Tessa não soa rebelde, soa como se estivesse exausta.

— O que você irá fazer?

Ela suspira.

— Não posso mais continuar vivendo uma vida que odeio.


— Sorri, o sorriso mais triste que já vi no rosto da minha irmã. —

Eu vou para Tuscaloosa.

Assinto.

— Estarei aqui, sempre estarei ao seu lado.

— Obrigada, já falei que você é o melhor irmão do mundo?

— Não, estou pronto para ouvir o elogio.

Tessa sorri, dessa vez um sorriso de verdade.

— Você é a melhor irmã do mundo.

Tessa e eu só passamos a morar juntos quando eu tinha nove anos e ela sete,
depois do incidente que chamei a polícia, e antes disso, convivíamos apenas
nos fins de semana e feriados.

Embora nossa relação fosse boa quando passamos a compartilhar a mesma


casa, passamos a ser inseparáveis.

Nós somos a família um do outro.

Ela me conta que olhou alguns apartamentos, mas como seus pais não
aceitaram suas escolhas, não sabe como fará com

a questão do pagamento de aluguel. Eu afirmo que farei o possível para


ajudá-la.

Conversamos por quase uma hora e quando encerramos a chamada, deixo


meu celular ao meu lado e encaro a minha televisão à minha frente. Tessa é
a única parte boa da minha família. Meus avôs paternos são pessoas
mesquinhas que só pensam em dinheiro, meu pai é igual a eles, meus avôs
maternos, nunca os conheci e minha mãe desde que a conheço usa drogas.

Meus pais tinham vinte anos quando se conheceram, minha mãe trabalhava
limpando a casa dos meus avôs e meu pai estava de férias da faculdade, eles
tiveram um caso e eu nasci.

Um bastardo. Nessa época minha mãe já estava usando drogas, só não era
tão viciada e meu pai já namorava a mãe de Tessa.

Um caos, uma bagunça.

Antes que me perca em pensamentos nada agradáveis sobre minha família,


levanto-me e desço para a cozinha. Hoje é meu dia de preparar o jantar.

Estou temperando a carne quando Ethan e Abby entram na cozinha.

— Olha só ninguém precisou ir buscá-lo a força.

Faço uma careta para Ethan.

— Não sou você que sempre tenta fugir das suas tarefas.

— Eu nunca fujo.

— Rá rá rá. — Forço uma risada. — Você sempre foge e ultimamente tem


usado seu braço como desculpa.

Meu amigo e Abby se sentam à minha frente.

— Eu desloquei meu ombro e isso foi extremamente grave.

Faz uma expressão de dor, Abby e eu reviramos os olhos para seu drama.

— Não esqueça que está melhor. — Aponto a faca em sua direção e Abby
assente. — Inclusive a louça de hoje é sua.

Minto, porque a louça é de Dylan e Ethan estreita seus olhos em minha


direção.

— Você deveria ser meu melhor amigo.

Dou de ombros.
— Eu sou seu melhor amigo.

— Como vocês se conheceram? E como eram quando crianças?

Abby pergunta e seus olhos estão brilhando. Ela realmente está querendo
saber mais sobre a nossa infância, aliás sobre a infância de Ethan.

Ethan e eu contamos para Abigail que nos conhecemos na escola, na quarta


série, quando mudei de escola e entrei no time de futebol americano, não
permaneci muito tempo no esporte, porque odiava o treinador, porém foi o
tempo suficiente para Ethan e eu nos tornamos melhores amigos.

Abby faz uma careta quando menciono o treinador e quando pergunto se ela
o conhece, então ela volta a sorrir e diz que não, em seguida pergunta se
erámos muito terríveis na adolescência.

É nítido seu interesse em Ethan e não é apenas como amigo. Droga, eu vou
perder, porque na aposta que os meninos e eu fizemos apostando quanto
tempo demoraria para os dois ultrapassarem o limite de amigos, apostei seis
semanas, é óbvio que eles não irão mais duas semanas sendo apenas
amigos. O

maldito do Dylan que apostou em quatro semanas irá ganhar.

Continuo cozinhando enquanto conversamos e estou fazendo o arroz no


momento em que Dylan entra na cozinha com um sorriso ocupando boa
parte do seu rosto.

— O preferido delas chegou.

Nós três o encaramos com deboche.

— Quem te iludiu desse jeito?

Pergunto e ele só me responde depois de se sentar ao lado de Abigail.

— Hoje alguém me parou no corredor para me dizer que era a estrela do


alabama preferida e ela me disse que deveríamos postar mais conteúdo
naquele nosso Instagram.
— Que Instagram?

Abby nos pergunta e olha para nós três e é Aiden que está entrando na
cozinha que a responde, se é que podemos chamar a sua pergunta de
resposta.

— Você não nos segue?

Ela ergue as sobrancelhas.

— Que porra de Instagram?

Aiden se aproxima e para ao meu lado com um sorrisinho em seu rosto.

— Nós temos um Instagram, Estrelas do Alabama.

Finalmente, respondo-a e no mesmo instante, ela pega seu celular e procura


pelo nosso perfil.

— Vocês têm mais seguidores que eu.

Fala perplexa.

— Nós somos famosos. — Aiden se vangloria e pega seu celular. — Se


nossos fãs estão pedindo, vamos produzir conteúdo.

Ele faz alguns storys e só para quando o jantar está pronto.

Sentamo-nos os cinco ao redor da ilha e jantamos enquanto conversamos


sobre a festa de Halloween, precisamos começar a organizar antes que fique
muito em cima da hora.

Após terminar de comer, despeço-me dos meus amigos e volto para meu
quarto. Sigo para o banheiro, tomo um banho, visto uma calça confortável e
velha, então pego o roteiro e vou para cama.

Durmo lendo o texto. E sonho com um duque se apaixonando sem querer


pela garota com quem foi obrigado a se casar. No sonho eu sou o duque e
Dakota é a garota.
Acordo transtornado com o coração acelerado, como se realmente estivesse
apaixonado. Balanço minha cabeça e me levanto. Confiro as horas em meu
celular enquanto caminho de um lado para o outro e como está perto do
horário que meu

despertador iria tocar, decido não voltar a dormir e vou para o banheiro.

Apesar de começar meu dia com o sonho caótico, o resto do dia segue sem
mais acontecimentos estranhos. Eu assisto minhas aulas, almoço no campus
e termino o dia em uma festa com meus amigos.

Como no jogo de amanhã não irei entrar em campo, não fico sem beber
álcool como deveria se fosse jogar. Eu bebo e me divirto. Apesar de ir com
Aiden e encontrar com Dylan, Ethan e Abby, em certo momento da festa,
perco-os de vista e interajo com algumas pessoas que fazem o mesmo curso
que eu.

É divertido, estou bêbado, porém não correspondo nenhuma menina que se


aproxima de mim com segundas intenções, porque quando olho para elas,
não sinto nada.

Nenhuma atração, nenhum tesão. Absolutamente, nada.

O que está acontecendo comigo? Eu não faço a mínima ideia.

Volto para casa de táxi perto do amanhecer, eu me deito no sofá, porque não
terei muito tempo para dormir e se ir para minha

cama será pior. Eu fecho meus olhos e como estou bêbado, apago segundos
depois.

Desperto com um estrondo, abro meus olhos assustado e sento-me no sofá.


Olho ao redor e me deparo com Abby. Ela está pegando do chão um quadro
que fica em nossa parede e deve ter caído.

— Não tive culpa, caiu do nada.

Dá de ombros e sorrio.
— Aposto que o jogou no chão apenas para me acordar.

— Infelizmente, não tive essa brilhante ideia, mas vou anotá-la para fazer
em outro momento quando encontrar com um de vocês dormindo na sala.

Debocha de mim e segue para a cozinha, eu deixo o sofá e vou atrás dela.
Não estranho o fato de ela estar usando a mesma roupa que ontem, uma saia
e um top, porque é comum ela estar por perto desde que começou a cuidar
de Ethan. Ela se transformou na quinta integrante dessa casa.

Abby vai até a parte do balcão onde está a cafeteira para preparar seu café.

— Faça para mim também.

Sento-me de frente para a bancada e para Abby.

— Não sou sua serva.

Resmunga.

— Você não é minha serva, mas aqui nessa casa agimos coletivamente.

Ela bufa, mas adiciona duas medidas de café na cafeteira.

Enquanto a máquina funciona, Abby se apoia no balcão e se vira para mim.


Ela me encara e franze sua testa.

— Você continua com a correntinha de Dakota.

Olho para baixo e encaro a correntinha que segue em meu pescoço.

— Ela me deu de presente.

Volto a olhar para Abby que me fuzila com os olhos, ela claramente não
acredita em mim.

— Aiden e Brooke e agora você e Dakota.

Balanço minha cabeça negando e ergo minhas mãos em sinal de rendição.


— Não irá acontecer nada entre Dakota e eu.

— Sei que vocês farão um casal em uma peça teatral. —

Aponta seu dedo em minha direção. — Não magoe a minha

amiga.

Engulo em seco e não a respondo. É tarde demais para fazer essa promessa.
Para minha sorte, Dylan decide entrar nesse momento na cozinha.

— Como você voltou para casa?

Senta-se ao meu lado e me viro para ele.

— Vocês me abandonaram e fui obrigado a chamar um táxi.

— Coitadinho, foi abandonado.

Abby debochada.

— Por que vocês foram embora?

Dylan responde que apenas não estavam no clima da festa. O café fica
pronto e Abby despeja o líquido em duas xicaras, então alcança-as para nós
dois.

— Pode tomar.

Tento entregar minha xícara para ela, já que não sobrou café para ela e
Abby balança a cabeça.

— Pode ficar, farei mais café e deixarei pronto para caso Aiden e Ethan
queiram beber mais tarde.

Abby coloca mais pó e água na cafeteira e antes que o café fique pronto,
Aiden entra na cozinha.

— O mais lindo chegou.


— Lembre-se que eu fui escolhido o mais incrível.

Dylan se manifesta e Abby revira seus olhos.

— Já que eu preparei o café, vocês preparem o restante.

Abby se senta e nós ficamos em pé. Estamos preparando torradas e ovos


quando Ethan se junta a nós. Ele chega como se estivesse desesperado e
então nos damos conta de que finalmente ele e Abby transaram, nós o
provocamos e Dylan declara sua vitória, afinal ele venceu a aposta.

Após tomar café com meus amigos, subo para meu quarto, eu tomo um
banho e me deito ainda com a toalha ao redor do meu corpo apenas para
descansar, porém acabo dormindo e quando acordo, estou quase atrasado
para o jogo.

Droga, eu posso não jogar, mas ainda sou o capitão titular do time.

Pulo da cama, visto uma roupa, escovo meus dentes, pego minha mochila
com uniforme e corro até a garagem. Entro em

meu carro e dirijo para o estádio. Minha sorte é que o jogo é em casa.

Almoço rapidamente na praça de alimentação e me junto aos meus colegas


no vestiário, embora não vá jogar, eu vou estar de uniforme, além de animar
meu time antes do jogo.

Logo que todos estamos vestindo, eu subo em um dos bancos e assobio, no


mesmo instante, todos ficam em silêncio e olham em minha direção.

— Pessoal, jogo é jogo, não importa se é amistoso, não importa se somos


considerados superiores ao nosso adversário, entraremos em campo e
faremos nosso melhor, nós vamos jogar para ganharmos.

Todos gritam e ainda estamos gritando quando o treinador entra no vestiário


e faz seu próprio discurso.

Estamos empolgados quando deixamos o vestiário.


Continuamos animados durante o hino e apresentação dos jogadores, por
fim eu animo meu time e vou para o banco de reserva.

Eu fico ao lado do treinador e grito palavras de incentivo para meus


colegas. Como previsto, somos superiores e

vencemos as quatro primeiras entradas, só precisamos de mais uma, então


Walker se vira para mim e bate em minhas costas.

— Entre e faça um show para nossa torcida.

Coloco minhas luvas e entro no jogo. Eu faço o que o treinador pediu, eu


faço um show, elimino os três rebatedores e vencemos. Nós comemoramos
como se fosse uma vitória importante.

Entramos no vestiário, gritando e pulando. Nós tomamos banho, colocamos


nossas roupas e vamos para o bar Crimson Giants, porque é lá que sempre
comemoramos nossas vitórias.

Assim que entro no bar, meu olhar cruza com o da Dakota e por alguns
segundos, me esqueço do jogo, da vitória e do barulho ao meu redor.

Dakota
Eu devo estar maluca, primeiro aceitei ir a um jogo de beisebol, agora estou
em um bar lotado com os seus torcedores e em breve os jogadores do time
estarão aqui.

Nada contra o Alabama Crimson Tide Beisebol[10], mas tudo

contra Josh. Ele zombou de mim na aula de teatro, ele consegue ser a cada
dia mais idiota. Talvez, só tenha aceitado acompanhar meus amigos para
esse bar, porque bebi muitas cervejas durante o jogo.

Quando vou aprender que sou fraca para o álcool?

A princípio nunca, porque estou em pé em uma rodinha formada pelos


meus amigos e bebendo mais cerveja. Digo a mim mesma que estou
bebendo, porque se estiver bêbada, será mais fácil fingir que Josh não
existe.

Fica óbvio quando o time de beisebol chega, porque todos começam a


pronunciar o grito de guerra do time, além de que começa a tocar a música
que eles sempre tocam durante os jogos, Cotton-Eyed Joe[11]. Bebo o
restante do álcool que há em meu copo e olho para a entrada.

Josh é logo o primeiro a estar em evidência e o restante dos jogadores está


atrás dele. Ele está sorrindo e vários universitários se aproximam dele como
se ele fosse um deus. Ele os ignora e seu olhar encontra o meu.

Meu coração bate acelerado e minha respiração se altera.

Por que, ele tem esse poder de tornar insignificante o que está ao nosso
redor? É como se tudo se paralisasse por alguns segundos.

Pisco e desvio os meus olhos dos seus, não precisamos ter esse tipo de
conexão. Um arrepio percorre meu corpo, então volto

a olhar na sua direção, somente mantenho meus olhos longe dos seus, ele
está caminhando na nossa direção.

Droga!
É lógico que ele está querendo conversar com seus amigos, Dylan, Ethan, e
Aiden, mas não quero nem esbarrar com ele. Por que minhas amigas
tinham que se envolver logo com as Estrelas do Alabama?

Viro-me para Brooke que está ao meu lado e toco o seu braço.

— Vamos beber uma tequila?

É uma péssima ideia, porém é melhor que continuar aqui.

Minha amiga me encara sem entender, eu imploro com meu olhar e por fim,
ela assente. Antes de nos afastarmos, Brooke puxa Abby pela mão, ela não
compreende o que está acontecendo, mas não hesita em nos seguir

— Aonde vocês estão indo?

— Beber tequila.

Respondo-a, ela olha para Brooke à procura de respostas, que dá de ombros.

— Josh.

— Faz sentido.

Minha amiga sussurra e eu não a corrijo. Foda-se!

— Três doses de tequila.

Peço para o atendente assim que estou de frente para o balcão de pedidos,
ele assente e sai para preparar a bebida.

Apoio meus braços no balcão e minhas amigas se posicionam ao meu lado.

— Você está zoando.

Abby não esconde o tom de provocação de sua voz.

— Está quente.
É a primeira desculpa que surge em minha mente. Brooke e ela se olham e
simplesmente as ignoro. Assim que o barmen coloca o copo a minha frente,
ignoro o sal e limão e trago a dose até minha boca e a tomo de uma única
vez.

— Você irá ficar tão bêbada.

Brooke avisa.

— É o que estou precisando.

Digo enquanto coloco o copo vazio sobre o balcão. Minhas amigas bebem
suas doses e Brooke nos arrasta para dançar.

Concentro-me em dançar com as minhas amigas, mas sinto

alguém me observando, olho ao meu redor e Josh está com Dylan, Aiden e
Ethan, ele está apoiado em um pilar e me encarando.

Ele sorri quando percebe que estou olhando para ele, então faço uma careta
e volto a dançar. Abby busca mais cerveja e bebemos enquanto dançamos.
O álcool se espalha pelo meu sangue, deixando-me mais ousada e aplico
isso na forma de dançar.

Rebolo e não evito de ser sensual, principalmente, porque ele continua me


observando. A cada música é como se a energia ao meu redor aumentasse,
tudo vai perdendo a importância e só quero me divertir e viver, sem amarras
e sem desculpas, quero me permitir.

A quanto tempo não ajo sem pensar? Uma vozinha sussurra em minha
mente que sempre quando Josh está por perto, eu ajo sem pensar, empurro-a
para o fundo da minha mente e sigo dançando.

Os meninos se aproximam e formamos um círculo. Josh e Dylan estão ao


meu lado, porém, é o da direita que causa arrepios em minha pele, que me
puxa em sua direção.

Sigo como se tudo estivesse normal, mas a verdade é que algo em mim está
queimando, minha respiração está totalmente irregular, Abby me entrega
uma garrafa de cerveja e bebo o restante que há no recipiente, apenas um
gole não é o suficiente.

Preciso prender meu cabelo em um coque para evitar que os fios fiquem
presos em meu pescoço suado. Algo vibra diferente em meu peito. Não
conversamos porque o som é alto, mas rimos e fazemos dancinhas
engraçadas, entretanto estou tensa, como se a qualquer momento algo fosse
acontecer.

É impossível esquecer que Josh está ao meu lado e em uma tentativa de


fugir quando um cara sorri na minha direção, sorrio de volta e me distancio
dos meus amigos. Eu vou até ele e o desconhecido deixa suas mãos em
minha cintura, não sinto nada, nenhuma faísca. Dançamos e ele tenta
diminuir a distância entre nossos corpos, mas não permito.

Foi uma péssima ideia. A música acaba e me desvencilho dele, encaro-o


com um sorriso forçado.

— Obrigada pela dança.

Ele franze a testa e apenas assente. Viro-me de costas e dou um passo na


direção do bar, apesar de estar tonta, preciso de

mais bebida. Uma mão toca minha cintura e meu corpo todo reage. Dessa
vez, sinto a faísca. Fecho meus olhos, respiro fundo e ele se aproxima
deixando seu peito quase encostado em minhas costas.

— Hey, princesa.

Abro meus olhos e viro-me ficando de frente para ele.

— Não te dei permissão para encostar em mim.

Seus olhos estão brilhando, claramente ele está tão bêbado quanto eu.

— Ele estava encostando em você.

Soa amargo e faz um gesto na direção que deixei o desconhecido. Estamos


tão perto um do outro que conseguimos nos ouvir.
— Porque eu permiti.

Sorrio maliciosa e ele dá um passo em frente. Não me distancio, deixo que


ele se aproxime de mim.

— Então, me permita encostar em você.

Seu peito sobe e desce, sua respiração atinge meu rosto e todo meu corpo e
meu ser têm noção de que ele está perto, muito

perto. Encaro-o sem desviar meus olhos dos seus e parece que há borboletas
sobrevoando meu estômago.

— Não.

Nego, mas não dou nenhum passo para trás. Não me afasto.

— Se você dançar comigo, devolvo a sua correntinha.

— Uma dança é tudo que você terá, Josh.

Ele ri e ergo minhas sobrancelhas.

— Você está falando igual Emma.

— Emma?

Ele está doido? Josh não me responde imediatamente, ele se aproxima,


volta a tocar minha cintura e balança seu corpo no ritmo da música. Não me
afasto, mas não o toco.

— A protagonista da peça, ela fala assim com o duque.

Sorrio debochada.

— Você leu a peça?

Ele assente.
— É claro que eu li, você não leu?

— Ainda não comecei a ler. — A música ganha intensidade e sensualidade.


Faço uma careta e Josh somente ri. — Por que você está aqui?

Encara-me sem entender.

— Por que você está dançando comigo?

Faço outra pergunta mesmo que não tenha obtida resposta da anterior.

— Porque eu quero.

Dá um passo em frente e aproxima ainda mais seu corpo do meu.

— O que está acontecendo para você não ser um idiota comigo?

Espalmo minhas mãos em seu peito, ele me encara e não desvio meus olhos
dos seus.

— Não quero mais ser um idiota com você.

Bufo e sorrio debochada.

— Você está bêbado demais.

Tento me afastar, mas ele segura meus pulsos.

— Estou falando sério, nós podemos ser amigos, ou pelo menos ter uma
relação mais amigável.

Faço uma careta.

— Não quero ser sua amiga.

Josh sorri, ele ri como se estivesse fazendo uma piada.

— Você ama tanto assim me odiar?


Reviro meus olhos.

— Você é tão egocêntrico, Josh. — Liberto minhas mãos das suas. — Você
não pode ser um idiota comigo e de repente, decidir não ser mais um idiota.

Suspira.

— Eu sei, eu queria te pedir desculpas por ter sido um idiota com você.

— Você só está falando isso, porque está bêbado.

Meu peito aperta e uma vontade imensa de que ele esteja falando sério
ocupa meu coração. Por que eu quero tanto que ele esteja falando sério? Eu
o odeio, não é?

Droga, eu estou bêbada demais.

— Dança comigo e só esqueça de tudo

Oferece-me sua mão, eu deveria recusar, deveria me afastar, porém, coloco


meus dedos sobre os seus. Nós tornamos

o espaço entre nós mínimo, suas mãos tocam minha cintura e eu deixo as
minhas ao redor do seu pescoço.

Nossas respirações estão alteradas, meus olhos estão fixos nos seus, é como
se nesse instante nossos corações estivessem batendo no mesmo ritmo,
como se fôssemos o ar um do outro, o universo um do outro. A música ecoa
pelo ambiente, nós seguimos dançando, pessoas continuam ao nosso redor,
entretanto tudo perde a importância.

É como se estivéssemos em outra dimensão, em um outro universo, onde


Josh e eu não nos desprezamos.

Meu corpo está tocando no seu e todas as células do meu corpo estão
despertas, queimando e implorando por mais.

Nunca me senti assim.


Ele apoia sua testa na minha, nossas respirações se misturam e ele desce o
olhar até minha boca.

Eu quero que ele me beije, ardo por isso, mas antes que ele cubra minha
boca com a sua, a música chega ao fim e me dou conta do que estávamos
prestes a fazer.

Dou um passo para trás, desvencilho-me de Josh, dessa vez ele deixa que eu
vá.

Desnorteada com meu coração acelerado, caminho sem rumo pelo bar,
inclusive esbarro em algumas pessoas. Acabo indo para o banheiro, paro em
frente a pia, respiro fundo e encaro meu reflexo no espelho.

Estou vermelha e ofegante. Meu exterior reflete a bagunça que está meu
interior. Abro a torneira e molho meu pescoço, então percebo que algo não
voltou para o meu pescoço.

— Droga, ele não devolveu minha correntinha.

Falo em voz alta e uma menina me encara com uma expressão de


julgamento. Apenas dou de ombros e volto a molhar meu pescoço.

Ao sair do banheiro, estou mais recuperada, procuro pelas minhas amigas e


só encontro Abby. Ela ainda está com Ethan e Dylan. Eles estão sentados
em uma mesa e me sento ao lado da minha amiga.

— E Brooke?

Pergunto e Abby sorri maliciosa.

— Provavelmente transando em algum lugar com Aiden.

— Abby.

Ela ri.

— Apenas estou falando a verdade.


Dylan e Ethan que também a ouvirão riem. Nós quatro ficamos bebendo e
cantando as músicas bem alto como se fôssemos os próprios cantores.
Aiden e Brooke aparecem depois de um tempo, os dois estão vermelhos e
com os cabelos uma bagunça.

— Meu Deus, vocês estavam mesmo fazendo sexo.

Abby grita e os dois sequer ficam vermelho. Eles puxam uma cadeira e se
sentam com a gente. Josh é o único que não está aqui no momento e olho ao
redor, mas não o encontro. Será que ele está com alguém?

E se estiver? Não tenho nada a ver com a vida dele.

Eu fico inquieta, mesmo não querendo e só me tranquilizo quando Josh se


aproxima e se senta ao lado de Dylan.

Droga, não era para eu estar me sentindo assim.

Nós continuamos bebendo até que um dos funcionários nos informa que
eles estão fechando. Com tristeza e resmungando, deixamos o bar, nós
paramos na calçada e Josh e Dylan se entreolham, depois para a frente,
onde se situa o estúdio de tatuagem vinte e quatro horas. Daí eles começam
a rir.

— Então, vamos fazer uma tatuagem?

Josh indaga o amigo.

— Se você tiver coragem, eu tenho.

Os dois mais uma vez se olham, assentem e atravessam a rua, nós os


seguimos.

— Eles não podem estar falando sério. — Exclamo incrédula. — Quem faz
uma tatuagem bêbado?

Abby dá de ombros e Ethan vem me responder.

— Acredite, aqueles dois são idiotas o suficiente para fazerem algo assim.
Adentramos, Dylan e Josh entram na sala e ficamos na recepção do estúdio.
Abby está no colo de Ethan, os dois finalmente se entenderam e estão em
um clima de romance e paixão, Aiden e Brooke também, embora digam que
apenas são amigos com benefícios. Sou a única sozinha e isso me causa
uma estranha sensação de solidão.

Estou quase dormindo na poltrona quando Abby grita animada.

— Nós vamos fazer uma tatuagem.

Ela está falando dela e de Ethan, faço uma careta e eles seguem sorrindo.

— Vocês estão loucos.

Eles me ignoram e assim que Dylan e Josh deixam a sala, eles voltam para
recepção onde estou. Josh ocupa a poltrona ao meu lado e me mostra sua
tatuagem. É uma luva de beisebol com uma bola dentro, é pequena e está na
parte interior do seu braço.

— Gostou da minha tatuagem, princesa?

É linda, mas ergo meus olhos e o encaro.

— Não me chame de princesa.

Ele apenas ri, aproxima seu rosto do meu e beija minha bochecha. Eu fico
sem saber como reagir ao toque inesperado.

Josh fica em pé e olha para Dylan.

— Estou indo embora, você vem?

Dylan assente, deixa a poltrona, então os dois acenam para nós e saem do
estúdio.

— O que foi isso? Você não o odeia?

Brooke me pergunta curiosa e dou de ombros.


— Eu o odeio.

Nem eu mesma acredito em minhas palavras.

Assim que Ethan e Abby deixam a sala, vamos para o carro do quarterback.
A tatuagem que os dois fizeram é brega, brega até mesmo para mim que sou
romântica. Vamos debochando dos dois durante todo o caminho.

Brooke e eu ficamos em nosso apartamento e Abby vai com Ethan para sua
casa. Nós duas seguimos cada uma para seu quarto, eu fecho a minha porta
e me apoio contra ela.

Fecho meus olhos e suspiro, o beijo de Josh em minha bochecha ainda


segue queimando em minha pele.

Josh

Eu chego no auditório e a professora está no palco, assim como meus


colegas.

— Bom dia, Josh, nossa aula será aqui no palco.

— Bom dia, professora.


Caminho até o palco e procuro por Dakota, é claro que ela ainda não
chegou. Será que ela tem uma aula antes por isso sempre chega atrasada?
Eu me junto ao círculo, mas me posiciono de modo que consigo encarar a
porta.

— Vamos fazer alguns exercícios de relaxamento.

Ela inicia os exercícios de alongamento e relaxamento do corpo, porque


segundo ela, temos que ter o corpo relaxado e pronto para a interpretação.
Coloco a minha mochila no chão, imito a professora e sigo olhando para a
porta.

Eu não vejo Dakota desde sábado, desde o dia do bar. O

dia em que dançamos e beijei sua bochecha. Digo a mim mesmo que foi por
causa da bebida, mas sei que não foi o único fator.

É como se quando estou com Dakota, perdesse o controle de mim mesmo.


Ela faz com que as emoções assumam minha mente, meu corpo e meu
coração. Eu volto a ser um Josh que luto para não ser e o mais assustador é
que gosto de quem eu sou quando me permito ser assim.

A porta finalmente é aberta e Dakota entra por ela, mantenho meu olhar
sobre ela enquanto ela caminha na direção do palco.

— Bom dia, Dakota, nós já iniciamos os exercícios de relaxamento.

— Bom dia.

Dakota sorri alegre para nossa professora e sobe no palco.

Seu olhar esbarra com o meu, mas ela o desvia rapidamente. Ela se
posiciona ao meu lado de forma que não consigo olhar para ela, ela fez de
propósito.

Dakota põe sua mochila no chão e continuamos os exercícios até que Dayse
os finaliza e deixa seu lugar para ocupar o meio do círculo.
— Leram o roteiro? — Assinto e a maioria dos presentes faz o mesmo. —
Ótimo, hoje iremos começar o ensaiar.

Ela fala como se fossemos ótimos, verdadeiros artistas, quando na verdade


somos péssimos, a maioria de nós pelo menos.

— Peguem seus roteiros. — Fizemos o que ela pede e pegamos os roteiros


nas mochilas. — Nós vamos apenas ler alguns trechos hoje, claro que cada
um lerá trechos dos seus personagens, quero descobrir a capacidade inicial
de vocês.

Minha capacidade inicial é -1.

— Prontos? — Ninguém a responde. — Vou considerar isso um sim.

Como ela segue animada com uma turma como a nossa?

— Dakota e Josh, vocês são os primeiros.

Ela dá um passo para trás e espera nossa aproximação, eu vou até Dayse e
paro à sua frente, olho para Dakota e seus olhos têm aquele medo e pavor.
Encaro-a e tento transmitir tranquilidade.

— Irá dar tudo certo.

Sibilo para que apenas ela entenda. Dakota respira fundo e dá um passo em
frente, é possível perceber a sua luta e seu esforço. Ela para a minha frente e
está tremendo.

— Hey, está tudo bem.

Sussurro.
— Confie em você, Dakota, além do mais não estamos aqui para julgá-la.
— Dayse dá a volta em torno de nós. —

Escolham uma cena e comecem.

Abro o roteiro e pego uma das minhas partes preferidas.

— Você deveria dançar uma vez com seu noivo.

Leio que o duque disse a Emma no primeiro baile que eles compareceram
após ficarem noivos.

— Deveria?

Dakota lê a resposta de Emma, sua voz está tremendo e é praticamente um


sussurro.

— Sim, nós ficamos noivos, lembra.

Eu tento fazer o meu melhor, o que é uma imitação horrorosa do que


imagino ser a voz de um duque. Nunca vi um duque, como irei saber como
ele fala.

— Estou sendo obrigada a casar com o senhor, lembra?

Preciso me controlar para não rir ao ouvir a voz de Dakota, porque Emma
às vezes é tão insole quanto ela.

— Jamais poderia me esquecer desse fato, minha cara. —

Nós dois não estamos nos olhando, porque estamos encarando o papel. —
Irá me conceder uma dança ou não?

Desvio os olhos do roteiro para Dakota, eu preciso ver o seu rosto quando
pronunciar a próxima fala.

— Uma dança é tudo que você terá, vossa Alteza.


Ela continua olhando para o papel, mas suas bochechas ficam vermelhas.
Dakota se lembrou de sábado quando ela me disse a mesma frase.

— Ok. — Dayse nos interrompe e caminha ao nosso redor fazendo suas


observações. — Vocês precisam dar mais a

liberdade aos artistas que vivem dentro de vocês.

Artistas? Não tenho um artista dentro de mim. Encaro a professora com


certo deboche e Dakota percebe, ela ergue suas sobrancelhas e apenas dou
de ombros.

— Vocês precisam sentir o enredo, sentir os personagens, quanto mais


sentirem o real, mais conseguirão convencer os outros que é real.

Faço uma careta e Dakota balança a cabeça me repreendendo em silêncio.

— O teatro é um tipo de arte e não precisamos de vergonha. — Ela para


atrás de Dakota e toca seus ombros. —

Relaxe, querida. Feche olhos e relaxe.

Dakota fecha os olhos, assim como Dayse. Eu preciso morder meu lábio
para não rir.

— Ninguém irá julgá-la, ninguém irá rir de você, desbloqueie suas travas e
viva a Emma. — Abre seus olhos, dá um passo para trás e sorri. — Dakota
e Josh, repitam o trecho.

Dakota abre seus olhos, eu a encaro com deboche e ela revira seus olhos.

— Podem começar.

Repetimos a cena e somos tão horríveis quanto a primeira vez.

— Vocês estão ótimos. — Dayse força um sorriso, acho que nem ela
mesmo acredita em nós dois. — Próximos.
Dakota e eu voltamos para o círculo e outras pessoas ocupam nosso lugar
para apresentarem seus trechos. Eles são incrivelmente melhores, o sorriso
e o brilho no olhar de Dayse até se intensificam. Espero que com a nossa
clara falta de talento, ela coloque outras pessoas para serem os
protagonistas.

Apesar de não conseguir ver Dakota, às vezes viro-me apenas para a


observar e ela me ignora, olha em frente como se não soubesse que estou a
olhando, porém pela forma como seu corpo reage, eu sei que ela sabe.

Enfim, os últimos se apresentam e fica apenas Dayse no meio do círculo .


Ela olha para nós com um sorriso no rosto. Está quase na hora do fim da
aula, encaro o relógio que há na parede e acompanho os ponteiros. Cinco
minutos e estarei livre. Preciso almoçar e ir para o treino, estou ansioso para
me encontrar com meu time depois da vitória de sábado, deveremos estar
todos animados.

— Estão liberados com exceção de Josh e Dakota. — Volto a olhar para a


mulher e franzo minha testa. Não esperava ficar aqui além do horário. —
Será rápido, eu prometo.

Não tenho como fugir, então apenas assinto e continuo no palco. Olho para
Dakota e ela apenas dá de ombros. Ficamos observando o auditório se
esvaziar e assim que ficamos apenas nós três, Dayse faz um sinal para que
nos aproximemos dela, Dakota e eu vamos até ela e paramos na sua frente,
um ao lado do outro.

Minha mão quase toca a sua e sinto o calor da sua pele.

— Bom, eu escolhi vocês, porque não são os melhores atores do mundo. —


Ela fala alegre, como se não estivesse nos criticando. — Porém, quero um
desafio, quero tornar vocês melhores e para isso precisamos de mais
ensaios.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Mais ensaio?
A professora assente.

— Vocês não estarão prontos até o dia 16 de dezembro se ensaiarem


somente durante as aulas.

Ela claramente está agindo como se estivéssemos super empolgados para


realizarmos essa peça.

— Vamos mesmo nos apresentar no festival de talentos?

Dayse sorri, é quase um sorriso maquiavélico.

— Claro, Dakota, será uma experiencia incrível para vocês.

Preciso me controlar para não dizer que uma experiência incrível para mim
é um jogo de beisebol e não uma peça de teatro.

— E se a senhora escolher outras pessoas?

Sugiro e ela faz uma careta.

— Isso não vai acontecer, Josh.

— Quando será os ensaios?

Dakota pergunta e ela volta a sorrir.

— Isso vocês podem decidir. — Ela começa a caminhar de um lado para


outro. — Eu não estarei presente nos ensaios, porque irei passar o que
devem fazer, as técnicas e como devem executar a cena durante a aula e
vocês só precisam ensaiar.

Só ensaiar... simples assim.

— E não tentem me enganar, porque se não evoluírem, saberei que não


estão ensaiando.

Ótimo, estamos sendo pressionados.


— Ainda acho que a senhora poderia escolher as pessoas mais capacitadas.

Professora Dayse dá de ombros.

— Isso não está em discussão, Dakota. — Ela volta a ficar parada a nossa
frente. — Alguma dúvida?

Balanço minha cabeça negando e Dakota faz o mesmo.

— Ótimo, tenham um bom dia.

Acena, vira-se e caminha na direção da porta. Observo-a indignado.


Primeiro, ela nos escolheu para protagonistas, sabendo que somos ruins, e
agora está exigindo que ensaiemos mais vezes, fora do horário de aula, e
por fim, ela ainda não estará presente.

Totalmente injusto. Talvez deva mesmo abandonar essa aula. Foda-se, eu


não preciso de um diploma.

Antes de abrir a porta, ela olha para trás e encara nós dois.

Não posso ver com nitidez o seu rosto, mas é óbvio que está sorrindo.

— Josh, seu treinador mandou lembranças e Dakota, querida, a professora


Gemma Reese está entusiasma para ver

você em cima de um palco.

Sua voz é doce, mas tendenciosa. Vira-se em frente e deixa o auditório. Ela
está praticamente dizendo que não podemos desistir, porque há pessoas que
querem a gente aqui. E

ela está certo, meu treinador quer que eu tenha horas para me formar, assim
que for convocado no draft, se é que serei convocado.

— O que foi isso?

A voz de Dakota me chama atenção e olho para o lado.


— No meu caso, um lembrete do porquê não posso desistir.

Ela suspira.

— Eu estou me sentindo como se estivesse em um experimento. — Dakota


zomba. — Vamos ver se conseguiremos transformar aqueles alunos
horríveis em atores decentes.

Sorrio apesar da situação não ser muito agradável.

— Parece que passaremos mais tempo juntos, princesa.

Ela revira seus olhos.

— Infelizmente.

Sigo sorrindo, uma parte em mim, talvez bem infantil, gosta de irritar
Dakota, a mesma que adora provocar e irritar meus amigos. Realmente,
estou levando a sério esse negócio de sermos amigos.

— Então, quando começaremos nossos ensaios extras?

— Nunca é uma opção?

Resmunga e balanço a cabeça negando.

— Não, princesa.

Suspira, olhando para o teto e em seguida olha para mim novamente.

— O que você acha de terça e quinta?

— Eu tenho treino, só posso no início da noite.

— Pra mim fica bom.

— Começamos hoje?

Ela bufa diante a minha pergunta e balança a cabeça.


— Podemos começar na quinta? Eu tenho que me preparar mentalmente
para suportar você por mais horas que o normal.

Sorrio.

— Claro, princesa.

Ela revira seus olhos.

— Já disse para parar de me chamar assim.

Dou de ombros.

— Continuarei te chamando assim.

Revira seus olhos e olha ao redor.

— Será que conseguiremos ensaiar nesse auditório?

— Eu acho que sim.

Ela assente.

— Quinta às seis e meia?

— Isso.

Respondo-a, ela volta a olhar para mim e nos encaramos até que ela desvia
seus olhos.

— Ok, Josh — Dakota pega sua mochila e dá um passo em frente. — Até


quinta-feira.

Dakota caminha até as escadas na lateral e deixa o palco.

Eu pego a minha mochila e a sigo. Ela sabe que estou logo atrás dela, mas
não olha para trás. Nós dois deixamos o auditório e Dakota continua na
minha frente.
— Tchau, Dakota

Ela não me responde e eu sorrio.

...

Almoço e vou para o meu treino, como suspeitei, todos estão animados com
a vitória, principalmente os reservas que jogaram boa parte do jogo. A
maior parte do treino e com a bola, eu foco em treinar arremessos e me
sinto realizado, porque é tão satisfatório ocupar meu lugar, arremessar a
bola e acertar a zona de strike[12], além de na maioria das vezes, o receptor
consegue segurar a bola.

Deus, eu amo o beisebol.

Parte do time marca de ir jogar sinuca mais tarde, então vou para casa
apenas com o intuito de trocar de roupa. Eu tomei banho após o treino, mas
minha roupa segue sendo a mesma que estava usando pela manhã.

Dirijo animado, deixo o carro estacionado em frente à minha casa, como


vou sair daqui a pouco e ao entrar, deparo-me com Aiden e alguma garota
no sofá da sala. Para minha sorte,

Aiden está vestido e não consigo ver a garota, porque Aiden está a
cobrindo. Sorrio malicioso.

— Não acredito que você está transando na sala.

— Feche os olhos.

Resmunga e não o obedeço. Não que queira ficar os assistindo, mas quero o
provocar por alguns segundos.

— Se ela for gostosa, sempre podemos dividir, o que você acha de um


ménage?

— Me respeite, Josh!

A garota grita e a reconheço imediatamente, é a Brooke.


— Desculpe, Brooke, não sabia que era você. — Sorrio debochado, Brooke
tem estado cada vez mais por perto e gosto dela, assim como gosto dos
meus amigos. — Estou subindo para meu quarto.

Deixo-os em paz e subo para meu quarto. Eu troco de roupa e como ainda
falta alguns minutos para o horário que marcamos, sento-me na cama para
ficar mexendo no celular, porém ao olhar para o lado, encontro o roteiro,
pego-o e o releio mais uma vez. Deve ser a terceira, ou quarta vez que
estou o relendo.

Qual a minha ficção com esse enredo? Eu também não sei.

Só paro de ler a maldita da peça quando está quase na hora de encontrar


com meus colegas de time, então volto a deixá-la sobre o cômodo que fica
ao lado da minha cama, fico em pé, pego minha carteira, celular, chave do
carro e deixo meu quarto.

Desço a escada e estou caminhando na direção da porta quando escuto


alguns barulhos vindo do jardim. O que está acontecendo?

Minha curiosidade vence minha pressa, desisto de seguir para a porta e vou
até o jardim. Deparo-me com Aiden, Brooke, Ethan e Abby na área de
lazer, as meninas estão sentadas ao redor da mesa e Aiden e Ethan estão de
frente para a churrasqueira.

Aproximo-me e assim que estou perto o suficiente, pergunto o que estão


fazendo.

— Um churrasco.

É Aiden a me responder.

— Quem mais virá?

Na verdade, só quero saber se uma pessoa irá vir.

— Seremos apenas nós, Dakota e Dylan estão chegando.


Assim que escuto Ethan responder a minha pergunta e mencionar o seu
nome, decido que não irei encontrar meus colegas de time. Eu irei ficar.

Dakota

Eu sei que sou péssima tomando decisões quando estaciono em frente à


casa dos meninos. Fito o volante à minha frente e me pergunto o porquê não
disse não quando Abby me convidou para um churrasco na casa dos
meninos. Há muitos motivos por quais deveria recusar o convite.

Primeiro: É terça-feira, não é dia de churrasco.

Segundo: Não sou assim tão sociável.

Terceiro: Josh mora aqui.

Então, por que estou aqui?

Digo a mim mesma que é porque gosto das minhas amigas, não tinha
comida em casa e de qualquer forma, serei obrigada a conviver com Josh,
afinal minha melhor amiga está praticamente namorando seu melhor amigo.

São motivos plausíveis, não são?


Minha consciência fala que não e me acusa de ser uma mentirosa. Não
odeio Josh e nem tento o evitar, pelo contrário gosto de estar com ele,
quando não está sendo um idiota. Até mesmo quando estamos provocando
um ao outro, eu gosto dele.

Sou masoquista? Louca? Talvez deva voltar para a terapia.

Antes que minha mente exploda, pego minha bolsa e saio do carro, foda-se,
não importa os motivos, estou aqui, vou entrar e me divertir.

Determinada sigo na direção da entrada e toco a campainha. Espero alguém


vir me receber, porque ao contrário de Abby, não tenho intimidade para
simplesmente invadir a casa dos meninos.

Espero alguns segundos até a porta ser aberta, é Dylan a abri-la para minha
surpresa, esperava que Abby viesse me

receber, afinal ela me disse por telefone que seria somente nós e os
meninos, então sabia que a única que poderia estar tocando a campainha
seria eu.

— Hey, Dakota.

O jogador de basquete se aproxima e beija minha bochecha.

— Hey, Dylan.

Cumprimento-o assim que nos afastamos, entramos na sua casa e o


acompanho.

— Você deveria ter simplesmente entrado, porque estamos no jardim e não


teríamos ouvido a campainha tocar, sua sorte é que eu estava na cozinha,
porque vim buscar sal.

Isso explica, porque não foi Abby a abrir a porta.

— Não sou muito fã de invadir a casa dos outros.

Brinco e Dylan sorri.


— Essa casa não se importa de ser invadida principalmente por garotas
bonitas.

Reviro meus olhos e em seguida suspiro, um suspiro repleto de drama.

— Até você, Dylan? Achei que fosse o único que se salvasse nessa casa.

Apesar de estar brincando, Dylan é realmente o mais quieto dos quatro, não
que ele seja um santo, ele só é diferente, não consigo encontrar uma palavra
que o defina.

— É impossível andar com idiotas e não se contaminar.

Nós dois sorrimos e seguimos para o jardim. O restante do pessoal está na


área de lazer. Uma área com churrasqueira, mesa, cadeiras, pia, fogão e uma
geladeira. Ser herdeiro realmente tem suas vantagens.

Ele e eu nos aproximamos e os cinco se viram em nossa direção, porém é


em uma única pessoa que detenho meu olhar.

Em Josh que está apoiado na parede ao lado da churrasqueira e tem uma


latinha de cerveja em mãos. Ele me encara e seu olhar encontra o meu.

— Encontrei Dakota apertando a campainha.

— Você deveria ter me enviado uma mensagem avisando que estava


chegando. — Desvio os olhos de Josh e encaro Abby.

— Eu teria esperado por você.

Dou de ombros.

— Esqueci.

Vou até minhas amigas que estão sentadas ao redor de uma mesa redonda
de vidro e ocupo uma das cadeiras ao lado de Abby. Passo meu braço pelos
ombros da minha amiga e abraço-a, só para provocá-la, já que ela não é
muito fã de abraços.
— Eu não ganho abraços.

Brooke faz drama e jogo um beijinho em sua direção assim que me afasto
de Abby.

— Não chore, eu também amo você. — Ela ri e faz um coração com suas
mãos em minha direção. — Só sinto falta de Abby, porque ela está
praticamente morando com Ethan e nos abandonou.

Faço um beicinho.

— Eu estou sendo obrigada a ficar tanto tempo com Ethan.

Abby se justifica.

— Você estava sendo obrigada, porque Ethan não está mais com braço
imobilizado e não precisa mais ser a sua babá.

Brooke a acusa, viro-me para Abby e ela faz uma careta.

Brooke e eu rimos da sua expressão e de repente, sua careta é

substituída por um sorrisinho debochado e ela olha em minha direção.

— Sabe quem passou a tarde toda aqui, Dakota?

Ergo minhas sobrancelhas.

— Quem?

— Brooke.

— Sua fofoqueira.

Brooke grita e me viro para ela.

— O que você estava fazendo aqui?

— Ela e Aiden estavam transando.


Não é Brooke a me responder e sim Josh, ela abre a boca indignada e
balança a cabeça negando.

— Não estávamos transando e sim organizando nossa parte da festa de


Halloween.

Desvio os olhos para Josh e ele está encarando minha amiga com deboche.

— Eu não sabia que para organizar uma festa, as pessoas precisavam ficar
uma sobre a outra em cima de um sofá.

Aiden dá um tapa em Josh e os dois começam a trocar tapinhas ridículos, é


nítido que são tapas de brincadeiras, eles parecem duas crianças.

— Dylan, você deveria convidar a Dakota para sair.

A voz de Abby deixa claro que ela está brincando, porém Josh interrompe a
brincadeira com Aiden e a encara com uma expressão de poucos amigos.
Eu deveria olhar para Dylan para ver qual é a sua reação, mas continuo
encarando Josh.

— Por quê?

Ele pergunta a Abby, sua voz soa sem emoção, como se não fosse nada
demais. Finalmente, eu olho para Dylan e ele está sorrindo debochado. Nós
nunca olhamos um para o outro com algum interesse e não será agora que
isso irá mudar.

— Porque eu estou com Ethan, Brooke com Aiden e poderíamos sair de


casal se Dakota tivesse com Dylan.

Conheço Abby e sei que ela está apenas zombando. Nem ela e nem Brooke
são do tipo que gostam de encontro de casais.

Dylan se vira para Josh e sorri.

— Eu acho que Dakota e eu combinamos.

Eu começo a rir e Josh faz uma careta.


— Vocês não combinam.

Dylan claramente está provocando Josh e ele está caindo na provocação.

— Você não estava saindo com Kim?

Josh pergunta irritado e Dylan dá de ombros.

— Nós somos apenas amigos.

— Esqueça Dakota.

Josh diz entre dentes, paro de rir e ergo minhas sobrancelhas.

— Eu acho que podemos ter um encontro, Dylan.

Josh morde seu lábio inferior e posso ver uma veia em sua testa.

— Vamos marcar, Dakota.

Josh amassa a latinha de cerveja.

— Foda-se, vamos assar essa maldita carne.

Ele se vira para churrasqueira. Dylan pisca em minha direção, eu sorrio e


volto a olhar para minhas amigas. Brooke e Abby estão sorrindo
maliciosamente.

— Eu não vou realmente sair com Dylan.

Sirvo um dos copos descartáveis que há sobre a mesa com o refrigerante


que está ao lado dos copos.

— Claro que não irá.

Abby realmente está afirmando, não está debochando.

— Então, qual motivo do sorriso?


Trago o copo até minha boca e bebo o refrigerante enquanto espero por sua
resposta.

— Josh está com ciúmes.

Largo o copo sobre a mesa e balanço a cabeça negando.

— Ele não está com ciúmes.

— Ele está sim.

Brooke afirma assim como Abby.

— Vocês estão malucas.

— Não estamos.

As duas falam ao mesmo tempo e faço um gesto de desdém com as mãos.


Ignoro-as e olho para Brooke.

— O que vocês decidiram sobre a festa?

Mudo de assunto, porque é óbvio que Josh não está com ciúmes. Elas estão
malucas. Minhas amigas aceitam minha troca

de assunto e conversamos sobre a festa que ocorrerá daqui a algumas


semanas, os meninos quando percebem do que se trata nossa conversa se
intrometem.

De repente, estamos conversando sobre sábado e a tatuagem de Ethan e


Abby, os chamamos de bregas e os dois não têm nem argumentos,
simplesmente riem.

Saímos de um assunto e entramos em outro completamente diferente sem


percebermos. Aiden e Dylan preparam a salada e assim que Josh finaliza a
carne, jantamos ao redor da mesa e seguimos conversando e rindo.

Algumas vezes meu olhar esbarra com o de Josh, mas não é desagradável.
Talvez, realmente possamos coexistir em um mesmo ambiente.
Como os meninos cozinharam, nós somos as responsáveis por limparmos.
Eles vão para a piscina e assim que terminamos, vamos até eles. Ninguém
está bebendo, porque é terça-feira, mas estamos rindo como se
estivéssemos.

Eu tiro meu vestido, o deixo sobre uma das espreguiçadeiras e fico apenas
de maiô, sinto alguém me olhando e quando olho na direção da piscina,
vejo Josh me observando.

Mesmo sem estar conseguindo enxergar o seu rosto nitidamente, um calor


sobe pelo meu corpo.

Por que tenho que reagir assim a ele?

— Vamos?

A voz de Abby chama minha atenção, desvio meus olhos de Josh, viro-me
para Abby e assinto.

— Vamos pular juntas?

Concordamos com Brooke e então nos posicionamos em frente à piscina,


entrelaçamos as nossas mãos. Abby inicia a contagem e no três, pulamos na
piscina. Soltamos nossas mãos assim que entramos em contato com água
gelada e logo que imergimos, nos olhamos e começamos a rir.

Apesar da água estar fria, não demoro a me acostumar, afinal é uma noite
quente.

Os meninos se aproximam com uma bola, ficamos brincando e jogando, e


nossas gargalhadas ecoam pela noite.

Ethan e Abby são os primeiros a deixarem a piscina, eles dizem que é


porque Ethan não pode forçar muito o ombro, nós o provocamos dizendo
que é porque eles querem é transar, eles nos ignoram e seguem para dentro
de casa.

Eu sou a próxima a sair, após alguns minutos, porque estou com frio. Assim
que pego meu vestido sobre a espreguiçadeira, me dou conta de que não
trouxe nenhuma toalha.

— Eu preciso de uma toalha.

Grito e é Dylan a me socorrer.

— No banheiro lá de dentro há toalha no armário.

— Obrigada, Dylan.

Pego meu vestido e corro até o banheiro que fica em um espaço entre sala e
cozinha. Encontro uma toalha no armário abaixo da pia e me seco. Ao
encarar meu reflexo no espelho, percebo que não deveria ter molhado meu
cabelo, ele está parecendo um ninho de passarinho. Sem alternativa, tiro o
excesso de água dos meus fios ruivos e faço um coque. Estou ridícula,
como não há muito o que ser feita, deixo a toalha sobre o balcão da pia e
saio do banheiro.

Um grito escapa dos meus lábios ao encontrar alguém parado a minha


frente, apoiado na parede e com os braços cruzados.

— Sou só eu, princesa.

Meu coração está disparado e respiro fundo algumas vezes até enfim
conseguir me acalmar.

— Que merda, Josh.

Ele ri.

— Desculpe, princesa.

Escutar o apelido faz com que a faísca que sempre parece existir entre nós
volte a acender.

— O que você está fazendo aqui?

Seu sorriso some, sua postura muda e descruza seus braços.


— Você realmente irá sair com Dylan?

Abro a boca para responder que é claro que não, mas a parte irracional da
minha mente se lembra de Brooke e Abby dizendo que ele está com ciúmes
e mudo minha resposta.

— Isso não é da sua conta.

Ele dá um passo em frente, olha em meus olhos como se fosse capaz de


obter a sua resposta.

— Você realmente irá sair com Dylan?

Repete sua pergunta, aproxima-se ainda mais até ter seu rosto a centímetros
do meu. Não o respondo, porque quero saber

qual será sua reação.

— Dylan não é eu, princesa.

Toca minha cintura e abaixa seu rosto até que seu nariz toque meu pescoço.

— Jamais confundiria vocês dois.

Fecho meus olhos ao sentir sua respiração em minha pele.

— Não é Dylan que deixa seu corpo arrepiado. — Sua mão aperta minha
cintura. Eu poderia me afastar, mas não me afasto.

Continuo aqui, ansiando por mais dos seus toques. — Não é Dylan que
você deseja, princesa.

Espalmo minhas mãos em seu peito e inclino meu pescoço para o lado.
Seus lábios encostam minha pele e sua mão desce até minha bunda, ele me
puxa para mais perto e não ofereço resistência nenhuma. Finalmente, ele
beija meu pescoço e seus dedos erguem meu vestido e tocam minha coxa.

— Não deveria perder o controle assim, Dakota. — Sobe os beijos pela


minha pele. — Mas você faz com que eu perca muito mais do que meu
controle, você faz com que eu perca as batidas do meu coração.

Afasta seu rosto do meu pescoço e aproxima os seus lábios dos meus, ao
mesmo tempo que aperta minha bunda.

Suspiro e espero ansiosa por seu beijo, porém antes que ele cubra minha
boca com a sua, escuto meu nome ser chamado e me dou conta do que
estávamos prestes a fazer.

— Dakota, vamos? Eu estou pronta.

Abro meus olhos e dou um passo para trás. Josh me encara totalmente
desnorteado. Nunca um segundo durou tanto.

Brooke me chama novamente, então me obrigo a respondê-la.

— Estou indo, Brooke.

Atordoada viro-me, deixando Josh para trás e sentindo seu olhar em minhas
costas e vou encontrar minha amiga. Que merda nós pensamos que estamos
fazendo?

Josh
Bato o lápis em meu caderno ansioso, essa maldita aula não termina nunca,
eu não quero saber sobre Ciência Gastronômica, só quero que chegue ao
fim para que possa ir para minha aula de teatro.

Minha consciência zomba de mim, mas porra, faz um dia.

Um dia daquele quase beijo e não sai da minha mente. É difícil admitir,
porém preciso ver Dakota.

Minha mente está um caos, uma briga interna se instalou em minha cabeça,
deveria me manter longe, entretanto não

quero. Razão e emoção brigando mais uma vez.

O professor continua falando a minha frente e sigo sem conseguir me


concentrar. Ontem meu dia foi um fracasso total, não prestei a atenção em
minhas aulas e quando cheguei em casa e tentei estudar, a única coisa em
que conseguia pensar era em Dakota.

Eu tenho certeza de que qualquer envolvimento com ela seria um desastre,


porque eu sou um desastre, só que quanto mais longe tento me manter, mais
ela parece se infiltrar em meu sistema.

É como um vício. Como algo que você se proibi e fica mais atrativo.
Talvez, se nos tornamos amigos tudo passe, quem sabe assim consiga a tirar
do meu sistema.

Estou convencido de que precisamos ser amigos, colocamos um fim em


nossas briguinhas que são uma armadilha para despertarem tesão e
descobrimos que somos ótimos como amigos. Apenas amigos.

É um plano péssimo, mas o que me resta?

Mais uma vez, o quase beijo da noite de terça me atormenta, posso


inclusive me lembrar do seu cheiro, do calor da

sua pele. Caralho! Nunca mais conseguirei esquecer essa maldita cena? Ela
foi o suficiente para me fazer arder de desejo, para me fazer sonhar com
Dakota e com seu corpo abaixo do meu, merda... foi o suficiente para ter
que me tocar como um adolescente.

Empurro meus pensamentos para longe antes que tenha uma ereção em
plena sala de aula, mais uma vez tento me concentrar no professor a minha
frente, porém é tarde demais para conseguir entender algo.

Suspiro e passo as mãos pelo meu cabelo.

São minutos de agonia e quando o professor finalmente finaliza a aula, pego


minha mochila e apressado, deixo a sala de aula. Eu apenas aceno para
alguns colegas e vou para o estacionamento, entro em meu carro e dirijo
para o prédio de artes cênicas, minha sorte é que não fica tão longe do
prédio de Ciências Ambientais.

Não sou o primeiro a chegar na aula de teatro, mas não sou o último, a
última sempre é Dakota.

— Bom dia, Josh.

A professora Dayse me cumprimenta assim que entro na sala, então a


cumprimento de volta e sigo para o palco onde estão todos sentados no chão
em um círculo.

Deixo minha mochila ao mau lado e me sento na rodinha, Dayse sorri e


explica que hoje iremos começar a criar conexões entre nós, porque
precisamos estarmos conectados com quem iremos dividir as cenas e está
no meio da explicação quando Dakota chega, então ela para e se vira para a
ruiva.

— Bom dia, Dakota.

Olho na direção de Dakota que caminha na direção do palco.

— Bom dia, professora.

Ela se aproxima e seu olhar cruza brevemente com o meu.


Não consigo identificar claramente suas emoções, mas pelo menos tenho
certeza de que não é desprezo.

— Sentem-se ao lado de Josh.

A voz da Dayse ecoa pelo auditório e sorrio, parece que a sorte está ao meu
favor hoje. Dakota assente e faz o que a professora pediu, ela vem até mim
e ocupa o lugar ao meu lado.

Inclino meu corpo na sua direção, seu perfume me atinge e aproximo minha
boca da sua orelha.

— Bom dia, Dakota.

Percebo seu corpo se arrepiar e um sorriso satisfatório surge em meu rosto.

— Bom dia, Josh.

Para meu azar, sigo sem conseguir decifrar suas emoções.

— Bom, como estava dizendo hoje, iremos começar a criar conexões e no


finalzinho da aula começaremos a ensaiar com o foco, é claro, nas técnicas
e conceitos sobre conexões que aprenderemos.

Dayse fica em pé e caminha ao redor de nós que continuamos sentados. Ela


explica sobre como teremos que tocar um ao outro, ela fala sobre o respeito
e sobre não exceder limites, sobre confiança e parceria. Por fim, ela explica
que faremos alguns exercícios para desenvolvermos confiança e parceria.

— Ficaremos em pé e faremos alguns exercícios de alongamento em dupla,


e a dupla será com aquela pessoa que fará mais cenas com você, ok? —
Assentimos e ela continua. —

Então, fiquem em pé.

Ficamos em pé, ela separa as duplas e é claro que Dakota e eu ficamos


juntos. Dayse descreve o primeiro exercício e tentamos o colocar em
prática, segundo ela, poderia demonstrar os exercícios, mas faz parte do
processo transformarmos o que ouvimos em gestos, ajuda a
desenvolvermos nossa imaginação.

O primeiro exercício devemos ficar um de frente para o outro, então uma de


cada vez apoiaremos as mãos no braço do parceiro e nos curvaremos.

Dakota e eu nos encaramos, e tentamos não rir, porém falhamos.

— Como sou um cavalheiro, você pode começar.

Ela segue sorrindo.

— Obrigada por ser um cavalheiro.

— Estou tentando entrar no personagem.

Pisco em sua direção e sorrimos ainda mais. Sorrir com Dakota é como tirar
um fardo das minhas costas.

— Ok, ok, não me deixe cair.

Dakota traz suas mãos até meus braços e se segura em mim. O contato
causa uma energia diferente em meu corpo, é

como se onde estivesses nos tocando, produzisse uma corrente elétrica.


Paramos de rir e seu olhar segue preso ao meu.

— Jamais deixaria você cair.

Sussurro e ela assente. Ela se curva para frente e me concentro em observar


se ela está equilibrada, se ela se desequilibrar, devo a segurar e impedir que
caia.

Dayse se aproxima e caminha ao nosso redor. Ela está nos analisando, então
coloca sua mão sobre as costas de Dakota.

— Confie no seu parceiro. — Empurra sua mão contra as costas de Dakota


e a empurra mais para baixo, o que faz com que Dakota aperte ainda mais
os meus braços. — Josh e Dakota vocês são os protagonistas, é preciso que
vocês tenham uma sintonia a mais, vocês precisam de muito
companheirismo para convencer o público de que são um casal apaixonado,
vocês precisam fingir haver uma química entre vocês.

Preciso me conter para não rir. Não precisamos fingir química, pelo
contrário precisamos fingir não existir nada entre nós.

A professora retira a mão das costas de Dakota.

— Ótimo e agora, duplas troquem de lugar.

Dakota volta a ficar ereta e afasta suas mãos dos meus braços,
instantaneamente sinto falta do seu toque. Não perco tempo e levo minhas
mãos até seus braços.

— Cuidado, eu posso ser pesado.

Toco-a e volto a sentir a sensação de uma corrente elétrica vibrando em


meu corpo.

— Com medo de cair, Josh?

Sorrio debochado.

— Não posso danificar meu rosto bonito.

Ela revira seus olhos e me curvo para frente. Eu tento ao máximo não
pressionar seu braço, porém para manter meu equilíbrio, preciso me apoiar
nela. Parece que dura uma eternidade até que Dayse grita que podemos
interromper o exercício.

Ergo-me e antes de me afastar de Dakota, passo minha mão pela sua pele
que está um pouco vermelha.

— Desculpe.

Ela dá de ombros.

— Não foi nada.


Dayse faz mais alguns exercícios e inicia o ensaio de fato da peça, como o
foco é toque e confiança, escolhe cenas em que temos que nos tocar para
encenarmos.

— Dakota e Josh serão os primeiros, escolhi a cena do baile para vocês. —


Engulo em seco ao me dar conta de que ela está falando da cena do baile
em que eles dançam. — Hoje focaremos na confiança e toque, então não
iremos abordar o ritmo e forma de dançar, embora eu vá colocar a música.

Assentimos.

— Se posicionem um de frente para o outro no centro do círculo. —


Fazemos o que ela pede e Dayse liga a música, uma música clássica. —
Agora dancem, hoje finjam que é uma valsa e tentem reproduzir o diálogo
que acontece enquanto Emma e Vincent estão dançando.

Engulo em seco, estendo meu braço e ofereço minha mão esquerda para
Dakota, então ela coloca seus dedos sobre os meus. A música continua
tocando enquanto coloco sua mão esquerda em meu ombro direito e por fim
deixo minha mão direita abaixo da sua escápula direita. Mais uma vez, é
como se existisse uma corrente elétrica transitando entre nós.

Seu olhar está preso ao meu, nossas respirações estão alteradas e seguindo a
música, dou um passo em frente com meu pé esquerdo, Dakota dá um passo
para trás com seu pé direito, depois ambos vamos para o lado e em seguida
juntamos nossos pés, ficamos fazendo esse ciclo da valsa simples.

Mantemos o olhar um no outro e há uma intensidade ao nosso redor,


concentro-me nela e me esqueço de todos e de onde estamos.

— Devemos fingir que estamos apaixonados, milorde?

Escuto a voz de Dakota e demoro alguns segundos para me dar conta de


que ela está referindo a Emma, a que Emma fala enquanto está dançando
com o duque.

— Não acho que seja necessário, todos sabem da verdadeira procidência do


nosso casamento.
— Muito cavalheiro.

Resmunga, assim como está descrito que Emma faz no roteiro.

— Irei fingir que não escutei sua insolência, senhorita.

Os olhos de Dakota estão brilhando e morde seu lábio para não rir.

— Talvez deva lhe avisar que um dos meus muitos defeitos é a insolência,
senhor.

É a minha vez de precisar morder meus lábios para não rir.

— Está tentando me convencer a desistir do casamento?

Não soo tanto irônico como deveria, porque não consigo me concentrar o
suficiente.

— Está pensando em desistir, Vossa Alteza?

Dakota soa divertida e não debochada. Nós dois entreolhamos e não


conseguimos mais evitar, começamos a rir.

— Ótimo, você nem gaguejou, Dakota, perfeito. — Dayse bate palmas. —


Vocês serão perfeitos.

Dayse nos lembra de que não estamos sozinhos, apesar de continuarmos


nos olhando, Dakota e eu nos desvencilhamos.

— Podem voltar para o lugar de vocês.

A professora escolhe os próximos a encenarem enquanto Dakota e eu


voltamos a nossos lugares. Ainda há um sorriso em meu rosto quando
estamos aqui no círculo e ficamos um ao lado do outro.

Eu assisto meus colegas encenarem suas cenas, porém continuo sentindo a


garota ao meu lado. É como se todo meu

corpo estivesse em alerta esperando por um momento de tocá-la.


O restante da aula ficamos apenas observando outras pessoas se
apresentarem e não voltamos a conversar, sequer olho para ela, porque não
encontro um motivo para me virar para o lado.

Assim que encerra a aula, Dayse encara nós dois.

— Vocês marcaram os ensaios?

— Iremos ensaiar todas as terças e quintas às seis e meia.

Sou eu a respondê-la e sorri animada.

— Ótimo, hoje treinem a cena da dança.

Pisca em nossa direção e deixa o palco empolgada. Eu olho para o lado e


Dakota está com sua mochila em suas costas.

— Hoje, às seis e meia? — Assinto. — Ok, então até mais, Josh.

— Até mais, Dakota.

Encaramo-nos por alguns segundos até que Dakota dá um passo para trás,
vira-se, pula do palco e caminha na direção da porta. Eu a observo se
afastar com uma sensação estranha em meu peito. Uma parte da minha
mente está contabilizando quantas horas falta para nosso ensaio.

Totalmente insano.

Antes que eu surte ainda mais, pego minha mochila, coloco-a em meu
ombro e deixo o auditório. Eu vou para casa, é hora do almoço e para minha
sorte, Dylan está preparando o almoço. Almoço com meu amigo e em
seguida sigo para o estádio.

O treino é pesado e intenso, porque a temporada está prestes a iniciar. Estou


exausto ao fim, porém tenho pressa, porque preciso encontrar com Dakota.
Saio praticamente correndo do campo, vou para o vestiário, tomo um banho
rápido e paro em frente ao meu armário para trocar de roupa. Chris, o nosso
melhor rebatedor, para ao meu lado.
— Por que tanta pressa?

Dou de ombros.

— Tenho um compromisso.

— Pela pressa, espero que seja com uma garota.

Não o respondo e ele e os cara começam a me provocar, somente sorrio,


porque não tenho tempo para argumentar com eles. Visto-me, coloco a sua
correntinha e deixo o vestiário e sigo

para o estacionamento, assim que entro em meu carro, confiro o horário e


droga, eu preciso acelerar, ou irei chegar atrasado.

Mesmo acelerando, chego alguns minutinhos atrasado, Dakota já está no


auditório, ela está sentada no palco com as costas apoiadas na parede e
lendo algo.

Fecho a porta, logo após entrar e ela ergue seus olhos ao ouvir o barulho.
Caminho na sua direção, subo no palco e ao me aproximar, me dou conta de
que está lendo um livro.

— Demorei?

Ela guarda o livro e não tenho a chance de descobrir o título.

— Não muito.

Fica em pé e eu paro a alguns centímetros dela.

— Desculpe, eu estava no treino.

Ela assente e nos encaramos, como se estivesse um abismo entre nós, mas
ao mesmo tempo quiséssemos atravessá-lo.

— Vamos começar.

Dakota acaba com nosso dilema e assinto.


— Eu trouxe algo.

Abaixo-me e pego a caixinha de som em minha mochila.

— O que é isso?

Fico em pé e mostro a caixinha para a Dakota, ela ergue suas sobrancelhas


sem entender.

— Para colocar a música.

Ela sorri ao enfim entender.

— Ótimo.

Deixo a caixinha sobre a mesa que há no canto do palco, conecto-a ao meu


celular e escolho uma das músicas que escolhi enquanto dirigia para o
estádio mais cedo. Girls like you versão Vitamin String Quartet ecoa pelo
auditório.

Ao voltar a olhar para Dakota, encontro seus olhos e há um brilho neles que
denuncia que gostou da minha escolha.

— Acertei na escolha?

Não preciso da sua resposta para saber que sim, porque a sua expressão a
entrega.

— Como você chegou a essa música?

Dou de ombros e me aproximo de Dakota.

— Eu pesquisei uma playlist de músicas atuais no ritmo clássico e ela foi a


primeira que encontrei.

Minto, porque escutei toda uma playlist e escolhi essa pela letra. Estendo
minha mão em sua direção, ela coloca seus dedos sobre os meus e a puxo
em minha direção.
— Essa música faz parte da trilha sonora de uma série baseada em um dos
meus livros favoritos.

Assim como pela manhã, paramos um de frente para o outro e assumimos a


posição da valsa. Mantemos o olhar um no outro e iniciamos os passos, para
frente, para trás, para o lado, juntamos os pés, e fazemos isso circulando
pelo palco.

— Devo assistir essa série para aprender a me portar como um duque?

Dakota morde seu lábio inferior e assim que o solta, sorri.

— Talvez, inclusive a primeira temporada que é sobre um duque.

— Qual nome da série?

— Bridgerton.

Ela me encara com malícia, não está acreditando que eu vá assistir.

— Irei assistir, afinal tenho que convencer as pessoas que sou um duque. —
Dakota ri e faço com que ela rodopie ao redor

da minha mão. — Inclusive, o termo Vossa Alteza combina perfeitamente


comigo.

Volta a ficar a minha frente.

— Menos, Josh, bem menos.

Continuamos sorrindo e ficamos em silêncio. Dançamos como sempre


tivéssemos feito isso. É estranho, talvez seja por causa da música, porém é
como se realmente estivéssemos em um mundo diferente. Um mundo só
nosso, onde o tempo é outro.

Seu olhar segue no meu e mesmo quando faço com que rodopie assim que
volta a sua posição, voltamos a nos olhar.

Deveríamos ensaiar os diálogos, mas não fazemos.


A música ecoa pelo auditório e apesar de ser apenas instrumental, a letra
passeia em minha mente.

“Porque garotas como você ficam com caras como eu Até o Sol se pôr,
quando eu chegar

Eu preciso de uma garota como você, sim, sim”

E assim que chega ao fim, paramos e entreolhamos sem saber o que fazer
ou como agir. São segundos assim, talvez minutos até que Dakota se
desvencilha e dá um passo para trás.

— Onde aprendeu a dançar valsa?

— Precisei aprender para o aniversário de quinze anos da minha irmã.

Minha voz está rouca e meu coração está acelerado.

— Acho que por hoje está ótimo. — Assinto, mal ensaiamos, mas não
podemos continuar, não quando minha mente é uma confusão. — Eu vou
indo.

Dakota afirma, mas continua me encarando como se precisasse de


respostas. Eu também não as tenho.

Observo a pegar sua mochila e se afastar. Fico parado em pé no meio do


palco como um pateta. Dakota abre a porta e se vira em minha direção.

— Não esqueça de assistir a série.

Grita e não espera por uma resposta, deixa o auditório.

Parte de mim quer ir atrás dela, a outra está me alertando que não
deveríamos seguir por esse caminho.

Lembranças do meu passado voltam para minha mente, porém elas não
permanecem por muito tempo, porque são substituídas pelo rosto de Dakota
enquanto dançávamos.
Ainda pensando em Dakota, pego minha mochila e saio do auditório. Vou
para o meu carro, dirijo para casa e assim que

chego, subo para meu quarto e assisto a primeira temporada completa da


série.

Dakota

Passar o fim de semana estudando para uma prova não deveria ser um
problema, porém é, porque não consigo me concentrar por estar pensando
em coisas que não deveria, melhor em alguém que não deveria.

O ensaio de quinta-feira não sai da minha cabeça, o que aconteceu? Por que
parecíamos tão à vontade um com o outro?

Por que toda minha irritação pareceu evaporar?

O fato é que desde a aula de manhã de quinta, eu não conseguia mais olhar
para Josh com desprezo e tudo por culpa

daquele quase beijo. Um beijo que também segue em minha mente.

Merda, merda, merda!


Enquanto dirijo do prédio de educação para o de artes cênicas, xingo-me
mentalmente. Josh já me machucou algumas vezes e eu vou dar mais uma
chance para ele decidir ser um idiota?

Deve ser essa maldita peça totalmente romântica que está me fazendo
acreditar que há um motivo pelas vezes que ele foi um idiota e me afastou.

Talvez ele realmente queira ser meu amigo, mas eu quero ser sua amiga?
Meu cérebro acusa que não posso ser amiga dele, porque em algum
momento irei me iludir.

Droga, sequer estou conseguindo raciocinar, meus pensamentos são uma


bagunça.

Assim que estaciono meu carro, olho em frente e respiro fundo algumas
vezes tentando encontrar o controle da minha mente. Não preciso surtar.
Josh e eu podemos ter um relacionamento amigável, apenas amigos. Não
vou me apaixonar

e ele não irá quebrar meu coração, existe vários motivos que comprovam
essa tese.

Primeiro: Somos totalmente diferentes.

Segundo: Só sentimos atração um pelo outro, porque já ficamos uma vez e


gostamos de nos provocarmos.

Terceiro:...

Tento encontrar um terceiro motivo, mas não encontro.

Apoio minhas mãos no volante e curvo minha cabeça para frente.

O que eu faço? Volto a ser hostil? Abandono essa maldita peça? Finjo que
ele não existe? Mando ele se manter longe de mim? Peço para ele voltar a
ser um idiota?

Odeio todas as opções.


Quer saber, foda-se, não vou perder meu tempo surtando.

Nada irá acontecer, sou uma adulta e posso muito bem ser amiga de um cara
sem esperar da nossa relação algo amoroso.

Minha consciência acusa que estou mentindo para mim mesmo, porém a
ignoro, assim como o alarme que dispara em minha mente.

Saio do carro, bato a porta com força e caminho determinada na direção do


auditório.

Como sempre sou a última a chegar e assim que fecho a porta, sinto seus
olhos sobre mim e meu coração bate acelerado, vamos lá, você faz parte de
mim, não pode ser assim tão traiçoeiro.

Meu coração me ignora completamente, porque segue batendo acelerado,


na verdade, mais forte que antes e para piorar, as perguntas do tipo “Como
será quando meu olhar cruzar com o de Josh?” martelam em minha mente.

— Bom dia, Dakota.

A professora me cumprimenta assim que piso no primeiro degrau da escada


que leva até o palco.

— Bom dia, professora.

Apesar de senti-lo me observando, me recuso a procurar por ele e encaro a


professora Dayse, que como sempre está sorrindo. Subo o terceiro e último
degrau e piso no chão do palco.

— Bom dia, ocupe seu lugar ao lado de Josh.

Merda! Sou obrigada a procurar por ele , Josh está à direita da professora e
seu olhar está sobre mim. Caminho até ele com minha respiração alterada e
com meus batimentos totalmente irregulares.

— Bom dia, Dakota.


Ele se inclina na minha direção e seu perfume preenche o espaço à minha
volta. Mesmo que tentasse, não conseguiria ignorá-lo e não quero o ignorar.

— Bom dia, Josh.

Olho para ele e ele está sorrindo, sorrio de volta e só voltamos a olhar em
frente quando Dayse inicia a aula. Ela explica que hoje começaremos a
ensaiar a peça desde o início e que ela irá nos corrigir e ensaiar as técnicas
conforme avançamos. Por fim, pergunta se temos dúvidas, ninguém levanta
a mão, então ela chama os participantes do primeiro ato para o centro do
círculo.

Eu estou incluída, o primeiro ato é a protagonista caminhando pelos


arredores do salão de baile na tentativa de evitar ter de responder o porquê
recusou o pedido de casamento e é finalizado quando ela foge do salão. Há
uma melhor amiga e alguns figurantes na cena, apesar de não entrar em
pânico, sigo gaguejando e meu desempenho só melhora quando olho para
Josh e ele me encoraja com seu olhar a continuar.

Dayse nos rodeia e nos ensina como devemos nos portar, principalmente
porque a mulher tinha uma postura padrão e trejeitos específicos a seguir.

Após repetirmos algumas vezes a cena, ela troca de ato. O

ato 2 é o duque chegando no baile e mães dispostas a casarem sua filha com
o melhor partido da temporada e é encerrado quando ele deixa o salão.

Josh é o protagonista da cena e é divertido assisti-lo. Ele é engessado e a


professora tenta ensiná-lo como se soltar mais. As caretas que ele faz
enquanto encena são engraçadas. Nós dois não temos talento algum.

O ato três e o encontro dos dois na biblioteca, então ficamos Josh e eu no


centro do círculo e protagonizamos o trecho.

O mais irônico é que eu amo o enredo da peça, assemelha-se aos romances


que eu gosto de ler, é como se estivesse dentro de um dos meus livros.
Poderei vestir um vestido bonito e dançar, como se realmente estivesse no
século XIX, porém, terei que me apresentar em frente a outras pessoas e
isso acaba com todo o encanto.

Josh e eu iniciaremos o ato se encontrando um com o outro, ou melhor, o


duque e Emma, e a partir daí, os dois começam a trocar farpas. O fim do ato
acontece quando eles são pegos sozinhos perto um do outro pela maior
fofoqueira da cidade.

O cenário será uma biblioteca escura e iniciaremos um de costas para o


outro, então iremos nos esbarrar e nisso, o penteado de Emma será
desfeito, ela ficará furiosa por ser importunada e ter seu cabelo
bagunçado.

Ao se virar e ficar de frente para o duque, o encara com raiva, além disso,
ignora o fato de ser um homem a sua frente por estar farta de tudo ao seu
redor, principalmente por estar sendo questionada pelo pedido de
casamento negado.

Josh e eu encenamos o esbarrão, finjo que meu cabelo foi bagunçado e me


viro para ele com raiva, pelo menos imito estar com raiva.

— O que o senhor está fazendo aqui?

Josh/duque ergue suas sobrancelhas.

— O que a senhorita está fazendo aqui? — Josh franze sua testa, conforme
está estipulado no roteiro para fazer, e nós

dois nos seguramos para não rir. — A senhorita é a moça que recusou o
pedido de casamento de Avebury.

Pobre Emma.

— Esse fato não vem ao caso, o senhor não deveria estar aqui.

— É por que não deveria estar aqui? Se bem sei, a senhorita não é a dona da
residência.
Continuamos encenando a discussão dos dois e mais de uma vez,
precisamos morder nossos lábios para não rir. Josh e eu nos encaramos
como se estivéssemos compartilhando um segredo, seus olhos brilham
assim como os meus.

— Vocês são péssimos separados, mas juntos se completam de uma maneira


fenomenal.

Dayse exclama ao fim do segundo ato, Josh e eu entreolhamos e apenas


rimos. Como ainda estaremos na próxima cena, continuamos no meio do
círculo.

Nós seguimos ensaiando e é divertido, meu nervosismo cede lugar a


empolgação e consigo parar de gaguejar. Josh e eu trocamos alguns olhares
e sorrimos em certos momentos.

Paramos no quinto ato e somos elogiados pela professora, segundo ela,


estamos melhorando e iremos arrasar no dia da apresentação, só de pensar
em pessoas me assistindo, meu estômago embrulha, melhor continuar
fingindo que é apenas uma brincadeira.

— Dakota? — Viro-me para o lado e Josh está me encarando — Até mais


tarde?

Sorrio.

— Até mais tarde.

Ele assente e continuamos nos olhando. Droga, uma parte minha não quer ir
embora, uma outra não sabe o que fazer, ou o que falar, e por fim, algo em
minha mente sussurra apenas para reagir.

— Então, tchau, Dakota.

Josh dá um passo para trás, mas continua me encarando.

— Tchau, Josh.
Sorrio e desvio meus olhos dos seus. Eu estou tremendo quando me abaixo
para pegar minha mochila e assim que fico em pé, olho para Josh uma
última vez e caminho para longe. Desço o

palco com meu coração acelerado e minha respiração totalmente alterada.

Sinto seu olhar sobre mim enquanto vou até a porta e me controlo para não
olhar para trás. Assim que saio do auditório e piso no corredor, é como se
pudesse respirar normalmente.

Deus, em que bagunça eu me transformei!?

Minha mente é um caos completo. Eu caminho na direção do


estacionamento no automático, mal consigo assimilar as coisas ao meu
redor.

Josh e eu estamos tão estranhos. Não é algo ruim, e só que hesitamos em


alguns momentos, eu hesito, porque não quero desenvolver sentimentos,
não quero me iludir. E ele? Por que Josh age como se não soubesse como
lidar comigo?

Ele me faz gostar de estar com ele, só que sinto a necessidade de refrear
nossas interações, de me proteger.

Entro em meu carro, jogo minha mochila ao banco ao lado e respiro fundo.
Talvez só esteja sendo surtada, talvez esteja agindo como uma louca, eu
realmente estou parecendo uma maluca.

Essa nossa despedida foi ridícula, despedimo-nos como dois estranhos,


como duas pessoas que recém se conheceram.

Ao me lembrar da cena, uma gargalhada escapa entre meus lábios.

Meus Deus, nós somos dois malucos.

Recomponho-me e dirijo para Sweet Home, ligo o som e deixo que a


música ocupe minha mente, ou melhor tento, porque entre um refrão e
outro, volto a pensar em Josh. Em como de repente não sabemos como agir
na presença um do outro.
Chego no lar, deixo meu carro no estacionamento e sigo até a recepção,
aceno para as recepcionistas e adentro o local.

Como sempre, eles estão na ala de convivência, alguns jogando, outros


costurando e fazendo crochê e Phillip está sentado de frente para a parede
de vidro, observando o imenso jardim, eu vou até ele e ocupo a poltrona
vazia ao seu lado.

— Perdido em pensamento?

— Hey, querida.

Vira-se para mim com um sorriso em seu rosto.

— Hey, Phillip, como você está?

Sorrio de volta.

— Bem e você? — Ele estreita seus olhos, me analisa e não espera pela
minha resposta. — Você parece atordoada.

Mordo meu lábio e balanço minha cabeça.

— Acho que não deveríamos falar sobre mim hoje.

Sorri debochado.

— E o idiota?

Droga!

— Sim, é ele.

Confesso e narro todos os últimos acontecimentos para Phillip, ele me


escuta atentamente com um sorriso em seus lábios.

— Você está com uma expressão de quem está apaixonada.

Encaro Phillip indignada.


— Depois de tudo que falei, é isso o que tem para me falar? Cadê seus anos
de experiências?

— Meus anos de experiências estão falando que isso é paixão ou tesão.

Reviro meus olhos.

— Você está errado.

Apesar de negar, meu coração bate acelerado. Não posso estar apaixonada.

— Nunca estou errado, querida.

— Não seja tão convencido, Phillip, faz mal para o coração.

— Ele deve estar tão apaixonado quanto você.

Para minha sorte, somos interrompidos por uma funcionária que vem nos
chamar para o almoço. Nós vamos para o refeitório e nos sentamos com
outros senhores e senhoras.

Como sempre, é divertido estar com eles.

Minha tarde, é uma tarde normal de terça-feira, com duas aulas e a única
diferença é que sigo para o auditório para encontrar Josh ao fim da tarde.

Durante o dia, consegui deixar Josh em segundo plano, ele ainda esteve em
minha mente, mas não a todo instante, não a ponto de me deixar
desnorteada, porém agora a ansiedade está de volta, porque estamos prestes
a nos encontrar mais uma vez.

Eu pego a chave na secretaria e sigo para a sala, abro-a, acendo as luzes e


subo para o palco. Pego o livro que estou

lendo Uma dama fora dos padrões da Julia Quinn, sento-me no chão e apoio
minhas costas na parede.

Abro na página em que parei e tento ler o primeiro parágrafo, porém não
consigo entender nada do que estou lendo, porque tudo que consigo pensar
é em como será quando nos encontrarmos. Será como antes com desprezo?
Será embaraçoso? Ou agiremos como dois amigos?

Deus, eu pareço uma adolescente.

Sigo tentando me concentrar e imaginando as mais diversas possibilidades.


E quando enfim a porta é aberta e Josh entra por ela, meu coração dispara.

Fecho meu livro e ele caminha na minha direção. Ele está vestindo uma
calça jeans, camiseta preta, par de tênis e seu cabelo está molhado o que
significa que recém tomou banho e assim como na semana passada, sinto o
perfume do seu sabonete. Vai ser uma tortura, para minha sorte, não iremos
ensaiar a dança do baile, eu espero pelo menos.

— Hey, princesa.

Não usa as escadas e dá um pulo até estar sobre o palco.

— Hey, Josh.

Guardo meu livro na mochila, pego o roteiro e fico em pé.

— Vamos passar o trecho que ensaiamos na aula? —

Assinto. — Ok.

Josh pega o roteiro do seu bolso traseiro e em silêncio, começamos a


ensaiar, reproduzimos a cena do esbarrão e os diálogos seguintes. Apesar de
estarmos encenando, o ar ao nosso redor carrega tesão, como se realmente
fôssemos o duque e Emma, um casal destinado a se apaixonar.

Foco, Dakota!

Passamos a cena três vezes e Josh termina a última sorrindo debochado.

— Por que está rindo?

Paramos de encenar, ficamos um de frente para o outro e nos encaramos.


— Porque será impossível decorar esses diálogos.

Aponta o roteiro em minha direção.

— Não seja pessimista, Josh.

Ele ri e balança a cabeça.

— Eu já li mais de oito vezes esse maldito roteiro e não o decorei.

— Você leu oito vezes?

Josh fica vermelho e passa sua mão pelos fios do seu cabelo.

— Sim, eu estou empenhando em fazer o meu melhor.

Essa não parece ser a verdadeira razão, mas apenas dou de ombros.

— Tenho certeza que se ler mais oito vezes você irá decorar todos os
diálogos.

Josh somente segue rindo e se vira de costas ficando na posição inicial do


ato 2.

— Vamos lá, princesa, mais uma vez.

Ensaiamos mais três vezes e na última inclusive deixamos o roteiro de lado.


A cena final é nós dois discutindo um perto do outro, e estamos tão perto
que sinto sua respiração em meu rosto, a tensão ao nosso redor atinge o
ápice e por um momento esqueço o que devo falar, abro e fecho minha boca
e nada sai.

Josh não pronuncia nenhuma palavra, seu pomo de adão desce e sobe em
sua garganta. Expectativa percorre pelo meu corpo e anseio por sentir suas
mãos em mim.

Um centímetro e o tocaria, se ele abaixar sua cabeça poderia encostar seus


lábios nos meus. Seria apenas um beijo.
— Ótimos, perfeitos.

Dou um pulo para trás, meu coração salta em meu peito e demoro alguns
segundos para me dar conta de que é Dayse.

Olho para o lado e ela está em frente ao palco nos encarando com os olhos
brilhando.

— Há tanta tensão entre vocês.

Ela não sabe que é real. Forço um sorriso.

— Estamos fazendo nosso melhor, não é, Josh?

Olho para ele e seu peito está subindo e descendo em um ritmo acelerado.

— Claro.

— Repitam o ensaio.

Olho para Josh, ele suspira e dá de ombros. Repetimos a cena, mas dessa
vez, é mais difícil, não porque temos alguém nos assistindo, mas porque a
tensão entre nós é insuportável.

Ao fim, ela nos aplaude e diz o quanto estamos evoluindo.

Nós agradecemos, eu pego minha mochila e deixamos os três o

auditório, a única a falar entre nós é Dayse, Josh e eu apenas concordando


com tudo que deixa sua boca.

Na entrada do prédio, Dayse se despede de nós dois, porque vai de bicicleta


para casa. Ela se afasta e olho para Josh, ele está me encarando com seus
olhos castanhos como se estivesse tentando decifrar algo.

— Eu vou para o estacionamento.

Minha voz é praticamente um sussurro.


— Eu também.

Assinto e seguimos juntos, ele me acompanha até meu carro, então para e
me observa caminhar até a porta.

— Tchau, Josh.

Aceno para ele que acena de volta.

— Tchau, Dakota.

Trocamos um último olhar e entro no carro, sento-me no banco e solto a


respiração que estive perdendo todo esse tempo.

Josh

Dirijo para o prédio de artes cênicas com uma sensação de ansiedade


correndo meu peito, droga, é como a sensação que eu sinto antes de um
jogo importante.

Porra!

Desde a terça-feira, tenho tentado evitar pensar em Dakota, mas é


impossível, ela fez morada permanente em minha mente, eu posso ficar
alguns segundos distraído, pensando em algo, porém de repente, ela surge e
toma conta da minha mente.

É em seu sorriso, é nas cenas que encenamos no teatro, é na anseia de tocá-


la que eu penso, como um obcecado, como um viciado.

Talvez precise transar, há quanto tempo não faço sexo?

Semanas? Meses? Estou perdido, maluco, não me reconheço.

Caralho, eu usei o fato de ensaiar para o teatro como desculpa para não ir
com Aiden em uma festa na sexta-feira, não era dia de ensaiar e menti, na
verdade, fiquei lendo o maldito roteiro.

Suspiro, estaciono, pego minha mochila e saio do carro.

Caminho na direção do auditório, cumprimento algumas pessoas e sorrio.


Apesar de estar mais quieto que o normal, ainda sou uma das Estrelas do
Alabama, ainda sou o capitão de beisebol, com fama de cafajeste e bad boy.

Por que meu coração não acelera mais ao pensar nessas coisas como
acelerava há algum tempo? O que mudou?

Faz muito tempo que não converso com meu psicólogo, talvez deva marcar
uma consulta.

Entro no auditório, Dayse sorri e acena na minha direção, ela com certeza é
a professora mais animada que eu conheci.

Subo no palco e me junto ao círculo.

— Iremos esperar nossa protagonista chegar.

Ela está empolgada e aposto que deve ser pelo que presenciou o nosso
ensaio particular na terça. Mal sabe ela que não estávamos encenando, se
bem que não sei se realmente é algo negativo.

O cara e a garota que estão ao meu lado conversam comigo sobre a


temporada de beisebol, eu os respondo, mas olho para a porta à espera de
Dakota. Enfim, ela entra e está usando uma calça jeans colada ao seu corpo
e uma blusa de alcinha com cardigã rosa por cima e seus cabelos ruivos
estão soltos. Dakota tem um estilo natural que a deixa tão bonita, apesar de
que ela linda de qualquer jeito.

Dayse e ela trocam algumas palavras, ela sobe no palco e finalmente, seu
olhar encontra o meu. Abro espaço para que ela ocupe o lugar ao meu lado,
o garoto que está à minha direita entende a minha intenção e dá um passo
para outro lado.

Dakota se aproxima e para à minha esquerda, então me inclino na sua


direção, deixando meu rosto a centímetros do seu.

— Bom dia, princesa.

Nós temos uma diferença de alguns centímetros de altura e quando ela olha
para cima, meu nariz quase toca com o seu.

— Bom dia, Josh.

— Você está linda hoje.

Pisco em sua direção e ela cora. É com ela que gosto de ser um cafajeste, de
flertar e de ser o bad boy debochado.

— Vamos começar?

Dayse chama nossa atenção e olhamos em frente. Ela explica que hoje
focaremos nos gestos daquela época, na maneira como eles se portavam, e
vamos aprender a dançar.

Um de seus alunos de mestrado se junta a nós e ela demonstra como


devemos dançar. Dayse nos explica passo por passo, diz que devemos
dançar como se estivéssemos pisando em uma nuvem, devemos sentir a
música e a deixar que nos guie.

Ela é bem poética. Por fim, se vira para nós e nos encara com seus olhos
azuis brilhando de empolgação.
— Alguém tem alguma sugestão de música?

Ninguém se manifesta, então eu faço.

— Eu tenho uma sugestão. — Todos olham para mim surpresos e sorrio. —


Eu posso ser surpreendente.

— Qual a sua sugestão, Josh?

Pego meu celular para responder à pergunta de Dayse, eu coloco para tocar
a música que Dakota e eu usamos para ensaiar.

A expressão no rosto da nossa professora evidencia que adorou minha


sugestão.

— Ótima escolha, Josh.

Sorrio satisfeito e Dayse pede para que eu conecte meu celular no aparelho
de som, além de colocar a música em loop.

Faço o que ela pede e ela nos junta em pares, é claro que Dakota e eu
ficamos juntos.

Dayse dança com seu aluno e mande que dancemos, os imitando. Enquanto
ela dança, dita o que devemos fazer, Dakota e eu não temos dificuldade em
seguirmos seus comandos. A dança não é muito diferente da valsa
convencional e nos adaptamos bem. Somos ótimos dançarinos, pelo menos
somos ótimos em alguma coisa no teatro.

— Onde você aprendeu a dançar assim?

Faço a mesma pergunta que Dakota me fez outro dia.

— Minha mãe é professora de dança.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Sério?
Assente, não sei o porquê, mas essa informação é extremamente
surpreendente.

— Eu fiz balé, dança de salão e até mesmo jazz.

— Uau.

Encaro Dakota admirado e ela sorri.

— Eu posso ser surpreendente.

Ela me provoca e faço uma careta.

— Usando minhas palavras contra mim?

— Claro, uma pessoa esperta sempre utiliza a frase dita por uma pessoa
contra ela mesmo.

Dakota rodopia enquanto seguro sua mão e quando voltamos a nos encarar,
ela continua sorrindo.

— Vou me lembrar disso.

Ela abre a boca para dizer algo, porém somos interrompidos por Dayse, ela
não está mais dançando e caminha ao nosso redor.

— Ótimo, fantásticos, brilhantes.

Bate palmas, mordo meu lábio inferior para não rir e Dakota faz o mesmo.
Assim que a professora se afasta, Dakota sussurra.

— Ela usou todo seu vocabulário de elogios.

— Rindo da professora, que feio, princesa.

— Logo quem está me repreendendo.

— Eu sou o preferido da professora.


Continuamos rindo enquanto dançamos, ora por causa das nossas
provocações, ora pelos passos que temos de fazer.

Apesar de cansarmos, poderia continuar fazendo isso por muito mais


tempo.

Dayse encerra o momento de dança e formamos novamente o círculo, até o


restante da aula, ela fala sobre comportamentos, gestos e postura.

Assim que encerra a aula, o pessoal começa a juntar suas coisas, eu faço o
mesmo e pego minha mochila, Dakota também, porém antes que possamos
descer do palco, Dayse se vira na nossa direção.

— Vocês irão ensaiar hoje à tarde, não é? — Assinto. —

Treinem a dança com o diálogo que acontece durante os passos.

— Ok, professora.

Dessa vez é Dakota a respondê-la, então a professora acena e me viro para


Dakota, ela dá um passo para o lado.

— Tchau, Josh.

Antes que ela fique de costas para mim, seguro seu pulso, ela me encara
sem entender. Curvo meu corpo para frente e beijo seu rosto.

— Tchau, Dakota.

Afasto-me e ela está me encarando incrédula. Sorrio, viro-me e caminho


para longe de Dakota com um sorriso em meu rosto.

O que eu estou fazendo? Não faço a mínima ideia.

Eu vou para o estacionamento e assim que entro em meu carro, o meu


celular em meu bolso começa a vibrar, pego-o e é uma ligação de John, o
que meu pai quer?

Aceito a ligação e trago o aparelho até minha orelha.


— Hey.

Minha voz soa sem sentimento algum.

— Hey, Josh, como você está?

Sua voz é grossa, formal e determinada, mesmo meu pai conversando com
a família parece um político. A única coisa que ele sabe ser na vida é um
político.

— Estou bem e você?

— Bem, eu liguei para conversar sobre Tessa.

O relacionamento do meu pai e eu sempre gira em torno de Tessa, ou em


alguns momentos específicos nele tentando interferir em minha vida, mas
esses são mais raros, apenas quando ele acha que possa comprometer seu
nome namorando alguém sem status e dinheiro.

— O que aconteceu com a minha irmã?

Há muito tempo aprendi que John não sabe ser um pai, aliás ele não sabe
ser nada além de um político.

— Ela quer ir para Universidade do Alabama.

Respiro fundo, porque esse é o momento que eu terei que ajudar Tessa.

— Por que isso não é uma boa ideia?

— Porque eu quero que ela vá para New York fazer algum curso rápido de
moda. Tessa tem um futuro brilhante e não precisa perder o tempo em uma
universidade.

Futuro brilhante ele diz casando-se com algum político e sendo uma esposa
troféu igual a minha madrasta.

— Talvez ela possa vir cursar moda aqui.


Sei que não é o que ela quer, mas pode transferir o curso ou algo parecido,
no momento precisamos convencer John de que ela vir para cá é uma boa
ideia.

— Universidade do Alabama não está entre as melhores faculdades de


moda do país.

Faço uma careta, ele não está preocupado com minha irmã, é claro que ele
quer dizer a todos que sua filha estuda na melhor escola de moda do país.
Fico em silêncio alguns segundos, tentando pensar em algo, e um
argumento surge em minha mente, que com certeza pode fazer John mudar
de ideia.

— Ela estudar aqui pode te ajudar a se tornar senador, afinal isso seria
ótimo na sua candidatura, inclusive poderia ajudar a conquistar mais
eleitores e utilizar na sua campanha eleitoral.

Sei que fiz um ponto quando ele demora alguns segundos para responder.

— Convença ela a fazer moda e a esquecer dessa baboseira de engenharia.

Desdém em sua voz é nítido. Como esse cara e eu temos o mesmo DNA?

— E a deixará vir para o Tuscaloosa?

— Desde que se comporte, se Tessa sujar meu nome, ela entra em um avião
e embarca para Nova York.

Eu sei que ele encontraria os meios de obrigá-la a fazer o que ele quer. Não
tenho dúvidas.

— Ok.

— Ok, Josh, até mais.

É claro que nossa conversa terminou.

— Até mais.
Encerra a ligação, abaixo o aparelho e envio uma mensagem para Tessa
dizendo que precisamos conversar. Sei que ela não ficará feliz em desistir
de engenharia, porém às vezes temos que perder uma batalha para ganhar
um guerra.

Dirijo para casa, almoço com Dylan, Ethan e Abby, mesmo não sendo mais
a babá de Ethan, os dois passam muito tempo juntos, meu amigo está
apaixonado. Há um tempo o julgaria e o aconselharia a se afastar de Abby,
porém algumas coisas mudaram. Eu mudei.

Após o almoço, eu vou em meu carro para o estádio e enquanto estou na


estrada, pergunto-me se finalmente estou superando o que aconteceu há
quase três anos e se estou pronto para viver um novo relacionamento.
Talvez sim. Talvez não.

Lá no fundo, eu sei o porquê estou me fazendo essas perguntas, mas ignoro


e me recuso a pensar sobre.

O treino é exaustivo, eu erro alguns arremessos, não sei se é culpa da


conversa com meu pai, ou por conta de Dakota, ou por simplesmente ser
um dia ruim. Meu desempenho é péssimo e saio frustrado de campo.

Os meus colegas de time tentam conversam comigo e apenas os respondo


com palavras curtas. Odeio quando coisas externas interferem em meu
desempenho.

Eu vou para o vestiário, tomo banho, visto minha roupa e vou para o carro
ainda com raiva de mim mesmo. O que me tranquiliza é saber que estou
indo me encontrar com Dakota.

Ao entrar no auditório, encontro-a na mesma posição das vezes anteriores,


sentada no chão e lendo um livro. Caminho em sua direção e ela guarda o
livro em sua mochila, mais uma vez, não consigo ler o título.

— O que você está lendo?

Pergunto ao pular no palco e Dakota fica em pé.


— Uma dama fora dos padrões.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Você está apreendendo a ser uma dama fora dos padrões?

Uma gargalhada escapa dos seus lábios e continuo a observando, ela é linda
rindo. Quando consegue para de sorrir, ela me encara e faz um gesto de não
com a mão.

— É um livro de romance e de época.

Eu vou até o aparelho de som, conecto meu celular e coloco a nossa música,
então volto e estendo minha mão para Dakota. Assim que seus dedos estão
sobre os meus, nos posicionamos corretamente e começamos a dançar.

— Como a peça? — Assente. — Como Bridgertons?

Ela me encara surpresa.

— Você assistiu a série?

— Eu assisti, você me falou que me ajudaria na interpretação do duque.

— E o que você achou?

Tento fazer suspense, porém acabo rindo.

— Não é tão ruim quanto imaginei que seria, meu episódio preferido é o
sexto. — Dakota cora, porque sabe que estou falando do episódio por causa
das cenas de sexo. — Mas a segunda temporada é horrível.

— Você assistiu a segunda temporada?

— Eu sempre faço a lição de casa completamente.

Não estou mentindo, entretanto além de estar tentando aprender sobre a


época, eu queria ter algo para conversar com Dakota, algo que pudesse usar
ao meu favor se ela decidisse continuar me desprezando.
— A segunda temporada é horrível e totalmente diferente do livro.

Até o fim da música, Dakota reclama o quanto a segunda temporada é


diferente do segundo livro da série. Apenas escuto e rio, não é algo
enfadonho e continuamos conversando enquanto dançamos, embora
devêssemos estar praticando o diálogo.

A música toca mais uma vez e seguimos conversando, o assunto Bridgerton


evolui para séries e estamos falando das nossas séries favoritas.

É quando a música está iniciando pela quarta vez que decidimos nos
concentrar e treinar os diálogos, como estamos com as mãos ocupadas,
somos obrigados a não utilizar o roteiro e quando esquecemos alguma
palavra, improvisamos.

Repetimos os diálogos várias vezes, rimos quando erramos e quando estou


sem fôlego, desvencilho-me de Dakota, dou um passo para trás, curvo meu
corpo para frente e apoio minhas mãos em minhas pernas.

— Chega, não suporto mais reproduzir a mesma cena um milhão de vezes.

Quem diria que dançar cansa tanto!?

— Você não treina um milhão de vezes a mesma coisa no beisebol?

Ela me provoca, porém algo me chama atenção em sua frase. Volto a minha
posição normal e a encaro curioso.

— Como você sabe que treino um milhão de vezes a mesma coisa?

— Você não é o pitcher do time?

Não sei o porquê, mas algo chama minha atenção.

— Como você sabe?

Ela desvia seus olhos, não me responde e se senta na beirada do palco de


costas para mim.
— A verdade?

— A verdade.

Confirmo e vou até ela, sento-me ao seu lado e espero pela sua resposta.

— Uns meses depois daquela festa em que ficamos, você e os meninos


começaram a ficar famosos, as Estrelas do Alabama e quando descobri que
o famoso jogador de beisebol era você, o cara que tinha sido um idiota
comigo, fiquei obcecada e entrei em suas redes sociais, eu coletei o máximo
de informações possíveis, entre elas aprendi sobre a sua posição no time de
beisebol.

Detesto a mágoa existente em sua voz.

— Por quê?

Ela balança suas pernas que estão suspensas no palco e olha em frente, eu
continuo a encarando, mesmo que não possa ver seu rosto.

— Queria ter certeza de que era um idiota, queria me convencer de que


você era o problema e não eu.

Nunca quis tanto voltar no tempo como agora.

— Eu sou o idiota. — Dakota fica em silêncio. — Eu preciso que você me


perdoe.

Ela se vira para mim e seus olhos encontram os meus.

Como pode existir tantas coisas não ditas em uma única troca de olhar?

— Pelo que exatamente?

Sorrio, um sorriso triste.

— Por ter sido um idiota com você, por todas as vezes que a magoei.

— Tem muitas coisas para eu perdoar, hein?


Ela está brincando, mas dói e me sinto um lixo. Como fui capaz de magoar
alguém como Dakota?

— Estou arrependido de verdade.

Assente e morde seu lábio inferior por alguns segundos.

— Sabe o que mais doeu? Nunca acreditei que aquela noite fosse significar
algo e você me acusou de algo que meu ex também tinha me acusado
quando ele terminou comigo, me criticou por ser romântica e enxergar
romance em tudo.

É nítido em seu olhar o quanto a acusação a machucou, sua mão está


espalmada sobre o chão do palco, toco-a com a minha e acaricio sua pele.

— Aquela noite significou algo, Dakota e foi por isso que fui um idiota com
você. Não é uma justificativa, mas é um fato. Eu não soube lidar com tudo
que tinha significado.

Nenhum de nós fala nada, Dakota não faz mais perguntas, gostaria de que
ela fizesse, porque poderia falar tudo, se ela quisesse, eu faria um resumo
da minha vida nesse exato momento.

O silêncio é esmagador, a tensão entre nós poderia ser cortada por uma faca.
Abaixo meu olhar e encaro sua mão e meus dedos sobre sua pele, então
Dakota gira sua mão, deixando a palma para cima.

— Eu perdoo você, Josh.

Entrelaço nossos dedos e ergo meus olhos até encontrar os seus.

— Amigos?

Pergunto e Dakota aperta minha mão contra a sua.

— Amigos. — Sorrio, é como se um peso deixasse minhas costas.

— Obrigado, Dakota.
Ela abre sua boca, mas suas palavras morrem quando curvo meu corpo para
frente e aproximo minha boca do seu rosto.

Seus olhos acompanham meus movimentos e nossas respirações mudam.

Por alguns segundos, olho em seus olhos e por fim, beijo sua bochecha.
Meus lábios se demoram em sua pele. Seu perfume me cercando e o calor
do corpo é uma tentação, um convite para mais, mas me afasto.

Dakota que tinha os olhos fechados, abre-os, respira fundo e um sussurro


deixa seus lábios.

— Pelo que exatamente?

— Por ser a minha esperança.

Ela claramente não entende e talvez não seja o momento de entender. Antes
que ela faça perguntas, eu fico em pé e estendo minha mão.

— Vamos?

Coloca sua mão sobre a minha.

— Vamos.

Ajudo-a se levantar, pegamos nossas mochilas e em silêncio, deixamos o


auditório. Nós seguimos para o estacionamento, acompanho-a até o seu
carro e me despeço com mais um beijo em seu rosto.

Ao caminhar para o meu carro, os últimos acontecimentos ecoam em minha


mente e tenho absoluta certeza de que Dakota é a minha esperança.
Dakota

As palavras de Josh repetem em minha mente “por ser a minha esperança”.

O que ele quis dizer com isso? Eu não faço a mínima ideia, por mais que
tente entendê-lo, simplesmente não consigo. Dirijo para casa com o coração
acelerado, com uma sensação de êxtase vibrando em meu peito e uma
quantidade expressiva de perguntas em minha mente.

Como assim aquela noite significou algo para ele? Por que Josh agiu como
um idiota? Tenho certeza de que não foi em vão.

O que fez com ele mudasse? Por que ele não está mais agindo como um
idiota? Por que ele não está mais me afastando?

Eu queria ter feito essas perguntas para ele, porém não estou pronta para
saber suas respostas, não sem que a Dakota romântica que existe em mim
tome conta da situação.

Minha consciência zomba dizendo que não tenho mais como agir com a
razão com Josh, porque meu coração está no controle, mesmo eu dizendo
que não.
Deixo meu carro no estacionamento que fica no outro lado da rua, já que
nosso prédio não possui garagem e sigo para o apartamento que divido com
as meninas. Abby e eu compartilhávamos um quarto no início da faculdade,
só depois de um tempo que conseguimos um ótimo apartamento no campus
para três pessoas, daí escolhemos Brooke a partir de um formulário e foi a
escolha perfeita.

Abro a porta e me deparo com minhas amigas sentadas no sofá, a luz está
deligada e há um balde de pipocas entre elas.

— Finalmente você chegou. — Brooke exclama enquanto pausa o filme


que estão assistindo. Eu largo minha mochila no

chão e a encaro sem entender o que está acontecendo. — Noite das


meninas.

Brooke me explica, então vou até elas e me sento ao lado de Abby.

— Qual motivo da noite de meninas repentina?

Sempre marcamos quando faremos algo específico juntas, já que


normalmente sempre estamos uma com a outra.

— Temos gastado muito tempo com as Estrelas do Alabama.

É Abby a me responder e a encaro maliciosa.

— Principalmente você, não é!? Aposto que seu quarterback está chorando
por você não estar com ele.

Ela me aponta sua língua e sorrio.

— Inclusive hoje é proibido falar sobre eles.

Brooke aponta seu dedo em minha direção e me repreende, pego um


punhado de pipoca.

— Ok, ok...nada de Estrelas do Alabama hoje.


Trago a pipoca até minha boca e Brooke sorri satisfeita enquanto aperta o
botão de play no controle da televisão.

Assistimos Ao filme de terror que Abby escolheu, em seguida pedimos


pizza, nós fofocamos enquanto comemos e terminamos a noite pintando
nossas unhas e fazendo skin care[13].

Não conversamos sobre os garotos, o que é ótimo, porque não quero falar
sobre Josh. Eu consigo me distrair e esquecer a nossa conversa, porém
assim que me deito para dormir, depois de um banho, volto a pensar sobre o
pitcher.

Durmo e acordo pensando em Josh, ele continua em minha mente durante a


sexta-feira. No sábado me concentro em estudar para as provas da semana
seguinte, só paro para comer e ir ao banheiro, porém quando Abby bate em
minha porta, me chamando para ir jantar com ela e Ethan na casa dos
meninos, não hesito em aceitar o convite.

Diferente das outras vezes, eu torço para que Josh esteja em casa.

E para minha sorte, ele está, assim que entramos na cozinha para encontrar
Ethan, deparamo-nos com Josh também.

Eles cozinham enquanto nós apenas os observamos.

É divertido estar com minha amiga, com Ethan e Josh, nós conversamos
sobre a festa de Halloween na próxima semana.

Ethan e Abby brigam comigo e Josh, porque praticamente não ajudamos na


organização. Nenhum de nós dois se sente culpado, mas prometemos nos
envolvermos na reta final da organização da festa.

Eles nos perguntam da peça de teatro, nós nos olhamos e somente dizemos
que tudo está bem. Não prolongamos o assunto e mudamos o foco para
Ethan, perguntando se ele está preparado para o jogo no sábado.

Em nenhum momento Josh e eu ficamos sozinhos, ou conversamos apenas


nós dois, porém a todo instante estamos nos olhando e em alguns momentos
até mesmo sorrimos. Ao fim da noite, ele se despede de mim com um beijo
na bochecha.

Ele apenas encosta em meu rosto, mas é o suficiente para meu coração
reagir batendo mais rápido.

Abby e eu vamos para o seu carro depois de nos despedirmos dos meninos
na varanda.

— Você e Josh não parecem estar mais tão distantes.

Ela comenta assim que liga o carro e dou de ombros como se não fosse
nada demais.

— Nós nos entendemos.

— Eu fico feliz, ele não é tão idiota quanto aparenta.

— Eu sei... eu sei.

...

Nós não nos falamos no domingo, nem na segunda e apesar de seguir minha
vida como sempre, é como se algo tivesse mudado, é em Josh que penso
quando vou dormir e ao acordar.

Na terça, quase não consigo me concentrar em minha primeira aula, porque


estou contabilizando os minutos que falta para a aula de teatro, para vê-lo.

E ao entrar no auditório, meu olhar procura pelo seu, ele está lá no palco ao
lado de Dayse e ele está me encarando. A professora fala comigo, respondo
no automático e continuo olhando para Josh.

Conforme me aproximo, seu rosto, seus traços e suas expressões ficam mais
nítidos. Ele está me encarando como se estivesse ansioso para ver e isso me
anima.

Subo no palco e vou até ele, ocupo o lugar ao seu lado e ele se inclina até
sua boca estar próxima a minha orelha.
— Hey, Dakota.

Viro-me para ele e meu nariz quase toca o seu.

— Hey, Josh.

Não tento mais fingir que ele não existe, não faço uma lista mental dos
motivos por quais devo continuar o desprezando.

— Como você está, princesa?

Ele se afasta, mas apenas alguns centímetros, ainda sou capaz de sentir o
calor e energia do seu corpo.

— Bem e você?

Ele apenas assente, porque Dayse começa a falar. Nós dois olhamos em
frente e prestamos atenção na professora.

Continuaremos os ensaios da peça teatral desde o início e o objetivo é ir até


o final. Segundo não temos muito tempo e precisamos correr contra o
relógio.

Dessa vez, não ficamos em um círculo. Dayse pede para que apenas quem
esteja no primeiro ato fique no palco, o resto deve ocupar as poltronas.
Assim nós fizemos e iniciamos o ensaio.

Vamos fazendo as trocas de participantes conforme os atos vão mudando e


conseguimos ensaiar toda peça teatral. Claro que não fica incrível e na
maioria das vezes estamos lendo o roteiro, mas podemos começar a
perceber que talvez a apresentação não seja um desastre.

Josh e eu estamos na maioria das cenas e é claro nos divertimos muito


atuando. Ele é o parceiro perfeito, principalmente, porque consegue me
manter calma, quando ele está comigo, não tenho medo de fracassar.

Por fim, todos nós nos sentamos nas poltronas e Dayse fica sozinha no
palco, porque ela tem um comunicado.
— Eu tenho uma ótima notícia. — Como sempre soa animada. — Irá rolar
um beijo.

Ela está olhando para Josh e eu, o que só pode significar que o beijo será
entre nós.

— Um beijo?

Sussurro, mas ela escuta, porque assente.

— Um beijo ao fim da peça, um beijo entre o duque e Emma é perfeito,


tudo que o público quer.

Faço uma careta, não porque não quero beijar Josh, só que já é difícil tirar
ele da minha cabeça sem beijo, com beijo irá tornar minha vida ainda mais
difícil.

— Não se preocupe, Dakota, iremos conversar sobre o beijo técnico.

Engulo em seco e somente concordo com ela.

— Bom é isso, pessoal, continuem ensaiando em casa, decorando as falas e


nos vemos na quinta-feira.

Eu pego minha bolsa sem olhar para Josh que está ao meu lado e é somente
quando fico em pé que o encaro. Ele está em pé assim como eu e segura
alça da mochila que está em seu ombro.

— Um beijo, então, hein, princesa?

Seus olhos percorrem meu rosto como se estivesse procurando por algo. É
óbvio que nenhum de nós está confortável com o fato de termos que nos
beijar.

— É, um beijo.

Concordo e sinto meu rosto ficando vermelho. Droga, péssima hora para
corar. Josh passa sua mão livre por seu cabelo indicando que está
desconfortável com algo.
— Podemos cancelar o ensaio hoje? Eu tenho uma reunião com meu
treinador após o treino.

Sorrio, embora decepção pisa forte em meu peito.

— Claro.

Ele fica de lado para que eu possa passar e assim eu faço, meu braço
esbarra em seu peito e a faísca que sempre desperta quando estamos muito
próximo acende em meu corpo.

Eu saio para o corredor e Josh me segue, então deixamos o auditório um ao


lado do outro.

— Eu acho que estamos bem melhor.

Não preciso ler mentes para saber que ele está falando da nossa atuação.

— Concordo, inclusive acho que merecemos até sermos indicados ao Oscar


de melhor atuação.

Empurra meu ombro com o seu.

— Engraçadinha.

— Mas você tem razão, estamos bem melhor, eu inclusive estou gaguejando
menos e isso é culpa sua, porque me passa tranquilidade.

Josh segura minha mão com a sua.

— Sempre que precisar estarei aqui.

— Obrigada.

Continuamos de mãos dadas até o estacionamento e meu coração está aos


pulos. Como nas vezes anteriores, Josh se despede de mim com um beijo no
rosto em minha bochecha.
Eu entro em meu carro e respiro fundo. Meus Deus, essa aproximação entre
nós é uma péssima ideia. Até quando conseguirei não me apaixonar por
Josh?

Com a pergunta ecoando em minha mente, dirijo para Sweet Home. Para
minha sorte, Phillip não me faz perguntas sobre Josh e conversamos sobre a
nossa fofoca, Matilde, uma das novas morados do lar está apaixonada por
Phillip, embora ele negue, sinto que também está gostando da senhora.

Após almoçar no lar, sigo novamente para o campus, assisto minhas aulas e
no fim do dia, enquanto estou dirigindo para casa, ligo para minha mãe.
Estou precisando ouvir sua voz, sentir o conforto da sua voz. Ela não
demora a me atender.

— Hey, querida.

Minha mãe tem a voz tão gentil e doce, ela causa uma paz a qualquer um
que a escuta.

— Hey, mãe, como você está?

— Bem e você?

— Estou ótima e papai?

Minha mãe suspira e sorrio, porque sei que é um suspiro falso.

— Ele acabou de chegar da empresa e está no jardim tentando plantar rosas


pela milésima vez.

Mordo meu lábio inferior enquanto uma imagem do meu pai todo sujo de
terra surge em minha mente.

— Um dia ele irá conseguir.

— Seu pai e eu somos casados há trinta anos e desde o nosso primeiro ano
de casado, ele está tentando plantar rosas.
Apesar do comentário, é possível notar o carinho nas palavras da minha
mãe. Ela e meu pai são um casal repleto de carinho e cumplicidade. Eles
são tudo que almejo ter na vida.

— E você mamãe, o que está fazendo?

— Estou preparando o jantar e você, querida?

— Dirigindo para casa e antes que pergunte, estou com o celular conectado
no carro.

Ela ri.

— Ótimo e o teatro?

Comentei superficialmente sobre a peça para minha mãe e como dona


Ramona tem uma memória incrível, deve estar lembrando que deveria estar
ensaiando com Josh.

— Está indo muito bem e surpreendentemente estou evoluindo.

— Você não deveria estar tendo ensaio com o idiota?

Inclusive em nossa conversa, chamei Josh de idiota.

— Ele teve um imprevisto e não, ele não é um idiota.

— Não?

Mordo meu lábio inferior enquanto dobro em uma rua.

— Não... nós nos entendemos.

Minha voz falha e com certeza minha mãe percebeu.

— Você está gostando dele?

— Não.
Nego rápido demais e minha mãe suspira, dessa vez não é dramático.

— Não senti firmeza em seu não.

É a minha vez de suspirar.

— É complicado.

Confesso algo para minha mãe que tenho evitado confessar a mim mesma.

— Eu vi Ryan essa semana, acho que ele veio visitar a irmã e o novo
sobrinho, ele me perguntou de você.

Faço uma careta.

— Ryan é meu passado.

Sei que esse é o ponto que ela queria me mostrar assim que as palavras
deixam minha boca.

— Exato e um verdadeiro idiota, então não deixe que ele dita a sua vida.

Ela está certa.

— Só tenho medo de só estar sendo a garota romântica como sempre.

— Não há mal nenhum em ser essa garota, Dakota.

As palavras da minha mãe seguem ecoando em minha mente mesmo depois


que encerramos a chamada. Uma parte minha sabe que ela está certa, a
outra sabe que é tudo mais complexo do que parece.

É o medo da rejeição. O medo de passar por tudo de novo.


Josh

A reunião com treinador me deixa mal-humorado, ocorreu uma mudança no


calendário dos jogos e um jogo contra a Universidade do Tennessee, uma
das nossas principais rivais, foi transferido para o mesmo dia do festival de
talentos e será praticamente no mesmo horário.

O que irei fazer?

O treinador mandou que eu desistisse, mas não posso desistir. Não agora. Se
eu não for o duque, outra pessoa será, outra pessoa irá beijar Dakota. Sem
chance.

Eu chego em casa após reunião, ignoro meus amigos que estão na sala,
jogando videogame e corro para meu quarto.

Sento-me de frente para minha mesa de estudo e tento formular uma


alternativa. Não há como trocar o horário de nenhum dos eventos, mas
posso tentar com que sejamos os primeiros a se apresentar no festival de
talentos, logo após poderei ir para o jogo, talvez chegue um pouco atrasado
para a concentração, mas chegarei a tempo de jogar e isso é tudo que
importa.
É isso, eu tenho uma alternativa.

Suspiro aliviado e envio um e-mail para a professora Dayse, explicando


minha situação e implorando para que consiga fazer com que sejamos os
primeiros a se apresentarem.

Como ela não me responde e provavelmente não irá responder por conta do
horário, levanto-me e bem mais humorado, saio do meu quarto e me junto
aos caras que continuam jogando videogame.

Nós jogamos por um tempo e em seguida, vamos para a cozinha. É a vez de


Dylan cozinhar e enquanto ele prepara nosso jantar, tentamos acalmar Ethan
que está surtando com o seu jogo de sábado. Ele sabe que é o melhor
quarterback da liga

universitária, mas recentemente deslocou o ombro e está nervoso com medo


de algo acontecer.

Após o tempo com meus amigos, subo novamente para meu quarto, eu ligo
para Tessa e conversamos sobre ela vir para Tuscaloosa, ela não está muito
feliz com ter de cursar moda, porém irá aceitar, pelo menos por enquanto.

Assim que encerramos a chamada, vou para o banheiro, tomo um banho e


me deito em minha cama, encaro o teto e Dakota surge em minha mente.

Ela tem ocupado boa parte dos meus pensamentos ultimamente.

Irei beijar Dakota ao fim da apresentação, só de pensar em seus lábios, uma


onda de excitação percorre meu corpo. É nela que tenho pensado, é ela que
eu desejo.

Adormeço pensando em Dakota e mais uma vez sonho com ela.

A quarta-feira se arrasta e pela noite conversando com meus amigos,


confesso que irei beijar Dakota na peça de teatral e que não será a primeira
vez, porém deixo eles achando que estou

chateado com isso, porque sei que se eles souberem o que realmente está
acontecendo, nunca mais terei paz.
Além de que Ethan e Aiden sabem do meu passado, eles entenderiam no
mesmo momento a intensidade do que eu sinto por Dakota. Eles acabariam
jogando na minha cara algo que ainda não consigo admitir nem a mim
mesmo.

...

Acordo na quinta animado e é claro que essa animação tem um motivo


específico, é o dia que me encontro com Dakota.

Minha primeira aula demora horrores para passar, eu olho para o meu
celular para conferir o horário a todo instante e os minutos não passam. Mal
presto a atenção no que o professor está dizendo e assim que encerra a aula,
pego minha mochila e deixo a sala.

Dirijo para o prédio de artes cênicas, estaciono meu carro e me controlo


para não correr na direção do auditório, afinal Dakota sempre chega
atrasada. Dessa vez, Dayse é a única no palco, ela me cumprimenta e me
orienta a ocupar uma das poltronas.

Eu me sento na primeira da primeira fila e do lado do corredor, Dayse está


falando sobre figurinos, mas não estou prestando atenção, a cada minuto
olho para trás, para a porta, e depois do que parece uma eternidade, Dakota
chega. Ela vem direto até mim e ocupa o lugar ao meu lado, então aproximo
meu rosto do seu e beijo sua bochecha.

Dakota não se afasta e não me ignora. Ela somente cora e faz uma piadinha
sobre o fato de Dayse estar usando preto, nós dois rimos e olhamos em
frente quando a professora chama nossa atenção. É tão satisfatório ter esse
tipo de relacionamento com ela.

Nós rimos durante toda aula, inclusive quando estamos encenando. Nós
temos um tipo de parceria que não existia há algumas semanas, porém, o
tempo que compartilhamos não é o suficiente.

Mais uma vez nos despedimos no estacionamento e meu coração fica


apertado. Droga, eu pareço um adolescente bobo.
Eu mesmo me sinto constrangido por mim.

— Josh, menos, bem menos.

Falo em voz alta ao entrar no carro e sorrio sozinho. Estou completamente


maluco, rindo e falando sozinho.

Eu vou para o estádio, almoço no centro de alimentação e passo um tempo


na academia até o horário do treino.

O treino é exaustivo, o treinador está empenhado em nos fazer sofrer e saio


do campo com meus braços doendo, esgotado fisicamente, tudo que eu
adoraria é ir para casa e dormir por horas seguidas, mas não irei encontrar
meu colchão e não estou triste por isso, porque vou me encontrar com
Dakota outra vez.

Ela vale todo o esforço.

Apesar de estar exausto, sigo feliz para o prédio de artes cênicas após um
banho rápido. Quando foi a última vez que estive assim? Porque estou feliz,
feliz de verdade.

Dakota está sentada no palco, com as pernas dobrados abaixo do seu corpo
e lendo seu livro, essa é a forma como ela sempre me espera.

— Já descobriu como ser uma dama fora dos padrões?

Provoco-a enquanto caminho pelo corredor formado entre as poltronas


espalhadas pelo auditório e ela coloca o livro ao seu lado.

— Na verdade já terminei esse.

Ela fica em pé e me espera no centro do palco.

— Qual é a sua atual leitura?

— Um marido de faz de conta. — O título faz com que uma gargalhada


escape da minha boca. — Hey, não ria é um ótimo título.
Eu paro de rir e pulo no palco.

— Acho que preferia quando você estava sendo uma dama fora dos
padrões.

Aproximo-me e ela dá um soco em meu braço.

— Só para sua informação, essa é uma série que conta sobre alguns
parentes dos Bridgertons.

— Você realmente gosta dessa autora, hein?

Ela dá um passo para trás e caminha de um lado para o outro pelo palco.

— Ela é minha autora preferida.

Eu faço o mesmo que ela e caminho de um lado para o outro, ficamos


fazendo isso e meio que andando em círculos e um de frente para o outro.

— Eu gosto de Liev Tolstói.

Ergue suas sobrancelhas.

— Guerra e Paz? — Faço um gesto afirmativo. — É um bom livro.

— O melhor romance.

Provoco-a e ela faz uma careta.

— Há controvérsias.

Discutimos sobre o livro até que ela me lembra de que precisamos ensaiar.
Nós ensaiamos a peça completamente e como já estou exausto do treino ao
fim, estou morto. É como se um caminhão tivesse passado por cima de
mim.

— Precisamos parar, ou você ficará viúva de parceiro de teatro.


Pego minha garrafinha de água na mochila e me sento no chão do palco
com as costas apoiadas na parede. Dakota pega sua água em sua bolsa e se
senta ao meu lado.

— Você cansa tão rápido.

— Hey, eu estava treinando — Justifico-me. — Hoje o treino foi pesado.

— Eu feri o ego do pitcher.

Viro-me para ela e encontro seu olhar debochado. Empurro levemente seu
ombro com o meu, o que faz com que ela derrame um pouco de água e nós
dois começamos a rir.

Nossas risadas cessam, ela apoia sua cabeça contra a parede, eu faço o
mesmo e continuamos nos encarando. Seus olhos estão brilhando e tudo
que vejo neles me faz ter certeza de que nunca poderemos ser só amigos.
Não sei ser só seu amigo, não sei nem como agir como amigo de Dakota,
parece estranho, parece que falta algo.

É difícil de admitir, mas estou apaixonado. Tentei evitar, fugir de tudo que é
forma, mas não consegui.

— Eu tentei não gostar de você.

Confesso e Dakota segue me olhando como se eu fosse a pessoa mais


importante do universo.

— Por quê?

Eu demoro a responder, porque não é tão simples. Nem sei se estou pronto
para essa conversa, mas não posso mais procrastinar, não consigo mais.

Olho em frente, distancio minhas costas da parede, dobro minhas pernas e


apoio meu cotovelo em meus joelhos.

— Eu sou praticamente um bastardo filho da empregada.


Minha mãe trabalhava na casa dos meus avôs e meu pai estava na
faculdade, porém em uma das visitas, eles se envolveram, meu pai era um
babaca e minha mãe aproveitou a oportunidade de transar com o filho dos
patrões, importante salientar que usava drogas e era viciada em jogos de
azar, nenhum dos meus pais prestava.

Não escondo o desgosto da minha voz.

— Por que você está me contando isso?

Olho para ela e sorrio.

— Porque para entender o que aconteceu naquela noite há dois anos, você
precisa saber de tudo.

— Se for muito difícil para você, não precisa me contar, o que passou,
passou, Josh, não podemos mudar o passado.

— Eu quero que você saiba, se você puder me ouvir...

Ela toca meu braço.

— É claro que eu posso ouvir você.

Assinto e volto a olhar em frente.

— É claro que quando minha mãe descobriu que estava grávida, ela obrigou
meu pai a me assumir e como meu avô já era

político na época, eles fizeram tudo que ela pediu, e mais um pouco, porque
tinham uma reputação para preservar. — Faço uma pausa. — Meu avô
comprou uma casa para minha mãe, carro, minha pensão sempre foi
altíssima mesmo antes de eu nascer.

Conto a parte que eu sei, as partes da minha história que ouvi, porque nunca
ninguém fez questão de realmente contá-la.

— Eu nasci e fiquei com minha mãe, não sei se meus avôs me visitavam e
nem meu pai, é algo que nunca soube. Minhas lembranças da infância são a
partir de quatro anos, eu ficava os fins de semana com meu pai, que após a
faculdade, casou-se com a mãe da minha irmã e lá eu ficava com as babás,
assim como minha irmã que tinha dois anos.

Não há nenhum afeto ligado à minha infância.

— Meu pai nunca foi carinhoso, nem meus avôs e muito menos a minha
mãe, que nessa época já estava viciada em drogas e totalmente endividada
com agiotas, afinal também era viciada em jogos, meu pai já não pagava
minha pensão diretamente a ela, porque sabia que iria jogar tudo fora, então
pagava minha escola, abastecia a casa com comida e um fato

importante, ela já tinha perdido a casa e carro que meus avôs tinham dado a
ela.

Mudo de posição e apoio minhas costas contra a parede novamente.

— Meu pai tentou pagar um tratamento de reabilitação, mas após sair da


clínica, ela ficou apenas quatro meses lúcida e voltou a se drogar e jogar. E
esses meses foram difíceis, porque embora não estivesse drogada, estava
em constante luta com a abstinência e mesmo assim foram os melhores
meses que tivemos juntos, ela pelo menos tentou ser uma mãe, ganhei até
alguns abraços.

As lembranças são dolorosas e encaro o teto para que lágrimas não desçam
pelo meu rosto.

— Ela tentou ir para a reabilitação mais duas vezes ao longo de todos esses
anos e em nenhuma das vezes ela realmente conseguiu ficar limpa. —
Dakota segura minha mão com a sua e olho para o lado. — Estou te
cansando?

Ela balança a cabeça negando.

— Sequer consigo imaginar pelo que você passou.

Continuo olhando para ela.


— Sei que é muita informação, mas quero que saiba tudo, Dakota, quero
que não exista segredos entre nós. — Ela assente e prossigo. — Gavin é um
dos meus melhores amigos, ele e Ethan foram as pessoas que me
mantiveram inteiro muitas vezes, ele morava ao lado da casa da minha mãe
e sua mãe também era viciada, nós criamos um vínculo e quando tudo
estava demais, corríamos para a casa um do outro, ou para o parquinho na
esquina. Uma outra informação importante... algumas vezes minha mãe
vendia seu próprio corpo, ou pagava dívidas com sexo, então sempre tinha
algum homem em minha casa e nem todos eram gentis com minha mãe.

Dakota faz uma careta.

— Seu pai nunca fez nada?

Dou de ombros.

— Ele perguntava se queria ir morar com ele, mas negava, porque não
queria deixar minha mãe sozinha, a criança que eu fui acreditava que um
dia ela iria se libertar, além de que era eu a ajudar quando passava dos
limites, eu que segurava seu cabelo enquanto vomitava. — Faço uma
careta. — Minha infância foi assim, dias de semana com minha mãe viciada
e os fins de semana com meu pai que tinha por sua única preocupação

manter a aparência para os eleitores do meu avô. E claro ele estava se


preparando para ingressar na política. Quase nunca o via, assim como a sua
esposa, minha irmã e as babás eram minha companhia, aliás Tessa e eu
somos próximos por isso, aprendemos ser o suporte um do outro.

— Quem é seu pai?

É claro que Dakota percebeu que meu pai não é um simples político.

— John Dawson.

— O Governador?

— O Governador.

Ela abre e fecha a boca


— Como não descobri essa informação nas minhas pesquisas?

— Suas pesquisas não foram tão eficientes, princesa.

— Não esperava estar conversando com o filho do governador. — Apenas


sorrio e Dakota faz o mesmo. — Agora que já sei quem é seu pai, você
pode continuar.

Ela pisca.

— Lembra de Gavin? — Dakota assente. — Desculpe pela confusão, sou


um péssimo contador de história.

— Tudo bem, Josh, apenas continue.

Suspiro e entro na parte mais dolorosa.

— Quando eu tinha sete anos, Gavin e eu, um dia, encontramos uma garota
no parquinho, Laylah, ela era tímida, doce, parecia uma boneca, seu olhar
era triste e frágil, assim como nós, também era filha de pais viciados, e por
essa razão, nos tornamos amigos, principalmente ela e eu, ela me fazia rir,
me fazia esquecer dos meus problemas e de quem eu era. Minha mãe
costumava dizer que eu estava destinado ao fracassado, porque eu era seu
filho e eu acreditava nela, porém quando estava com Laylah, acreditava que
tudo seria diferente.

Volto a olhar em frente e Dakota segue com minha mão presa a sua.

— Quando eu tinha nove anos, cheguei da escola e encontrei minha mãe


desacordada sobre o sofá, ela tinha o nariz sangrando, suas roupas estavam
rasgadas e havia marcas vermelhas pelo seu corpo, mesmo sendo criança,
entendi o que estava acontecendo, ela tinha sido estuprada por um dos caras

que devia dinheiro, nunca soube se era dívida de droga, de jogo, ou um


agiota.

Só de lembrar desse dia, meu estômago embrulha.


— Liguei para a polícia, eles vieram até minha casa, chamaram uma
ambulância e meu pai, a partir de então fui morar com ele, um marco dessa
época é que precisei trocar de escola e foi lá que conheci Ethan e o
beisebol.

Volto a olhar para Dakota e há algumas lágrimas em seus olhos.

— Eles levaram minha mãe do hospital para uma clínica de reabilitação,


mesmo quando voltou para casa, não voltei e meses depois, ela estava tão
viciada quanto antes, eu continuei a visitando, porque ela era minha mãe e
porque queria ver Laylah.

— Sorrio, um sorriso triste. — Eu amei Laylah como nunca amei ninguém


e achava que ela me amava, começamos namorar quando tínhamos treze
anos, meu pai não aprovava, porque ela era pobre, filha de pessoas viciadas,
segundo ele, ela não tinha um futuro promissor.

As

lembranças

ecoam

em

minha

mente

surpreendentemente não causam mais tanta dor.

— Quando estava no último ano da escola, eu tinha um plano de entrar para


liga de beisebol profissional, sabia que seria escolhido e Laylah viria
comigo. Meu pai queria que eu fosse para universidade, nós praticamente
não conversávamos e de repente, estávamos discutindo sobre meu futuro.

Respiro fundo antes de continuar e Dakota aperta minha mão.


— Neguei seus planos, então ele ofereceu dinheiro para Laylah para ela me
deixar e ela aceitou, ele conseguiu me provar que ela sempre esteve
interessada em meu dinheiro, uma parte minha morreu quando descobriu
que ela tinha se vendido e quando a confrontei, confirmou que apesar de
gostar de mim, ela ficava comigo por causa do dinheiro.

— Sinto muito, Josh.

Assinto.

— Eu jurei nunca mais abrir meu coração, não queria ser machucado e
aquela noite que compartilhamos fazia meses que isso tinha acontecido, era
tão recente e de repente, você estava ali me fazendo rir, despertando
sentimentos de esperança, eu me senti como me sentia com Laylah.

— Então, você me comparou a ela?

Faço uma careta.

— Sim, eu fiz isso e fui um idiota, porque não queria sentir nada do que
estava sentindo. — Ergo minha mão e acaricio a lateral do seu rosto. —
Aquela noite significou muito, Dakota.

Ela fecha seus olhos e suspira.

— Eu o entendo e entendo mais do que pode imaginar.

Abre seus olhos e há neles uma sombra de dor.

— O que está querendo dizer?

Sorri, mas não é um sorriso que chega aos seus olhos.

— Em outro momento, eu conto a minha história, hoje é sobre você. —


Afasta minha mão do seu rosto e volta a entrelaçar nossos dedos. —
Obrigada por compartilhar sua história comigo, sinto muito por tudo que
aconteceu com você e odeio a sua ex.
Sorrimos e a puxo para meu colo, seguro Dakota como um bebê e ficamos
em silêncio. Não há nada a ser dito. Não por enquanto e estou tranquilo por
ter compartilhado a minha história com ela. Beijo o topo da sua cabeça e ela
espalma sua mão sobre meu coração.

Ficamos assim por um tempo até minhas pernas ficarem dormentes, então
nos levantamos e deixamos o auditório. De mãos dadas, a acompanho até
seu carro e nos despedimos com um beijo no rosto.

Enquanto a observo entrar em seu carro, uma certeza passeia em meu peito.

Não posso esperar para beijar essa garota somente daqui a seis semanas e
em cima de um palco com várias pessoas nos assistindo. Precisa ser antes.
O mais breve possível.

Dakota

Olho para meu reflexo no espelho e respiro fundo, estou vestida como
Peach, a princesa de Mario Bros, ou uma versão da princesa, já que o
vestido rosa é curtíssimo e metade dos meus seios estão quase pulando do
decote.
Há uma coroa em meu cabelo e meus fios ruivos estão parte presos, parte
soltos. Minhas sardas estão cobertas por maquiagem, meus cílios estão mais
volumosos por conta do rímel e meus lábios vermelhos.

Isso tudo é culpa de Brooke que achou superengraçado que fossemos de


Peach e Dayse, porque Josh e Aiden irão fantasiados de Mario e Luigi.
Minha amiga ainda acredita que nós nos odiamos, ou pelo menos era nisso
que acreditava quando comprou as fantasias, não posso negar, eu acho
superdivertido que nossos amigos ainda acreditem que nós não nos
gostamos, talvez possamos continuar os enganando.

Volto a prestar atenção no espelho à minha frente e empurro meus


pensamentos para longe. Eu estou bonita.

E estou nervosa, porque irei me encontrar com Josh. Nós já nos


encontramos, porque depois da aula, fui com Brooke para casa deles ajudar
na decoração da festa, porém não conversamos, em nenhum momento
nossos amigos nos deixaram sozinhos, apenas trocamos alguns olhares.

A cada momento que o encarava, me recordava de estar em seus braços


ontem à noite, nunca me senti tão segura com alguém, nem com Ryan. Eu
precisei me controlar para não ir até ele, implorar por respostas e torcer para
ouvir da sua boca aquilo que meu coração tanto anseia.

Não quero um eu te amo, mas quero a certeza de que não estou me iludindo,
de que não estou sendo a garota que espera

demais, que cria expectativas e histórias que nunca irão se tornar reais.

Meu coração quer acreditar que há um motivo especial para ele ter me
contado a sua história de vida, porém minha razão diz que Josh apenas
estava justificando o porquê agiu daquela forma há dois anos. Mas é que
aquele abraço não parecia um simples abraço, ele me puxou para seu colo,
ele deixou claro que aquela noite significou algo para ele.

Deus, eu vou ficar maluca.

— Dakota, eu estou pronta e vou te esperar na sala.


O grito de Brooke ecoa pelo meu quarto.

— Estou indo.

Grito de volta, olho uma última vez para meu reflexo, respiro fundo e então
me viro, pego meu celular e deixo meu quarto.

Encontro Brooke na sala, caminhando de um lado para o outro e gravando


um vídeo para sua rede social. Ela abaixa o aparelho do seu rosto ao
perceber minha aproximação, olha em minha direção e sorri maliciosa.

— Nós estamos tão lindas.

Faço uma careta enquanto caminho na direção da porta.

— Nós estamos parecendo duas princesas pornôs.

Brooke ri e em seguida me aponta a língua.

— Estamos lindas.

Abro a porta e fico de lado para que Brooke possa passar por mim.

— Você realmente está linda.

Brooke transformou seu vestido em uma saia e um cropped, seu cabelo


preto está solto e usa tiara de coroa.

— Estou mesmo.

Ela ri e passa por mim, saindo do nosso apartamento, eu fecho a porta e vou
atrás dela. Nós seguimos para seu carro, assim que entramos em seu carro,
enquanto ajusta o seu banco, vira-se para mim e me encara com malícia.

— Eu acho que Josh e Aiden irão amar nossas fantasias.

— Com certeza Aiden irá amar a sua fantasia.

Soo debochada, ela faz uma careta e olha em frente.


— Você e Josh realmente se odeiam?

Eu preciso morder meus lábios para não rir, é muito engraçado eles ainda
não terem percebido que não nos odiamos mais, além do mais já cometei
que nossa relação mudou, ou foi com Abby? O fato é que se a conversa foi
com Brooke, ela provavelmente esqueceu e irei me aproveitar disso.

— Nós não nos odiamos.

Não nego completamente, porque é divertido manter nossos amigos no


escuro, espero que isso não me leve para o inferno.

— Então, vocês só se detestam.

— Sim. — Concordo, posso não ser uma ótima mentirosa, mas Brooke
acredita em mim. — E como está a sua amizade com Aiden?

Mudo de assunto para que ela não possa me fazer perguntas.

— Eu gosto muito dele e de ser sua amiga.

Brooke ri, como se não fosse nada demais, porém é nítido que minha amiga
está apaixonada. É uma questão de tempo até os dois evoluírem de uma
amizade colorida para um namoro.

Vamos conversando sobre ela e Aiden durante todo o caminho.

Quando Brooke estaciona em frente a casa dos meninos, olho para o luar e
suspiro, nunca vou me acostumar com universitários morando em uma
mansão, meu cérebro me lembra de que Josh é filho do governador. Minhas
pesquisas foram péssimas, porque isso eu não descobri e ontem assim que
cheguei em casa, joguei seu nome na barra de pesquisa, fotos com seu pai
foram as primeiras que apareceram. Se bem que a única pesquisa que fiz a
cerca do seu nome foi em redes sociais e não há nenhuma foto dele e do pai.

— Vamos?

Brooke me chama e assinto.


— Vamos.

Deixamos o carro e caminhamos na direção da entrada. O

lugar está todo decorado com abóboras assustadoras e logo que entramos,
nos deparamos com muitas teias de aranha.

— Estou satisfeita com o que fizemos.

Sussurro para Brooke e ela entrelaça seu braço no meu.

— Eu também.

Nós sorrimos e vamos para sala que virou uma pista de dança apavorante,
Josh, Dylan, Ethan, Aiden e Abby estão em

um canto conversando, vamos até eles e os meninos estão provocando


Ethan e Abby, porque eles estão usando uma fantasia ridícula de Shrek e
Fiona, é realmente horrorosa.

Sinto Josh olhando em minha direção e minha vontade é de olhar para ele,
porém algo me impede, uma vontade imensa de provocá-lo, talvez seja o
clima da festa.

Com um sorrisinho em meu rosto, continuo sem olhar para Josh.

Nós continuamos a provocar Ethan e Abby, e ainda sinto Josh me


encarando, apenas de saber que ele está me olhando, faz com que um calor
suba pelo meu corpo.

Eu fico conversando com meus amigos até que me desvencilho de Brooke


para ir buscar algo para beber. Sirvo um copo com cerveja, trago-o até
minha boca e bebo a bebida de uma única vez. Foda-se, não estou dirigindo
e me sinto mais corajosa, talvez seja o fato de estar em uma festa, talvez
seja o caos que minha mente se encontra.

Não quero estar apaixonada, mas estou. Não quero mais uma vez me
machucar, porém algumas coisas são impossíveis.
Volto a encher meu copo com mais cerveja e antes de voltar para a sala,
apoio-me contra o balcão da pia, olho em frente e respiro fundo.

E se apenas tiver me enganando? E se Josh não estiver apaixonado por


mim? E se for apenas um jogo para ele? Ou se simplesmente, quiser só meu
amigo?

Bebo mais do álcool em meu copo. Eu queria ser como minhas amigas,
gostaria de não me apegar tão fácil, ser menos romântica e menos
esperançosa, só que não consigo. Há única vez que tentei ser assim,
terminei machucada de todas as maneiras.

Josh me deixa uma bagunça ao mesmo tempo que é fácil estar com ele, é
difícil quando me afasto, porque todas dúvidas e medos voltam a martelar
em minha mente.

Queria simplesmente me permitir ser apenas a Dakota que o provoca, que


responde ao seu flerte, que vive sem pensar no depois, só que eu não
consigo.

Sinto-o mesmo antes de o ver, os pelos em meu braço estão arrepiados e é


como se borboletas estivessem dançando em meu estômago. Finalmente,
olho para o lado e encontro Josh

caminhando em minha direção. A cada passo ele fica mais perto de mim e a
ansiedade em meu peito aumenta de intensidade.

Ele faz com que tudo desapareça ao meu redor.

Josh se apoia no balcão ao meu lado e mantém seus olhos fixos em meu
rosto.

— Você estava me ignorando de propósito, não é?

Sorrio com malícia.

— E se eu estiver?

— Está no momento de parar de me ignorar.


Continuo olhando em seus olhos e trago o copo até minha boca, bebo o
restante da cerveja enquanto ele continua me fitando. Assim que abaixo
minha mão e deixo o copo sobre o balcão ao meu lado, Josh segura meus
dedos e entrelaça com os seus. Sorri, puxa-me e sem hesitar o acompanho.

— Para onde está me levando?

Só pergunto quando estamos subindo os degraus, ele não me responde.


Deixamos as escadas e pisamos no corredor, Josh solta minha mãe e me
encurrala contra a parede.
Seu olhar desce pelo meu corpo e minha respiração muda.

Meu coração salta em meu peito e todo meu corpo encontra-se

em alerta. Seus olhos encontram os meus e a forma como ele me faz sentir é
inexplicável. A faísca, que só acende quando ele está por perto, queima e
faz cada parte de mim se contorcer por mais.

Mais dele, mais contato.

Josh dá um passo em frente e poderia me derreter nesse momento, minhas


pernas estão tremendo e a ansiedade toma conta do meu peito. O que nos
separa são centímetros e sinto a sua respiração em meu rosto.

São segundos que duram uma eternidade. E quando sua mão toca minha
coxa é como receber água depois de caminhar por longos minutos no Sol. E
é só um toque.

— Estou decidindo se amo ou odeio essa fantasia.

Sorrio.

— Eu gosto dela, principalmente de como deixou meu peito.

Abaixa seus olhos e encara meus seios.

— Você está me provocando.

— Eu estou.

Ele volta a me encarar e seus olhos ficam escuros.

Somente mantemos nossos olhares, sem emitirmos alguma

palavra. Nada mais importa nesse momento a não ser nós dois.

Josh ergue sua mão e acaricia a lateral do meu rosto, há tanto afeto, tanto
carinho e cuidado em seu gesto. Preciso me segurar para não fechar meus
olhos.

— Não quero que a próxima vez que eu te beije seja em um palco, não
quero que seja algo falso. — Sua mão deixa meu rosto, toca meu braço e
aproxima seu rosto do meu, seus lábios praticamente encostam a lateral da
minha boca. — Porque nunca é falso quando estou com você, Dakota.

Meu coração para, minha respiração fica suspensa e tudo só volta a


funcionar quando sua boca cobre a minha. Nenhum de nós tem calma, ou
delicadeza, nos beijamos como se fosse uma necessidade.

Sua língua toca meu lábio e abro minha boca, permitindo sua exploração e
fazendo o mesmo com ele. Nosso beijo tem gosto de cerveja e desespero .
Não nos fazemos de rogado.

Nosso encaixe é perfeito e o beijo transforma as faíscas em uma fogueira.


Meu corpo queima e pulsa por ele. Subo minhas mãos pelo seu peito e as
deixo ao redor do seu pescoço.

Falta fôlego e nos separamos, mas por poucos segundos, só nós olhamos e
voltamos a nos beijar. Josh morde meus lábios entre um beijo e outro. Ele
se posiciona entre minhas pernas e tem um dos seus braços apoiados na
parede.

A cada segundo o ímpeto com que nós beijamos aumenta, como se


quiséssemos nos fundir em um só e necessidade pulsa entre minhas pernas,
posso sentir minha calcinha molhada.

Seus dedos que estão em minha coxa sobem, infiltram-se por baixo do
vestido e aperta minha bunda. Um gemido escapa entre meus lábios e Josh
se afasta, encara-me por alguns segundos e abaixa seu rosto para beijar meu
pescoço.

Inclino minha cabeça para trás e ele distribui beijo pela minha pele, todo
meu corpo está arrepiado e encolho o meu dedinho do pé em meu tênis.
Beija o topo dos meus seios descobertos pelo decote generoso e acaricio sua
cabeça incentivando o a continuar.
Ondas de excitação flutuam em meu corpo e fecho meus olhos.

— Droga, Josh.

Sinto o sorrir contra minha pele e sua mão deixa minha bunda, sobe pela
minha barriga e segura meu seio por cima do tecido do vestido. Minha
respiração se altera mais uma vez e outro gemido deixa minha boca. Minha
reação é o que Josh precisa para puxar o vestido para baixo e deixar meus
seios totalmente nus, eles estão rígidos, implorando por serem tocados e
para meu alívio e prazer, ele os ataca.

Qualquer um poderia nos pegar aqui, mas não importa, pelo contrário me
deixa mais excitada.

— Por muito tempo, eu sonhei com você, Dakota, sonhei com aquela noite.
— Ele ergue seu rosto e abro meus olhos. Ele está me encarando com uma
intensidade arrebatadora. — E tudo que eu queria era estar com você mais
uma vez.

Sua boca cobre a minha e nos perdemos em um beijo, melhor nos


encontramos. Nada no momento importa a não ser estarmos aqui.

Mordemos os lábios um do outro, minhas mãos descem pelo seu peito e


toco seu abdômen. Uma das suas mãos aperta minha bunda, a outra no meu
seio. Seguimos gemendo sem medo de sermos pegos, sem pudor nenhum.

Josh se afasta e ao abrir meus olhos, encontro seu olhar escuro, repleto de
desejo e luxúria. Ele continua me encarando enquanto afasta sua mão da
minha bunda e aproxima seus dedos da minha calcinha, minha respiração
falha e ofego quando coloca o tecido para o lado e seus dedos tocam meu
clitóris. Josh sorri malicioso, abaixa seu rosto e para com sua boca a
centímetros da minha orelha.

— Você está encharcada e se eu a foder aqui? Onde qualquer um possa ver?

Contraio os músculos entre minhas pernas e Josh entra com seus dedos
dentro de mim, ele não é delicado, mas o gesto não me causa dor, pelo
contrário.
— Droga, Josh.

Minha voz soa alta, então retira seus dedos de dentro de mim e me encara.

— Eu poderia ter você contra essa parede, mas quero você na minha cama,
princesa.

Josh segura minha cintura, eu enrolo minhas pernas ao redor da sua cintura
e ele me leva para seu quarto. Coloca-me com cuidado sobre sua cama e
paira sobre mim. Nós nos

encaramos por alguns segundos e sua boca volta a encontrar a minha.

Parece que nunca será o suficiente, que sempre irei necessitar dos seus
beijos.

Ele só afasta sua boca para descer seus lábios pelo meu pescoço, minhas
mãos deslizam pelas suas costas até que ele fica em pé, em frente a cama.

— Você é uma visão e tanto, sabia!?

Posso imaginar, porque sou uma bagunça. Meu vestido está todo torto pelo
meu corpo, meus seios para fora, meus lábios inchados pelo beijo e estou
corada. Não o respondo, apenas sorrio e o encaro.

Josh começa a tirar sua roupa, então sento-me na cama, tiro meus tênis,
jogo a tiara que tenho em meus cabelos para longe e empurro meu vestido
para baixo. Continuamos nos encarando a todo instante.

Apenas de calcinha faço um sinal para que Josh se aproxime, ele faz o que
peço. Ele está só de cueca e levo meus dedos até a borda da sua última peça
de roupa, seu abdômen malhado se contrai e sorrio satisfeita.

Empurro a cueca para baixo e o tenho completamente a minha frente, ergo


meus olhos e encontro seu olhar enquanto, toco-o com minhas mãos, faço
alguns movimentos de vai e vem até que o tomo-o em minha boca. Ele é
grande e claro que não consigo levá-lo todo de uma vez, Josh geme e seus
sons são excitantes.
Tudo que eu preciso é dele.

Enquanto ele perde o controle e segura os fios do meu cabelo com força, a
minha calcinha fica cada vez mais encharcada. Seus gemidos ficam mais
alto e de repente ele puxa minha cabeça para trás.

Meus olhos encontram os seus e ele me encara como se fosse a sua presa.
Não fala nada e me empurra para trás, eu vou, ainda me impulsiono para
mais cima da cama e abro minhas pernas, Josh paira sobre mim e seus
lábios encontram meu pescoço.

— Não suporto mais, princesa, eu preciso de você. —

Estende sua mão para o lado e pega um pacote de camisinha na gaveta do


cômodo que fica ao lado da cama. — Mais tarde, eu quero você em minha
boca, mas agora eu preciso estar dentro de você.

Pego a camisinha das suas mãos, rasgo a embalagem com meus dentes e
enquanto ele mantém os braços ao lado da minha cabeça, coloco o
preservativo.

Seus olhos estão presos aos meus e nós dois suspiramos quando o guio para
dentro de mim. No início não é tão confortável, mas depois de alguns
segundos estou acostumada com seu tamanho e mexo meu quadril na sua
direção, ele entende o que preciso e se movimenta.

Fecho meus olhos e nós dois gememos a cada estocada, Josh segura minha
coxa e passo minha perna ao redor da sua cintura, ele me toca em lugares
que fazem com que meu corpo se sinta como se estivesse prestes a entrar
em combustão.

Sua boca explora meu pescoço, minhas mãos seguram o lençol com força,
meus gemidos ecoam pelo quarto, meus quadris vão ao encontro do seu e
estabelecemos um ritmo, rápido, duro e sem delicadeza nenhuma.

Deixo que as sensações me dominem por completo e meu corpo


convulsiona, o prazer me percorre e me leva à plenitude.
Ainda estou perdida em meu orgasmo quando Josh empurra-se contra mim
com força e atinge seu próprio ápice de

prazer. Ficamos um tempo parado, nossas respirações completamente


instáveis demoram um pouco a se acalmar e voltar ao normal, sua cabeça
entre meu ombro e pescoço e ele dentro de mim. Até que ele se levanta para
descartar a camisinha.

Eu fecho meus olhos e me recuso a pensar sobre o que aconteceu.

Dakota

Acordo de repente, sinto um peso ao redor da minha cintura e me dou conta


de que é o braço de Josh. Eu estou com parte do meu corpo sobre o seu,
rosto apoiado em seu peito e seu braço está ao redor da minha cintura. Abro
meus olhos, ergo meu rosto e ele ainda está dormindo.

Flashs da noite passada surgem em minha mente, transamos uma vez,


ficamos abraçados sem falarmos nada por um tempo até que Josh decidiu
cumprir sua promessa de me ter em seus lábios, meu segundo orgasmo foi
tão incrível quanto o
primeiro. Depois seguimos para um banho e fizemos sexo contra os
azulejos do box.

Meu corpo está dolorido e provavelmente repleto de marcas.

Olhando para Josh enquanto ele está dormindo, as lembranças daquela


manhã há dois anos voltam para minha mente. Faz dois anos e ainda me
recordo das suas palavras: Você não achou que isso seria mais que uma
noite, não é? Você não é do tipo que vê romance em tudo, não é? Porque, se
for, melhor esquecer qualquer tática que pensa que irá funcionar comigo.

Um medo irracional de que tudo se repita ecoa em meu peito. Uma parte em
mim diz que estou sendo ridícula depois de tudo que compartilhamos na
noite passada, é impossível que ele me trate como aquela vez, porém não
consigo ficar tranquila. Se ele me rejeitar outra vez, eu irei quebrar
completamente, porque dessa vez, eu estou apaixonada.

Droga, eu estou apaixonada.

Chegar a essa conclusão me deixa transtornada. Caralho!

Minhas inseguranças e o receio de não ser correspondida gritam

em meu peito. Lágrimas se acumulam em meus olhos e com cuidado


desvencilho-me de Josh.

Eu queria ficar aqui, mas eu não consigo.

Para minha sorte, Josh segue dormindo, tiro a sua camisa que coloquei após
o banho, visto a fantasia, faço um coque, vou ao banheiro e lavo meu rosto
e quando volto para o quarto, Josh segue com seus olhos fechados. Encaro-
o uma última vez e deixo seu quarto.

O que eu estou fazendo? Se estou fazendo o correto? Não faço a mínima


ideia.

Para meu azar, abro a porta e me deparo com Ethan, ele parece totalmente
atordoado.
— Está tudo bem?

Assinto.

— Sim, eu apenas sou uma idiota.

Só não sei se sou uma idiota por estar apaixonada, ou por ter transado com
Josh, ou por ter fugido. Não trocamos mais nenhuma palavra e sigo na
direção da escada enquanto ele entra em seu quarto.

Eu não posso ir embora, porque vim com Brooke e não vou embora de táxi
vestindo esse minivestido que está todo amassado, além do mais minha
aparência não é das melhores.

Sigo para a cozinha e preparo um café. Não paro de pensar na noite passada
e em Josh. Eu deveria ter ficado, será que volto para seu quarto e espero ele
acordar? Mas e se ele se arrepender? Não estou pronta para uma rejeição.

Não sei o que fazer, então faço meu café e me sento de frente para a
bancada. Meus pensamentos continuam uma bagunça, assim como meu
coração.

Estou pensativa encarando a minha xícara de café quando Aiden e Brooke


entram na cozinha.

— Você dormiu aqui?

É claro que seria a primeira pergunta da minha amiga, apenas assinto e


espero que seja o suficiente. Aiden e ela se sentam na minha frente e o
jogador de hóquei me encara curioso.

— Com Josh?

Não respondo Aiden e mudo de assunto.

— Eu vi Ethan entrando em seu quarto um pouco transtornado, vocês


sabem se algo aconteceu?

Eles negam.
— Vou preparar algo para comermos.

Aiden se levanta e eu encaro Brooke.

— Você irá demorar para ir embora?

Minha amiga ergue suas sobrancelhas.

— Não sei, podemos tomar café e irmos embora, tudo bem?

Assinto e meu coração acelera. E se Josh acordar antes disso? Pelo menos
estaremos com nossos amigos, ele não poderá ser um idiota na frente de
todos, não pelo menos o idiota que quebra meu coração em pedacinhos.
Meu Deus, quando eu fiquei tão dramática?

Aiden, Brooke e eu conversamos sobre a festa, mas nenhum de nós tem


muitas informações sobre o que aconteceu, porque não ficamos muito
tempo aqui embaixo e só conseguimos saber das fofocas quando Dylan
entra na cozinha. Ele sabe quem ficou com quem, quem passou mão e
inclusive um dos calouros pulou na piscina só de cueca. Estamos rindo da
história quando Josh entra na cozinha.

Meu coração dispara, eu tento olhar para ele, mas sem olhar em seus olhos.
Ele está me encarando e não é com desprezo. Suspiro aliviada, mesmo sem
entender o que exatamente isso significa.

Josh se senta ao lado de Brooke e segue me encarando.

Ele ergue suas sobrancelhas e dou de ombros. Talvez, ele não esteja
arrependido. Talvez possamos conversar mais tarde.

Nossa conversa não acontece, porque nossas próximas horas são caóticas.
Abby e Ethan sumiram e quando voltam para a casa, é para contar o que o
imbecil do pai da Abby aprontou.

Nossos amigos precisam do nosso apoio e é isso que fizemos.

Deixamos nossas questões para depois e nos concentrarmos em sermos os


melhores amigos que Abby e Ethan precisam.
Brooke, Abby e eu almoçamos com os meninos, vamos em casa apenas
para trocarmos de roupas e vamos ao jogo de Ethan. Josh e eu não
conversamos sozinhos em nenhum momento, nossas únicas conversas são
em grupo, porém há uma tensão entre nós, nossos olhares sempre estão
procurando um ao outro.

O time de futebol americano vence o jogo com uma jogada incrível de


Ethan e ao fim do jogo, o quarterback pede minha

amiga em namoro durante uma entrevista para o maior canal de esporte do


país. Abby desce correndo para o campo e os dois trocam algumas palavras
e um beijo apaixonado. Estou feliz pelos dois, eles claramente estão
apaixonados.

Aiden e Brooke trocam algumas palavras e olhares apaixonados ao meu


lado, aposto que os próximos a se declararem serão eles. Sinto alguém me
observando e quando olho ao redor, encontro Josh ao lado de Dylan e me
encarando.

Eu desvio meus olhos e me viro para Brooke.

— Estou com um pouco de dor de barriga, estou indo embora.

— Você está bem? Posso ir com você.

Balanço minha cabeça negando.

— Fique, você a leva embora não é, Aiden?

— Claro.

Eu me despeço do grupo com um aceno e me nego a olhar para Josh. Deixo


o estádio e sozinha volto para nosso apartamento, eu a mais romântica,
aquela que anseia por um romance retorna sozinha para casa. Solidão me
cerca e meu peito se aperta.

Volto a pensar em Josh e lágrimas se acumulam em meus olhos mais uma


vez.
Minha consciência acusa que estou sendo uma idiota, Josh e eu nem
conversamos e estou agindo como se ele tivesse quebrado meu coração.

— Foda-se, tenho direito de ser dramática e imatura.

Digo a mim mesma enquanto dirijo e as lágrimas descem pelo meu rosto.
Quero ter o direito de sentir hoje, de chorar, de talvez, ser uma idiota. Foda-
se.

Eu chego em casa com o rosto marcado pelas lágrimas, então tiro meus
tênis e me jogo no sofá, continuo chorando enquanto ligo a televisão e
coloco para assistir a série que comecei a assistir com Brooke no dia em
que soube que Josh e eu iriamos protagonizar uma peça de teatro, nesse dia
eu estava triste e com raiva e minha amiga topou assistir a uma série de
romance comigo para que eu pudesse me animar.

Parece que foi há uma eternidade e faz semanas.

Apesar de olhar para a televisão, não consigo me concentrar. Minhas


lágrimas cessam, mas o sentimento de perda

e solidão seguem em meu peito. Não assisti nem a metade do episódio


quando o som da campainha ecoa pela pequena sala.

Quem será? E se for Josh? Será que existe a possibilidade de ser ele?

Passo os dedos embaixo dos meus olhos para limpar o vestígio de choro do
meu rosto e fico em pé. Caminho na direção da porta com meu coração aos
pulos em meu peito, são apenas alguns passos, porém parece que estou
percorrendo quilômetros.

Se não for ele, irei ficar decepcionada. Estar apaixonada é uma droga.

Seguro a maçaneta e respiro fundo. Alívio e tensão tomam conta de mim ao


me deparar com Josh ao abrir a porta. Eu queria que fosse, esperava que
fosse ele, mas não estava pronta para encontrá-lo.

— Hey, princesa, nós precisamos conversar.


Engulo em seco.

— Hey, Josh, entre.

Fico de lado para que ele entre, ele dá um passo em frente, seu braço
esbarra com meu e prendo minha respiração. Um simples toque e a faísca
acende.

Ele entra e fecho a porta. Respiro fundo antes de me virar e quando faço,
Josh está parado no meio da minha sala, que agora diante do seu tamanho,
parece minúscula.

Nós ficamos um de frente para o outro e seus olhos encontram os meus.


Quero pular em seus braços, porém fico parada sem reação e sem saber o
que agir.

— Por que você fugiu, princesa? — A forma como ele diz princesa traz
mais lágrimas em meus olhos, ele percebe e dá um passo em frente. — O
que está acontecendo, Dakota?

Sua mão segura a minha, as lágrimas descem pelo meu rosto e ele me puxa
para seus braços. Eu choro com o rosto apoiado em seu peito, soluços
escapam dos meus lábios e ele apenas me segura.

Os meus sentimentos são uma bagunça, guerreando para saírem do meu


peito, lutando contra mim. Josh me aperta e choro, choro até que aos
poucos, meu coração se tranquiliza, as minhas lágrimas cessam e minha
respiração se normaliza.

Eu só precisava de um abraço.

— Do que você tem medo, Dakota?

Afasta-se e apoia sua testa na minha enquanto segura meu rosto com suas
mãos. Olho em seus olhos e digo a verdade.

— Que não seja real, que esteja apenas me iludindo, que mais uma vez
apenas esteja sentindo demais.
Acaricia a lateral do meu rosto e a intensidade com me encara me fornece
todas as certezas de que eu preciso.

— O que você precisa ouvir? Você precisa ouvir que eu estou apaixonado?
— Sorri. — Porque eu estou apaixonado por você, Dakota.

Meu coração dispara e suas palavras causam um frenesi em meu peito. Ele
está apaixonado por mim.

— Eu sempre soube que você seria alguém por quem me apaixonaria, desde
aquela noite e quando reencontrei você, apenas tive certeza. — Aproxima
seu rosto do meu e encosta seus lábios na lateral da minha boca. — Você
derrubou todas as barreiras que existiam ao redor do meu coração, você me
fez voltar a acreditar nas pessoas, você se tornou a minha esperança,
Dakota.

Meus olhos ainda seguem presos aos seus e entendo o que ele está querendo
dizer. Não há mais dúvidas, não há mais

incertezas. Espalmo minhas mãos em seu peito e as deixo sobre seu


coração.

Lentamente Josh acaba com o espaço que existe entre nós e sua boca cobre
a minha. É um beijo que inicia calmo e que ganha intensidade conforme os
segundos passam. Sua língua brinca e duela com a minha, nos perdemos
entre suspiros, mordidas e sorrisos.

Desce seus lábios pelo meu pescoço e inclino minha cabeça para o lado
facilitando o seu acesso à minha pele. Seus beijos me incendeiam, mexem
com meu corpo como ninguém mais fez, ele me reivindica de todas as
formas possíveis.

— Onde fica seu quarto, princesa?

Josh desce suas mãos pelo meu corpo e as deixa em minha cintura. Não o
respondo, apenas viro-me, ficando com as costas contra seu peito e o guio
para meu quarto. Ele joga meu cabelo para o lado e segue explorando meu
pescoço com seus lábios.
Nós dois entramos em meu quarto e volto a ficar de frente para ele. Sua
boca encontra a minha mais uma vez e só nos

separamos para ele tirar minha blusa, em seguida tiro sua camisa e enquanto
abro o zíper da sua calça, ele libera meus seios.

Continuamos nos olhando e a cada toque, a excitação percorre meu corpo


ganha exuberância. A necessidade se acumula abaixo do meu ventre e
chega a se tornar doloroso.

Josh se abaixa para tirar minha calça e calcinha e beija a parte interna das
minhas coxas, respiro fundo e fecho meus olhos. Assim que estou
completamente nua, ele volta a ficar em pé e acaricia a lateral do meu rosto.

— Eu estou apaixonado por você, princesa.

Dá um passo em frente e eu um para trás, fazemos isso até que esbarro na


cama, então sorrio e me deito na cama. E

Josh continua em pé, ele me olha com tanta adoração e devoção, ele faz
com que eu me sinta única, especial. Seu olhar percorre meu corpo e sem
inibição, abro minhas pernas, levo minhas mãos até o meio das minhas
pernas e me toco.

Ele assisti, seus olhos escurecem e fecho meus olhos quando as sensações
em meu corpo se tornam demais. Continuo sentindo seu olhar sobre mim,
meus seios pesam, acelero o ritmo dos meus dedos e respiro fundo tentando
encontrar o que tanto

preciso. Ainda estou de olhos fechados quando Josh afasta minha mão.

— Caralho, Josh.

— Calma, princesa.

Ri e abro meus olhos, ele está completamente nu, curvado sobre parte do
meu corpo e com a boca próxima à minha coxa.

Meu olhar encontra o seu e seus lábios encostam em minha pele.


— Eu estou apaixonado por você, princesa.

Beija novamente minha pele e segue repetindo a frase enquanto distribui


beijos pelo meu corpo. Minhas coxas, virilha, barriga, seios, pescoço e por
fim, meus lábios.

Dessa vez, sou eu a interromper nosso beijo. Afasto minha boca da sua,
espalmo minha mão sobre seu peito e o empurro para o lado. Ele não hesita
e cai ao meu lado, então monto sobre ele.

— Eu por cima dessa vez, baby.

Ele faz uma careta.

— Baby não, Dakota.

Sorrio e curvo meu corpo para frente.

— Baby. — Mordo seu lábio inferior. — Baby.

Meus seios encostam nele e esfrego meus quadris contra ele, nós dois
gememos. Josh sobe uma das suas mãos e enrola os fios do meu cabelo ao
redor dos seus dedos, enquanto com a outra mão aperta minha bunda.

— Larguei a camisinha no colchão.

Sussurra, então o beijo uma última vez e me sento sobre sua barriga,
procuro pela embalagem e encontro ao seus pés.

Mordo meu lábio inferior e me viro, ficando com minha bunda em frente ao
seu rosto. Ele passa sua língua por minhas dobras e respiro fundo, preciso
de todo meu autocontrole para pegar a embalagem e voltar à minha posição
inicial.

— Adoraria um 69, princesa.

Pisco em sua direção.

— Outra hora.
Entrego a embalagem para ele, sento-me sobre suas pernas e o assisto
desenrolar a camisinha sobre todo seu comprimento. Ele se toca de cima a
abaixo, então dobro minhas pernas, apoio meus joelhos na cama e pairo
sobre ele.

Estamos nos olhando quando me sento sobre ele. Ele me preenche


completamente e ofego. Espalmo minhas mãos sobre

seu peito e cavalgo em Josh, subo e desce por todo seu comprimento, fecho
meus olhos e dito nosso ritmo. O prazer percorre pelas células do meu
corpo e me concentro em apenas obter a satisfação que tanto preciso.

Dessa vez, gozamos ao mesmo tempo e sou eu a ficar deitada sobre seu
corpo até que ele me afasta, Josh então descarta a camisinha e volta a me
trazer para perto. Apoio minha cabeça em seu peito e fecho meus olhos.

Sua mão desce e sobe pelas minhas costas e me sinto em casa em seus
braços como nunca me senti em outro lugar. Josh beija a lateral da minha
cabeça e me aconchego-me ainda mais contra ele.

Há um silêncio ao nosso redor e sou eu a interrompê-lo, porque preciso que


ele saiba a verdade.

— Eu também estou apaixonada por você, Josh.


Josh

Por mais que Dakota tenha deixado claro que está apaixonada por mim em
cada gesto e em cada toque seu, é um alívio ouvir suas palavras. Afasto
meus dedos das suas costas e passo meu braço ao redor da sua cintura e
aperto ainda mais seu corpo contra o meu. Beijo a lateral da sua cabeça
mais uma vez.

— Sorte a minha.

Ela ri e toca a sua correntinha que tem em meu pescoço.

— Ontem você não estava com ela.

Abro meus olhos e olho para o seu rosto.

— Ontem eu tirei por causa da fantasia.

Ela continua mexendo na correntinha e ficamos em silêncio. É bom estar


com ela, principalmente depois de acordar e me deparar com minha cama
vazia. Eu não sabia se ela tinha fugido, ou se estava arrependida, porém foi
apenas encontrá-la na cozinha com meus amigos para entender que estava
fugindo, assim que meu olhar cruzou com o seu, eu soube que estava com
medo de algo.
Com Abby e Ethan com problemas, não consegui conversar com ela e
assim que a vi saindo do estádio, vim atrás dela. Eu a segui e não me sinto
nenhum um pouco culpado por isso.

— Eu segui você.

Ela se senta sobre a cama, ao meu lado, com as pernas cruzadas abaixo do
seu corpo e me encara sem entender.

— Como assim me seguiu?

Dakota está nua a minha frente e é impossível não descer meus olhos pelo
seu corpo.

— Eu vi você saindo do estádio e como não sabia para onde estava indo, eu
te segui.

Respondo-a enquanto encaro seus seios.

— Josh, foco, meus olhos estão aqui em cima.

Sorrio e me sento com as costas apoiadas em sua cabeceira. Dakota está


com o rosto vermelho e adorável.

— É impossível ter foco. — Aponto em sua direção. —

Você está nua.

Digo como se fosse óbvio e ela revira seus olhos.

— Homens.

Dou de ombros.

— Você deveria vestir algo. — Curva-se, pega minha camisa e a veste. —


Eu acho que preferia você nua, porque você fica ainda mais irresistível com
a minha camiseta.
Provoco-a e ela pega uma das almofadas que fica sobre sua cama e a joga
em minha direção, apenas pego a almofada e sorrio.

— Sobre sua perseguição, eu não reparei, acho que estava muito


concentrada tentando não surtar.

Continua o assunto e desvia os olhos do meu.

— E por que estava surtando?

Ela dá de ombros e fica em pé.

— Porque estava com medo de estar apaixonada sozinha, sentindo coisas


que não deveria. — Ela sorri, um sorriso sem humor. — Eu tenho tendência
de romantizar as situações.

Dakota fica de costas, caminha pelo seu quarto e para de frente para o mural
de fotos que tem pendurado na parede sobre seu mural de fotos. Eu deixo
sua cama, visto minha cueca e minha calça, aproximo-me dela e paro ao seu
lado.

— Você disse que seu ex tinha acusado você de ser romântica.

Ela olha para mim e sorri debochada.

— Você não é o único com uma ex tóxica.

Ergo minhas sobrancelhas e assim como ela, sorrio.

— Vamos fazer uma competição para quem ter o pior ex?

Dakota volta a encarar as fotos na sua frente.

— Você com certeza ganharia, Ryan só terminou comigo e me disse


palavras amargas, sua ex terminou com você por dinheiro, com certeza é
pior.

Eu me viro e apoio meu corpo contra sua mesa de estudo.


— O que aconteceu entre você e seu ex?

Faço a pergunta que ecoa em minha mente desde que Abby o chamou de
idiota e disse que quebrou o seu nariz.

— Ryan e eu nos conhecemos na escola no quinto ano, começamos a


namorar aos quatorze e eu acreditei que seríamos para sempre, assim como
meus pais, porque sou naturalmente romântica, infelizmente amo contos de
fadas e finais felizes.

Ela suspira.

— E um dia antes de ir para Tennessee por causa da faculdade, ele terminou


comigo, disse que era o melhor, porque erámos jovens e precisamos
aproveitar a faculdade por completo, eu tola perguntei o porquê e ele riu e
me disse que era romântica demais, que contos de fadas não existem e era
óbvio que não iriamos ficar juntos para sempre, afinal tínhamos dezoito
anos.

— Ele foi um idiota.

Dakota faz o mesmo que eu e se apoia contra a mesa de estudo

— Ele foi. — Dá de ombros. — Mas passou.

Faço uma careta.

— Foi por isso que ficou com tanto medo de estar apaixonada por mim,
você estava com medo de ser algo unilateral.

— Sim, não queria ser rejeitada de novo. — Ela olha para o lado e me
encara. — Superei Ryan, o que sentia por ele e o que ele me fez passar,
porém eu me recordo da dor que ele me causou, pode parecer bobo, mas
doeu e eu passei uma semana chorando.

— E quando Abby o socou?

Ela ergue suas sobrancelhas.


— Abby não o socou.

— Mas ela disse que quebrou o nariz do idiota do seu ex quando me


ameaçou caso fizesse você sofrer.

Dakota balança sua cabeça e ri.

— Ela mentiu, aposto que estava apenas tentando colocar medo em você,
embora tenha certeza de que Abby seria capaz de quebrar o nariz de um
cara se precisasse.

— Estou decepcionado.

Ela ri e eu faço o mesmo. Sou eu a parar de rir e a voltar ao nosso assunto.

— Aquela festa, o seu término era recente?

Ela assente.

— Fazia quatro semanas e estava tentando provar a mim mesma que era
diferente, não era a garota apaixonada e iludida descrita por Ryan.

— Deve ter sido péssimo o que eu te falei, não é!?

Olha para baixo e encara o chão.

— Sim, porque você usou os mesmos argumentos que Ryan.

Eu me sinto os piores do ser humano.

— Sinto muito.

Aproximo minha mão da sua, seguro-a e traço círculos invisíveis em sua


pele.

— De certo modo, sua reação me ajudou, porque entendi que não poderia
ser desapegada e que sexo casual realmente não era minha praia. — Ela
volta a em encarar. — Eu desisti de sexo casual e decidi focar em encontrar
alguém, durante um ano fui a encontros e tentei encontrar alguém para se
apaixonar.

Imaginá-la com outros caras não é algo saudável e tento não pensar em seus
encontros.

— Por que durante um ano?

— Porque depois de um ano de encontros ruins, desisti de procurar por


alguém e deixei o universo agir.

— E o universo me trouxe até você.

Ela sorri e assente.

— O universo tem maneiras estranhas de agir.

Concordo com ela e fixo meu olhar no seu.

— Se você sempre esteve disposta a se apaixonar, por que você fugiu hoje
pela manhã?

O quarto está totalmente escuro e a única luz entra pela janela, mas é o
suficiente para conseguir enxergá-la. Dakota está relaxada apesar da nossa
conversa e o fato de estar apenas com minha camisa, de pés descalçados e
cabelos soltos a deixam com um aspecto ainda mais despojado . Olho para
ela e vejo uma deusa, a minha deusa.

— Não sei, talvez porque estou apaixonada por você e temos um passado.
— Dá de ombros. — Talvez teria sido assim com qualquer outra pessoa,
porque pensar em se apaixonar e se apaixonar são coisas totalmente
diferentes.

Eu assinto e a puxo em minha direção, Dakota não hesita e se aproxima até


estar à minha frente, para entre minhas pernas e deixo minhas mãos em sua
cintura.

— Há alguma dúvida em seu coração? Você continua com medo de ser


machucada?
Eu farei de tudo para que ela não tenha nenhuma dúvida.

Para que ela saiba que não irei voltar a machucá-la.

— Não, Josh.

Afasto-me da sua mesa de estudo, abaixo meu rosto e meus lábios ficam a
centímetros do seus.

— Se restar qualquer dúvida, eu farei de tudo para a acabar com ela, nem
que precise passar a vida toda dizendo que estou apaixonado por você.

— A vida toda?

Dakota está rindo, mas há um brilho esperançoso em seus olhos.

— Sou intenso, querida, e não sei se te contei, mas também sempre gostei
de contos de fadas.

Minha boca cobre a sua e a levo de volta para cama, dessa vez sou eu no
comando e tento deixar claro em cada toque, em

cada beijo, em cada gesto o quanto estou apaixonado por ela.

Estar com Dakota é incrível, ela é receptiva, ela gosta do mesmo jeito que
eu e há uma paixão entre nós que deixa tudo ainda mais excitante.

Novamente, chegamos ao orgasmo quase ao mesmo tempo e ela se deita


sobre o meu corpo assim que retiro a camisinha e jogo na lixeira que há em
seu quarto. Minha mão desce e sobe pelo seu braço e ela traça círculos
invisíveis em meu peito.

— Precisamos de um banho.

Sorrio ao ouvir suas palavras.

— Isso é um convite?
Ela se afasta, apoia seu corpo em seu braço e seu cabelo cai sobre parte do
seu rosto

— Como eu sou uma pobre universitária e não a filha do governador, meu


banheiro é minúsculo. — Sorri debochada. —

Seremos obrigados a tomarmos banho separados.

Faço uma careta, ela beija meus lábios e pula da cama.

— Se comporte enquanto tomo meu banho.

Ela ri, pega uma toalha que está pendura em um prego atrás da porta e sai
do seu quarto. Fico sozinho e olho ao redor do cômodo. Essa é a minha
chance de bisbilhotar suas coisas.

Levanto-me, visto minha cueca e ligo a luz.

Caminho pelo seu quarto e analiso cada detalhe. O

cômodo é pequeno, possui a cama, um guarda-roupa, mesa de estudo e uma


prateleira de livros. A prateleira de livros que me chama a atenção e vou até
ela, há muitos livros e a maioria são de romance, capas com garotas usando
vestidos de séculos passados e caras de ternos. São romances de época, do
mesmo estilo da peça que iremos protagonizar.

Pego um deles, começo a folhar e ler algumas partes. Um sorriso surge em


meus lábios ao ler uma cena de sexo. Uma descrição de sexo. Quem diria
que Dakota leria algo assim!? Eu achando que seria histórias de romance
inofensivas. Com certeza, iria a provocar a respeito disso, fecho o livro,
mas continuo com ele em mãos.

Volto a andar pelo quarto e minha próxima parada é o seu mural de fotos.
Deixo o livro sobre a mesa de estudos e observo as fotos.

Dakota tem fotos com Abby e Brooke, algumas ela e Abby são apenas
crianças, e há Dakota criança em algumas apresentações de dança, outros
fotos são com um casal, acredito serem seus pais, porém eles são
extremamente diferentes da Dakota.
A porta é aberta, mas sigo encarando as fotos à minha frente, sinto Dakota
se aproximando e ela para ao meu lado.

— Esses são seus pais?

Ela assente.

— Eles são bem diferentes de você.

— Eu sou adotada, Josh.

Abro e fecho minha boca.

— Sinto muito, eu não sabia.

Ela ri e empurra meu ombro com o seu.

— Você está pedindo desculpas por eu ser adotada?

Dakota está me provocando, franzo minha testa e me viro para ela.

— Estou pedindo desculpa pela minha inconveniência.

Apoia a lateral do seu rosto em meu braço e segura sua mão com a minha.

— Não precisa pedir desculpas. — Olha para as fotos. —

Meus pais me adotaram quando tinha quatro anos, eles são incríveis e não
tenho lembranças de antes deles.

— Você sempre soube que era adotada?

— Não, meus pais me contaram quando tinha dez anos. —

Seu tom de voz muda. — E foi a partir daí que criei um certo bloqueio com
apresentações.

— Por isso, você tem fotos em apresentações de dança?


Desvencilha-se de mim e pega uma das fotos. É ela em uma apresentação
de balé.

— Meus pais sempre me amaram, mas quando eles me contaram, eu só


pensava que alguém tinha me abandonado e na minha cabeça infantil, tinha
um motivo. — Suspira e encara foto que tem em mãos. — Minha mente
associou que eu seria descartada outra vez, que iria errar e seria rejeitada,
seja pelos meus colegas, pela professora, ou pelos meus próprios pais.

Dakota coloca a foto no mural novamente.

— Eu fiz terapia e entendo que meu pânico de apresentações está


relacionado com o medo de rejeição, só que é algo quase inconsciente, por
mais que minha razão

compreenda, por mais que ame meus pais e não sinta necessidade de
encontrar meus pais biológicos, alguns vestígios estão aqui. Os machucados
não estão mais sangrando, mas ainda estão cicatrizando.

Ela sorri, não é um sorriso feliz, mas não é triste.

— A rejeição de Ryan e a minha logo em seguida não foram gatilhos?

Morde seu lábio inferior.

— De alguma forma sim, porque machucaram feridas existentes. — Dá um


passo em minha direção e espalma suas mãos em meu peito. — Porém, me
tornaram mais forte.

— Mas fizeram você ter medo de estar apaixonada por mim, fizeram você
fugir.

Tudo podia ser diferente e odeio ter a feito sofrer.

— E você me mostrou que eu estava errada. — Sorri maliciosa. — E você


teve que correr atrás de mim.

Pisca em minha direção, eu ergo minha mão e coloco alguns fios de seu
cabelo para trás da sua orelha.
— Você é incrível, sabia?

— Sabia. — Empurra-me. — E você está fedendo a sexo, vá para o banho,


Josh.

— Ok, ok.

Dakota pega uma toalha em seu guarda-roupa, entrega-me e me explica


qual é a porta do banheiro, em seguida, deixo seu quarto e vou para
banheiro, que realmente é minúsculo.

Após o banho, enrolo a toalha ao redor da minha cintura, pego minha cueca
e volto para o seu quarto. Deparo-me com Dakota sentada em sua cama e
mexendo em seu celular.

— Abby estava perguntando se eu estou bem. — Olha na minha direção


com malícia, eu vou até ela e me deito ao seu lado.

— Hey, você vai molhar a minha cama.

Reviro meus olhos e continuo deitado.

— Estamos namorando a algumas horas e você já irá pegar no meu pé? —


Ela fica vermelha e sorrio com sua reação.

— Adoro quando você cora.

Ela pega seu travesseiro e acerta o meu peito, o que faz com que apenas
sorria ainda mais.

— O que você disse para Abby?

Dá de ombros.

— Que eu estava bem.

— Você falou que estava comigo?

Balança a cabeça negando e sorri maliciosa.


— Não quero contar para nossos amigos que estamos juntos.

Faço uma careta.

— Não quer?

Encara-me divertida.

— Quero ver quanto tempo eles demoram para descobrir que estamos
juntos.

A ideia ecoa em minha mente e gosto da possibilidade de enganar nossos


amigos. Realmente será divertido.

— Então, vamos fingir que não estamos juntos e aguardar eles descobrirem
por conta própria?

Assente.

— Sim, se eles demorarem muito, nós contamos.

— A peça é o prazo final, princesa.

Concorda comigo, então a puxo na minha direção, Dakota não hesita e paira
sobre mim, com suas pernas dobradas e

apoiadas na cama ao lado do meu quadril. Ela está usando uma camisola
com um desenho das princesas da Disney, o que me permiti tocar suas
coxas.

— Acho que o problema não será nossos amigos, acho que o problema será
quanto tempo consigo fingir que não estou loucamente apaixonado por
você.
Dakota

Como Abby me falou que ela e Brooke ficaram na casa dos meninos, Josh
continua aqui, nós pedimos uma pizza, ele coloca sua roupa e vamos para a
sala. Eu ligo a televisão e escolho um programa qualquer para assistimos,
nos sentamos no sofá, eu estou apoiada sobre seu peito e seus dedos
brincam com os meus. É bom estar com ele, Josh é o carinho e a todo
momento ele me toca.

— Quando você se deu conta de que eu não era como sua ex?

Nós já conversamos sobre muitas coisas e ainda falta alguns assuntos para
abordarmos.

— Na aula de teatro quando precisou ler o trecho do roteiro na frente de


todos.

O dia em que eu quase entrei em pânico.

— Eu precisei surtar para você entender que eu não estava fingindo?

Finjo uma falsa indignação e Josh ri.


— Acho que na verdade só precisava de um motivo para parar de evitar e
me aproximar de você. — Ele passa seus dedos entre os meus e une nossas
mãos. — Eu disse a mim mesmo que alguém que reagisse como você
reagiu, não poderia estar fingindo sobre quem era, mas pensando agora,
acho que realmente só estava criando um pretexto para parar de tentar não
gostar de você.

Morde o lóbulo da minha orelha e me encolho. Ele ri e me ajeito no sofá até


conseguir encarar o seu rosto.

— Naquela noite quando perguntei se já tinha tentado ser alguém diferente,


você me respondeu mais do que você imagina, o que você estava querendo
dizer?

— Isso é um interrogatório?

Seus olhos têm um brilho divertido.

— Estou sanando minhas dúvidas.

Ele ri e sobe seus dedos de outra mão pelas minhas costas.

— Porque eu sempre tentei me encaixar para pertencer a algo, à minha


família e à minha escola nova, e quando Laylah me magoou, decidi virar o
idiota sem-coração.

— Sinto muito.

Beija minha testa.

— O importante é que eu sobrevivi.

Pisca para mim e eu faço uma careta.

— Só não precisa ter se tornado um destruidor de corações, né?

Ele ri.
— Realmente, não precisava, mas o importante é que agora não irei destruir
o coração de mais ninguém, só de quem ficar muito chateada por eu estar
namorando.

Pisca mais uma vez e estreito meus olhos em sua direção.

— Josh, seja menos egocêntrico.

— Algumas coisas são impossíveis, princesa.

Eu suspiro de forma dramática e volto a me deitar em seu peito.

— E aquele apartamento? Você já o dividia com os meninos? Quando que


se mudou?

— E o interrogatório continua.

Bato em seu braço.

— Não seja chato e apenas me responda.

— Ok, mandona, Ethan, Aiden e eu dividimos aquele apartamento durante


o primeiro período e no segundo alugamos uma casa, e Dylan passou a
morar com a gente.

— Entendi.

— Posso fazer perguntas, ou esse é um direito exclusivamente seu?

— Josh, vá a merda.

Ele ri e faz a sua pergunta.

— Quando você passou a gostar de festas? Se bem me lembro, você estava


fugindo de uma quando nos conhecemos.

Faço os círculos invisíveis em seu peito.


— Eu não estava fugindo, estava dando um tempo. — Ele ri e eu continuo a
minha explicação. — E confesso que hoje gosto bem mais de estar em
festas do que antes, só foi algo que aprendi a gostar com o tempo, embora
não seja meu programa preferido, às vezes gosto de sair para dançar, beber
e aproveitar com as minhas amigas.

— Entendi. — Segue descendo e subindo seus dedos pelas minhas costas.


— Abby e vocês já se conheciam antes da faculdade?

Pelos próximos minutos conversamos sobre minha amizade com as meninas


e sua com os meninos. Trocamos informações e histórias constrangedoras.
Quando a pizza chega, a colocamos sobre uma mesinha e nos sentamos no
chão, tentamos prestar a atenção no filme que está passando na televisão,
porém falhamos e continuamos conversando.

Mesmo quando terminamos de comer, permanecemos no chão, nós rimos e


nos tocamos mais vezes do que consigo tocar.

É natural, como se toda noite de sábado fizéssemos exatamente isso, não há


nenhuma dúvida, nem um estranhamento.

É uma hora da manhã quando Josh suspira e encara-me com pesar. Ele está
ao meu lado com as costas apoiadas no sofá e braço apoiado em seu joelho.

— Acho melhor eu ir embora se realmente vamos seguir com essa ideia


maluca de enganarmos nossos amigos.

Sorrio maliciosa.

— Melhor mesmo.

Josh ergue suas sobrancelhas.

— Você sabe que será extremamente difícil, não é?

— Não pode ser assim tão difícil, Josh.

...
É difícil para caralho!

Primeiro, assim que Brooke e Abby retornam para casa no domingo, elas
me perguntam o que está acontecendo.

Aparentemente é nítido que estou diferente, sou obrigada a mentir e dizer


que não há nada diferente em mim e que elas estão malucas.

Segundo, converso com Josh por mensagem durante o dia todo, por sorte,
tínhamos o número um do outro por causa do grupo de mensagem do teatro
e mais de uma vez, minhas amigas me flagram sorrindo para o celular e me
provocam querendo saber com quem estou conversando, sou obrigada a
desconversar.

Terceiro, eu escuto minhas amigas falando de Aiden e Ethan, e algumas


vezes quase abro a boca para falar de Josh.

É extremamente difícil manter segredo.

Na terça, eu vou ansiosa para a aula de teatro. Finalmente, iremos nos


encontrar, faz apenas dois dias que estivemos juntos, porém parece fazer
uma eternidade.

Estar apaixonada é uma loucura e uma avalanche de sentimentos.

Entro no auditório e Dayse está no palco enquanto meus colegas estão


sentados nas poltronas.

— Hey, Dakota.

— Hey, professora.

Aceno para ela e procuro por Josh, ele está sentado na primeira fileira e tem
o rosto virado na minha direção. Eu vou até

ele e ocupo a poltrona ao seu lado.

— Hey, princesa.
Inclina-se na minha direção e beija meu rosto. Eu me viro para ele e nossas
bocas quase se tocam.

— Hey, Josh.

Olho em seus olhos e meu coração acelera, anseio por seu toque e por algo
mais dele.

— Bom, iremos começar por vocês dois, Josh e Dakota.

A voz de Dayse nos interrompe, então nós dois rimos e nos afastamos.
Olhamos em frente e encaramos nossa professora.

— Vocês dois podem subir aqui no palco, iremos começar pela cena de
Emma e o duque no dia do noivado.

Nós dois ficamos em pé e vamos para o palco.

Posicionamo-nos conforme as ordens da professora e recitamos os diálogos,


ambos sabemos a maioria das nossas falas e não precisamos ler.

Há uma parceria e uma cumplicidade entre nós e até mesmo quando


estamos atuando, tudo ao nosso redor perde a importância e é como se
fossemos apenas nós dois.

Ao fim somos aplaudidos pela professora, ela está tão animada com a
nossa atuação. Dayse encerra a aula radiante, Josh e eu pegamos nossas
mochilas e um ao lado do outro deixamos o auditório. Nossas mãos se
esbarram quando andamos e sinto todo meu corpo se eletrizar com um
simples toque.

Paramos ao lado da porta um de frente para o outro e Josh apoia seu ombro
contra a parede.

— Você irá almoçar onde?

Mordo meu lábio inferior, eu não contei para ele sobre o lar e pensar em
compartilhar essa informação com ele me deixa nervosa. É algo
extremamente pessoal e íntimo, somente meus pais e minhas amigas sabem
sobre.

— Em um lar de idosos.

Digo de uma vez e ele me encara sem entender.

— Como assim?

Sorrio diante da sua expressão de confusão.

— Um lar de idosos, todas as terças-feiras eu vou até lá e almoço com eles.

— Eu vou com você.

Encaro-o sem reação.

— Como assim vai comigo?

— Preciso conhecer seus amigos, mesmo que eles tenham mais de sessenta
anos.

Reviro meus olhos, mas estou sorrindo. Conforme vamos para o meu carro,
o nervosismo me abandona. Não há motivos para estar nervosa. Enquanto
dirijo até o lar, eu falo para Josh sobre o que ele irá encontrar no lar, sobre
as pessoas, inclusive sobre Phillip.

Nós chegamos, Josh faz um breve cadastro na recepção e vamos para área
de convivência. Nós caminhamos de mãos dadas e é assim que entramos no
cômodo, somos recebidos por olhares curiosos. Cumprimentamos alguns
moradores do lar e os apresento a Josh, eu o apresento como meu namorado
e isso me deixa contente.

Josh sorri e claro conquista a maioria das senhoras. Deixo Phillip por último
propositalmente. Ele está sentado em uma poltrona lendo um livro, aposto
que ele está fingindo o desinteresse. Josh e eu puxamos duas cadeiras e nos
sentamos
de frente para Phillip, ele olha para nós dois, suspira e deixa seu livro sobre
suas pernas.

— Bom dia, Phillip.

Sorrio animada e ele apenas curva seus lábios em uma linha fina.

— Bom dia, Dakota.

Ele olha para o cara ao meu lado e estreita seus olhos.

— Esse é o seu idiota?

Josh ri e eu encaro Phillip indignada. Eu estava esperando o surpreender.

— Como você sabe?

Vira-se para mim e me encara presunçosamente.

— Seria uma questão de tempo até você aparecer com ele aqui. — Dá de
ombros. — Eu falei que ele estava apaixonado por você.

Nós três rimos e Phillip nos faz explicar como assumimos que estamos
apaixonados, Josh e eu fazemos um resumo e omitimos certas partes.
Quando os funcionários avisam que o almoço está pronto, seguimos para o
refeitório e nos sentamos ao redor de uma mesa, continuamos conversando,
e logo Phillip e

Josh se tornam melhores amigos assim que o Phillip revela que é um


jogador de futebol americano aposentado.

Após o almoço, nos despedimos de Phillip e do restante do pessoal, e de


mãos dadas, seguimos para meu carro. Eu dirijo de volta para o campus e
Josh vai me provocando sobre o fato de desabafar sobre ele para um senhor
de setenta anos. Ele nunca mais esquecerá isso.

Assim que paro no estacionamento do prédio de artes cênicas onde Josh


deixou seu carro, soltamos nossos cintos e nos inclinamos um na direção do
outro. Sua mão se infiltra por entre os fios do meu cabelo e sua boca cobre a
minha.

Caralho, eu precisava desse beijo.

Rápido demais ele se afasta e protesto, Josh ri.

— Eu preciso ir. — Olha em meus olhos, segura meu rosto entre suas mãos,
então morde meu lábio inferior e se afasta. —

Até mais tarde, princesa.

— Até mais tarde, Josh.

Ele deixa meu carro, apoio minha cabeça contra o bando e suspiro. Quantas
horas falta até o nosso próximo encontro?

Eu vou para a aula, porém a única coisa que consigo pensar é quanto tempo
falta para nos vermos mais uma vez.

Estou tão ansiosa que passo boa parte do tempo batendo com minha caneta
sobre meu caderno e conferindo o horário em meu celular.

Ao fim da tarde, assim que minha aula termina, pego minhas coisas e
apressada sigo para o prédio de artes cênicas.

Mesmo sabendo que demorará alguns minutos para Josh chegar.

Eu me sento no palco com as costas apoiadas na parede, como estou muito


tensa, não pego meu livro, porém os minutos parecem se arrastar. Inquieta
pego o livro na mochila e tento me distrair com a leitura. E eu consigo tanto
que não escuto a porta sendo aberta, só noto que Josh chegou quando sua
voz ecoa pelo auditório.

— É um dos seus livros pornográficos?

Coloco o livro ao meu lado e fico em pé.

— Meus livros não são pornográficos.


Ele ri, joga a mochila sobre uma das poltronas e pula até estar sobre o
palco.

— Não foi isso que descobri quando li uma parte de um deles.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Quando você leu meus livros?

— Enquanto, você tomava banho no sábado.

— Isso é invasão de privacidade.

Ele ri e se aproxima.

— Desculpe, mas estava curioso sobre o que você tanto lê.

Assim que está perto o suficiente, traz suas mãos até minha cintura e me
puxa em sua direção. Espalmo minhas mãos em seu peito e como
acontecesse toda vez que estamos juntos, cada célula em meu corpo
desperta e juro que o ar ao nosso redor muda. Esqueço-me completamente
sobre o que estávamos conversando.

Seus olhos passeiam pelo meu rosto e os fixa em meus lábios.

— Eu acho que está no momento de treinarmos o beijo final.

Minha respiração falha e uma onda de antecipação percorre pelo meu


sistema nervoso.

— Você acha?

Sussurro, Josh diminui a distância entre nós e seus lábios praticamente


encostam nos meus.

— Eu tenho certeza.

Sua boca cobre a minha, fecho meus olhos e levo minhas mãos até seu
pescoço. Ele desce suas mãos e toca minhas coxas. Nunca fui tão feliz por
ter escolhido vir de vestido para universidade.

Ele continua com seus lábios nos meus quando me impulsiona para cima e
enrolo minhas pernas ao redor da sua cintura. Josh me leva até a mesa que
há no canto no palco e me coloca sentada sobre ela, ele afasta sua boca da
minha e desce beijos pelo meu pescoço.

Apoio minha mão na madeira e me inclino para o lado, facilitando seu


acesso à minha pele. Seus dedos tocam minha coxa e empurram meu
vestido para cima. O fato de podermos ser pegos por alguém me excita e
não paro quando aproxima seus dedos da minha calcinha, pelo contrário
abro ainda mais minhas pernas.

— Porra, Dakota.

Sigo de olhos fechados e levo minha mão livre até sua cabeça. Ele empurra
minha calcinha para o lado e seus dedos me encontram molhada.

— Você está tão molhada, princesa.

Um de seus dedos brinca com meu clitóris e inclino meu corpo na sua
direção.

— Me faça gozar em seus dedos, Josh.

Choramingo.

— Seu pedido é uma ordem.

Seus dedos entram em mim e um gemido escapa dos meus lábios. Josh me
fode com seus dedos, sua boca volta a cobrir a minha e ele sufoca os sons
que deixam minha boca enquanto gozo em seus dedos.

O prazer e a plenitude dominam meu corpo, apoio minha testa em seu


ombro enquanto as explosões em meu interior cessam. Josh retira seus
dedos dentro de mim, coloca minha calcinha no lugar e posso o escutar
chupando seus dedos.
Ao abrir meus olhos, me deparo com a minha correntinha ao redor do seu
pescoço.

— Quando você irá devolver a minha correntinha?

— Eu não vou, ela é minha agora, assim como você.

Josh

— Realmente acho que vocês combinam. — Continuo encarando a garrafa


de cerveja que tenho em mãos. O que acontece se eu matar meu melhor
amigo? — Dylan e Dakota, não seriam perfeitos um para o outro,
bonitinha?

Quem precisa de um melhor amigo? Ergo meu olhar e encaro Abby e


Brooke que estão à minha frente. Estamos todos na cozinha, porque Brooke
e Abby decidiram que iriam preparar um jantar e chamaram Dakota, agora
as três meninas estão em pé cozinhado enquanto estamos sentados e
bebendo cerveja.

Faz duas semanas que Dakota e eu estamos juntos e consequentemente duas


semanas que estamos fingindo para nossos amigos que não temos nada um
com o outro. E até então tinha sido péssimo, mas suportável, porque não
tínhamos nos reunido com eles, entretanto agora nesse momento está
insuportável. Estamos os sete reunidos e preciso me controlar para não ficar
encarando Dakota, além disso não posso tocá-la e para piorar, agora Ethan
está dizendo que a minha namorada combina com Dylan.

Eles estão insistindo nesse assunto outra vez para meu desespero. Esse
jantar foi uma péssima ideia.

— Vamos marcar um encontro, Dakota, o que acha?

Viro-me para Dylan e o encaro com uma vontade imensa de mandá-lo calar
a boca.

— Nós não daríamos certos, Dylan.

Dakota para meu alívio recusa o convite do meu amigo que segue rindo. Ele
não parece muito preocupado com sua negativa.

— Vocês são perfeitos um para o outro.

Brooke os incentiva. Meu Deus, eu não vou ter paz hoje?

— Poderíamos sair em casal.

Aiden que está ao meu lado comenta. Realmente, não terei paz hoje. Eu
olho em frente, encaro Dakota e bebo minha cerveja.

Ela está usando um short curto, um moletom, está de chinelos, sem


maquiagem nenhuma e cabelo preso em um rabo de cavalo.

Ela está linda e para piorar, minha situação está sorrindo.

Caralho, era para ser uma brincadeira com nossos amigos, não uma tortura
para mim.

— Aproveite que Dylan foi eleito o melhor entre nós. —

Ethan continua oferecendo Dylan a Dakota. — Ou é ele, ou é Josh.


Meu nome é dito com deboche. Olho para meu melhor amigo que está ao
lado de Aiden e ergo meu dedo do meio em sua direção.

— Eu sou um ótimo partido.

— Você quebrou os corações da metade das meninas dessa universidade,


Josh.

Aiden me acusa e respiro fundo. Tudo bem, já entendi que estou pagando
todos meus pecados nessa noite.

— A metade dos corações da universidade?

Dakota pergunta curiosa. Olho na sua direção e dou de ombros. Foi antes
dela e ela sabe que eu estava tentando consertar o meu próprio coração.

— Nosso amigo aqui foi eleito o maior cafajeste da faculdade.

Aiden bate em minhas costas e faço uma careta. Eu não posso nem me
defender, porque minha fama de cafajeste sempre foi algo que me
vangloriei.

Esse dia só piora.

— É, mas existe um boato que ele brochou com uma garota.

A voz de Dylan ecoa pela cozinha e todos ficam em silêncio. Merda!


Sempre tem como uma situação ficar pior. Meus amigos e as namoradas
deles olham em minha direção e eu olho para Dakota, ela dá de ombros e
me encara como se fosse inocente.

— Isso é mentira, invenção de uma garota.

— Por que ela inventaria algo assim?

Dakota tem a coragem de perguntar. Agora estamos provocando um ao


outro?

— Garotas apaixonadas tomam atitudes extremas.


Sorrio malicioso, essa parte é divertida, porque nossos amigos estão
pensando que estamos apenas brigando.

— Josh, você às vezes é tão idiota.

Dakota estreita seus olhos e dou de ombros.

— Faz parte de quem eu sou.

Há um duplo sentido nas frases ditas por nós dois e é divertido saber que
somente nós dois sabemos exatamente o que está acontecendo. Ainda estou
a encarando quando Dylan fica em pé, dá a volta ao redor da ilha e se
aproxima de Dakota.

— Entre Josh e eu, acho melhor você ficar comigo, hein?

Ele passa seu braço pelos ombros de Dakota e a abraça.

Ele está tocando a minha garota.

— Vou pensar no seu caso.

Ela tem a coragem de o responder. Ah, Dakota...você que me aguarde.

— Você está bem, Josh? Você está um pouco vermelho.

Olho para Dylan e sorrio.

— Estou ótimo.

— Que bom.

Meu amigo pisca em minha direção e tudo que continuo pensando é que ele
continua abraçado a Dakota. Antes que eu cometa um assassinato, Dakota
se desvencilha de Dylan, que volta para seu lugar.

Bebo o restante da cerveja que há em minha garrafa e volto a respirar.


As meninas terminam de preparar o jantar e assim que tudo está pronto,
levamos as travessas para a mesa do quiosque e jantamos no jardim. Nossas
risadas ecoam pelo espaço aberto e aproveitamos o tempo um com o outro.
Apesar de apenas Aiden e Ethan compartilharem o mesmo sangue, somos
uma família.

Mesmo depois de jantarmos, permanecemos ao redor da mesa bebendo.


Meu olhar sempre procura por Dakota e quando ela fica em pé, um alarme
soa em minha mente. Ela deixa a mesa e segue para dentro de casa. Minutos
depois, faço o mesmo e a sigo. Dakota está na cozinha pegando algo na
geladeira, porém desiste ao perceber a minha presença. Trocamos um olhar
e faço um gesto para ela me seguir.

Estamos no corredor ao lado da sala, então me viro, seguro sua mão com a
minha e puxo para o banheiro. Assim que entramos, fecho a porta, ergo
minha mão e seguro seu rabo de cavalo.

— Vou pensar no seu caso.

Repito com desdém a frase que ela disse para Dylan.

— Apenas uma brincadeira, querido.

Dakota sorri e seus olhos brilham maliciosos. Puxo seu cabelo para o lado e
ela inclina seu pescoço, então abaixo meu rosto e passo minha língua pela
sua pele.

— Não gostei dessa sua brincadeira.

Dakota suspira, dá um passo para trás e apoia sua bunda contra o balcão da
pia, então ergo meu rosto e minha boca encontra a sua. Beijo com furor e só
me afasto quando espalma suas mãos em meu peito.

— Não precisa ficar com ciúmes, Josh, eu sou só sua.

Abro meus olhos e encontro os seus. Dakota me empurra até que eu tenho
as costas contra a parede, então se abaixa e fica de joelhos à minha frente.

— Só sua.
Repete enquanto abaixa minha calça e cueca.

— Caralho, princesa.

Ela mantém o olhar em meu rosto enquanto toca-me e aproxima sua boca
da minha ereção. Perco a noção de tudo quando me toma em sua boca,
esqueço que nossos amigos estão no jardim, que estamos no banheiro da
minha casa e que sequer fechei a porta.

Dakota me leva ao mais profundo que consegue, eu enrolo meus dedos ao


redor dos fios do seu cabelo, apoio minha cabeça contra a parede e gemidos
escapam dos meus lábios.

Ondas de excitação percorrem meu corpo e me concentro apenas na


sensação de ter a sua boca em volta de mim. Ela continua até que não
consigo mais segurar e gozo, ela engole tudo, então sobe minha cueca e
calça e se afasta.

Quando abro meus olhos, ela está à minha frente com o rosto vermelho e os
olhos brilhando.

— Não importa como, mas essa noite não termina aqui, Dakota.

Ela sorri e volta a espalmar as mãos em meu peito.

— Pode apostar que não termina aqui.

Beija meus lábios e antes que possa aprofundar o beijo, dá um passo para
trás.

— Vamos voltar que já demoramos demais aqui.

Assinto e aponto para seu cabelo.

— É melhor arrumar seu cabelo.

Dakota se vira e arruma se cabelo enquanto encara o espelho. Eu aproveito


sua posição para olhar para sua bunda.
Não importa como, ou que faremos, mas essa noite ela ficará comigo.

Como estamos nessa idiotice de enganarmos nossos amigos, só dormimos


juntos quando Brooke e Abby estão com Aiden e Ethan, então eu vou até
sua casa e compartilhamos sua estreita cama de solteiro. Nossa sorte é que
Abby e Brooke passam muitas noites com meus amigos.

Dakota arruma seu cabelo e deixa o banheiro, eu demoro mais alguns


segundos para ninguém desconfiar. E logo que cruzo do corredor para sala,
deparo-me com Dylan apoiado na lareira e com Dakota à sua frente. Ela
olha para mim e sorri debochada.

— Ele acabou de descobrir nosso segredo.

Viro-me para Dylan.

— Vocês são péssimos mentirosos e você é muito ciumento.

Dou de ombros.

— Nunca mais abrace a minha garota.

Ergue suas mãos para o alto e sorri.

— Ok, ok.

Sorrio satisfeito e ele abaixa suas mãos.

— Vocês são péssimos mentirosos, não sei como ninguém ainda


desconfiou.

Dakota aponta em sua direção.

— Não conte para ninguém.

Ele assente.

— Pode deixar.
Dylan caminha em nossa direção e voltamos os três para o jardim.
Aparentemente ninguém desconfiou do nosso sumiço.

Ficamos o restante da noite com nossos amigos e para nossa sorte, Dakota
volta sozinha para casa, então minutos depois sigo para o meu carro e dirijo
para seu apartamento.

...

Entrar em um jogo sabendo que sua garota está assistindo é diferente, é


mais emocionante e sinto uma vontade ainda maior de vencer. Quero que
ela sinta orgulho de quem eu sou e do que eu faço. Talvez seja algo
totalmente idiota, mas estar apaixonado faz com que tenhamos ações e
gestos inexplicáveis.

Sigo pelo campo até meu lugar e a maioria dos presentes no estádio chama
pelo meu nome. Adrenalina percorre meu corpo e ocupo meu espaço de
frente para o rebatedor do time adversário e para o meu receptor. Meus
colegas de time, os outros oito, também se posicionam e ficamos nove
contra um.

O jogo é contra os Bulldogs, time da Universidade da Geórgia, e inicia a


temporada de fato. Começar ganhando será a motivação que precisamos.

Eu preciso ganhar, por mim, pelo meu time e por Dakota.

Coloco minhas luvas e arremesso cada bola como se fosse a última bola da
minha vida. E consigo eliminar dois rebatedores em sequência, o terceiro
consegue avançar uma base, porém não deixo que o time adversário
conquiste a segunda base.

Comemoro a vitória do primeiro turno e ao deixar o campo, olho pelo


estádio à procura de Dakota, claramente não a encontro, porque as luzes
estão fortes demais e há muitas pessoas.

Perdemos o segundo turno, porque o arremessador dele é quase tão bom


quanto eu. Eu volto para o jogo no terceiro turno e vencemos. No quarto,
sento-me novamente no banco e assisto nossos rebatedores tentarem
conquistar as bases e mais um ponto.

Vencemos o quarto, o quinto perdemos, porém o sexto e sétimo ganhamos e


garantimos a nossa vitória. Estamos em êxtase, comemoramos com nossa
torcida e gritando vamos para o vestiário.

Enquanto estamos no vestiário, o caos é garantido, gritamos, cantamos e


pulamos nos bancos. Depois de finalmente tomar um banho, marco de
encontrar com os caras no Crimson Giants e vou para o estacionamento.

Estou sorrindo e meu sorriso amplia ainda mais quando me deparo com
Dakota, Abby, Ethan e Dylan em frente ao meu carro, porém é em Dakota
que fixo meu olhar.

Ignorando totalmente nossos amigos e o fato de não saberem sobre nós


dois, Dakota corre em minha direção e se joga em meus braços, eu a seguro
enquanto ela enrola suas pernas ao redor da minha cintura. Ela apoia sua
testa na minha e nós dois sorrimos.

— Parabéns, capitão.

— Obrigado, princesa.

Sua boca cobre a minha e nos perdemos em um beijo apaixonado. Um beijo


seu era tudo que faltava para a noite ficar perfeita.

— Oh, meu Deus!

Nós separamos e rimos ao ouvir a voz de Abby.

— Vocês estão juntos?

Ethan parece tão incrédulo quanto a namorada. Dakota se desvencilha de


mim, coloca seus pés no chão e se vira para nossos amigos, eu passo meu
braço pela cintura e abraço enquanto apoia suas costas em meu peito.

— Faz quase três semanas.


Dakota revela para nossos amigos que seguem nos encarando surpresos.

— E você estavam nos enganando?

Ethan parece realmente chateado, olho para meu melhor amigo e sorrio.

— Não leve para o pessoal, o único que sabe é Dylan, porque ele descobriu
antes de vocês.

— Não sei como eles te enganaram, porque eles são péssimos em disfarçar.

Dylan os provoca e Abby revira seus olhos.

— Eu merecia mais respeito, Dakota, sou sua melhor amiga há anos.

Dakota se desvencilha de mim, vai até a miga e abraça.

— Foi apenas uma brincadeira.

Abby e Ethan continuam resmungando, inclusive enquanto vamos para o


bar. Eles vieram com Aiden, mas como Brooke passou mal, eles foram
embora.

Terminamos à noite de quarta-feira em um bar e Dakota e eu não


conseguimos esconder que estamos juntos, não mais.
Dakota

Pela primeira vez em quase três semanas, acordo na cama de Josh, abro
meus olhos e ele me aperta ainda mais contra seu corpo, ergo meu rosto e o
encontro com olhos abertos.

— Bom dia, princesa.

— Bom dia.

Volto a me deitar em seu peito e ficamos em silêncio enquanto sobe e desce


suas mãos pelas minhas costas.

— Finalmente, todos sabem sobre nós.

Sorrio diante da sua animação.

— Nem todos, falta Aiden e Brooke.

— Depois de ontem? Eu te beijei naquele bar e metade da universidade


estava presente, com certeza seremos a fofoca em todo o campus.

— Eu sou quase namorada de uma pessoa famosa.


Beija o topo da minha cabeça.

— Quase isso, princesa.

Nós voltamos a ficar em silêncio e dessa vez, só o interrompemos quando o


meu celular desperta. Josh suspira e eu o desligo.

— Falta muito para as férias?

Resmunga, eu me desvencilho dele e me sento.

— Não muito, algumas semanas, quatro para ser mais exata.

Ele faz uma careta.

— Não sei se eu fico feliz pelas férias, ou triste pelas provas que estão se
aproximando.

Ergo minhas mãos e tento fazer um coque, mas meu cabelo está todo
embaraçado.

— Eu preciso de um banho.

Sorri malicioso.

— Banho?

— Banho.

Concordo com ele, então Josh dá um pulo da cama, pega-me em seus


braços e me carrega para o banheiro. Não é um simples banho, nada quando
estamos juntos é simples. Josh sabe exatamente onde me tocar, seus beijos
são o suficiente para me fazer desejar mais e nosso encaixe é perfeito.

Demoramos um tempo sob o chuveiro e quando saímos, estamos atrasados,


como preciso passar em meu apartamento antes de ir para o campus, não
conseguirei chegar a tempo da minha primeira aula.

Olho para Josh enquanto nos vestimos e faço uma careta.


— Você é uma péssima influência, eu nunca faltei um dia de aula antes.

Ele coloca uma das suas calças jeans e me encara sem nenhuma culpa.

— Eu não estou nem um pouco arrependido.

Balanço a cabeça, porém também não estou arrependida.

Nós terminamos de nos vestir e saímos do seu quarto, então encontramos


Ethan e Abby na cozinha e tomamos café com o casal, ficamos um tempo
com nossos amigos sendo interrogados sobre nosso relacionamento, em
seguida deixamos sua casa e Josh dirige até meu apartamento para que eu
possa trocar de roupa.

Josh me espera no carro enquanto eu troco de roupa, esbarro com Aiden e


Brooke, minha amiga continua enjoada e nenhum deles menciona Josh e eu,
acho que ainda não ficaram sabendo da fofoca.

Eu desejo melhoras para Brooke, peço para que ela me ligue caso precise de
algo e volto para o carro de Josh, ele dirige para o prédio de artes cênicas e
vamos para a aula de teatro.

Nossa aula se resume em ensaiar a peça e a tirar nossas medidas para os


figurinos. Dayse nos mostra os desenhos das roupas e estão incríveis. Estou
começando a ficar empolgada, principalmente, porque não me sinto mais
sozinha, não tenho mais medo, pois Josh está comigo. Ele é a minha
âncora, é nele que mantenho meus olhos.

Nossa química no palco é incrível e a cena da dança no baile está de


arrepiar.

Nós almoçamos juntos e como minha aula da tarde é cancelada, eu vou com
ele para o seu treino, sento-me na arquibancada e leio meu livro enquanto
ele treina.

Ele segue para o vestiário assim que o seu treinador encerra o treino e eu
fico o esperando. Josh não demora a me encontrar com cabelo molhado e
cheirando a sabonete, então guardo meu livro e fico em pé, ele passa seu
braço pelos meus ombros e beija a lateral da minha cabeça.

— O que você achou do treino?

— Sendo sincera, eu estava mais interessada no meu livro.

Nós dois rimos e seguimos para a saída do estádio. Alguns dos seus colegas
de time passam por nós dois e provocam Josh por ele estar namorando, ele
apenas dá de ombros e vamos para seu carro.

— Agora que estamos juntos, todos irão saber que seu boato sobre eu ter
brochado era falso.

Ele me provoca enquanto liga o carro e o encaro com falso desdém.

— Você está realmente preocupado com isso?

Josh balança a cabeça e nega.

— Não mais.

Sorrio satisfeita e olho em frente.

— Acho bom.

Josh dirige para o prédio de artes cênicas e vamos conversando sobre como
o beisebol é importante para ele. O

quanto representou em sua vida entrar para o time, ele me conta que até
tentou jogar futebol americano, mas odiava o treinador.

Assim que entramos no auditório, vamos para o palco e ficamos um de


frente para o outro.

— Sabe o que eu mais gosto nessa peça?

Ergo minhas sobrancelhas.


— O quê?

— O fato de ela ter tudo a ver com a gente.

Encaro-o sem entender.

— Como assim?

Ele ri e caminha ao redor de mim de um lado para o outro.

— Emma assim como você, é mais tímida, doce, tem esse ar de princesa em
torno de si, é decidida, apesar de delicada, tem respostas afiadas e não
abaixa a cabeça para ninguém.

Ele tem razão.

— E o duque é como você, já teve seu coração partido e se mantém


distante, fingindo ser um cafajeste e um libertino, aparenta para todos a
arrogância quando na verdade tem um coração de ouro. — Josh assente. —
A história do duque e de Emma só é tão bonita e intensa, porque ele tem um
passado.

Josh me encara pensativo.

— Você está falando que se não tivesse um passado, eu não teria me


apaixonado por você?

Dou de ombros, assim como ele começo a caminhar em círculos e


continuamos nos encarando.

— Estou falando que não seria tão especial, não iriamos valorizar tanto o
que sentimos. Tudo o que vivemos nos trouxe até aqui.

Josh assente, para e me estende a sua mão. Coloco meus dedos sobre os
seus e ele me puxa para perto.

— Sorte a minha que encontrei você, princesa.


Josh e eu nos posicionamos na posição da dança do baile e mesmo sem
música, começamos a dançar. Seu olhar segue fixo no meu e criamos nosso
próprio ritmo.

Ele ergue nossas mãos, eu giro e quando volto ao meu lugar, meu olhar
encontra o seu e nós dois começamos a rir, nossas risadas ecoam pelo
auditório.

Estar com Josh é fácil, é natural, meu coração segue acelerando quando ele
está com perto, mas também se tranquiliza, se acalma, encontro nele tudo
que preciso.

Eu o amo.

Apesar de chegar a essa conclusão, mantenho as palavras só para mim, pelo


menos por enquanto. Direi que o amo no momento certo.

...

Pelas próximas duas semanas, as palavras continuam sendo só minhas, não


porque tenho medo, ou receio de que ele não sinta o mesmo que eu, porém
quero que seja especial.

São duas semanas turbulentas e repletas de acontecimentos, primeiro, Aiden


e Brooke descobrem que serão pais e surtam, nós como bons amigos, os
apoiamos. Em seguida, há um jogo de beisebol na quarta e perdemos, o que
deixa Josh

de mau humor, é na quarta-feira e no dia seguinte, na quinta de ação de


graça, tentamos o animar com um almoço, ele até se distrai, mas na sexta-
feira, volta a choramingar como um bebê.

Deus, ser namorada de um atleta não é fácil.

Seu humor só melhora na sexta à noite, porque vamos para uma festa e
transamos no banheiro. Apesar da sua melhora, não acho que dizer que o
amo enquanto fazemos sexo em um banheiro alheio seja algo especial, nem
no dia seguinte quando acordamos de ressaca.
No sábado Brooke e Aiden, que estavam na casa dos pais, retornam e nos
mostram a primeira ultrassonografia do bebê. E

descobrimos que eles ainda não sabem sobre nós, então decidimos
continuar os enganando, inclusive Ethan, Abby, Dylan, Josh e eu apostamos
quanto tempo eles irão demorar para descobrir.

Os ensaios da peça continuam e estamos cada vez melhores, Dayse


descobriu que somos um casal e está radiante, segundo ela, somos perfeitos
juntos. Eu não discordo. O dia do festival de talentos se aproxima e apesar
de começar a ficar ansiosa, não estou com medo, tenho certeza de que tudo
dará certo.

E na quinta-feira da segunda semana, Brooke descobre sobre nós dois, quer


dizer ela pega Josh em nosso apartamento, então digo que estamos juntos,
porém omito a parte de que todos já sabem, porque se ela souber que todos
sabem, com certeza irá contar para Aiden. A intenção é surpreender o
jogador de hóquei de alguma forma, porém vamos ver o jogo de hóquei
pela noite e Aiden e Brooke protagonizam uma cena muito fofa, o que faz
com que todos os casais presentes se beijem, é claro que Josh e eu não
somos uma exceção. Foda-se, não conseguimos mais nos manter longe um
do outro.

Nós vamos para o bar comemorar a vitória do time de hóquei e não nos
mantemos afastados, assim que Aiden percebe que estamos abraçados,
encara-nos perplexo. Ele é quem ficou mais surpreso dos nossos amigos por
estarmos juntos. Nós sete escolhemos uma mesa e revelamos para Aiden e
Brooke que todos, com exceção deles, sabiam sobre nós, Brooke me acusa
de ser uma falsa por não ter contado toda a verdade pela tarde.

Enquanto bebemos, continuamos provocando um ao outro e o próximo alvo


é Dylan, o único solteiro entre nós. Ele está bêbado e deixa escapar a
informação de que é virgem. Todos ficamos em choque, com exceção de
Ethan que já sabia da

informação, perguntamos se é alguma promessa e ele nega, apenas diz que


não quer se envolver com ninguém, porém há uma sombra em seu olhar. O
que Dylan esconde?
Nosso próximo tópico, após conseguirmos superar o fato de Dylan ser
virgem, é Aiden e Brooke sendo pais e a mudança deles, os dois estão
procurando um apartamento para morarem juntos. É surreal pensar que
daqui a alguns meses haverá uma criança entre nós, é difícil de imaginar a
cena, porém há alguns dias seria impossível imaginar Brooke bebendo suco
ao invés de álcool, quem diria?

Josh e eu nos divertimos com nossos amigos e terminamos nossa noite em


seu quarto. Assim que ele fecha a porta, cobre minha boca com a sua e nos
beijamos com desespero. Sempre estamos desesperados um pelo outro.

Afasta seus lábios dos meus, mas suas mãos seguem em minha cintura e dá
passos em frente me obrigando a ir para trás.

— Finalmente, todos sabem sobre nós dois.

Suspira aliviado, eu sorrio e puxo seu moletom para cima.

— Aposto que sentirá falta do nosso joguinho.

Apesar de tudo, foi divertido fingirmos que não estávamos juntos, existe
algo sensual em manter segredos. Jogo seu moletom para longe e seu olhar
volta a encontrar o meu.

— Talvez, mas saber que poderei beijar e tocar você em qualquer momento
compensa qualquer joguinho.

Sobe suas mãos pelo meu corpo e é a sua vez de tirar o moletom do meu
corpo. Nós dois não falamos mais nada e nos concentramos em tirar as
roupas um do outro.

Assim que estamos ambos nus, Josh me vira e fico com as costas apoiadas
em seu peito, então suas mãos apalpam meus seios, passeiam pela minha
barriga, entre minhas pernas até que seus dedos adentram meu corpo.
Gemidos escapam dos meus lábios e fecho meus olhos.

E quando estou quase me desfazendo, ele para. Protesto e Josh afasta os


meus cabelos para o lado e aproxima sua boca da minha orelha.
— Só vai gozar quando eu quiser.

Sua voz rouca e carregada de promessas me deixa ainda mais excitada. Josh
dá passos em frente e me empurra até a cama, então fico de joelhos sobre o
colchão e ele continua em pé

colocando a camisinha. Vibro de excitação e ansiedade. E quando estamos


protegidos, sua mão toca minha bunda, minha barriga, ajeita-me até estar na
posição em que ele quer e segura meu cabelo enquanto se guia para dentro
de mim.

Nós dois gememos quando me preenche completamente, cada investida sua


e seguida de um tapa na lateral da minha coxa e as sensações crescem
abaixo do meu ventre, contraio os músculos do meio das minhas pernas e
me concentro ao máximo no prazer que domina as células do meu corpo e
da minha alma.

Seguro o lençol abaixo de mim com força e quando Josh traz seus dedos até
meu clitóris e o apertam, me desfaço e explosões acontecem em meu
interior.

Nada mais importa, nem Josh ainda investindo contra meu corpo, nem suas
mãos que continuam me tocando, nem quando atinge seu próprio orgasmo.

Estou exausta, então assim que ele beija minhas costas e se afasta, eu me
jogo completamente na cama exausta e puxo um travesseiro e adormeço.

Não faz muito que estou dormindo quando acordo com o som do celular
tocando, é o de Josh. Sigo de olhos fechados, ele

atende e conversa com alguém, ele troca breves palavras e as últimas me


fazem abrir os olhos.

— Obrigado, Gavin, daqui a duas horas eu estou aí.

Josh encerra a chamada, senta-se na cama com os pés no chão, curva-se


para frente e olha para baixo. Ele não parece bem.

— Aconteceu algo, Josh?


— Minha mãe morreu.

Josh

Uma parte em mim sempre soube que poderia receber uma ligação de
Gavin dizendo que minha mãe tinha morrido de overdose, porém não
esperava que fosse hoje, no meio da madrugada, depois de uma noite
incrível.

Dakota fica de joelhos na cama e paira logo atrás das minhas costas, ela
toca meu ombro e continuo encarando o chão tentando entender o que estou
sentindo.

— Eu sinto muito.

Suas palavras ecoam pelo quarto e pelo meu coração. Ela sente muito e eu o
que sinto? Não sei, há apenas um vazio em meu peito e uma sensação
distante de perda. Dakota se senta ao meu lado e ficamos em silêncio pelo
que parece uma eternidade.

— O que você irá fazer?

Ela finalmente me pergunta e pisco algumas vezes. Eu preciso fazer algo.

— O plano de saúde irá cobrir e fornecer o enterro e sepultamento. — Passo


as mãos pelo meu cabelo. — Eu preciso ir para Birmingham.

Dakota toca meu braço.

— Ok, eu vou com você. — Assinto, mas nem sei se realmente sei com o
que estou concordando. — Josh, você está bem?

Eu olho para o lado e a encaro.

— Não sei. — Digo a verdade. — Não sei o que sentir, não sei o que
deveria estar sentindo.

Dakota fica em pé e me estende sua mão.


— Vamos para o banho.

Coloco minha mão sobre a sua, ela me puxa e me levanto, Dakota me guia
para o banheiro, como nenhum de nós está vestindo algo, vamos direto para
debaixo do chuveiro. Nós tomamos nosso banho em silêncio. Não consigo
parar de pensar.

Minha mãe morreu. Nós nunca tivemos uma relação de mãe e filho, mas era
a minha mãe.

Dakota e eu deixamos o chuveiro depois de alguns minutos, pegamos as


toalhas e nos secamos. Com os tecidos

enrolados ao redor dos nossos corpos, voltamos para o quarto.

Ela veste a roupa que estava usando e eu escolho uma calça, cueca,
camiseta e moletom em meu guarda-roupa.

Não sinto vontade de chorar, mas lamento sua morte e o fato de nunca ter
tido uma vida realmente. Eu queria que tudo fosse diferente, mas não foi.
Infelizmente esse é o seu final e o nosso final.

— Josh. — Olho para Dakota, ela está vestida e segura a maçaneta da porta.
— Eu vou avisar os meninos.

Respiro fundo e balanço minha cabeça.

— Não precisa.

— Eles são sua família e irão querer estar lá com você.

Não espera por minha resposta, vira-se e deixa meu quarto. Dakota está
certa, eles são minha família e quero eles comigo. Enquanto a espero voltar,
arrumo uma mochila com algumas peças de roupa e me sento na beirada da
cama para colocar meus tênis.

Respiro fundo várias vezes e consigo colocar meus pensamentos em ordem.


Está tudo bem em estar sentindo o que estou sentindo. Está tudo bem não
ter lágrimas escorrendo pelo
meu rosto, nem meu coração despedaçado, estou triste e lamento, e adoraria
que tudo fosse diferente, mas não posso sentir muito mais que isso por
alguém que nunca foi mais do que um zumbi.

Dakota volta para o quarto e para no batente da porta.

— Preciso passar em meu apartamento para pegar algumas roupas. —


Assinto. — Aiden e Brooke irão com a gente, Dylan e Abby com Ethan,
então buscamos minhas coisas e as de Brooke enquanto Aiden e Brooke se
organizam, na volta passamos e pegamos eles.

Mais uma vez, assinto e fico em pé. Pego minha mochila, deixo-a em meu
ombro e caminho na sua direção. Paro a sua frente e entrelaço nossas mãos.

— Obrigado.

Trocamos um olhar repleto de sentimentos, ela aperta seus dedos ao redor


dos meus e seguimos até meu carro em silêncio, não há nada a ser dito.
Dakota e eu buscamos suas coisas e as de Brooke e voltamos para pegar
meu amigo e sua namorada.

Aiden aperta meu ombro e Brooke sorri, um sorriso triste e gentil. O trajeto
até Birmingham é realizado em silêncio. Nunca

sabemos o que falar diante da morte.

No meio do caminho, Gavin me liga e como estou dirigindo, conecto o


celular no carro e todos ouvimos o que ele tem a falar.

Ele foi ver a sua mãe depois de sair de uma festa e acabou por passar na
casa de Scarlett, já que é do lado, e a encontrou desacordada no chão, ela já
estava morta, então ele ligou para o hospital e eles vieram a buscar. Nada
mais poderia ter sido feito.

Eu o agradeço e mais uma vez, lamento que tudo tenha que ter acabado
como acabou.

Assim que chegamos em Birmingham, dirijo para o hospital e eu sou


obrigado a responder um formulário para liberação do corpo. O médico
pergunta se quero a ver, mas recuso.

O administrativo do hospital aciona a funerária e assim que um dos agentes


chega, ele e eu somos direcionados a uma sala e ele me questiona qual
caixão irei escolher, roupa que ela deve ser enterrada, como deve ser a
cerimônia e todos os detalhes necessários.

É horrível, mas faço as escolhas da melhor forma possível.

Ela terá um enterro digno. Após tudo pronto, eles recolhem o corpo e como
opto por apenas o sepultamento, já que ela não tem

tantos amigos assim e nem família para algo mais longo, marcamos para
daqui a quatro horas.

Deixo a sala e encontro meus amigos, inclusive Dylan, Ethan e Abby, e


Dakota no corredor, ela vem até mim e passa seus braços pela minha
cintura.

— Como você está?

— Ficarei bem. — Beijo seus lábios rapidamente, uno minha mão a sua e
olho para meus amigos. — O sepultamento será daqui a quatro horas e o
melhor é esperarmos na casa do meu pai.

Eles assentem, então olho para Dakota que faz uma careta.

— Não era assim que esperava conhecer seus pais.

— Nem eu, princesa, nem eu.

Nós deixamos o hospital, voltamos para nossos carros, eu ligo para Tessa e
conto o que está acontecendo e que estou indo para sua casa, minha irmã
lamenta e garante que estará me esperando. Então, seguimos para a mansão
do governador do Alabama.

Sinto Dakota tensa ao meu lado e seguro sua mão com a sua.

— Ficará tudo bem.


— Josh, sei que não é o momento, mas assim sou bem pobre comparada a
você, sou bolsista na faculdade e meu Deus, seu pai irá me odiar.

Apesar da situação, sorrio.

— Você aceitará suborno?

— Lógico que não.

Acaricio sua pele com meus dedos.

— Então, não temos com que nos preocuparmos.

Ela apenas suspira e ficamos em silêncio o restante do caminho. Brooke e


Dakota comentam o tamanho da casa do meu pai assim que estaciono em
frente a mansão e Aiden e eu apenas rimos.

Ethan para logo atrás de mim e deixamos o carro, então Aiden e eu


pegamos as mochilas, eu entrelaço minha mão com a de Dakota e seguimos
até a porta. Eu aperto a campainha e segundos depois, minha irmã abre a
porta.

Tessa se joga em meus braços, então solto a mão da minha namorada e


abraço de volta. Sorrio ao tê-la tão perto.

Tessa é minha irmãzinha. Assim que se desvencilha de mim, vira-se para


Dakota.

— Essa é Dakota, sua namorada?

Antes mesmo de respondê-la, ela está a puxando para um abraço. Dakota ri


e abraça minha irmã.

— Ela mesmo.

Sussurro. Tessa se separa de Dakota e volta a olhar na minha direção.

— Sinto muito pela sua mãe.


Abraça-me mais uma vez e beijo o topo da sua cabeça

— Obrigado, fofinha.

Uso o apelido que usava quando éramos crianças, então ela se afasta e soca
meu ombro levemente.

— Não use esse apelido na frente dos seus amigos.

Nós dois olhamos para meus amigos e faço as apresentações.

— Adorei seu cabelo.

Abby aponta para as mechas azuis de Tessa e as duas trocam um sorriso


cúmplice. Eu me viro para Ethan e faço uma careta.

— Eu falei que as duas iriam se dar bem.

Ethan assim como eu, faz uma careta, por fim nós rimos e como as
apresentações foram feitas, deixamos a entrada da casa e seguimos para a
sala. Encontramos meu pai e minha madrasta sentados no sofá e os dois
ficam em pé com a nossa chegada.

— Sentimos muito, Josh.

John soa distante como sempre, não há abraço, porém pela primeira vez em
anos vejo algo em seus olhos além de frieza.

— Obrigado, pai. — Olho para minha madrasta. —

Obrigado, Lacey.

Os dois assentem.

— Podemos ficar aqui hoje?

— Claro, essa casa é sua também.


É meu pai a me responder. Assinto, agradeço-o e apresento meus amigos,
com exceção de Ethan e Aiden que ele já conhece. Dakota, apresento como
minha namorada, entrelaço

minha mão com sua e ela está tremendo, aperto seus dedos com os meus e
espero que ela entenda que nada será capaz de nos separar.

John os cumprimenta com um gesto com a cabeça, Lacey acena, em


seguida os dois pedem licença e se retiram. Tessa olha para nós sete e sorri.

— Vocês estão com fome? Os funcionários preparam um café da manhã.

Ela não espera pela nossa resposta e nos guia para a sala de jantar. Sentamo-
nos ao redor da mesa e comemos enquanto conversamos. Não tocamos no
assunto da morte e nem mantemos uma conversa divertida. Apenas
socializamos e ao fim, subimos para o segundo andar e nos dividimos pelos
quartos, Abby e Ethan ocupam um quarto, Dylan outro, Aiden e Brooke o
último e eu vou para meu quarto com Dakota.

Dakota entra no cômodo, caminha e olha ao redor. Eu me sento na cama e a


observo. Ela parece fascinada e gosto do brilho em seus olhos.

— Não queria conhecer seu quarto em uma situação assim.

Vira-se para mim e sorrio.

— Está tudo bem.

Ela se aproxima e se senta ao meu lado.

— Tem certeza que tudo está bem?

Suspiro e olho em frente.

— Eu estou bem, talvez mais do que deveria, talvez devesse estar chorando
e sentindo mais, porém eu não a conhecia, eu lamento e estou triste, mas é
apenas isso. Não posso sentir muita falta de alguém que nunca esteve
presente.
Eu fiz o que pude por Scarlett, eu tentei a ajudar, sustentei seus gastos e
seus vícios, porém não podia a libertar, não se ela não quisesse.

— Se descobrisse que um dos pais biológicos morreu, eu ficaria triste,


porém não sentiria a ausência, porque nunca esteve presente.

Viro-me para o lado, seguro sua mão e beijo a lateral da sua cabeça.

— Obrigado por estar aqui, por não me julgar e por não correr para longe
com a minha reação.

Apoia sua cabeça em meu ombro.

— Você não é frio por causa disso, Josh, sei disso, porque vejo pela forma
como ama a sua irmã e seus amigos.

Fecho meus olhos por alguns segundos e agradeço o universo por ter
colocado Dakota em meu caminho. Eu quero dizer que a amo, mas Dakota,
a minha garota que ama contos de fadas, não merece uma simples
declaração e em um momento como esse.

Nós seguimos no quarto, Dakota analisa cada detalhe enquanto eu aviso os


poucos vizinhos e amigos de Scarlett da sua morte. No horário marcado,
descemos e nos encontramos com nossos amigos, então vamos para o
cemitério.

Gavin está na entrada me esperando. Eu abraço meu amigo e o agradeço


por tudo, ele diz que fez o que eu faria por ele. Ele está certo. Apresento
Gavin a Dakota e quando um dos meus melhores amigos me encara com
suas sobrancelhas erguidas, dou de ombros . Eu disse que nunca mais me
apaixonaria e estava errado.

A cerimônia é rápida e ao final, jogamos rosas brancas sobre o caixão, que


ela vá em paz.

Não há vinte pessoas presentes, incluindo nós sete, minha irmã e Gavin,
porém é a presença de Laylah que me surpreende.

Eu não sinto nada ao encarar minha ex, nem raiva, nem saudade.
Absolutamente nada e quando ela se aproxima ao fim do enterro, Dakota
beija minha bochecha e se afasta com nossos amigos.

— Eu sinto muito por tudo.

Sei que ela não está falando apenas sobre a morte da minha mãe.

— Tudo bem, a vida aconteceu como tinha que acontecer.

Sorrio, porque não há ressentimento nenhum. Não mais.

— Tchau, Josh, e espero que você seja feliz.

Sorrio gentilmente.

— Tchau, Laylah, e espero que você também seja feliz.

Viro-me e me apresso até estar com minha família. Nós seguimos para os
carros e nos reunimos todos na casa do meu pai, até mesmo Gavin. Nós
vamos para a cozinha e almoçamos por lá mesmo. Após o almoço, Gavin se
despede e o levo até a porta.

— E como está a universidade?

Meu amigo faz direito em uma faculdade comunitária, porque não quer
deixar a mãe sozinha.

— Estou pensando em me transferir para Universidade do Alabama, minha


mãe disse que irá para reabilitação.

— Espero que dê certo, Gavin.

Ele assente.

— Eu também, Josh.

Gavin e eu nos despedimos com um abraço, ficamos de nos ligar e fecho a


porta. Ao entrar na sala, sigo para a cozinha, deparo-me com meu pai
subindo as escadas, porém ele para e olha em minha direção.
— Você está namorando.

Droga!

— Estou e pai, Dakota não é como Laylah.

Ele ri, um sorriso sem graça.

— Eu sei, eu soube no momento que vi ela olhando para você. — Olha em


meus olhos. — Ela gosta de você, é nítido na forma como te encara.

Franzo minha testa e ele volta a rir.

— Você pode não acreditar, mas me importo com você e só fiz o que fiz,
porque sabia que aquela garota não gostava de você.

Ele se vira e sobe os degraus. Acho que essa foi a sua forma de dizer que
me ama.

Eu volto para a cozinha e como dispensamos os funcionários, limpamos o


que sujamos e assim que tudo está no lugar, subimos para os quartos,
porque estamos exaustos.

Dakota e eu nos deitamos em minha cama e ela adormece com parte do seu
corpo sobre o meu e com a lateral do seu rosto em meu peito. Eu fecho
meus olhos e permito minha mente desligar.

À noite acendemos uma fogueira em um lugar afastado da propriedade e


nós dois, nossos amigos e minha irmã nos sentamos ao redor dela, Dakota
está sentada entre minhas pernas e temos um cobertor sobre nós.
Conversamos sobre Tessa ir para Tuscaloosa e chegamos à conclusão de
que ela pode morar com a gente, já que Aiden se mudará com Brooke.

Se Aiden e Ethan tivessem solteiros, seria uma péssima ideia, mas como
estão namorando e Dylan é Dylan, não há perigo

nenhum.
Meus amigos e minha irmã continuam conversando, mas eu os ignoro e
olho para Dakota, ela se vira para mim e sorri.

— O que foi?

Seus olhos estão brilhando. A fogueira, o céu estrelado e a lua a iluminam


ainda mais.

— Obrigado por ser a minha esperança.

Dessa vez, ela não me pergunta o que estou querendo dizer. Ela entende que
ela é a minha esperança. Ela foi a responsável por quebrar as barreiras ao
redor do meu coração e me mostrar que sim poderia amar, poderia ser
amado. Nenhum destino esteve traçado pelo meu DNA, ou por quem foram
meus pais, ou pelo meu passado.

Ela me resgatou da escuridão que estive perdido por um tempo e me deu


expectativas de um futuro.

Josh

— Eu sou a obcecada por romance de época, mas é você que é obcecado


por essa peça.
Deixo o roteiro na cama ao meu lado e olho na direção da minha namorada
que acaba de entrar em meu quarto.

— A apresentação é amanhã e não quero esquecer nenhuma das minhas


falas.

Justifico-me e ela caminha até com um brilho malicioso em seus olhos.

— Você sabe todas as suas falas de cor.

Dou de ombros.

— Relembrar nunca é demais.

Nós dois sabemos que estou mentindo, realmente sou obcecado pela peça e
perdi as contas de quantas vezes a reli.

— Confessa que você ama essa peça.

Dakota tira seus tênis, sobe na cama, aproxima-se e monta em meu colo.
Seguro suas coxas e sorrio.

— Ela me trouxe você.

Eu amo como ela reage às minhas frases bregas, seus olhos ganham uma
intensidade, seus lábios se curvam em um sorriso singelo e suas bochechas
ficam um pouco vermelhas.

— Nós teríamos nos encontrado de qualquer forma. —

Traça alguns círculos invisíveis em meu peito com a ponta dos seus dedos.
— Porque seu melhor amigo namora a minha melhor amiga.

Assinto, porque ela está certa.

— Devo confessar que gostei da peça desde o primeiro momento? —


Suspiro por fim e ela sorri vitoriosa. — Desde
momento que nos vi nos personagens e na história, eu confesso que fiquei
meio obcecado por ela.

Dakota ri.

— Eu amo o fato de você nos ver na história.

— Você não nos vê?

Dakota não está usando maquiagem o que me permite ver suas sardas. Seu
cabelo está solto e cai sobre o moletom rosa que está usando.

— Confesso que depois que você me falou que a peça lembrava a nós dois,
eu passei a enxergar certas semelhanças.

Franzo minha testa.

— Princesa, certas semelhanças? É como se Dayse tivesse se inspirado em


nós dois para escrever a peça.

Ela balança a cabeça e ri.

— Menos, Josh, bem menos.

— Emma é ruiva como você, o duque não tinha um bom relacionamento


com o pai como eu, eles tentaram se odiar por um tempo e não
conseguiram.

Ergo meus dedos conforme apresento meus argumentos para Dakota, ela
segue rindo e incrédula.

— Nós não fomos obrigados a nos casar.

— Mas fomos obrigados a sermos protagonistas de uma peça, além disso


até nossas personalidades são parecidas.

Ela ergue suas mãos para cima.

— Ok, Josh, há muitas semelhanças, melhor?


Subo uma das minhas mãos pelas suas costas até sua nuca, então a empurro
em minha direção, Dakota não oferece resistência e aproxima seu rosto do
meu até nossos lábios estarem quase se tocando.

— Bem melhor.

Encaro-a por alguns segundos, a energia ao nosso redor muda, onde


estamos nos tocando é como se existisse uma corrente elétrica. É ela a
tomar a iniciativa e cobrir minha boca com a sua, mas sou eu a ditar o ritmo
do nosso beijo, porque enrolo meus dedos ao redor dos fios do seu cabelo.

Beijo-a como se estivéssemos dias sem nos vermos, porém a verdade é que
estávamos juntos ontem no último ensaio para a peça.

Minha língua duela com a sua, mordo seu lábio inferior, suas mãos sobem
pelo meu peito e meus dedos que seguem em

sua coxa, a apertam. Continuamos nessa pegação até que Dakota se afasta,
ela tem os lábios inchados e seu cabelo está uma bagunça.

— Como foi seu dia?

Pergunta-me enquanto passa as mãos pelos seus cabelos.

Eu continuo sentado com as costas contra a cabeceira e ela segue montada


em meu colo.

— Normal e o seu?

Ela suspira.

— Eu já disse que odeio o final de semestre?

— Muitas vezes nas últimas duas semanas.

Dakota faz uma careta e amarra seu cabelo em um coque.

— Então, vai escutar mais uma vez, eu odeio o fim de semestre, hoje tive
prova e precisei apresentar um trabalho.
— Não me contou que iria apresentar um trabalho.

Dá de ombros e morde seu lábio inferior por alguns segundos.

— Não queria criar expectativas e sabia que iria ficar preocupado.

Ergo minha mão e coloco algumas mechas do seu cabelo para trás da sua
orelha.

— E como foi?

Dakota sorri orgulhosa.

— Não fiquei tão nervosa, ainda não é algo que me sinto confortável,
porque essa sou, porém as aulas de teatro por incrível que pareça realmente
ajudaram. — Dakota soa tranquila e não há nenhuma mágoa na forma como
está falando. — Apesar dos professores acreditarem que preciso socializar
mais, não gostar de estar sempre falando com pessoas que eu não conheço
faz parte de quem eu sou, claro que é bom aprender a superar alguns
receios, mas não preciso ser expansiva. Não preciso mudar para me
encaixar em expectativas que outras pessoas têm de mim.

Não há mais a sombra que antes existia em seu olhar, pelo contrário, ela
está determinada.

— Eu acho que você é super sociável, você só precisa conhecer a pessoa.

Ela assente e espalma suas mãos em meu peito outra vez.

— Obrigada por ter me ajudado nesse processo.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Eu ajudei?

— Sim, desde que me ajudou naquela aula quando entrei em pânico, além
disso, me ajudou a enxergar que não preciso ter medo da rejeição e nem
desejar ardentemente a aceitação.
Minhas mãos sobem e descem pela sua barriga e mantenho meus olhos
presos ao seu.

— Nós somos perfeitos juntos, princesa.

Dakota ri, curva-se para frente e mais uma vez, sua boca cobre a minha. As
palavras eu te amo estão implorando para serem ditas, mas ainda não é o
momento.

Reivindico seus lábios com os meus e espero que ela saiba que seu coração
é meu, assim como o meu é seu.

Continuamos nos beijando até que o som do meu celular tocando ecoa pelo
quarto, então somos obrigados a nos separar e pego o aparelho que está no
cômodo ao lado da cama.

Para minha surpresa, é meu pai, aceito a chamada e trago o celular até
minha orelha. Trocamos algumas palavras cordiais e conversamos sobre a
mudança de Tessa e ao fim, antes de

desligar, pergunta se irei para casa no Natal, respondo que ainda não sei,
porque não esperava pelo seu questionamento.

John encerra sua ligação dizendo que espera que eu vá para o Natal e leve
comigo minha namorada. Eu abaixo minha mão e encaro o aparelho sem
reação, sem saber o que pensar sobre sua atitude.

— O que seu pai queria?

Olho para Dakota e faço uma careta.

— Ele disse que espera que eu vá para casa no Natal e leve você comigo.

Ela sorri animada.

— Talvez ele esteja querendo se aproximar de você.

Depois de 20 anos? Não sei se Dakota está certa, mas sua intenção real é
um problema apenas dele.
— Ou está pensando na sua eleição para Senador, mas não importa. Não
carrego mágoas, se ele quer se aproximar, estarei aqui, se não quiser, tudo
bem, posso seguir minha vida sem ele.

— Tão maduro.

Dakota me provoca, então estreito meus olhos, ela tenta fugir, mas sou mais
rápido e faço cócegas em sua barriga. Sua gargalhada ecoa pelo quarto, ela
grita para que pare e tenta se afastar, mas falha.

Quando paro, nós dois estamos sem fôlego e rindo. Dakota e eu nos
deitamos em minha cama e encaramos o teto por um tempo, até eu me
levantar e a puxar pela mão.

— Estou com fome, vamos ver se alguém cozinhou nessa casa.

De mãos dadas, saímos do meu quarto e descemos para a cozinha, para


nossa sorte, encontramos nossos amigos e Dylan está preparando o jantar.
Rimos, conversamos e nos provocamos, como uma família.

Antigamente, minha noite de sexta-feira, assim como as dos meus amigos


seria em uma festa, mas tudo mudou.

Após jantarmos, Dakota e eu vamos até seu apartamento, buscamos suas


coisas, principalmente o figurino que irá usar amanhã na peça e voltamos
para minha casa.

Não há como explicar, mas é muito melhor quando ela está por perto. Eu
me sinto como se finalmente estivesse completo.

...

Nosso sábado é um caos, porque não é somente o dia do festival, eu tenho


um jogo e é importante, por causa da nossa última derrota. Acordo ansioso
e nervoso e meu mal humor só não é pior, porque Dakota está ao meu lado e
a todo momento me lembra de que dará tudo certo.

Eu espero que sim.


O jogo é praticamente no horário da apresentação, nossa sorte é que Dayse
conseguiu para sermos os primeiros, então, eu irei me apresentar e correr
para o estádio, inclusive embaixo do terno e da camisa que usarei na
apresentação, estarei com meu uniforme.

E tudo isso ainda não é o mais importante do dia.

Após almoçarmos com nossos amigos, pegamos as nossas mochilas com


figurinos e todos os itens que usaremos na peça e vamos para o centro de
convenções do campus, onde irá acontecer o festival de talentos.

Irá acontecer várias apresentações, então os camarins são divididos por


divisórias móveis, o espaço que temos é pequeno,

mas é o suficiente, apenas as roupas que precisamos ir ao banheiro para


trocarmos.

Dayse caminha de um lado para o outro com seus alunos de pós-graduação,


eles estão nos ajudando e supervisionando.

Ela está animada e não é a única, nós nos empenhamos, ensaiamos e


estamos empolgados.

Como seremos os primeiros, organizamos o palco, Dayse organiza a troca


de cenário e haverá pessoas designadas apenas a isso. Conforme os minutos
passam, o horário da apresentação se aproxima e iniciamos a parte de
caracterização.

Sento-me em uma cadeira e a pessoa responsável por arrumar os cabelos se


aproxima e passa muito gel nos meus fios, em seguida sou liberado, então
vou para o banheiro, coloco meu uniforme e por cima a camisa branca e o
blazer, por fim, calça preta, além de calçar os meus sapatos pretos.

Ao olhar para espelho, quase não me reconheço e posso jurar que sai de um
dos livros da Dakota. Ela com certeza irá amar a minha caracterização.

Ao voltar, não a encontro, alguém me diz que ela está trocando de roupa e
vou até o corredor que leva até os banheiros
e a espero apoiado na parede.

Eu estou nervoso e não é apenas pela peça, é o que o todo significa. É bem
mais que uma apresentação.

Assim que Dakota deixa o banheiro, meus pensamentos desaparecem e meu


mundo se reduz a ela. Ela está caracterizada de Emma e Deus, ela está
linda. A maquiagem é simples e natural, seu cabelo está preso em um coque
com alguns fios ao redor do seu rosto e o vestido azul é como de uma
princesa.

A minha princesa.

Seu olhar encontra o meu e ela caminha em minha direção com um sorriso
em seus lábios. Assim que está perto o suficiente, estendo minha mão e
Dakota coloca seus dedos sobre os meus.

— Você está linda, como uma princesa.

Ela sorri e percorre meu corpo com seu olhar.

— Você também não está nada mal.

Nós dois sorrimos e olho ao redor, procuro por algum lugar menos
movimentado, há um outro corredor e não parece haver ninguém por ali,
então a guio para lá e quando paramos, ficamos um de frente para o outro.

— Você está nervosa?

Balança a cabeça negando.

— Você estará lá se caso eu surtar, não é? — Assinto. —

Encontrarei seu olhar caso algo dê errado, não é!?

Assinto mais uma vez e Dakota sorri.

— Então, não tenho o porquê estar nervosa.


Dou um passo em frente, seguro seu queixo e abaixo meu rosto até estar
com meus lábios a centímetros dos seus.

— Sempre estarei aqui para você, Dakota.

Beijo Dakota e ela me corresponde da mesma forma. Não importa o quão


jovem sejamos, nem o que irá acontecer no futuro, somos tudo que
precisamos e estamos aqui dispostos a sermos a âncora um do outro. Eu
estou aqui para lá como ela estava comigo há duas semanas. Eu vou segurar
sua mão assim como ela segurou a minha.

Assim que nos afastamos, não trocamos nenhuma palavra, apenas sorrimos,
entrelaçamos nossas mãos e voltamos a nos reunir com o restante dos
nossos colegas. Dayse bate palmas ao nos ver e juro que posso ver lágrimas
em seus olhos. Ela pede para que formemos um círculo, faz um
agradecimento e nos encoraja a subirmos no placo e fazermos nosso
melhor.

Perto do horário, subimos para o palco, uma cortina nos separa da plateia,
porém espiamos e o lugar está lotado. Olho para Dakota, ela sorri e dá de
ombros.

Dayse nos posiciona no palco e ao redor dele, alguém inicia a cerimônia de


abertura. Meu coração acelera, meu estômago embrulha e respiro fundo.

Eu não estou na primeira cena, fico ao lado do palco, encarando Dakota e a


encorajando. Ela sorri em minha direção e quando as cortinhas são abertas,
eu vejo a minha garota se desafiar a cada segundo, ela dá o seu melhor, não
gagueja e não hesita em nenhum momento.

As cortinas são fechadas ao fim do primeiro ato, então a troca de cenário


ocorre, nossa sorte é que há muita projeção, e eu entro. Dakota e eu nos
encaramos por alguns segundos.

— Você foi incrível, princesa.

Ela pisca em minha direção e se vira ficando de costas para mim,


assumimos nossas posições e as cortinas são abertas outra vez. É divertido,
esqueço-me de todos os presentes e a forma como Emma e o duque brigam
e se implicam por motivos

idiotas e fúteis são tão parecidos com o início do nosso relacionamento.

Eles se implicam, eles são obrigados a ficarem noivos, há um jantar de


família nos próximos atos e no quarto, acontece o baile e nessa parte é
como se só existe Dakota, eu e a música ao nosso redor.

Em nenhum momento, meu olhar desvia do seu e é como se estivéssemos


em um mundo só nosso, mesmo quando precisamos falar, não é algo
mecânico.

Infelizmente, o ato termina e o próximo inicia, o casamento.

Após o casamento, há duas cenas de aproximação entre os dois e enfim,


chegamos à cena final, a cena em que eles se declaram e acontece o beijo.

Ensaiamos o beijo algumas vezes, quer dizer nos beijamos algumas vezes, é
lógico que não iremos usar técnica. E na teoria é para ser apenas um
encostar de lábios.

A cena é na sala de estar deles, eles têm uma breve discussão e ela diz que
não significa nada para ele, então ele a interrompe e diz que ela significa
tudo e que a ama, em seguida ela confessa que também o ama e ocorre o
beijo.

— Você significa tudo.

Falo conforme o que está descrito, mas em seguida dou um passo para trás e
saio do roteiro. Dakota me encara sem entender e sorrio.

— Você significa tudo, desde sempre, desde o primeiro momento, e tentei


lhe manter afastada, porque tinha medo, mas não consegui e esbarrar com
você outra vez foi o melhor acontecimento da minha vida. — Ela mantém
seu olhar preso ao meu e ignoramos completamente onde estamos. — Eu
tentei não te amar, tentei fugir, ser um idiota, te machucar, porém, você
derrubou todas as barreiras do meu coração e o tomou para si.
Dou um passo em frente, deixo minhas mãos sobre sua cintura e apoio
minha testa na sua.

— Você é a minha esperança, você é quem eu amo, você é meu tudo.

Seus olhos estão fixos nos meus e a intensidade entre nós é avassaladora.

— Não é sobre o duque e sobre Emma, é sobre nós dois, Dakota.

Minha boca cobre a sua e nos beijamos com paixão. Não é um simples beijo
como no roteiro, é um beijo digno de cinema, digno de um casal
apaixonado.

Dakota

Há palmas ao nosso redor, porém nada importa. Tudo que importa é que ele
me disse que me ama. Josh me ama, assim como eu o amo. E esse beijo
significa tudo. Significa o quanto nos amamos e o quanto estamos
apaixonados.

Não quero que esse momento chegue ao fim, não quero me afastar dele,
porém Josh interrompe nosso beijo e dá um passo para trás.

Abro meus olhos e encontro os seus. Há um brilho em seus olhos castanhos


e ele está sorrindo.

— Eu preciso ir.

Olho ao redor e me dou conta de que as cortinas estão fechadas. Volto a


encarar Josh, ele volta a se aproximar, beija meus lábios rapidamente e mais
uma vez se afasta.

— Eu preciso ir.

Abro a boca para dizer algo, porém ele se vira e caminha para longe. Eu não
disse que o amo. Preciso dizer. Droga! Reage, Dakota. Dou um passo em
frente e Dayse surge e para a minha frente.

— Vocês foram incríveis e todos aplaudiram de pé.


Dayse comemora e olho para os lados, cadê Josh? Não consigo o encontrar.

— Ok, eu preciso ir.

Tento me afastar, mas engancha seu braço no meu.

— Você não pode, temos que esperar a premiação.

— Eu preciso encontrar Josh.

— Josh foi liberado, você não.

Pelos próximos minutos, tento fugir de Dayse, mas ela é um carrapato.


Preciso é ir atrás de Josh e lhe dizer que eu o amo, entretanto tudo que
consigo é me sentar em uma poltrona ao lado de Dayse e assistir às
próximas apresentações.

Não consigo me concentrar em nenhuma.

Brooke e Abby me encontram depois de algumas apresentações, elas se


sentam ao meu lado, o não ocupado por

Dayse, e me contam que ficaram, enquanto os meninos seguirão para o


jogo.

Nós

aguardamos

ansiosamente

pelo

fim

das

apresentações e quando o cerimonialista sobe no palco para anunciar os


vencedores, suspiro aliviada. Finalmente irá terminar logo.
Eu tenho uma surpresa quando ele anuncia o vencedor.

Nós vencemos. Dayse fica em pé ao meu lado, viro-me para as minhas


amigas e elas estão sorrindo.

— Vocês ganharam.

Brooke me confirma, em seguida Dayse me puxa, eu me levanto, ela me


abraça e em seguida vamos até o palco e recebemos o troféu, além disso,
iremos ganhar um prêmio em dinheiro.

Assim que deixamos o palco, encontro minhas amigas na saída e


caminhamos de pressa até o carro de Abby. Minha amiga dirige para o
estádio e ela e Brooke me dizem o quanto foi emocionante e que sabiam
que Josh não estava interpretado quando disse que me ama.

Eu ligo o rádio e escuto a narração do jogo. Os Crimson precisam eliminar


mais um rebatedor. Apenas mais um e para isso Josh precisa acertar o
próximo arremesso. Estamos quase chegando quando escutamos o narrador
dizer que ele se prepara, meu coração quase para e só volta a bater
normalmente quando o cara grita que ganhamos.

Josh ganhou!

Assim que Abby estaciona o carro, abro a porta e saio correndo. Corro até a
bilheteria, compro o bilhete e corro para o estádio. Todos estão
comemorando e abro caminho por entre os torcedores.

Ainda estou de Emma, meu cabelo está uma bagunça, porque o coque se
desfez, mas não me importo. Só preciso dizer que eu o amo.

Desço até a beira do campo e para minha sorte, o olhar de Josh encontra o
meu. Ele faz um sinal para o segurança, então deixa que eu entre no campo.

Finalmente posso correr até Josh. Eu vou até ele e me jogo em seus braços,
ele me abraça e sorrio. Afasto-me alguns

centímetros e Josh traz suas mãos até meu rosto, me mantenho olhando para
ele.
— Eu não disse que te amo.

— Eu estou aqui pronto para te ouvir, princesa.

Sorri e me encara como se eu fosse o seu mundo.

— Eu te amo, Josh, como nunca amei outra pessoa. Você é tudo que eu
preciso e tudo que eu quero.

Seus lábios cobrem os meus e eu tenho meu beijo de final feliz. Eu tenho
meu próprio conto de fadas.

5 ANOS DEPOIS

Josh

Caminho de um lado para o outro e confiro meu relógio pelo que deve ser a
milésima vez e não se passou um minuto desde que o conferi a última vez.

Cadê você, Dakota? Ela deveria estar aqui há vinte minutos.

— Será que ela desistiu?


Claro que é Ethan. Olho para o lado e encontro meu melhor amigo me
encarando com deboche.

— Seu papel como meu padrinho é me manter calmo, não piorar minha
situação.

Ele segue rindo e ergo meu dedo do meio em sua direção.

— O juiz irá cancelar o casamento por mal comportamento do noivo.

Aiden que está ao lado de Ethan zomba.

— Será que o juiz já teve que cancelar um casamento por mal


comportamento do noivo? Seria deprimente e com certeza sairia uma
manchete de vários jornais, jogador de beisebol é proibido de se casar por
mal comportamento.

Dylan também me provoca.

— Dakota iria ficar tão feliz por ter seu casamento cancelado.

Gavin, o último dos meus padrinhos se manifesta e olho para os quatro com
desdém.

— Eu nunca deveria ter chamado vocês para serem meus padrinhos, aliás
nós deveríamos ter fugido para Las Vegas.

— Dakota nunca teria aceitado isso.

Ethan está certo. Dakota demorou quase três anos para organizar seu
casamento dos sonhos. Eu a pedi em casamento logo após ser recrutado
para o Boston Red Sox, ela aceitou, nós viemos para Boston, moramos
juntos, porém ela demorou longo anos para organizar seu casamento dos
sonhos.

Estou prestes a voltar a caminhar de um lado para o outro quando a marcha


nupcial finalmente ecoa pelo salão do hotel que escolhemos para casar.
Suspiro aliviado e assumo meu lugar em frente ao juiz que escolhemos para
celebrar nosso casamento e meus padrinhos assumem seus lugares ao meu
lado.

Meu coração bate acelerado e minhas mãos estão suando.

Há um frio em minha barriga que nunca senti. Nem quando entrei no


beisebol profissional.

As portas são abertas e as madrinhas adentram o salão, eu mantenho meu


olhar sobre elas, mas não presto atenção exatamente em como estão
vestidas.

Elas se posicionam no lado oposto aos dos padrinhos, ao lado direito do


lugar onde Dakota irá ocupar. Minha respiração está suspensa e juro que
posso ouvir as batidas do meu coração.

Dakota pisa no corredor que irá a trazer até mim e se torna o centro do meu
universo. Meus olhos percorrem cada detalhe do seu rosto, ela não usa
muita maquiagem, seu cabelo está parte preso, parte solto e há cachos na
ponta. Desço para seu corpo e encontro o vestido perfeito, ele é volumoso,
com as alças caídas em seu ombro, é brilhoso e ao redor do decote existe
algumas flores bordadas.

Não demoro a perceber que é o mesmo modelo do vestido que usou naquela
peça há cinco anos. Ergo minhas sobrancelhas e ela dá de ombros. Nós nos
conhecemos o suficiente para saber sobre o que estamos falando mesmo
que nenhuma palavra deixe nossas bocas.

Seu pai acompanha e parece que demora uma eternidade até que os dois
estejam à minha frente.

— Faça minha princesa feliz, Josh.

— É o que tentarei fazer pelo resto das nossas vidas.

Ele sorri satisfeito, eu estendo minha mão e ele coloca a mão da filha sobre
a minha, então se afasta e se senta na primeira fileira junto com o restante
da nossa família.
Dakota me encara com ternura, amor e paixão. É o mesmo amor e a mesma
paixão de cinco anos. Nossos sentimentos não diminuíram e em nenhum
momento duvidamos do que sentimos.

— Você não tem algo emprestado, porque estarei te emprestado algo. —


Solto sua mão e ela me encara sem entender o que está acontecendo. —
Pedi para que ninguém te emprestasse algo, porque seria eu a fazer isso e
pedi para que não deixassem você usar nada no pescoço.

Levo minhas mãos até a correntinha que uso em meu pescoço desde o dia
que ela esqueceu em meu quarto e a tiro.

— Hoje estarei te emprestado a minha correntinha.

Sorri maliciosa e se vira ficando de costas. Com cuidado coloco seu cabelo
e seu longo véu para o lado e coloco a correntinha nela.

— Obrigada, Josh.

Dakota volta a ficar de frente para mim, unimos nossas mãos e nos viramos
para o juiz. Ele segue a cerimônia e continuamos nos encarando. Sorrimos
algumas vezes e de coisas que apenas nós dois entendemos, esse é o tipo de
parceria e conexão que temos.

Meu coração volta a acelerar quando o momento dos votos se aproxima,


antes Evelyn entra com nossas alianças, a pequena faz conforme ensaiamos
e vem até nós. Dakota e eu nos abaixamos, beijamos as bochechas da
pequena que corre para o colo do pai, assim que pegamos as alianças e
ficamos em pé.

Eu sou o primeiro, respiro fundo e como prometemos não escrever os votos,


procuro as melhores palavras para descrever o quanto a amo.

— Você, Dakota, é a pessoa mais incrível que eu já conheci, você foi e é a


minha esperança, você é a força que eu preciso nos dias ruins, também é o
encaixe perfeito aos meus braços, você é a minha luz e quem eu amo irritar.
— Nós dois rimos. — Você é o meu equilíbrio e quem eu amo proteger.
Você é meu fôlego, a dona do meu coração, a mulher que eu amo e sempre
vou amar. E hoje, eu prometo estar ao seu lado nos piores e melhores
momentos, prometo te honrar, te amar, acima de tudo, ser a sua âncora.

Coloco a aliança em seu dedo e Dakota inicia seus votos.

— Eu amo nossa história e tudo que nos trouxe até aqui, inclusive as partes
não tão bonitas e perfeitas, porque elas nos trouxeram até aqui. —
Seguimos nos encarando. — Você foi

aquele que me tirou do eixo e aquele que me colocou de volta, você me


apresentou a uma Dakota diferente, mas também me conecta com a Dakota
que sempre fui, você me mantém em pé nos dias ruins e melhora meus dias
bons ainda mais, você é o amor da minha vida e sempre será assim, eu
prometo te amar e ser a sua âncora quando necessário.

Coloca a aliança em meu dedo e não espero pela ordem do juiz, diminuo a
distância entre nós e a beijo. Como sempre nos esquecemos de tudo quando
estamos juntos e só nos separamos quando um dos nossos amigos assobia.
Idiotas.

Dakota e eu casamos e a nossa recepção acontece no salão ao lado. Vamos


até lá de mãos dadas e nossos convidados nos seguem. A primeira coisa que
fazemos como casados é nos posicionarmos no meio do espaço, então a
música ecoa pelo local e iniciamos a nossa primeira dança como casados.

É a mesma música da peça de teatro, então esquecemos nossos convidados


e mantemos o olhar um no outro.

— Para sempre, princesa?

— Para sempre.
Hey, gente!

Escrever Josh e Dakota foi maravilhoso, mas confesso que surtei bastante,
porque sei que muita gente estava esperando por eles, então espero que
você tenha gostado. Eu confesso que amei o desfecho e os dois me
surpreenderam bastante, principalmente, porque o intuito não era um livro
fofo, quase um conto de fadas, mas Josh e Dakota lutaram pelo final felizes
dele até mesmo comigo.

Hoje, eu quero agradecer as minhas betas: Liv, Silvia, Larissa e Pryscilla,


muito obrigada por sempre estarem dispostas

a me ajudar. Também um agradecimento especial as meninas do grupo do


whats que sempre estão promovendo o caos.

E por fim, a você. Muito obrigada e espero que realmente tenha gostado do
livro.

Se você gostou do livro deixe sua avaliação, recomendo o livro para suas
amigas e me siga no insta (lanasilva.sm).

Beijos e até a próxima (e mais uma vez, obrigada por tudo).

Série Estrelas do Alabama


Aiden, Ethan e Josh já contaram suas histórias, Dylan será o próximo, então
me acompanhe e não perca o lançamento da próxima Estrela do Alabama.

Livro 1 – O Quarterback que Eu odeio – (clique aqui e leia

a história de Abby e Ethan).

Livro 2 – O Winger que Eu amo – (clique aqui e leia a

história de Aiden e Brooke)

Redes Sociais

Instagram: lanasilva.sm

Facebook: Lana Silva

TikTok: lannaa_silva

[1] Pernalonga é o protagonista das séries de TV animadas Looney Tunes e


Merrie Melodies.

[2] Torneio anual de beisebol realizado em junho em Omaha, Nebraska. O

MCWS é o ponto culminante do campeonato de beisebol da Divisão I da


National Collegiate Athletic Association (NCAA).

[3] O Instagram é uma rede social online de compartilhamento de fotos e


vídeos entre seus usuários.

[4] Boneco da Barbie.

[5] Marca de carro.

[6] Universidade do Alabama.

[7] Série americana de televisão.


[8] É um torneio anual de beisebol realizado em junho em Omaha,
Nebraska. O

MCWS é o ponto culminante do campeonato de beisebol da Divisão I da


National Collegiate Athletic Association (NCAA).

[9] Recrutamento de jogadores.

[10] Time de beisebol da Universidade do Alabama.

[11] Música da banda Rednex.

[12] É um espaço (retângulo) em que a bola de beisebol deve passar quando


arremessada para que seja marcado um strike.

[13] Cuidado com a pele.

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Document Outline
Sinopse
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Epílogo
Agradecimentos
Série Estrelas do Alabama
Redes Sociais

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