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INTEGRAGAO INTERNACIONAL EPARTICIPACAO TRANSWACIONAL de Landowski, abrange a totalidade dos elementos participantes no objectivo, de tornara comunicagio eficaz’”. Bo Estado especticulo que esti em exercicio, para assegurara confianga do tribunal da opinigo publica, de que falava Wil- son,e, naturalmente, para abalara confianga dela nos adversirios. sta situagao implica consequéncias que vio desde o cuidado com a ima- gem fisica dosintervenientes, entregue A criatividade dos especialistas 4 rein- veneaio da Histéria, Nos regimes soviéticos, foi pritica comum alterar relato, dahistria politica em cada mudanca de direc¢io, ou de conjuntura, Suprimir factos, acrescentar versbes,climinar referéncias a responsveis politicos, cons- truir as biografias, cudo parece legitimo a uma engenharia social sem limites Gxicos, que se reclama apenas de pragmitica, ‘Tudo isto torna evidente a fragilidade da informagio factual em que se baseiam as intervengoes, ou simplesmente académicas, ou participantes na andlise ¢ desenvolvimento do processo politic. ‘O dominio das cadeias de informagz0 também cria um fendmeno de depen- déncia ¢ de hierarquia entre os poderes, acontecendo que a maior parte dos factos que se concentram na simultaneidade da informagao mundial écolhida por agentes que ficam anénimos, com critérios desconhecidlos, sob instru- ges ignoradas, com perspectivas incontroliveis. A comunicacio pela imagem agravou até afragilidade da correspondéncia entre a cenografia montada pelos agentes do poder ea realidade que visam condicionar. Alguns dos fenémenos. de reabilitagao, ou de pedidos de perdio, relacionados com as brutalidades da Ultima guerra mundial, sio demonstrativos do poder da cenogeafia ¢ do tipo de exereicio degencrado do poder que o Estado espectaculo jd entao assumira interna ¢ externamente, longe dos progressos técnicos actus, 5 Adriano Moreira, Ras ore a gronespottaias, Lisboa, 1980p. 122 gte.,ebibiogeala cicada sis cepeio reciproca das condutas, motivagées.e objectivos concretos de cada uma Orisco vem sobretudo do facto de que o relativismo nao é a principal earacte- ristica do poder. O Presidente Ronald Reagan declarou: “Ihave alwaysbelicved thatthisanointed land was apartin an uncommon way, thata divine plan placed this great continent between the oceans to be found by people from every cor- ner of the earth who had a special love of faith and freedom”; o Partido Commu nista soviético, em 1958, data da morte de Tchernenko, escreveu:“O PCUS esta equipado com a imortal doutrina revolucionéria do marxismo-leninismo”. ‘Aintensa actividade diplomética entre poténcias orientadas por tio opostas convicgbes e interesses, incluindo 0 contacto directo entre os supremos res- pponsiveis, tem, entre outros objectivos, nio ode mudar o respective sistema de valores ede crengas, mas evitar a errada pereepeao dos factos e dos comporta- ‘mentos. Tendo em conta adverténcia de Morgenthau sobre a impossibilidade de o mundo conter em paz dois grupos em expansio com eédigos incompa- tiveis, o mundialismo aparece como a tentativa de superar os contririos pela definigao de um c6digo comum para a Humanidad b) O discurso eficaz A revolugio das técnicas de informagio veio acrescentar desmedidamente a importincia das percepgées, e da imagem projectada por cada um dos inter- venientes no processo politico, porque os condicionamentos deformadores da realidade estio 20 aleance dos padetes politicos e também das orcas transna- ionais da sociedade civil. A questio da palavra fon, do discurso eficaz,tornou- -se central no mundo democritico em que vivemos, nao porque tenha creseido a adesio 0 rigor dos factos que o poder enuncia, mas justamente porque este passouaterao seu dispor vériosinstrumentos destinadosa deformara imagem da realidade ea percepeao desta, interna ¢ externamente. Esta nova imporcancia do discurso eficaz esté relacionada com o facto de 6 fenémeno poltico ter evoluido para uma participagio das massas, seja qual for o regime. Os sistemas de crencas, as ideologias, do clementos fundamentais no processo de mobilizacio da determinacio e credibilidade dos apoias sem os quais 0 poder nao consegue realizar os seus objectivos, Foi por isso que a metodologia se tornou atenta, nesta drea, 4s ciéncias da Jinguagem, légica, ret6rica, 3 hermenéutica, 3 antropologia, medindo a efi- cicia da intervengio pelas expectatinascriadas, confianga obtida, deveres implanta- dos, agressividade causada. De facto, ja nao ¢ 0 discurso, é a cenogratia em que aquele se integra, que procura definir uma mise en seéne que consiga a prise en charge pelos destinatiios. A investigagio dos firmalismaseficazes,na expresso 'Mongenthan, Plt anon Nein cit, 249 sis |NTEGRAGAO INTERNACIONAL EPARTTCIPAGAO TRANSNACIONAL Os factos que, do ponto de vista ocidental, explicam a Guerra Fria, no coin- cidem com os factos que a explicavam do ponto de vista soviético. ‘A percepeo parece o resultado de trés elementos em interaceio0: 0s valores, as erengas€ a informagio. Os valores, como vimos, sio critérios de preferéncia que levam 3 adesio a uma tealidade ou acgio, ¢ 3 rejeigao das que nao se The ajustam:as ideologias, as concepgdes de sociedade, os objectivos estratégicos, incluem uma escala de valores. ‘As erengas s40 adesoes & veracidade de uma descricao da realidade ou dos modelos de comportamento, independentemente de qualquer apoio em demonstragao légica ou factual. As erengas sao por isso independentes dos valores, porque podem dar-se por verdadeiros, factos ou modelos de compor- tamento que se aprovam ou teprovam. informagao abrange os dados sobre a realidade vindos de todos osambik tesequepodem afectaraescala de valores eascrengas,mascujo entendimento eaccitagio ou rejeigao sio condicionados poraquelas™: De qualquer modo, a moldura das referencias da percepgio de eada poder politico tende para ser duradoira e resistente aos ataques que os adversirios desenvolvem através da estratégia indirect Daqui deriva a duragio de aticudese procedimentosirredutivelmente con- flituosos entre os Estatos e os blocos, em que algumas vezes parece ao obser- xador alheio ao contlito que no existe um verdadeiro choque de interesses. Os EUA pereebem a Organizagao dos Estados Americanos como uma asso- ciagio livre de paises livres que procuram realizar objectivos comuns, ¢ per- eebiam 0 campo soviético como tima submissio de satélites ao interesse rUsso dominante e director. Porseulado,a URSS perceheua Organizagio dos Estados Americanos como tuma expressio do imperialismo dos EU, ¢ 0 seu préprio campo como uma alianga de Estados progressivos ¢ revolucionsrios,libertos do imperialismo capitalista, Recorriam aos prOprios sistemas de valores e crengas para justifi- carem ou condenarem 0s comportamentos dos adversirios, Quando, em 1965, os BUA invadiram a Repiiblica Dominicana com 25000 homens, justificaram essa acgo dizendo que fora para evitar a sovietizagio; quando a URSS invadiu a Checoslovaquia, em 1968, justificou-a dizendo que fora para evitar 0 revorno 20 dominio do capitalismo imperialista. Em vista da influéncia global dos comportamentos das superpoténcias, e agora dos virios poderes atémicos, ransformou-se num problema e num risco mundial a per- > Karl Deutsch, “The effects of evets on national and international images Herbert Kelman (ode) eration Bhasin aso py aogel aab, NX 1965, Joris, Papo and apap fnuncernarina Pats, Princeton 1976, Ey TEORIA DAS RELAGORS INTERNACIONAIS 6. Teoria das percepgdes nas relagBes internacionals a) Valores, erengas.e informagio Aanilise das percepgdes mostra comoa concorréncia de diferentes perspecti- vyasou matrizes fundamentais,a diversidade de objectivos esteatégicos, a com- preensio dos efeitos resultantes das voluntaristas intervengBes contraditérias, cefrequentemente nao previstas, porque asoma dos resultados dasintervengaes iio € governada por ninguém, tudo leva cada poder politicoa mover-se dentro de uma assumida imagem que nao éa mesma para todos. 0 poder sovietico vit 05 seus adversérios ocidentais como um conjunto de poderes capitalista,liderados pelos EUA, e conduzindo uma politica reaccio- niria e imperialista; enquanto que os poderes ocidentais viram a URSS como ‘um império totalitirio em expansio, destruindo a liberdade das nagies e eli- ‘minando os direitos individuais fundamentais, Osaliados da URSS aceitaram, sem outro remédio, uma dependéncia poli- tica que configuravam como integragio do campo socialista, eos aliados dos EUAentenderam frequentemente queestavam sob uma hegemonia americana ‘que consideraram menos grave do que ter sido vitimas da ameaea soviética. ‘Osterceiromundistas,com relevineia para a China, tendem para assumiro periodo da Guerra Fria como uma competicio entre doisimperialismos, capi- 0, € definem 0 conflito Norte-Sul como o seu principal pro- blema, afirmando-se neutralistas em relac3o ao conflito Norte-Norte agora em redefinigao, Cada uma das percepgdes parte de uma perspectiva espectfica, na qual esté {ncluida uma escala de valores, e daqui deriva um discurso eficaz condenatério, dos adversirios e laudatério dos seus préprios objectivos e procedimentos. De tudo resulta que, na acgfo politica, os factos ndo sio entendidos sem interferéncia de um significado que lhe é atribuido por cada um dos interve- nientes 2 partir de categorias diferentes de valores, objectivos e experiéncias, haistoricas. ‘© mesmo combate que uns qualificam de guerrilha ou terrorismo é para outros guerra de libertagio, Enquanto que os americanos assumiram 0 sovie~ tigmo como o mal absoluto, os fundamentalistas islimicos assumem 0 ociden- talismo como mal abzoluto. Acresce 0 risco de que os factos politicos so, na grande maioria, definidos a partir de informagoes miilriplas que o poder inte ressado retine numa unidade, sem possibilidade de colheita directa ou global pelos seus priprios meios ¢ agentes. Por isso o famoso David Faston disse que um facto & apenas um ordena- ‘mento da realidade em fungao de um interesse teorizador. INTEGRAGAO INTERNACIONAL EFARTICIPNGAO TRANSNACTONA Euromundo (earopeismo) y Desviscionisme american Desvincionisme soviico (americanismo) Europa (Govietismo) fee Grids Leg industrais afiuntes consumo Solidariedade Norte ~ None Name 4 Conitito | Nore A Y sul y Sul ‘Tereciro Mundo (weutralismo) Fm 1982.¢ 1983, uma Comissio presidida por Willy Brandcemitiu dois pare ‘ceres, Nort-South: a program fr survival e Common Crisis~ Nort-South: cooperation Jor World Recovery, que permitem enunciar os problemas postos 3 consideraci0 ‘mundial: quais sio as causas e remédios para o subdesenvolvimento?* Porque é que alguns paises empobrecem enquanto outros possuem altos ppadries de vidat Uma teoria, dominante no Ocidente, atribui as causasascondi- ‘g6es internas que impedem amudlanea eo progresso; outra teoria, mais radical e acarinhada pelos contestatarios internacionais, atribui as causas as condi- ‘g0es que permitem a exploragdo dos povos pobres pelos ricos. A primeira te0- ria considera que os povos desenvolvidos se esforgam, com fracos resultados, para ajudar os subdesenvolvidos a dar o salto em frente; a segunda teoria con- sclera que 0s ricos exploram os pobres pela politica de investimentos e comér- io que sustentam’@, North Seutl A prapam oral, Cambige, 198: Wold Reser, Combdge, 1983. 2 Waker. Joaes chp. 183 est Common Crisis North Sout: Compton fr su TEORIA DAS RELAGOPS INTERNACIONAIS dos. Ao contritio, no hemisfério norte, os povos viviam, independentemente do sistema politico, industrializados, afluentes, isto é, consumiddores, submissos 8 ‘engenharia social criadora de necessidades artificiais para sustentara ofertae matando oespirito revolucionério, O mundo correspondiaao esquemaseguinte do bloco soviético no momento da implosio, ‘Mao Tsé-tung foi, como antes se referiu, o mais destacado teorizador desta percepgao, instando & unido politica dos povos dos 3A (Asia - Africa - Amé~ +icaLatina) com base na convieeso de que o Campo (Sul) pode veneer Cidade planetiria (Norte), tal como no seu pais tomara o poder partindo do campo paraa cidade. ‘Masosconflitostém sido igualmente dramatizados por questoes econémi- case direitos humanos. AsTesolugdes n! 1514 (XV), de It de Dezembro de 1960, £€1803 (XVID, de 12 de Dezembro de 1974 da Assembleia Geral da ONU, respec: tivamente sobre da independéncia aos pafses e povos colonia’, “soberania permanente sobre recursos naturais’, expressam 0 essencial de uma percep- ‘20 reivindicativa, internacionalmente revolucionstia, condenadora da a0¢30 colonizadora ocidental na qual incluem a unificag30 do globo, uma preferéncia pelo sovicrismoem detrimento do ocidentalismo, um alheamento das questdes Norte-Norte,a exigéncia do desarmamento sobretudo atémico, acondenacio das guerras que nao podem fizer". A descoberta do poder funcional, no caso representado pelas matérias- -primas, ¢ nestas fundamentalmente pelo petréleo, levou, depois da crise do petrileo de 1973, progressiva concretizagao de:a)tuma posigao unificada nas ‘quest6es econdmicasem relagio aos paises industrializados;b) a transformagio desta uniformidade de conduta num instrumento de pressio para desenvolver a pretendida nova ordem econémica internacional’ A United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD), em 1976, enumeroudo seguinte modo o contetido do proposto didlogo Norte-Sul | —um sistema de seguranca econdmica para os paises em desenvolvimento, ‘compreendendo a estabilizacio dos mereados e dos pregos para asexportagées dos paises em vias de desenvolvimento; adaptagao do FMI (Fundo Monetario Internacional) as suas necessidades em face da instabilidade internacional dos ‘mercados; renegociagao da divida externa crescente; 2 - mudanga estrutural «das relagdes econémicas internacionais, compreendendo a reducio da depen- déncia econdmica, desenvolvimento do comércio e da cooperacao, desenvol- vimento de uma estratégia para o uso racional de recursos. > Lage itn do Orient, tp 286 2 Karl. Sauvanr c Hojo Haseapflug (edt), Tho Now fatrnatioe! Beanie On: Canfancaton ot (Cope atnen North and Soe, Boulder. 1977p. Bets 10 [BUTEGEAGKO INTERNACIONAL # PARTICIPACAO TRANSHACIONAL 5. A pereepeioterceiromundista As percepedes escolhidas exemplificativamente, ¢ apenas para exercitar a ica da observacio plural, decorrem da hierarquia dos pélos estratégicos, a dissolugo do Euromundo, isto é, do sistema em que no vértice da direeeao plural da comunidade internacional estavam apenas Estados ocidentaise, fun- damentalmente, europeus. A construgao desse sistema comega como Tratado de Tordesithas (1494) c fica consumada com a execugao dos acordas da Con- feréncia de Berlim (1885) que determinouw as regras para a ocupagao da Africa pelos europens Todavia estemodelo, recordemos, foi descentralizado pelo desviacionismo americano marcado pela independéncia e uma Constituigdo (1787).com uma filosofia que tinha certido de nascimento no livro de Adam Smith, An inguiry into the nature and caus of the wealth of nations, publicado em 1776, Como novo Estado vinhamo direito a revolta,o federalismo, o republicanismo, os direi- tosdoHomem. O desviacionismo foi mais profundo com a Revolucao soviética de 1917, com uma filosofia de ac¢3o sistematizada no Manifesto do Partido Comunista. Com a nova legitimidade proclamada vinha a revolugao permanente, a conde- nacio global dosistema euromundista apelidado de imperialista¢ capitalista, a proclamagao das fidelidades horizontaisa sede revoluciondria- pruletdrios de todo. mundo, un-vos!-sobrepondo-se as tradicionais fidelidades verticais my county, right or rang, ‘Antes da iltima guerra mundial, estes és polos ainda partilhavam a supre- ‘macia na comunidade internacional, sendo que o conflito degradou a antiga sede do governo do mundo, Europa, para uma posigo dependente dos EUA. Tradicionalmente,o estudo das relagées internacionaisreduzia-se aosagentesde cada uma das formagées referidas, paticipantesem actos politicos, pesando na bbalanca de poderes militares, controlando as politicas econémicas mundias. \conteceu porém que os alinhamentos causados pela ruptura da Grande Alianga democrética depois da paz ¢ a politica de descolonizacao da ONU deram vor internacional, como vimos, a um conjunto de pafses ¢ forgas que até entdo sempre tinham sido mudos porque por eles falava a poténcia coloni- zadora, Em conferéncias sucessivas, forjaram uma uniclade politica com expres- so permanente na ONU, ¢ uma condluta politica internacional subordinada a padrdes comuns. Lembremos que, situados na Africa, na Asia ena América Latina, assumiram um confronto Norte-Sul, entre paves ricose povos explor3- °° A. Morea in Lge Poltive do Osten, ip. 498; Bwopson Formas, ci Cidca Poli, "0d, p 405, José adlino Maes, it 509 "THORIA DAS RELACOES INTERNNCIONNIS Assim como as sociedades politicas se diferenciam em capitalistas e prole- térias, assim também ospafses se alinham em exploradorese explorados, impe ralistas ricos e nagGes proletarias pobres. Proclamando ter conseguido libertar-se dessa subjugagio imperialista em 1917, etormando-se no mais poderoso Estado socialista, a URSS tinha o dever de liderare defender os Estados proletirios ¢ ajudé-los a libercar-se pela revo- lugio. Os EUA eram vistos como os dirigentes desse imperialismo,sustentando © projectode recapturar os paises que se libertaram, segundo o proclamado objective ~t0 rollback comnuunism, Considerava que a China tina aberto uma brecha na frente socialista, adoptando aquilo aque chamaramuma linha aven- turcira, oque fez aumentaras responsabilidades da URSS. A chegada de Andropov 20 poder, vindo dos servigos de informacio da URSS, marcouo inicio de uma politica de revisao da logistica do império, que foi espectacularmente desenvolvida pelo seu steessor Gorbatchow. A situagio de détente entre os dois blocos tornou-se interrogante no sen sido de saber se era um intervalo entre tensdes ou tim patamar para a defi «40 de uma Nova Ordem. O passado das relagoes entre a URSS ¢ os ocidentais era entendido nesta sequéncia: confrontagio violenta no periodo da revolu- G40 (1917-1924); désenterelativa quando o novo regime conseguiu obtero reco- hecimento ocidental (1924-193); confrontagao militar (1939-1945); détente breve até &dissolugio da Grande Alianga da guerra (1945-1947); Guerra ftia- -quente, violenta, tereeira guerra mundial (1947-1950); a qualificagao détente voltaa circular, no obstante as crises de Berlim (1958-1961), Cuba (1962), Viet name (1965-1973), ChecoslovSquia (1968), porcanto com um significado mais {deoldgico que operacional (1950-1970); confrontagio de nove no comego dos anos70 e cos anos 80,em que se agrava acorrida do armamemto ea luta verbal, cembora também haja uma tentativa de controlar o armamentismo e um mani- {estado desejo de trocar écnicas, ideiase homens, ede consolidar um didlogo de Estado Estado, ‘Adétente comegaa significar compreensio e, portanto, aproximago das per- cepedes sobre a situagao mundial e as responsabilidades respectivas de cada uma das superpoténeias. A principal sevisio a leste foi a progressiva remtincia a0 papel hegeménico dos partidos comunistas e, consequentemente, a negagio do.carfctercientifico ou dogmitico do marxismorleninismo'. A dissclugao do impé ‘o nao fer desapatecer 0 receo, vivo nos antigos satélites, de um regresso da Riissia, recuperada,a uma politica de hege- ui fans (cond), Dito dela Ges, Pati, 1989. 508 INTEGRAGAO INTERNACIONAL EPARTICIPACAO TRANSKACIONA? Nesta evolugdo da percepedo curopeia da conjuntura em relagio 8 associa- 40 com os EUA teve importincia outra vertente da situacio global que foi o inicio de uma mudanga de percepgio em relacio 4 URS, Enquantoos EVA os europeus foram inflexiveis na contengio do progresso das forgas comunistas, também os partidos comunistas ocidentais foram soli darios com o partido comunista da URSS, de onde Ihes vinha o apoio de que podiam dispor. Masa détente entre as superpoténcias, a campanha pacifista, ea nova pers- pectiva com que escritores como Althusser e Gramsci avaliaram a possibili- dade de os partidos comunistas chegarem ao poder numa sociedade aberta, quebrando esse monolitismo, levaram alguns lideresa procuraradaptar assuas forgas ao método democritico. Foi assim que na Il Conferéncia Pan-europeia dos Partidos Comunistas e dos Teabalhadores, eealizada em Berlim em 1976, apareceram as bases do que foi chamado 0 eurocomunismo. A principal inovacio era substituir a proemi- néncia dos interesses internacionalistas como eram interpretados pela URSS, por um modelo nacional. Os partidos comunistas deveriam dar resposta aos problemas nacionais de cada um dos seus paises, e no aos da comunidade internacional socialista. partido comunista italiano, que foi o mais influente nesta orientacio, declarou designadamente que responderia aos problemas italianos “dentro da smoldura das aliancas internacionais” aque o seu pais pertencia, oque vepresen- tou uma total viragem em relagio 3 NATO e 3 Comunidade Eeonémica Euro- pela. Poresse tempo,o partido comunista francés ainda dizia que “o abandono da ditadura do proletariado nao é negocifvel”. Mas os factos, nesta data, ultea- ‘passaram largamente 0 patamar eurocomunista’. Arrevisio da logfstica dos impérias, a que procederam simultaneamente os onséveis pela Ordem estratégica finda, BUA e URSS, tornou mais rico o pluralismo das pervepgbes europeias, e complexo o proceso em curso, 4, A meméria da percepgio soviética Desde o ensaio de Lenine que a percepsao soviética teve como dado py pal considerar a Ordem internacional como uma ameaga conspiratéria impe- rialista contra a Unido Soviética, Esta seria a defensora, ao mesmo tempo, dos Interesses nacionais russose do intemacionalismo proletério. A referida Ordem mperialistateve por objectivos, nasua percepeao, dominarasfontes das maté- rias-primas, assegurar mereados consumidores e garantir elevados rendimen- tos aos capitais. A. Moreia, Cini tact p, 308 "THORIA DAS EELAGOFS INTERNACIONAIS Charles deGaulle, que porisso dotou a Franga de uma force de frappe aut6noma ¢, mantendo-se na Alianga Atlantica, saiu da organizacio militar NATO™*, Na questio das selagées entre a URSS e os EUA, esta autonomia francesa ‘pesou sempre nos projectos de futuro que iam sendo formulados. Este modelo francés velo ater réplica no modelo espanhol, porque a Espanka também entrou nna Alianga sem ter ainda entrado na NATO, embora nao tendo forga atémica, Existem portanto pelo menos trés modelos de percepeao da necessidade de ddefesa europeia: comprometimento total na NATO;comprometimento naalianca € autonomia nuclear; comprometimento na alianga sem autonomia nuclear ~ devendo somar-se as visdes nio-institucionalizadas dos pacifistase objectores deconsciéncia que afectam a decisio e credibilidade da sociedade civil De qualquer modo, oideal da paz pelo diteito parece comutn aos povos oct dentais,eaarticulagio com osamericanos vive nesta contradigao de oscuropeus ‘Go suportarem a sua proeminéncia ¢ repudiarem a tentativa dle colonizagio cultural, copiando-thes porém os modelos de vidas detestarem a direc¢io poli tica que assumiram, mas sentindo-os préximos como povo eadmirandoa socie- dade que em muitos aspectos inovaram. Durante 0 perfodo de reconstrucio da Europa, em que esta foi amparada pelo Plano Marshall e pela NATO, a8 divergéncias de interesses e de percep- (Gio nao cram importantes. Mas pelo fim da década de cinquenta, © processo da uniicagio da Europa econémica, agora a caminho de politica, tornou evi- dente umaclivagem derivada da competigio que também é desencadeada pelo aren parece ter actualidade esta observacio de R. Aron: “Para fazer uma melhor anilise das relagdes entre a Europa Ocidental e os Estados Unidos & necessirio considerar sucessivamente os dilogos entre Bona e Washington, Londres e Washington, Parise Washington, cada um deles diferindo do outro. Maisprecisamente, ¢ desejavel separar dois problemas: a) as atitudes do governo americanoem relacio 3 Comunidade Europeia, ou mais geralmente, 0s esfor 505 para ciara unidade europeia;e a atitude do governo americano em face dos diferentes governos europeus, em relag4o aos varios problemas postos. Nao existe didlogo global entre a Europa como uma entidade e os Estados Unidos. ‘w Nesta dats, 1995, 0 Presidente Chirac tomo «trade galt desencadeom ma seacgso mall portermandadoreiniiar no Pacfien Murutoa cFangita) osensiios mocieares, ‘para desenvolvimento, Ernest Hyon der Beugel. From Merial Anda Pann, Amster dm, 1966, Henry A Kissinger, Theol parenrhipan-apratea fh tani lan, NY. 96S, Morita Eup em Fores ayn Aron, Harpe an he Used State, im David. Sanders (edt) Waera Buoys he laf pone, Lesiagion.1977,p.27 508 INTEGRAGAO INTERNACIONAL EARTICIBAGO TRANSNACIONAL ralidade das percepgSes europeias sobre a Ordem mundial e, sobretudo, a competigio estratégica. Nio sendo possivel estabelecer uma unidade de percepedes, talver seja todavia possivel definir uma area de consenso na pereepeio dos elementos fundamentais que est3o a determinar o aparecimento de uma Nova Ordem internacional, a comegar pela admissio de que esta se encontra em gestacio. ro elemento que talvez deva evidenciarse é a concepei0 de que a famente da drea militar, mas que dir respeito ao conjunto de elementos que convergem num resultado que & 0 poder (nacional ou integradc), 0 qual se analisa num poder cientifico e tée- nico, num poder industrial, num poder finaneeiro, num poder de engenha- ia da opiniao e da imagem, e numa decisio e credibilidade que sio fungio da adesio da populagéo aos objectivos estratégicos do poder ea téctica previsivel napazena guerra. Em consequéncia,a informagio publica servidora daforga da opinio piblica uma preocupagio comum atodosos poderes europeus ocidentais. Portodaa parte existem servigos de informagio ¢ relagGes puiblicas das forcas armadas, institutos que civilizam o estudo e ensino destas matérias, meios de colabora- ‘fo efieaz com os instruments da comunicagio social, uma relagio cada vez ‘mais estrururada entre a defesa e 0 ensino. De maneira geral, e segundo as sondagens que vio sendo publicadas, a Europa da NATO conserva uma percepeio da conjuntura que inclina paraa ‘manutengo de uma defesa solidria com os BUA, Diriamos que, seja qual for aestrutura dessa defesa, mais conservadora ou menos conservadora das estru- turas actuais,o facto que é saliente para pereepeio europeia é que o campo da solidariedade ocidental é visto nessa perspectiva atlintica. O antiamerica- rnismo detectavel diz respeito ao teor e tecido das relagées que muitos secto- res desejam alterados, mas no 20 reconhecimento de um interesse comum, de dentidades culeurais fundamentais, de objectivos solidarios.. ‘A percepeao jd parece mais complexa ¢ dividida quanto & relagao desta solidariedade com os objectivos ¢ imteresses préprios de ambas as superpo- ‘ténciasantes de 1989: em cada um dos pafses curopeusexistem correntesque sustentam que cada uma delas procurava um dominio mundial, ou pelo menos ‘um ganho de superioridade e de influéncia sobre a outra em varios pontos do ‘mundo. A confianga na razoabilidade dos competidores, no sentido de evita- rem 0 recurso 4 guerra, nunca foi geral e sempre existiu uma corrente teme- rosa de que tratassem a Europa como um campo de batalha ou uma moeda detroca. Esta divergéncia reflectiu-se sempre na questo das armas atmicas e da outrina militar a adoprar, Estar na dependéncia dos BUA foi recusado por 508 TEORIA DAS RELAGOES INTERNACIONATS Fez assim a paz no Vietname, por meio de acordo assinado em Paris em 17 Ge Janeiro de 1973 por William Rogers (EUA) e Nguyen Duy Trinh (Vietnam) ‘O seu Secretirio de Estado Kissinger foi o especialista do globalismo, e tam- ‘bém, enquanto adjunto da seguranca, o animador dos métodos que levariam ao desastre interno do Watergate: a invasio clandestina por agentes governa- ‘mentais da sede do Partido Democrata para encontrar provas de actividades que a administragao considerava nao-patriéticas, Em Agosto de 1972 Nixon foi obrigado a pedira demissdo para nao serdem*- tido pelo Congresso, eaquilo que se chamou a Repiiblica Imperial softia o pri- :meiro abalo no sentido de transferir o poder para o Legislativ. residentes fracos como Gerald Ford Jimmy Carterlevarama tomar plaust vyelque os EUA tinham chegadoao ponto de serem obrigados a revera logistica Go império, Nao se trata de rever 0s principios€ os objectivos eos meios dispo- niveis, mas sim de avaliar os métodos do governo e da politica externa, Aeleiga0 do Presidente Reagan em 1980 foi um apelo 3s virtudes do modelo capitalista para produzira Grande Sociedade, uporte de uma nova forga eprestigio dosEUA, ‘no mundo. Durante o seu mandato floresceu novamente a idcia da Reptiblica Imperial, ea chamada guerra das estela fo1 um projecto que apontou para uma nova supremacia estratégica dos EUA, sem resposta possivel da URSS. Deu-se porém um facto que tem precedentes na conjuntura: 2 URSS viu chegar 20 poder (1982), com uma nova concepedo das relagées internacionais, ‘ais centradas no didlogo e no desarmamento, lusi Andropoy, chefe do KGB Gurante quinze anos; no Brasil, o Presidente General Figueisedo, chamado para fazeraahertura eademocratizacio do regime militar instalado pela evoluga0 de 1964, tina sido muitos anos director dos servigos de seguranca, de onde transitou para a presidéncia;o sucessor de Reagan, Presidente Bush, foi ores pponsével pela CIA. Talvez a explicagao esteja em que so os mais bem informa- os sobre a situagao real do pais, a sua capacidade e disposigio para responder aos desafios internos ¢ externos. ‘Neste caso chegou com Bush a politica da revisio da logistica do império, ‘© que na conjuntura significou revisio em conjunto com a URSS da politica Ge corresponsabilidade mundial, que entretanto desenvolveram". A revisio Ga logistica do império faz voltar 20 primeico plano da percep¢a0 amet questio do destino manifesto, ¢ do Pacifico. 3. Aspereepgdes europeias A revisio da co-responsabilidade mundial EUA-URSS, que teve como sim- bolo Conferéncia de Malta de 1989, voltoua dara maior actualidade & plu- Pal ohoson. ce, especialmente ol Heap. VI.p. 20968. [BVIEGRAGHO INTERNACIONAL B FARTICIENCAO TRANSNACIONAL seu sucessor Kennedy, jovem de 43 anos, renovou os planos de Quiney Adamsde 1921, proclamando, diante do Muro de Berlim (1963), quea fronteira da América estava onde estivesse afronteira da liberdade. Dissera, nodiscurso de posse, que a América estava disposta “a pagar todos os pregos, a carregar todosos fardos, a suportar qualquer provagio, a combater qualquer inimigo”, para assegurar a sobrevivénciae o triunfo da liberdade. ‘Todavia, os riscos de catéstrofe mundial eram enormes,o contfito de Cuba haveria de colocar todos os pavos em perigo e Nikita Kruchtchev,em discurso de 6 de Janeico de 1961, declarava que a Guerra Fria era suficiente para asse~ guraro triunfo da URS, ‘Também Kennedy transferiu grande parte do peso da luta mundial para a estratégia indirecta, iniciando o que chamou uma diplomacia activa: brigadas da paz compostas por jovens missionérios da iberade e do desenvolvimento, uma nova Alianca do Progresso. Do ponto de vista militar, ndo se acreditava jé nna retaliagdo massiva, mas sim na respustagraduada, CO assassinato em 22 de Novembro de 1963 do jovem Presidente, que dei- xou uma marca no imaginirio de todos os povos ocidentais, também deixava em exercicio uma demonstracio de que anova aproximagao doconflito central ‘do eliminava a terrivel ta armada, demonstragio que era a guerra do View name. A contengao continuotl ser 0 objectivo principal, com a esperanca de obrigar a URSS ao recuo, O sucessor, o Presidente Johnson, assumiu os mes- mos objectivos easduas frentes:a da luta pelo desenvolvimento como nome de Grande Sociedade, ¢ a militar com a assuungao completa da guerra do Vietname. Esta guerra teve o mais desmoralizador dos efeitos na decisao e credibilidade do povo americano, que ainda nfo reconeiliou a sua consciéncia colectiva com a intervengao e as modalidades de combate,e coma derrota final. A Utopia da Grande Sociedade, que Johnson proclamou dizendo que “hoje 20 de Agosto de 1964), pela primeira vex na historia da Humanidade uma ‘grande Nacio obriga-se voluntariamente a erradiear a pobreza do seu povo, € smostra-se capar de 0 fazer”: cada vex se mostrou mais incompativel com a pol tiea armamentista ‘A cleigio de Nixon em 1969 marca uma revisio da percepeo americana, ‘porque entZo assume que o Pacifico ¢ o bergo do futuro, virando-se para a China de acordo com o conceito que exprimiu André Malraus: era uma tragé- dia que o pais mais rico e produtivo do mundo estivesse em desacordo com o inais pobre e o mais populoso. io significou uma mudanga no objectivo de defender aintegridade da Srea stl, mas representou a definicao de uma nova visio globalista do equili brio entre as poténcias, uma orientacto no sentido do policentrismo elissico, tuma chamada ao uso das armas da pay e nao da guerra {NTEGEAGHO INTERNACIONAL E PARIICIPAGEO TRAXSNACIONAL, O seu sucessor Kennedy, jovem de 43 anos, renovou os planos de Quiney Adams de 1921, proclamando, diante do Muro de Berlim (1963), que a fronteira da América estava onde estivesse a fronteira da liberdade. Dissera, nodiscurso de posse, que a América estava disposta “a pagar todos os pregos, a cartegar todos 08 fardos,a suportar qualquer provacio, a combater qualquer inimigo”, para assegurar a sobrevivéncia e o triunfo da iberdade Todavia, os siscos de catstrofe mundial eramenormes,o conflito de Cuba haveria de colocar todos os povos em perigo ¢ Nikita Kruchtchev, em discurso de 6 de Jancirode 1961, declarava que a Guerra Fria era suficiente para asse- guraro triunfo da URSS, ‘Também Keanedy transferiu grande parte do peso da luta mundial para a cestratdgia indirecta, iniciando o que chamou uma diplomacia activa: brigadas da paz compostas porjovens missionérios da liberdade ¢ do desenvolvimento, ‘uma nova Alianza do Progresso. Do ponto de vista militar, nao se acredltava ji ‘na reraliagso massiva, mas sim na resposta graduada © assassinato em 22 de Novembro de 1963 do jovem Presidente, que d ou tima marca no imagindrio de todos os povos acidentais, também deixava ‘emexereicio uma demonstragio de quea nova aproximagio do conflito central do eliminava aterrivel luta armada, demonstragdo que era a guerra do Vier ‘name. contengdo continuot a ser 0 objectivo principal, com a esperanga de “obrigar a URSSao recuo. O sucessor, o Presidente Johnson, assumin os mes- ‘mosobjectivoseas dias frentes:a da lita pelo desenvolvimento como nome de Grande Sociedade, ¢ a militar com a assungio completa da guerra do Vietname. Esta guerra teve o mais desmoralizador dos efeitos na decisdo e credibilidade o povoamericano, que ainda nao reconciliou.a sua consciéncia colectiva com aintervengio eas modalidades de combate, com a derrora final. ‘A Utopia da Sande Sociedade, que Johnson proclamou dizendo que “hoje (20 de Agosto de 1964), pela primeira ver na histéria da Humanidade uma grande Nagio obriga-se voluntariamence a erradicar a pobreza do seu povo,€ ‘maostra-se capaz deo fazer”: cada vez se mostrou mais incompativel com a poi- sca armamentisa. AcleigSo de Nixon em 1969 marca uma revisio da pervepgio americana, porque entio assume que o Pacifico é 0 bergo do futuro, virando-se para a ‘China de acordo com o conceito que exprimiu André Malraux: era uma tragé- ia que o pais mais rico e produtivo do mundo estivesse em desacordo com o ‘ais pobre e o mais populoso. Nao significou uma mudanca no objectivo de defender aintegridade da rea ‘ocidental, mas tepresentou a definicSo de uma nova visio globalista do equi brio entre as poténcias, uma orientagio no sentido do policentrismo clissico, uma chamada ap uso das armas da paz e no da guerra. "HORA DAS HELACOESINTERNACIONAIS obrigagées na Girécia ¢ na Turquia ameacadas de subversio, o Presidente Tru- man, em I2de Margo de 1947, proclamouta doutrina que temo seu nome:“Estout conveneido de que & dever dos Estados Unidos apoiar os paises livres quando se reeuisam a ser subjugados por minorias armadas por pressées exteriores.. devemos a udar os paises livres a decidirem o seu proprio futuro da maneira que Ihes convenha”, Foi crésmeses mais tarde que Marshall anunciouo seu plano paraa Europa, apelando &internacionalizagao consentida: “Se os europeus, todos ou alguns dentze eles, se puseram de acordo ¢ apresentarem um balango do que julguem necessériopara os tirar da sua terrivelsituagao...estarfamos prontos a apreci- o.com o fim de determinar que espécie de sjuda politica podemos dar thes” eve esposta positiva de vinte e dois pases, tendo Riissia impedidoaGhe- costovquis e a Polonia de se juntarem ao grupo. Por esse eempo foi discutida a hipétese de atacara URSS, havendo um grave incidente que foi o blogueio do acesso a Berlim, Em Fevereiro ~Margo de 1949, um grupo de representantes dos departamentos de Estado e da Defesa publi- cavao documento chamado *Conselho Nacional de Seguranga 68” que preten- dia definira politica exeerna para ostrinta anos seguintes: dado que a América ceraamais poderosa poréncia do mundolivre,cabia The defender asinstituigoes demoeritisas no mundo inteiro; eram obrigagées simultaneamente morais, politicas.e‘deoldgicas, necessitando de um poder militarcorrespondente,com armaments convencional e atémico. Nessa data jé sabiam que os soviéticos tinham conseguido construira bomba. © Pactodo Atlintico Norte, de 4 de Abril de 1949, apelava de novo para internacionalizago, nao apenas militar (NATO), mas também politica, eco- snémica e social. Assumiam que apenas cinco regides do mundo eram capa- zesde apoiar com os seus recursos uma poténcia militar moderna: 0s Estados Unidos, a Inglaterra, 2 4rea industrial do Reno ¢ do Rus, o Japso e a Unizo Soviétiea, Fra necessério que a URSS nao tivesse acesso sendo ao seu prdi- prio territirio: foi a politica de contengao, explicada num artigo famoso da revista Foreign Affairs em 1947, atribuido a George Kennan e chamado~ As raees da vorduta soviética. O perigo comunisca com 0 reflexo interno da repres- Go politica conduzida por McCarthy, a identificagio da URSS com o impé- iodo mala obrigac30 moral de assuimira defesa do mundo livre,aconfianga nna superioridade do braco militar, definem a percepcio americana no inicio deste periodo de paz pelo terror. Todavia,o mandato de Eisenhower, de 1953a 1961, demonstra uma séria tentativa de dominar o complexo militar industrial que cle priprio demunciou, ¢ levow a consolidagto do modelo da contengao. antigo comandante-chefe da batalha da Europa presidiu ao ponto maisalto do poderio americano. INTGRAGAO INTERNACIONAL. PARTICIPAGNO TRANSNACTONA gr Mediasio da Percepet0 1. As percepgdes da integragio As integragées, ainda quando atingem o patamar transnacional, no s30 por regra mundiais. Trata-se de uma alrerac3o importante na vida internacional ‘que df earicter’ conjuntura, sem apoio na experiéneia histérica que ajude 4 definigao prospectiva, é sempre importante avaliar as percepgdes da integea- ‘gio que sfo assumidas pelos Estados alheios 20 movimento mas que recebem efeitos deste no seu ambiente decisério, Trata-se aqui apenas de tim exercicio ‘que ausilie na compreensio da metodologia. 2. Apercepgionorte-americana Aorigem eo processo da integrago nacional americana parecem encaminhar ‘oseuponto de vista de poténcia para uma atitude favordvel 3 integragoemque concorram as pré-condigies, condigdes e objectivos que ficam indicados. ‘Ainiciativa do European Recovery Program (Plano Marshall) teve como exigén- «iao planeamento conjunto pelos Estados europeus interessados em recuperar do desastre da guerra. A iniciativa politica de Winston Churchill a favor dos Estados Unidos da Europa, eos bem sucedidos esforgos de Jean Monnet, cha- ‘mado o pai da Europa, eacontraram apoio em personalidades politicas amer- ceanasaltamente responsiveis, ‘Mas jf nessadata se tornou evidente a preocupacio de alguns sectores sobre ‘o conflito futuro de interesses, no caso de a Europa ressurgir, fortalecida por ‘uma integragao, na cena mundial, a comegar pela Srea econémica ‘No sistema politico norte-americano existe um elemento que deve servirde pponto de partida para avaliara percepgio que o Estado assume da conjuntura mundial, e que é o presidencialismo. Ultrapassado 0 debate sempre necessé- rio, 60 Presidente que exprime a percepeo que basear‘ as polticas. Acontece também que, em momentos de erise ¢ de revisio, o poder aparece transferido para o Congresso, coincidindo assim com as presidéncias fracas, Mas o Presi- dente é um elemento to fundamental que a maioria das politicas e doutrinas Jwernuciousis dus BUA su buptizadas cous u uuie do Presidente que as dele nie aplicou. ‘Depois da paz, e quebradaa grande alianga com a URSS, a primeira percep- ‘elo americana foia da necessidade de concer o avango soviético e, nessa orien- {agio, reconstruis a Europa Ocidental ‘Em face da setirada da Inglaterra da maior parte das suas antigas respon- sabilidades internacionais,e do conceito americano de que renunciava as suas so. "TLOBIA DAS RLLAGDES INTERNACIONAIS A previsio da relagio custos-resultadosdeve demonstrar uma expectativa racio- nal de baixos custos econdmicos, sociais ou nacionais. Isto implica uma ava- liagio global das dependéncias e interdependéncias de cada agente politico a integear. A Inglaterra demorou a adesio 4 CEE por considerar pesado o efeito ‘eventual nas relagdes internas da Comunidade Hiitaniea e nas relacdes desta com os EUA. Asameacas externas comuns aceleram o processo da integragio, comoacon- recent com a Europa, que durante cerca de meio século viveu estrategicamente dominada pela varidvel do medo decorrente da bipolarizacio. IV- Movimento sustentador Oprocessa integrador, a caminho da transnacionalizagao, apenas serd susten- tado, sem travagens ou desaceleragio, se os pré-requisitos nao softerem alte ago no processo, se 0s objectivos forem satisfatoriamente progredindo, seas ameagas externas nao mudarem le natureza ou desaparecerem. O gradualismo recomend que a coordenagio informal ndo pode ser a regra, € que a integra- ‘fo por sectores (federalismo funcional) deve ser executada com instituigoes oradas de autoridade suticiente, ‘Também é certo, como enunciou Weber, na teoria geral, que 0 aparetho burverstico que vai sendo montado consolidae procura aceleraro movimento invegrador. Na CEE, hoje Unido Europeia, um dos movimentos mais dignos de atencio 6, nesse plano, o da afirmagio progtessiva do papel do Parlamento. Um corpo de leis privativas, uma jurisdigo auténoma de competéncia pro- gressivamente alargada, vo acentuando o transnacionalismo e satisfazendo as ambigdes do aparelho. Tudo isto, que realmente apela para os dirigentes ¢ portanto paras clites, recessita, para legitimacio, de um apoio dos cidadios, onde reside, no Oci- dente, o poderde sufrigio. A cleigao de 1994 parao Parlamento Europewcrion alguns desapontamentos quanto 20 interesse das populagses pelos mecanismos comunitérios. Isto tem que ver com a referida transferéncia de lealdades para osvalores, objectivos.c instituigdes das comunidades, dominio ondea doutrina Ge Deutsch sabre a comunicagdo ganha o maior relevo = Edouard Boancour Lidcewopienc ea ation, Pati entcoamené, Psi. 1955. 95 Joan Monnet, Lerten Eup 500 [ISTEGRAGAO INTERNACIONAL PARTICIEAGAO TRANSNACIONL sigGo entrea Franga ea Alemanha. A primeira preocupacio em qualquer inicia- tivadevem ser estes dois paises. Tendo isto em vista, o governo frances prope isaimediatamente num limitado mas decisivo ponto. O governo francés propde colocar a producio franco-alema do earvio e do ago sob uma ‘comum Alta Aworidade dentro da jurisdigao de uma organizagao aberta 4 par ticipagio de outros paises da Europa”. Existem observadores mais cépticos sobre as virtudes preventivas da inte- ¢gragio, designadamente Raymond Aron, quando advertia que a Europa é um lugar, uma ideis, mas no uma unidade. A historia no obedece a les inviols- veis ¢ facilmente se conechem cireunstincias em que a integragio agrava os conflitos.em ver de 0s climinar. TIN Requisitos da viabilicagao Para aviabilidade da integracdo, os autores enunciam algumas pré-condigbes muito gerais, cxja reunigo facta o éxito do indispensével voluntarismo pol- De modo geral, como faz Karl Deutsch, consideram importante 0 que cha- ‘mam uim paradigma sociocausal da integracio, querendo referir uma assimilaczo social dos povosenvolvidos: mituo respeito pelos sistemas culturais, objectivos internacionais coincidentes ¢ bom apoio do poder politico pela comunidade de cada unidade politic Daqui resulta a nevessidade da participago em valores comuns, que tam- ‘bém €uma concigdo sociopolitica. E facil para oselitistasconctuir que essa par ticipagio é maisindispensivel nas camadas dirigentes, por exemplo acreditarem ia social de mercado, contra os que aereditam em controlos, subsidios e centralismo. Apenas deste modo as energiasvao conver gir no sentido de constituira integracao. Oprocesso,adianta-se, deve ser orientado pela conviegto de que haverd uma ‘equilibrada balanga de beneficios acrescidosem relago ao isolamento, sem centtos ‘dominados e cextros dominadores, com a normal consequéncia da iniquidade naatribuicio de beneficios. Nao é viével a integracio entre unidades politicas que nao tenham ji con- solidado uma tradigao de cooperacao construtiva e pacifica. Fala-se, aesteres- peito, na cordialidade Deste modo, a integragio deve comegar por éreas que nao sejam politica- ‘mente revisionistas, de tal modo que alguns avangam a chamada lei da impor- ‘cia invertida, querendo significar que o crescimento da integragio esti em selagio inversa coma importincia politica do sector. za livre iniciativa e econot IA. Morsea Europe om Formasan, itp. 210 05g, a” THOMA DAS RELAGDES INTERNACIONALS © que nto significa que 0 processo nfo possa tomas vstoso on parar, designadamente por retroacyto de fatos relacionados com outrasdnéas ou siscemas. Bo que pode acontecer com osreflexos da mutacto do sistema sovié- tico sobre os varios process integradores ocidentais em curso. A transigdo do méodo de cooperagio para a transnacionalizagto pode ser parado e até retroceder™. 1 Objectivos da integracao Na doutrina tradicional dos fins do Estado, a defesa e conservacio aparecem como primeiro. Aintegracdo é um processa de alienagao da livre decisto soi- téria no sentido eldssico da soberania, os Estados apenas praticam esta rentin- cia perante necessidades ¢ expectativas que jé nfo podem enfrentarisolados. (© motivo mais documentado pela experiéncia, suposta a paz, é 0 objectivo de optimizara capacidade econdmica. Tal objectivo tornou-se mais premente em face da hierarquizagio das poténcias que redus. a maioria dos Estados & impossibilidade de competirem com bons resultados. Foi o que aconteceu 3 Europa Ocidental, a qual admitiu que para competir necessitava da fusdo das economias nacionais, sob pena de se acentuat a asi- metria em favor dos EUA, lider da produgao para a exportagao, coma forga de trabalho tecnicamente mais habilitada ¢ 0 mais criativo dos aparelhos produ- tivos", Foi a motivagio animadora do Mereado Comum Europeu. O segundo objectivo é aumentar o potencial politico na balanga interna- cional de poderes, agora especialmente também em funcio do bipolarismo que dominow a vida internacional. As médias e pequenas poténcias uniam-se para lutar contra o silenciamento que para elas decorria dos poderosos cen- tros directores. Algumas orientagdes visavam expressamente 0 regresso a Um sistema mutpotar Acresce que a histéria mundial, e muito especialmente a curopeia, identi: fica a fronteiras comuns como separadores de inimigos intimos, frequente- ‘mente em conflito armado. Um dos objectivos da integragio é eliminar causas de conflito. ‘Um dos exemplos mais elaros est na fundag30, em 1951, da Comunidade Europeia do Carvio e do Aco pelos mesmos Estados que viriam a fundar a CEE. Referindo-se iniciaiva, diria entao 0 ministro francés Robert Schuman: “A cooperagao das nagoes da Europa exige a climinagao da tradicional opo- Wiliam Wallace, fest Feicrton, moe hana Regime: The Community are Political Soin Wallace, W. Wallace, C Webb (org), Policy Making athe Euopeon Conant, Londres, 1983, pp. antonio Truoly Sere, La atirasin cries Mads 177 merci, Pris, 196? Joes ct, Pa 3 p65 espts. Seman Scheiber, Left {STEGEAGTO INTERNACIONAL EFARIICIEAGHO TRANSNACIONAL rea de comércio livre, ¢ um conselho director composto pela Franca, Ingla- terra, Alemanha Italia. Conceitos que a unificagio alem anda a relembrar™. O referido Acto Unico apontava é paraa integragao no modelo incerto da niao politica, mas certamente evitando referir 0 proposto Directorio, Apenas os factos fardo a arbitragem. “A integragio militar nas aliangas foi rara no pasado, porque as guerras no alienam necessariamente o controlo estratégico em instituigdes transna falvezo Pacto de Vars6via tenha sido forma mais integrada queseconhece, porque foi ampazado pela abusiva doutsina soviética da soberania limitada dos satélites, Na Alianga AtKintica, a NATO tem um processo de decisio colegial, embora os BUA tenham sido persistentes em manter um controlo unilateral das armas estratégicas. Verificou-se uma politica progressiva de integracio das tropas e material convencional, mas nio igualmente no processo decisério. Parece racionaladmi- tir que a integracso politica preceda a integracao da seguranga, e reconhe- cer que as aliangas nao implicam necessariamente a integragio do processo decisério, do comando, ¢ da atribuigdo de recursos. A crise acelera todos os Processos, assim como o apaziguamento stibito est a fazer nascer projectos desmobilizadores de revisio. I- Astensies da integragio No seu contetido operacional, o conceito de integragdo significa que grupos diferentes, submetidos mesma jurisdigdo, ever possur os mesmos direitos legais, embora possam (afirmative action) cer prvilégios desiguais em fungio da sua especifica identidade religiosa, linguistica, cultural. Ea regrado diceito aser diferente e tratado como igual. Opostoa qualquer movimento neste sentido estd ointegrismo, uma expres- sto devida a Charles Maurras, que subordina tudo & preservacao e desenvol- vimento das diferengas, coisa que, partindo do modelo do Estado-Nagio, contraria qualquer internacionalismo ou transnacionalismo. E por isso que a integragao tem como corolério a tolerincia que preside A coexisténcia e cooperagao das diferencas sob a mesma instituigao pol As normais resisténcias que ficaram referidas & que inspiram o gradualismo funcionalista que retira das observagdes dos factos que a integracdo de um sector, com éxito, acelera aintegragao seguinte, o contrério sendo igualmente verdadeiro, Walter Laguent, The Rebirth of Bape, NY. 1970,p. 228 407 "LORIA DAS RELAGOES INTERNACIONAS da América Central (CACM), a Asso. Livre (LAFTA),e a Associagi0 Europeia de Comércio Livre (E desenvolver 0 poder econdmico de todos pela integracio, usando ‘mentos prineipais:eliminaras barreiras alfandegirias entre os Estados mem bbros, permitindo a live circulagao de mercadorias,a que pode acrescer alive circulagio de pessoas. capitais;definiruma politica econdmica comum etinica cem relacio 208 Estados exteriores 20 mercado comum. (0 segundo sector é social, porque nao & possivel fazer circular livremente ‘mercadorias, capitais e pessoas, sem encarar o contacto de modelos culturais diferentes e por vezes incompativeis, ou objecto de percepgdes incompat veis, Depois, o problema essencial & que a marcha da integracio, até even- tual constituigdo das autoridades transnacionais, implica uma nova definigao ce graduacio de lealdades civicas ustentadas por novas atitudes.O europeismo da Unido Europeia é cada vez mais a definigo de um projecto de novas leal- dades politicas"™. or isso 0 sector politico & 0 que suscita maiores dificuldades, quer de um ponto de vista funcionalista quer de um ponto de vista mais ambicioso, poli- rico ¢ federalisea:est8o em causa todos os valores histéricas do patriotism, da lealdade 3 Pitria, A Nacio ¢ a0 Estado, ¢ sentido das diferengas, identida- des nacionais ¢ independéncia soberana. Por isso, de novo aqui as diferentes perspectivas metodoligicasnao coincidem nos processos recomendados, asst- ‘mindo embora os mesmos ou semelhantes objectivos. Uns entendem que a predisposigao social para a integragao deve preceder a instituigdo dos mecanismos ntegradores. Outrosadvogam que a instituigio de mecanismos integradores por Estados afins & que desencadeia a disposi- ‘20 social. Como sempre, e neste caso com base emanilise factual, sustenta-se que a cooperagio deve preceder as instituigdes e que entio a mudanga social seguirse-d sem conflitos'*. ‘Dos dirigentes europeus que na década de sessenta enfrentaram as exi- géncias da integracio, foi talvez 0 General de Gaulle quem melhor se aperce- hheu de conflitos de valores e procurou encontrar formulas para a coexisténcia os velhos valores com a8 novas respostas. A sua questio era a de saber em «que medida a Franga poderia aproveitar do movimento integeador sem sacri- ficar nada da sta identidade ¢ liberdade nacional. No fim da carreira con- Fiou 20 embaixador britinico Christopher Soames a sua preferéncia por uma = Roald Inglehart, “The new europeansinwanto uswardlocking?”, ternational Orgonation, va. 24,1970, p 128. Waker fone, tp. 624. Edgar Mora, Par a Eup, Lisbon, 988 ‘SSVer Kin Deuts in Philip F Jas James V Togcano ed), Terai of pla! commit, Fada, 1969, 496 [NTEGRAGAO INTERNACIONAL E FARTICUANGRO TRARSNACIONAL dla Organizagio das Nagbes Unidas, Este rigor € justificado, mas as expres: ses internacionalismo ¢ transnacionalismo ainda aparecem utilizadas indi- ferentemente, 2. Integragao internacional Deacordo coma cefinigio de Ernest B. Haas, entende-se porintegra nacional o processo pelo qual os agentes politicos de varias areas nacionais procuram transferirassuas lealdades, expectativase actividades politicas para lum centro novo e mais abrangente, cujasinstituiges possuem ou pretendem jurisdigao sobre os preexistentes Estados nacionais**, Niose trata portanto de uma organizag0 internacional intermedia entre 0 Estados; trata-se de um novo processo decisorio a cargo de uma instituig30 superior 20s Estados. Reproduz essencialmenteo proceso coselementos str tursis do Estado, com nova dimensio e com exting3o final da politica interna- cional entre os Estados abrangidos. Embora fora da Furopa Ocidental existam varias experiéncias de integragio, sobretudo na érea econémica, destacando-se (Grupo Andino (1969 Bolivia, Colombia, Equador, Pert, Venezuela), ésempre a experiéncia da CEE, hoje Unigo, que serve de exemplo neste dominio™®. ‘A abordagem da integragio pode ser feita com um critério federalista, como advogam alguns projectistas da Unio Europeia, definindo uma forma de governo abrangente dos Estados-Nagio e decalcada do modelo dos EUA ou dda Alemanha, Seria mais um caso em que 0 contrato social eliminaria 0 estado de natureza que caracteriza a vida internacional competitiva'™. (Os funcionalistas, porseu lado, sustentam que mesmo sociedades compati- xeis pelo modelo aque obedecem nao podem integear simultaneamente todas as fungoes piblicas. O gradualismo & 0 método exigido pelas resistencias, ¢ apenas 0 progresso da integragao sustentada em varios sectores pode levar 8 Final geral integragio™, 3. Ossectores da integragio i & g E g / : 4 sendo o modelo mais frequente o do mercado comum, com virias definigdes. Por exemplo, a Comunidade Econémica Europeia (CEE), o Mercado Comum (622 esgts. ea. A7-Ernest B. Has, Th Unig of Earp: Pola, Sosa and Ergromi Fores 1950-57, Stanford, 1958, p16. yan Mell, Ral Deepa a Gb Sion, New Haven 1979. ad Mites, “The prospest offateyeatins federal or unetonal in fare of Common Marks Sis al 41968, 8 Joseph'S Ny, "Comparing Common Markets Revised Neo-Funesionalit Molin ate! Onperttienvl. 24,1970, p75 498 "TEORIA DAS EELAGOESINTERNACIONAIS Europa. Parece de aceitar que a aventura napole6nica, esmagando as sobera- nase orgulhos dos outros povos europeus, a0 procurarestabelecerum efectivo governo supranacional, provocou um florescimento dos nacionalismos euro- ppeus mais defensivos que agressivos,e contribuiu para radicagao do ideal do Estado-Najio, Em parze como consequéncia dos nacionalismos imperialists ¢ racistas ¢ das guerras inerentes, em parte pelas exigéncias da interdependéncia, existe ‘um debateconceitual determinado por opgdes valorativas ou ideologicas neste dominio. Alguns autores desta vaga critica opdem nacionalismo a patsiotismo ccomecritérios que nao sio coincidentes: por exemplo, sentimento de lealdade as tesras cao grupo (patriotismo) e sentimento de superioridade étnico-cultural (nacionalismo); respeito pelas leis e insticuig6es (patriotismo),e respeito pela cetnia, lingua e tradigio (nacionalismo). Depois da Segunda Guerra Mundial, 0 nacionalismo foi com frequéncia centendidono sentido que lhe haviam dado osagressores vencidos, econdenado como irrac onalsta, ispirador dos imperialismos,c oposto aosnascentes mumn- Giatismos ¢ doutrinas universalistas. E evidente que as cenogratias propostas decorrem das necessidades do discurso eficaz das novas correntes politicas,¢ _ndo tém que ver com 0 conceito do Fstado-Nacio que o dieito internacional acolheue consagra™. ‘O internacionalismo nao é nevessariamente uma doutsina que fere onacio- znalismo ou Estado-Nagio, é antes uma afirmacio de quea nossa época exige a definigio de objectivos politicos que excedem 0s limites histérieos, geogri cose constitucionais dos Estados que existem. Daqui nio decorre logicamente ‘qualquer receio de uma politica nacionalista agressiva para fora das frontei- as, decorre mais razoavelmente o desenvolvimento do método consensual € do modelo contratual do tratado. Nao pode por isso ignorar-se que existe uma

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