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Graduação em Educação Física no Brasil na modalidade EAD

Conference Paper · August 2012

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4 authors, including:

Patrick Ramon Stafin Coquerel


Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Graduação em Educação Física no Brasil na modalidade EAD

Patrick Ramon Stafin Coquerel (UnC e FAEL) motriz@iguamirim.com i


Maria Alcenir de Carvalho (UnC) alcenir@unc.br ii
Luís Fernando Bohrer (Uniguaçu) luisbohrer@hotmail.com iii
Marcos Werka (UnC e Academia Total Life) mdwerka@hotmail.com iv

Resumo

O objetivo foi analisar as Graduações em Educação Física na modalidade de Educação a Distância


no Brasil. Desenvolveu-se uma pesquisa de natureza aplicada, tipo analítica, com a técnica de revisão
de literatura. Utilizaram-se os descritores Educação Física e Educação a Distância nos sítios
eletrônicos do Google Acadêmico e do Boletim Brasileiro da Educação Física, em língua portuguesa
e inglesa, num corte temporal de vinte (20) anos. Artigos publicados em periódicos eletrônicos e
impressos, monografias, dissertações e teses em meio eletrônico, sítios eletrônicos especializados e
livros impressos compuseram as fontes de pesquisa. Constatou-se a existência de nove (9) Cursos em
atividade e um (1) em extinção, totalizando dez (10). Todos são licenciaturas, reforçando a vocação
da Educação a Distância no Brasil enquanto formação de professores e capacitação continuada para
o magistério. A região com maior número de instituições é a Sudeste (5 Cursos, 50 %). Na região
Centro-Oeste concentra-se o maior número de polos presenciais (22 Polos, 34,3 %). Os Cursos
funcionam em média há 3,4 anos, sendo o mais antigo o da Universidade Federal do Amazonas
(UFAM), com 4,9 anos de existência. Autorizar e credenciar a oferta de Cursos de Graduação em
Educação Física a distância é uma alternativa oportuna. Sanar desigualdades regionais e assegurar
um processo de formação continuada é um desafio da Educação brasileira. Contudo, é imprescindível
zelar pela qualificação dos meios e processos de ensino-aprendizagem, inclusive no que se refere a
legislação e metodologia, configurando uma formação adequada dos docentes.

Palavras chave: Ensino de graduação. Educação Física. Educação a Distância.

Physical Education Graduate in the Brazil in the EaD modality

Abstract

The aim was to analyze the graduations in Physical Education in the form of distance education in
Brazil. Developed an applied research nature, analytical type, with the technical review of the
literature. We used the descriptors Physical Education and Distance Education in their websites and
Google Scholar Brazilian Bulletin of Physical Education in Portuguese and English, in cut time of
twenty (20) years. Articles published in electronic and printed journals, monographs, theses and
dissertations in electronic media, websites specialized electronic and printed books composed the
sources. It was found that there are nine (9) courses in business and one (1) extinction, totaling ten
(10). All are graduates, strengthening the vocation of Distance Education in Brazil as teacher training
and ongoing training for teachers. The region with the largest number of institutions is the South East
(5 courses, 50%). In the Midwest region concentrates the largest number of face poles (22 poles,
34.3%). Courses run for an average of 3.4 years, being the oldest of the Federal University of
Amazonas (UFAM), with 4.9 years of existence. Authorized and accredited to offer undergraduate
courses in physical education at a distance is a timely alternative. Remedy regional inequalities and
ensure a process of continuing education is a challenge of Brazilian education. However, it is
essential to ensure the qualification of means and methods of teaching and learning, including with
regard to legislation and methodology, setting up a proper training of teachers.

Key words: Graduate Education. Physical Education. Distance Education.

1. Introdução

A Educação Física (EF) brasileira deparou-se com um tema polêmico, os Cursos de


Graduação em EF na modalidade de Educação a Distância (EaD).

A imensa maioria dos brasileiros desconhece os avanços das Tecnologias da


Informação e da Comunicação (TICs) aplicadas a (EaD). Pelo que se imagina de um Curso de
Graduação em (EF), muitas pessoas ficam perplexas ao receberem informações sobre a oferta
de Cursos nesta modalidade na área em questão. Não é difícil compreender a surpresa que
causa esta notícia, haja vista que, apesar dos avanços nos processos de inclusão digital, muitos
ainda não conhecem ou não possuem acesso as ferramentas computacionais e, infelizmente,
muitos cidadãos sequer são funcionalmente alfabetizados para se apropriarem destes recursos.

As dificuldades para operacionalizar Cursos de (EF) em (EaD) com qualidade são


enormes, mas ainda é mais complexo lidar com os limites funcionais e estruturais das (TICs)
e, principalmente, da área da Educação. No entanto, vantagens da (EaD) tem justificado
intervenções públicas e privadas no sentido de colaborar com a expansão da mesma no
território nacional, desde incentivos financeiros e de qualificação profissional, até legislações.
Almeida (2009, p. 9) afirma que “a (EaD) é reconhecida no Brasil pela Lei 9394, de 20 de
dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, sendo
geralmente conhecida como Lei de Diretrizes e Bases (LDB)”. A mesma autora (2009, p. 10)
destaca as três principais vocações da (EaD), que são: “a Educação de Jovens e Adultos
(EJA), capacitação em exercício e a formação de professores”, em conformidade com o artigo
87, parágrafo terceiro da (LDB). Ao reler estas afirmações, embora possa haver diversas
limitações para a (EaD) percebe-se que a mesma aparece como mais uma alternativa para
sanar quadros educacionais desfavoráveis no país, tais como o analfabetismo de jovens e
adultos e a formação continuada de educadores.

Alves (1989) apud Araújo (1991, p. 46) mencionou que “é essencial deixar de pensar a
Educação a Distância a parte e sim inseri-la em uma política nacional de Educação que
aglutine esforços, delineie prioridade na formação do indivíduo consciente, crítico,
participante e criativo”. Mas o que dizer da (EaD) na formação inicial e continuada dos
Professores de Educação Física? Como pensar a preparação e o desenvolvimento profissional
de quem se prepara para lidar com pessoas, possibilitando um processo de estudo que, em
tese, minimiza as inter-relações humanas? Situações básicas como tocar e ser tocado pelo
outro, condição que a olhos vistos distinguem acadêmicos e professores de (EF) de estudantes
e profissionais de outras áreas de conhecimento e atuação. Por sua vez, Araújo (1991, p. 46)
conclui:

A Educação à Distância se apresenta como uma metodologia apropriada para a


Educação Continuada do Profissional de Educação Física. Uma maior divulgação e
conhecimentos das definições aqui apresentadas e discutidas poderá, ao nosso ver,
contribuir significativamente para um maior emprego efetivo da Educação a
Distância na Educação Física brasileira: afinal, toda forma de Educação é um ato
político.
Ao pensar nas possibilidades e não nos limites, entende-se que a (EaD) na (EF) surge
como uma alternativa adicional, portanto, longe de se apresentar como uma solução. O
Decreto 5.622, de 19 de dezembro de 2005, regulamentou o artigo 80 da (LDB) e, em seu
artigo 1º, Brasil (2005) caracteriza a (EaD) como:

Modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de


ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de
informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades
educacionais em lugares ou tempos diversos.
Aqui cabe ressaltar uma grande vantagem da (EaD), a abrangência do alcance das
informações. Quando se trata das relações espaciais e temporais do processo de ensino-
aprendizagem em (EaD), constata-se que ocorre uma flexibilização do ensino e da
aprendizagem, pois o aluno pode autogerenciar os seus estudos, adaptando-se mais facilmente
aos horários e minimizar os deslocamentos em trânsito, bem como ter acesso a aulas via
videoconferência e ou teleconferência e materiais didático-pedagógicos elaborados por
professores renomados dos grandes centros de pesquisa nacionais e, também, internacionais.
As vantagens são muitas, mas não se pode deixar de apontar as desvantagens, dentre as quais,
destaca-se o despreparo para manusear as (TICs) e a precária infraestrutura de salas e
laboratórios com conexão rápida a internet. Segundo Coquerel (2003, p. 137):

À parte de todo e qualquer debate vinculado a Educação Física, seja ele de ordem
divergente ou convergente, é provável que a classe dos agora legalmente intitulados
“Profissionais de Educação Física” deva ater-se às inovações tecnológicas já
existentes e as que estão por vir, observadas diariamente nos jornais, programas de
TV, filmes, entre outras formas de divulgação que, reconhecidamente deixaram de
ser meras especulações ou histórias fictícias, para assumir papel transformador na
sociedade.
Outro benefício da (EaD) refere-se ao preparo profissional associado a usabilidade e
portabilidade das TICs. Um dos argumentos mais fortes da (EaD) são as inúmeras
possibilidades de construção coletiva e colaborativa do conhecimento. Se considerarmos as
opções flexíveis de espaço e tempo para a construção do saber; os muitos recursos oferecidos
pelas (TICs); e um processo de ensino-aprendizagem mediado apropriadamente por
professores e tutores especializados em (EaD); há fortes indícios para acreditar que a
formação docente poderá atender as expectativas da sociedade, como, também, poderá
concretizar um salto qualitativo sem precedentes para a área, principalmente, pelo fato destes
futuros professionais agregarem ferramentas de trabalho didático-pedagógicas das (TICs) ao
seu trabalho. De acordo com Mangan, Sarmento e Mantovani (2010, p. 5):

As tecnologias colaborativas são as tecnologias que permitem a otimização do


trabalho em equipe, promovendo a participação de todos de forma colaborativa. A
apropriação adequada dessas tecnologias digitais pode auxiliar o desenvolvimento
de novos processos de ensino e aprendizagem, pois as aplicações dos recursos da
Web 2.0 despertam cada vez mais interesse nos meios educacionais.
Urge outro aspecto, como será o futuro da formação acadêmica e atuação profissional
em Educação Física perante esta revolução tecnológica anunciada. Poderia haver substituição
da mão de obra dos Professores de Educação Física por (TICs)? Sobre isso, de acordo com
Coquerel (2003, p. 138):

Não se pretende combater as tecnologias, preservando o mercado profissional, mais


sim, fazer com que os profissionais despertem para o futuro, tomando frente do
processo dos avanços tecnológicos e participando ativamente do desenvolvimento
de novas tecnologias e, sobretudo, pensar em outras possibilidades desvinculadas do
mercantilismo tecnológico internacional, portanto, não esperando “o bonde passar”.
No entanto, entende-se que para isso configurar-se, mudanças de paradigma devem
ocorrer nos cursos de graduação e pós-graduação em Educação Física, assim como,
cursos de capacitação profissional permanente devem ser instaurados.
O tema (EaD) tem despertado o interesse de pesquisadores em diversas áreas do
conhecimento, também na área da saúde. Prova disso é uma meta-análise que consultou
diversas bases de dados científicas sobre o assunto e encontrou duas mil setecentas e cinco
(2.705) publicações periódicas, das quais, cinquenta e uma (51) foram consideradas elegíveis,
com trinta (30) apresentando controles randômicos e, dessas, quinze (15) voltadas à
investigação do grau de interatividade das (TICs) voltadas à saúde dos profissionais de
educação frente ao processo de ensino-aprendizagem com uso de programas em mídias
digitais (COOK et al, 2010). Levando-se em conta que no Brasil a Educação Física é
classificada como área da saúde, mesmo que o propósito aqui tratado seja a preparação para
as licenciaturas, faz-se necessário refletir sobre o quadro de investigação científica
apresentado, com vistas a situar nosso estado de arte na pesquisa diante dessa conjectura, não
sendo possível negligenciar o fato de a (EaD) está em plena ascensão nos mais diversos
setores da sociedade. Como exemplo temos o estudo sobre (EaD) como estratégia para a
educação permanente em saúde, publicado num importante periódico brasileiro da área da
enfermagem, onde Oliveira (2007, p. 588) ressaltou:

Só conseguiremos mudar a nossa forma de educar, cuidar, tratar e acompanhar a


saúde dos brasileiros se conseguirmos mudar também os modos de ensinar e
aprender. Dessa forma, a educação permanente em saúde deve ser compreendida
como aprendizagem-trabalho, ou seja, ela acontece no cotidiano das pessoas e das
organizações. Deve ser realizada a partir dos problemas enfrentados na realidade e
leva em consideração os conhecimentos e as experiências que as pessoas trazem em
suas vidas. Compreendemos que a (EaD) apresenta-se como uma possibilidade de
democratização do saber e do fazer para profissionais da área de saúde na formação,
pois, enquanto estratégia auxilia na tomada de consciência, por parte dos
profissionais, dos avanços promovidos na área de conhecimento, gerando processos
continuados de acesso a informação.
Há também os enfrentamentos diante das questões legais e regulamentares, uma vez
que, não é um processo simples a implementação e o desenvolvimento de Cursos na
modalidade (EaD). Além dos processos formais para autorização e credenciamento dos cursos
na modalidade (EaD) junto ao (MEC), Almeida (2009, p. 20) ainda coloca:

Propostas de criação de cursos de graduação de Medicina, Odontologia e Psicologia


à distância devem ainda ser submetidos ao Conselho Nacional de Saúde, e de cursos
de graduação em Direito a distância ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil, analogamente ao que acontece com os cursos presenciais nessas áreas.
Percebe-se que a Educação Física, apesar de ser entendida como área da saúde, não
necessita de um parecer do Conselho Nacional de Saúde ou de seu próprio conselho de classe,
neste caso, o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), para assegurar autorizações e
credenciamentos de Cursos de Graduação na área. Entretanto, muitas resoluções do Ministério
da Educação (MEC) devem ser observadas e acatadas pelos Cursos de Graduação em (EF),
independentemente de serem presenciais ou a distância, como, por exemplo, o
desenvolvimento das atividades laboratoriais, as práticas corporais orientadas, os estágios
supervisionados e/ou práticas de ensino. Além destas práticas presenciais, há também a
necessidade da realização de avaliações presenciais na modalidade (EaD), seja na sede ou nos
polos de apoio das instituições que ofertam os Cursos. O entendimento é que os Cursos de
(EF) em (EaD) são semipresenciais, pois parte das disciplinas do Curso obedecem o formato
presencial. Parece que o grande dilema neste ínterim é a necessidade de uma regulamentação
específica para zelar pela qualidade dos Cursos de (EF) em (EaD), atendendo princípios
constitucionais, como a igualdade e a equidade, a fim de assegurar o direito de todos os
estudantes de Cursos em (EaD), os mesmas condições de qualificação profissional dos Cursos
de (EF) presenciais.
Diante do quadro exposto nos parágrafos anteriores, formulou-se a seguinte situação
problema: Qual é a atual conjuntura das Graduações em (EF) na modalidade de (EaD) no
Brasil? Neste sentido, objetivou-se analisar os Cursos de (EF) em (EaD) por meio de uma
revisão bibliográfica. Para tanto, estabeleceu-se os seguintes objetivos específicos: a)
Identificar a situação dos Cursos de (EF) na modalidade (EaD) no Brasil; b) descrever
características espaço-temporais dos Cursos de (EF) em (EaD) no Brasil; c) fundamentar
aspectos positivos e negativos do desenvolvimento da Graduação em (EF) em (EaD); d)
refletir sobre as limitações e possibilidades da (EaD) em prol da formação inicial e continuada
em (EF).

2. Material e métodos

Desenvolveu-se uma pesquisa de natureza aplicada, tipo analítica, utilizando-se da


técnica da revisão de literatura, cujos dados foram tratados de forma mista, tanto qualitativa,
quanto quantitativamente (THOMAS; NELSON, 2002).

A partir da utilização das palavras chave Educação Física e Educação a Distância nos
sítios eletrônicos do Google Acadêmico e do Boletim Brasileiro da Educação Física,
inicialmente em língua portuguesa e, posteriormente, em língua inglesa, adotou-se um corte
temporal entre o ano de mil novecentos e noventa e um (1991) e dois mil e onze (2011), ou
seja, um período cronológico de vinte (20) anos para os achados bibliográficos sobre os temas
relacionados. O estudo foi composto por artigos publicados em periódicos eletrônicos e
impressos, monografias, dissertações e teses em meio eletrônico, sítios eletrônicos
especializados e livros impressos. Os locais utilizados para o levantamento bibliográfico
foram à rede internet, a biblioteca setorial da Universidade do Contestado, Campus
Canoinhas/ Núcleo Porto União, bem como o acervo pessoal do pesquisador. O período de
coleta das informações bibliográficas se deu entre os meses de fevereiro e agosto de dois mil e
onze (2011).

Dentre as fontes de pesquisa utilizadas destacou-se o sistema E-MEC do Ministério da


Educação da República Federativa do Brasil. O E-MEC é um sistema de tramitação eletrônica
dos processos de regulação, que são: a) Credenciamento e Recredenciamento de Instituições
de Ensino de Superior – IES; b) Autorização, Reconhecimento e Renovação de
Reconhecimento de Cursos; todos os processos regulamentados pelo Decreto nº. 5.773, de 9
de maio de 2006 (BRASIL, 2011).
A análise dos dados ocorreu por intermédio do confronto ou complementaridade de
idéias advindas de dois (2) eixos de revisão de literatura, o primeiro relativo às fontes
bibliográficas selecionadas e, o segundo, dados obtidos via sistema E-MEC. No que concerne
o primeiro eixo, ora uma fonte de informação foi utilizada para corroborar com os dados do
sistema E-MEC, ora para contrapor uma apresentação de resultado oriunda do mesmo
sistema, ampliando a análise. Quanto ao segundo eixo, as informações geradas pelo E-MEC
possibilitaram a configuração de gráficos e tabelas para ilustrar a abrangência espaço-
temporal e da situação atual dos cursos de (EF) na modalidade (EaD) em território nacional.

3. Resultados e discussão

O sistema E-MEC fornece quatro (4) tipos de situações em que se encontram os


Cursos, que são: a) Em atividade; b) Em extinção; c) Ad-judci; e d) Extinto. No caso dos
Cursos de (EF) na modalidade (EaD), dentre os dez (10) Cursos que aparecem na consulta no
sistema E-MEC, nove (9) encontram-se na categoria “em atividade” e um (1) na categoria
“em extinção”, não havendo nenhum Curso categorizado como “ad-judci” ou “extinto”.
Todos os Cursos de (EF) em (EaD) junto ao E-MEC são dirigidos a formação de professores,
uma vez que, são licenciaturas de atuação plena. Até a data da última consulta para efeito da
presente pesquisa, ou seja, dia quinze (15) de junho de dois mil e onze (2011), apenas o Curso
da UNIJUÍ possuía os indicadores de avaliação publicados no sistema E-MEC. Inclusive o
conceito atribuído para a referida instituição de ensino superior foi quatro (4), tanto para o
Conceito Preliminar de Curso (CPC), quanto para o Exame Nacional de Desempenho dos
Estudantes (ENADE). A tabela abaixo confirma e ilustra os dados deste parágrafo:
Instituição Nome do Curso Grau CPC ENADE Situação
UNB Educação Física Licenciatura Em atividade
UFAM Educação Física Licenciatura Em atividade
CEUCLAR Educação Física Licenciatura Em atividade
UNIJUÍ Educação Física Licenciatura 4 4 Em atividade
UFES Educação Física Licenciatura Em atividade
UFG Educação Física Licenciatura Em atividade
UNITAU Educação Física Licenciatura Em atividade
UEPG Educação Física Licenciatura Em atividade
FUMEC Educação Física Licenciatura Em atividade
UCB Educação Física Licenciatura Em extinção
Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. E-MEC: Instituições de Educação Superior e Cursos Cadastrados.
Consulta avançada para Cursos de Educação Física. Disponível em: <http://emec.mec.gov.br/>. Acesso em: 15
jun. 2011.
Tabela 1 – Cursos de Educação Física na Modalidade a Distância no Brasil junto ao sistema E-MEC
O Decreto 5.622, em seu parágrafo 1º, Brasil (2005) menciona que a (EaD) apesar de
ser predominantemente a distância, deve possuir momentos presenciais que são: I – avaliações
de estudantes; II – estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente; III –
defesa de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na legislação pertinente; IV –
atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso. Já o artigo 2º. do mesmo
documento, Brasil (2005) estabelece que a (EaD) pode ser desenvolvida em todos os níveis de
ensino, o que inclui a educação superior, abrangendo os seguintes cursos e programas: a)
sequências; b) graduação; c) de especialização; d) de mestrado; e) de doutorado. No que se
refere ao credenciamento e autorização de cursos na modalidade (EaD), o referido
documento, Brasil (2005) explicita:

Compete ao Ministério da Educação, mediante a articulação entre seus órgãos,


organizar, em regime de colaboração, nos termos dos arts. 8º., 9º. 10º. e 11º. da Lei
9,394, de 1996, a cooperação e integração entre os sistemas de ensino, objetivando a
padronização de normas e procedimentos para, em atendimento ao disposto no art
80 daquela Lei:
I-credenciamento e renovação de credenciamento de instituições para oferta de
educação a distância; e
II-autorização, renovação de autorização, reconhecimento e renovação de
reconhecimento dos cursos ou programas a distância.
Parágrafo único. Os atos do Poder Público, citados nos incisos I e II, deverão ser
pautados pelos Referenciais de Qualidade para a Educação a Distância, definidos
pelo Ministério da Educação, em colaboração com os sistemas de ensino.
Uma reflexão imprescindível sobre o papel do Estado brasileiro na Educação, em
consequência, na (EaD), pode ser lida na publicação Educação e Crise: perspectivas para o
Brasil, em que Cury (2010, p. 1097) considerou:

Tais realidades indicam ou postulam uma presença maior do Estado, que recusa o
Estado mínimo, mas que também não chega a ser um Estado predominantemente
interventor. Certamente, os avanços obtidos são ainda insuficientes para dar conta
das realidades a serem superadas e são incapazes de retirar da comunidade científica
um grau de insatisfação face às promessas e expectativas postas no atual governo
federal. A educação como direito social, como bem público e, no âmbito dos
poderes governamentais, como um serviço público, não pode e nem deve ficar ao
sabor do mercado, como se fosse uma mercadoria. A Constituição, em seu artigo
208, §2º, já impõe responsabilidade a quem assume um poder de Estado e, por ser
assim, assume que a educação é dever porque é direito. O gestor público se
compromete claramente com a vinculação substantiva e jurídica entre o objetivo
(dever do Estado) e o subjetivo (direito da pessoa). A Lei n. 9.394/96, a de diretrizes
e bases da educação nacional, explicita, no §3º do artigo 5º, que qualquer indivíduo
que se sentir lesionado neste direito pode dirigir-se ao Poder Judiciário para efeito
de reparação, sendo tal ação gratuita e de rito sumário. A Lei n. 1.079/50 define os
crimes de responsabilidade. O artigo 4º desta lei define como crime de
responsabilidade aquele em que a autoridade venha a atentar contra o exercício dos
direitos políticos, individuais e sociais.
25 22
19
20

15 13

10
6 5 4
5 2 2 1
0
Sul Sudeste Centro oeste Nordeste Norte

Sedes administrativas e acadêmicas Pólos presenciais

Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. E-MEC: Instituições de Educação Superior e Cursos Cadastrados.
Consulta avançada para Cursos de Educação Física. Disponível em: <http://emec.mec.gov.br/>. Acesso em: 15
jun. 2011.
Gráfico 1 – Cursos de Educação Física na Modalidade a Distância junto ao sistema E-MEC por região

Quanto aos aspectos regionais, chama atenção as considerações finais de um estudo de caso
referente à experiência em (EaD) para a formação de professores de Educação Física para a
Educação Básica, num polo da UnB em Rondônia-RO, conduzido por Carvalho, Reis e
Oliveira (2008, p. 6):

Em se tratando de Porto Velho, que é o estudo de caso desse artigo, existem


profissionais carentes, não somente economicamente, mas pela ausência de
tecnologias em suas localidades. A região norte é uma região muito carente em
infra-estrutura, pois sabe-se que ainda há problemas de acesso ao computador e à
internet, exemplo claro disso é o caso dos acadêmicos que moram nos bairros mais
distantes, como Baixo Madeira, aonde o acesso dos alunos ao pólo presencial se dá
por barcos, quanto ao acesso aos recursos tecnológicos, realmente impossível, pois
precisam se deslocar 40 minutos de barco para poderem se conectar a internet,
elementos essenciais para a realização desse curso na modalidade à distância.
Neste ínterim, as mesmas autoras ainda consideram (2008, p. 6) “há de se repensar a
formação desses profissionais de educação física durante sua graduação, com a possibilidade
de inserir na grade curricular algumas disciplinas e estágios específicos para atuar em
ambiente virtual de aprendizagem”.

No que se refere às possibilidades interativas de trocas de informações e


conhecimentos, Arriada et al (2005, p. 2) afirmam:

No âmbito da (EaD) com a atual difusão das (TICs) esse diálogo ocorre mediatizado
por diversas ferramentas de comunicação síncrona e assíncrona, que modificam os
espaços de convivência e as formas de interação. Nesse sentido, a abertura de novas
possibilidades de interação é uma importante contribuição das (TICs), pois
oportunizam um espaço diferenciado, na sua dimensão virtual e instaura uma
metodologia dinâmica onde as interações se realizam numa densa rede de
conectividade, entre saberes que são compartilhados. O paradigma tradicional que
coloca o professor no centro do processo de ensinar e aprender é revisado. Sua tarefa
central agora é de articulador, orientador, problematizador e pesquisador integrado
com o aluno, ambos convivendo em um novo espaço relacional.
Sobre a especificidade das (TICs) em face de saúde dos profissionais da educação,
Cook et al (2010, p. 920) observaram numa meta-análise que “a evidência sugere que a
interatividade, os exercícios práticos, a repetição e o feedback melhoram os resultados de
aprendizagem, e que a interatividade na discussão online com áudio melhoram a satisfação”
dos envolvidos.

Dentre as leituras acerca da espacialidade da educação à distância, chama atenção o


fato do alcance, ou seja, a possibilidade de levar educação de qualidade para uma extensa área
territorial, sobretudo em regiões onde há escassez de recursos físicos, materiais e pessoais
para atingir tal finalidade. Contudo, este viés também é bastante questionado pela comunidade
acadêmica nacional, a qualidade. Neste ínterim, Rondinelli (2011, p. 23) assinala:

Ainda que essa modalidade educacional se apresente como uma tendência mundial e
que sua inserção, no Brasil, se justifique por permitir às pessoas que vivem distantes
de grandes centros o acesso ao ensino superior gratuito e a uma formação
teoricamente de qualidade, as críticas sobre esse mecanismo educacional são muitas,
cujo argumento principal se dá exatamente no que se refere à qualidade do ensino. A
área de Educação Física e Motricidade Humana apresenta um agravante ainda
maior: a relação intrínseca estabelecida entre teoria e prática nessa área, pressupõe
que vivências corporais direcionadas são elementos necessários para a formação de
professores. Nesse sentido, a questão que se coloca é a investigação das
possibilidades de formação do Licenciado em Educação Física na modalidade a
distância, haja vista que a Universidade Aberta do Brasil já apresenta a oferta de dez
cursos na área.
O mesmo autor refletiu sobre o referencial teórico da (EaD) e os aspectos históricos
atrelados a formação em Educação Física no contexto das licenciaturas, concluindo que a
minimização das práticas acaba sendo mais benéfica do que maléfica, uma vez que, a
transmissão de modelos teórico-práticos das aulas ministradas nos Cursos de formação
impacta diretamente sobre a futura forma de agir docente dos egressos, cerceando muitas
vezes a liberdade de ação pedagógica e, principalmente, não considerando as inúmeras
características regionais das comunidades de origem destes estudantes (RONDINELLI, 2011).

Uma crítica importante a (EaD) no Brasil se faz no texto Expansão do Ensino Superior
no Brasil e a (EaD), na qual Alonso (2010, p. 1331-1332) destaca:

Em relatório do Tribunal de Contas da União são apresentados dados significativos


sobre a implementação dos polos presenciais da (UAB), dando conta da fragilidade
da parceria das (IES) e municípios. Pelos dados disponíveis, quase metade dos polos
não havia concluído suas instalações, embora os cursos estivessem em andamento.
Dentre os problemas, destacavam-se os relacionados ao mau funcionamento ou
inexistência da rede internet, a falta de bibliotecas e a precariedade na formação dos
recursos humanos envolvidos nas coordenações locais/tutoria.
Com base nas afirmações acima, ressurge o debate sobre a qualificação dos Cursos de
(EF) na (EaD). Aparentemente, a maneira mais palpável de equilibrar as diferenças entre o
ensino presencial e a modalidade a distância diante das demandas existentes nos processos de
formação inicial e continuada dos Licenciados em (EF) é o uso pleno dos recursos das (TICs).
Contudo, se prevalecer à precariedade e escassez das (TICs), tanto para o acesso, quanto para
a sua usabilidade e portabilidade, o processo de ensino-aprendizagem em (EaD) visando a
formação em (EF) poderá ser muitíssimo comprometido, acarretando em possíveis imperícias
no exercício de intervenção profissional, prejudicando a sociedade civil, num setor onde já
costuma ser historicamente frágil e desamparada, ou seja, na escola. Porém, compreende-se a
eminência de se ofertar a formação em (EF) em territórios distantes dos grandes centros,
facilitando esta formação aos professores em exercício na disciplina, mas que não possuem a
habilitação. Tal circunstância justifica-se, em parte, na distribuição geográfica dos Cursos de
(EF) na modalidade (EaD), conforme dados oriundos do sistema E-MEC no gráfico abaixo:

São Paulo
Rorãima
Rondônia
Rio Grande do Sul
Rio de Janeiro
Paraná
Minas Gerais
Mato Grosso do Sul
Mato Grosso
Goiás
Espírito Santo
DF
Bahia
Amazonas
Alagoas
Acre
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Polos Sedes

Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. E-MEC: Instituições de Educação Superior e Cursos Cadastrados.
Consulta avançada para Cursos de Educação Física. Disponível em: <http://emec.mec.gov.br/>. Acesso em: 15
jun. 2011.
Gráfico 2 – Cursos de Educação Física na Modalidade a Distância junto ao sistema E-MEC por estado

Um estudo sobre Cursos de Educação Física na modalidade (EaD) no Brasil foi recentemente
publicado. A respectiva pesquisa lançou mão de uma busca no site www.google.com.br
(Google), com a palavra chave (EaD) Educação Física e encontrou sete (7) Cursos que
ofereciam formação em Educação Física a distância, dentre os quais pôde-se constatar que são
em regime parcial, ou seja, cerca de cinquenta por cento (50 %) do Curso ocorre de forma
presencial e aproximadamente cinquenta por cento (50 %) a distância, com uso das (TICs), a
citar, correio eletrônico, salas de bate papo, fóruns, biblioteca virtual e tutoriais para
orientação do uso das ferramentas informacionais (CORRÊA, 2011). Devem-se ater as
condições de acesso as (TICs), uma vez que, sugere-se que a metade da carga horária dos
Cursos prescinde do uso das mesmas. Logo, conexão veloz com a internet, computadores
compatíveis, tutoria especializada e disponível em quantidade adequada ao número de alunos,
bem como outros materiais didático-pedagógicos (livros, softwares, DVDs, CD-ROWs) são
imprescindíveis para uma boa formação a distância, o que requer muito investimento, tanto
das instituições públicas, quanto das privadas que atuam neste segmento.

No entanto, observa-se que os Cursos de Graduação em (EF) na modalidade (EaD) é


um fenômeno ainda muito recente no Brasil, haja visto o número inexpressivo de Cursos a
distância quando comparado aos presenciais. São dez (10) Cursos a distância (licenciaturas)
para mil duzentos e noventa e quatro (1.294) presenciais (licenciaturas e bacharelados)
segundo o sistema E-MEC do Ministério da Educação do Brasil (BRASIL, 2011). A tabela a
seguir destaca alguns pontos da EF à distância no Brasil:
Data de início Regime Carga
do Curso letivo Períodos letivos horária PVC (anos)
UNITAU Sem data Semestral 6 3260 Sem período
UnB 27/8/2007 Semestral 8 2805 3,80
UFAM 23/6/2006 Semestral 10 3285 4,98
CEUCLAR 4/2/2009 Anual 3 (anual) 2800 2,36
UNIJUÍ 15/1/2007 Semestral 8 3035 4,42
UFES 4/11/2008 Semestral 10 3165 2,61
UFG 3/8/2009 Semestral 8 2872 1,87
UEPG 3/8/2009 Semestral 8 3464 1,87
FUMEC 9/8/2007 Semestral 9 2846 3,85
UCB 14/8/2006 Semestral 6 2920 4,84
Máximo 10,00 3464,00 4,98
Mínimo 6,00 2800,00 1,87
Média 8,11 3045,20 3,40
Mediana 8,00 2977,50 3,80
Moda 8,00 Sem Moda 1,87
Desvio padrão 1,45 234,92 1,24
Variância 2,11 55185,07 1,54
Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. E-MEC: Instituições de Educação Superior e Cursos Cadastrados.
Consulta avançada para Cursos de Educação Física. Disponível em: <http://emec.mec.gov.br/>. Acesso em: 15
jun. 2011. Observação: As abreviações IES e PVC correspondem respectivamente a Instituição de Ensino
Superior e Período de Vigência do Curso. O período letivo da IES CEUCLAR é anual, portanto não vale para
efeito de cálculo estatístico.
Tabela 2 – Cursos de Educação Física na Modalidade a Distância no Brasil junto ao sistema E-MEC
Como se pode notar, o Curso de (EF) em (EaD) com mais tempo de existência é o da
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com 4,98 anos, reforçando a afirmativa de que
se trata de um acontecimento recente na história da (EF) brasileira. Também, constatou-se
uma variação importante entre a carga horária e a quantidade de semestres letivos oferecidos
pelas instituições, apesar dos valores de tendência central e dispersão apontarem uma
tendência comum aos cursos.

Evidentemente, há próis e contras em qualquer condição de oferta de Cursos de


graduação em (EF), seja no presencial, seja a distância. O fato é que ainda é muito precoce
para avaliar as implicações dessa nova modalidade de formação em (EF). Entretanto, estudos
envolvendo outras atuações no magistério, além da (EF), revelam quadros que merecem
reflexão.

Um estudo com docentes do ensino superior sugeriu que dentre onze (11) dificuldades
apontadas por professores em formação continuada para trabalho com (EaD), três (3) foram as
condições mais citadas, que são: 1) A difícil utilização (25 %); 2) a dificuldade dos alunos
(16 %); e 3) a falta de tempo (16 %); totalizando cinquenta e sete por cento (57 %) das
dificuldades encontradas pelos professores em processo de capacitação para (EaD) na UNISC,
Instituição de Ensino Superior gaúcha, revelando que os principais obstáculos da (EaD) estão
relacionados a facilitação do uso das (TICs) por parte dos professores e alunos e, também, da
auto-gestão e flexibilização do tempo para utilizar as mesmas (ARRIADA et al, 2005). Ainda
sobre o estudo na UNISC, no ano de 2004, dos cinquenta e seis (56) professores do colegiado
do Curso de Educação Física da instituição, apenas quinze (15) se registraram no programa e,
dentre esses, somente nove (9) (16,1 %) utilizaram pelo menos um recurso de apoio
pedagógico das (TICs) no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) e, embora na proporção a
adesão tenha sido baixa, quando consideradas as áreas da saúde e a proporção dos que se
registraram do grupo dos professores do Curso de Educação Física, observou-se que foram os
que mais utilizaram o sistema, sessenta por cento (60 %), mostrando maior interesse na
usabilidade dos recursos quando comparados com as demais áreas da saúde (ARRIADA et al,
2005).

Uma das defesas mais efusivas sobre (EaD) na Educação Física foi feita por Araújo
(1991, p. 47), numa publicação periódica brasileira das mais relevantes, a Revista Brasileira
de Ciência e Movimento, na qual a autora escreve:

A Educação à Distância é uma forma de Educação que se caracteriza não por estar o
aluno distante do centro de estudo, mas porque assim o deseja e escolheu ou,
principalmente, porque precisa fazê-lo. Afinal, não são todos os que possuem o
privilégio de uma minoria de poder estudar sem trabalhar, poder morar num grande
centro ou na sua periferia (não que isso possa garantir sua qualidade de vida), poder
ter acesso ao saber, poder estar em liberdade, poder locomover-se, etc... Esta
distância, no entanto, não deve resultar num aluno alienado, acrítico e não
participante. Isto, muitas das vezes ou em sua maioria, acontece em situações de
ensino em sala de aula na educação presencial.
Segundo Arriada et al (2005, p. 2) “os saberes necessários ao docente envolvem não
apenas o conhecimento técnico básico para a manipulação das ferramentas, mas,
principalmente, a reflexão sobre as mudanças que estas trazem aos processos de ensino-
aprendizagem”. Sobre o uso das (TICs) pelos Professores de Educação Física, uma
dissertação de mestrado coletou e analisou dados na cidade de Londrina-PR e averiguou que,
em geral, os docentes demonstram um bom conhecimento do uso das tecnologias, inclusive, o
computador, porém apenas dezesseis por cento (16 %) utilizam estes recursos com os alunos
nas ações pedagógicas, pois alegam não se sentirem preparados para a usabilidade dos
recursos nas aulas de Educação Física, uma vez que, apenas 26.7 % realizaram treinamento
para essa finalidade, prevalecendo os recursos de CD-ROW e DVD a título de demonstração
de jogos e gestos esportivos para os alunos (SEBRIAM, 2009). A questão da formação do
professor é preponderante quando se trata da apropriação das (TICs) no seu fazer pedagógico.
Sobre isso, Mangan, Sarmento e Montovani (2010, p. 10) consideram:

Percebe-se que a excelência nos processos formativos perpassa também pela gestão
dos aspectos organizacional e didático-pedagógico por parte do coletivo de
professores com qualificação profissional e senso de inovação comprometidos com a
formação daqueles que lhe são confiados. É possível inferir a necessidade de
aprimoramento dos processos e práticas de formação inicial no âmbito dos Cursos
de Licenciatura e de Pedagogia, especialmente no que tange à capacitação do futuro
professor para o uso das tecnologias da informação e comunicação em seu fazer
pedagógico. Na constituição do profissionalismo docente, o desenvolvimento de
competências, tais como capacidade de mobilizar recursos cognitivos; atitude
proativa no enfrentamento e gestão das situações adversas e visão contextualizada e
sistêmica da escola, são imprescindíveis para uma ação docente exitosa, tanto por
parte dos professores formadores quanto dos alunos formandos. Enfatiza-se a
relação formador-formando porque se entende que a dinâmica formativa se efetiva
através desta inter-relação.
Apesar da formação acadêmica em Educação Física ser o foco do presente estudo, vale
ressaltar que diversas ações via (EaD) já vem sendo praticadas no âmbito esportivo. Exemplo
disso são capacitações de treinadores de Hóquei sobre o gelo em ambiente virtual de
aprendizagem realizada por pesquisadores de universidades canadenses, onde vinte e quatro
(24) treinadores e seus atletas entre nove (9) e quinze (15) anos de idade manipularam um
programa informático que visou o ensino de conceitos sobre o esporte, sobretudo exaltando a
preocupação com a prevenção de lesões e condutas éticas do desportista, denotando a
relevância das (TICs) em prol do desenvolvimento dos atletas, treinadores e,
consequentemente, do esporte (MONLTELPARE et al, 2010). Como se vê, o manuseio das
tecnologias disponíveis para a aplicabilidade na área da Educação Física está ainda em estágio
embrionário, mas certamente aparece como uma forte tendência no cenário internacional.

Outro aspecto que não pode passar despercebido nesta discussão, muito pelo contrário,
merece um destaque especial e, sobretudo, estudos que enfatizem esta temática, é a questão
das possibilidades da (EaD) e as pessoas com deficiências. Oliveira (2008, p. 6) afirmou:

Refletir sobre a forma como as pessoas se comunicam e as implicações com a


formação da sociedade, é uma tarefa urgente para aqueles que pretendem
compreender de que maneira a sociedade está preparando seus indivíduos para as
constantes mudanças nos modos de organização da educação, do trabalho entre
outras relações sociais. Apoiamo-nos numa perspectiva crítica sem a pretensão de
esgotar o assunto para afirmar, neste estudo, que a tecnologia não acentua os modos
de exclusão já existentes. Dialeticamente, as novas tecnologias e também a (EAD)
podem abrir possibilidades de outras maneiras de inclusão sócio-educacional do
portador de deficiência pelos meios digitais, a partir das interações, representação e
organização social e contraposição às formas hegemônicas de exclusão
historicamente existentes.
Tomando como base a afirmativa anterior e considerando os recentes avanços nas
políticas de inclusão da pessoa com deficiência nos processos formais de ensino no Brasil,
tem-se que a (EaD) pode representar uma ótima possibilidade de apoio a estes estudantes,
sobretudo se os mesmos, diante de suas limitações, cursarem (EF). Por exemplo, uma pessoa
com paralisia cerebral, incapaz de deambular poderia participar de atividades práticas em
forma de softwares de jogos referentes aos esportes estudados no Curso, em conjunto com os
alunos não deficientes, para que os mesmos pudessem construir conhecimentos de forma
colaborativa e conjunta acerca do tema e da condição de ser ou não deficiente.

Quando se fala em produção do conhecimento, também se suscita a iniciação


científica e a prática sistemática da pesquisa para resolver problemas, sobretudo os que
interfiram na melhoria da qualidade de vida das pessoas. Souza, Luzzi e Pereira (2010, p. 47)
destacaram o termo fordismo na educação física, para se referir as tendências dos programas
de pós-graduação no país voltados à produção de conhecimento acrítica, pois “a produção do
conhecimento alienada considera a pesquisa e não o ser humano como um fim em si mesmo,
além de não se envolver com questões relevantes para a sociedade e profissão”. Segundo os
mesmos autores, deve-se atentar para o fato de que esta tendência dos cursos de formação de
pesquisadores não acabe se descaracterizando de seu real objetivo, ou seja, a preparação de
uma massa crítica, para meramente se adequar aos modos de produção e veiculação do
conhecimento de nossa sociedade (SOUZA; LUZZI; PEREIRA, 2010). A crítica dos autores
decai sobre os Cursos de Pós-Graduação em EF orientados para atender aos parâmetros de
produtividade acadêmica exigidas pelos órgãos competentes no Brasil. Muitas vezes isso
promove nas próprias graduações em (EF) uma competição velada intra e interinstitucional,
forçando os agentes de ensino a adotarem medidas, às vezes, inoportunas, para alcançar
indicadores de produção, forjando meios acríticos de construção do conhecimento.

Neste sentido, pensar a formação inicial e continuada em (EF) na modalidade à


distância deve também contemplar a noção de iniciação científica e a pesquisa
suficientemente críticas, tomando cuidado para não perder de vista o seu real sentido. No
contexto da formação em (EF) enquanto (EaD), é necessário o desenvolvimento científico e
tecnológico, inclusive para ampliar as possibilidades de desenvolvimento pessoal e
profissional, porém sem perder o foco no ser humano. Afinal, do que adiantaria um aparato
eletrônico de alta sofisticação para avaliar um movimento esportivo, se este não possuir
alguma implicação na prevenção de lesões de quem o pratica, ou mesmo, na melhoria da
autoestima do praticante. Assim, a orientação para a iniciação científica nos Cursos de (EF)
em (EaD) deve primar pelas investigações que respeitem os objetos de estudo da área, tais
como: a) Cinesiologia; b) Pedagogia e metodologia do esporte; c) Psicomotricidade e
ludicidade; entre outros.

4. Considerações finais

Os Cursos de (EF) na modalidade de (EaD) no Brasil são dez (10) no total, sendo nove
(9) em atividade e (1) em extinção, representando um parcela ainda inexpressiva frente aos
Cursos presenciais. A maioria das sedes dos Cursos de (EF) a distância estão concentradas na
região Sudeste, sendo os estados do Espírito Santo (Sudeste) e Goiás (Centro-Oeste), os que
mais possuem polos presenciais frente aos demais estados da federação. A região Nordeste
aparece como a mais carente de investimentos na (EF) a distância seguida da região Norte,
quando se considera a extensão territorial e número de habitantes pelo número de instituições
de ensino superior que ofertam a formação na área. O Curso mais antigo em existência no país
é da UFAM, com praticamente cinco (5) anos de existência, revelando a precocidade dos
mesmos. A maioria dos Cursos acontece em oito (8) semestres letivos, com uma carga horária
média de três mil e quarenta e cinco (3.045) horas. Dentre os aspectos positivos destaca-se a
possibilidade de romper as barreiras geográficas do ensino superior da (EF), capacitando
professores em exercício e futuros profissionais do magistério da área em questão em regiões
distantes dos grandes centros formadores, além de possibilitar um processo de formação
continuada e integrada dos agentes da área, contribuindo para a consolidação de uma (EF)
brasileira, respeitadas as diferenças regionais. Como pontos negativos, não se pode deixar de
citar a carência de recursos e dificuldade de acesso as (TICs) na maioria dos estudantes e dos
polos existentes para a (EaD) no Brasil, dificultando muito os processo de ensino-
aprendizagem altamente dependentes dessas tecnologias, bem como a escassez de mão de
obra especializada para dar suporte a formação dos estudantes. A maior limitação ao
desenvolvimento da (EF) na modalidade a distância é o aporte de investimento público e
privado para assegurar a qualidade do ensino, desde conexão rápida com a internet, passando
por regulamentações específicas, até a qualificação profissional para atuar no segmento. Já as
possibilidades são inúmeras, com destaque para o acesso a formação para quem não possui
condições favoráveis de deslocamento e permanência nos grandes centros urbanos em que
normalmente situam-se os Cursos presenciais de (EF) no Brasil, bem como a condição dos
alunos receberem informações produzidas pelos principais nomes da (EF) nos mais
longínquos rincões do Brasil, além da integração dos grupos de pesquisa para o
desenvolvimento de ciência, da tecnologia e da formação continuada de pesquisadores e
docentes em (EF). A presente análise considera que a (EF) em (EaD) no Brasil é uma
alternativa oportuna e viável para sanar as desigualdades regionais, desde que respeitadas as
condições de qualidade da oferta destes Cursos.

Referências
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i
Mestre em Ciências do Movimento Humano, Docente do Curso de Educação Física e aluno do Curso de
Especialização em Tecnologias e Educação a Distância da UnC Campus Canoinhas/ Núcleo Porto União.
Docente do Curso de Pedagogia (EaD) da Faculdade Educacional da Lapa – FAEL.
ii
Mestre em Desenvolvimento Regional, Docente da UnC Campus Canoinhas/ Núcleo Porto União.
iii
Graduado em Educação Física, Personal Trainer, com formação na Unidade Superior de Ensino Vale do
Iguaçu (Uniguaçu).
iv
Graduando em Educação Física, Proprietário da Academia Total Life Sports, em processo de formação na UnC
Campus Canoinhas/ Núcleo Porto União.

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