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PRIMEIRA REPÚBLICA

(1889-1930)
REVISÃO – QUEDA DA MONARQUIA
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
(1889)
▪ No dia 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da
Fonseca proclamou o fim do Império e o início da República
no Brasil. Desde então essa data foi instituída como feriado
nacional. Mas, qual é o real significado histórico da
Proclamação da República?

▪ Durante o passeata de comemoração pela Proclamação,


Aristides Lobo, um republicano, disse à época: “o povo
assistia bestializado, sem compreender o que se passava,
julgando ver talvez uma parada militar”. Ou seja, a
Proclamação não foi um movimento organizado pelo povo
de modo geral, mas sim pelas elites, sem nada consultar ao
povo.
Proclamação

“Declaração pública e solene”


SEGUNDO REINADO
(1831-1889)
▪ D. Pedro II governava o Brasil com certo prestígio
em meio à população. Os republicanos surgiram na
cena política brasileira em 1870, formando o
Partido Liberal e publicando o Manifesto
Republicano, cujas palavras de ordem eram:
“Somos América, e queremos ser americanos”.
▪ Essa se tornou a base ideológica do movimento
republicano, e significava que uma monarquia era
um modelo europeu, e não faria sentido um país
americano ser governado por um membro da
família real portuguesa.
O QUE ACELEROU A
QUEDA DA MONARQUIA?

Podemos destacar três


aspectos principais:
• A questão religiosa
• A questão militar.
• A questão escravocrata.
A QUESTÃO RELIGIOSA
▪ O chefe máximo da Igreja Católica, o Papa Pio
IX, decretou que os todos os membros da
Igreja que tivessem alguma relação com a
maçonaria fossem perseguidos e expulsos. No
entanto, essa ordem somente teria validade no
Brasil se o imperador aprovasse (beneplácito).
▪ Mesmo após a recusa de D. Pedro II a
perseguir os maçons, dois bispos brasileiros
mantiveram a posição de perseguir os maçons,
fato que levou à condenação de ambos os
bispos à prisão.
▪ A Igreja, por fim, passam a abandonar seu
apoio ao imperador.
A QUESTÃO MILITAR
▪ Fortalecimento do exército brasileiro após a
Guerra do Paraguai (1964-1870), que ao voltar
vitorioso da guerra não se sentiam valorizados
pelo governo.
▪ Os soldados exigiram melhores salários e
melhorias no sistema de promoção, mas
passaram a ser regularmente censurados
quando protestavam publicamente.
▪ A guerra custou caro ao governo brasileiro,
criando inflação e crise econômica.
▪ Os militares, por fim, passam a abandonar seu
apoio ao imperador.
A QUESTÃO ESCRAVOCRATA
▪ Em 13 de maio de 1888, esperando uma
oportunidade para protagonizar um possível
“Terceiro Reinado”, a princesa Isabel assina a Lei
Áurea e o Brasil se torna o último país das Américas
a abolir a escravidão, o que desagrada
profundamente os grandes proprietários de
escravizados.
▪ Os chamados “republicanos de última hora” eram os
brasileiros contra a abolição que se voltaram contra
a monarquia apenas por desgosto contra a Lei Áurea.
O LENTO E GRADUAL FIM DA ESCRAVIDÃO
▪ Lei de Terras (1850): Em 18 de setembro ▪ Lei do Sexagenário (1885): escravizados
de 1850, o imperador dom Pedro II assinou a Lei de de 60 anos ou mais deveriam ser libertados.
Terras, por meio da qual o país oficialmente optou
por ter a zona rural dividida em latifúndios, e não em
pequenas propriedades. Formalizava a venda de
terras no Brasil na forma de grandes propriedades, ▪ Lei Áurea (1888): A princesa Isabel assina a
impedindo o acesso de ex-escravos e pobres à terra. lei que coloca fim à escravidão no Brasil.

▪ Lei do Ventre Livre (1871): filhos


nascidos de mulheres escravizadas seriam libertados,
ficando aos cuidados dos proprietários até os 21 anos
de idade.
MARECHAL DEODORO DA
FONSECA (1889-1892)
Os líderes republicanos buscavam um
nome de prestígio para liderar o
movimento. O principal porta-voz do
exército era o marechal Deodoro da
Fonseca, veterano da Guerra do
Paraguai. Todavia, Deodoro era um
monarquista convicto e amigo pessoal
de D. Pedro II.
Deodoro, por fim, foi convencido por
Benjamin Constant para chefiar o
golpe que daria início à república,
principalmente após boates de que
ambos, Deodoro e Benjamin, seria
presos.
Após uma marcha com algumas
centenas de homens, a república foi
proclamada na tarde do 15 de
novembro. Deodoro da Fonseca se
torna, assim, o primeiro presidente do
Brasil.
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, DE OSCAR PEREIRA DA SILVA (1889)
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, BENEDITO CALIXTO (1893)
A PÁTRIA, DE PEDRO BRUNO (1919)
PARTE I – DOMINAÇÃO DAS ELITES
A Proclamação da República foi movimento interno ao alto
escalão do Estado, isto é, trata-se de um GOLPE. A mudança
da monarquia para a república foi realizada por um grupo
de pessoas que já estava no governo. O povo, de modo
geral, não foi o protagonista da Proclamação.
Na imagem de Agostini, a República,
representada por uma mulher , nasce
de uma urna, o que indica a existência
das eleições. Entretanto, é saudada
apenas por homens brancos de terno e
cartola.
EXÉRCITO E OLIGARQUIAS TINHAM
PROJETOS DIFERENTES PARA O NOVO SISTEMA
Exército Oligarquias

De um lado, Deodoro, que representava os De outro lado, as oligarquias estaduais


interesses militares, relutava em convocar (oligarquia é um tipo de governo no qual um
uma Assembleia Constituinte, que deveria pequeno grupo de pessoas poderosas domina de
definir as novas regras políticas. Queria impor acordo com seus próprios interesses e em
um governo forte, centralizado, dirigido pelos benefício de seu próprio grupo), lideradas pelos
militares. O Exército deveria exercer a paulistas, insistiam na convocação da
liderança centralizada e com capacidade de Constituinte. Pretendiam definir o novo arranjo
intervir em todos os setores da vida nacional. político a partir do federalismo, isto é, garantir
autonomia aos estados, de modo que cada
oligarquia pudesse governar seus estados como
achassem melhor, sem interferência do governo
central. As oligarquias não queriam reformas,
desejam uma república controlada por elas.
FORMAÇÃO DA REPÚBLICA –
O GOVERNO PROVISÓRIO
Logo após a proclamação, o governo provisório liderado
por Deodoro instituiu suas primeiras medidas:

▪ Dissolveu as instâncias políticas do Império


(parlamento, câmaras municipais etc).
▪ Expulsou a família real do país.
▪ Naturalizou os estrangeiros que viviam no país.
▪ Criou uma política econômica que ficou conhecida
como Encilhamento no intuito de acelerar a
industrialização e auxiliar a agricultura.
ENCILHAMENTO
Política econômica de ampla
emissão de dinheiro, junto à
criação de bancos em diversos
estados que tinham o direito de
emitir papel-moeda para fazer
empréstimos a fazendeiros.
Essa reforma teve resultados
desastrosos. O dinheiro foi, em
grande medida, utilizado para
especular na Bolsa de Valores,
empresas fictícias foram criadas
para conseguir altos empréstimos.
Com isso, a inflação disparou de
1,1% em 1889 para 84,5% em
1891.
Ao invés de incentivar a indústria,
banqueiros e especuladores foram
beneficiados.
Império República
Constituição de 1824 Constituição de 1891

▪ Divisão do governo em quatro ▪ Divisão do governo em três poderes, a saber,


poderes, a saber, executivo, executivo, judiciário legislativo.
judiciário, legislativo e moderador.
▪ Estado laico.
▪ Catolicismo como religião oficial.
▪ Sufrágio universal (homens alfabetizados).
▪ Voto censitário.
▪ Federalismo (autonomia dos governos
estaduais, sem interferência do governo
central). Com o federalismo, as oligarquias
passaram a ter controle completo sobre seus
estados.

"José Murilo de Carvalho, usando o Rio de Janeiro como exemplo, demonstrou que na primeira eleição
presidencial, que contou com o voto direto para presidente e aconteceu em 1894, a capital do Brasil teve apenas
1,3% da população votando”.
ASSEMBLEIA CONSTITUINTE E O VOTO
Como analfabetos eram excluídos do direito ao voto,
a maioria esmagadora da população brasileira não
votava. Ou seja, muito pouco mudou no tocante ao
voto no primeiro momento na transição de
Monarquia para República.
A Proclamação da República não implantou um regime
DEMOCRÁTICO, mas sim um regime OLIGÁRQUICO.
Essa primeira fase da república brasileira pode ser dividida
em dois momentos, a saber, a República da Espada
(governada pelos militares) e República Oligárquica.
REPÚBLICA DA ESPADA (1889-1894)
OS PRIMEIROS EMBATES ENTRE MILITARES E OLIGARCAS
▪ Os primeiros presidentes do Brasil não foram eleitos pela população, mas
pelos membros da Constituinte. Era uma tentativa de fortalecer o poder
executivo em detrimento dos outros poderes.
▪ A primeira eleição teve Deodoro como representante dos militares e Prudente
de Morais como representante das oligarquias.
▪ Deodoro e seus oficiais leais ameaçaram um golpe caso não fossem eleito,
fechando o Congresso. Apesar de vitorioso, o governo de Deodoro não
resistiu às pressões e crescentes tensões, levando à sua renúncia em 1891.
▪ Seu vice de chapa, Floriano Peixoto, assumiu a presidência e também teve que
enfrentar turbulências decorrentes dessas mesmas disputas.
FIM DOS GOVERNOS MILITARES
Para combater as revoltas que ocorreram durante seu governo (Revolta Federalista, Revolta da
Armada), Floriano foi obrigado a recorrer aos cafeicultores paulistas, que dispunham de dinheiro
e homens para enfrentar os rebeldes.
Essa aliança possibilitou uma transição pacífica de um governo controlado pela oligarquia
paulista. Floriano devia sua presidência aos cafeicultores de São Paulo, já que fora eleito vice-
presidente graças à articulação liderada por eles no interior da Assembleia Constituinte.
Em troca, os cafeicultores exigiram indicar seu sucessor. Além disso, os militares estavam
desgastados pelas crises econômicas e divididos por disputas internas.
REPÚBLICA DAS OLIGARQUIAS (1894-1930)
A transição de um governo de militares “É de lá, dos estados, que se governa a
para a oligarquias não representou República, por cima das multidões que
avanço no tocante à inclusão do povo na tumultuam agitadas nas ruas da capital
política. Pelo contrário, os governos da União. A política dos estados é a
oligárquicos consagraram a profunda política nacional” – Campos Sales
exclusão de todos os que não eram (quarto presidente do Brasil)
grandes proprietários, isto é, homens,
brancos e ricos. Ao lado, vejamos o que
disse um dos presidentes do Brasil no
período. Uma demonstração da falta de
apreço pela participação do povo nas
decisões políticas do país. (CARVALHO, J. M. Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a
República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
CORONELISMO E VOTO DE CABRESTO
• A dominação oligárquica estava assentada sobre um
fenômeno típico da Primeira República: o
coronelismo. Tratava-se do poder exercido pelos
grandes fazendeiros (chamados de coronéis). A
figura do “coronel” era muito comum durante os
anos iniciais da República, principalmente nas
regiões do interior do Brasil. O coronel era um
grande fazendeiro que utilizava seu poder
econômico para garantir a eleição dos candidatos
que apoiava
• As eleições eram controladas pelos grandes
fazendeiros, que impunham o voto de cabresto, pelo
qual os eleitores eram obrigados a votar nos
candidatos indicados pelos poderosos da região.
Assim, nessa prática, os coronéis fraudavam as
eleições a seu favor, através da compra de votos,
troca de favores ou mesmo fazendo uso da violência
e ameaças.
POLÍTICA DOS GOVERNADORES
POLÍTICA DO “CAFÉ COM LEITE”
A Política do Café com Leite foi um acordo firmado
entre as oligarquias estaduais e o governo federal para
que os presidentes da República fossem escolhidos
entre os políticos de SP e MG. Portanto, ora o presidente
seria paulista, ora mineiro.
Mas, por que especificamente MG e SP reversariam na
presidência? Estamos falando dos maiores produtores
de leite e café, respectivamente. Produtos altamente
importantes para a economia nacional. Além disso, MG
também possuía o maior número de eleitores dentre
todos os estados do Brasil.
Lembre-se, a Política do Café com Leite não significa
que apenas esses dois estados mandavam na política
nacional (outros estados, como RS, tinham atuação
considerável), mas revela que as oligarquias mineiras e
paulistas exerciam pressão fundamental nos rumos da
nação.
TESES DE “EMBRAQUECIMENTO” DO BRASIL
▪ No fim do século XIX, a elite política e intelectual brasileira teria sentido a necessidade de
“branquear” a população brasileira, já que as teorias raciais clássicas exaltavam a pureza racial
e pregavam que a mistura racial provocava necessariamente degeneração. (HOFBAUER, 2011).
Esta elite “preocupava-se” que o futuro do Brasil estivesse comprometido devido a presença
do grande número de africanos e afrodescendentes, os quais eles consideravam como uma
“raça inferior”. (HOFBAUER, 2011).
▪ A tese do branqueamento, surge então como uma possibilidade de transformar uma raça
inferior em uma raça superior. No entanto, alguns pensadores carregados da época, munidos
por ideologias racistas, acreditavam que o enobrecimento das raças inferiores só poderia ser
alcançado se fosse possível garantir uma predominância numérica de brancos em casamentos
interraciais. Esse foi o raciocínio que justificou uma política de Estado que objetivava trazer
mão-de-obra branca (portugueses, italianos dentre outros povos europeus) ao Brasil. Tais
políticas de embranquecimento foram muito bem recebidas pelos primeiros governos
republicanos do Brasil.
A ENTRADA DAS
TEORIAS RACIAIS NO
BRASIL

Teorias que ficaram


conhecidas por considerarem
a divisão do mundo em raças.
Por isso mesmo, imaginava-se
a humanidade como uma
espécie de pirâmide social.
No topo, homens brancos de
descendência europeia, e na
base os de origem africana,
asiática e indígenas.
No Brasil, Nina Rodrigues foi um dos expoentes
desse chamado Darwinismo social. Para ele,
pior do que as raças impuras, era a “mistura”.
Segundo ele, a mestiçagem levava à
degeneração. E essa degeneração poderia ser
apreendida através de estigmas.
Os estigmas sociais seria a
loucura, epilepsia, tendência à
criminalidade. Os estigmas
biológicos seria cor “amorenada”,
testa alongada, tipos de narizes
avantajados.
“ANTROPOLOGIA
CRIMINAL”
O pensador italiano Cesare
Lombroso produziu uma
(falsa) ciência chamada
“antropologia criminal”, que
pretendia prender o
criminoso a partir de
estigmas antes mesmo que
ele cometesse algum crime.
Essas teorias de eugenia
influenciaram em diversas
partes do mundo a criação
de políticas sociais que,
dentre outras coisas,
evitavam ou proibiam o
casamento entre brancos e
negros. A eugenia criou uma
espécie de teoria do
branqueamento.
CONGRESSO
UNIVERSAL DAS
RAÇAS (1911)
As teorias do branqueamento
ficaram tão famosas que João
Batista Lacerda, diretor do
Museu Nacional, foi convidado
como representante brasileiro
para participar do Congresso
Universal da Raças, realizado
em Londres, em 1911. A ideia
de Lacerda escreveu um livro
cuja tese era a de que em um
século o Brasil seria branco.
Para confirmar sua tese,
incluiu uma pintura de um
artista espanhol
A REDENÇÃO DE CAM
- MODESTO BROCOS
(1895)
PARTE II – RESISTÊNCIA E MOVIMENTOS
POPULARES
Muito embora a Primeira República tenha sido marcada
pela exclusão dos mais pobres, o povo brasileiro nem
sempre aceitou resignada sua exclusão das decisões
políticas, e participou de movimentos de resistência contra
a ordem vigente.
O CANGAÇO
▪ A concentração de terras nas mãos de
poucos, o desemprego, as disputas entre
as famílias de grandes proprietários de
terras (latifundiários) e as secas
constantes tornavam a vida da maioria
dos habitantes do sertão nordestino
quase insuportável.
▪ Nesse contexto de miséria, exclusão
social e violência, muitos vagavam pelo
sertão em busca de emprego ou comida.
Alguns, que não enxergavam mais uma
possibilidade de viver na legalidade,
acabaram por se tornar cangaceiros,
pessoas que, em bandos, viviam do saque
e do roubo de fazendas ricas e vilas.
▪ Os bandos de cangaceiros tinham em geral de três a
dez homens e duração curta – a morte violenta era um
destino comum no cangaço. Mas alguns deles
permaneceram em atividade durante muitos anos,
como foi o caso do bando chefiado por Virgulino
Ferreira dos Santos (1898-1938), vulgo Lampião,
conhecido como Rei do Cangaço, que durante vinte
anos, a partir de 1919, percorreu o sertão nordestino
cometendo assassinatos, roubos, ataques a vilas e
grandes fazenda, chegando a contar com cem homens.
▪ Embora formados majoritariamente por homens, era
comum a presença de mulheres, sendo a mais icônica
Maria Gomes de Oliveira (1911-1938), vulgo Maria
Bonita, companheira de Lampião e também
conhecida como Rainha do Cangaço.
▪ Pouco a pouco, o cangaço passou a se constituir
enquanto fenômeno social, político e cultural
indissociável de boa parte da região Nordeste. Ser
cangaceiro passou a representar um ato de rebeldia
contra a opressão do coronelismo – a dominação
exercida pelas oligarquias.
▪ O banditismo social se apresenta como uma forma
pré-política de resistir aos opressores que de uma
forma ou de outra destroem a ordem considerada
tradicional, em condições extraordinariamente
violentas, provocando notáveis mudanças em um
espaço de tempo relativamente curto. Ao confrontar-
se com os opressores – ainda que por meios
criminais - o povo oprimido vê evidenciados seus
desejos mais íntimos de rebeldia. Por isso, toma o
papel ou é transformado no vingador ou defensor
do povo. Sem dúvida, como toda rebelião individual,
tem seus limites. É um protesto recatado e nada
revolucionário. Protesto contra os excessos da
opressão e a pobreza, não contra sua própria
▪ O cangaço é um fenômeno tipicamente existência. O bandido social não planeja com suas
caracterizado como banditismo social. O ações a transformação do mundo, não é um
banditismo social não enquadra apenas revolucionário, apenas tenta, no melhor dos casos,
bandidos ou delinquentes, mas também pôr um limite ou reverter a violência dos
grupos oprimidos que, após terem
adquirido consciência de classe, utilizam o dominadores.
banditismo como uma forma de protesto
social a fim de efetuar transformações
políticas e econômicas na sociedade.
FIM DO CANGAÇO
A partir de 1922, o cangaço
entra em declínio depois que os
governos nordestinos passam a
enviar cada vez mais tropas para
combater os cangaceiros, que
aterrorizavam fazendeiros e
comerciantes. Em 1938, o bando
de Lampião é emboscado pelo
exército. A maioria dos
cangaceiros foi assassinada, e
suas cabeças expostas ao
público. O cangaço tem seu fim
definitivo pouco depois desse
evento.
GUERRA DE CANUDOS (1896-1897)
▪ Nesse mesmo cenário marcado pela exclusão e
miséria, um pequeno comerciante conhecido
como Antônio Conselheiro atraiu uma legião de
seguidores entre os nordestinos. Para muitos um
profeta, um homem de Deus, Conselheiro tornou-
se beato e pregador em 1872. Andava pelo sertão
pregando e promovendo mutirões para ajudar a
população local. Em 1893, decidiu fundar uma
povoação, e junto a seus seguidores se instalou
numa fazenda da Bahia. Devido à abundância de
um tipo de vegetação denominado canudo-de-
pito, a comunidade passou a se chamar Canudos.
▪ Aos poucos, a miséria promovida pelas secas
causava grandes migrações para Canudos,
pessoas em busca de abrigo e comida. Sua
população chegou a 35 mil pessoas, fazendo de
Canudos a segunda maior cidade do estado.
▪ Uma parte dos fundos era destinada a
fundo comum, cuja função era amparar os
habitantes mais necessitados e realizar
grandes obras: escolas e igrejas. Em
Canudos não circulava dinheiro, eram
emitidos vales para as trocas internas (que
passaram a ser aceitos nas cidades
vizinhas). Os canudos viviam conforme a
leitura da bíblia feita por Conselheiro.
▪ Tudo isso, somado à decisão de não pagar
os novos impostos cobrados pela
República, fez com que Canudos passasse
a ser vista como uma ameaça pelo
▪ Liderados por Conselheiro e através do
governo. A partir de 1896, uma
trabalho comunitário, os canudos viviam da
propaganda hostil foi lançada contra
agricultura (milho, feijão, batata) e pecuária
Canudos, o objetivo era justificar o envio
(criação de cavalos e bodes), praticavam
de tropas para esmagar a comunidade.
comércio com as cidades vizinhas, vendendo
o excedente de sua produção e comprando o
que não produziam.
▪ Por mais de um ano consecutivo, os canudos
conseguiram resistir ao envio de diversas
tropas do governo do estado, utilizando-se de
táticas de emboscadas e do conhecimento da
região a seu favor. Por fim, o então presidente
Prudente de Morais enviou uma expedição
com 7 mil soldados e canhões, arrasando
Canudos. As casas foram incendiadas, mil
sobreviventes foram feitos prisioneiros e mais
de 20 mil pessoas foram brutalmente
exterminadas – as diversas formas de tortura
não dispensaram nem mesmo as crianças.
▪ O nome de Conselheiro permanece bastante
vivo na região ainda hoje, carregado de
lendas milagrosas. E a questão da terra no
Brasil permanece sem solução.
AS CIDADES
BRASILEIRAS NO
INÍCIO DO SÉCULO XX
Com o apoio das elites urbanas, os
governantes brasileiros empreenderam uma
série de reformas nas maiores cidades do país.
O objetivo era modernizar e “civilizar” a
população brasileira. Para tanto, o governo se
inspirou nos modelos de cidades europeias.
Dentre diversas inovações da época, podemos
elencar:
• Largas avenidas e a instalação de bondes
elétricos.
• Lâmpadas elétricas e encanamento de
água nas regiões mais ricas.
• fogões, geladeiras, máquinas de costura,
máquinas fotográficas etc eram importados
da Inglaterra para o Brasil.
• Nessa época os primeiros telefones
chegaram ao Brasil, bem como telégrafos,
possibilitando a comunicação com mais
rapidez.
• O surgimento dos primeiros automóveis
nas ruas brasileiras. Em 1904 havia cerca
de 80 veículos na cidade de São Paulo, as
primeiras leis de trânsito foram criadas
nessa época.
A modernização das cidades e as
inovações tecnológicas provocaram
grandes transformações no cotidiano
das pessoas que viviam nas cidades
brasileiras. Pela primeira vez era
possível acender a luz em casa, ter
banheiro dentro de casa, banho quente,
ir ao cinema (inaugurado no Brasil em
1896, no Rio de Janeiro), ir de bonde até
o trabalho.

Contudo, a pergunta a ser


feita é: quem tinha acesso a
essas inovações? E as
custas do quê?
A EXPULSÃO DA POPULAÇÃO POBRE
▪ No Rio de Janeiro, então capital do país,
havia uma vasta população que vivia longe
dos cuidados da República. Sem moradias
decentes, sem assistência médica, sem
educação básica, sem participação política
e sem direitos trabalhistas. A exclusão
social era a regra.
▪ O medo das constantes epidemias e das
frequentes agitações da população pobre,
em sua maioria negros e mestiços, afastava
os investidores europeus. Na visão das
elites, era necessário realizar um projeto
de reurbanização e modernização da
capital.
▪ Rodrigues Alves, então presidente do Brasil,
ao lado do prefeito do RJ Pereira Passos,
realizou os anseios das elites e promoveu a
derrubada dos cortiços populares para dar
lugar a avenidas, praças e jardins. Para
construir o que hoje é a Avenida Rio Branco,
foram demolidos 600 edifícios, em sua maioria
cortiços. Por esse motivo, o prefeito passou a
ser chamado pela população com “Bota
abaixo”.

▪ Esse projeto de reurbanização piorou as


condições de vida do povo pobre. Se antes a
miséria era cotidiana, agora passariam a ter
que lidar com a expulsão de suas casas para
dar lugar a parques e avenidas. Para muitos,
principalmente o povo negro, não restou
alternativas exceto ir para os morros – onde
formaram as primeiras favelas.

▪ A República das oligarquias empenhou-se em


afastar os pobres tanto da política quanto do
acesso à cidade.
DESLOCAMENTO DO POVO POBRE PARA “MODERNIZAR O RIO DE JANEIRO
Morro do Castelo, 1921 Morro do Castelo, 1922
REVOLTA DA CHIBATA (1910)
▪ Nos mares as revoltas também ocorriam. Em
1910, marinheiros de quatro navios, em sua
maioria negros, se rebelaram. Muitas vezes
recrutados à força, eram obrigados a trabalhar
em troca de baixos salários e submetidos a
vários tipos de castigos físicos. Além da
chibata, eram comuns outros tipos de tortura.
Os marinheiros frequentemente pediam pelo
fim dos castigos. No dia 16 de novembro de
1910, os marinheiros de quatro navios foram
convocados a presenciar a punição de um
marinheiro, condenado a 250 chibatadas por
ter ferido um cabo. Naquela mesma noite,
indignados, iniciaram os planos para o motim.
Era liderados por João Cândido, o Almirante
Negro.
REVOLTA DA CHIBATA (1910)
Um oficial foi morto e os demais foram presos
pelos rebeldes, vários ficaram feridos. Na
mensagem enviada ao governo, exigiram:
▪ Fim dos castigos corporais.
▪ Redução do trabalho.
▪ Aumento do salário.
Pressionado, o governo foi forçado a negociar.
Exigiram a entrega das armas dos marinheiros e
aprovaram a anistia dos rebeldes. Embora não
tenham sido oficialmente extintos, os castigos
físicos foram abandonados. O aumento do
salário foi atendido e as melhorias nas
condições de trabalho aos poucos foram sendo
incorporadas.
PIONEIRISMO NA LUTA PELA IGUALDADE
DE GÊNERO
▪ Com o advento da República, o ▪ Quando as primeiras fábricas
movimento feminista no Brasil se surgem no país, o trabalho feminino
torna mais amplo. Apesar do novo e infantil passou a ser requisitado,
sistema político ter separado a Igreja pois é mal remunerado e gerava mais
do Estado e instituir o casamento lucros aos patrões. Assim, na Greve
civil, era muito difícil obter o Geral de 1917, muitas reivindicações
divórcio. O Código Civil de 1916 foram encabeçadas pelas mulheres
definia a mulher como incapaz, operárias.
dependente do pai ou marido. A
mulher casada precisava da
autorização para viajar, trabalhar fora
de casa ou adquirir patrimônio.
PIONEIRISMO NA LUTA PELA IGUALDADE
DE GÊNERO
▪ Dionísia Gonçalves Pinto (1810-
1885): conhecida como Nísia Floresta
Brasileira Augusta, foi a primeira
mulher a publicar sobre a condição
feminina, em 1832, com a tradução da
obra da feminista inglesa Mary
Wollstonecraft, Direitos dos homens,
injustiças para as mulheres.
PIONEIRISMO NA LUTA PELA IGUALDADE
DE GÊNERO
▪ Celina Guimarães Vianna (1890-
1972): foi a primeira eleitora do
Brasil e da América Latina, em 1927.
O Rio Grande do Norte transformou-
se no primeiro estado a estabelecer
que não haveria distinção de sexo
para o exercício do sufrágio (voto).
Tal abertura política foi resultante da
luta por igualdade liderada por
Bertha Lutz. Ela se tornaria, a partir
de 1918, uma das mais expressivas
lideranças feministas na campanha
pelo voto feminino e pela igualdade
de direitos entre homens e mulheres.
PIONEIRISMO NA LUTA PELA IGUALDADE
DE GÊNERO
▪ Luíza Alzira Soriano (1897-1976): a
primeira prefeita eleita no Brasil e na
América Latina. Alzira disputou em
1928, aos 32 anos, as eleições para a
prefeitura de Lajes, pelo Partido
Republicano, e venceu com 60% dos
votos.
PIONEIRISMO NA LUTA PELA IGUALDADE
DE GÊNERO
▪ Joana Bessa (1898-1963): primeira
vereadora do Brasil, eleita em de
1928 com 725 votos.
PIONEIRISMO NA LUTA PELA IGUALDADE
DE GÊNERO
▪ Maria do Céu Fernandes (1910-
2001): foi a primeira mulher a ocupar
o cargo de deputada na Assembleia
Legislativa no RN (1935), e por,
extensão, também a primeira
deputada estadual do Brasil. Teve se
mandato cassado, em 1937, por
discordância das ideias de Getúlio
Vargas.

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