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"CARTA Gy_4¢ * Ao MUITO REVERENDO PADRE ed JOSE AGOSTINHODE MACEDO . SOBRE OS _ CONSTITUCION AES E LIBER AES, ALGUMA, COUSA SOBRE . os ~ PEDREIROS-LIVRES POR HUM LIBERAL E CONSTITUCIONAL, N.° 1. aE LISBOA: RA IMPRESSAO DE JOXO BAPTISTA MORANDO: ANNO 1822. Pont 64 2 UU 2oQ - : SLLELE LiGKERY SHE LIBRARY OF * Fe% ANDO! PALA Ge MBER 17% NH Digitalizade por Google Mie Rae Sr. Pe Sfosé ‘Agostinko de Macedo. H: notavel a contradig#o , com que V."m. diz no dia 26 de Margo passado o que he hum Liberal, (a) e confes- sano dia onze.d’Abril (6) que nZo sabe qual idéa possa li- gar a similhante palavra, a ndo ser ade munifico, ou da- divoso! A sua muita sabenga © prespicacia em Margo, ¢ @ sua téo singela innocencia em Abril descobre a ironia, e a mi fie por certo que se ella fizer dar gargalhadas a meia duzia de Corcwndas nos seus corrilhos , nfo poderd offuscar a razio, nem illudir a consciencia dos homens bons , quan- do por acaso tiverem de qualificar a tendencia criminosa de similhantes egcriptos, Ora ouga meu Muito Reverendo Pa~ dre, 0 modo porque eu me proponho esclarecer sua affecta~ da ignorancia, @ rasgar o véo da sua malicia. — Nunca If © Jornal, de‘que me dizem he V. m. 0 primeiro Collobora= dor, sendo depois que a definigto de Liberalisme provocou a indignacio publica de toda esta Capital; desde entdo pa- ra cd tenho certamente achado nos Nuimeros da Gazeta Uni- versal os mais decisivos ensaios de reacgdo contra a nova ordem de cousas, ¢ tenho reconhecido qual he o constante espirito, com que V. m. escreve asvirulentas paginas d’aquel- le papel. Nao me canso em responder com sarcasmos, e@ com dicterios aos sarcasmes ¢ aos dictetios, em que V. m. disperdiga alli a sua facundia, — N’essas chocarrices , mais praprias de tavernas, e de estalagens, do que de hum Es- cripto Publico, he V- m. (tenho reconhecido e confesso ) muito forte , e Deos me livre ser sewrival nesta arena. — Tambem néo he da minha intengdo pér-me da parte do (0) Gazeta Universal N.° 69 pag. 278 6) Dita N.° 78 pag. 313. 4 Abbade de Medries, e entrar n’essa tao redicula , t?o deba- tida, e tao velha polemica. — Se os Pedreiros-Livres he cousa boa, ou cousa m4, — Eu néo sou Pedreiro-Livre , nem tomo a defeza da Seita. Direi sé huma cousa, ¢ he: — Tudo quanto V.m. diz contra esta Seita hs repetig#0 for mal do que disse 0 Abbade Barruel , de que ninguem de bom senso em toda a Europa fez caso; ¢ os Pedreiros Li- ‘ures com todas as suas Cerimonias , apezar de ridiculas, continudo a existir por toda a parte, ¢ nas Nagdes mais il- lustradas anddo 4 roda dos Thronos ¢ nao os dertibfo, an- dio 4 roda dos Altares e adorao com tanta ou mais piedade do que V.m. — Esta he a verdade. — Apezar d’isso eu tambem sigo a sua opinido; nao me pilhdo com osolhos ta- pados, ¢ bragos nis a soffrer a rizada de oncia duzia de cire cunstantes; j4 sou velho, e nao tenho o desenfado de Vol~ taire. Mas por isso _ndo julgo, nem me accomodo a acre tar (por mais que V. m. grite) que os taes Pedreiros sejio inimigos do ‘Throno, e muito menos da Religido; rt. pore que os dogmas da Seita andéo por esses Livros; nio ha nin~ guem queosnio saiba, celles no dizem tal: 2. porque mui- tos conheco eu de grande piedade , e de exemplares costu= mes, Monarchitas exaltados, e€ até contrarios ao seu sistema, meu Reverendo Padre , ainda mexmo'sendo V. m« Constitucional, como nos confessa, quanto mais sendo Re- publicano, como me dizem que V. m. he, ecapricha de ser, Ora basta de Pedretrada , vamos ao que importa. Com queentio, meu Reverendo Padre, que mudanga foi es- ta que V. m. fez? NoN.° 69 da Gazeta Universal dizV. m. que Liberal differe de Carcunda esta bagatella, vy. gr. Carcunda he hum homem, que possue qualquer Officio. — Ce pateiro, Pré- gador, —Alfaiate —General — Sachristiao — Coveiro— etc. etc. — E Liberal he sé Pedreiro (com cinco pontos adiante !!!!!) No No 78 porém da mesma Gazeta ji V. m_ vira de vol- ta, e diz muito Fresco; »» — Bu sei ca o que he Liberal. — Eu sou Constitucional; Ligeral he palavra muito vaga, € muito indeterminada, que appareceo agora, depois que ap- pereceo ‘a luz wo Mundo, e 0 Mundo fei Regenerado. COs Leitores no leito sd; pego-lhe que reflitéo hum breve momento. ) Nao sei que’ idéla corresponde a semelhante pa~ Javra +» — Ora tenho dé deste pobre Padre, que hontem era huma aguia em penetrar o sentido das palavras, ¢ lhe dava Jhuma enfazi to fina, e tZ0 penetrante, hontem era téo pres- picaz, © 140 ommiscio, € hoje he hum pobre tolinho, ¢ néo sei, nem posso adevinhir-a razo desta mudanga. Cuido pio serd o ‘receio dos trahalhos ; por que elle he homem de caracter, que néo muda, e he capaz de ratificar.o que diz; € por isso.mesmo nos promette que hade campear na casa do fury. — Talvez Ihe possa seryir para esse dia esta tal, ou qual illustragio , que Ihe dirijo, ainda que nao seja senda para n’alguma dessas neites , em que V. m. to santamen- fe sentado ao pé da sua banca i6 se move quando da rua lhe im plorao soccorro os necessitados, para que entéo, digo, pen= se, € cogite bem’ nas respostas, que hade dar a algum dos" severos Radhamantos sentados naguella Meza aonde V. m. nao quer levar o Pato..... Valha-me Deos, tudo quanto V. m. tem dito nos taes papelinhios me prende; perque sens do como sou Literal, néo ha polavra no ecu Jornal que no. leve egoa no bico , e que néo se encaminhe a desacre- ditar o Liberalismo , (sendo V. m. Constitucional.....) Por consequencia tudo me provoca; mas paciencia, you des~ de ja ao principal objecto da minha Carta. Literal, theu Reverendo Padre, vem de Libertas —~ ‘A liberdade no estado Social, he Civil, eu politica. A li- berdade Civil consiste na fruigéo pacifica do que he meu, na conformidade das Leis, as quaes Leis ninguem péde que- brantar sem incorrer em castigo certo. — A diberdade poli- ica assegura-me a fruigao dos direitos politicos de que nin= guem me pdde despojar. Por tante Literal he aquelle , que ee ter , -€ gozar sempre na Sociedade de huma porgao de iberdade Civil , ¢ de Liberdade politica , regulada por Leis td0 seguramente observadas , que nem o Rei, némo ‘Duque, nemo Marquez, nem o Conde, ném g Secretaria az 6 @Estado , nem o Bispo ; near o fahebre’ Inquisidor , nemo Podérosa, nem’ oPobre , finatmente ningueny as :possa: impure neinthté quebrantar, —- Agora Comstitwctonal ‘he aquelle, que quér hoim Lei fundamental , “onde os poderes publics sejdo repartidos por tal féema , que lhe affiancem a quieta truigdo dos s2us ‘direitos Civis , politico ja Vem vé, meu Reverendo Padre que a Constituicio heio meio, e gue a Liberdaide Civil , ea Liberdade politica sto os fing 0 Verdadeciro Liberalisma, > Vim. diz que he Cons tites cional' quer os mzios — Ox que sto Constituciondes e 20 mesmo tempo Liberaer quetem os meios, e querem os fins -— Nada disto escapou 4 sux intellectual sagacidade; 0 caso sniio ‘he de ignorancia , he de malicia.. V. m. nao he nem “Constitucional, nem Liberal; porque chorando sempre. pe+ das Cebolas do Egypto da arbitrariedade antiga diz que nds tivemos sempre Constituig’o; (a) mistura:as suas paixdes ‘com "as paixdes de seus antigos amos’; ‘escreve o que The dicta a inve a, ¢o ressentimento sea, © alheio; .e.com a ‘mais decisiva malicia afia a-ponta.dos pnohaes da Calums mia, é accendeé os archotes da Discordia; para Vem. sd Sal teres, € Ricardos sto grandes Jurisconsultos, e grandes Lite teratos; € escteve sem pejo, que aliberdade politica foi quem nos leyot ao Oriente , € nos ajudou a congnistar Ceuta. Se ssémente os Povo’ Livres sio Conquistadores , meu Reveren- do Padre, entdo as falanges de Bonaparte forio as mais lis -yret dos tempos todertios , ¢ V. m.’ bem sabe que nao hou- ve Paiz nem mais escravo , nem mais glorioso , do que @ Franga no seu Governo imperial. V. m. escreve estas singe= Jezas , querendo affectar boa fé ; mas-todes ‘0 conhecem 5 todos Ihe apontio-os lugares onde bate © ponto principal 3 todos escarnecem da pusilanimidade , com que V. m. mos= comvenia enraamat —— ice (a) E quando ado tivemos nis Consticuigéo mais ou menos luminesel diz V.m no N. 78 da'G. Universal pag. — 315. — Bem similhante 4 da Turquia era agora de fresco no tempo da estupida Regencia dos Berbas'y ‘a dos Saltercs. i ‘ - ee Eee » trando tanta vontade de dizer as cousas, que quer dizer, € que o seu partido quer que diga , se cobre ainda com a ca- pa da Constituigio , dizendo que ella he. cousa santissima; (a) mas reprova o Liberalismo, como cousa de Pedreiros, e de gente, que niéo vai d Missa , que quer destruir o Throno, € o Altar, e que desejio esmagar o infame, (¢s- ta expressdozinha de Barruel —_e craser Pinfame he que The deo I4 no goto.) Ora, meu Reverendo Padre, nao era melhor V. m.. tomar com mais generosidade , ¢ mais denddo a defeza dos seus principios? Nao era melhor tomar a pen= na de Chateaubriant, ow de Montlosier, edizers: Eu adian- to mais que estes politicos Athletas do Poder Monarchico; eu nio quero tempramentos, ou modificagdes dquelle poder; eu quero Cértes sim, mas 4 similhanga das de nossos antigos tempos, em que sd se representava com. submissio, e nim- geem se lembrava de dar Leis, sendo os Secretarios d’Estas do, ouvindo pessoas doutas, como eu.»y Falle assim que ao menos he homem leal, franco, e de caracter, e ndo-use de insinnagdes perfidas como aquella, de. que agora.o Rei née be Rei, he Chefe de Estado () e a outra mais prominens te de todas, ¢ he que os Liberaes todos séo Pedreiras-Li+ res, — Pata esta, para esta he que eu quero chamar a sua particular attengdo, meu Reverendo Padre, e a do Publico muito principalmente ; Nao he pela injuria, que V. m. me faz, chamando-me Pedreiro ; porque eu, nfo o sendo, nao me enfastio , ¢ os que o sd por certo que se nao. injurido, apezar da Lei de Thomaz Villa-Nova, com que principiou, ¢ findou scu illustradissimo ministerio. Vem, bem quiz classi- ficar a Chalaga nas injurias ; mas doendo-se que lha met= tessem na classe das provocag6es directas.d4 rebellizo , cha- mou-se 4 ignorancia, e disse (v) com sua costumada galan~ (0) Gazeta Universil N. 73 pag. 29. (@) G. U. N. 73 pog. aot. © (2) Gaaeta Univonal N75 pag. 3350 8 taria. — Ew sou bum asno; nie sei o que he ser Liberal, sei sb 0 que be ser Constitucional ; poderdo ser synonimas estas palavras; mas‘nem Girard, nem Robaud, nem o now yo Reitor da Universidade (e mais he bem Liberal, ¢ Cons« titucional).(ratarao d’ellas. — Que innocente ! Que san- tarréo! Que singeleza! Que virtude ! Senhor Padre José Agostinho, escusa de ladear; ndo acha o meio termo para sahir airoso, —. Liberal he aquel- le, que deseja ver estabelecida na sua Patria a bem entendi- da, e bem regulada Liberdade Civil, e Liberdade Politica por meio de Leis sabias, e fundamentaes solemnemente feie tas pelos Representantes da Nagdo, — Assim se entende a palavra de Cadix, até Petrsburgo; nao ha huma 86 pessoa ue saiba ler, e escrever que assim o nao entenda, o mes- mo he ser Liberal, que ser Constitucional: EV. m. disse muito estudadamente , com muito séria , e reflectida consi- deragdo, que todos os Liberaes crao Pedreiros; logo a obra he dos Pedreiros, ¢ néo he da Nacio toda; logo he huma faccio, e nao he 0 todo... Ora tendo V. m. dito nas suas, mesquinhas discuss6es com o Reverendo Abbade Apologista dos Pedreiros que estes homens pertenciéo a huma Seica da- mnada que tinfia por unico dogma destruir o Throno, ¢ 0 Altar, dever4é concluir-se de taes premissis por V.m. pos tas e.estabelecidas, duascousas ambas mui notaveis.— 1, Que a obra da Regeneragdo Politica da Constituigdo da Monare quia em Portugal, sendo obra dos Liberaes, pertence nio a Nagao inteira, mas a huma fraccio muito pequena da mes~ ma Nagdo, que he a dos Pedreires-Livres: E isto nio sb he falso, porque nem eu, nem muitos mil Liberaes so Pe- dreiras; (nem o erdo os que estav4o no Rocio, e estendidos pelas ruas até Sacavém no 1. de Outubro de 1820;) mas além de ser falso , he.anarguico ,- provoca directamente 4 rebelliéo , ¢ merece o castigo das Leis. — Ninguem pd'e deixar de sentir a sua consciencia inundada d’esta persuazio’, em tomando o trabalho de Iér os Nimeros da Gazeta Uni- ‘uersal por espago de huma hora, — 2. Que néo ha hum 86, 5 «Liberal, ov Constitucioval, que nao seja Pedireiro; 0 que tambem he falso, ¢ falsissimo. De V. m. 0 sei da sua boc ca; porque diz, ‘ser muito Constitucional, e que n4o quer ser Pedreiro, — O mesmo lhe digo’ de mim’, e de muitos, e muitos ; (ndo se engane nunca'nesta conta....) 08 Libe- races sdo muitos!..... muitos!.... Reflicta beni na enfar zi, com qie Ihe exprimo esta verdade. V.m. nao sabe tan- to @isto como eu, V. m, ‘esta sempre mettido no forno do Tijolo,, passa huma vida ascetica, © penitente messe deserto, sem ter ninguem ao pé de si...... € quando muito sé sahe do lethargo se he qué as vores da mendicidade o obrigdo a jancar a mao fora da janela, Id alta noite, derramando soccorros aos infelizes\! Que Santarrao! Que virtudes! Va- mos 20 resto. Espero que 4 vista do que Ihe tenho dito, me informe se com effeite sabia o que era ser Liberal, quando fer esta palavra synomina de Pedreiro-Livre. Espero que se convenga de que o dizer V. m. que sd o8 Pedreiros-Livres sto Liberaes , e Constituctonaes equiva~ Je a dizer, que todos og que nfo sio Pedreiros-Livres de» sojio sé. ver-se outra vez restituides ao poder arbitrario, € 4’ Monarquia sem limites, € que por isso os verdadciros Cons= titucionaes forméo 86 huma facgdo no Estado , porque sé elles querem a Monarquia temperada , ¢ 0 Poder Real limi- tado: com isto fazodioso o Liberalismo, porque ofaz exclu» sivo dos Pedreiros, gente a quem V. m. faz imputagdes a mais odiosas. . Espero que proceda na sua resposta , € cm teda esta discussio com termos Civis, ¢ cortezes, ¢ que deixando es— se estilo sarcastico, scurril, falle como Filosofo strio, e nJo como bdbo de Theatro. Deste modo podemos con- correr para a illustragio publica da nossa Patria, discutindo 08 seguintes pontos com clareza, para os quaes desafio a V. m, desde ji: E ainda que eu guarde o incognito por motivos gue escuso de dizer; isso nfo importa; © que importa he MV. m. descobrir 9 seu caracter publico pois que he Escriptor go spublico», efater conhecer ao mundo a verdade .n’estes pots tos.de politica geral: Bis os Themas. x. Até.que ponto péde ser util d Nagdo Portugueza a Lé- berdade Civil e Politica, alvo a que se dirigem os Liseraes Gonstitucionaes, e tados os que ndo forfo creados d /a Je- ebe de ta Servidumbre. 2. Qual he a época*da nossa historia , em que Leis sav bias, econhecidas nos assegurardo a posse d’aquella Liberda- de Civit, ¢ Politica na qual consiste o verdadciro Lidera- dismo. i 3. Seo presente sistema dos Constitacionaes e Liberaes de fazerem representar a Nagdo toda n’hum Congresso ; de se. fazerem as Leis em publico ~ de fazerem o Rei invio- lavel, e de segurarem 0 Throno-na Dynastia actual ; de fa- zerem os Ministros responsaveis pelas prevaricagdes — ¢ de dcixarem livre o peasamento, € a penna , he ou nao preferie vel ao sistema antigo , em que as Leis se fazido como, & quando querigo os Secretarios d’Estado. 4 Se o-poder do Rei, ou, fosse logo absoluto desde sua origem, ow se fizesse absoluto pelo-andar dos tempos, pdde ser legitimamente coarctado. pela vontade dos Povas.. §- Qual he o melhor criterio de verdade para se conhe cer bem claramente esta geral vontade dos Povos. 6, Se nas Cértes antigas havia. huma_ verdadeira Repre> sentacdo Nacional : E se hoje haviamos de. limitar-nos a pedir, € arepresentar, deixando a vontade dehum sé honrem eim plena liberdade de conceder, ou de negar. Ora nao lhe parece melhor ,- mew Reverendo Padre , gastar o seu tempo com estas discussdes , ¢-com outras six milhantes, do que andar farejando. a8 agapas dos Pedreiros+ Livres, que o mais a que se podem estender he a huma seia lauta, comida 4 voz de comniando de hum Veneravel? Cu- re-se d’essa mania; deixe 0 Abbade de Medrées; vamos pri- meiro 4 alta politica do Estado; depois hiremos as Leis ad> ministrativas ; este deve ser 0 objecto dos Jornaes , “e dos: Enscriptos publicos muito principalmente n’esta Epoca, Come BS 2 fefliminares havemos de discutir , men Reverendo Padres aquelles seis pontos ; quero saber de huma vez a'que Scita politica V.m. pertence; porque me anda sempre variando cos mo hum Camaliio, — Se he 4 de pura democracia; (como me dizem , ) se he 4 da Monarquia coarctada, e «vas varies especies; ou se he finalmente 4 co Peder sbscluto, ¢ illimi- tado. Depois de frarmos estes-pontos para nos classificarmos ambos, hiremos entdo aos Frades , e entio veremos se he verdade , como V. m. diz, que osConventos so casas con» sagradas d piedade, ao silencio, d murtificacho, d benefi« cencia, e a todo genero de-virtude!'!.... (a) E pode .o Paw dre José Agostinhto de Macedo , que foi Frade , dizer isto de boa fé? Hiremos depois ds pontes, ¢ fontes , e Hospitaes do Abbade de Medrées; ¢ ent&o veremos se he maie pio, ou mais proficuo erigir Templos Sumptuoros , em que se gasta a subsistencia do Estado, ou se basta gue clles sejio menos sumptuosos. Tudo isto havemos de esmiugar bem , mas ha~ de ser quando V. m. acabar de dizer 20 publico em-que fica, se fica em Corcwnda da gema, ouem Constitucional d an= tiga, ou em Constitucional d mederna, ouem Monarcho- maco, ovem Democrata. Diga os senssentimentos sem rebugo nem refolho; néo tenha-medo, falle; porque em V.m. di- zendo »» Eu respeito as Leis, ¢ a forma do Goyerno estabe- lecido; heide obedecer-lhe, e dizer aos mais queobedecto; mar esta forma nao me agrada , e¢ acho Hib aquellar esth V. mw, fora da aiithoridade do Jury, ¢ néo acm Maniques, nem Anastacies , nem Lobos, nem Salteres , & eva cota; nem o Pato, nem ‘Jodo Bernardo lhe péde saltar com Fxa~ mes Criticos , sé se'V. m. dissér alguma desmatcada asnei- ra, como aquella dos Frades..... V.m. nao deve refusar © meu convite, V.m. he justamente considerado como Es- criptor eminente do partido Arestocratico, e como o mais valente Advogado de tedas as instituigdes arbitrarias , aa a en et Ca) Gazeta Universal N. 78 pag. 285, ° ¥s mesmo tempo V.m. diz que he Constitwefonal , e nio query nen sabe ser Liberal, .aiz que he Constitucional sem libers dadz, eentdo he preciso que asua Constituigdo seja a da Tur quia, — Todas estas contradicgdes devem desapparecer, V. m, deve dizer-nos de huma vez o que he. — A liberdade da Imprensa lhe abre hum grande espago aos seus herculeos estulos ; nfo prégue a rebellido, nem injure, ou infame, no mais diga o que quizer. — Néo faga V.m., escre- vendo da Politica o mesmo que fazem certos incrédulos escre~ vendo da nossa Religido, que deixando intactos.os irrefraga- veis fundamentos da sua verdade., se divertem. em langar sar~ casm9s sobre ties, ou quaes praticas mais ou menos supers~ ticiosas. — V.m tambem, pondo de parte os pontos subs« tanciaes da Politica dos Estados, se occupa sd em rediculix zar hum, on outro excesso os exaggerados , que sfo os fa~ naticos da Politica. — Vamos ao amago d’este negocio, ¢ deixemos Pedreiros-Livres. Quem. faz , e quem tem feito as Revolugdes dos Imperios nio he o Pedreira.Livre,.he a. mdo Governo, he gastac mais do. que rende, o Estado, he no achar outro recurso a prodigalidade, ¢ adissipagio, que sido seja o de vexar, © opprimir os Povos. — Esta he a in- troducgdo , com que 4 sua prespicaz e atilada Politica seapre~ senta. Senhor Padre José Agostinho de Macedo; Hum Liberal, e Constituctonak. . FIM

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