A técnica de cromatografia em papel, concebida por Martin e Synge em 1941,
representa um avanço notável na cromatografia planar. Reconhecida com o Prêmio Nobel de 1952, essa metodologia emprega o papel filtro como fase estacionária, estabelecendo uma interação crucial entre a fase móvel (solvente orgânico) e a fase estacionária (água na celulose).
A cromatografia em papel, caracterizada por uma camada delgada e plana,
aproveita a capilaridade para movimentar a fase móvel. A distribuição dos constituintes na mistura, correlacionada com suas solubilidades relativas na fase móvel e estacionária, facilita uma separação eficaz. Componentes menos solúveis na fase estacionária deslocam-se mais rapidamente, enquanto os mais solúveis são retidos, apresentando uma movimentação mais lenta.
Amplamente empregada na área de bioquímica para segregação de compostos
e fracionamento de componentes, a cromatografia em papel destaca-se por sua abordagem simplificada e eficaz. Schuler (2010) ressalta que a fase móvel conduz a amostra pela fase estacionária, sendo a velocidade média das partículas da amostra dependente de sua natureza, resultando em chegadas distintas ao final da coluna.
Este método, fundamentado em princípios como adsorção, capilaridade e
mobilidade relativa, incorpora equações fundamentais, incluindo o fator de retenção (Rf), crucial para a análise retrospectiva dos dados obtidos. Essa introdução, ao oferecer um embasamento teórico sólido, contribui de maneira substancial para a compreensão do leitor acerca dos princípios que norteiam a execução do experimento.
Objetivos
O experimento de cromatografia em papel busca compreensão prática dos
princípios, focando na separação de componentes e análise de resultados. Objetiva promover entendimento das aplicações práticas e desenvolver habilidades, consolidando teoria e prática.
Materiais
Os materiais utilizados no experimento de cromatografia em papel foram os
seguintes:
• Câmera Cromatográfica (Béquer Tampado com Placa de Petri)
• Almofariz e Pistilo • Béquer de 300 Ml • Placa de Petri • Tubo Capilar • Papel de Filtro • Tesoura • Régua • Clips • Reagentes: Acetona • Amostras: folhas de espinafre • Capela
Parte experimental
Ao ingressar no laboratório, a turma foi dividida em dois grupos pela professora,
que providenciou os materiais necessários. Sob orientação, procedeu-se à trituração das folhas de espinafre em um almofariz, utilizando o pistilo, e adicionou-se acetona para obtenção do extrato foliar cetônico
Após obter uma quantidade adequada do extrato, seguindo as instruções,
reservou-se o material, aguardando o período de 10 minutos. Durante essa espera, dedicou-se ao preparo do papel filtro, cortando-o nas dimensões de 5 por 10 cm.
Enquanto aguardavam os 10 minutos, a equipe realizou o corte do papel filtro e
fez dobras em outro papel para adequá-lo ao funil, utilizado na filtragem do extrato após o período de espera. O filtrado, um corante verde, foi transferido para a câmara cromatográfica, composta por um Becker tampado com placa de Petri.
O papel filtro, devidamente cortado, permaneceu na câmara por 20 minutos.
Após o tempo decorrido, retirou-se o papel e o colocou-se para secar na capela, preparando-o para a identificação dos pigmentos. A execução do experimento foi conduzida com meticulosidade, buscando obter resultados confiáveis para análise e discussão subsequentes.
Resultados e discussões
Ao observar as cores neste cromatograma, o verde azulado evidencia a
presença de clorofilas do tipo “a”, embora a coloração não seja muito nítida. O verde amarelado mais acima demonstra a presença de clorofila do tipo “b” na amostra.
Notavelmente, a clorofila “a” apresentou uma distância percorrida maior do que
a clorofila “b”, enquanto para os carotenos, a distância foi ainda maior.
A análise da estrutura das clorofilas e carotenos permite justificar as cores
observadas. A clorofila a possui quatro anéis pirrólicos substituintes, incluindo um anel reduzido, e um quinto anel não pirrólico. Já a clorofila b apresenta um grupo aldeído em vez do grupo metila. Os carotenos, com suas ligações duplas conjugadas, são capazes de absorver luz e transmitir éxcitons.
Quanto ao estado físico na cromatografia em papel, a fase móvel, composta
apenas por acetona, apresenta-se líquida. A fase estacionária, constituída pelo papel filtro, atua como suporte sólido com grande área superficial, permitindo a separação dos componentes da mistura.
A interpretação do cromatograma revela que as clorofilas, sendo polares,
apresentam menor fator de retenção, interagindo mais com o papel. Em contrapartida, os carotenos, substâncias apolares, possuem maior fator de retenção, ocupando a parte superior do papel. Essa diferenciação é crucial para a análise e identificação dos pigmentos presentes nas folhas de espinafre.
A cromatografia em papel, apesar de ter sido em parte superada por técnicas
mais avançadas, demonstrou-se eficaz na separação de pigmentos foliares, proporcionando um cromatograma que permitiu a interpretação visual das diferentes bandas coradas. Este experimento, ao compreender e aplicar os princípios da cromatografia em papel, contribui significativamente para o entendimento dos processos de separação e análise de compostos em misturas complexas. Conclusões
Com base nos resultados obtidos na cromatografia em papel das folhas de
espinafre, é possível destacar algumas conclusões relevantes. A observação das distâncias percorridas pelas clorofilas “a” e “b”, assim como pelos carotenos, proporcionou insights sobre a composição pigmentar da amostra.
A diferença nas distâncias percorridas pelas clorofilas indicou uma maior
mobilidade da clorofila “a” em relação à “b”. A análise estrutural das clorofilas e carotenos contribuiu para a compreensão das cores observadas no cromatograma, evidenciando as características específicas de cada pigmento.
A influência da polaridade nas interações com o papel, conforme discutido na
interpretação do cromatograma, revelou-se crucial para a separação eficaz dos pigmentos. Enquanto as clorofilas, de natureza polar, interagiram mais com o papel, os carotenos, sendo substâncias apolares, ocuparam uma posição superior.
A cromatografia em papel, embora considerada uma técnica superada em alguns
aspectos, demonstrou ser uma ferramenta eficaz para a análise de pigmentos foliares. A compreensão dos princípios envolvidos na técnica e a interpretação visual das bandas coradas contribuem significativamente para o entendimento dos processos de separação e análise de compostos em misturas complexas.
Assim, as conclusões extraídas deste experimento fornecem uma base sólida
para a compreensão dos pigmentos presentes nas folhas de espinafre, destacando a importância da cromatografia em papel como uma abordagem valiosa no campo da análise de compostos complexos.
Referências
SCHULER, A. Cromatografia a gás e líquido, 2009. 01 p. Departamento de
Engenharia Química, Universidade Federal de Pernambuco
FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. “Experimento de Cromatografia em Papel”;
Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/educacao/experimento- cromatografia-papel.htm. Acesso em 31 de janeiro de 2024.