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Que Mais Dico ao SENHOR? Sabe o senhor, desde que cheguei a esta prisio, minha vida mudou. Jé tinha mudado, mas na alma. Agora mudou no cor po. O senhor sabe, nao deixei de ser homem, nao, senhor. E que aqui coisas se aprendem e se ensinam, e os mais espertos se arranjam. O sol nao dé para todos. A Iua, a gente nem vé mais. S6 imagina, E preciso olhar a solidao de frente, porque senao cla entra goela abaixo, come o espirito da gente e Deus nao aco- de. Dia desses, no patio, pude repararna brancura e no pretume daqueles corpos. A mesma coisa que nao estivesse vendo nada. Um bando de bichos espichados ao sol, em volta do muro. Outros encolhidos nas pilhas de tijolos. Os mais perigosos se escondiam entreas arvores. Minha vida, 0 senhor sabe, sem sal nenhum, Sou sozinho, ninguém para conversar, expio minha prépria culpa, fico somando a de todos aqueles homens br pela convivencia. Historias caminham depressa, tanto quanto ratos e baratas. O senhor sabe, estou catando coisas aqui, coisas ali, para tentar Ihe dizer o que o meu peito esconde. Paciéncia, vou chegar li. Sabe, os presos mais antigos, os que trucam e retrucam entre si, me davam avisos de que, cedo ou tarde, iria me engragar com algum condenado, assassino ou ladrao. Ea lei da cela. Por vezes me apontavam um tipo. Praga. Praguejavam contra minha recusa, Temia que isso fosse acontecer. Pois foi entao, no patio, num dia de tomar sol, que eu botei os olhos no 704. Nao que ele tivesse jeito, isso nao. A imagem dele era de gente que constrdi. Pele bonita, novelada ao redor dos labios, rijo de fala, de gestos, mtisculos. Nos olhamos poucas vezes, € palavras, se trocamos, foram duas ou trés, nem mais. Mas a amizade veio chegando entre os poucos momentos de folga e continuava depois que a gente se apartava. No come¢o, a coisa era pouca, cheia de importunagdes no virar das horas. Depois é que veio a angustia do bem-querer, que era s6 meu. Um cora~ <0 discordando do outro, uma voz nao batendo com a outra. Nem sei se o senhor compreende, ou se ja me culpa por mais isso, O senhorjé me vé de modo diferente, sem muitas afeigoes. Vejo isso nos seus olhos. Posso até estar enganado. O senhor é que vai me provar. Vou Ihe contar que sou homem de muitas mulheres. Fodi todas que queriam e me desejavam, sem vacila «a0. Por todas as partes. Até no meio do pasto, que hora certa nio tinha. As vacas berrando desconfiadas. Cheiro de estrume, moscas por perto, Formiga botando Acido no rabo da gente. Fui também com uma india, na ponta do canavial. O vento so: prando sacudido, as cobras se mexendo pelos cantos, ¢ ela me dizendo para nao ter medo, que era mulher dada a rezas, a fei tigos e benzigdes. E me chamava de rambu-nirricam, dioraga, dionandu matan, Uarton-ron lubu. Gostava de estar asssim no fuac-fuc de muitas horas, com presenga de corpo, no arremate de surpresas, ainda mais se fosse mulher casada. Os chifrudos ‘mandando a capangada no meu rastro, que nem fosse boi fugido da invernada. Veja, senhor, estou Ihe mostrando o meu retrato por inteiro, e nao é 3x4, é a alma, o corpo e os desejos de um homem, um homem mesmo, valente, com trés mortes nas cos~ tas, que nunca poderia pensar numa coisa dessas. Por dentro, eu até lutei. Tinha medo que os outros pensassem errado de mim. Que descobrissem 0 que se passava comigo. Eu seria obri- gado a matar mais um ou dois. Viajava muito por essas idéias. Mas por mais que fosse durdo, meu peito apertava, tinha fogo por dentro, ficava que nem fera enjaulada. E nao é pra dizer que ele é bonito. Nao, senhor, nao é, Um condenado como eu, nem sei ao certo que crime cometeu. As vezes, quando tiro um cochilo, sonho que estou no campo preparando o chao pra o plantio, meu coracio se alegra, pois minha mulher vem che- gando, dando a impressto de menina nova. Depois eu acordo e no meio da noite s6 vejo fumaga, neblina e escuridao. Fico lou- code tristeza. Vou continuar coma minha hist6ria, nao se preo- cupe. Havia um sofrimento, uma parecenga com Cristo ou Sa0 José, no rosto, na barba e nos olhos dele. Tinha também aquele ar perdido, distante, Bateram muito nele, eu sei. Por uma sema- na, passouta pao e égua, o senhor sabe. Denada reclamou. Aquele que mais parecia um santo estava sendo o demonio da minha vida. Duro mesmo de amaciar. Homem que nao se pode segu- rar pelo braco, Daqueles que nao se afrouxam por nada, que se preocupa s6 com sua vida. Eu nio tirava ele da cabega. Chega- va, escutava, indagava dos fatos. Muitos maldavam das minhas interrogagées. Outros, por nao me quererem bem mesmo,zom- bavam de mim, de jeito debochado. Eu agtientava, nao abria a boca. O que haveria de fazer? Cheios de afeto eram os meus sentimentos, que me bastavam. Queria ele junto de mim, na mesa, no patio, em todos os lugares. Mas nada dizia para que as zombarias no aumentassem. Para que nao atirassem pedras pesadas na minha cara. Tinha receio de que ele se afastasse sem dizer palavra. Guardei essa emogao de bem-querer por muito tempo. Por que isso estava acontecendo comigo? Nao vou ser ‘eu quem vai responder, O senhor sabe, aqui todo mundo tem ‘um bem ou um mal querer. Morte e amor andam de calcanhar junto, e um pode tropegar no outro. Melhor ter um bem-que- rer, que faz bem para a alma carente de aquecimento. Fosse um dia me lavar com ele naquele rio, depois que todos os outros tivessem se afastado, nem sei para que lado olharia, se para cle, se para o coragio disparado, Era como se apanhasse de relho no escuro, sem saber que parte do corpo dofa mais. Nao, eu nao estou tomando seu tempo com bobagens. Estou mais é deixando escapar as coisas guardadas no peito, eo senhor tiver um pouco mais de cuidado para me ouvir, se nao rir dos meus apegos, se nao espalhar boatos por ai. Faca de conta que é con- versa de confissio, tudo muito sagrado. Aqui nés precisamos de ter uma felicidade, por mais pequena, sendo a noite nao pas. sa €as sombras nos arrastam para o lado do deménio. Os pen. samentos se soltam perigosos. Sinto vergonha de estar me ex. pondo assim, diante do senhor, que parece arregalar 0s olhos, para ver mais claro. © que fazer? $6 ao senhor posso confiar 0 meu segredo, Jé passei madrugadas acordado, de perder conta, Tenho duas prisoes, uma para o corpo e outra para aalma. Sabe, dei-Ihe até alguns presentes, s6 por dar, para agrado dele: cigar- os, pente, canivete, um anel que eu mesmo fiz dum carogo de jatobé, uma carteira de couro, que era pra ele guardar docu- mentos, lembrangas boas de mim. Sou homem, 0 senhor sabe forte e decidido. Desaforo € maus tratos nao aceito e nem levo ara casa, Jé deixei alguns na saudade por causa desse meu jei to. E nunca me aconteceu na vida uma viagem dessas. Tantas vias retas para se amar eeu fui logo entrando numa curva peri- gosa dessas. E como estar solto no mundo ¢ todos os demais contra. A gente tem que virar heréi, comer do amargoso. Eu sempre soube dar meia-volta na vida e me safar de tudo, com sabedoria, Mas agora ndo. Agora © mundo ficou diferente, se 204 perdeu ou se alargou um pouco. Tem certas coisas que a gente nao consegue esconder, por mais que faca forca. No impeto desse momento, eu queria era estar com ele naquela solitaria, Ele nao fala nada, eu sei, Nao reclama, por isso sofre mais. Vai sair dela mais santo do que quando entrou, Nao sei por que o atazanam, tanto. Ele cada vez mais se fecha nos pensamentos lé dele. Aqui, cu sei, nds sabemos, reinam os crimes de criminosos dos mais pesados. A sem-vergonhice, a malandragem, a droga, a forni- cagao sincera, ou aquela que é s6 para curtir com os desejos. onveniente € ndo se saber de nada. Mas, esses ai que falam com vor fina, cheios de denguices, eu nem olho, que no sio do meu agrado, Homem tem que ser homem, sem afetagoes de fémea. Mas 0 que 0 senhor esti atento para saber é de mim. Conferindo tento por tento, as minhas palavras. Nao precis dizer nada, que eu sei. Dé para perceber, mesmo que, no princi io, o senhor se mostrasse desinteressado, Agora nao. O senhor meolha de modo diferente. Santo eu nao sou. Nem érvore,nem pedra, nem edificio. Assentam-me bem os desejos da carne. Fi car parado, s6 vigiando, cria lodo,e o lodo cria bichos nos mio- los. Se nao se fica atento, pode até endoidecer de vez. Se estou falando devagar, é de propésito, porque essas coisas exigem cuidado, endo se fala tudo de uma s6 vez. Daqui a pouco ficara pensando que nao estou bom do juizo. Pode até achar que € por causa de bebida, Jé faz um tempo que nao coloco alcool na boca e nem provo de mulher rapariga. Entao, é por causa des sas mazelas da alma e do espirito, que andam soltas dentro de mim, cavalgando que nem cavalo bravo, vai ver, acenderam 0 fogo da carne. Sabe, acho que penso nele porque penso. Sem culpa, sem pecado nenhum, desses que a igreja bota na cabega da gente. Nao tem outro jeito e nao adianta remar contra. Sem- vergonhice de homem barbado, até podem pensar e dizer, eu you me calar. Na verdade € muito mais do que isso. £ uma coisa que estala aqui dentro da gente ea gente escuta, Nao tem macieza de yor, nao. £ tudo muito forte, muito bruto, Nao sei onde vou buscar palavras para falar com ele. Burro ndo sou. Sei ler ¢ es- crever, direitinho. Talvez por isso ele me escuta. Gosto dele as- sim como é. Um gostar que vem fino, furtado, do meio para dentro do peito. Ele soube bem depressa que dei um jeito dele ficar comigo na mesma cela. A gente tem que se virar, dar um jeito em tudo. Até na sorte. O dinheiro ajuda. Tenho algum co- ‘migo. O senhor sabe, a gente s6 furta do homem, que de Deus é impossivel. E ele eu queria, nem que fosse no furtado. Entao, foi que ele me encarou. Encarou 0 meu desejo enrodilhado. Notei aquele olhar de desconfianga, ainda fazia mais segredo de suas palavras, pensando talvez que o vigiasse. Que queria saber mais de sua vida. Pois ndo queria, Nao queria nada. Acei tei aquele desafio como provagao. Foi entao que ele ficou me espiando meio sem jeito, sem querer espiar. Uma outra noite, nem sei bem por qué, resolveu destravar a lingua. Falava de- ‘mais, como se 0 nao-falar o arrebentasse por dentro. Fiquei sa- bendo muito e mais de sua vida. O crime cometido por ele igual aos nossos, gente comum. Entao, tudo nao tinha respos- tae tudo era segredo. Até 0 sol queimava diferentea pele de seu corpo. O meu corpo sucumbia, suado, ¢ jé nem podia mais me esconder. A vida tinha um outro lado. Achava de nao sair do lugar, de ficar no meu canto, meio abobalhado, perdido nos tormentos que ele me passava. Entao, ele puxou o retrato de ‘uma mulher e me mostrou. £ minha noiva, falou, Minha com- panheira dos dias e das noites. Bonita mulher, nao tinha como negar. Acho que os seios dela, as curvas do corpo, da bunda, nao saiam de sua meméria. Ficou assim, espiando 0 retrato por mais de dez minutos, pedindo para eu olhar e admirar tam: bém. Pois olhei e me interessei pela beleza dela. Era como se ele dissesse: olhe para ela e olhe para vocé. A diferenga era tanta 206 {que meu rosto se cobria de vergonha. A desvantagem estava comigo. Ai eu apanhei o retrato da minha mulher. Uma more na sacudida, com cheiro de mato, seios pesados, 0s cabelos pre- tos escorridos, os olhos transbordando rios e matas verdes. Bonita mulher, ele falou. Eu olhava a dele e elea minha. Depois ele comecou a rir. Riu muito. Eu, por minha vez, ria também, de acordo com ele, sem procurar o motivo da graga. Rimos até le ter um acesso de tosse. Depois limpamos 0 riso ¢ ele voltou ao que era. A noite bulia com os nervos da gente, fazia calor. Mais ainda no meu corpo. Eu othava para ele com vontade de bater a cabega e dizer que sim, que nao podia esconder por muito tempo mais o meu bem-querer. Acendi um cigarro para ele ¢ ‘outro para mim. Nao falamos mais. S6 as baforadas falavam Demos um tempo, um espiando o cigarro do outro se acender e se apagar. Como dizer para ele? Como nao dizer? Fazer um zgesto, espichar a mao para toci-lo no brago, eu ja fizera. Na perna? Nao. Os toques de mao, assim de leve, as vezes, quando se queria mostrar um antigo ferimento, uma cicatriz. C rnha guardar distancia. Pudor. Batia 0 coragao, preso e descom- passado. O senhor sabe 0 que € coragem? Nao estou falando essas de pegar boi pelo rabo, de bater com onga de frente, nao, senhor. Falo de outra, dessa de ser macho, de nao desistir de ser e de ser atacado pelo demOnio. Quanto mais eu pensava nisso, mais me causava uma dor na boca do est6mago. Eu ja nem queria comer. Emagrecia, Medo? Claro. O medo dos olhos dele nnio entenderem 0 que os meus queriam dizer. O medo que © coragdo pudesse sair para fora, despertar, mostrar as suas ra 26es.... cigarro ajudava, Mal apagava um, acendia outro. Agra decia com um sorriso. Com uma boa palavra. Os meus dedos tocavam de leve nos dedos dele. Assim é que se fazia. Nao podia ‘mostrar a minha estima de uma vez. s6. Sabedoria se aprende com o tempo. A gente passava tudo a limpo. As historias, os acontecimentos do dia. Fugir da pristo, eu nao fugia. Nem ca- recia. S6 se ele quisesse. Se um morresse,o outro morreria tam. bém. Foi entao, no meio de uma dessas conversas, como se qui sesse deixar uma folga na cama, que ele se afastou para um lado. © da parede. O outro ficou vazio, como se apanhado em sur- presa. E era como se dissesse: Por que nao vem? Cabem dois. Vem logo. Tremedeira nas pernas. Bom que ele nao via. A cama ficou li, larga de um lado, A chama do cigarro acendendo e apagando. As minhas maos calosas suando barato. E aquilo foi aumentando. Dei uns suspiros, assim meio desconsolados. Ele quieto,testando a minha coragem. Dizia nada, nao, Mas a cama falava por nés dois. O vazio que nao se preenchia. Por que a natureza providenciava aquelas coisas? Botava a gente em pro- vagaio? Feito um bicho que sai da sua toca para entrar em outra, sai da minha e escorreguei para a dele. Assim devagar, camaleao mudando de cor, cobra de pele. Ele abaixou os bracos ¢ ampa- rou a minha cabega. Afundou os dedos nos meus cabelos. De- via ser mesmo outro homem que estava ali, daquele jeito, nao eu, Mas estava e continuava, A boca emitia ruidos pequenos, 9s, de uma afligao de liberdade, alivio, quase de reza, per dio, Nao me furtei em reconhecer as espertezas daquele corpo nao diferente do meu. O calor jé nao era tanto e a noite ganhara encanto. Depois... Depois,eletirou um retrato da carteira eme mos. trou um moleque de othos arregalados, profundos. Tenho retrato comigo, pensando que a gente poderia ter se encontra do por aqueles lugares, brincando nos campos, como todos os ‘meninos fazem. O senhor conversa com retrato? Pois eu con: verso. Cuido do meu corpo, maisagora. Limpo a cara com gile te. Aparo as unhas com tesoura ou canivete. Fago forga para agradar.Pois olha, ja faleie vou repetir. O que eu tenho no meio das pernas 56 foi regalo de mulheres de boa vida, de ma fama. 208 Das vezes que chegava no bordel de Maria Bentinha, a festa estava armada, Levava duas, até trés para 0 quarto. E elas se entendiam como peso do meu corpo, me rendiam entreas suas pernas. Nao tinha escapatéria. A noite era do amor. © amor que a gente faz com braveza de garanhio. Se falo isso, é para o senhor nao pensar que sou um qualquer, desses que se viram por ai. Isso nao. Ha uma diferenca. Foi uma coisa estranha 0 ‘que aconteceu. Bateu forte o gostar. Nunca em minha vida ha- via pensado em tais coisas, Posso até jurar. E mangava dos que tinham esses ideais por sina. Mas a coisa aconteceu, sem que a gente contribufsse. A primeira vez fiquei tao sem jeito que nem sabia por onde comesar. Se abria ou se fechava as maos. Se tira~ va ou nio tirava a roupa. Se tapava os olhos para nao ver 0 que queria ver. Depois fui me acostumando. Aqui a gente se acostu- ma. Ou se vive ou se fica de barriga vazia, O meu coragio e 0 dele batiam juntos. Mas agora a gente esta apartado, Levaram le. Castigo de quinze dias. © motivo, nao sei. Dentincia, vin- ganga ou falagio de delator. Que inveja e maldade campeiam juntas, por todos os lados. Perdi o sono e tenho sonhos loucos. Alguém andou espalhando que nao estou bom do juizo. Tenho medo de que me levem para o pavilhio 9. Nao pego que 0 se- nnhor seja um amigo, isso nao, que é pedir 0 impossivel. Amiza~ de nao se compra. Peco apenas um favor. Um favor que vou pagar com dinheiro, cigarro, droga, o que o senhor desejar. E, se possivel, longe da vista dos outros. © bom a gente guarda pra sempre e nao deixa mofar. Mas se nao tiver jeito, que os olhos daqui enxergam longe, mesmo atras das grades, espero que pelo menos respeitem os meus sentimentos, guardando silencio. Porque nesse corredor tudo acaba se tornando comum, pelo jeito natural mesmo, pela forga das armas ow pelo peso do di- nheiro. Sabe, eu you Ihe deixar. Nao se impaciente mais, Eu queria mesmo € que o senhor levasse esse corddo para ele, na- 209 ‘quela cela,a tiltima do corredor. Basta levar li, que ee sabe para que é. A essa hora, tenho certeza, ele est excitado, pensando em mim, O senhor deve acreditar. Meu coracao eo dele baten- do juntos, a gente se sabe assim. Veja, senhor carcereiro. Essa ponta do cordio, feita em lago, ele vai colocar lé nele. Essa ou- tra ponta fica comigo, que é para eu fazer os movimentos de puxar para cima e para baixo, do jeito que s6 a gente sabe, Meus pensamentos se cumprindo no corpo dele, num vaivém auxilia- do pelo cordao. £ 0 que de melhor se pode fazer. Fico assim, a boca ressecada, os olhos fechados, a alma e os sentidos la com ele, Quando ele gemer de li, eu gemerei de cé. Tudo na mesma hora exata. Poderemos até chamar pelo nome um do outro. Eu vou escorar na parede ou rolar pelo chao, feito bicho. Depois de ‘um tempo, vem o alivio para cima de nése poderemos dormir esonhar sonhos bons. O senhor vai fazer isso por mim, senhor carcereiro, nao vai? Eu sei que vai. Pode deixar que eu pago. Dinheiro, droga, cigarros, o que o senhor quiser e desejar

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