You are on page 1of 20

Curso de Odontopediatria

Planejamento em Odontopediatria - Módulo 5 – Aula 1 –


Plano de tratamento
Silvana Gonçalves Bragança

Núcleo de Telessaúde Técnico-Científico do Rio Grande do Sul


Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - PPGEPI
Faculdade de Medicina - FAMED
Decisão de Tratamento

 A decisão de tratamento é um processo difícil na clínica e


depende principalmente da caracterização do perfil do paciente
com relação à cárie.

Para facilitar o entendimento desse processo de decisão de


tratamento devemos considerar 4 fatores:
1. Presença de cárie;
2. Características dos sinais clínicos;
3. Características do paciente;
4. Opções de intervenção.
1. Presença de Cárie

• Sobre a presença da cárie, inicialmente, é importante defini-la


como um processo de progressão lenta, biofilme-sacarose
dependente e que não paralisa se nenhuma intervenção for
realizada, seja ela invasiva ou não.

• Com relação aos fatores etiológicos é importante relembrar que


a cárie é uma doença multifatorial, onde estão envolvidos
fatores relacionados a saliva, presença do flúor, espécies
microbianas, qualidade da dieta, fatores socioeconômicos e
comportamentais.
1. Presença de Cárie
2. Características dos Sinais Clínicos

• Durante o exame clinico das superfícies dentarias


devemos registrar as seguintes características clinicas
as quais irão nortear a nossa decisão de tratamento:
presença ou ausência de lesão, presença de cavidade,
profundidade ou extensão da lesão e atividade da
lesão;
• Para o registro destas características, usaremos o
exame visual tátil e quando necessário o exame
radiográfico.
2. Características dos Sinais Clínicos

• Vale lembrar que ao realizar o exame visual tátil


podemos utilizar uma sonda periodontal ao invés da
sonda exploradora, que pode causar danos como
fratura da superfície do esmalte e que auxilia na
detecção de microcavidades.

• Durante esta avaliação clínica, é essencial que se avalie


as características de atividade das lesões após
deplacagem e secagem da superfície.
2. Características dos Sinais Clínicos

• As lesões em esmalte ativas se apresentam com


coloração esbranquiçada, rugosas e opacas após
secagem. Já as inativas, na maioria das vezes,
apresentam-se pigmentadas, lisas e brilhantes.

• Em dentina, as lesões ativas apresentam-se de


coloração mais amarelada e textura amolecida. As
inativas são mais escuras e endurecidas.
2. Características dos Sinais Clínicos

• Como auxiliar ao exame clínico, quando ainda restarem


dúvidas com relação às características da lesão, o
exame radiográfico pode ser indicado. Para as lesões
oclusais, apenas as mais avançadas podem ser
visualizadas neste exame e este terá como intuito
avaliar a proximidade com a câmara pulpar.

• Nas superfícies proximais, o exame radiográfico é


indicado para detecção de lesões iniciais em esmalte.
3. Características do Paciente

 AVALIAÇÃO DO PACIENTE:

• Queixa principal;
• Hábitos de higiene:
– Quem? Qual a frequência? Dentifrício?
• Hábitos de dieta:
– Entrevista 24h;
• Experiência de cárie do paciente e da família:
• Exame clínico:
– Índice de placa visível (IPV);
– Índice de sangramento gengival (ISG);
– Integridade das superfícies dentárias.
3. Características do Paciente

 HÁBITOS DE DIETA:

• Abordagem dos fatores de risco comum (obesidade, diabetes,


erosão dentária);
• Redução da quantidade e da frequência de ingestão de sacarose.
• Alteração de horários (sobremesa);
• Considerar o contexto socioeconômico.
4. Opções de Intervenção

• Definido o perfil do paciente com relação à cárie,


vamos traçar as estratégias de tratamento, seja ele
invasivo ou não, de acordo com as suas necessidades
individuais.
4. Opções de Intervenção
4. Opções de Intervenção

 Na presença de cárie, o controle dos fatores etiológicos é de


extrema importância.

 CONTROLE DOS FATORES ETIOLÓGICOS:


• Tratamento não invasivo:
– Aumento da exposição a fluoretos.
– Controle do biofilme.
– Racionalização do uso de sacarose.

• Tratamento invasivo:
– Remoção de fatores retentivos de biofilme.
4. Opções de Intervenção

• Com relação às intervenções invasivas, temos que considerar


fatores como a atividade da lesão, a superfície envolvida, e
presença de cavidade, e se a lesão se encontra em esmalte ou
em dentina.

• As lesões inativas, em geral, devem ser acompanhadas. No


entanto, na presença de cavidades deve-se considerar a
possibilidade de higiene e funcionalidade do dente afetado, bem
como o tempo de permanência do dente em boca. Nestes casos,
o tratamento restaurador pode ser indicado.
4. Opções de Intervenção

• As lesões ativas, quando não cavitadas, podem ser


controladas através de IHB e ATF. A ATF deve ser
realizada uma vez por semana, durante 4 semanas e a
IHB deve ser realizada até que se verifique redução dos
índices de IPV e ISG da criança.

• Em lesões ativas, quando cavitadas, optaremos pelo


bloqueio mecânico, que pode ser o selamento, no caso
de cavidades pequenas, ou o procedimento restaurador.
Superfície Envolvida

• Com relação à superfície envolvida, quando as lesões


ativas e cavitadas em esmalte e dentina envolvem
superfícies lisas livres devemos realizar o bloqueio
mecânico por selamento ou tratamento restaurador.

• As lesões proximais podem ser detectadas


radiograficamente ou após o afastamento dentário,
quando este for possível de ser realizado.
Superfície Envolvida

• Em caso de lesão inativa realiza-se o acompanhamento.


Quando a lesão for ativa, indica-se o tratamento baseado
na IHB com ênfase no uso do fio dental e ATF. No caso de
lesões cavitadas, deve-se indicar o bloqueio mecânico
através do selamento ou restauração.

• O mesmo raciocínio pode ser aplicado para as lesões


oclusais. Lesões microcavitadas inativas podem ser
controladas, as ativas seladas e as lesões mais extensas
restauradas.
• É válido lembrar que em casos mais severos da doença,
onde se observam muitas lesões cavitadas, o tratamento
não invasivo está indicado após o bloqueio mecânico de
todas estas cavidades.

• Além disso, nesses casos mais severos, as primeiras


consultas são destinadas a realização de exodontias e
procedimentos endodônticos quando indicados.
Considerações Finais

 Decisão de tratamento e a escolha da intervenção é um


processo que depende:

• Correta detecção e avaliação das lesões.


• Correta avaliação do perfil do paciente.
• Condições de atividade de cárie.
• Integridade das superfícies acometidas.
• Localização das lesões.
• Funcionalidade do dente.

You might also like