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Circle Haninense de tales Kcleypoese Li nptions ‘TIRAS DAS HISTORIAS EM QUADRINHOS NOS LIVROS DIDATICOS NAS TEMATICAS DE GENERO, SEXUALIDADE E DIVERSIDADE Catarina Santos Capitulino (UEMS) cacaulevitaibg @ hotmail.com Lucas Recalde (UEMS) lucasrecalde@ gmail.com Nataniel dos Santos Gomes (UEMS) natanielgomes @uol.com.br RESUMO O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre as questdes de género, sexua- lidade e diversidade nas tiras de hist6rias em quadrinhos inseridas nos livros diditi- cos. Trabalha-se especificamente com dois livros didaticos de diferentes colegdes, os quais sio Trabalhando com a Linguagem organizado por Ferreira et al. (2009) do 7° ano do ensino fundamental, ¢ Projeto Eco Lingua Portuguesa pensado por Hernandes & Martin (2010) do 2° ano do ensino médio. O presente artigo aborda reflexdes sobre como 0 corpo e as marcas de género sio apresentadas em algumas tiras retiradas dos livros didaticos. Considera-se que as hist6rias em quadrinhos utilizam linguagens que se aliam, a verbal e nio verbal e, portanto, expressam valores hist6ricos ¢ sociais que modela pensamentos e ages. Portanto, objetiva-se discutir sobre a temética tendo em vista as praticas educativas, pois no dmbito escolar os corpos € mentes sio escolariza- dos ¢ as identidades de géneros tivo. Entende-se 0 corpo além dos fatores biolégicos e considera-se sua subjetividade. Os referenciais utilizados sio Felipe (2012); Filha (2012); Goellner (2012); Louro (2000); Silva (2010), Nessa perspectiva, as histérias em quadrinhos sio artefatos cultu- rais que devem ser vistas na Educagio como possibilidade para discutir sobre os te- mas transversais: género, sexualidade € diversidade. Palavras-chaves: Linguagem. (6rias em quadrinhos. Tema transversal. 1. Introdugdo Este trabalho objetiva refletir sobre as questdes género, sexualida- de e diversidade nas tiras de hist6rias em quadrinhos inseridas nos livros diditice Trabalha-se com dois livros didaticos de diferentes colegdes, os quais so Trabalhando com a Linguagem, organizado por Ferreira et al. (2009), do 7° ano do ensino fundamental, e Projeto Eco Lingua Portu- guesa, pensado por Hernandes & Martin (2010), do 2° ano do ensino mé- dio. 1164 Revista Philologus, Ano 21, N° 61 Supl.: Anais do VII SINEFIL. Rio de Janeiro: CIFEFIL, jan./abr.2015. Circle Haninense de Cttales Kcleyioase Linguistics Reflexes de como 0 corpo e as marcas de género sao apresenta- das em algumas tiras retiradas dos livros didéticos fazem parte do traba- Iho, pois se considera que as hist6rias em quadrinhos utilizam linguagens que se aliam, a verbal e nao verbal e, portanto, expressam valores hist6ri- cos e sociais que modela pensamentos e agdes. Portanto, objetiva-se discutir sobre a tematica tendo em vista as praticas educativas, pois no ambito escolar os corpos e mentes sao esco- larizados e as identidades de géneros sao vigiadas para atingirem 0 com- portamento normativo. Entende-se 0 corpo além dos fatores biolégicos e considera-se sua subjetividade. trabalho divide-se me trés momentos. O primeiro momento apresenta-se as Hist6rias em Quadrinhos como género textual/discursivo. No segundo momento, sua insergdo nos livros didéticos e para finalizar uma breve andlise das hist6rias em quadrinhos com as temiticas: género, sexualidade e diversidade que sio sustentadas pelos temas transversais presentes nos Pardmetros Curriculares Nacionais (1998). Observa-se que 0s comportamentos de meninos e meninas, ho- mens e mulheres sao explicados segundo a natureza biolégica e baseados na vigilancia dos corpos. Segundo Felipe (2012, p. 220) “[...] com rela- cdo as meninas se exige uma série de comportamentos para que ela mantenham a ordem, a disciplina, 0 capricho, que nao se metam jamais em confusio, ao passo que os meninos so incentivados e jamais levarem desaforo pra casa.” Até mesmo antes do nascimento existe uma prepara- do especifica para cada género e 0 que vai constituindo sua identidade. As hist6rias em quadrinhos podem ser trabalhadas com 0 intuito de aju- dar a preservar a singularidade de cada sujeito. Os referenciais utilizados sio Felipe (2012); Filha (2012); Goell- ner (2012); Louro (2000); Silva (2010). Nessa perspectiva, as histérias em guadrinhos sio artefatos culturais que devem ser vistas na Educagao como possibilidade para discutir sobre os temas transversais: género, se- xualidade e diversidade. 2. Historias em quadrinhos como género textual As historias em quadrinhos sao consideradas um género textual, pois é um texto que retine as diversas formas da linguagem verbal e nao verbal. De acordo com Bakhtin (2003, p. 262) os géneros textuais/discur- sivos “sao tipos relativamente estaveis de enunciados” que acontecem Revista Philologus, Ano 21, N° 61 Supl.: Anais do VII SINEFIL. Rlo de Janeiro: CiFEFIL, jan/abr.2015 1165 , 1. ©, Zip: ay Circle Haninense de Ctales Kleleyoase Lingistces durante a comunicagio. Portanto, considera-se 0 contexto discursivo para se estudar um género. Marcuschi (2003, p. 22), aponta que os géneros textuais/discursi- vos “sdo entidades sociodiscursivas e formas de agio social incontornd- veis em qualquer situagao comunicativa.” Nessa perspectiva, os géneros sdo mecanismos ¢ mediadores para garantir a comunicagao. Schneuwly (2004, apud VIEIRA, 2013, p. 245), estabelece que “o instrumento, para se tornar mediador, para se tornar transformador da atividade, precisa ser apropriado pelo sujeito; ele nao é eficaz sendo a medida que se constroem, por parte do sujeito, os esquemas de sua utili- zagiio”. Pode-se dizer que os géneros textuais so utilizados em todo momento pelo sujeito segundo as necessidades de comunicacio. A insergio dos diferentes géneros textuais/discursivos, na escola visam, assim, as diferentes priticas sociais. As historias em quadrinhos contribuem para a formagaio dos/as discentes “[...] esse género possibili- ta ao professor intimeras possibilidades de se trabalhar a lingua nos seus mais diferentes modos e para os mais variados fins.” (CAVALCANTE, GOMES, TAVARES, 2014, p. 16) Segundo Tavares (2010, p. 78) “depois de tantas censuras e tentativas de consolidagio, os quadrinhos final- mente ganham lugar de destaque no Brasil e comegam a ser olhados de forma diferente.” Assim, podemos dizer que as histérias em quadrinhos ganharam espaco considerado, sendo utilizadas para os mais variados fins. De que agregam maneira, as hit [...] forma verbal e nao verbal, integrando linguagem oral/escrita, que reine, dentro de pequenos quadros em sequéncia, qualquer situagio do mundo, para qualquer faixa etéria, em ilimitados perfodos histor idades que podem ir do entretenimento a critica social. (AMARAL, GOMES, 2014, p. 298), Cabe aos objetivos do/a docente trabalhar com esse material rico em recursos para serem trabalhados em sala de aula.Os recursos que po- dein ser trabalhiados sav as disposigGes dos bales, cures, expresses fa- ciais, além de possibilitar a critica social. As hist6rias em quadrinhos so inseridas nos livros didaticos de Iingua portuguesa com o intuito de mostrar as diferentes fungdes da lin- guagem, bem como a discussio sobre os assuntos do cotidiano. Cabe ao/a docente ter objetivos claros para trabalhar com as tiras das hist6rias 1188 Revista Philologus, Ano 21, N° 61 Supl.: Anais do VII SINEFIL. Rio de Janeiro: CIFEFIL, j Circle Haninense de Cttales Kcleyioase Linguistics em quadrinhos em sala de aula. 3. Histéria em quadrinhos nos livros didaticos As hist6rias em quadrinhos, ou gibis como ficaram popularmente conhecidas no Brasil, por mais que existam outros meios que, a todo o momento competem por ateng’o, como acontece com os tablets e os smartphones, ainda exercem certo fascinio em pessoas de varias idades — no sendo diferente, por tanto, no alunos tanto do ensino funda- mental quanto do ensino médio. Segundo Serpa e Alencar. em pioneiro artigo sobre histéria em quadri- nnhos em sala de aula na revista Nova Escola, ano XIII, n. 111, abril de 1998, p. 11, em uma pesquisa realizada sobre habitos de leitura de alunos, 100% (cem por cento) afirmaram que o que mais gostavam de ler eram os quadri- nnhos, pesquisa que vem confirmar 0 que todo professor conhece na pritica da sala de aula: a sedugZo e o prazer espontineo da leitura de histéria em quadri- nnhos pelos alunos. (RECALDE; GOMES, 2013, apud CALAZANS, 2008, p. 22). Nos livros didaticos, por tanto, as histérias em quadrinhos trans formam-se em uma forma a mais de prender a atencZo dos/as alunos ao contetido. Para Leite (2013) “os quadrinhos aparecem nos livros como recursos didaticos.”. Mas no foi sempre que elas estiveram presentes nos livros e, em especial, nas obras destinadas ao ensino de lingua portu- guesa — houve um periodo em que existia grande resisténcia a elas. De acordo com Siqueira (s./d.), as hist6rias em quadrinhos foram aparecer nos livros de lingua portuguesa na década de 1970, quando foi instaurada a lei 5.692/71, que reestruturou os contetidos da disciplina, passando a, também, viabilizar o ensino da linguagem em diferentes con- textos, dando espaco, por tanto, para que histérias em quadrinhos fossem incorporadas aos livros didaticos. Hoje em dia, com 0 consenso sobre a contribuigao que elas trazem tanto para os/as alunos, quanto para os professores, é dificil encontrar um livro didatico em que nao elas nao aparegam. Gragas ao Plano Nacional do Livro de Didatico, que tem por obje- prover as escolas piblicas de ensino fundamental e médio com livros didaticos e acervos de obras literdrias, obras complementares e di- cionarios” (RECALDE; GOMES, 2013), escolas de todo 0 pais so su- pridas com os livros didaticos e, portanto, com gibis que auxiliam nao somente na aprendizagem como também ao apego a leitura. Revista Philologus, Ano 21, N° 61 Supl.: Anais do VII SINEFIL. Rio de Janeiro: CiFEFIL, jan/abr.2015 1167 Circle Haninense de Ctales Kleleyoase Lingistces Para Vergueiro (2004, apud ALMADA, GOMES, 2014, p. 07), “as historias em quadrinhos podem ser utilizadas para diversos fins: in- troduzir um assunto, gerar uma discussao, funcionar como texto reflexivo para um futuro debate [...].”. Um dos assuntos, objetivo desse trabalho, é a discussao das tematicas de género, sexualidade e diversidade. Cabe ao professor planejar aulas abordando as riquezas de traba- Ihar-se com as hist6rias em quadrinhos e seus recursos e, portanto pro- poreionando aos alunos um estudo mais aprofundado sobre as historias em quadrinhos quando no livro didético nao apresenta este aprofunda- mento. Dessa maneira, 0 docente, no papel de mediador sempre com o intuito de trazer a reflexo e discussao sobre a temitica, sempre apresen- tado que a historia em quadrinhos € um género versatil. 4. Breve andllise: histérias em quadrinhos com temdticas de género, sexualidade e diversidade O objetivo € refletir sobre as maneiras como sao pensadas as for- mas de ser menina e menino, ou seja, questionar sobre as premissas que so colocadas como certas. As histérias em quadrinhos, a0 longo dos anos, tém se destacando tanto no meio infantil quanto no mundo adulto, ¢ reas do conhecimento as tamam como objeto de estudos. As histérias em quadrinhos foram inclufdas em provas de vestibu- lares, nos préprios PCN (Pardmetros Curriculares Nacionais) e adapta- das para o ensino fundamental. As histrias em quadrinhos mostram rea- lidades sociais bem como apresentam as representagdes de feminino e masculino, e é essa a proposta do trabalho. Varios autores (FELIPE, 2012; FILHA, 2012; FURLANI,2005; SABAT, 2001) concordam com 0 conceito de que, a acio de expressar- se, seja as maneiras de serem femininos ou masculinos, e entre outras questes sobre a constituigdo de identidades, os artefatos culturais edu- cam cultural e socialmente. Os artefatos culturais “[...] produzem significado, ensinam de- terminadas condutas As meninas e meninos e instituem a forma adequada e ‘normal’ [...]” (XAVIER, 2012, p. 161). Portanto, o cinema, midias, revistas, brinquedos, entre outros, so instrumentos utilizados em sala de aula de forma reflexiva a fim de questionar os conceitos ligados e produ- zidos, bem como as histérias em quadrinhos as quais mostram um con- texto historio, social, cultural e econémico quando compreendidas além 1188 Revista Philologus, Ano 21, N° 61 Supl.: Anais do VII SINEFIL. Rio de Janeiro: CiFEFI Cireule: Rurinensede Educes Kidcligicese Linguistics do campo do entretenimento. Para Vergueiro (2009, apud ALMADA, GOMES, 2014, p. 99) “os quadrinhos possuem um carter globalizador, e este carter se dai pelo fato dos quadrinhos serem veiculados, no mundo inteiro, as revistas em quadrinhos trazem tematicas do cotidiano [...]”. Portanto, os quadrinhos sao compreendidos facilmente pelos discentes, pois € um género que re- tine diversas formas da linguagem. Foram escolhidos dois livros didaticos de diferentes colegdes, os quais guesa. 10: Trabalhando com a Linguagem e o Projeto Eco Lingua Portu- Ambos 0s livros trabalham com a tematica de género, sexualidade e diversidade com 0 objetivo nao somente para quest6es gramaticais, mas com 0 intuito de descontruir padrdes de comportamento impostos. A colegio Trabalhando com a Linguagem se divide em 8 unida- des, nas quais todas se voltam para um tema transversal especifico. Tra- balha-se um capitulo sobre os temas tansversais: orieutagao sexual, éti- ca, pluralidade cultural intitulado de O Despertar do Amor, o Namoro e Seus Conflitos. Nesse capitulo, as tiras de histrias em quadrinhos se voltam para a tematica nas tiras de hist6rias em quadrinhos da A Turma da Monica, Hagar — O Terrtvel, O Menino Maluquinho, Niquek Nausea, O Grito es- crito por Laerte, para estudos da lingua portuguesa e reflexdo sobre a te- mitica. Por sua vez, 0 Projeto Eco Lingua Portuguesa traz tiras de Mu- theres Alteradas 1, 2 e 4, Gato e Gata, Mafalda, Hagar — O Terrivel. Nesse livro, trabalha-se desde literatura até os conceitos gramaticais, uti- lizando tiras das hist6rias em quadrinhos, sem excluir as discussGes sobre ‘os comportamentos normativos. No presente trabalho, género é entendido como a construgao soci- al e cultural que envolve um conjunto de processos que marcam 0 corpo para se identificar como feminino/masculino. Por sexualidade Jeffrey Weeks (apud GOELLNER, 2012, p. 110), “como algo que envolve um série de crengas, comportamentos, relagdes e identidades socialmente construidas [...] que permitem aos homens e mulheres viverem, de de- terminados mods, seus desejos e seus prazeres corporais”. N perspectiva, a orienta sexual que estd inserida na cole- Revista Philologus, Ano 21, N° 61 Supl.: Anais do VII SINEFIL. Rlo de Janeiro: CiFEFIL, jan/abr.2015 1169, eee 2 Gap: vy. Circle Haninense de Ctales Kleleyoase Lingistces ga0 Irabalhando com a Linguagem, posto ao lado da ética para mostrar que cada sujeito merece ser respeitado no importando sua sexualidade. Segundo os Pardmetros Curriculares Nacionais (1998, p. 79) di- zem que os temas transversais, especificamente orientagdo sexual, sio in- seridos nas instituigdes escolares para a prevengio de problemas gravescomo 0 abuso sexual ¢ a gravi- dez indesejada. As informagdes corretas aliadas ao trabalho deautoconheci- mento e de reflexio sobre a propria sexualidade ampliam a consciéncia sobre 0 cuidadosnecessdrios para a prevengao desses problemas. Portanto, trabalha-se sexualidade visando & prevengao de proble- mas como violéncia seja contra mulher ou contra qualquer sujeito fora dos padrdes normativos, ou seja, a diversidade de identidade de género, bem como a gravidez indesejada ¢ 0 autoconhecimento de si As tiras das histérias em quadrinhos estudadas mostram 0 rompi- mento de paradigmas relacionados ao comportamento da mulher: “f...] a mulher como “naturalmente” mais sensivel e romantica, conferindo-Ihe também aspectos de passividade ¢ submetimento a figura masculina”. (FELIPE, 2004, p. 115) Outro ponto abordado diz respeito ao corpo, de nossa identidade dado a centralidade que esta adquiriu na cultura contemporanea cujos desdobramentos podem ser observados, por exemplo, no crescente mer- cado de produtos ¢ servigos relacionados ao corpo, a sua construgdo, aos seus cuidados, a sua libertagdo e, a0 seu controle. Meninos meninas sao vigiados para manterem seus corpos ¢ apresentarem a masculinidade ¢ feminilidade mediante a aceitagao social. Por isso, faz-se necessério pensar 0 corpo além de fatores biol6gi- cos, mas lembrar da subjetividade de cada sujeito, daquilo que cada um é ou quer ser. A forma como nos reconhecemos como sujeitos é resultado de um processo educativo que acontece na familia, na religido, midia, na escola. Percebe-se que desde 0 nascimento se inicia 0 processo de cons- trugiio de identidade de género, “[...] roupa rosa ou azul, decora-se 0 quarto do mesmo modo escolhem-se os brinquedos de forma muito dife- rente se a crianga for uma menina ou menino.” (GOELLNER, 2012, p. 107). As representagées de masculinidades e feminilidades so constru- Ges historicas e culturais e, portanto, nao séo nem fixas. “[...] Nos trans- 1170 Revista Philologus, Ano 21, N° 61 Supl.: Anais do VII SINEFIL. Rio de Janeiro: CiFEFI Circle Haninense de Cttales Kcleyioase Linguistics formamos assim através dos diferentes processos que envolvem a educa- gio de nossos corpos [...].” (GOELLNER, 2009, p. 170). Portanto, exis- tem diferentes maneiras das representagdes de género. Observa-se que as “[...] priticas e linguagens constituiam e consti- tuem sujeitos femininos e masculinos; foram — e sdo — produtoras de marcas” (LOURO, 2000, p. 77). Os discursos que foram impostos sobre os corpos, nos faz refletir se esses padres esto certos: isto ou aquilo é de menino ou sé de menina. A midia, muitas vezes, passa uma imagem de que a mulher s6 tem a felicidade completa com a maternidade, “[...] via de regra retratada como algo mégico, as ser desejado por todas. Nunca se fala de medos, insegurangas [...].” (FELIPE, 2004, p. 115). Iustragdes, propagandas, apresentam a mulher animada, despreocupada e disposta, até mesmo na submissao a uma cesariana. Diante das discussdes que as tiras abordam, percebe-se que é no Ambito escolar que se devem considerar as singularidades dos/as estudan- tesde forma a incentivar atividades que todos/as participem conjuntamen- te de forma a nao prejudicar a autoestima dos mesmos. 5. Consideragaes finais No presente artigo preocupou-se em refletir sobre as quest6es de género, sexualidade e diversidade nas tiras de histrias em quadrinhos in- i s didaticos, trabalhando, especificamente, com Traba- Ihando com a Linguagem e Projeto Eco Lingua Portuguesa. Dissertou a respeito das hist6rias em quadrinhos como género tex- tual, j4 que nelas hd formas tanto verbais como niio verbais. Tratou-se de expor as histérias em quadrinhos nos livros didéticos — ressaltando-as como um instrumento a mais como recurso dentro dessas obras. Por fim realizou uma breve andlise das hist6rias em quadrinhos com tematicas de género, sexualidade e diversidade, pontuando, seu im- pacto nas realidades sociais bem como apresentam representagdes de fe- minino e masculino — utilizando 0 conceito de género como "uma cons- trugio social e cultural que envolve um conjunto de processos que mar- cam 0 corpo para se identificar como feminino/masculino". Nao se es- quecendo, porém, da propria questio do corpo, indo além da simples ideia atrelada aos fatores biolégicos, lembrando-se da subjetividade do Revista Philologus, Ano 21, N° 61 Supl.: Anais do VII SINEFIL. Rio de Janeiro: CIFEFIL,janJabr.2015 1171 Circle Haninense de Ctales Kleleyoase Lingistces sujeito e daquilo que cada um € ou quer ser. Ao final, percebe-se que € justamente na escola, onde se passa grande parte da infncia e adolescéncia, que se devem considerar as sin- gularidades dos estudantes de forma a incentivas as atividades em que todos ou todas possam participar em conformidade de nao prejudicar a autoestima dos discentes. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS BAKHTIN, Mikhail. Estética da criagdéo verbal. Sio Paulo: Martins Fontes, 2003. BRASIL. Secretaria da Educagio Fundamental. Pardmetros curriculares nacionais: orientago sexual. Brasilia: MEC/SEF, 1998. Disponivel em: . Acesso em: 22-02-2015. CAVALCANTE, Maria Jarina Maia; GOMES, Antonia Camila de Arad- jo; TAVARES, Liicia Helena Medeiros da Cunha. As histérias em qua- drinhos no livro didatico de portugués: uma anélise multimodal. XVII congreso internacional asociacton de linguistica y filologia de América Latina (ALFAL, 2014). Jodo Pessoa. FELIPE, Jane de Sousa. Relagdes de género: construindo feminilidades e masculinidades na cultura. I AVIER FILHA, Constantina. 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