O PODER

JUDICIÁRIO NA
APLICAÇÃO DA LEI
MARIA DA PENHA
2018
 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
Presidente: Ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha
Corregedor Nacional de Justiça: Ministro João Otávio de Noronha
Conselheiros: Aloysio Corrêa da Veiga
Maria Iracema Martins do Vale
Márcio Schiefler Fontes
Daldice Maria Santana de Almeida
Fernando César Baptista de Mattos
Valtércio Ronaldo de Oliveira
Francisco Luciano de Azevedo Frota
Arnaldo Hossepian Salles Lima Junior
André Luiz Guimarães Godinho
Valdetário Andrade Monteiro
Maria Tereza Uille Gomes
Henrique de Almeida Ávila

Secretário-Geral: Júlio Ferreira de Andrade

Diretora-Geral: Julhiana Miranda Melhoh Almeida

EXPEDIENTE

DEPARTAMENTO DE PESQUISAS JUDICIÁRIAS

Diretora de Executiva Maria Tereza Aina Sadek
Diretora de Projetos Fabiana Luci de Oliveira
Diretora Técnica Gabriela Moreira de Azevedo Soares
Pesquisadores Igor Stemler
Lucas Delgado
Rondon de Andrade Porto
Danielly dos Santos Queiros
Estatísticos Davi Ferreira Borges
Filipe Pereira da Silva
Jaqueline Barbão
Apoio à Pesquisa Ricardo Marques
Pâmela Tieme Aoyama
Pedro Henrique Amorim
Thatiane Rosa
Terceirizados Bruna Leite
Lucineide Franca
Estagiária Doralice Pereira de Assis

SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Secretário de Comunicação Social Luiz Cláudio Cunha
Projeto gráfico Eron Castro
Revisão: Carmem Menezes

2018
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
SEPN Quadra 514 norte, lote 9, Bloco D, Brasília-DF
Endereço eletrônico: www.cnj.jus.br
Sumário
1
Estrutura judiciária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1 Varas exclusivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

1.2 Equipes multidisciplinares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2
Litigiosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.1 Medidas protetivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.2 Casos novos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.3 Casos pendentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.4 Processos baixados, sentenças e indicadores de performance . . . . . . . . . . . . . . . . 15

2.5 Execução Penal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2.6 Feminicídio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Introdução
A Política Judiciária Nacional de Enfrentamento
à Violência contra as Mulheres, instituída pela
portaria CNJ n. 15/2017, definiu diretrizes e ações
de prevenção à violência contra mulheres, com o
objetivo de garantir seus direitos fundamentais
nas relações domésticas e familiares, e a adequa‑
da solução de conflitos envolvendo mulheres em
situação de violência1.
A política previu, entre diversas ações, a realiza‑
ção periódica do mapeamento da estrutura das
unidades judiciárias competentes para o recebi‑
mento e processamento de causas cíveis e crimi‑
nais relativas à prática de violência doméstica e
familiar contra a mulher, assim como dos dados
sobre a litigiosidade nesse tema.
Este relatório apresenta os resultados do segundo
mapeamento realizado, oferecendo uma perspec‑
tiva atualizada da implementação das políticas
do Poder Judiciário no enfrentamento à violência
doméstica e familiar contra a mulher, com base
em dados fornecidos pelos Tribunais de Justiça
dos Estados e do Distrito Federal, por meio dos sis‑
temas Justiça em Números e Módulo de Produti-
vidade Mensal.
Obedecendo à Portaria CNJ n. 15/2017, esses tribu‑
nais encaminharam dados referentes ao ano de
2017, tendo como data‑base 31/12/2017, cobrindo
1 Íntegra da Portaria disponível em: http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/
arquivo/2017/03/48676a321d03656e5e3a4f0aa3519e62.pdf. Acesso em
09/03/2018.
5
O Poder Judiciário
na aplicação da
Lei Maria da Penha
2018
aspectos de estrutura e litigiosidade, incluindo a
quantidade de varas e juizados exclusivos; núme‑
ro e perfil de profissionais que integram as equi‑
pes multidisciplinares; quantidade de gabinetes
privativos; número de medidas protetivas, casos
novos, pendentes e baixados; sentenças e exe‑
cuções, tanto para casos que abarcam crimes de
violência contra a mulher quanto para casos es‑
pecíficos de feminicídio.
Todos os tribunais responderam ao CNJ até o dia
28 de fevereiro de 2018. Uma vez copilados os da‑
dos, e observando‑se inconsistências, foi solici‑
tada às Coordenadorias Estaduais das Mulheres
em Situação de Violência Doméstica e Familiar no
âmbito dos Tribunais de Justiça dos Estados e do
Distrito Federal, a retificação (ou ratificação) das
informações, inclusive dos dados referentes ao
primeiro levantamento realizado em 2017, com da‑
ta‑base 31/12/2016.
Os dados referentes aos anos de 2016 e 2017 foram
atualizados e consolidados em 24/05/2018.
O relatório está organizado em duas seções. Na
primeira, “Estrutura Judiciária”, apresenta‑se a
estrutura especializada no atendimento e julga‑
mento de casos de violência doméstica contra
a mulher. A segunda seção, “Litigiosidade”, traz
os dados de movimentação processual, incluindo
casos criminais e de execução penal em violência
doméstica contra a mulher, além de dados proces‑
suais sobre feminicídio.
1
Estrutura
judiciária
Nesta seção apresenta‑se a disponibilidade de
serviços judiciários especializados no atendimen‑
to às mulheres em situação de violência, abar‑
cando seu quantitativo, sua estrutura física e os
recursos humanos das suas equipes multidiscipli‑
nares.
1.1 Varas exclusivas
A Lei n. 11.340/2006, Lei Maria da Penha, atribuiu
ao Poder Público a responsabilidade de instituir
políticas de combate à violência praticada cotidia‑
namente contra as mulheres brasileiras, garantin‑
do os direitos dessas mulheres no âmbito das rela‑
ções domésticas, familiares e afetivas.
6
Ao Poder Judiciário coube a especialização no
atendimento às mulheres vítimas de violência
a partir da criação de Juizados ou Varas de Vio‑
lência Doméstica e Familiar contra a Mulher em
todas as Unidades da Federação. Esses órgãos per‑
tencem à justiça comum, tendo competência cível
e criminal para processar, julgar e executar as cau‑
sas decorrentes da prática de violência doméstica
e familiar contra a mulher, devendo contar com
uma equipe multidisciplinar especializada nas
áreas psicossocial, jurídica e de saúde.
A quantidade de varas exclusivas era de 109 em
2016, passando para 122 em 2017, um aumento per‑
centual de 12% (Gráfico 1).
 O Poder Judiciário
na aplicação da
Lei Maria da Penha
2018
Gráfico 1. Número de Varas e Juizados Tabela 1. Número de setores psicossociais
exclusivos em violência doméstica, de acordo especializados no atendimento
com o porte dos tribunais, em 2016 e 2017 à vítima, em 2016 e 2017
2016 2017 Setores psicossociais Setores psicossociais
TJSP 9 13
Tribunal exclusivos não exclusivos
TJRJ 11 11
2016 2017 2017
GRANDE

TJRS 9 9

TJMG 4 4
TJAC 0 1 1
TJPR 0 1

TJDFT 16 16
TJAL 2 2 0
TJPE 10 10

TJBA 6 7 TJAM 0 3 0
TJES 5 6

TJMT 4 5 TJAP 2 2 0
MÉDIO

TJGO 3 4

TJPA 4 4 TJBA 6 7 0
TJMA 2 3

TJCE 2 2 TJCE 0 0 nd
TJSC 1 1

TJRN 4 5 TJDFT 1 5 0
TJTO 3 3

TJMS 3 3 TJES 1 1 nd
TJAM 2 3

TJPB 2 2
TJGO 1 1 11
PEQUENO

TJRR 1 2

TJAP 2 2
TJMA 2 2 12
TJAL 2 2
TJMG 0 1 nd
TJSE 1 1

TJRO 1 1
TJMS 1 1 28
TJAC 1 1

TJPI 1 1
TJMT 4 4 76
20 15 10 5 0 5 10 15 20
TJPA 2 2 31
Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas TJPB 2 2 4
Judiciárias, 2018
TJPE 8 9 nd
TJPI 3 2 1
Os tribunais que expandiram a estrutura de aten‑
TJPR 3 6 62
dimento, criando novas varas e juizados exclusivos
TJRJ 11 15 10
em violência doméstica, foram: TJPR, TJRR, TJMA,
TJRN 0 0 nd
TJAM, TJSP, TJGO, TJMT, TJRN, TJES e TJBA.
TJRO 1 1 23

Além da quantidade de varas e juizados, foram TJRR 0 0 nd

solicitadas informações sobre setores de serviços TJRS 1 1 nd

psicossociais especializados em atendimento à TJSC 2 2 nd

vítima (Tabela 1), assim como a quantidade de ga‑ TJSE 0 1 nd

binetes privativos de atendimento, ou similares, TJSP 0 0 nd

em funcionamento nas estruturas das unidades TJTO 1 1 nd

judiciais, que possam garantir acolhimento das Total 54 72 259

vítimas de forma individualizada e com privaci‑ Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas
Judiciárias, 2018.
dade (Gráfico 2). nd = informação não disponível

7
As informações sobre setores psicossociais coleta‑ Gráfico 2. Número de Gabinetes Privativos, de
das em 2016 referiam‑se apenas àqueles que pres‑ acordo com o porte dos tribunais, em 2016 e 2017
tavam atendimento exclusivamente nos casos de 2016 2017
TJRJ
violência doméstica contra a mulher, tendo sido TJRS
39
9 11
78

GRANDE
informados 54 setores. Já os dados de 2017 refe‑ TJSP
TJPR
nd
3 8
10

rem‑se também aos setores psicossociais em fun‑ TJMG

TJSC 28
4 4
28

cionamento que prestam atendimento nos casos TJDFT

TJBA
15
6 7
14

de violência doméstica contra a mulher, de forma TJPE 7 7

TJMT 5 6

MÉDIO
não‑exclusiva, ou seja, acumulando atendimento TJGO 5 4

TJPA 4 4

em outros tipos de processos. Para o ano de 2017 TJES 1 4

TJCE 4 3
foram informados 72 setores exclusivos e 259 se‑ TJMA 2 3

TJAM 7 8
tores não‑exclusivos. TJRN 4 5

TJAL 9 5

TJRR 4 4
Os únicos tribunais que declaram não possuir TJPB 3 3
PEQUENO

TJTO
setor psicossocial especializado no atendimento
3 3

TJPI 2 2

à vítima, seja exclusivo ou não exclusivo, foram: TJAP

TJSE 2
0 2
1

TJCE, TJRN e TJRR. TJRO

TJMS
1
1
1
1

TJAC 0 0

No que se refere à quantidade de gabinetes priva‑ 60 50 40 30 20 10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

tivos, houve um crescimento de 35% na estrutura Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas
dessas varas, passando de 168 gabinetes em 2016, Judiciárias, 2018

para 226 em 2017. O único tribunal que declarou

não possuir gabinete privativo para atendimen‑
to nos casos de violência doméstica foi o TJAC. Os
tribunais TJES, TJPR, TJRJ, TJMA, TJRN, TJRS, TJMT, 1.2 Equipes
multidisciplinares
TJBA, TJAP e TJAM declararam aumento na quan‑
tidade de gabinetes privativos entre 2016 e 2017.

De acordo com os dados encaminhados pelos tri‑

bunais, há 2.440 profissionais atuando nas va‑
ras e juizados em violência doméstica e familiar
contra a mulher, incluindo as especialidades de
serviço social, psicologia, medicina, pedagogia e
ciências sociais (Tabela 2).

8
 O Poder Judiciário
na aplicação da
Lei Maria da Penha
2018
Tabela 2 ‑ Número de profissionais de Ressalte‑se que muitos desses profissionais não
acordo com a especialidade e tamanho total prestam atendimento exclusivo às varas e juiza‑
da equipe multidisciplinar, em 2017
dos especializados em violência doméstica, ha‑
Tribunal
Serviço
Psicólogos Pedagogia
Ciências
Medicina Total vendo compartilhamento de profissionais entre
social Sociais
diversas unidades.
TJAC 14 31 0 0 45
TJAL 3 2 0 0 5 Considerando o disposto no “Manual de Rotinas e
TJAM 5 3 0 0 8 Estruturação dos Juizados de Violência Domésti‑
TJAP 3 3 0 0 6 ca e Familiar contra a Mulher” (CNJ, 2010: p. 19‑20),
TJBA 3 1 6 0 10 tem‑se que as varas ou juizados com até 5.000
TJCE 2 2 1 0 5
processos em trâmite devem contar minimamente
TJDFT 15 7 0 0 22
em sua equipe multidisciplinar com um psicólogo
TJES 6 4 0 0 10
e um assistente social, perfazendo dois profissio‑
TJGO 112 101 17 0 230
nais. Já as varas com mais de 5.000 processos em
TJMA 18 15 0 0 33
trâmite devem contar em sua equipe multidisci‑
TJMG 484 140 0 0 624
plinar mínima com três psicólogos e três assisten‑
TJMS 47 19 0 0 66
tes sociais.
TJMT 125 125 46 293 589
TJPA 57 25 2 0 1 85 Levando em conta esses critérios, verificou‑se a
TJPB 15 10 2 0 27 estrutura de atendimento exclusiva e não‑exclu‑
TJPE 17 17 2 0 36 siva disponível nos tribunais, para essas especia‑
TJPI 6 4 0 0 10 lidades (Tabela 3).
TJPR 9 88 0 55 152
TJRJ 151 116 0 0 267 Em 2017, 15 dos 27 tribunais estaduais possuíam
TJRN 2 1 1 0 4 equipe de atendimento considerada adequada:
TJRO 39 61 0 0 100 TJPR, TJMG, TJRJ, TJGO, TJMT, TJSC, TJPA, TJMA, TJMS,
TJRR 2 1 1 0 4 TJRO, TJAC, TJPB, TJAP, TJAL e TJPI.
TJRS 11 10 0 0 21
TJSC 22 3 3 13 41
TJSE 2 2 0 0 4
TJSP 18 12 3 1 34
TJTO 1 1 0 0 2
Total 1189 804 84 362 1 2440
Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas
Judiciárias, 2018

9
Tabela 3 ‑ Número de profissionais das
especialidades de serviço social e psicologia, em 2017
Serviço
Serviço Psicologia
Tribunal social não Psicologia
social não exclusivo
exclusivo
TJAC 1 13 19 12
TJAL 3 0 2 0
TJAM 5 0 3 0
TJAP 3 0 3 0
TJBA 3 0 1 0
TJCE 2 nd 2 nd
TJDFT 15 0 7 0
TJES 6 nd 4 nd
TJGO 61 51 53 48
TJMA 4 14 3 12
TJMG 5 479 3 137
TJMS 1 46 1 18
TJMT 10 115 9 116
TJPA 6 51 3 22
TJPB 4 11 4 6
TJPE 17 nd 17 nd
TJPI 2 4 2 2
TJPR 2 7 4 84
TJRJ 30 121 35 81
TJRN 2 nd 1 nd
TJRO 2 37 3 58
TJRR 2 nd 1 nd
TJRS 11 nd 10 nd
TJSC 22 nd 3 nd
TJSE 2 nd 2 nd
TJSP 18 nd 12 nd
TJTO 1 nd 1 nd
Total 240 949 208 596
Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas
Judiciárias, 2018
nd = informação não disponível

10
 O Poder Judiciário
na aplicação da
Lei Maria da Penha
2018

2
Litigiosidade
Nesta seção, apresenta‑se os dados relativos à de‑
manda judicial nos casos de violência doméstica 2.1 Medidas protetivas
e familiar contra a mulher.
As medidas protetivas têm caráter preventivo,
A Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) estabe‑ e são voltadas a providências urgentes. De acor‑
lece que a violência doméstica e familiar pode se do com a Lei Maria da Penha, existem dois tipos
consubstanciar em qualquer ação ou omissão que de medidas protetivas: as medidas protetivas de
gere situações de violência física, psicológica, se‑ urgência que obrigam o agressor a uma conduta
xual, patrimonial ou moral contra a mulher. (como por exemplo, suspensão do porte de armas,
afastamento do lar, proibição de aproximação ou
A análise da litigiosidade enfrentada pelo Poder
de contato com a ofendida, restrição ou suspensão
Judiciário em matéria de violência doméstica e
de visitas aos dependentes menores, prestação de
familiar contra a mulher abrange o conjunto de
alimentos provisionais ou provisórios), e as medi‑
processos formados pelas ações penais e pelos
das protetivas de urgência à ofendida (como o en‑
procedimentos de natureza cautelar autuados
caminhamento a programa de proteção ou atendi‑
para apreciação de medidas protetivas de urgên‑
mento, afastamento da ofendida do lar, separação
cia, seja para impor restrições ao agressor, seja
de corpos, restituição de bens, etc.).
para resguardar a ofendida ou o seu patrimônio.
O Gráfico 3 traz a quantidade de medidas proteti‑
Os casos de feminicídio, nos quais há crime doloso
vas expedidas em 2016 e 2017, de acordo com os
contra a vida da mulher por razões de gênero, de‑
tribunais, totalizando nacionalmente 194.812 me‑
correntes da violência doméstica e familiar, pre‑
didas em 2016, e 236.641 medidas em 2017 – um
visto na Lei n. 13.104, de 9 de março de 2015, foram
aumento de 21% no período.
contabilizados em categoria específica.

11
Gráfico 3. Quantidade de decisões concedendo Gráfico 4. Quantidade de medidas protetivas de
medidas protetivas de urgência à ofendida e/ urgência à ofendida e/ou que obrigam o agressor,
ou que obrigam o agressor, de acordo com a cada mil mulheres residentes no estado, de
o porte dos tribunais, em 2016 e 2017 acordo com o porte dos tribunais, em 2016 e 2017
2016 2017 2016 2017
TJRS 34.469 38.664 TJRS 6 6,7

TJMG 22.419 27.030 TJPR 3,2 3,7

GRANDE

GRANDE
TJRJ 16.865 25.358 TJRJ 2 2,9

TJPR 17.964 21.002 TJMG 2,1 2,5

TJSP 20.153 19.250 TJSP 0,9 0,8

TJGO 2.811 13.118 TJDFT 4,3 7,3

TJDFT 6.747 11.636 TJMT 4,8 5,4

TJPE 7.714 8.925 TJES 3,4 4,3

TJMT 7.680 8.846 TJGO 0,8 3,9

TJES 6.686 8.592 TJSC 1,9 2,2

MÉDIO

MÉDIO
TJCE 7.771 7.878 TJPE 1,6 1,8

TJSC 6.629 7.841 TJMA 1,7 1,8

TJMA 5.933 6.266 TJCE 1,7 1,7

TJPA 3.113 3.601 TJPA 0,8 0,9

TJBA 3.263 3.208 TJBA 0,4 0,4

TJMS 7.152 8.489 TJMS 5,3 6,3

TJAM 4.520 4.296 TJAP 3 3,7

TJPI 1.855 2.691 TJRR 2,8 3,6

TJTO 2.153 2.388 TJTO 2,8 3,1

TJRO 2.303 2.155 TJRO 2,6 2,4

PEQUENO

PEQUENO

TJAP 1.181 1.453 TJAM 2,3 2,1

TJPB 1.918 1.354 TJPI 1,1 1,6
TJRN 1.495 1.067 TJPB 0,9 0,7
TJRR 714 925 TJRN 0,8 0,6
TJSE 1.123 447 TJSE 1 0,4
TJAC 181 113 TJAC 0,4 0,3
TJAL 0 48 TJAL 0 0

50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8

Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas
Judiciárias, 2018 Judiciárias, 2018

Em 2017, o TJRS expediu a maior quantidade de As menores proporções foram verificadas nos
medidas protetivas em números absolutos (38.664 Tribunais de Justiça de Alagoas, Acre, Sergipe e
medidas), seguido do TJMG (27.030 medidas) e do Bahia, sendo que os Tribunais de Justiça do Rio
TJRJ (25.358 medidas). Os tribunais que expediram Grande do Norte, da Paraíba e de São Paulo tam‑
as menores quantidades de medidas protetivas bém apresentaram baixas proporções, ficando
foram os TJAL (48 medidas), TJAC (113 medidas), abaixo de uma medida protetiva expedida a cada
TJSE (447 medidas) e TJRR (925 medidas). mil mulheres residentes.

Em dados proporcionais à quantidade de mulhe‑

2.2 Casos novos

res residentes por unidade da Federação (Gráfi‑
co 4), os tribunais que em 2017 apresentaram as
maiores médias a cada mil mulheres residentes
foram o TJDFT (7,3), o TJRS (6,7 medidas), o TJMS Em 2017 ingressaram nos tribunais de justiça esta‑
(6,3), o TJMT (5,4) e o TJES (4,3). duais do país 452.988 casos novos de conhecimen‑
to criminais em violência doméstica contra a mu‑

12
 O Poder Judiciário
na aplicação da
Lei Maria da Penha
2018
lher ‑ número 12% maior que o verificado em 2016, cada mil mulheres residentes. Na sequência, com
quando 402.695 casos novos foram registrados. O 11,9 casos novos a cada mil mulheres residentes,
TJSP apresentou o maior volume, com 67.541 casos está o Distrito Federal. Em terceiro lugar, o Estado
novos; o TJRS veio na sequência, com 66.355 pro‑ do Rio Grande do Sul, com 11,5 processos a cada mil
cessos; o TJMG, em terceiro lugar, com 47.320; o TJRJ, mulheres residentes. Em quarto lugar, o Estado do
em quarto lugar, com 46.340 processos (Gráfico 5). Mato Grosso, com 10,5 casos a cada mil mulheres,
e em quinto, o Acre, com 10,2 processos a cada mil
Gráfico 5. Quantidade de casos novos referentes mulheres residentes (Gráfico 6).
à violência doméstica contra a mulher, de acordo
com o porte dos tribunais, em 2016 e 2017 Gráfico 6. Quantidade de casos novos
2016 2017 de conhecimento criminais em violência
TJSP 47.779 67.541
doméstica contra a mulher, a cada mil
TJRS 62.466 66.355
mulheres residentes no estado, de acordo
GRANDE

TJMG 50.671 47.320

TJRJ
TJPR
48.361
27.747 32.441
46.340
com o porte dos tribunais, em 2016 e 2017
TJGO 10.966 19.803

TJDFT 16.353 19.031 2016 2017

TJSC 16.084 18.196 TJRS 10,9 11,5

TJMT 13.427 17.066 TJPR 4,9 5,8

GRANDE

TJES 9.675 14.660 TJRJ 5,6 5,4

MÉDIO

TJPE 13.524 13.623 TJMG 4,8 4,5

TJMA 9.453 10.349 TJSP 2,1 3

TJCE 5.488 7.224 TJDFT 10,5 11,9

TJPA 5.425 5.778 TJMT 8,3 10,5

TJBA 4.080 4.379 TJES 4,9 7,3

TJMS 17.576 17.789 TJGO 3,3 5,9

TJAM 7.522 6.702 TJSC 4,7 5,2

MÉDIO

TJPB 6.382 6.530 TJMA 2,7 2,9

TJRO 5.215 5.570 TJPE 2,8 2,8

TJPI 3.813 4.702 TJCE 1,2 1,6

PEQUENO

TJTO 4.162 4.361 TJPA 1,3 1,4

TJRN 5.153 4.205 TJBA 0,5 0,6

TJAC 3.577 4.200 TJMS 13,2 13,2

TJSE 2.907 3.178 TJAC 8,8 10,2

TJAP 2.495 2.936 TJAP 6,4 7,4

TJRR 1.271 1.409 TJRO 6,0 6,3

TJAL 1.123 1.300 TJTO 5,5 5,7

PEQUENO

TJRR 5,1 5,6

80.000 60.000 40.000 20.000 0 20.000 40.000 60.000 80.000 TJAM 3,8 3,4

TJPB 3,1 3,2

Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas TJPI 2,3 2,9
Judiciárias, 2018 TJSE 2,5 2,7

TJRN 3,0 2,5

TJAL 0,7 0,7

As menores demandas foram verificadas no TJAL 15 12 9 6 3 0 3 6 9 12 15

(1.300 casos novos), no TJRR (1.409 casos novos) e Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas
Judiciárias, 2018
no TJAP (2.936 casos novos).

Analisando a quantidade de casos novos a partir As menores demandas proporcionais à popu‑

do contingente populacional feminino residente lação residente feminina estão nos Estados da
em cada unidade da Federação, tem‑se que Mato Bahia e de Alagoas, com médias de 0,6 e 0,7 pro‑
Grosso do Sul é a localidade que apresenta a maior cesso novo a cada mil mulheres residentes, res‑
demanda nesse assunto, com 13,2 casos novos a pectivamente.

13
Mapa 1 ‑ casos novos de conhecimento criminais
em violência doméstica contra a mulher, a cada mil
mulheres residentes no estado, em 2016 e 2017
2.3 Casos pendentes
O Gráfico 7 apresenta a quantidade de casos pen‑
dentes de conhecimento criminais em violên‑
cia doméstica contra a mulher. Em 2017 haviam
908.560 casos pendentes, percentual 2% maior
que em 2016, quando somavam 891.818 casos pen‑
dentes.

Gráfico 7. Quantidade de casos pendentes

de conhecimento criminais em violência
doméstica contra a mulher, de acordo com
o porte dos tribunais, em 2016 e 2017
2016 2017
TJSP 172.845 201.507

TJRJ 101.839 98.354

GRANDE

TJMG 90.473 98.004

TJRS 72.912 73.591

TJPR 49.794 30.194

TJGO 38.191 55.454

TJPE 49.283 47.311

TJSC 31.517 34.183

TJBA 29.071 29.780

TJMT 26.242 29.524

MÉDIO

TJPA 34.235 27.886

TJMA 21.967 24.882

TJCE 40.295 18.587

TJES 9.508 15.456

TJDFT 14.995 15.409

TJMS 23.910 26.010

TJAM 22.280 18.454

TJPI 10.658 13.278

TJRO 6.936 8.502

TJRN 9.209 8.497

PEQUENO

TJPB 11.200 7.649

TJSE 5.433 6.216

TJTO 6.512 6.025

TJAL 5.110 5.666

TJAC 4.246 5.037

TJAP 1.477 1.987

TJRR 1.680 1.117

220.000 145.000 70.000 5.000 80.000 155.000 230.000

Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas

Judiciárias, 2018

14

Os casos pendentes representam cerca de 2 vezes
a quantidade de casos novos no tema. O TJSP é o
tribunal com o maior volume de casos penden‑
tes, com 201. 507 casos. Na sequência, o TJRJ, com
98.354 casos, e o TJMG, com 98.004 casos.
Os tribunais que apresentaram os menores vo‑
lumes de casos pendentes em 2017 foram o TJRR
(1.117 casos) e TJAP (1.987 casos).
2.4 Processos
baixados, sentenças
e indicadores de
performance
Um dos aspectos cruciais da atuação do Poder Ju‑
diciário na garantia dos direitos das mulheres é a
capacidade de resposta frente à demanda judicial
em casos de violência doméstica contra a mulher.
Para avaliar a capacidade de resposta do Judiciá‑
rio, utiliza‑se indicadores de performance, como o
Índice de Atendimento à Demanda (IAD) e a Taxa
de Congestionamento (TC).
O índice de atendimento à demanda (IAD) permi‑
te verificar se o tribunal foi capaz de baixar pro‑
cessos pelo menos em número equivalente ao
quantitativo de casos novos. O ideal é que esse
indicador permaneça superior a 100% para evitar
aumento dos casos pendentes2.
2 O cálculo do IAD é feito conforme a fórmula:
Processos Baixadosano
IAD ano =
Casos novos ano-base
15
O Poder Judiciário
na aplicação da
Lei Maria da Penha
2018
A taxa de congestionamento (TC) indica o percen‑
tual de processos não decididos em relação ao to‑
tal de processos que tramitaram durante o ano3.
Esses dois indicadores consideram em seu cálculo
a quantidade de processos decididos (baixados).
Verifica‑se que no ano de 2017 foram baixados na
Justiça Estadual um total de 540.156 processos de
conhecimento criminais em violência doméstica
contra a mulher – quantidade 18% maior do que a
baixada em 2016, quando foram decididos 456.858
processos.
Comparando o volume de processos baixados com
o volume de processos novos, verifica‑se que a
Justiça Estadual foi capaz de decidir um número
de processos superior à demanda de casos novos
nesse assunto.
Os tribunais com as maiores quantidades de
processos baixados em 2017 foram o TJRS (111.752
processos baixados), o TJRJ (69.675 processos bai‑
xados) e o TJMG (62.321 processos baixados), con‑
forme dados dispostos no Gráfico 8.
3 O cálculo da TC é feito conforme a fórmula:
Processos Baixadosano
TC ano =
Processos Baixadosano + Casos Pendentes 31/12/ano
Gráfico 8. Quantidade de processos baixados Gráfico 9. Índice de Atendimento à Demanda, de
de conhecimento criminais em violência acordo com o porte dos tribunais, em 2016 e 2017
doméstica contra a mulher, de acordo com
2016 2017
o porte dos tribunais, em 2016 e 2017 TJRS 170% 168%

TJRJ 151% 150%

GRANDE
2016 2017 TJMG 95% 132%

TJRS 106.290 111.752 TJPR 75% 110%

TJRJ 73.234 69.675 TJSP 87% 89%

GRANDE

TJMG 48.009 62.321 TJCE 206% 239%

TJSP 41.369 60.150 TJBA 70% 233%

TJPR 20.719 35.149 TJPA 188% 208%

TJMT 16.491 19.048 TJPE 84% 120%

TJDFT 17.639 18.392 TJMT 123% 112%

MÉDIO
TJGO 10.413 17.344 TJDFT 108% 96%

TJCE 11.318 17.257 TJSC 99% 91%

TJSC 15.833 16.578 TJGO 95% 88%

MÉDIO

TJPE 11.388 16.387 TJES 67% 65%

TJPA 10.254 12.127 TJMA 88% 53%

TJBA 2.850 10.223 TJRR 156% 143%

TJES 6.498 9.474 TJAM 84% 137%

TJMA 8.322 5.484 TJAL 45% 134%

TJMS 15.541 15.628 TJTO 108% 115%

TJAM 6.290 9.167 TJRO 122% 112%

PEQUENO

TJRO 6.368 6.216 TJSE 121% 103%

TJPB 6.488 5.625 TJAC 88% 94%

TJTO 4.501 5.022 TJMS 88% 88%

TJPB 102% 86%

PEQUENO

TJAC 3.141 3.960

TJSE 3.516 3.296 TJAP 130% 82%

TJAP 3.240 2.412 TJPI 49% 47%

TJPI 1.873 2.222 TJRN 55% 38%

TJRR 1.987 2.018

250% 200% 150% 100% 50% 0% 50% 100% 150% 200% 250%
TJAL 508 1.745

TJRN 2.778 1.484

140.000 105.000 70.000 35.000
Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas
Judiciárias, 2018
Na média, o índice de atendimento à demanda
ficou em 119%, desempenho geral melhor que o
observado em 2016, quando a média do indicador
para a Justiça Estadual ficou em 113%.
Os tribunais com os maiores índices de atendimen‑
to à demanda foram o TJCE (239%), o TJBA (233%), o
TJPA (208%) e o TJRS (168%). Outros onze tribunais
obtiveram índices de atendimento à demanda su‑
periores a 100%, o que significa que decidiram no
ano uma quantidade maior de processos do que
o número de casos novos em violência doméstica
contra a mulher. Foram eles: TJRJ, TJRR, TJAM, TJAL,
TJMG, TJPE, TJTO, TJMT, TJRO, TJPR e TJSE.
0 35.000
Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas
70.000 105.000 140.000 Judiciárias, 2018
Já os tribunais com as menores quantidades
de processos baixados frente à demanda foram
o TJRN (38%), o TJPI (47%), O TJMA (53%) E O TJES
(65%). Outros sete tribunais ficaram com o indica‑
dor abaixo de 100%, o que significa que não con‑
seguiram decidir quantidade de processos equi‑
valente à demanda. Foram eles: TJDFT, TJAC, TJSC,
TJSP, TJMS, TJGO, TJPB e TJAP.
O Gráfico 10 informa a taxa de congestionamento
em cada tribunal, no que se refere à tramitação
dos casos de violência doméstica contra a mulher.
Em 2017 a taxa geral de congestionamento nesse
assunto ficou em 63%, pouco menor que a obser‑
vada em 2016, que foi de 66%.

16
 O Poder Judiciário
na aplicação da
Lei Maria da Penha
2018
Gráfico 10. Taxa de Congestionamento nos casos de Os tribunais que proferiram a maior quantidade
casos de violência doméstica contra a mulher, de de sentenças foram o TJRS, o TJRJ, o TJMG e o TJSP
acordo com o porte dos tribunais, em 2016 e 2017
(Gráfico 11).
2016 2017
TJSP
TJMG
81%
65% 61%
77%
Gráfico 11. Quantidade total de sentenças
de conhecimento criminais em violência
GRANDE

TJRJ 58% 59%

TJPR
doméstica contra a mulher, de acordo com
71% 49%

TJRS 41% 40%

TJMA
TJGO
73%
79%
82%
76%
o porte dos tribunais, em 2016 e 2017
TJBA 91% 74%

TJPE 81% 74% 2016 2017

TJPA 77% 70% TJRS 110.077 114.010
MÉDIO

TJSC 67% 67% TJRJ 53.048 64.920

GRANDE
TJES 59% 62% TJMG 9.959 28.168

TJMT 61% 61% TJSP 22.006 27.201

TJCE 78% 52% TJPR 5.863 6.476

TJDFT 46% 46% TJMT 3.600 12.433

TJPI 85% 86% TJPA 8.571 10.351

TJRN 79% 85% TJES 6.289 9.601

TJAL 91% 76% TJSC 9.167 9.347

TJAM 78% 67% TJGO 7.008 8.021

MÉDIO

TJSE 61% 65% TJPE 5.067 7.273

PEQUENO

TJMS 61% 62% TJDFT 5.299 6.092

TJRO 52% 58% TJCE 1.785 2.298

TJPB 63% 58% TJMA 1.088 1.383

TJAC 57% 56% TJBA 1 0

TJTO 59% 55% TJMS 6.187 6.314

TJAP 31% 45% TJAM 6.798 4.133

TJRR 46% 36% TJPB 3.619 3.437

TJTO 1.907 3.414

100% 80% 60% 40% 20% 0% 20% 40% 60% 80% 100% TJRO 2.953 2.951
PEQUENO

TJAL 700 2.193

Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas TJRR 1.395 1.476

Judiciárias, 2018 TJRN 1.044 1.363

TJSE 781 1.103

TJPI 606 993

TJAC 3.288 854

Os três tribunais que apresentaram as maiores TJAP 1.221 534

taxas de congestionamento foram o TJPI (86%), o 140.000 105.000 70.000 35.000 0 35.000 70.000 105.000 140.000

TJRN (85%) e o TJMA (82%). E as três menores ta‑ Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas
Judiciárias, 2018
xas de congestionamento nos casos de violência
doméstica contra a mulher foram verificadas no
TJRR (36%), no TJRS (40%) e no TJAP (45%).

A quantidade de sentenças de conhecimento cri‑

minais em violência doméstica contra a mulher
proferidas é outro indicador de resposta do Poder
Judiciário. Em 2017 foram 336.339 sentenças pro‑
feridas, indicador 20% melhor se comparado a
2016, quando a justiça estadual proferiu 279.327
sentenças.

17
2.5 Execução Penal Tabela 4 ‑ Número total de casos de execução
penal em violência doméstica contra as mulheres
(iniciados, pendentes e baixados), em 2016 e 2017
A fase da execução penal caracteriza o cumpri‑
iniciadas pendentes baixadas
mento da decisão judicial, e os dados sobre execu‑
Tribunal 2016 2017 2016 2017 2016 2017
ção servem, assim, para monitorar o cumprimen‑
TJAC 20 48 30 76 11 26
to das sentenças. O Tribunal de Justiça do Rio de
TJAL 0 0 1 8 0 0
Janeiro não forneceu dados sobre execução penal
TJAM 375 0 13 12 4 8
em violência doméstica contra as mulheres, in‑
TJAP 0 0 1 0 1 1
formando haver necessidade de adaptação de pa‑
TJBA 2 0 83 127 6 15
râmetros para gerar essas estatísticas com maior
precisão. O TJSP também deixou de prestar essa TJCE 77 89 430 101 163 348

informação para o ano de 2017. Outros tribunais, TJDFT 531 1907 1713 5769 415 141

como o TJAP, o TJAL e o TJAM, apresentaram valo‑ TJES 416 343 468 390 72 335

res muito baixos comparados à sua movimenta‑ TJGO 342 517 1091 1394 286 327

ção processual, o que pode ser lido como um indi‑ TJMA 28 52 122 174 0 47
cativo de subregistro da informação nos sistemas TJMG 1496 3691 1848 7873 1105 2174
de estatística. TJMS 1136 1693 802 1242 390 919
TJMT 210 281 476 705 119 123
De acordo com as informações disponíveis, em
TJPA 47 46 113 137 30 22
2017 foram iniciados na Justiça Estadual um total
TJPB 138 159 565 572 22 93
de 14.280 processos de execução penal em violên‑
TJPE 256 181 485 511 57 168
cia doméstica contra a mulher. Encontravam‑se
TJPI 61 10 70 42 21 38
em andamento (pendentes) 29.864 casos de exe‑
TJPR 100 23 328 264 141 123
cuções penais em violência doméstica contra a
mulher, tendo sido baixados 7.640 processos (Ta‑ TJRJ nd nd nd nd nd nd

bela 4). TJRN 16 6 25 22 10 12

TJRO 870 741 1276 1277 535 665
Devido à ausência de informação para alguns tri‑ TJRR 63 77 69 130 19 13
bunais, e por conta da subnotificação para outros, TJRS 2340 2654 4143 5665 851 1077
esses indicadores devem ser lidos com cautela, TJSC 742 760 1237 1602 290 485
uma vez que estão subdimensionados.
TJSE 313 481 787 1006 246 316
TJSP 740 nd 961 nd 102 nd
TJTO 384 521 406 765 66 164
Total 10.703 14.280 17.543 29.864 4.962 7.640

Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas

Judiciárias, 2018
nd = informação não disponível

18
 O Poder Judiciário
na aplicação da
Lei Maria da Penha
2018

2.6 Feminicídio por parte do poder público na proteção das mulhe‑

res em situação de violência5. O relatório final ela‑
borado por essa comissão deu ensejo à criação da
O Mapa da Violência publicado em 2015 situou o
Lei do Feminicídio (13.104/2015), prevendo‑o como
Brasil na quinta pior posição no ranking de paí‑
circunstância qualificadora do crime de homicí‑
ses com maior índice de homicídios de mulheres:
dio, e incluindo‑o no rol de crimes hediondos. O fe‑
4,8 assassinatos a cada cem mil mulheres4.
minicídio é definido como o homicídio da mulher
Segundo o relatório, em uma década, entre 2003 em razão da sua condição de gênero, envolvendo
e 2013, a quantidade de mulheres vítimas de ho‑ violência doméstica e familiar e menosprezo ou
micídio aumentou de 3.937 para 4.762. Ponderan‑ discriminação à condição de mulher, de acordo
do‑se esse dado pelo crescimento da população com o § 2‑A.
feminina no período, houve um aumento 8,8% na
Por se tratar de previsão em lei com edição recen‑
taxa de homicídios de mulheres (2015: p. 13). Entre
te, tendo sido incorporado como assunto nas tabe‑
1980 e 2013 foram registrados pelo Sistema de In‑
las processuais do CNJ apenas em 2016, alguns tri‑
formações de Mortalidade (SIM/DATASUS) um to‑
bunais não dispõem dessas estatísticas – caso dos
tal de 106.093 homicídios de mulheres (2015: p. 8).
TJAP e TJAL. Outros tribunais relatam dificuldades
O Mapa da Violência (2015) mostra que apesar de em contabilizar esses casos, devido a problemas
ter havido uma redução significativa na taxa de de parametrização em seus sistemas. Ainda que
homicídio de mulheres logo após a entrada em vi‑ haja subnotificação e problemas de extração da
gor da Lei Maria da Penha ‑ de 4,2 em 2006 para informação, a movimentação processual dos ca‑
3,9 em 2007 ‑ essa redução não se manteve. A taxa sos de feminicídio é expressiva.
voltou a crescer a partir de 2008, quando retornou
Em 2017 foram registrados 2.643 casos novos de fe‑
ao patamar de 4,2, chegando em 4,8 em 2012. A
minicídio na Justiça Estadual do país (Gráfico 12).
publicação trouxe também informações sobre o
Parte dos tribunais revisou os dados relativos aos
perfil das vítimas: mulheres negras (pretas e par‑
casos de feminicídio para o ano de 2016, totalizan‑
das) e aquelas na faixa etária entre 18 e 30 anos,
do 1.287 casos. Os tribunais de São Paulo e do Pa‑
constituem os grupos mais vulneráveis nos casos
raná não apresentaram revisão dos dados de 2016,
de homicídio.
sendo notável a subnotificação.
Esse quadro motivou a instituição da Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito sobre Violência
contra a Mulher (CPMI‑VCM), no ano de 2012, que
buscou investigar a situação da violência contra a
mulher no país, apurando denúncias de omissão
5 Informação extraída da página do Senado.
4 Os países que mais registraram assassinatos de mulheres foram El Salvador Disponível em: http://legis.senado.leg.br/comissoes/
(8,9 assassinatos a cada 100 mil mulheres), Colômbia (6,3), Guatemala (6,2), comissao;jsessionid=38C9991F6DB61CEC4ADE1417FFD21899?0&codcol=1580.
Rússia (5,3), Brasil (4,8) e México (4,4). Mapa da Violência, 2015: p. 28. Acesso em 20/06/2017.

19
Gráfico 12. Casos novos de conhecimento Tabela 5 ‑ Casos pendentes, sentenças e
em feminicídio, em 2016 e 2017 baixados em feminicídio, em 2016 e 2017
2016 2017 Pendentes Baixados Sentenças
TJPR 9 743 Tribunal
TJMG 378 372 2016 2017 2016 2017 2016 2017
GRANDE

TJRS 216 258

TJSP 1 179
TJAC 2 8 3 6 3 10
TJRJ 54 84

TJGO 106 156

TJAL 2 5 0 0 0 2
TJMT 29 83

TJDFT 64 78
TJAM 452 522 114 168 44 4
TJPA 29 44

TJPE 29 37
TJAP 4 1 3 5 1 2
MÉDIO

TJES 59 20

TJSC 0 18
TJBA 4 8 1 0 1 0
TJCE 12 13

TJBA 3 10
TJCE 22 7 11 14 4 4
TJMA 6 8

TJRN 136 251

TJDFT 15 81 53 47 50 88
TJAM 94 119

TJMS 16 54
TJES 29 27 4 31 7 23
TJPI 6 34

TJPB 18 22
TJGO 684 962 87 148 124 178
PEQUENO

TJSE 3 18

TJTO 6 14

TJRO 6 11
TJMA 15 23 0 0 1 6
TJAC 5 8

TJRR 2 6
TJMG 1.504 1.456 511 502 856 898
TJAL 0 2

TJAP 0 1
TJMS 20 60 0 16 5 16

600 400 200 0 200 400 600 800 TJMT 69 164 37 106 19 52
Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas TJPA 43 76 4 11 6 10
Judiciárias, 2018
TJPB 41 10 14 5 16 2
TJPE 41 70 3 10 3 13
Ao longo de 2017, os tribunais estaduais movi‑
TJPI 14 41 3 6 0 0
mentaram 13.825 casos de feminicídio, tendo bai‑
TJPR 21 4.925 6 1381 7 2872
xado 3.039 processos, restando pendentes ao final
TJRJ 63 128 11 13 33 31
do ano 10.786 processos. Foi significativa a quan‑
TJRN 1.496 1.380 136 209 243 112
tidade de sentenças proferidas, totalizando 4.829
TJRO 10 19 8 16 6 11
sentenças em casos de feminicídio (Tabela 5).
TJRR 5 9 1 2 0 2
TJRS 395 494 160 187 223 252
TJSC 15 36 14 27 1 41
TJSE 5 23 3 3 4 3
TJSP 189 232 71 116 282 190
TJTO 13 19 3 10 3 7
Total 5.173 10.786 1.261 3.039 1.942 4.829

Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas

Judiciárias, 2018

20
 O Poder Judiciário
na aplicação da
Lei Maria da Penha
2018
Uma vez que o Mapa da Violência de 2015 apre‑ Mapa 2 ‑ Casos novos de conhecimento
sentou a taxa de homicídios de mulheres a cada em feminicídio, em 2017, a cada
cem mil mulheres residentes
cem mil mulheres residentes por unidade da Fe‑
deração, calculou‑se o total de casos novos de co‑
nhecimento criminais em feminicídio a cada cem
mil mulheres residentes (Gráfico 13).

Os estados com as maiores proporções de casos

de feminicídio a cada cem mil mulheres residen‑
tes são: Rio Grande do Norte, Paraná, Amazonas
e Mato Grosso. O Distrito Federal vem em quarto
lugar, seguido dos Estados de Goiás, Rio Grande do
Sul e Mato Grosso do Sul. Os Estados de Alagoas,
Bahia e Maranhão apresentam as menores pro‑
porções de processos novos de feminicídio a cada
cem mil mulheres.

Gráfico 13. Casos novos de conhecimento

em feminicídio, em 2016 e 2017, a cada
cem mil mulheres residentes
2016 2017
TJPR 0,2 13

TJRS 3,8 4,5

GRANDE

TJMG 0 3,5

TJRJ 0,6 1

TJSP 0 0,8

TJMT 1,8 5,1

TJDFT 4,1 4,9

TJGO 3,2 4,6

TJPA 0,7 1,1

TJES 3 1
MÉDIO

TJPE 0,6 0,8

TJSC 0 0,5

TJCE 0,3 0,3

TJMA 0,2 0,2

TJBA 0 0,1

TJRN 7,7 14,1

TJAM 4,7 5,9

TJMS 1,2 4

TJRR 0,8 2,4

TJPI 0,4 2,1

PEQUENO

TJAC 1,2 1,9

TJTO 0,8 1,8

TJSE 0,3 1,5

TJRO 0,7 1,2

TJPB 0,9 1,1

TJAP 0 0,3

TJAL 0 0,1

9 6 3 0 3 6 9 12 15

Fonte: Conselho Nacional de Justiça / Departamento de Pesquisas

Judiciárias, 2018

21
Considerações finais
As informações apresentadas neste relatório con‑
substanciam um retrato da atuação do Poder Judi‑
ciário na aplicação da Lei Maria da Penha, abran‑
gendo indicadores de estrutura e litigiosidade
(demanda e resposta judicial).
O primeiro dado de destaque é o volume de pro‑
cessos tramitados na Justiça Estadual do país em
2017: foram 1.448.716 processos referentes à violên‑
cia doméstica e familiar, o que corresponde, em
média, a 13,8 processos a cada mil mulheres bra‑
sileiras.
A distribuição dos processos, como demonstrado
ao longo desse texto, não é aleatória, havendo fa‑
tores sociais que ajudam a compreender o perfil
de denúncia. A região Nordeste é a que apresen‑
tou a menor demanda à Justiça, com uma média
de 1,9 processos novos a cada mil mulheres resi‑
dentes. O Norte veio em seguida, com 3,5 processos
novos a cada mil mulheres. Na sequência, a região
Sudeste, com 3,9 processos novos a cada mil mu‑
lheres. A região Sul apresentou uma média de 7,8
processos novos a cada mil mulheres residentes, e
a região Centro‑Oeste, 9,24 processos novos a cada
mil mulheres.
A maior demanda relativa está no TJMS, com 13,2
processos a cada mil mulheres residentes. Em se‑
guida, no TJDFT, com 11,9 processos a cada mil mu‑
lheres. As menores demandas relativas estão no
TJBA e no TJAL, com 0,6 e 0,7 processo a cada mil
mulheres, respectivamente.
22
Evidenciou‑se, assim, uma elevada demanda por
Justiça na reparação de violações do direito a um
convívio digno e harmonioso no âmbito das rela‑
ções domésticas, familiares e afetivas. Os esforços
empreendidos pela Justiça Estadual para a pro‑
moção de uma adequada resposta jurisdicional a
essa demanda são substantivos. Entre 2016 e 2017,
o número de varas e juizados exclusivos em vio‑
lência doméstica e familiar passou de 109 para 122
‑ um crescimento de 12% em apenas um ano.
O índice de resposta a essa demanda foi de 119%
em 2017, ou seja, a Justiça Estadual decidiu um nú‑
mero de processos superior à demanda de casos
novos em violência doméstica contra a mulher.
Verifica‑se, contudo, que essa resposta é desigual,
havendo desequilíbrio na prestação jurisdicional
entre os estados. Isso foi observado especialmen‑
te na estrutura especializada de atendimento, fi‑
cando evidenciado que apesar de a maioria dos
tribunais contar com equipes multidisciplinares
no atendimento às vítimas, a estruturação dessas
equipes é adequada em apenas quinze tribunais
no país.
O levantamento de dados identificou, ainda, ne‑
cessidade do aprimoramento na gestão da in‑
formação pelos tribunais. É preciso empreender
esforços também no registro e padronização de
informações, sobretudo no tocante aos casos de
feminicídio e à etapa de execução.

Referências
BRASIL. Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria
mecanismos para coibir a violência doméstica e
familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art.
226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra as Mulheres e da Convenção Interamerica‑
na para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência con‑
tra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher;
altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e
a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2004‑2006/2006/lei/l11340.htm >.
Acesso em: 18 jul. 2017.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Portaria
CNJ n. 15, de 8 de março de 2017. Institui a Política
Judiciária Nacional de enfrentamento à violência
contra as Mulheres no Poder Judiciário e dá outras
providências. Disponível em: < http://www.cnj.
jus.br/files/conteudo/arquivo/2017/03/48676a‑
321d03656e5e3a4f0aa3519e62.pdf>.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Recomen-
dação n. 9, de 8 de março de 2007. Recomenda
aos Tribunais de Justiça a criação dos Juizados
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mu‑
lher e a adoção de outras medidas, previstas na
Lei 11.340, de 09.08.2006, tendentes à implemen‑
tação das políticas públicas, que visem a garantir
os direitos humanos das mulheres no âmbito das
relações domésticas e familiares. Disponível em:
23
O Poder Judiciário
na aplicação da
Lei Maria da Penha
2018
<http://www.cnj.jus.br/busca‑atos‑adm?docu‑
mento=1217>. Acesso em: 22 maio de 2017.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Relatório
Justiça em Números 2016: ano‑base 2015. Brasí‑
lia, 2016. Disponível em: < http://www.cnj.jus.br/
files/conteudo/arquivo/2016/10/b8f46be3dbbf‑
f344931a933579915488.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2017.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. O Poder
Judiciário na aplicação da Lei Maria da Penha.
Brasília, 2013. Disponível em: < http://www.cnj.
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BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão. Regiões de Influência das Cidades: 2007.
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www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/
regic.shtm?c=7>. Acesso em: 18 jul. 2017.
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tados_universo.shtm>. Acesso em: 18 jul. 2017.
WAISELFISZ, J. J. Mapa da violência 2015: Homicí‑
dio de Mulheres no Brasil: OEI, 2015. Disponível em:
https://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2015/
MapaViolencia_2015_mulheres.pdf. Acesso em:
28 maio de 2018.