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Sistema Único de Saúde - Wikipédia, A Enciclopédia Livre
Sistema Único de Saúde - Wikipédia, A Enciclopédia Livre
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Foi instituído pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 196, como forma de efetivar o
mandamento constitucional do direito à saúde como um "direito de todos" e "dever do Estado" e
está regulado pela Lei n.º 8.080/1990,[4] a qual operacionaliza o atendimento público da saúde.
Com o advento do SUS, toda a população brasileira passou a ter direito à saúde universal e
gratuita, financiada com recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, conforme rege o artigo 195 da Constituição. Fazem parte do Sistema
Único de Saúde, os centros e postos de saúde, os hospitais públicos — incluindo os universitários,
os laboratórios e hemocentros (bancos de sangue), os serviços de vigilância sanitária, vigilância
epidemiológica, vigilância ambiental, além de fundações e institutos de pesquisa acadêmica e
científica, como a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e o Instituto Vital Brazil.[5]
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Histórico
É importante descrever que, ao chegarem ao Rio de Janeiro, encontraram uma cidade bastante
pobre em matéria de saneamento básico, como afirma Pinto[10]:
"O Rio de Janeiro, até a chegada da família real em 1808, era uma cidade insalubre,
pantanosa, com águas estagnadas e com poucas ruas, crescendo desordenadamente.
Existia dificuldade de abastecimento de água, não havia saneamento, a falta de
higiene era total, não havia esclarecimento, uma vez que população era
praticamente toda analfabeta."
Com o aumento do interesse pelas doenças que até então eram renegadas, devido a epidemias de
varíola e febre amarela (doenças tropicais), o Brasil começou a juntar esforços no combate de tais
agravos, pois representavam também perdas econômicas para o país.[11] Tratava-se também de
uma forma de "esconder" a realidade que cercava a capital federal.[10]
Primeira República
Após a Proclamação da República em 1889, os problemas sanitários ainda persistiam nas cidades,
o que as deixavam à mercê de endemias e epidemias.[12] A mudança desse paradigma se iniciou
ainda em 1897, com a criação da Diretoria Geral de Saúde Pública, que, em 1903, sob coordenação
de Osvaldo Cruz, nomeado pelo então presidente da República Rodrigues Alves, começa uma
campanha de sanitização domiciliar,[13] incluindo a destruição de cortiços e a remoção da
população mais pobre para as periferias. Isto ocasionou a chamada Revolta da Vacina. Algumas
ações pontuais também foram realizadas, como a caça a mosquitos ou em relação a alguma doença
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Após o ocorrido na época de Osvaldo Cruz, idealizou-se uma reforma sanitária no país, que acabou
sendo realizada em 1923, com a criação do Departamento Nacional de Saúde, então ligado ao
Ministério da Justiça.[14] Sendo assim, nesse mesmo ano foi criada a Lei Eloy Chaves, surgindo
então as Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs), além de dar inicio à previdência social no
Brasil, baseada no recolhimento de parte do salário do funcionário e parte paga pelo
empregador.[8] A União permaneceu ausente desse modelo.[9]
Ainda na Primeira República, foram instituídas bases para a criação de um sistema nacional de
saúde, caracterizado pela concentração e verticalização das ações no governo central.[13]
Ditadura militar
Após o Golpe militar de 1964, e o advento do chamado "Milagre Econômico", o Governo Civil-
Militar resolveu centralizar os recursos da previdência, já que com o milagre econômico, mais
carteiras de trabalho eram assinadas, e como resultado, mais pessoas procuravam os serviços de
saúde,[15] sendo dessa forma que, em novembro de 1966, todos institutos que atendiam aos
trabalhadores do setor privado foram unificados no Instituto Nacional de Previdência Social
(INPS).[16] Tal centralização representou um maior incremento na contratação de serviços privado
de saúde para a prestar a assistência médica a seus segurados[17] em detrimento das unidades
hospitalares próprias da previdência o que levou a graves déficits orçamentários e prejuízos
financeiros.[18] Foi a partir do INPS que se desenvolveu a estrutura e o berço para a criação dos
planos de saúde.[19]
Após o fracasso do INPS, foi criado o Instituto Nacional de Assistência Medica da Previdência
Social (INAMPS), em 1977,[20] como uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Previdência
e Assistência Social (hoje Ministério da Previdência Social), e foi criado pelo regime militar pelo
desmembramento do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que hoje é o Instituto
Nacional de Seguridade Social (INSS). Como diferenciação ao modelo antigo, o INAMPS possuía
estabelecimentos próprios, ainda que os procedimentos fossem realizados pelo setor privado,[21]
sendo que a ideia era o cumprimento do papel de braço assistencial do sistema de saúde e de braço
da saúde do sistema de proteção social.[18]
Como os trabalhadores que tinham carteira assinada usavam os serviços do INAMPS, os que não
tinham a carteira assinada utilizavam, sobretudo, as Santas Casas, instituições filantrópico-
religiosas que amparavam cidadãos necessitados e carentes. A Saúde Pública no Brasil durante o
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regime militar começou com um processo de mudança que criou as primeiras bases para o
surgimento do SUS (Sistema Único de Saúde), na década de 1990. Houve uma redefinição das
competências do Ministério da Saúde, agora atuante em formulação da política nacional de saúde,
assistência médica ambulatorial, prevenção da saúde, controle sanitário, pesquisas na área da
saúde. Desta maneira ele deixava de ser somente um aparato burocrático tornando-se efetivamente
um órgão importante na gestão e responsabilidade pela condução das políticas públicas de saúde
no país.[8]
Nova República
Ressalta-se que a discussão não era apenas para privatizar o modelo existente até então no regime
militar. Os neoliberais também se oporiam à previsão do SUS na esfera constitucional, durante a
Assembleia Constituinte que resultou na Constituição de 1988.[23]
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A implantação do SUS foi realizada de forma gradual: primeiro veio o SUDS, com a universalização
do atendimento; depois a incorporação do INAMPS ao Ministério da Saúde, com o Decreto nº
99.060[25] e por fim a Lei Orgânica da Saúde, nº 8.080,[4] que fundou e operacionalizou o SUS.
Em poucos meses foi lançada a lei nº 8.142,[26] que imprimiu ao SUS uma de suas principais
características: o controle social, ou seja, a participação dos usuários (população) na gestão do
serviço. O INAMPS só foi extinto em 27 de julho de 1993 pela Lei nº 8.689.[27] Tal sistema de
saúde, no século XXI, viria a ajudar a projetar o Medicare nos EUA.[28]
Princípios constitucionais
Uma leitura mais atenta da seção "Da Saúde", (artigo 196 até o artigo 198) da Constituição, permite
aferir que foram estabelecidos cinco princípios básicos que orientam o sistema jurídico em relação
ao SUS. São eles: a universalidade (artigo 196), a integralidade (artigo 198 - II), a equidade (artigo
196 - "acesso universal e igualitário"), a descentralização (artigo 198 - I) e a participação social
(artigo 198 - III).[29][30]
Universalidade
Integralidade
A integralidade, conforme o artigo 198, no seu inciso II, confere ao Estado o dever do "atendimento
integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais" em
relação ao acesso que todo e qualquer cidadão tem direito. Por isso, o Estado deve estabelecer um
conjunto de ações que vão desde a prevenção à assistência curativa, nos mais diversos níveis de
complexidade, como forma de efetivar e garantir o postulado da saúde. "O homem é um ser
integral, bio-psico-social, e deverá ser atendido com esta visão integral por um sistema de saúde
também integral, voltado a promover, proteger e recuperar sua saúde."[31]
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Equidade
Descentralização
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Estrutura
Financiamento
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Em audiência em agosto, Henrique Prata, diretor do Hospital de Amor, afirmou que os baixos
valores da Tabela do SUS servem aos interesses da medicina privada, pois esvazia a saúde pública,
obrigando os pacientes a recorrerem aos planos de saúde ou procedimentos particulares: "Quem
manipulou o congelamento da tabela SUS foi a medicina privada".[38]
Enquanto o hospital gasta R$ 1,2 mil por cada dose do medicamento Voriconazol, o
SUS paga apenas R$ 37,78 por dose. Essa droga é essencial para pacientes que vão
se submeter a transplante de medula. Isso é uma discrepância, uma anomalia. Por
isso, às vezes a saúde pública perde a qualidade. Eu não sei se isso é intencional para
favorecer a saúde privada ou se é uma falta de racionalidade.
— Senador Telmário Mota, em março de 2019, após visitar o Hospital Araújo Jorge.[39]
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Em pesquisas realizadas em anos anteriores, encontrou-se boa satisfação dos usuários do SUS com
os serviços públicos de saúde utilizados, em diferentes níveis de atenção e em diversas cidades no
país.[44][45][46][47][48]
Para 93% dos eleitores brasileiros, os serviços públicos e privados de saúde no país são regulares,
ruins ou péssimos. O Sistema Único de Saúde (SUS) recebeu avaliação negativa de 87% da
população. Este é o resultado de uma pesquisa inédita encomendada pelo Conselho Federal de
Medicina e pela Associação de Medicina Paulista e realizada pelo Instituto Datafolha.[43][49]
"As pessoas estão insatisfeitas porque não têm aquilo que necessitam. É uma questão de percepção.
É uma pesquisa de percepção", diz o presidente do Conselho Federal de Medicina Roberto Luiz
D’Ávila.[43][49]
Os pontos mais críticos estão relacionados ao acesso e ao tempo de espera para atendimento.
Metade dos entrevistados que precisaram do SUS relataram ser difícil ou muito difícil conseguir
acesso aos serviços, especialmente a cirurgias, atendimento médico domiciliar e procedimentos
específicos como hemodiálise e quimioterapia.[43][49]
Entre os entrevistados, pelo menos 30% declararam estar aguardando ou ter alguém na família
aguardando a marcação ou realização de consulta, exame, procedimento ou cirurgia pelo SUS. Até
mesmo pessoas que possuem planos de saúde, 22% deles, disseram que aguardam algum tipo de
atendimento pela rede pública.[43][49]
Só dois entre cada dez entrevistados conseguiram ser atendidos em até um mês, enquanto quase
metade da população encarara espera de um a seis meses. Uma parcela 29% da população aguarda
há mais de seis meses, sendo que mais da metade deles relata estar na fila há mais de um ano.[43]
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A discussão sobre a inclusão de terapias alternativas no sistema público de saúde brasileiro existe
desde a década de 1980. Em 2002, a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas
destacou que os conhecimentos da medicina baseada em evidências não seriam suficientes para o
bem-estar dos povos originários, que deveriam também ser atendidos com conhecimentos
medicinares de povos indígenas.[50] Em 2006, começou a implementação a nível nacional de
terapias tradicionais e alternativas, como ioga, acupuntura e terapia de florais; a rol de práticas
integrativas foi ampliado em 2017 e 2018, chegando a 29 terapias.[51] Entre elas, estão:
aromaterapia, aiuverda, biodança, constelação familiar, cromoterapia, dança circular, geoterapia,
hipnoterapia, homeopatia, meditação, musicoterapia, ozonioterapia, fitoterapia, quiropraxia, reiki,
terapia comunitária integrativa, termalismo social/crenoterapia.[51][50]
A inclusão de terapias alternativas tem sido motivo de críticas de especialistas e não tiveram o
apoio da comunidade científica,[52] uma vez que não há evidências para a eficácia desses métodos.
Questiona-se o ônus aos cofres públicos para financiar tratamentos sem comprovações
científicas.[53] Segundo o Conselho Federal de Medicina, em 2017, o Ministério da Saúde destinou
mais de 17 bilhões de reais para terapias alternativas.[54] Internacionalmente, países como o Reino
Unido e Austrália têm empenhado esforços para banir terapias pseudocientíficas do rol de
alternativas do setor público. O Brasil segue na direção contrária, sendo o único país que possui
práticas como dança de roda financiada com dinheiro público.[55]
Ver também
▪ Agência Nacional de Saúde Suplementar
▪ Saúde suplementar no Brasil
▪ Serviço Nacional de Saúde (Reino Unido) (NHS)
▪ Serviço Nacional de Saúde
▪ Sistema de Saúde
Notas
1. (…) O que é definido como único na Constituição é um conjunto de elementos doutrinários e
de organização do sistema de saúde, os princípios da universalização, da equidade, da
integralidade, da descentralização e da participação popular. Estes elementos se relacionam
com as peculiaridades e determinações locais, através de formas previstas de aproximação da
gerência a os cidadãos, seja com a descentralização político-administrativa, seja através do
controle social do sistema.
Definição da Nota Técnica nº 14, Seção II.2, pág.3 - de 23 de novembro de 2012 (http://www2.
camara.leg.br/atividade-legislativa/orcamentobrasil/estudos/2012/nt14.pdf), da Câmara dos
Deputados, analisando a Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012, que
regulamenta a Emenda Constitucional nº 29, de 2000
Referências
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Ligações externas
▪ Sítio oficial (https://conectesus-paciente.saude.gov.br/menu/home-default)
▪ Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) (https://datasus.saude.g
ov.br/)
▪ Brasil SUS (http://www.brasilsus.com.br/index.php)O Maior Portal de Normas do Sistema
Único de Saúde
▪ Publicações Ministério da Saúde (http://bvsms2.saude.gov.br/php/level.php?lang=pt&compone
nt=51&item=38), na íntegra
▪ Atos normativos da Esfera Federal do SUS - Saude Legis (http://www.saude.gov.br/saudelegi
s)
▪ PenseSUS (http://pensesus.fiocruz.br/), espaço agregador de conteúdos do SUS
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