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AMAZING GRACE

“Amazing Grace” (Graça Maravilhosa) é uma música inconfundível e faz parte do repertório de
muitos bons e reconhecidos artistas, e tem sido adoptada quase como um hino por várias
sensibilidades cristãs. Sempre tive alguma curiosidade em tentar perceber a sua origem e
quem a compôs. Ouvi em tempos contar uma história que havia sido trazida por escravos
africanos como um lamento à sua condição, e que posteriormente integrada no processo de
cristianização americana.

Por aquilo que consegui descobrir, existe algum resquício de verdade, mas que poderá levantar
algumas dúvidas. De facto, a melodia parece ter sido composta por um ex-traficante de
escravos, de seu nome John Newton. Ou seja, teria ouvido a melodia como um canto de
lamento dos escravos, e que mais tarde tenha apenas acrescentado a letra com uma
mensagem tão profunda perdão e redenção, que toca a todos quantos a ouvem. Penso poder
aceitar-se que poderá haver algo de verdade nesta última explicação.

John Newton era filho de um capitão da Marinha Britânica e que almejava para o filho uma
carreira militar ao serviço da coroa. Na sua adolescência John Newton revelou uma forte
rebeldia que obrigou o pai a enviá-lo para um colégio interno em Inglaterra. Esta rebeldia pode
ser explicada pelo facto da sua mãe, Elizabeth Seatclife, ter morrido de tuberculose quando ele
tinha apenas 6 anos. Pouco tempo depois o seu pai casou-se novamente, e desse matrimónio
nasce um filho. John lamentava-se da atenção do pai e da madrasta serem concentradas no
seu irmão. Talvez a ausência de um amparo maternal, pode justificar a rebeldia e o
inconformismo que ele sempre mostrou. Os seus mestres na adolescência referiam que ele
revelava uma “insubordinação recalcitrante”.

Aos 11 anos faz a sua primeira viagem com o seu pai. E até aos 19 anos toda a sua vivência e
feita no ambiente e companhia de marinheiros, onde aprendeu a arte de navegar. Findo este
tempo é alistado à força na Marinha Britânica. Mais tarde, e após deixar a marinha, ele tomou
parte no comércio de escravos. Numa destas viagens uma violenta tempestade fez seu navio
bater violentamente e encalhar junto à costa irlandesa. No meio desta tormenta, ele implorou
a Deus por misericórdia. Esse momento marcou sua conversão espiritual, mas apesar disso,
continuou no comércio de escravos até 1754, quando abandonou definitivamente a vida do
mar.

Até este momento crucial nunca tenha revelado qualquer convicção religiosa, mas a partir daí
interessou-se por teologia. Cerca de 10 anos depois é ordenado pastor da Igreja Anglicana e
começa a compor os seus hinos com o poeta William Cowper. “Amazing Grace” foi composta
para ilustrar um sermão. Não existe conhecimento de que a melodia ter sido composta por ele,
ou se efectivamente, teria registado de memória a melodia. Em 1835, o compositor
americano William Walker deu-lhe a forma que chegou até aos nossos dias. Apesar de ser uma
música originariamente inglesa, foi adoptada pelo movimento folk americano, onde ganhou a
notoriedade que hoje lhe é reconhecida.

A dúvida sobre a paternidade de tão bonita melodia vai persistir por muito tempo ainda. Talvez
seja esta a razão da sua aceitação universal. Das muitas interpretações que se conhece
de "Amazing Grace", as que mais gosto são as de: Aretha Franklin, Elvis Presley, Eta Eames,
Peter Hollens, Diana Ross e Johnny Cash. Escolhi a versão deste último.

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