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Marcos Roberto de Souza

A NATUREZA RELATIVA DA PENA COMO FUNDAMENTO DO SISTEMA DE


JUSTIÇA CRIMINAL

Itapetininga-SP
2023
Marcos Roberto de Souza

A Natureza Relativa da Pena como Fundamento do Sistema de Justiça Criminal

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Digital Descomplica, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do grau
de Pós-graduado em Investigação Criminal e
Psicologia Forense.

Itapetininga-SP
2023
AGRADECIMENTOS

Aos meus amados familiares,

Neste momento especial de minha vida acadêmica, eu quero expressar


minha gratidão a todos que estiveram ao meu lado, me apoiando e me encorajando
durante toda esta jornada de estudos e dedicação. Cada um de vocês tem
desempenhado um papel fundamental no meu crescimento pessoal e na conclusão
deste trabalho.

● Aos meus queridos pais José Roberto e Luzia, por serem minha inspiração,
meu suporte incondicional e por acreditarem em mim desde o início. Sem o
amor, encorajamento e os valores que vocês me ensinaram, eu não teria
chegado até aqui.
● À minha amada esposa Chris Santiago, por ser o meu porto seguro, minha
companheira incansável e minha maior incentivadora. Obrigado por entender
as noites em que precisei me dedicar aos estudos e por me dar todo o apoio
emocional necessário para superar os desafios.
● Aos meus adoráveis filhos Victor e José e ao meu sobrinho Otávio por serem
a luz da minha vida e me lembrarem diariamente do propósito de minha
jornada acadêmica. Suas risadas, abraços e palavras de incentivo me deram
forças para seguir em frente.
● À minha irmã Cintia, por ser minha melhor amiga e por estar ao meu lado em
todas as ocasiões importantes da minha vida. Sua presença é um verdadeiro
presente que sempre me impulsiona.

Agradeço a todos por fazerem parte da minha vida e por compartilharem


comigo a jornada de realização deste trabalho. Sei que sem vocês, nada disso seria
possível. Cada palavra de encorajamento, gesto de carinho e momento
compartilhado foram essenciais para a minha evolução acadêmica e pessoal.
Com todo o meu amor e gratidão.
RESUMO

Este trabalho acadêmico investiga a Teoria Relativa da Pena como um dos


pilares essenciais do Sistema de Justiça Criminal. A teoria enfatiza que a aplicação
da pena deve priorizar a prevenção de crimes futuros, levando em consideração a
individualização do infrator e as circunstâncias específicas do delito. Através de uma
análise da eficácia dessa abordagem, aborda-se a relevância de evitar penalidades
excessivamente severas e de explorar alternativas penais que visem à reintegração
do infrator à sociedade. Este estudo contribui para a compreensão de um sistema de
justiça mais equitativo e efetivo, que busca simultaneamente a prevenção do crime e
a reabilitação dos infratores.
Palavras-chave: Direito Penal, Pena, Teoria Relativa, Sistema de Justiça Criminal.

ABSTRACT

This academic work investigates the Relative Theory of Punishment as one of


the essential pillars of the Criminal Justice System. The theory emphasizes that the
application of punishment should prioritize the prevention of future crimes, taking into
account the individualization of the offender and the specific circumstances of the
offense. Through an analysis of the effectiveness of this approach, the relevance of
avoiding excessively severe penalties and exploring penal alternatives aimed at the
reintegration of the offender into society is discussed. This study contributes to the
understanding of a more equitable and effective justice system that simultaneously
seeks crime prevention and offender rehabilitation.
Keywords: Criminal Law, Punishment, Relative Theory, Criminal Justice System.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 1
2. METODOLOGIA 2
3. DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA 3
3.1 DA RELAÇÃO DA PENA COM O DIREITO PENAL 4
3.2 DA PENA 5
4. DA NATUREZA RELATIVA OU PREVENTIVA DA PENA 7
4.1 DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA 8
4.2 DA PREVENÇÃO GERAL E ESPECIAL 9
5. TEORIA RELATIVA DA PENA NO BRASIL 11
6. CRÍTICAS À TEORIA RELATIVA DA PENA 13
7. ALTERNATIVAS À TEORIA RELATIVA DA PENA 14
8. CONCLUSÃO 15
9. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS 17
1

1. INTRODUÇÃO

O sistema de justiça criminal é uma peça fundamental na estruturação e


manutenção da ordem social, tendo como objetivo primordial a punição dos
infratores e a promoção da segurança pública. Dentro desse contexto, a Teoria
Relativa ou Preventiva da Pena emerge como um dos fundamentos que norteiam a
aplicação das penalidades e busca conciliar a prevenção de novos delitos com a
ressocialização do infrator. Segundo Paulo S. Xavier de Souza a teoria relativa da
pena diverge totalmente da teoria absoluta da pena, destacando sua utilidade
preventiva, Souza [1] afirma que:

De acordo com as teorias preventivas da pena, diferentemente da teoria


retributiva que visa basicamente, retribuir o fato criminoso e realizar a
justiça, a pena serviria como um meio de prevenção da prática do delito,
inibindo tanto quanto possível a prática de novos crimes, sentido preventivo
(ou utilitarista) que projeta seus efeitos para o futuro (ne peccetur).

A Teoria Relativa da Pena baseia-se na ideia de que a pena deve ser aplicada
com base nas circunstâncias específicas de cada crime e do infrator, evitando a
rigidez de uma abordagem única e buscando soluções individualizadas. Ela se
fundamenta em dois princípios interconectados: a prevenção geral e a prevenção
especial.
A prevenção geral visa dissuadir a sociedade como um todo da prática de
crimes, demonstrando que a violação das normas terá consequências negativas.
Essa perspectiva enfatiza a importância de uma punição proporcional e efetiva, que
transmita uma mensagem clara sobre a inaceitabilidade do comportamento
criminoso.
Por sua vez, a prevenção especial concentra-se no infrator individual,
procurando reeducá-lo e reintegrá-lo à sociedade após o cumprimento da pena.
Nessa abordagem, a ênfase recai na possibilidade de transformação e mudança do
comportamento do infrator, visando a sua reinserção produtiva na comunidade e
evitando a reincidência.
Neste trabalho, exploraremos os fundamentos e as implicações da Teoria
Relativa da Pena no sistema de justiça criminal. Analisaremos como essa
abordagem procura equilibrar a prevenção da criminalidade com a garantia dos
direitos do infrator, buscando promover uma sociedade mais segura, justa e
resiliente. Além disso, abordaremos as críticas e os desafios enfrentados na
2

aplicação dessa teoria, refletindo sobre suas possíveis limitações e oportunidades


de aprimoramento. Com base em uma análise cuidadosa e fundamentada,
esperamos contribuir para o aprofundamento do debate em torno desse importante
tema na área do direito penal e justiça criminal.

2. METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho, adotou-se uma abordagem metodológica


fundamentada em pesquisa bibliográfica e análise documental. O estudo
concentra-se na investigação de fontes primárias e secundárias relacionadas à
Natureza Relativa da Pena como Fundamento do Sistema de Justiça Criminal.
Pesquisa Bibliográfica: Realizou-se uma extensa pesquisa bibliográfica em
livros, artigos científicos, teses e dissertações que abordam a teoria relativa da pena,
suas origens históricas, desenvolvimento ao longo do tempo e sua aplicação nos
sistemas de justiça criminal em diferentes sociedades. A seleção criteriosa dessas
fontes garante a obtenção de informações confiáveis e embasadas.
Análise Documental: Complementando a pesquisa bibliográfica, procedeu-se
à análise documental de legislações, jurisprudências, decisões judiciais e outros
documentos oficiais que se relacionem à aplicação da teoria relativa da pena no
sistema de justiça criminal brasileiro. Essa análise permite uma compreensão
aprofundada da aplicabilidade prática da teoria em questão.
Análise Crítica: Os dados coletados foram submetidos a uma análise crítica,
com o intuito de identificar as principais tendências, desafios e limitações da teoria
relativa da pena como fundamento do sistema de justiça criminal. Essa análise
crítica permitirá a formulação de conclusões embasadas e a apresentação de
possíveis recomendações.
Limitações: Reconhece-se que esta pesquisa tem algumas limitações
inerentes à disponibilidade de fontes e à abrangência do tema. Contudo, esforços
foram feitos para garantir a abordagem completa e imparcial da Natureza Relativa
da Pena como Fundamento do Sistema de Justiça Criminal.
Em síntese, a metodologia adotada neste trabalho visa fornecer uma análise
sólida e fundamentada da teoria relativa da pena, buscando compreender suas
implicações e relevância no contexto do sistema de justiça criminal brasileiro.
3

3. DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA

De fato, desde os tempos mais antigos, a organização do homem em


sociedade tem previsto e aplicado penalidades aos seus membros que violam
determinadas normas ou regras impostas pela comunidade. A necessidade de
normas e punições surgiu da busca por uma convivência mais harmoniosa e justa,
bem como para estabelecer limites que protejam os direitos e interesses de todos os
membros da comunidade.
A aplicação de penalidades tem evoluído ao longo da história e varia
significativamente de acordo com as diferentes culturas e períodos. Em sociedades
mais antigas, as punições muitas vezes eram baseadas em leis ou costumes
tradicionais que refletiam as normas sociais predominantes da época. Geralmente,
as penalidades tinham um caráter retributivo, com o objetivo de punir o indivíduo por
seu comportamento considerado prejudicial à comunidade.
Ao longo do tempo, surgiram diferentes sistemas de justiça e legislação,
como o código de Hamurabi na antiga Mesopotâmia, o direito romano, o sistema de
Lei Mosaica, entre outros. Cada sistema apresentava suas próprias penalidades
para crimes específicos.
Com o desenvolvimento das sociedades e a influência de diferentes filosofias
e ideologias, a compreensão da justiça e da punição também passou por mudanças
significativas. A ideia de proporcionalidade das penalidades, o respeito aos direitos
humanos e o objetivo de reabilitar o indivíduo transgressor ao invés de apenas
puni-lo tornaram-se mais presentes nas discussões sobre sistemas de justiça
modernos.
Hoje em dia, os sistemas jurídicos contemporâneos são baseados em leis e
princípios que visam garantir uma aplicação justa das penalidades, considerando as
circunstâncias específicas de cada caso. Além disso, muitas sociedades buscam
formas alternativas de justiça, como a mediação e a resolução de conflitos, como
maneiras de evitar a superlotação do sistema carcerário e promover uma
abordagem mais humana em relação aos infratores.
Portanto, a aplicação de penalidades tem sido uma característica fundamental
da organização social ao longo da história da humanidade, mas as abordagens e os
propósitos por trás das penalidades têm evoluído para refletir as mudanças nos
valores e nas concepções de justiça ao longo do tempo.
4

3.1. DA RELAÇÃO DA PENA COM O DIREITO PENAL

A pena e o Direito Penal estão intrinsecamente ligados, e o Direito Penal


busca compreender e combater as práticas criminosas por meio do estabelecimento
de normas jurídicas que definem o que é considerado crime e quais são as penas
aplicáveis a cada delito.
O Direito Penal é um dos ramos do sistema jurídico que tem como objetivo
principal a proteção da sociedade e a manutenção da ordem pública. Ele define as
condutas consideradas criminosas e estabelece as consequências legais para
aqueles que as praticam. A pena é a principal ferramenta coatora utilizada pelo
Direito Penal para punir os indivíduos que desrespeitam as normas legais
estabelecidas. Classicamente Francesco Carnelutti [2] relata que a finalidade do
direito penal é a prevenção de novos delitos, evitando a proliferação de condutas
criminosas:

Para tanto serve, em primeiro lugar, o castigo que, provocando o sofrimento


de quem cometeu o delito, cria um contra-estímulo ao cometimento de
outros; por isso punitur ne peccetur, isto é, a fim de tentar dissuadir o
condenado a pôr-se em condições de ter de ser punido novamente. Sob
este aspecto, o Direito Penal opera sobre a necessidade, constituindo um
vinculum quo necessitate adstringimur alicuius [...] Rei faciendae vel non
faciendade; a obrigação penal, da qual se ocupa a ciência do Direito Penal
material, é a expressão da finalidade preventiva do Direito Penal.

Através da criação de teorias sobre a função das penas, o Direito Penal


busca justificar e fundamentar a aplicação das punições. Essas teorias, como
mencionado anteriormente, podem incluir a retribuição, a prevenção geral e
especial, a culpabilidade, entre outras abordagens.
A função das penas pode variar de acordo com os objetivos e valores de cada
sistema jurídico e da sociedade em que estão inseridos. Além disso, ao longo do
tempo, tem havido uma evolução na compreensão do papel do Direito Penal e das
penas, com uma crescente ênfase em medidas alternativas à prisão, como
programas de reabilitação, justiça restaurativa e formas de punição mais
proporcionais e humanas.
É importante ressaltar que o Direito Penal deve ser aplicado de forma justa e
equitativa, assegurando o devido processo legal e respeitando os direitos
fundamentais dos indivíduos, independentemente de sua condição social,
econômica ou étnica. A busca por um sistema de justiça mais eficiente e humano é
5

um desafio constante enfrentado pelas sociedades ao redor do mundo, versa Capez


[3] sobre a meta do Direito Penal:

A missão do Direito Penal é proteger os valores fundamentais para a


subsistência do corpo social, tais como a vida, a saúde, a liberdade, a
propriedade etc, denominados bens jurídicos. Essa proteção é exercida não
apenas pela intimidação coletiva, mais conhecida como prevenção geral e
exercida mediante a difusão do temor aos possíveis infratores do risco da
sanção penal, mas, sobretudo pela celebração de compromisso éticos entre
o Estado e o indivíduo, pelos quais se consiga o respeito às normas, menos
por receio de punição e mais pela a convicção da sua necessidade e justiça.

3.2. DA PENA

Neste momento, é fundamental definir o conceito de "pena" para melhor


compreender sua aplicação no contexto do Direito Penal. O jurista brasileiro José
João Leal [4], contribui com uma definição esclarecedora:

Em seu sentido filosófico, a pena tem sido definida como um castigo a ser
suportado pelo indivíduo de um mal ao seu próximo ou à sociedade. Do
ponto de vista jurídico-penal, a acepção é a mesma: pena é o castigo, é
reprimenda ao indivíduo que agiu com culpa, violando uma norma de
conduta estabelecida pelo Estado, representante dos interesses da coletiva
ou de suas classes sociais.
Podemos defini-la como uma medida de caráter repreensivo, consistente na
privação de determinado bem jurídico, aplicado pelo Estado ao autor de
uma infração.

Considerando o conceito anteriormente mencionado de pena, aplicado


especificamente ao contexto atual do Direito Penal, discorre Damásio de Jesus [5]:

A sanção aflitiva pelo Estado, mediante ação penal, ao autor de uma


infração penal, como retribuição de seu ato ilícito, consistente na diminuição
de um bem jurídico, e cujo fim é evitar novos delitos.

De acordo com a abordagem de Rogério Greco [6], a função das penas no


Direito Penal pode ser resumida da seguinte forma:

Assim, de acordo com nossa legislação penal, entendemos que a pena


deve reprovar o mal produzido pela conduta praticada pelo agente, bem
como prevenir futuras infrações penais.

Em seu estágio inicial, as penas eram predominantemente vingativas, não


buscando corrigir o delito ou reeducar o criminoso. Em vez disso, eram
caracterizadas por uma extrema crueldade na sua aplicação, conforme esclarecido
por Ney Moura Teles [7]:
6

As primeiras penas eram manifestações de vinganças individuais,


extremamente severas e absolutamente desproporcionais, arbitrárias e
excessivas. O próprio ofendido ou alguém por ele, geralmente um seu
parente de sangue, exercia o direito de punir, impingindo ao agressor do
interesse a pena que bem entendesse, em qualidade e quantidade.

Romeu Falconi [8] destaca as principais características da pena com natureza


puramente vingativa da seguinte forma:

Não havia proporcionalidade entre a conduta criminosa e a retorsão


desencadeada. Assim, uma bofetada poderia ter como revide um homicídio,
ou a morte de um filho representar a morte do chefe da família do agressor,
que nada teve a ver com a conduta criminosa anterior.
A legitimidade se fazia na razão direta da própria reação.
Quer dizer, qualquer pessoa que se julgasse ofendida por outrem podia
providenciar a “vendetta”, como meio próprio e admissível daquela fase do
Direito Penal. Não se conhecia, como já foi dito, a tutela do Estado; o jus
puniendi era particular.
A ação retorsiva ultrapassava a pessoa do criminoso. Assim, qualquer
membro da família do ofendido podia mover a justiça, bem como esta
poderia recair sobre qualquer membro da família do criminoso.

Com o passar do tempo e a evolução do Direito e da mentalidade humana, a


visão da pena como um mero instrumento de vingança foi abandonada. Houve uma
intensa humanização desse conceito, resultando em uma reformulação significativa
de suas características, como destacado por Antônio José Miguel Feu Rosa [9]:

A pena deve ser proporcional ao crime: Acabaram-se aquelas crueldades


inomináveis e absurdas de condenações à morte por delitos insignificantes;
a falta de critérios que existia para estabelecer qualquer tipo ou espécie de
castigo, bem como o tempo de duração da pena.
Deve ser pessoal: A individualização da pena representou mais importante
avanço em sua concepção científica. Ao fixar a pena o juiz deverá examinar
as condições pessoais de cada criminoso.
Deve ser legal: Só tem valor a pena quando decorrente de uma sentença
proferida por juiz competente, através de processo regular, obedecidas as
formalidades legais.
Deve ser igual para todos: [...] os condenados devem receber o mesmo
tratamento, sujeitando-se aos mesmos regulamentos a mesma disciplina
carcerária [...].
Deve ser, o máximo possível, correcional: [...] Cumpre ao Estado exercer
todos os esforços para tentar corrigir o criminoso, criando-lhe novos hábitos
e vocações para o trabalho.

No Direito Brasileiro contemporâneo, existem três tipos de pena previstos no


artigo 32 do Código Penal Brasileiro [10]. São eles: as penas privativas de liberdade,
as penas restritivas de direitos e a multa, conforme expresso no dispositivo legal a
seguir:
Art. 32 - As penas são:
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.
7

4. DA NATUREZA RELATIVA OU PREVENTIVA DA PENA

A natureza preventiva da pena é um conceito que permeia o sistema de


justiça criminal em diversas jurisdições ao redor do mundo. Essa abordagem da
pena busca não apenas punir o infrator pelo crime cometido, mas também atuar
como um mecanismo dissuasório para prevenir a prática de novos delitos e
promover a reintegração do infrator à sociedade.
Para A. V. Feuerbach, “a concepção preventiva tomou duas direções distintas
e determinadas, ou seja, a prevenção geral e a prevenção especial, a seguir
analisadas”; e ainda, utilizando os dizeres de Paulo S. Xavier de Souza [11] tais
espécies de prevenção se classificavam na prevenção geral e especial:

A teoria preventiva-geral pode ser investigada sob o aspecto negativo e


positivo. Entre os defensores da teoria preventiva-geral negativa
destacam-se: A. Feuerbach, A. Schopenhauer, Filangieri, Carmignani, F. M.
Pagan G. Romagnosi, C. Beccaria e J. Bentham. Este último afirmava que o
castigo em que o réu padece é um painel onde o homem pode ver o retrato
do que lhe teria acontecido caso praticasse o mesmo delito. No entanto, em
segundo plano, o referido autor menciona a prevenção especial, para
cumprir a exemplaridade da pena e reformar o homem, calculada de
maneira a enfraquecer os motivos enganosos e reforçar os motivos
tutelares.

A prevenção geral tem como objetivo demonstrar à sociedade as


consequências negativas da prática de crimes, a fim de desencorajar potenciais
infratores, criando um ambiente de respeito às leis e normas sociais. É uma forma
de transmitir a mensagem de que a violação das regras terá implicações sérias e
indesejadas.
Por sua vez, a prevenção especial concentra-se no infrator individual, visando
sua reeducação, ressocialização e reintegração à sociedade após o cumprimento da
pena. Acredita-se que, ao oferecer oportunidades de aprendizado, trabalho e
tratamento, o infrator terá mais chances de se afastar do comportamento criminoso,
diminuindo a probabilidade de reincidência.
Um princípio essencial na aplicação da pena preventiva é a individualização
da pena. Cada infrator possui um contexto único, com diferentes fatores que
influenciam seu comportamento e suas escolhas. Ao levar em conta características
pessoais, histórico criminal, condições socioeconômicas e até mesmo as motivações
do delito, é possível aplicar uma pena mais justa e adequada a cada caso
específico.
8

No âmbito da pena preventiva, também se destacam as alternativas penais,


que buscam reduzir a superlotação carcerária e oferecer soluções mais efetivas para
a reintegração do infrator. Penas restritivas de direitos, medidas socioeducativas e
programas de reabilitação são exemplos de alternativas que visam atender às
necessidades individuais do infrator, buscando sua reinserção na sociedade.

4.1. DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA

Um dos pilares fundamentais da Teoria Relativa da Pena é a individualização


da pena, uma abordagem que reconhece a importância de considerar o infrator
como um ser único, com suas próprias circunstâncias e histórico de vida. A
aplicação de uma pena personalizada busca adequar a punição às características
específicas do infrator, a fim de maximizar os resultados positivos tanto para a
sociedade quanto para o próprio indivíduo.
A individualização da pena parte do pressuposto de que cada pessoa é
diferente, e que a reação do sistema de justiça criminal deve levar em conta essas
diferenças. Dessa forma, não se trata apenas de aplicar uma punição padronizada
com base na gravidade do delito, mas sim de entender as motivações e fatores que
levaram o infrator a cometer o crime, bem como suas necessidades específicas para
evitar a reincidência, nesse sentido Guilherme de Souza NUCCI [12] explica a
individualização da pena:

É o princípio que garante que as penas dos infratores não sejam igualadas,
mesmo que tenham praticado crimes idênticos. Isto porque, independente
da prática de mesma conduta, cada indivíduo possui um histórico pessoal,
devendo cada qual receber apenas a punição que lhe é devida.

A análise do perfil do infrator é realizada com base em diferentes elementos.


Primeiramente, são consideradas as características pessoais do indivíduo, como
idade, gênero, educação, profissão e estado de saúde mental. Além disso, o
histórico criminal do infrator é levado em conta, incluindo a existência de
condenações anteriores, a frequência com que cometeu crimes e a natureza dos
delitos.
Outro aspecto importante é o contexto socioeconômico do infrator. Fatores
como nível de renda, moradia, acesso a serviços públicos e oportunidades de
trabalho podem influenciar diretamente seu comportamento. Portanto, é essencial
9

avaliar essas condições para compreender melhor o contexto no qual o crime


ocorreu e identificar possíveis caminhos para a ressocialização.
A individualização da pena não visa a diminuir a responsabilidade do infrator,
mas sim a adequar a punição de forma a melhor atender às necessidades de cada
caso. Ao entender as motivações e desafios específicos do infrator, é possível
direcionar esforços para programas de reabilitação e reintegração que sejam mais
efetivos, contribuindo para a redução da reincidência e a construção de uma
sociedade mais segura.
No entanto, a aplicação da individualização da pena também enfrenta
desafios, como a subjetividade na avaliação do perfil do infrator e a garantia de que
todos os indivíduos sejam tratados de maneira justa e imparcial. Para superar esses
desafios, é necessário um sistema de justiça criminal sólido, com profissionais bem
capacitados e procedimentos claros para a tomada de decisões.
Em suma, a individualização da pena é um pilar importante da Teoria Relativa
da Pena, que busca tornar a punição mais eficaz na prevenção da reincidência e na
reintegração do infrator à sociedade. Ao considerar as características pessoais,
histórico criminal e condições socioeconômicas do infrator, busca-se uma
abordagem mais justa e personalizada, contribuindo para a construção de um
sistema de justiça criminal mais humano e eficiente.

4.2. DA PREVENÇÃO GERAL E ESPECIAL

A Teoria Relativa da Pena se baseia em dois importantes pilares: a prevenção


geral e a prevenção especial. Ambos desempenham um papel crucial na
fundamentação do sistema de justiça criminal e na aplicação das penalidades de
forma mais eficaz e justa.
A prevenção geral tem como objetivo principal transmitir à sociedade uma
mensagem clara sobre as consequências do cometimento de crimes. Ao impor
penas justas e adequadas, o sistema de justiça busca criar um efeito dissuasório
que desencoraje potenciais infratores de cometerem delitos. Essa abordagem visa
proteger a sociedade como um todo, mostrando que a violação das leis e normas
sociais não será tolerada e resultará em punições proporcionais, de acordo com
Cézar Roberto Bitencourt [13] essa teoria:
10

[...] Sustenta que é por meio do direito penal que se pode dar solução ao
problema da criminalidade. Isso se consegue, de um lado, com a cominação
penal, isto é, com a ameaça de pena, avisando aos membros da sociedade
quais as ações injustas contra as quais se reagirá; por outro lado, com a
aplicação da pena cominada, deixa-se patente a disposição de cumprir a
ameaça realizada.

A prevenção geral pode ser compreendida como uma estratégia de cunho


educativo, que visa conscientizar a população sobre a importância do cumprimento
das regras e do respeito ao sistema legal. Por meio dela, o sistema de justiça
criminal busca criar uma cultura de respeito às leis, reduzindo o número de infrações
e promovendo a construção de uma sociedade mais segura e responsável, de
acordo com Santiago Mir Puig [14]:

[...] é possível entendê-la como forma de limitar a tendência a uma


prevenção geral meramente intimidatória, que levaria ao terror por meio de
um progressivo agravamento da ameaça penal. Este é o caminho correto.
Assim, exigir que se busque a prevenção geral não apenas por meio do
medo da pena, mas também por uma razoável afirmação do Direito em um
Estado social e democrático de Direito, implicará limitar a prevenção geral
por intermédio de uma série de princípios que devem restringir o Direito
penal neste modelo de Estado. Entre tais princípios encontra a exigência da
“proporcionalidade‟ entre o delito e a pena. Admiti-lo permitirá evitar as
graves objeções que têm sido dirigidas contra uma prevenção geral
ilimitada.

Por outro lado, a prevenção especial concentra-se no infrator individual,


procurando reeducá-lo e promover sua reintegração à sociedade. Essa abordagem
reconhece que cada infrator é único, com suas motivações, histórico criminal e
necessidades específicas. Portanto, a aplicação de uma pena preventiva especial
leva em consideração o perfil do infrator, buscando tratá-lo de forma individualizada,
para Santiago Mir Puig [15], foi a teoria da prevenção especial:

[...] que levou à aparição de uma série de institutos que permitem deixar de
impor ou executar total ou parcialmente a pena em delitos de pouca
gravidade quando as condições do delinquente assim o permitirem – como
a „condenação condicional’, o ‘livramento condicional‟ e a possibilidade de
„substituição das penas privativas de liberdade por outras‟ previstas pelo
atual CP espanhol, assim como outras figuras processuais e penais que
conhece o Direito comparado. Também responde ao esforço da prevenção
especial a „concepção ressocializadora das prisões‟ que se tem propagado
pelas distintas legislações.

A prevenção especial envolve a implementação de programas de reabilitação,


educação e tratamento que visam transformar o infrator, auxiliando-o a abandonar o
comportamento criminoso e a se reintegrar produtivamente à sociedade após
cumprir a pena. A ideia é que, ao oferecer oportunidades de aprendizado e apoio, o
11

infrator tenha mais chances de se desviar do caminho do crime, diminuindo a


probabilidade de reincidência, para René Ariel Dotti [16]:

A tônica da prevenção, e particularmente da prevenção especial, se coloca


no alto de modernas elaborações dogmáticas. No entanto, não se poderá
admitir que a pretexto de se desenvolver os fins preventivos, a pena se
converta em instrumento de terror estatal em relação a determinado tipo de
crimes ou de autores que, revelando inadaptabilidade social, não poderiam
ser recuperados, e, por conseguinte, a pena estaria se negando a si
mesma.

Portanto, a combinação da prevenção geral com a prevenção especial


proporciona uma abordagem mais completa e abrangente no sistema de justiça
criminal. Enquanto a prevenção geral busca criar uma cultura de respeito à lei e
dissuadir potenciais infratores, a prevenção especial procura tratar o infrator como
um indivíduo, buscando sua reeducação e reinserção na sociedade.
Em síntese, a Teoria Relativa ou Preventiva da Pena, através da prevenção
geral e especial, visa alcançar uma justiça criminal mais equitativa e eficiente. Ao
combinar a dissuasão com a reabilitação, busca-se reduzir a criminalidade e criar um
ambiente que favoreça a reintegração do infrator à comunidade, contribuindo para a
construção de uma sociedade mais segura e inclusiva.

5. TEORIA RELATIVA DA PENA NO BRASIL

A Teoria Relativa da Pena tem sido um tema relevante no contexto do sistema


de justiça criminal no Brasil. Essa abordagem busca combinar a prevenção de
futuros delitos com a ressocialização do infrator, tendo como foco a individualização
da pena e o tratamento adequado a cada caso específico.
Neste quadro, Haroldo Caetano da Silva [17] afirma que, para a teoria relativa
à sanção penal tem a finalidade de prevenir, evitando desta forma, a ocorrência de
novas infrações, segundo o jurista:

Para a teoria relativa ou preventiva, a sanção penal tem finalidade


preventiva, no sentido de evitar a prática de novas infrações. A prevenção
terá então caráter geral, na qual o fim intimidativo da pena dirige-se a todos
os destinatários da lei penal, objetivando inibir as pessoas da prática
criminosa; e caráter especial, visando o autor do delito, de maneira que,
afastado do meio livre, não torne a delinqüir e possa ser corrigido.

Complementando tal entendimento, Inácio Carvalho Neto [18] afirma que,


além de prevenir a ocorrência de novos crimes, a teoria relativa tem por escopo a
12

intimidação das demais pessoas para que estas não cometam crimes, corrigir o
criminoso esporádico e tornar inofensivo o criminoso incorrigível, o autor assevera
que:
Pela teoria relativa, a pena é uma medida prática que visa impedir o delito.
Esta teoria é dividida em duas: a da prevenção geral e a da prevenção
especial. Para a primeira, o principal escopo e efeito da pena é a inibição
que esta causa sobre a generalidade dos cidadãos, intimidando-os. Para a
segunda, a pena visa a intimidação do delinqüente ocasional, à reeducação
do criminoso habitual corrigível, ou a tornar inofensivo o que se demonstra
incorrigível.

No Brasil, a aplicação da Teoria Relativa da Pena enfrenta alguns desafios.


Um dos principais está relacionado à superlotação carcerária, problema que afeta o
sistema prisional brasileiro há décadas. A privação de liberdade é frequentemente
utilizada como a principal forma de punição, resultando em prisões lotadas e
condições precárias para os detentos. Esse cenário dificulta a aplicação de
abordagens mais individualizadas e a realização de programas de reabilitação
efetivos.
Outra questão importante é a seletividade penal, que pode levar a
disparidades no tratamento de diferentes grupos sociais e étnicos. Estudos têm
apontado que certos grupos, como a população negra e de baixa renda, são mais
frequentemente alvo de prisões e penas mais rigorosas, refletindo desigualdades
estruturais no sistema de justiça criminal brasileiro.
No entanto, também existem iniciativas promissoras de aplicação da Teoria
Relativa da Pena no Brasil. Alguns estados têm desenvolvido programas de
alternativas penais e medidas socioeducativas, buscando oferecer alternativas à
prisão e promover a reintegração social dos infratores. Essas medidas incluem
penas restritivas de direitos, prestação de serviços à comunidade, programas de
educação e reabilitação, entre outras.
Além disso, cresce o debate sobre a necessidade de políticas de drogas mais
humanizadas e direcionadas ao tratamento dos usuários, em vez de uma
abordagem meramente repressiva. O Brasil tem buscado avançar na implementação
de políticas de redução de danos e tratamento de dependência química como forma
de enfrentar o problema das drogas de maneira mais efetiva e humanitária.
É fundamental que as políticas e práticas de justiça criminal no Brasil
continuem a evoluir, considerando as particularidades de cada infrator e buscando
abordagens que efetivamente contribuam para a prevenção da criminalidade e a
13

reintegração dos infratores à sociedade. A Teoria Relativa, Preventiva da Pena pode


ser uma importante ferramenta nesse processo, desde que seja implementada de
forma justa, equitativa e baseada em evidências. O aprimoramento do sistema de
justiça criminal é um desafio constante, mas é essencial para construir uma
sociedade mais justa, segura e respeitosa dos direitos humanos.

6. CRÍTICAS À TEORIA RELATIVA DA PENA

Apesar dos benefícios potenciais da Teoria Relativa da Pena, é fundamental


reconhecer que sua aplicação também enfrenta críticas e desafios significativos.
Dois pontos críticos que merecem especial atenção são a subjetividade na avaliação
da periculosidade do infrator e a necessidade de garantir um tratamento justo e
igualitário a todos os indivíduos.
A subjetividade na avaliação da periculosidade do infrator é uma questão
complexa que pode levar a decisões inconsistentes e injustas. Ao individualizar a
pena com base nas características pessoais do infrator e em seu histórico criminal,
pode haver divergências de interpretação por parte dos profissionais do sistema de
justiça criminal. Essa subjetividade pode resultar em tratamentos diferenciados para
infratores que tenham cometido crimes semelhantes, prejudicando a equidade e a
justiça no processo penal.
Ademais, a subjetividade pode estar sujeita a preconceitos e estereótipos,
levando a discriminações contra determinados grupos sociais, como minorias
étnicas, pessoas de baixa renda ou pessoas com problemas de saúde mental. Essa
seletividade penal pode perpetuar a desigualdade social e dificultar a reintegração
desses grupos à sociedade.
A necessidade de garantir um tratamento justo e igualitário a todos os
indivíduos é um princípio essencial em um sistema de justiça criminal democrático e
baseado em direitos humanos. A aplicação da pena deve ser pautada por critérios
objetivos e justos, evitando qualquer forma de discriminação ou viés na tomada de
decisões. É crucial que a individualização da pena seja realizada de forma
transparente e baseada em evidências, para que se evite a arbitrariedade e a falta
de imparcialidade.
Para superar esses desafios e minimizar as críticas, é fundamental investir
em capacitação e treinamento adequado para os profissionais do sistema de justiça
14

criminal. Além disso, a utilização de diretrizes claras e padronizadas para a


individualização da pena pode ajudar a reduzir a subjetividade e promover uma
maior consistência nas decisões.
Outra estratégia importante é a realização de estudos e pesquisas que
analisem o impacto da Teoria Relativa, Preventiva da Pena na redução da
reincidência e na reintegração do infrator à sociedade. Dados empíricos podem
fornecer informações valiosas para aprimorar a aplicação dessa abordagem e
garantir sua eficácia na prevenção de futuros delitos.
Em síntese, apesar dos benefícios potenciais da Teoria Relativa, Preventiva
da Pena, é essencial enfrentar os desafios e críticas associados à sua aplicação. A
subjetividade na avaliação da periculosidade do infrator e a necessidade de garantir
tratamento justo e igualitário são questões cruciais que devem ser abordadas para
tornar o sistema de justiça criminal mais justo, eficiente e respeitoso dos direitos
humanos.

7. ALTERNATIVAS À TEORIA RELATIVA DA PENA

No cenário do sistema de justiça criminal, é essencial considerar alternativas


penais à privação de liberdade, especialmente para crimes de menor gravidade e
infratores sem histórico criminal significativo. Essas alternativas, como penas
restritivas de direitos e medidas socioeducativas, podem ser mais eficazes na
prevenção de futuros delitos e na promoção da reintegração do infrator à sociedade.
As penas restritivas de direitos consistem em sanções que privam o infrator
de alguns de seus direitos, como a prestação de serviços à comunidade, limitações
de locomoção, recolhimento domiciliar noturno ou a prestação de serviços em
instituições públicas ou entidades assistenciais. Essas penas visam promover a
conscientização sobre o delito cometido e a responsabilidade perante a sociedade,
sem que haja a necessidade de recorrer à privação de liberdade.
As medidas socioeducativas, por sua vez, têm um enfoque mais educativo e
de reabilitação. São aplicadas a infratores adolescentes que cometem atos
infracionais, buscando corrigir comportamentos inadequados e orientar o
adolescente para um caminho mais positivo. Essas medidas podem incluir a
prestação de serviços à comunidade, o acompanhamento psicológico, a participação
15

em programas de educação e profissionalização, entre outras intervenções


socioeducativas.
As alternativas penais se mostram vantajosas em diversas situações.
Primeiramente, para crimes de menor gravidade, a privação de liberdade pode ser
uma resposta desproporcional e até mesmo contraproducente, podendo expor o
infrator a um ambiente criminal mais severo nas prisões, o que pode potencialmente
estimular a reincidência.
Além disso, para infratores sem histórico criminal significativo, as alternativas
penais podem ser uma oportunidade de evitar que essas pessoas entrem em um
ciclo criminal. Ao adotar abordagens mais educativas e de reabilitação, o sistema de
justiça criminal pode auxiliar o infrator a enfrentar as consequências de seus atos e
buscar a reintegração à sociedade, evitando que desenvolvam uma trajetória
criminosa.
Entretanto, é importante enfatizar que a aplicação das alternativas penais
deve ser feita com critério e cautela. A individualização da pena também é relevante
nesse contexto, garantindo que cada caso seja tratado de forma única, considerando
suas peculiaridades e necessidades. Além disso, o acompanhamento adequado e a
avaliação contínua dos resultados são essenciais para verificar a eficácia das
alternativas penais na prevenção da reincidência.
Em suma, a consideração de alternativas penais à privação de liberdade é
uma abordagem inteligente e humanizada do sistema de justiça criminal. Ao
empregar penas restritivas de direitos e medidas socioeducativas para crimes de
menor gravidade e infratores sem histórico criminal significativo, é possível promover
a ressocialização e a prevenção de futuros delitos, contribuindo para uma sociedade
mais justa e segura.

8. CONCLUSÃO

A Teoria Relativa da Pena tem desempenhado um papel significativo no


sistema de justiça criminal brasileiro, fornecendo uma base teórica sólida para o
desenvolvimento e a aplicação das penas. Ao longo deste estudo, exploramos os
principais aspectos dessa teoria e sua influência no contexto jurídico brasileiro.
Nossa conclusão destaca a importância da Teoria Relativa da Pena como um
16

instrumento crucial para garantir a justiça e a proporcionalidade nas decisões


judiciais relacionadas ao direito penal no Brasil.
A Teoria Relativa da Pena, desenvolvida por importantes juristas brasileiros e
estrangeiros, enfatiza a necessidade de se considerar não apenas a gravidade do
crime, mas também as características do infrator e as circunstâncias específicas de
cada caso ao determinar a pena apropriada. Isso representa um avanço significativo
em relação a abordagens mais rígidas e retributivas, que desconsideram a
individualidade do infrator e as complexidades que cercam cada delito.
No contexto brasileiro, a Teoria Relativa da Pena tem influenciado a
legislação e a jurisprudência, promovendo uma abordagem mais humanizada e justa
para o sistema de justiça criminal. Isso se traduz em penas mais proporcionais e
individualizadas, levando em consideração fatores como antecedentes criminais,
contexto social do infrator, grau de participação no crime e a possibilidade de
ressocialização.
Além disso, a Teoria Relativa da Pena também está alinhada com princípios
constitucionais, como a dignidade da pessoa humana e o direito à individualização
da pena. Isso fortalece a legitimidade do sistema de justiça criminal brasileiro,
tornando-o mais compatível com os valores democráticos e os direitos humanos.
No entanto, apesar dos avanços proporcionados pela Teoria Relativa da
Pena, os desafios persistem na sua implementação efetiva. A falta de recursos, a
morosidade do sistema judicial e a necessidade de treinamento adequado para os
profissionais da justiça são questões que precisam ser abordadas para garantir que
essa teoria seja aplicada de maneira consistente e justa em todo o país.
Em resumo, a Teoria Relativa da Pena desempenha um papel fundamental no
sistema de justiça criminal brasileiro, promovendo uma abordagem mais equitativa e
humanizada para a punição de infratores. Sua aplicação efetiva pode contribuir para
a construção de um sistema de justiça mais justo e alinhado com os princípios
democráticos e os direitos fundamentais. No entanto, é essencial continuar
aprimorando o sistema e superando os desafios existentes para garantir que a
Teoria Relativa da Pena seja plenamente eficaz em sua implementação.
Nesse sentido, surge a Teoria Mista da Pena que traz um exemplo de
abordagem complementar à Teoria Relativa da Pena, também conhecida como
teoria unificadora da pena, em sua ótica a pena possui natureza tanto retributiva,
visando punir o agente do crime por sua conduta antijurídica, quanto natureza
17

preventiva e reeducativa, visando a reinserção do infrator na sociedade. É a teoria


da pena adotada pelo Código Penal Brasileiro.

Com relação à teoria mista discorre Flávio Barros [19]:

[...] a pena tem caráter retributivo-preventivo. Retributivo porque consiste


numa expiação do crime, imposta até mesmo aos delinqüentes que não
necessitam de nenhuma ressocialização. Preventivo porque vem
acompanhada de uma finalidade prática, qual seja, a recuperação ou
reeducação do criminoso, funcionando ainda como fator de intimidação
geral.

A finalidade da pena como sanção no Brasil é uma questão complexa e


multifacetada. Embora existam diferentes teorias e perspectivas sobre o assunto, é
importante considerar a interação entre a retribuição, a prevenção e a
ressocialização na determinação da finalidade da pena. O debate sobre a finalidade
da pena deve continuar a evoluir, levando em consideração as críticas e desafios
enfrentados pelo sistema de justiça criminal brasileiro. O objetivo último deve ser a
busca por um sistema penal mais justo, eficaz e que promova a resolução pacífica
de conflitos na sociedade.

9. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

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___________________________________________________________________
[1] SOUZA, Paulo S. Xavier, Individualização da Penal: no estado democrático de
direito, Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2006, p. 75.

[2] CARNELUTTI, Francesco, Lições Sobre o Processo Penal, volume 1, 1º edição,


Campinas: Bookseller, 2004, P. 73.

[3] CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Parte Geral. 15ª Ed. São Paulo:
Saraiva, v. 1, 2011, p. 19.
19

[4] LEAL, João José. Direito Penal Geral. 3. Ed. Florianópolis: OAB/SC Editora,
2004, p.379.

[5] JESUS, Damásio E. De. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 519.

[6] GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 4 ª ed. Rev., atual e ampl.
Rio de Janeiro: Impetus, v.1, 2011, p.473.

[7] TELES. Ney Moura. Direito penal: parte geral, arts. 1º a 120. V.1. 2. Ed. São
Paulo: Atlas, 2006, p.314.

[8] FALCONI, Romeu. Lineamentos de Direito Penal. 3. Ed, rev., ampl. E atual. São
Paulo:Ícone, 2002. P. 33-34.

[9] ROSA, Antônio José Miguel Feu. Direito Penal. 1. São Paulo: RT, 1995,
p.421-422.

[10] BRASIL. Código Penal. Disponível em Acesso em 01 set. 2023.

[11] SOUZA, Paulo S. Xavier, Individualização da Penal: no estado democrático de


direito, Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2006, p. 76.

[12] NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal - Parte Geral e Parte
Especial. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

[13] BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da pena de prisão: causas e


alternativas. 5.ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2017, p. 147.

[14] MIR PUIG, Santiago. Direito penal: fundamentos e teoria do delito. Tradução por
Cláudia Viana Garcia e José Carlos Nobre Porciúncula Neto. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2007, p. 67.

[15] MIR PUIG, Santiago. Direito penal: fundamentos e teoria do delito. Tradução por
Cláudia Viana Garcia e José Carlos Nobre Porciúncula Neto. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2007, p. 69.

[16] DOTTI, René Ariel. Bases e alternativas para o sistema de penas. 2. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1998, p. 137.
20

[17] SILVA, Haroldo Caetano da, Manual de Execução Penal, 2º edição, Ed.
Bookseller, Campinas, 2002: P. 35.

[18] CARVALHO NETO, Inácio, Aplicação da Pena, Rio de Janeiro: Editora Forense,
1999, p. 15.

[19] BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Direito penal: parte geral. 3. Ed. Rev.,
atual. E ampl. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 434.

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