PANORAMA DE

HISTÓRIA DA IGREJA
AULA 1 - PATRÍSTICA
E
stamos aqui para falar sobre a história da Igreja. Este
módulo é dividido em quatro partes: o período da
Patrística; o período Medieval; o período da Reforma
Protestante; e o período Moderno até os nossos dias atuais.
Não se preocupe se você não entende muito disso. Estas
são aulas panorâmicas onde darei uma visão geral sobre a
história da Igreja.
Antes de começar a estudar sobre a Patrística, quero dar sete
razões para estudar história da Igreja. Esse é um pequeno
texto da Carol Bazzo e recomendo que você procure pelas
redes sociais, porque ela tem ensinado sobre isso de uma
forma muito didática.
A primeira razão é conhecer a história do povo de Deus do
qual nós fazemos parte. A segunda razão é para conhecer
o Deus que atua na história. Nosso Deus intervém na
história de forma soberana e providente. A terceira razão é
para descobrir as contribuições positivas e negativas que
influenciaram a igreja em sua trajetória. Isso nos dá uma
sabedoria histórica muito grande e implicações para os dias
de hoje. A quarta razão é para preservar as bases essenciais
da fé cristã. A história tem muito a nos ensinar sobre a nossa
tradição e fé cristã. A quinta razão é que isso é uma ótima
forma de estudar teologia. Ao estudar os desenvolvimentos
teológicos, as ideias que foram surgindo, os grandes autores
e teólogos, você vai aprendendo teologia. A sexta razão é
para ter uma espiritualidade nutrida por grandes homens e
mulheres que serviram a Deus. Essa é uma ótima benção de
estudar história da Igreja. A sétima razão é para obter uma
compreensão global acerca da Igreja e do propósito eterno
de Deus. Poderíamos elencar outras razões. Essas aqui que
a Carol Bazzo listou são muito boas. Estudar a história da
Igreja é muito importante para sua doutrina, teologia e vida.
Antes de começar, quero citar uma frase que, para mim, é
uma das melhores frases cristãs que já escutei na vida e a
considero a melhor frase sobre a história da Igreja. Ela é de
Jaroslav Pelikan e está em seu livro Tradição, volume I. Ele
tem cinco livros sobre a tradição da história da Igreja e ele
diz assim: “O tradicionalismo é a fé morta dos vivos, mas a
tradição é a fé viva dos mortos”. Ao olhar para a história da
Igreja, o que queremos é aprender a tradição viva dos crentes
do passado. Queremos aprender aquilo dos grandes homens
e mulheres de Deus. O que vem como tradição, seguindo
a tradição apostólica, é a palavra de Deus. É essa fé viva
dos mortos que buscamos para alimentar nossa fé para
aprendermos. Com isso, vamos entrar na história da Igreja e
agora no período da Patrística.
O termo “Patrística” vem da palavra latina “pater”, que quer
2
dizer “pai”. Isso se refere ao período dos Pais da Igreja.
Aconteceu quando essas ideias que circulavam eram muito
próximas do período do Novo Testamento. Depois dos
apóstolos, vem esse período dos pais da Igreja. Por isso é
chamado de Patrística. Então, tem esse nome porque faz
referência a esses homens que ficaram conhecidos como
pais da Igreja.
Você vai perceber que, em todas as aulas, principalmente
na primeira e na segunda, há sempre uma discussão sobre
quando o período começa e termina. Em qualquer estudo
histórico, isso é bastante complicado. Há os momentos
de transição, há aqueles onde um tipo de ideia vai se
enfraquecendo e outros vão surgindo, então é complicado
marcar uma data ou algo do tipo. Há um consenso entre
os teólogos, entre eles o J. N. D. Kelly que escreveu o
livro referência Patrística e o Alister Mcgrath, que é outra
referência em teologia e história da Igreja. Eles definem o
começo da Patrística estando depois da morte do último
apóstolo, João. Então, no final do primeiro século seria onde
a Patrística começa. Para fins didáticos que marcam um
evento, esses dois teólogos dentre outros colocam o Concílio
de Calcedônia no ano 451 d.C. entre o fim da era Patrística
e o período chamado Medieval. Assim, para fins de estudo,
a Patrística começa no final do primeiro século, depois
do período apostólico, e termina na época do Concílio de
Calcedônia em 451 d. C. no século 5.
Vou dividir esse período em duas partes: antes de
Constantino e depois de Constantino. Isso será feito porque,
em 313 d.C., o imperador Constantino concedeu liberdade
religiosa para o cristianismo no império cristão. Ele se
declarou cristão e deu muitos privilégios ao cristianismo
porque era a religião do imperador. Até esse momento,
a Igreja era perseguida, por causa disso você verá as
diferenças que ocorrerão. A partir de 313 d.C., a Igreja para
de ser perseguida e passa a desfrutar de certos privilégios.
Isso muda a forma como ela passa a agir agora.
Constantino, de fato, é uma figura central na história
da Igreja, ainda que seja cheio de polêmicas. Antes de
Constantino, a Igreja era perseguida. Podemos ver três fases
dessa situação: a fase dos Pais Apostólicos; a fase dos
Apologistas; e a fase dos Polemistas. Os Pais Apostólicos,
propriamente dito, os Pais da Igreja agiram a partir do
final do século 1 e continuaram escrevendo seguindo os
apóstolos e os documentos do Novo Testamento. Lembre-
se de que o cânon do Novo Testamento ainda não está
fechado. Esses homens estão escrevendo ainda com estilo
muito parecido. Nessa época, há muito uso do Antigo
Testamento, porque a literatura já tinha sido fechada e
usa-se muito da interpretação tipológica de escrita. Dentre
esses, podemos citar: Clemente de Roma; Inácio; Policarpo;
Pastor de Hermas; Didaquê. Esses são documentos e autores
que estão nesse período logo depois dos apóstolos. Eles
3
influenciaram bastante a Patrística por serem os sucessores
dos apóstolos. Esse período vai de 95 a 150 d.C.
Logo depois deles, entramos na época dos Apologistas entre
o primeiro e o segundo século (c. 120 a c. 220). A fé cristã
começou a ser perseguida pelo Estado, então os Apologistas
escrevem para defender a fé dizendo que ela não é digna
de perseguição e para dizer ao Estado que ela tem uma
racionalidade, devendo se defender das acusações que são
feitas. Devido às várias acusações contra o cristianismo,
Roma perseguia os cristãos e os Apologistas fazem essa
apologia, uma defesa da fé cristã. Eles tentam mostrar a
racionalidade da fé cristã. Dentre eles, podemos mencionar:
Tertuliano, Justino Martir, Teófilo, Taciano e Atenágoras.
Estes são homens importantes dessa época dos apologistas.
A terceira fase é a dos polemistas (c. 180 a c. 250). Os
Polemistas focaram em combater as heresias cristãs que
estão surgindo e para combater seus propagadores. Eles
não estão mais só defendendo a racionalidade da fé, ao
fazer essa apologia dela, mas estão rebatendo as heresias,
por isso são polemistas. As principais disputas são com o
gnosticismo e sobre a divindade de Cristo. O gnosticismo
foi uma heresia que influenciou muito a Patrística. O
gnosticismo tem a ideia que um conhecimento é dado para
alguns para edificação e salvação, apresenta uma grande
dualidade entre o bem e o mal, uma divisão do Deus no
Novo Testamento para o demiurgo no Antigo e várias outras
coisas que estavam juntas desse pacote do gnosticismo.
Dentre os Polemistas, podemos citar nomes que já são mais
conhecidos como: Irineu, Tertuliano, Cipriano, Orígenes,
Clemente. Eles escrevem nesse tempo que vem antes de
Constantino.
Nessa fase, a Igreja está lutando para fazer a defesa da fé
contra o Estado e contra as heresias, mas de uma maneira
que não atingia o seu máximo de produção por causa da
perseguição. Quando Constantino aparece, a Igreja passa a
ter seus privilégios e entramos na segunda fase da Patrística.
Alister Mcgrath chama do ápice da história da Teologia
esse período que vai até Calcedônia (c. 313 a 415), porque
é o momento que, sem perseguição e com a liberdade
para produzir Teologia, surgiram os grandes documentos
teológicos, os grandes debates teológicos, concílios de
Niceia, Constantinopla e Calcedônia.
Vejamos agora os Concílios de Niceia/Constantinopla e o
de Calcedônia. Esses são os dois grandes marcos desse
tempo e os três grandes concílios da história da Igreja.
Eles lançaram os fundamentos da divindade de Cristo, da
Trindade, divindade do Espírito e da dupla natureza de Cristo.
Essas doutrinas são fundamentais para os cristãos.
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O Concílio de Niceia (325) é o primeiro grande concílio
ecumênico que foi liderado e patrocinado pelo imperador
Constantino. Nessa época, havia uma disputa acerca dos
ensinos de Ário. A heresia ariana estava crescendo na região.
Ário negava a divindade de Jesus Cristo. Na tentativa de
fazer sua defesa teológica-bíblica da Trindade de forma
modalista, onde as pessoas não têm distinção, e o ensino
saiu bem errado. Ele ensina que Jesus é totalmente diferente
de Deus sendo criado por Deus-pai e não é divino como o Pai
é. Inclusive, Ário dizia que Jesus tinha uma natureza mutável.
Segundo Ário, Jesus passou a existir em algum momento
do tempo, assim como as demais criaturas. Jesus tem
aspectos de um demiurgo, uma divindade menor que Deus,
e não é como Deus. Esse ensino começou a ser debatido
e dividiu a Igreja. Constantino, querendo unir a Igreja para
ter um Império unido, reúne vários bispos e representantes
partidários e discordantes de Ário e aqueles que estavam
no meio termo. O debate acontece com a correta decisão de
rejeitar o ensino de Ário e excomungá-lo. Então, ali se declara
o credo de Niceia que vai dizer que o Filho é da mesma
substância ou essência do Pai.
Em 381, houve o Concílio de Constantinopla. Ele surgiu
para afirmar Niceia e para complementar um pouco o credo
niceno. Houve uma disputa sobre a divindade do Espírito
Santo e o credo niceno falou pouco sobre o Espírito. Em
Niceia só havia uma afirmação que criam no Espírito,
mas em Constantinopla há uma cláusula que defende a
divindade do Espírito. Assim, ficou conhecido o credo niceno-
constantinopolitano. Esses dois concílios formam esse
grande documento para nós que defende a divindade de
Jesus e a Trindade, por isso ele é muito importante.
Depois desse tempo, quando a questão da Trindade pareceu
ter sido resolvida, começou-se a discutir as naturezas de
Jesus Cristo. Se ele é divino como Niceia e Constantinopla
estão afirmando, como se dão as duas naturezas na pessoa
encarnada de Jesus Cristo? Alguns teólogos enfatizavam
mais a natureza humana, outros mais a natureza divina.
Algumas heresias surgiram também negando, diminuindo ou
separando essas naturezas (ver aula Heresias sobre Cristo
no módulo Cristologia).
Por causa disso, em 451, o Concílio de Calcedônia foi
convocado para debater essa questão das duas naturezas
de Cristo. Foi em Calcedônia que se afirmou a plena
humanidade de Jesus e a plena divindade de Jesus. Ele é
100% homem e 100% Deus na sua pessoa encarnada. As
heresias foram rejeitadas, isso foi afirmado e temos esse
ápice da história da teologia é encerrado juntamente com a
Patrística.
Recapitulando. Antes de Constantino: Pais apostólicos, os
5
apologistas e os polemistas. Depois de Constantino, com
liberdade, o grande ápice da história da teologia com esses
concílios, debates e documentos históricos que nos servem
de base teológica até hoje. Outros teólogos colocam o fim
desse período não em 451, mas no século 6 ou 7.

Nomes importantes desse período do ápice da história (310

a 451): Gregório de Nazianzo, Gregório de Nissa, Basílio
de Cesaréia – chamados de pais capadócios – Ambrósio,
Agostinho, Atanásio, e Crisóstomo.

Esse é um período riquíssimo onde estavam se discutindo

vários dos credos e doutrinas. Então, você verá alguns
desses homens acertando, errando, falando algo estranho,
porque o período era muito plural onde estava acontecendo a
solidificação da teologia e do cânon do Novo Testamento.

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AULA 2 - IDADE MÉDIA
E
sta é a nossa segunda aula de panorama da história
da Igreja. Nela, veremos sobre o período medieval na
história da Igreja. Quero que você tenha duas coisas em
mente: (1) Esse é um período muito grande. Não usarei as
divisões de Alta e Baixa Idade Média, Idade das Trevas. Para
facilitar, vou usar simplesmente Idade Média. (2) À medida
em que você for escutando essa aula, junte o conteúdo
com o da primeira aula e lembre-se sempre que, nesses
períodos iniciais, não temos as divisões da Igreja cristã
como temos hoje. Há uma Igreja Católica no sentido de ser
universal. Nenhuma das divisões da Igreja Católica Romana,
Protestante, Batista, Presbiteriana existe ainda. Estamos
falando de uma única Igreja que terá suas diferenças em
relação a aspectos locais e culturais, em relação a ênfases
teológicas. Podemos pensar na escola de Antioquia e
Alexandria. Podemos pensar na ênfase teológica do oriente
que é diferente do ocidente, mas é uma única igreja. A grande
primeira divisão aconteceu na Idade Média e o restante das
divisões na Reforma Protestante.
Lembre-se que a Patrística foi datada até 451 d.C. e da
dificuldade de datação. É sempre muito difícil determinar um
período. Há uma fase de transição muito grande, mas iremos
usar algumas datas. Dois grandes eventos são reconhecidos
como o início da Idade Média. Tomarei um evento mais
da história geral e um da história da Igreja. Tanto o Alister
Mcgrath como o livro Cristianismo através dos séculos do
Earle Cairns colocam esses pontos interessantes. Esse
evento seria a queda do Império Romano do Ocidente. Alarico
toma Roma em 410 e o último imperador romano é deposto
em 476. Esse período que se arrasta pelo quinto século
vai marcar o fim da Patrística, o fim desse período antigo
e início da Idade Média. Um evento que marca a história
da igreja já no século VI é quando Gregório I é consagrado
bispo de Roma em 590. É aí que a Igreja Católica começa
a se centralizar em Roma e na figura do bispo de Roma. É
a partir dessa centralização da Igreja em Roma, a qual vai
começar a crescer muito com Gregório I, que teremos o início
do poder papal, ou o início do poder da Igreja centrada em
Roma. Obviamente, a Igreja Católica Romana não assumirá
que esse foi o primeiro papa, mas Pedro e os bispos de
Roma que vieram antes de Gregório I. Entretanto, temos esse
marco inicial desse poder sendo centralizado dessa figura
de Gregório I em 590. Esses dois períodos colocam o período
da Idade Média no seu rumo. Iremos usar o termo Idade
Média até o ano 1517 quando Lutero dá início à Reforma
Protestante na Alemanha. Portanto, temos um período de
aproximadamente 1000 anos. Perca a ideia que esse é um
tempo morto para a Teologia. Perca a ideia de Idade das
Trevas, porque não é dessa forma.
Existem dois centros cristãos e teológicos nesse período
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que vieram da Patrística e que vão se desenvolvendo. É
a mesma igreja, mas existem as diferenças teológicas e
culturais. Esses dois centros são: O Império Bizantino, o
império romano que sobreviveu estando na parte oriental,
e a Europa Ocidental, principalmente França, Alemanha e
Itália. O Império Bizantino tem uma forma de cristianismo
que se baseia na língua grega sendo profundamente ligado
com os escritos da Patrística, principalmente da região do
Mediterrâneo Oriental, sendo muito ligado a Atanásio dos
pais capadócios e João Damasceno, ou João de Damasco,
que é um teólogo importante desse período medieval.
A teologia deles é mais mística, não no sentido daquele
misticismo barato, e mais metafísica.
Na Europa Ocidental, temos um cristianismo que começa a
se centralizar em Roma. A Teologia passa a ser construída
a partir das universidades e grandes catedrais e passa a ser
espalhada por meio da língua latina e que vai se basear em
homens como Agostinho, Ambrósio e Hilário. A Teologia
é mais prática do ponto de vista eclesiológico e outras
abordagens que vão marcar a teologia ocidental. São esses
dois grandes centros cristãos que estarão caminhando
juntos lado a lado até certo período da Idade Média.
Nesse período acontece algo muito importante para a
história mundial e também para a história da Igreja que é o
surgimento e o crescimento do Islã. Isso é fundamental na
história da Igreja. Maomé nasce no ano de 570. O Império
Romano caiu no ano de 476. Então, quase 100 anos depois
Maomé nasce. No ano de 610, Maomé se sente chamado
por esse deus único conhecido como Alah. Em 630, Maomé
e seu movimento conquistam Meca e, a partir desse ano,
Maomé e o Islamismo vão começar a se expandir de uma
forma muito rápida. Entre 635 e 711, o islamismo se expande
para Damasco, Antioquia, Jerusalém, Alexandria e Espanha.
Num período de 80 anos, há uma mudança no mapa do
Mediterrâneo e daquela região em torno do Mediterrâneo.
São conquistas muito rápidas onde o cristianismo vai
perdendo território. Damasco era uma cidade cristã.
Antioquia, conhecidíssima na Bíblia, Jerusalém, Alexandria
e a Espanha. Todos esses grandes centros cristãos estão
sendo tomados pelo Islã e vão avançando muito. Eles entram
na Europa por meio da Espanha. O Islã se expande até
732 quando são contidos por um homem chamado Carlos
Marter, ou Martelo, em Tours, cidade francesa na conhecida
Batalha de Tours. O exército cristão consegue impedir que
o Islã tome a Europa. Porém, toda essa expansão islâmica
traz consequências para a história da Igreja. Uma dessas
consequências é o crescimento da força do bispo romano
como representante supremo da cristandade. A Igreja no
oriente e a Igreja no mediterrâneo vão sendo tomadas
drasticamente pela expansão muçulmana. Então, nesses
centros cristãos, o Império Bizantino vai sendo tomado pelo
islã. Essas forças cristãs vão enfraquecendo e sobra o bispo
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de Roma. O bispo passa a ter o poder da cristandade ainda
mais centralizado nele como essa espécie de representante
oficial do cristianismo.
Outra grande consequência que vai transformar a Idade
Média na Europa Ocidental é a entrada e o fortalecimento
da filosofia de Aristóteles na Europa Ocidental. Não lemos
muito isso, mas os muçulmanos liam Aristóteles. Eles tinham
essa tarefa filosófica, científica, cultural muito forte e foram
eles que introduziram o pensamento aristotélico na Europa
via Espanha. Essa expansão islâmica também foi uma
expansão aristotélica e isso influenciou o que chamamos
de Escolástica e do pensamento teológico cristão nessa
época também. Então, perceba como o islã influencia o
cristianismo.
Precisamos citar Carlos Magno, uma figura importante na
história, e o sacro-império romano. Por volta do ano 800,
Carlos Magno é coroado pelo Papa Leão III numa tentativa de
unificar a Europa em torno de Carlos Magno, que é um grande
homem que valoriza a cultura, religião etc. Nesse período, há
uma espécie de renascimento cultural. Há uma tentativa de
reunificar a Europa, por isso a existência desse sacro-império
romano como uma tentativa de novo império romano, não
como o de antes, claro. Há muito poder da Igreja envolvido,
pois é o papa que coroa Carlos Magno. Já é possível ter uma
noção do poder papal que existia nos anos 800. É o papa que
coroa reis. Então, durante o período da coroação de Carlos
Magno, o papa começa a ganhar ainda mais poder. A Igreja
passa a ser essa instituição que está sobre toda a Europa,
dominando-a e estando acima de reis.
Vamos dar um salto e falar da primeira grande separação
que ocorreu na história da Igreja. Até aqui é uma única
grande Igreja com ênfases diferentes, aspectos diferentes.
Por volta do ano 1000 acontece o Grande Cisma. Há
uma Igreja separada em dois grandes centros: A Igreja
Ocidental centrada em Roma e a Igreja Oriental centrada
em Constantinopla. Elas tinham suas diferenças teológicas
e de discordância. Alguns desses fatores que levaram ao
Grande Cisma são: (1) Uma tensão política entre Roma
e Constantinopla. O Papa estava muito forte e havia a
questão de qual dessas cidades detém mais poder. Há um
jogo político entre Roma e Constantinopla. Há uma tensão
também em relação ao projeto de poder do bispo de Roma,
que quer ser o centro da cristandade. Porém, a Igreja Oriental
não quer se submeter a esse poder. (2) Há uma controvérsia
da questão iconoclasta. A Igreja Oriental proibiu as imagens
em seus templos. Há ícones, mas não imagens. A Igreja
Ocidental usava essas imagens. Então, há também esse
debate acerca das imagens. (3) A questão é mais citada,
ainda que não se resuma somente a isso, é a cláusula
Filioque, que significa em latim “e do filho”.
9
No credo de Niceno-constantinopolitano originalmente em
grego se lê que “nós cremos no Espírito Santo, senhor e fonte
da vida que procede do Pai”. Na versão latina, que é posterior,
foi adicionada uma teologia a mais que diz que “Espírito
Santo, senhor e fonte da vida que procede do Pai e do Filho”.
Daí vem “Filioque”. A cláusula Filioque é exatamente saber
qual o certo teologicamente. A Igreja Oriental diz que não
tem essa cláusula. O Espírito procede só do Pai. A Igreja
Ocidental diz que o Espírito Santo procede do Pai e do
Filho. Essa controvérsia também ocasionou esse cisma que
ocorreu no ano de 1054. Essa divisão perdura até hoje. Ainda
hoje temos a Igreja Oriental – a Igreja Ortodoxa Grega – e a
Igreja Católica Apostólica Romana. Esse é o primeiro Grande
Cisma. Logicamente tratamos aqui de forma resumida, mas
já dá para ter uma ideia.
A partir disso, vamos focar agora na história do cristianismo
ocidental, a parte que nós descendemos, a qual se tornaria
a Igreja Católica Apostólica Romana. Nesse sentido, logo
após o Cisma, temos as cruzadas. Esse evento também é
muito importante para a história da Igreja que não podemos
deixar passar e também tem influências. Jerusalém está
tomada pelo islã. A cidade sagrada cristã está nas mãos dos
muçulmanos. Em 1095, Urbano II prega sobre a necessidade
de termos Jerusalém de volta. Essa é uma pregação que
marcou aquele período, porque instigou e incendiou o
povo. Para se ter uma ideia, depois dessa pregação, as
pessoas foram a Jerusalém sem preparação militar e sem
equipamentos. Camponeses foram a Jerusalém para tomá-
la dos muçulmanos. Logicamente, eles foram facilmente
derrotados. Essa foi considerada a primeira cruzada. A partir
daí começa esse período de Cruzadas. Há sete grandes
cruzadas que foram organizadas. Há outras que foram
feitas ao léu, mas essas a seguir foram feitas de forma mais
organizada.
A mais famosa das cruzadas foi a terceira, conhecida como
Cruzada dos Reis, liderada pelo famoso Ricardo Coração
de Leão. Ele chegou em Jerusalém como o líder cristão e
guerreou contra Saladino, o líder muçulmano, mas perdeu,
porque era muito difícil conquistar Jerusalém. Porém, ele
conseguiu algo histórico. Ele fez um acordo com Saladino
para que seja permitida a peregrinação de cristãos até a
cidade santa. Eles poderiam entrar livremente em Jerusalém.
Isso marcou a história da Igreja. As cruzadas se encerram em
1291 com a queda da cidade de Acre.
Há uma série no canal History Channel chamada Templários
em que é falado sobre essa queda. Era uma cidade cristã
na região de Jerusalém e muito importante para a fé cristã.
Ela cai sob o domínio muçulmano e fecham a região para
o cristianismo. A queda de Acre é importante porque é um
bloqueio para se chegar à Jerusalém.
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Esse período é importante para a história da Igreja. Foi
gasto muito dinheiro numa guerra santa em nome de Deus.
Positivamente podemos falar num refreamento do avanço
islâmico para dentro da Europa. Isso influencia no grande
poder do Papa diante do declínio financeiro influenciado pela
corrupção, ganância e guerra apoiada pela Igreja.
Encerraremos esse período medieval falando do período da
Escolástica, ou Escolasticismo. Lembre-se da entrada da
filosofia de Aristóteles e sua influência no cristianismo. Esse
é o período de maior influência de Aristóteles. Juntamente
com esse renascimento cultural e filosófico que começou
no Sacro Império Romano com Carlos Magno e que ganha
força do século XII a XV trazendo transformação na Europa
e crescimento no meio universitário. Portanto, a Igreja vê a
necessidade de pensar racionalmente a sua fé. Isso é algo
muito parecido, guardadas as devidas proporções, ao que os
apologistas fizeram. Os escolásticos produzirão teologia de
forma mais racional. Alister Mcgrath definiu assim:
“O Escolasticismo é mais conhecido como o movimento
medieval, surgindo entre 1250 e 1500, que enfatizou a
justificação racional da crença religiosa bem como a
apresentação dessas crenças de forma sistemática. Logo, o
termo escolasticismo não se refere a um sistema específico
de crenças, mas um modo particular de se produzir e
sistematizar a teologia. Um método altamente desenvolvido
de apresentação de conteúdo por meio de requintadas
diferenciações tentarem alcançar uma visão abrangente da
teologia”.
Portanto, o escolasticismo é um movimento medieval. É
um tipo de pensamento e método teológico. Ele não é um
sistema de crenças, uma confissão. Ele é um método de
fazer teologia. Ele é muito baseado no pensamento filosófico
e na sistematização teológica. As grandes diferenciações
da teologia sistemática e filosófica têm muita influência de
Aristóteles. As áreas da teologia começam aqui. A forma de
pensar mais racional da Reforma Protestante tem sua base
no escolasticismo. Logicamente, eles rompem com muitas
doutrinas e práticas da Igreja. Entretanto, os homens desse
período influenciam muito a Igreja Reformada e Moderna que
temos hoje.
Geralmente, em meios protestantes como o nosso, se ouve
falar muito mal do escolasticismo com alegações que foi um
tempo de uma teologia fria e com vãs discussões. Isso pode
ter acontecido, mas também é um período de muita produção
de teologia cristã de boa qualidade. Há produção de teologia
filosófica, ciência natural e teologia natural. Mesmo que não
concordemos com a Teologia Natural há aqui uma boa base
para isso. Portanto, esse é um período bastante influente.
Alister Mcgrath conclui dizendo o seguinte:
11
O escolasticismo fez contribuições importantes para áreas
fundamentais da teologia cristã, especialmente em relação
à discussão sobre o papel da razão e da lógica da teologia.
Os escritos de Tomás de Aquino, Duns Scotus e Guilherme
de Occam – esses três grandes do período escolástico –
frequentemente destacados como os três mais influentes
autores escolásticos contribuíram de forma impressionante
para o desenvolvimento dessa área da teologia. Sendo, desde
essa época, considerados marcos históricos”.

Eu citaria esses três nomes como grandes homens da

história da religião cristã. Falaremos da corrupção e
decadência da Idade Média no próximo vídeo quando formos
falar dos eventos que levaram à Reforma Protestante.

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AULA 3 - REFORMA PROTESTANTE
​​N
esta terceira aula de panorama dos movimentos
históricos, veremos a Reforma Protestante. Já vimos
sobre a Patrística e Idade Média nas aulas passadas.
Aqui vou tratar da Reforma e da pós-Reforma (séc XVI-XVIII),
um período que abrange cerca de 200 anos. Iremos do início
do século XVI, com a pré-Reforma, e vamos até o final do
século XVIII.
Terminamos a aula passada vendo o engrandecimento
do poder da Igreja Romana, disputas políticas e o
engrandecimento da figura do Papa, o bispo de Roma.
Juntamente com isso, vamos ter alguns fatores que
influenciaram os movimentos de Reforma Protestante. É
muito importante. Não há a Reforma Protestante como um
único movimento geral. Há as reformas protestantes.
É preciso colocar alguns fatores gerais da sociedade que
influenciaram a Reforma. Vou citar três que considero os
principais. Primeiro, as mudanças políticas que estavam
acontecendo na Europa Ocidental. Lembre-se da tentativa
de coesão através do Sacro Império Romano. A partir dessa
visão, estava surgindo a visão de estados-nações, que
eram países independentes. Essas mudanças que estavam
acontecendo na Europa ao longo desses anos da Idade
Média. Começaram a surgir estados, reinados e nações
independentes. A política caminhava para esse lado.
Segundo ponto: Mudanças econômicas. O comércio estava
se desenvolvendo. Os comerciantes estavam começando a
ganhar muita força frente à nobreza. A organização social
dos feudos e nobres onde não havia muita mudança social
começou a mudar porque os comerciantes começaram a
ganhar força e influência. Logicamente, eles não querem
mais ter que enviar boa parte de suas riquezas para a igreja
em Roma. Esse desenvolvimento econômico também tem
grande influência. Eles também não querem estar sob esse
governo de uma nobreza distante. Eles querem fazer o seu
próprio governo.
O terceiro fator são as mudanças intelectuais. No final
da Idade Média, o renascimento está acontecendo tendo
bastante influência do movimento humanista, o qual se
centra na individualidade do homem e também no retorno
às fontes literárias. Esse ponto vai influenciar demais os
reformadores, porque eles terão a ideia de retornar às fontes
da fé cristã: As Escrituras e os Pais da Igreja.
Esses três fatores dão todo o background da Reforma
Protestante. Aliado a isso, falando da Igreja propriamente
dita, está a corrupção dentro da Igreja Romana. Infelizmente,
13
isso foi acontecendo e no final da Idade Média piorou. Há
a corrupção no clero por disputas de poder. Há a prática
das relíquias, que eram objetos sagrados os quais eram
cobrados valores sob a justificativa de trazerem algum tipo
de bênção. Há vários exemplos de relíquias históricas como
os dedos de Pedro, os pedaços e pregos da cruz, a coroa de
Jesus Cristo, ossos de algum santo. Havia também a prática
das indulgências que foi um dos fatores principais para a
revolta de Lutero. As indulgências eram vendas de bênçãos
e de livramento do purgatório, venda de intercessão dos
mortos. Comprar certos documentos daria certos benefícios
espirituais. Havia uma frase muito famosa da época atribuída
a Tetzel, que era um cobrador de indulgências que foi
combatido por Lutero, que dizia: “quando a moeda tintila do
cofre, uma alma sai do purgatório”. Toda essa corrupção,
leva alguns homens a quererem romper com isso e reformar
a Igreja. Em um primeiro momento, não era um rompimento
para abrir outra igreja. Porém, isso não foi possível e eles
romperam de maneira total.
Segundo Alister Mcgrath, “o termo Reforma é usado por
historiadores e teólogos com referência ao movimento da
Europa Ocidental cujo centro foi em torno de indivíduos como
Martinho Lutero, Ulrico Zuínglio e João Calvino, o qual tinha
por objetivo as reformas moral, teológica e institucional da
Igreja Cristã naquela região. Temos alguns proponentes da
Reforma em locais diferentes, mas esse objetivo de reforma
moral, teológica e institucional é basicamente o mesmo.
Os meios e os pensamentos que foram diferentes. Há esse
caldeirão fervendo na Europa devido aos fatores que foram
postos aqui.
É importante colocar termos para que você saiba definir.
Vamos falar das reformas protestantes e dos sentidos que
reforma tem. Podemos falar de Reforma no sentido geral ao
se referir a todos os movimentos dessa época que tinham
o caráter de reforma. Podemos falar da Reforma Luterana;
Reforma Calvinista; Reforma Anabatista; e a Contrarreforma,
que foi um movimento católico. Ao falar de Reforma,
estamos falando disso tudo, inclusive do movimento da
Contrarreforma, que aconteceu em resposta a Lutero e
em resposta a outros movimentos. Quando falamos de
Reforma Protestante, tiramos a Contrarreforma da jogada.
Por Reforma Protestante nos referimos a Lutero, Calvino,
anabatistas, a Reforma Inglesa.
Temos também uma distinção bem importante que é entre
a Reforma Magisterial e a Reforma Radical. A Reforma
Magisterial é a mais notória na história se refere à Reforma
Luterana, à Reforma Calvinista e à Reforma Anglicana. Elas
acreditam na relação entre o Estado e a Igreja, isto é, a Igreja
e os magistrados do Estado. Elas acreditam que a Igreja está
sob a autoridade estatal e usa essa autoridade para agir. Há
o uso do Estado com fins eclesiásticos. É como se essas
14
duas organizações estivessem juntas. Esse sempre foi o
caminho da Idade Média para a Reforma. A Reforma Radical
é representada pelos movimentos anabatistas, os quais eram
a ala radical que queriam uma separação radical do Estado e
Igreja, porque não acreditavam nessa junção.
Entrando nos movimentos, primeiro temos a Reforma na
Alemanha. Foi o primeiro movimento de rompimento. Aqui
estou tirando os movimentos dos pré-reformadores do
período medieval que começaram a romper com a Igreja
Romana. Deles podemos citar John Huss e John Wycliff. A
Reforma Luterana ocorre nos territórios alemães e está muito
ligada a Martinho Lutero e Felipe Melancton posteriormente.
Focando na pessoa de Lutero, ele se preocupava com
a corrupção e o legalismo dentro da igreja romana. Ele
centralizou sua doutrina na Teologia da Cruz e Justificação
pela fé. A princípio, ele queria uma reforma na igreja, mas
isso não foi possível. Então ele teve que romper com a igreja.
O fato marcante é que em 31 de outubro de 1517, conhecido
como a data da Reforma Protestante, é a fixação das 95
teses na porta do castelo de Wittenberg. Lá era o local de
uma universidade/igreja não tão importante, mas foi lá que
o movimento começou. Em 1521, ele é condenado na dieta
de Worms pela Igreja Romana como um herege. Em 1522, ele
realmente começa o movimento da Reforma em torno dele.
Pouco tempo depois e paralelo a isso, temos a Reforma
Suíça. Essa é a Reforma Calvinista. Temos um ponto inicial
em Zurique, sob a liderança de Bullinger, que era o sucessor
de Zuínglio, o qual tinha começado a Reforma Suíça, mas é
morto em batalha em 1531. Com isso, Bullinger assume a
Reforma na Suíça. Essa Reforma Suíça aflora em Genebra
com João Calvino, o qual se torna o grande nome da
Teologia Reformada. Ali em Genebra e na Suíça começa
esse movimento Calvinista. Isso vai de um período de 1520
a 1560. Calvino funda a Academia de Genebra com pessoas
vindo de fora para estudar e de lá eram enviados para outros
países como reformadores. Há uma grande influência saindo
da Academia de Genebra. Portanto, luteranismo e calvinismo
são diferentes.
Temos também o movimento anabatista com a Reforma
Radical. O termo anabatista significa literalmente
“rebatizado” e isso era uma marca deles: a ênfase no
batismo pela profissão de fé. Isso é um ponto positivo
deles. Eles iam contra a ideia do batismo infantil. Só quem
demonstrava uma fé pública poderia ser batizado. Esse
movimento surge em torno de 1520 perto de Zurique com
outras localidades e movimentos. Houve um embate com
Zuínglio e outros reformadores. Existem alguns elementos
entre os movimentos anabatistas. Uma desconfiança e
uma separação entre Igreja e Estado; rejeição do batismo
infantil; a defesa do batismo de adultos, ou daqueles que
já confessaram a fé em Cristo; e tinha a ideia de uma
15
propriedade coletiva de bens e uma ênfase ao pacifismo.
Alguns chegam a se referir a eles como uma Reforma de
Esquerda, mas acredito que não seja um termo bom para
isso. Há um erro muito comum em achar que os batistas
vieram dos anabatistas. Há, sim, uma influência que os
anabatistas terão sobre alguns puritanos, mas não é desse
movimento que surgem os batistas.
A Reforma na Inglaterra aconteceu porque a Igreja da
Inglaterra rompeu com Roma entre 1529-1536. O rei
Henrique VIII estava numa disputa de poder com o Papa,
porque quer se separar de sua esposa Catarina e se casar
com Ana Bolena. Há todo esse problema político envolvido.
Depois de muita luta, a Inglaterra começa a se separar da
Igreja Romana e ter a sua própria estatal, a Igreja Anglicana.
A partir disso, surge o movimento puritano. Vários homens
piedosos notaram que a igreja estatal inglesa ainda era
muito parecida com a romana em vários aspectos. Eles
queriam purificar essa igreja, por isso o nome puritanos.
Esse movimento começa por volta de 1568. Os puritanos
começam a introduzir o conceito de governo presbiteriano
e congregacional na Inglaterra. Isso já tinha sido feito na
Escócia, por John Knox, e agora estava sendo na Inglaterra
com ênfase em ser presbiteriano ou congregacional para tirar
o modelo episcopal.
É nesse período que acontece a Assembleia de Westminster,
entre 1643 e 1649, como uma tentativa de dar uma
confissão de fé para a igreja. O governo presbiteriano foi
se fortalecendo juntamente com o congregacional. Os
símbolos da confissão de Westminster são a base das
igrejas presbiterianas até hoje. A partir desse movimento
é que teremos o fortalecimento e espalhamento do
presbiterianismo e o surgimento dos batistas. Há um
movimento congregacional separatista na Inglaterra onde
alguns líderes saem de lá com influência dos anabatistas e
começam comunidades congregacionais. Eles voltam para
Inglaterra e lá fundam igrejas que originam o movimento
batista. Há a migração de puritanos batistas e presbiterianos
para os EUA e ali eles se fortalecem, principalmente os
batistas no sul. Portanto, o movimento batista veio dos
puritanos. O modelo batista não veio de João Batista, nem
dos anabatistas, mas do movimento separatista puritano na
Inglaterra.
Precisamos falar também do Pietismo. Esse é um movimento
pós-reforma que dará origem a outros movimentos
importantes. O pietismo surge na Alemanha por volta de
1675 com grande influência na Inglaterra. O Pietismo é uma
tentativa de resposta a um cristianismo muito seco e racional
que estava sendo vivido. Eles faziam uma crítica válida e
forneciam como resposta a proposta de uma vida cristã mais
vívida. As práticas de uma fé cristã associadas à experiência
e a necessidade de um tipo de avivamento com busca da
16
santidade. Ele influenciou muito o movimento inglês e John
Wesley. Wesley, no século XVIII inicia o movimento metodista
na Inglaterra. É daí que surge a denominação metodista.

Wesley, na busca de entender que a fé não se limita à

sequidão do estudo que estava acontecendo naquela época,
traz esse movimento de busca de santidade. Ele constrói
esse movimento e há um avivamento naquela época.
Esse movimento dá origem a outros movimentos como o
Movimento de Santidade e que, no futuro, dão origem ao
pentecostalismo.

Visualize que antes da Reforma não conhecíamos a Igreja

com suas várias denominações que existem hoje. O Grande
Cisma acontece em 1054. Só depois de 500 anos é que
haverá o rompimento da Igreja Católica Romana com os
movimentos que surgem (Luteranismo, Anglicanismo etc.).
É a partir da Reforma e da pós-Reforma que se dá origem a
essa diversidade de Igrejas e denominações. Mesmo que já
existissem diferenças culturais, é a partir desse momento
que passam a surgir as diferenças denominacionais com
ênfase teológica.

17
AULA 4 – MODERNIDADE
E
ssa é nossa última aula sobre o panorama da história
da Igreja falando acerca do período moderno. Antes de
começar, é preciso dizer que é muito complexo falar
do período pós-Reforma Protestante. Também gastaríamos
muito tempo se nós fôssemos dar atenção a tudo da história
da Igreja, ou às principais linhas denominacionais ao longo
da história. Até a Reforma Protestante, estávamos vendo a
história de uma única igreja. Houve o Grande Cisma em 1054
que dividiu a Igreja em Ocidental e Oriental. Veio o período
medieval e continuamos a falar da Igreja Ocidental. Depois
da Reforma Protestante surge o Luteranismo, Calvinismo,
Presbiterianos, Congregacionais etc. Se fôssemos ver a
história de cada uma dessas denominações, não sairíamos
daqui este ano. Então tive que selecionar muito material
encolhendo pontos importantes desse período moderno e
resumi para poder encerrar com uma reflexão bíblica sobre a
importância da tradição dos apóstolos.
Vimos na aula passada que a Reforma acontece num
período de renascença, de revolução científica e de
iluminismo. Nessa época, as coisas estão brotando e depois
da reforma essas coisas ganharão força, se espalhando
principalmente pela Europa. Depois do período da pós-
Reforma, o iluminismo no seu auge. Kant em 1784 escreveu
que o iluminismo é a chegada do homem à maturidade,
aquele estado onde o homem pode pensar por si mesmo
sem a necessidade de autoridades externas como a Igreja
e a Teologia ou o próprio Estado. Agora a razão humana
estava no centro das coisas. Alister McGrath escreve que
o objetivo do movimento iluminista era iluminar o povo
mediante a razão contra o obscurantismo da história, da
tradição e da sociedade política e religiosa. O alvo era o
homem num estado de pura natureza. Sua fonte principal foi
o racionalismo. O iluminismo está trazendo essa ideia que
agora temos todo esse instrumental para pensar na vida de
acordo com a razão.
Esse iluminismo/racionalismo tinha duas ênfases. Primeira,
liberdade e dignidade. A questão do indivíduo com liberdade
de pensamento colocando sua razão em primeiro lugar. E o
segundo é a investigação científica. Aqui está acontecendo
também o grande boom da ciência e da ciência moderna.
Esse movimento gerou o que vamos chamar de Deísmo, o
qual substituiu o Teísmo. O Deísmo substitui a revelação pela
razão. O foco muda de uma teologia centrada em Deus para
ter o foco no homem. Ela se preocupa mais com o sujeito que
conhece as coisas do que com o objeto que será conhecido.
Os deístas vão ter a ideia de que aquilo que podemos
conhecer de Deus é feito por meio da razão. Portanto, há um
nível limitado de conhecimento de Deus. Uma vez que Deus é
transcendente, o deísta entende que Deus está distante e não
intervém. Deus estaria para além do entendimento, portanto
18
não devemos nos preocupar tanto com ele. Isso influencia
muito a teologia moderna.
O iluminismo tem coisas boas, mas tem também suas
heranças bem maléficas para o método teológico e para a
Igreja. A revolução científica, o método científico, algumas
ideias de Descartes e Francis Bacon e outros que estão
nessa linha temporal são boas. Não podemos descartar tudo,
mas o iluminismo tem grande influência.
Acerca da expansão da Igreja, é preciso dizer algumas
coisas. Até 1700, a teologia e a Igreja cristã estavam
centradas principalmente na Europa. Após 1700, é que
a Igreja começa a se expandir para os outros lugares do
mundo fora do contexto da Europa Ocidental. Essa migração
teológica acontece da Europa para os EUA. Lá teremos a
figura importante de Jonathan Edwards na primeira metade
do século XVIII com o grande avivamento que aconteceu com
ele e depois outros grandes avivamentos.
Essa expansão da Igreja também acontece para a Ásia,
Oceania, África e posteriormente na América Latina. Aqui
acaba o eurocentrismo teológico e eclesiástico. Isso
influenciou as missões modernas. Temos agora movimentos
missionários que estão partindo para o mundo. Há um
pioneirismo católico desde a época da Contrarreforma.
Talvez você tenha ouvido falar da Companhia de Jesus, ou
jesuítas. Inácio de Loyola e Francisco Xavier foram clérigos
católicos que começaram a enviar seus missionários
principalmente no oriente e em alguns lugares do ocidente.
Em 1732, houve o interessante movimento dos Irmãos
Morávios. Eles passam a ser conhecidos por causa de
suas viagens. Eles vão para Groenlândia, América do Norte
e países orientais. Quase no final do século XVIII, temos
William Carey, conhecido como o pai das missões modernas.
Ele começa esse movimento missionário na Inglaterra se
tornando um ministro batista em 1789. Poucos anos depois
funda a sociedade missionária batista e vai para a Índia.
Ele também dá esses passos e tem grande influência no
movimento missionário moderno com grandes viagens
transcontinentais.
Outra coisa importante desse período foi o liberalismo
teológico. Isso acontece no século 18 e no 19 principalmente.
O iluminismo teve grande influência na Alemanha. Isso
levou muitas pessoas a questionarem a sua teologia. A
epistemologia iluminista influenciou muito também. Alguns
teólogos alemães começaram esse movimento liberal.
Eles passaram a pensar a teologia a partir de pressupostos
iluministas e que vão negar alguns conceitos ensinos
e verdades como ultrapassados e equivocados como a
doutrina do pecado original, a substituição penal, milagres.
Essas doutrinas clássicas do cristianismo, principalmente
19
as mais sobrenaturais começam a ser negadas. Então,
a teologia passa a ser reinterpretada pelo liberalismo
teológico. Esse foi um movimento forte com muito poder nos
séculos XIX e XX. Hoje está mais enfraquecido, mas deixou
muitas mazelas na igreja. Um dos principais nomes desse
período é Friedrich Schleiermacher.
Após o liberalismo teológico temos o outro importante
movimento da Neo-ortodoxia. A teologia liberal precisava
de uma crítica e os neo-ortodoxos, os novos ortodoxos,
surgem para fazer essa crítica. Principalmente na figura de
Karl Barth. A neo-ortodoxia nasce como uma necessidade
verdadeira de resposta ao liberalismo e de volta a doutrinas
importantes. Uma volta ao Deus transcendente, à Palavra, à
Trindade, à essa teologia focada em Deus e não no homem
como o iluminismo e liberalismo estavam fazendo. Há um
marco que é Karl Barth e sua Dogmática da Igreja que foi
apresentada no século XX. Talvez a característica mais
importante de Karl Barth seja a teologia da Palavra de
Deus. Somos o povo da Palavra. Então, temos que buscar a
revelação da Palavra que tem fundamento em Jesus. Isso
seria um retorno à Palavra. Porém, há uma crítica a essa
teologia também. Para eles, na Bíblia não temos o texto
totalmente inspirado para dizer que a Bíblia é a Palavra de
Deus, mas há um entendimento que ela se torna a Palavra
de Deus na medida que há um encontro com ela com uma
experiência de fé. Há também outros pontos de crítica à neo-
ortodoxia, mas ela tem seus lados bons: o retorno à Palavra,
a importância da revelação, o Deus que se revela. Foi uma
resposta boa, mas não suficiente. A neo-ortodoxia influencia
muito a nossa teologia. Às vezes para o mal, outras para o
bem.
Outro ponto importante na história da Igreja é o
pentecostalismo. A partir das influências do metodismo
wesleyano, dos movimentos de santidade que vieram
e ficaram fortes nos EUA influenciam uma teologia
protopentecostal. Há essas influências da santificação, do
batismo no Espírito Santo, desse tipo de segunda benção.
Essa teologia vai sendo construída e partir de 1830 há
uma forte influência do movimento Holiness e dessas
doutrinas. Há uma espécie de pioneiro que a partir dos
anos 1900 começa a pregar acerca desses movimentos de
santidade e wesleyanismo que é Charles Fox Parham. Ele
cria um instituto bíblico no estado do Kansas e ali começa a
ensinar sobre o falar em línguas desconhecidas, o batismo
no Espírito Santo. Ele se muda para o Texas em 1905. Ali
ele cria uma escola que tem como um dos alunos William
Joseph Seymour, um dos nomes mais famosos do início do
pentecostalismo.
Seymour aprende essas doutrinas e vai até Los Angeles
para fazer reuniões de profecias, línguas, mistério. Essas
reuniões crescem até que ele precisa alugar um prédio na rua
Azuza por volta de 1906. Essas reuniões incluíam orações,
testemunhos, duravam de 10h à 00h, havia milagres, visões,
20
batismo no Espírito Santo. Esse fato é chamado avivamento
da Rua Azusa e dali surge o crescimento das igrejas que
estariam imitando essa forma de pentecostalismo. A partir
daí, surgiram outras igrejas influenciadas por Azusa e isso
deu início ao pentecostalismo, o qual é a grande força do
cristianismo atual.
Com os pentecostais, vou encerrar a história global do
cristianismo para focar no Brasil. O primeiro contato que
temos é com os huguenotes ainda na época da Reforma
em 1555. Eles vieram para o Brasil, tentaram fazer a
evangelização e não deu certo. Depois disso, temos um fato
curioso que é a primeira igreja protestante no Brasil. Dois
índios, Pedro Poti e Antonio Paraupaba, vão para Holanda
estudar em 1625, se convertem, voltam para o Brasil em
1630 e começam a evangelizar e conduzir uma igreja
protestante. Em 1649, Pedro Poti é preso por portugueses
e torturado porque deveria negar sua fé cristã para assumir
o catolicismo e ele é morto. Então, ele se torna o primeiro
mártir protestante no Brasil. Depois dessa perseguição,
essa igreja sai de Pernambuco, onde estava localizada,
e vem para o Ceará na serra da Ibiapaba e formam uma
igreja. O crescimento da igreja, de fato, começa na segunda
metade do século XIX. Em 1855, Robert Kalley funda a Igreja
Evangélica Fluminense e trabalha durante 21 anos na região
do Rio de Janeiro tendo um grande impacto nessa área de
evangelização. Temos também o presbiteriano A.G. Simonton
que vem para o Brasil em 1859 sendo o primeiro missionário
americano a pregar em português. Um marco importante de
seu ministério foi a conversão de José Manoel da Conceição,
que passa a ser um presbiteriano de grande renome. Ele
era católico e se converteu ao cristianismo. Há um grande
impacto evangelístico através dele. Os metodistas ainda
chegam nessa época, em 1836, e começam a fundar escolas.
O grande marco da igreja protestante no Brasil é no início
do século XX. Dois missionários chegam em Belém do
Pará: Gunnar Vingren e Daniel Berg. Eles dois eram batistas
advindos de um contexto norte-americano e sofreram
grande influência de Parham, Seymour, da rua Azusa e da
Teologia Pentecostal que estava desabrochando nos EUA.
Eles vêm para cá e fundam a Igreja Assembleia de Deus,
uma igreja pentecostal. Ela começa a se espalhar pelo Pará,
Amazonas e Norte-Nordeste. Ela chega no sudeste por volta
de 1922. Ela se espalha pelo Brasil e temos essa igreja que
é a grande marca do cristianismo brasileiro. Como todas as
denominações, ela merece elogios e críticas. Portanto, essa é
nossa história inicial.
Caminhando para o final, quero falar sobre o protestantismo
no sul global. A expansão que já foi falada do cristianismo
é também uma migração. No século XX e principalmente
no século XXI, o cristianismo está cada vez mais no sul
do globo, aquilo que era chamado antigamente de terceiro
21
mundo. Na América Latina, África e alguns países da Ásia.
No livro, A próxima cristandade, de Philip Jenkins, há uma
abordagem de como essa cristandade é marcada por se
localizar no sul do globo. O autor fala que as características
que vão marcar essa próxima cristandade - que já é a
cristandade que estamos vivendo ainda com influência
americana, mas que vem diminuindo – é conservadora e
carismática. Ele oferece dados interessantes: Em 1800,
talvez 1% de todos os cristãos protestantes viviam fora da
Europa e da América do Norte. Em 1900, esse número subiu
para 10% e isso mostrou uma massa crítica suficiente para
respaldar a expansão adicional. Hoje em dia, essa cifra se
situa em torno de 2/3 de todos os protestantes. Em termos
numéricos, o cristianismo já é do sul global.
Essa tendência vai levar às aparições das teologias locais
do sul global: Teologia Latino-Americana; Teologia Africana;
Teologia Asiática. São teologias que vão tentar responder
a questões desses locais. Isso tem o lado bom e o lado
ruim. Isso leva a uma hermenêutica guiada pelas lentes
dos problemas sociológicos de cada lugar e é preciso ter
muito cuidado com isso. Aqui na América Latina temos
o surgimento da Teologia da Libertação e sua vertente
protestante, a TMI (Teologia da Missão Integral), que
caminha muito para essa hermenêutica sociológica. Apesar
desses problemas, a questão de fazer uma teologia a partir
do que temos é uma coisa boa. É muito ruim essa divisão de
Teologia Americana, Teologia Brasileira etc. A teologia é uma
só, mas com diferentes aplicações.
Com o advento da Internet, há esse movimento que é como
uma “Nova Reforma”. Há um redescobrimento da tradição
cristã, dos credos, confissões, um retorno aos calvinistas,
reformadores, aos pais da Igreja. Isso tem sido um
movimento importante aqui no Brasil, principalmente entre
os jovens e na internet.
Quero encerrar com um texto bíblico para nossa reflexão.
Surge um problema na igreja de Tessalônica que Paulo trata
dizendo:
Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo e à nossa reunião com ele, pedimos que vocês não
se deixem demover facilmente de seu modo de pensar, nem
fiquem perturbados, quer por espírito, quer por palavra, quer
por carta, como se procedesse de nós, dando a entender que
o Dia do Senhor já chegou. Ninguém, de modo nenhum, os
engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha
a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho
da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se
chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no
santuário de Deus, apresentando-se como se fosse o próprio
Deus (2 Ts 1.1-4).
22
Paulo diz para não se desesperar, nem caminhar por outras
filosofias. Ele diz que estavam fraudando as suas cartas e
de outros apóstolos para ensinar heresias. Então, não é para
dar ouvidos a isso. Paulo sabe que a má teologia causa um
caos na Igreja. A partir do verso 5, ele vai explicar a situação
dizendo:
“Vocês não lembram que eu costumava lhes dizer estas
coisas, quando ainda estava com vocês?” (2 Ts 2.5) Ele
diz que quando estava com eles ensinou a verdade, algo
diferente. Então, eles deveriam se ater ao que foi ensinado.
Essas cartas tentam se passar por cristãs, mas não são.
Depois, ele diz:
“Assim, pois, irmãos, fiquem firmes e guardem as tradições
que lhes foram ensinadas, seja por palavra, seja por carta
nossa” (2 Ts 2.15).
Este módulo fala sobre estudarmos a história da igreja e
reconhecermos nossas tradições. É preciso reconhecer
as doutrinas que foram consolidadas a partir da reflexão
bíblica ao longo da história. É preciso reconhecer as heresias
que tentaram atacar a teologia e a igreja para entender as
respostas teológicas que foram dadas. A tradição não é
inerte, mas é muito importante para nos manter seguros.
Temos uma tradição que vem dos apóstolos sendo
preservada ao longo da história da Igreja. Paulo está dizendo
para os irmãos ficarem firmes nas tradições contra os erros e
más doutrinas, contra os falsos mestres, fraudes e heresias.
Eles precisavam estar firmes contra os novos métodos que
não provém da Palavra de Deus. Eles deveriam estar firmes
nas tradições.
É preciso ver como Deus preservou a sua Igreja fisicamente
contra as perseguições, protegendo para que ela não
morresse. Pelo contrário, quanto mais perseguida, mais
crescia. E como Deus preservou a sua revelação e a teologia
cristã. Temos hoje um cristianismo bíblico sendo pregado
e preservado nas nossas igrejas. O remanescente fiel
permanece e sempre vai permanecer, porque o nosso Deus
não só criou todas as coisas, mas que governa todas as
coisas. Como ele disse a Pedro, as portas do inferno jamais
prevalecerão sobre a Igreja. O Deus que governa a história,
preserva a Igreja e vai continuar fazendo isso até Jesus
voltar. E como a palavra diz, estamos batalhando pela fé que
uma vez foi entregue aos santos. Que o Deus que governa e
preserva toda a história, seja também o Deus que governa e
preserva a sua história individual.
23
​R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CAIRNS, Earle. Cristianismo através dos séculos. São Paulo:

Vida Nova, 2008

MCGRATH, Alister E. Teologia Sistemática, Histórica e

Filosófica. São Paulo: Shedd Publicações, 2005.

SHELLEY, Bruce. História do cristianismo: Uma obra

completa e atual sobre a trajetória da igreja cristã desde as
origens até o século XXI. Rio de Janeiro: Thoma Nelson, 2018

KELLEY, J. N. D. Patrística: Origem e desenvolvimento das

doutrinas centrais da fé cristã. São Paulo: Vida Nova, 1994.

24