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Acordos Comunidade e Empresa para Manejo Florestal Comunitário Idesam Imaflora CLUA 1
Acordos Comunidade e Empresa para Manejo Florestal Comunitário Idesam Imaflora CLUA 1
FLORESTAL
COMUNITÁRIO
E ACORDOS
COMUNIDADE/
EMPRESA NO
AMAZONAS:
Potencial produtivo e geração de
renda, impactos esperados, tipos de
acordos, salvaguardas necessárias,
embasamento legal e propostas
para políticas públicas
REALIZAÇÃO APOIO
SÉRIE
FLORESTAS COLETIVAS
Esta publicação
faz parte do Projeto
Florestas Coletivas
REALIZAÇÃO
IDESAM - Instituto de Conservação
e Desenvolvimento Sustentável da
Amazônia
APOIO
Climate and Land Use Alliance
(CLUA)
PROJETO
Florestas Coletivas
IDESAM
AUTORIA
Ana Luiza Violato Espada
Giuliano Piotto Guimarães
André Luiz Menezes Vianna
REVISÃO TÉCNICA
Carlos Gabriel Koury
REVISÃO GRAMATICAL
Glaucia Barreto
DIAGRAMAÇÃO
Sinestésica Comunicação
1. Introdução ................................................................................................................................................ 12
1.1. Objetivo do estudo .............................................................................................................................. 16
2. Metodologia .......................................................................................................................................... 18
2.1. Entrevistas individuais ....................................................................................................................... 18
2.2. Grupos focais .......................................................................................................................................... 20
2.3. Análise documental ........................................................................................................................... 21
Apêndices
Apêndice 1: Lista de organizações entrevistadas ..................................................................... 69
Apêndice 2: Lista de organizações representadas nos grupos focais ........................ 71
Apêndice 3: Perguntas norteadoras apresentadas aos grupos focais ....................... 72
Apêndice 4: Caracterização do setor florestal no Amazonas ........................................... 73
Apêndice 5: Acordos C/E: o caso da Resex Verde Para Sempre ..................................... 76
Apêndice 6: Programas do Governo Federal ............................................................................. 77
Apêndice 7: Programas do Governo do Estado do Amazonas ....................................... 79
Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
Lista de siglas e
abraviações
AFEAM – Agência de Fomento do Estado do Amazonas
CCDRU – Contrato de Concessão de Direito Real de Uso
CEMAAM – Conselho Estadual do Meio Ambiente do Amazonas
CEUC – Centro Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas
CLPI – Consentimento Livre, Prévio e Informado
CLUA – Climate and Land Use Alliance
CNS – Conselho Nacional das Populações Extrativistas
CTF – Cadastro Técnico Federal
DEMUC – Departamento de Mudanças Climáticas e Gestão de Unidades
de Conservação
DOF – Documento de Origem Florestal
EIR – Exploração de Impacto Reduzido
FAS – Fundação Amazonas Sustentável
FIEAM – Federação das Indústrias do Estado do Amazonas
FLONA – Floresta Nacional
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
IDAM – Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado
do Amazonas
IDESAM – Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia
IFAM – Instituto Federal do Amazonas
IMAFLORA – Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
MFC – Manejo Florestal Comunitário
PMFSPE – Plano de Manejo Florestal Sustentável de Pequena Escala
PMFS – Plano de Manejo Florestal Sustentável
POA – Plano de Operação Anual
RDS – Reserva de Desenvolvimento Sustentável
RESEX – Reserva Extrativista
SEPROR – Secretaria de Produção Rural do Amazonas
SINAFLOR – Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação
UC – Unidade de Conservação
UEA – Universidade Estadual do Amazonas
UFAM – Universidade Federal do Amazonas
ZUE – Zona de Uso Extensivo
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Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
Lista de tabelas
Tabela 1. Principais diferenças entre as categorias de plano de manejo florestal
sustentável no estado do Amazonas. Informações adaptadas de
VIANNA et al. (2017, p. 8) ....................................................................................................................................... 12
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Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
Lista de quadros
Quadro 1. Principais tipos de acordos entre comunidades e empresas no manejo
madeireiro em territórios coletivos ou familiares no estado do Amazonas .......................... 39
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Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
Lista de figuras
Figura 1. Setores que participaram das entrevistas individuais para a elaboração
do estudo sobre manejo florestal comunitário e acordos empresa/comunidade no
estado do Amazonas ............................................................................................................................................. 19
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Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
Apresentação
O manejo florestal sustentável e alternativas é a concessão florestal
responsável em territórios de uso onerosa, que ainda está iniciando no
comunitário é um componente estado. Somado a isso, as empresas
importante das agendas de produção, têm buscado se aliar às comunidades
economia e conservação na Amazônia que possuem extensos territórios para a
brasileira. No Amazonas, estado consolidação de arranjos produtivos que
que possui a maior área de floresta geram benefícios para ambas as partes.
conservada do país, as comunidades
tradicionais e rurais que praticam o É neste cenário de novidades para o
manejo florestal de uso múltiplo têm setor florestal amazonense que neste
ganhado destaque na produção e estudo Manejo Florestal Comunitário
comercialização de produtos in natura e Acordos Comunidade/Empresa no
e beneficiados, incluindo a madeira Amazonas: potencial produtivo e geração
tropical. de renda, impactos esperados, tipos
de acordos, salvaguardas necessárias,
Nesse estado, embora predomine embasamento legal e propostas para
o manejo madeireiro de pequena políticas públicas buscamos discutir,
escala e menor impacto em propor e promover arranjos produtivos
territórios comunitários, são muitas de manejo florestal comunitário
as oportunidades vislumbradas para fomentados por meio de acordos entre
os arranjos produtivos e comerciais comunidades e empresas do setor
que envolvem comunidades locais - florestal no estado do Amazonas.
representadas por suas organizações
formais - e empresas da indústria Este estudo enquadra-se nas ações do
florestal para o manejo florestal de maior Projeto Florestas Coletivas, realizado
intensidade e impacto. por meio da parceria entre o Instituto
de Conservação e Desenvolvimento
Destacam-se, por exemplo, as Unidades Sustentável da Amazônia (IDESAM)
de Conservação de uso sustentável, e o Instituto de Manejo e Certificação
onde as comunidades locais possuem Florestal e Agrícola (IMAFLORA),
florestas com potencial para planos com apoio da Climate and Land Use
de manejo florestal de maior impacto Alliance (CLUA). O projeto Florestas
de exploração. Entretanto, mesmo Coletivas tem como objetivo promover
que estas almejem manejar de forma uma discussão sobre relações entre
sustentável e responsável as suas comunidades e empresas no manejo
florestas, associações e cooperativas florestal, assim como propor modelos,
comunitárias ainda enfrentam enormes salvaguardas e apontar políticas públicas
desafios, como: o uso de maquinário necessárias para o desenvolvimento
inadequado para transporte da madeira; de manejo florestal executado em
a falta de acesso a recursos financeiros parceria entre empreendimentos
para iniciar as operações florestais; e a privados e comunidades tradicionais.
falta de experiência na venda da madeira Desejamos que o estudo seja útil para
em mercados formais e exigentes. fomentar o manejo florestal sustentável
e responsável em territórios de uso
Por outro lado, as empresas do setor comunitário do Amazonas.
florestal do Amazonas, que também
enfrentam diversos desafios para Boa leitura!
desenvolver o manejo de maior impacto
de forma sustentável e responsável,
têm buscado alternativas para manter
a produção madeireira e atender a
demanda dos mercados estadual, Carlos Gabriel Koury
nacional e internacional. Uma dessas Diretor Técnico / IDESAM
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Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
1. Introdução
O Manejo Florestal Comunitário de seus territórios (ANDRADE et al.,
(MFC) tem sido fomentado como 2020; PINTO; AMARAL; AMARAL,
estratégia para a conservação da 2011). Com isso, também surgiram
sociobiodiversidade aliada à melhoria diferentes arranjos produtivos para
da qualidade de vida dos povos viabilizar as operações florestais e a
tradicionais e comunidades rurais da comercialização da madeira.
Amazônia. Iniciativas de MFC têm,
de fato, fortalecido o uso responsável No Amazonas, destacam-se as
dos recursos naturais e permitido políticas florestais de promoção do
a comercialização de produtos in manejo florestal de Pequena Escala
natura e beneficiados. Dentre tais e de Menor Impacto de Exploração,
produtos, comunidades com aptidão cujos principais beneficiários são
e vocação florestal têm produzido pequenas unidades produtoras de
madeira tropical, comercializada em madeira lideradas por famílias ou
tora, serrada ou como produto final, grupos de famílias em territórios
incluindo barcos, móveis domiciliares individuais ou coletivos (VIANNA et
e escolares e pequenos objetos de al., 2017). Essas categorias de manejo
madeira. diferenciam-se na área destinada
à exploração madeireira e na
Nas últimas três décadas, o avanço intensidade de exploração florestal.
nas legislações federal e estaduais A Tabela 1 detalha as diferenças
para a regularização e fomento entre essas categorias e, para fins de
ao MFC levou ao aumento no comparação, demonstra mais duas
número de iniciativas formais de categorias previstas na legislação de
comunidades que buscam manejar manejo florestal do Amazonas: Várzea
e comercializar produtos madeireiros e Maior Impacto de Exploração.
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2. Sistematizar e apresentar
informações sobre tais acordos às
partes interessadas;
3. Identificar oportunidades e
necessidades de políticas públicas
que possam fomentar os acordos
e, ao mesmo, criar mecanismos de
transparência e salvaguardas mínimas.
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2. Metodologia
Adotamos três técnicas múltiplas fontes de dados (ou
complementares de coleta evidência), denominado “linhas
de dados para discutirmos os convergentes de investigação” (YIN,
Acordos C/E no MFC com foco na 2010, p. 143), é uma tática comum
produção madeireira do Amazonas: em pesquisa qualitativa que busca
entrevistas individuais, grupos focais evidenciar as descobertas de
e análise documental (MOREIRA; forma mais convincente e acurada,
CALEFFE, 2008). Essa abordagem aumentando, com isso, a validade
metodológica permitiu a obtenção dos resultados e conclusões
de dados primários (itens 1 e 2) e (CARNEIRO, 2018). A seguir,
secundários (item 3) e a triangulação apresentamos como aplicamos
dos dados coletados. O uso de cada técnica.
33 Entrevistas
individuais
Mais de 20
6 Grupos
focais
documentos
analisados
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Comunidade
18%
Empresa
18%
Educação e Pesquisa
18%
Governo
N=38
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Os documentos analisados
incluíam, mas não se limitaram a
artigos científicos, leis, decretos
e outras normativas federais e
estaduais, publicações técnicas,
estatutos de associações e
cooperativas comunitárias,
regimentos internos de manejo
florestal de empreendimentos
comunitários, planos de manejo
florestal sustentável comunitários e
empresariais e documentos sobre
Consentimento Livre, Prévio e
Informado (CLPI).
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3. Acordos C/E:
potencial produtivo e
de geração de renda
A partir da análise dos dados o gerenciamento e/ou operação do
primários e secundários obtidos por MFC como uma das estratégias para
este estudo, apontamos elementos a produção madeireira sustentável
de discussão importantes para o e responsável em territórios de uso
estabelecimento de Acordos C/E para coletivo do Amazonas.
3.1. Benefícios
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Envolver organizações sem fins lucrativos, como ONGs, para fomentar, apoiar e
monitorar os Acordos C/E e, até mesmo, assumirem algumas responsabilidades da
gestão florestal junto com as comunidades.
Fomentar o debate no âmbito do governo estadual para que possam acelerar ações
de regularização fundiária e oferecer maior disponibilidade de terras (privadas e
públicas) para o uso sustentável e responsável dos recursos florestais.
Caso os acordos não sejam bem discutidos e estruturados pelas partes interessadas,
incluindo o poder público, há o risco de se favorecer a exploração madeireira
legalizada, mas a que é insustentável e irresponsável, por meio de PMFS com
fragilidades nos aspectos socioeconômico, ambiental e operacional.
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O IDAM, importante ator no debate de Acordos C/E, embora possua corpo técnico
próprio, ainda é reduzido para atender a demanda. Somado a isso, os profissionais deste
órgão precisam receber capacitação e treinamento para acompanhar os novos arranjos
produtivos no MFC, que incluem PMFS de Maior Impacto de Exploração e Acordos
operacionais e comerciais entre empresas e comunidades.
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TOTAL 1.424.588
A destinação das Zonas de Uso As ZUEs ou, ainda, ZUE especial, são
Extensivo (ZUE) para o manejo aquelas áreas em que é permitida a
florestal em Florestas Estaduais pode exploração madeireira legalizada para
gerar um aumento de cerca de 122% fins de produção e comercialização
na área total manejada para a oferta por comunidades locais.
de madeira legal para o Amazonas.
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Notas:
(1) Não encontramos a área de ZUE no Plano de Gestão da RDS Mamirauá. Mas nos embasamos em
uma metodologia de exploração baseado na produtividade de apenas 40% das áreas de restingas de 30
associações para o MFC (NASCIMENTO; BATALHA; ABREU, 2012). A RDS do Rio Unini traz a Zona de Uso
de Manejo de Recursos Comunitários apta para o manejo florestal com área de 340.000 ha, muito acima
das demais RDSs, mas mantivemos essa área com a ressalva nessa nota de que essa informação pode
superestimar a área de MFC.
(2) O Mosaico é composto por sete unidades, sendo cinco de uso sustentável, as quais não foram
possíveis distinguir como UCs quando utilizamos as informações georreferenciadas. Assim, o valor
apresentado de ZUE refere-se à soma das ZUEs das cinco UCSs de uso sustentável.
(3) Nas UCs federais, alguns Planos de Manejo não foram encontrados no site do ICMBio. Outros foram
encontrados, porém não quantificavam a área de uso extensivo, apenas a descreviam.
(4) Embora não se tenha acesso ao percentual de área de várzea nas zonas destinas ao MFC, o presente
estudo baseou-se na distribuição dos PMFSs por categoria apenas para fins demonstrativos. Na prática,
é possível que RESEXs estaduais e/ou FLONAS federais, por exemplo, não possuam áreas de várzea
passíveis de manejo florestal. Já no caso do Mosaico do Apuí, excluímos a área dessa categoria uma vez
que na região predomina terra firme.
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3.4. Volume
Para calcularmos o potencial de motosserra de não derrubar a
volume de madeira a ser produzido árvore e árvores inventariadas e não
nos PMFSs comunitários e com exploradas por serem ocas. Com isso,
possibilidade de serem por meio de chegamos a um volume de
Acordos C/E, aplicamos o volume 21.716.910 m3 em madeira serrada
máximo que pode ser explorado passíveis de serem produzidos em
por hectare conforme categorias PMFSPE e de Menor Impacto e
de PMFS. Aplicamos ao volume um volume de 33.937.374 m3 em
calculado um desconto de 15%, madeira em tora passíveis de serem
representando erros de inventário explorados em PMFSs de Várzea e de
florestal, decisão do operador de Maior Impacto (Tabela 4).
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4. Impactos esperados
e tipos de acordo
4.1. Impactos positivos
esperados
Os Acordos C/E têm o potencial em grandes áreas florestais pode
de alavancar a cadeia de valor de ajudar as comunidades na proteção
produtos da sociobiodiversidade patrimonial de seus territórios
na Amazônia (MORSELLO, 2006), e, consequentemente, diminuir
incluindo a madeira, por meio da desmatamento e grilagem de terras.
integração de recursos financeiros,
saberes locais, conhecimento técnico As comunidades, por sua vez, podem
e acesso aos recursos florestais impactar positivamente os Acordos
que as diferentes partes envolvidas C/E no MFC com organização de base
podem oferecer. Por exemplo, representativa do território coletivo
as empresas têm o potencial de em que a empresa atuará, bem
impactar positivamente o MFC com como com grande conhecimento
aportes financeiros nas operações empírico do potencial madeireiro da
florestais, principalmente arraste floresta onde estão e saberes locais,
e transporte de madeira. Além que podem se configurar como
disso, as empresas podem apoiar tecnologia social a ser integrada
as comunidades no planejamento aos PMFSs.
financeiro e de exploração
madeireira, com uso de novas Indo além, os Acordos C/E no MFC
tecnologias de manejo florestal e podem ampliar o leque de parcerias
na busca de mercados responsáveis tanto das empresas quanto das
e conscientes para questões comunidades (ESPADA; SOBRINHO,
de sustentabilidade. 2019). As parcerias contribuem para
a formação e/ou fortalecimento da
A presença das empresas gestão coletiva dos recursos florestais
especializadas em manejo florestal de forma eficiente e qualificada,
no MFC, seja nas operações ou uma vez que tais parcerias podem
comercialização da madeira, pode, ser desenvolvidas por um coletivo
a partir dos aportes mencionados, formado por diferentes setores da
impactar outras dimensões sociedade. As ações de parceria
relacionadas às comunidades representam uma possibilidade e
e gestão integrada do território uma oportunidade nas conexões
coletivo. É relatado na literatura, entre atores sociais oriundos de
por exemplo, que a presença do diversos setores do estado, mercado
setor privado junto às comunidades e organizações da sociedade civil
pode fortalecer processos de organizada, os quais assumem o
organização social e aumentar papel de entes principais como
capital social ao longo do tempo canais democráticos no âmbito do
(MORSELLO, 2006). Somado a isso, MFC (ESPADA et al., 2017).
a presença de empresas idôneas
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TIPO A TIPO B
Associações ou cooperativas Associações comunitárias ou
comunitárias que executam todas grupos de famílias que vendem
as operações florestais, mantêm a madeira em pé para empresas
o controle sobre a gestão do madeireiras de pequeno e médio
MFC, em alguns casos, produzem porte a partir de acordos formais
madeira serrada e fecham acordos ou, mais comum, informais.
formais de compra e venda com
serrarias ou movelarias.
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Manter apoio técnico de terceiros, como das ONGs e IDAM, para garantir que o
monitoramento dos Acordos C/E tanto pelas comunidades quanto por terceiros seja
bem executado.
Comunidades devem fazer acordos com empresas distintas quando optarem por
acordos operacionais, aqueles voltados a atividades exploratórias, e acordos
comerciais, aqueles de compra e venda da madeira.
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Comunidades Empresas
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Comunidades Empresas
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Acordos C/E na RESEX Verde para Sempre (PA, ver Apêndice 6); organizações
governamentais, como a SEMA-AM e as secretarias municipais de produção e
de meio ambiente; ou ONGs, como IDESAM e FAS.
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5. Salvaguardas
para os acordos
comunidade/
empresa no MFC
Chamamos de salvaguardas um e legais das partes envolvidas e o
conjunto de ações a serem tomadas alcance dos objetivos iniciais que
em diferentes etapas dos Acordos motivaram tais acordos. Traçamos,
C/E para garantir a integridade da em seis passos, uma linha de ação
relação entre os atores envolvidos, a na qual as salvaguardas mínimas nos
manutenção dos direitos costumários Acordos C/E devem ser pensadas e
(aplicado apenas para comunidades) colocadas em prática (Figura 3).
1 2 3 4 5 6
Definir Identificar Estabelecer Criar plano Avaliar Adaptar
objetivos do possíveis salvaguadas de monirota- indicadores Acordos C/E,
Acordo C/E. impactos para atingir mento das em ciclos se necessário.
positivos e impactos salvaguadas determinados
negativos. positivos e com indica- para refletir
evitar os dores factiveis resultados.
negativos. de serem
avaliados
pelas
comunidades
e empresas.
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Socioeconômicas Ambientais
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5.3. Salvaguardas
socioeconômicas
São aquelas relacionadas aos aspectos sociais da comunidade e econômicos
da comunidade e da empresa.
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6. Embasamento
legal para acordos
C/E no MFC
Embasamento legal é tudo aquilo estão sendo executados visando à
que tem como base o ordenamento preservação e ao uso sustentável
da justiça, que tem validade e dos recursos naturais na Amazônia
reconhecimento do ponto de vista (Apêndices 7 e 8). Programas estes
judicial. Para o caso dos Acordos em que o MFC se enquadra em
C/E no MFC, encontramos tais sua totalidade, incluindo acordos
embasamentos nas esferas federal que comunidades fazem com o
e estadual. Uma série de programas setor empresarial.
de governo foram planejados e
(...)
(...)
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(...)
(...)
Art. 18. A Floresta Estadual (FES) é uma área com cobertura florestal de
espécies predominantemente nativas e tem como objetivos básicos o
uso múltiplo sustentável dos recursos florestais, a pesquisa científica e o
desenvolvimento sustentável de comunidades tradicionais, com ênfase
em métodos para manejo sustentável de florestas nativas.
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Art. 2o: Para os fins desta lei, aplicam-se os seguintes princípios: (...)
(...)
(...)
(...)
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(...)
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acordos C/E não diferem dos PMFSs impacto ao bem público. Isso implica
com condicionantes ambientais diretamente no envolvimento de
e responsabilidade para os ambos na destinação de recursos
representantes legais do PMFS. financeiros – via fundos da concessão
Com isso, a SEMA/AM, via conselhos onerosa, por exemplo, para o
estaduais e municipais das UCs, monitoramento robusto dos
tem o papel de garantir a execução Acordos C/E.
do manejo florestal sem gerar
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7. Acordos C/E:
recomendações para
políticas públicas no
Amazonas
As entrevistas individuais sugerem foram criadas para favorecer um
que o estado do Amazonas, no que segmento de produtores florestais
diz respeito à atividade florestal, familiares e comunidades, porém
encontra-se em uma situação crítica. em áreas de manejo pouco extensas,
Isto porque há um descrédito de sem discussões aprofundadas sobre
vários segmentos em relação ao as dinâmicas sociais e produtivas de
governo e ao próprio setor, resultante, comunidades localizadas em grandes
entre outras coisas, de impactos áreas florestais e sem reformulações
causados por operações recentes à contento para adaptar as
da Polícia Federal. Entretanto, modalidades de PMFPE, Várzea e
esse momento de crise pode Menor Impacto. Além disso, há um
representar uma oportunidade para entendimento no Amazonas de que
que alternativas viáveis e realistas MFC é somente aquele categorizado
sejam discutidas, aprimoradas e nessas modalidades mencionadas,
implementadas. Uma delas seria enquanto pode ser também de
a incorporação dos Acordos C/E Maior Impacto.
como estratégia da política florestal
estadual, de forma a: 1) fortalecer o Para agravar, o estado não tem uma
MFC no Amazonas; 2) incentivar a política florestal estruturante que
indústria madeireira e as empresas lhe traga uma identidade suficiente
desse setor que desejam trabalhar para abancar as questões técnico-
de forma legal e transparente; e 3) mercadológicas, econômicas, de
conservar as florestas do estado por incentivo, captação e implementação
meio do manejo florestal responsável de recursos, pesquisa, fomento
e sustentável. e uma infinidade de temas que
permanecem descobertos à mercê
No âmbito das políticas públicas de especulação e “achismos”.
estaduais existentes e das ações
concretas sendo colocadas em Atualmente a gestão ambiental do
prática no âmbito do MFC e das Amazonas desfavorece as iniciativas
alternativas de produção madeireira, de MFC e aquelas que preveem
tecemos alguns comentários e Acordos C/E. Um dos principais
recomendações que podem, na fatores relacionados a isso é a
medida do possível, impactar os insegurança jurídica, uma vez que
setores envolvidos, principalmente o estado não avança na regularização
o estado. fundiária e na revisão de processos
de licenciamento ambiental
O primeiro ponto é que políticas dos PMFSs.
de incentivo ao MFC no Amazonas
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Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
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observamos um descompasso com
a realidade do setor privado. Muitos
dados importantes da iniciativa
privada local são desprezados e Implementar política florestal
substituídos por outros de fontes estruturante, que inclua
duvidosas ou que não condizem com modalidades diversas de
as informações reais do Amazonas. manejo florestal realizado
Além de o estado ser extremamente por pequenos produtores e
dependente de recursos financeiros comunidades, sem limitar
advindos de fundos centralizados. investimentos e assistência
técnica florestal aos casos
O momento de incertezas do de pequena escala ou baixa
setor florestal, atrelado à questão volumetria. Ainda, a política
fundiária e ao aumento da demanda florestal estadual precisa
por madeira são favoráveis para ter mecanismos claros de
repensarmos o manejo florestal, diálogo entre os diferentes
empresarial e comunitário, a fim de setores: governo, empresas e
criarmos alternativas econômicas comunidades, abrindo espaço
sustentáveis para o estado do também para representantes
Amazonas. As responsabilidades desses segmentos como a
inerentes de se manejar as florestas FIEAM, CNS e ONGs.
tropicais de forma responsável e
sustentável podem ser divididas
entre os setores envolvidos – governo,
setor privado e comunidades − a O Diálogo Florestal pode
partir de Acordos C/E em áreas de ser uma ótima plataforma
uso comunitário do Amazonas onde a para facilitar a interação e o
comunidade avalie ser interessante e diálogo entre representantes
deseje tal arranjo socioprodutivo. de diversos setores. O Fórum
Florestal da Amazônia dessa
Alguns passos podem ser dados plataforma está em fase de
nesse sentido, os quais apresentamos estruturação e captação
a seguir como recomendações para de recursos para sua
as políticas públicas de fomento ao efetivação. Esta é uma grande
MFC e à produção madeireira de oportunidade para que SEMA-
forma responsável e sustentável. AM, FIEAM e CNS se insiram
no debate e tragam temáticas
específicas do estado. Além de
criar plataformas similares ou
mesmo um Fórum de Diálogo
Florestal do Amazonas.
https://dialogoflorestal.org.br/
https://dialogoflorestal.org.
br/foruns-regionais/forum-
florestal-da-amazonia/
62
Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
2 3
Criar, no escopo da política Criar mecanismos de acesso
florestal estadual ou CEMAAM, efetivo ao Fundo Estadual de
instrumentos legais que Meio Ambiente (FEMA) e mais
reconheçam as empresas especificamente aos fundos
do setor madeireiro como alimentados com as concessões
financiadoras e promotoras florestais onerosas no
de formação informal em Amazonas, estabelecendo vias
operações de manejo florestal de financiamento no âmbito
no escopo dos Acordos C/E, estadual específicas para
desde que utilizando instâncias acordos entre comunidades e
de transparência e controle empresas. Nessa linha, o recém-
social para o cadastro dessas criado Programa Mais Manejo
empresas. Ainda, promover Florestal (Decreto n.º 44.191,
mecanismos de contratação de de 12/07/2021; ver Apêndice
assistência técnica e extensão 8) é um ótimo início, mas
florestal privada, que permitam ainda limitado à produção de
contratar empresas ou ONGs madeira oriunda de PMFSPE e
especializadas em MFC e EIR. PMFS de Menor Impacto
de Exploração.
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Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
4 5
Criar instrumentos legais Criar um banco de informações
de monitoramento e digital sobre comunidades e
responsabilização para garantir empresas “ficha-limpa” com
segurança e salvaguardas interesse em desenvolver MFC
mínimas para todos os setores com Acordos C/E. Para isso,
envolvidos nos Acordos C/E. SEMA-AM e IPAAM podem
Tais instrumentos podem buscar parcerias de ONGs e
ser discutidos no âmbito da IDAM para levantar informações
CEMAAM, precisando aumentar sobre as comunidades e da
mais a presença e participação FIEAM, sobre as empresas.
plena de representações
comunitárias (e não seus
parceiros). Isso quer dizer que
as comunidades precisam
estar informadas e preparadas Reforçamos a necessidade da
para tais fóruns de debate e adoção de um termo único
decisão. Nesse mesmo sentido, para as áreas de MFC nas UCs
as empresas também precisam estaduais. Por exemplo, Zona de
se preparar melhor e estarem Manejo Florestal Comunitário
informadas sobre o que é MFC. (ZMFC). Incluir quantitativo de
área e potencial de volume
madeireiro no Plano de Outorga
Florestal Estadual.
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Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
6
avançar nessa agenda no estado
do Amazonas, ainda é necessário
vencer alguns obstáculos, uns mais
Incorporar processos de simples, outros mais desafiantes
CLPI nas normativas de e de longo prazo. Nesta seção,
licenciamento do MFC, concluímos este estudo com
com ou sem Acordos C/E. O algumas recomendações, mas sem
Consentimento Livre, Prévio e a audácia de acreditarmos que aqui
Informado deve ser premissa solucionaremos todos os problemas
em todo processo de tomada do setor e tampouco endereçando
de decisão sobre uso de todas as barreiras e desafios que
recursos naturais em precisam ser tratados. Por isso,
territórios coletivos. convidamos você, leitor ou leitora, a
contribuir com essa agenda a partir
de seus comentários, sugestões
e experiências.
O estudo elaborado por Hite
(2014) traz elementos bem
interessantes para o governo,
empresas e comunidades e Por favor, compartilhe
que podem ser discutidos seu comentário, sugestão ou
na formulação do arcabouço experiência pelo email
jurídico que tornará obrigatório contato@idesam.org.br. Colocar no
o CLPI. Embora tenhamos título do email “Florestas Coletivas
avançado muito na discussão - Acordos C/E”.
de CLPI desde 2014, Hite
aborda especificamente CLPI Equipe
no contexto dos acordos entre Florestas Coletivas
comunidade e empresa no
setor florestal.
Onde encontrar
(em português):
https://theforestsdialogue.
org/sites/default/files/tfd_
fpicreport_towardsconsent_pt_
hi-rez.pdf
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Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
Referências
bibliográficas
AMARAL NETO, M.; CARNEIRO, M. S.; CASTANHEIRA NETO, F. Perspectivas
MIRANDA, K. F. Análise de acordos e desafios na promoção do uso das
entre Empresas e Comunidades florestas nativas do Brasil. Brasília:
para a exploração de madeira em Confederação Nacional da Indústria -
assentamentos rurais na região da CNI, 2018.
BR 163 e entorno no Estado do Pará.
Belém: IEB, 2011. CASTANHEIRA NETO, F.; SCÁRDUA, F.
P.; JACINTO, J. M. Rede de inovação
AMEND, M. Plano de Manejo Florestal tecnológica para o setor madeireiro
Sustentável de Menor Impacto da RDS da Amazônia Legal. Série Documentos
do Uatumã - Estudo de Viabilidade Técnicos. Brasília: Centro de Gestão e
Financeira. Manaus: IDESAM, 2021. Estudos Estratégicos, 2010.
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Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
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Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
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APÊNDICE 1
Lista de organizações
entrevistadas para o
estudo
SETOR ORGANIZAÇÃO
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SETOR ORGANIZAÇÃO
Pesquisa e
Instituto de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá - IDSM
ATEF
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APÊNDICE 2
Lista de organizações
representadas nos
grupos focais
ORGANIZAÇÃO
Evergreen Investimentos Florestais
ADS - Agência de Desenvolvimento Sustentável
APADRIT - Associação dos Produtores Agroextrativistas da Assembleia de Deus do
Rio Ituxi
APEFEA - Associação Profissional dos Engenheiros Florestais do Amazonas
CLUA - Climate and Land Use Alliance
CNS - Conselho Nacional das Populações Extrativistas
CREA/AM - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas
FIEAM - Federação das Indústrias do Estado do Amazonas
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
IDESAM - Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia
IDSM - Instituto de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá
IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil
IMAFLORA - Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola
IPAAM - Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas
Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã
SEMA/AM - Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas
SEPROR - Secretaria de Produção Rural do Amazonas
SINDMAD/AM - Sindicato da Indústria de Serrarias, Carpintarias e Tanoarias no
Estado do Amazonas
UFAM - Universidade Federal do Amazonas
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Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
APÊNDICE 3
Perguntas norteadoras
apresentadas aos
grupos focais
Primeiro momento de grupo focal:
SALA VIRTUAL 1: GOVERNO
1. Como o Estado pode promover o manejo florestal comunitário por meio da
relação comunidade/empresa?
2. Quais são os pontos do arcabouço jurídico do Estado que devem ser discutidos?
3. Qual papel do Estado no monitoramento da relação comunidade/empresa?
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APÊNDICE 4
Caracterização do
setor florestal no
Amazonas
As empresas de base florestal do estado comercialização de produtos florestais;
do Amazonas se caracterizam por
• Morosidade no processo de
serem, em sua maioria, de pequeno e
licenciamento ambiental;
médio portes. A Mil Madeiras Preciosas
Ltda - Precious Wood Amazon é • Cadeia economicamente mal
a única empresa de grande porte uniformizada;
do estado, instalada desde 1994, e
• Má distribuição dos recursos; e
conquistou um nicho de mercado que
acaba por viabilizar as suas operações, • Necessidade de verticalização da
principalmente numa situação de produção.
cotação de dólar alta. Diferente do que
ocorre com as demais empresas que, por A indústria de base florestal instalada no
serem menores, são mais afetadas por estado do Amazonas é pouco expressiva
instabilidades políticas e econômicas. e concentrada em áreas de interesse
econômico, apesar da existência da
Além disso, o setor madeireiro no Zona Franca de Manaus − área de livre
Amazonas foi identificado por ser comércio de importação e exportação
desorganizado, estabelecer pouca − e de incentivos fiscais especiais, que
comunicação entre empresas e por atuam como o grande catalizador de
empresas terem menores chances de investimentos e empregos no estado
participação em grandes projetos ou (CASTANHEIRA NETO, 2018).
políticas públicas mais robustas, como as
concessões florestais. Identificamos que existe integração
do setor florestal com a parte que não
É comum, assim como em qualquer é Zona Franca de Manaus, tanto em
atividade, a existência de pessoas termos fiscais e tributários como em
atuando há muito tempo de forma termos governamentais e políticos. Além
irregular. Práticas como extração ilegal disso, no setor predominam pequenas
de madeira, sem registro no sistema serrarias cujos proprietários não se
de origem florestal, usando plano colocam no papel de empresários,
de manejo florestal para acobertar mas de comerciantes de madeira, sem
madeira de origem ilícita, comprovam a preocupação e controle no que se
necessidade de monitoramento do setor. refere a custos e à busca por melhores
oportunidades para financiamento para
Entre as características do setor reinvestimentos no seu negócio, não se
madeireiro do Amazonas, destacam-se: preocupam também com o crescimento
do negócio.
• Mercado e demanda consolidada para
madeira maciça;
O Amazonas ocupa a quarta posição em
• Falta de controle efetivo da madeira número de empreendimentos industriais
comercializada; instalados na Amazônia Legal, atrás do
Pará, Mato Grosso e Rondônia (Figura 4).
• Falta de políticas de incentivo à
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Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
Pará 1.806
Mato Grosso 1.758
Rondônia 1.416
Amazonas 618
Acre 230
Maranhão 225
Roraima 183
Amapá 83
Tocantins 69
0 500 1000 1500 2000
74
Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
700
693
600 673
619 602 618
578 554
500 519
516
400 465 458
413
300
200
100
65 71 75
0 52 61 62
2011 2012 2013 2014 2015 2016
75
Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
APÊNDICE 5
76
Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
APÊNDICE 6
Programas do Governo
Federal
Aqui apresentamos uma síntese de Comissão Executiva para Controle
alguns programas do governo federal do Desmatamento Ilegal
relacionados ao MFC e Acordos C/E. Para coibir o desmatamento ilegal no
Brasil, no ano passado o governo federal
Programa Floresta + criou a Comissão Executiva para Controle
O programa é destinado à valorização de do Desmatamento Ilegal e Recuperação
quem preserva e cuida da floresta nativa da Vegetação Nativa, dentro do
brasileira. Num primeiro momento, o Ministério do Meio Ambiente.
programa vai destinar mais de R$ 500
milhões do Fundo Verde do Clima para A comissão tem como objetivo propor
remunerar quem preserva, conserva e planos e diretrizes para prevenção e
recupera a natureza na Amazônia Legal. controle do desmatamento ilegal e
A iniciativa conta com a participação do recuperação da vegetação nativa nos
setor privado e de recursos de acordos biomas; coordenar a implementação
internacionais. da Política Nacional de Recuperação da
Vegetação Nativa e do Plano Nacional
Poderão ser reconhecidas e beneficiadas de Recuperação da Vegetação Nativa; e
diversas categorias fundiárias, sejam propor medidas para o fortalecimento
elas áreas privadas, de preservação da atuação do Poder Público em ações
permanente e de uso restrito, estratégicas para o meio ambiente.
assentamentos, terras indígenas ou
unidades de conservação, desde que Sinaflor +
tenham atividades de proteção e Para proteger a floresta amazônica,
conservação de recursos naturais. uma das ações do governo federal
foi o lançamento, em 2021, do
Redução de gases: Floresta + Sinaflor+. É um sistema que permite
Carbono um maior controle no manejo da
O programa Floresta + Carbono foi madeira na região, rastreando desde
destinado para que as empresas a origem e fortalecendo o combate ao
que não têm como reduzir parte de desmatamento ilegal.
suas emissões de carbono possam
compensá-las. O programa prevê a O Sinaflor+ também traz mais
geração de créditos de carbono por segurança para quem trabalha de
meio da conservação e recuperação da maneira regular no setor madeireiro.
vegetação nativa. Segundo o Ministério Segundo o Ministério do Meio Ambiente,
do Meio Ambiente, as florestas tropicais, além de prevenir fraudes, ele vem
em sua maioria conservadas em se somar a uma série de ações do
território brasileiro, são responsáveis por governo federal para fechar o cerco ao
55% dos estoques de carbono do mundo, desmatamento ilegal na Amazônia. O
o que coloca o Brasil numa posição sistema conta ainda com um painel de
privilegiada no mercado de serviços controle integrado para o usuário, com
ambientais e de créditos de carbono. ferramentas que vão desde histórico
até busca inteligente, facilitando o
gerenciamento de autorizações e
pendências por parte do empreendedor.
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Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
Regularização fundiária
Com a regularização fundiária, o governo
busca promover o desenvolvimento
aliado à preservação. Quando concluída,
garantirá ao proprietário da terra acesso
a políticas de crédito e apoio à produção,
aumentando a renda dos produtores. A
regularização também impõe deveres
quanto à preservação ambiental nas
propriedades e responsabilização por
ilegalidades.
Fonte: https://www.gov.br/casacivil/pt-
br/assuntos/noticias/2020/novembro/
conheca-algumas-as-acoes-do-governo-
federal-para-cuidar-da-amazonia
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Manejo Florestal Comunitário e Acordos Comunidade/Empresa no Amazonas
APÊNDICE 7
Programas do Governo
do Estado do Amazonas
Aqui apresentamos uma síntese de • Capacitação de Agricultores Familiares
alguns programas do governo estadual e Produtores Rurais
amazonense previsto no Plano Plurianual
• Criação de Plataforma para o Setor
do período 2020-2023 relacionados ao
Primário.
MFC e Acordos C/E.
• Fomento e Apoio à Produção Agrícola,
Mais Manejo Florestal Florestal e Pesqueira dos Povos
O Programa de Incentivo à Produção de Indígenas.
Madeira Manejada tem como objetivo • Fomento e Apoio à Produção
fomentar a cadeia do manejo florestal Agropecuária, Florestal, Pesqueira e
no Amazonas. Vem sendo executado Fauna.
pelo governo do estado por meio
da Secretaria de Produção Rural do • Infraestrutura de Escoamento da
Amazonas (SEPROR). Produção – Transporte.
• Organização e Dinamização de Cadeias
Os manejadores comunitários ou Produtivas Florestais, Pesqueiras e
familiares que participarão do Mais Agropecuárias.
Manejo Florestal poderão também
• Qualificação e Capacitação para o Setor
vender os produtos madeireiros que
Primário.
foram beneficiados para o Programa
de Regionalização do Mobiliário Meio Ambiente e Desenvolvimento
Escolar (Promove), da Agência de Sustentável
Desenvolvimento Sustentável (ADS), que • Desconcentração e Descentralização do
fornece para a rede pública mobiliários Controle Ambiental.
produzidos com madeira oriunda de
• Gestão dos Recursos do Fundo Estadual
planos de manejo legalizados.
do Meio Ambiente.
79
REALIZAÇÃO
APOIO