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Legislação e Ética

Introdução
ÉTICA – vem grego “ethos” (“costume”, “modo de ser”,
“caráter”, “hábito”, “morada”) (Sanchez, p. 14)
Ramo da filosofia que procura “explicar a moral
efetiva”, determinando sua origem, seus efeitos, os
critérios de sua escolha, enfim, as diversas razões,
consequências e significados da moral = “teorização
ou ciência da moral”. (Sanchez, 1993, p. 12-13)

Para alguns, é sinônimo de moral, sendo apenas o


nome que os romanos deram para o termo grego
ethos. (Marcondes, p. 9)
Tradicionalmente, a
ética é entendida como
um estudo, uma
reflexão - científica,
filosófica e
eventualmente até
teológica - sobre os
costumes ou sobre as
ações.
É a investigação a respeito das noções de bem e mal,
de justo e injusto, do conjunto de valores que os
homens admitem por tradição, por hábito ou pela
adesão a um conjunto de crenças.
• É a ciência de princípios que fundamenta a vida
moral, que determina a respeito das noções de
felicidade, virtude.
• É a ciência, a teoria dos fundamentos, dos princípios,
da reflexão, com resultados práticos.
• É a sistematização das bases do fato moral e a
determinação das diretrizes e princípios abstratos da
moralidade, de acordo com uma conceituação
qualitativa de valores.
• É o ramo da filosofia que estuda as origens, as
consequências e as causas da moral aceita por uma
sociedade/indivíduo (com o objetivo implícito de investigar
se tal moral está ou não trazendo/alimentando algum tipo
de sofrimento/desprazer a quem a adota e aos OUTROS
que de alguma forma interagem com os atos guiados por
tal moral).
Três tipos de conceitos para ética
1) “Sentido reflexivo/filosófico” - neste sentido, a ética é vista
como uma teoria, que estuda problemas teóricos, embora seu
ponto de partida sejam problemas práticos do dia a dia (p. e. se
fulana devia ou não fazer aborto). Ou seja, a reflexão não seria
específica sobre o problema prático – aborto - mas sim, mais
generalista, isto é, em vez de culminar numa resposta – princípio
ético – para a ação de fulana, culminaria numa reflexão mais geral,
conceitual como sobre “o que é a vida”, a qual, logicamente, não
deixaria de influir na solução do problema prático.
2) “Sentido básico ou descritivo” (seria sinônimo de moral) –
“Conjunto de costumes, hábitos e práticas de um povo (…) que
definem, ainda que muitas vezes de modo implícito e informal, a
maneira correta ou adequada de comportamento naquela
sociedade”.

Ex.: “As pessoas desta sociedade costumam delatar os traidores,


mesmo que sejam seus amigos”.
3) “Sentido prescritivo ou normativo” – “conjunto de preceitos que
estabelece e justifica valores e deveres, desde os mais genéricos, tais
como as éticas cristã ou estóica, até os mais específicos, como o
código de ética de uma categoria profissional”.

Ex.: Norma - “Os interesses da pátria devem ser postos acima dos
da amizade”.
Sentido cotidiano do termo ÉTICA, ligado ao senso
comum
Conjunto de princípios que estabelecem e justificam valores e deveres, desde
os mais genéricos (como “o que é o amor”) “até os mais específicos, como o
código de ética de uma categoria profissional”.

Ou

Conjunto de princípios que define o “que é certo ou errado, bom ou mau,


permitido ou proibido” (o DEVER), adotados a partir da reflexão sobre a moral
vigente e guiados pela busca do “bem comum”, ou seja, pela reflexão sobre as
consequências boas ou más desta moral para as pessoas que com ela
convivem.
Sentido proposto para o termo ética

É a reflexão a respeito dos valores que sustentam as


relações humanas, forjam os princípios e orientam as
ações do indivíduo em sociedade. Ou seja, refletir,
questionar, já é estar no domínio da ética.
MORAL – vem latim “mos”, “moris”, “moralis”
(costumes)

Conjunto de normas de uma sociedade, grupo ou indivíduo que regulamenta o


que é bom ou mau, adequado ou não no comportamento humano referente a
atos/decisões morais, ou seja, a atos/decisões que implicam em possíveis
consequências (boas ou más) a outras pessoas além da que os executa.
• ATO ou PROBLEMA MORAL = “Problemas ou atos cuja
solução/execução não concerne somente à pessoa que os propõe,
mas também a outra ou a outras pessoas que sofrerão as
consequências da sua decisão e da sua ação”.

• ATO OU PROBLEMA NÃO MORAL: ato cuja execução/solução não


implica em consequências para outras pessoas além da que o
executa.
Ex: comer, escovar os dentes, tomar banho, amarrar os tênis etc.
• Valor Não Moral = qualificação atribuída a atos, objetos, referente não ao caráter
bom ou mau das consequências que eles trarão para as pessoas envolvidas, mas a
outras propriedades dos mesmos.

EX. de valores não morais: Beleza (valor estético); Utilidade (valor prático);
Caro/barato etc. [ “A faca é útil para o cozinheiro, a faca é de prata, cara”.]

• Valor Moral = qualificação atribuída a atos, objetos, decisões referente às


consequências boas ou más que eles trarão às pessoas que cercam aquela que os
executa/utiliza.

EX. de valores morais: Justiça; Injustiça; Bondade; Maldade; Honestidade;


Desonestidade; Coragem; Covardia; Amizade; Amor; Egoísmo; Ódio; Fidelidade;
Piedade; Orgulho; Felicidade; Tristeza; Liberdade; Opressão; Sinceridade; Falsidade
… [ “A forma como o assassinato foi cometido - faca - foi um ato de ódio e
totalmente injusto”. ]
ÉTICA X MORAL X DEONTOLOGIA
Ética = está mais ligada a valores, à reflexão a respeito dos princípios que orientam
as ações em sociedade. A ética lida com valores, muitas vezes conflitantes, numa
busca por tentar resolver as questões da existência.

Moral = mais ligada a comportamentos, mais condicionada a determinada época,


momento histórico, cultura ou comunidade.

Deontologia = vem do grego deontos, que significa o que deve ser, isto é, a
cristalização provisória do mundo moral, validade pela reflexão ética em normas
sociais concretas (leis, códigos ...).

• PARA REFLEXÃO: Analisar se realmente a conduta de povos que acham correto


mutilação de mulheres tem a ver como ética ou com moral.
CONDIÇÕES CONSIDERADAS FUNDAMENTAIS PARA JULGAR
UMA AÇÃO COMO ANTIÉTICA
- Liberdade: não estar submetido a poderes externos ou internos que o obriguem à ação.
EX: Um segurança ou gerente de um banco desliga o alarme porque um assaltante está com uma
arma apontada para sua cabeça ou porque mantém sua família refém.

- Consciência / Conhecimento: não pode ignorar “nem as circunstâncias nem as consequências da


sua ação”. Ter capacidade e obrigação de possuir a informação que lhe seria fundamental para
agir eticamente.
EX: Uma pessoa oferece a um visita um chá com açúcar comum porque não sabe que ela é
diabética.

- Responsabilidade: ser capaz de refletir sobre a sua responsabilidade/parcela de


responsabilidade ou culpa na ação, ou seja, sobre as causas e consequências de sua ação para si
mesmo e para os outros.
EX: Um cleptomaníaco, uma pessoa com determinados problemas mentais ou uma criança pode
não ser responsável, em algum momento, por seus atos.
Classificação dos atos humanos
- Ato não moral: atos que, em geral, não demandam uma reflexão sobre os valores
morais, pois, comumente, não parecem trazer fontes de prazer/desprazer para o
indivíduo isolado ou à coletividade. Ex.: situações padrão, normais, cotidianas de
escovar os dentes, dormir, comer, tomar banho etc.
- Ato moral: de acordo com as normas vigentes na sociedade, relacionadas aos
valores morais.
- Ato imoral: em desacordo com as normas vigentes na sociedade, relacionadas aos
valores morais.
- Ato amoral: ato que não pode ser julgado como ético ou antiético porque
indivíduo é desprovido de algum elemento fundamental para a ocorrência do ato
moral. (Liberdade, Consciência / Conhecimento, Responsabilidade)
Assim, se...
• Postura ética = é a reflexão sobre se moral adotada está ou não trazendo/alimentando algum tipo
de sofrimento/desprazer a quem a adota e aos OUTROS que de alguma forma interagem com os
atos guiados por tal moral.

• Códigos de ética = lista de normas de conduta entendidas como aquelas que devem ser seguidas,
por serem julgadas como que menos trazem/alimentam algum tipo de sofrimento/desprazer a
quem a adota e aos OUTROS que de alguma forma interagem com tais condutas.

• Ações éticas ou morais = aparentam ser as que menos trazem/alimentam algum tipo de
sofrimento/desprazer a quem interage com elas. Nota-se que, no dia a dia, ações éticas e morais
acabam sendo vistas como sinônimos e, da mesma forma, ações antiéticas ou imorais.

• Ao se pensar em ética sempre está em jogo a preocupação se as normas de conduta adotadas por
alguém não estão trazendo/alimentando sofrimento/desprazer nos OUTROS que cercam este
alguém.
Então...
Uma matéria jornalística antiética ou uma campanha publicitária antiética é
ato “imoral” (antiético), e não “não moral” ou “amoral”. Não pode ser
classificado como “não moral” porque fazer jornalismo/publicidade demanda,
sim, a reflexão sobre valores morais (será que esse conteúdo
jornalístico/publicitário assim abordado promove ou desfavorece justiça,
amizade, raiva?), e nem “amoral”, já que, no geral, os jornalistas/publicitários
possuem todas as condições e elementos fundamentais para que sejam
sujeitos éticos, devendo, sim, primar pela ética em sua profissão.
PARA LEMBRAR...
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Ser humano
de
SER na RELAÇÃO
em
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Ética

valores ====== princípios ======== ações


Fontes:
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. SP: Ática. 1995.
FITTIPALDI, Maristela. Ética no jornalismo: o desafio do cotidiano.
ECO/UFRJ. Dissertação de Mestrado, 1998.
MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. SP: Martins Fontes, 1994.
VAZQUEZ, Sanchez, Adolfo. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1999.
VALLS, ÀLVARO. O que é ética. Coleção Primeiros Passos. SP:
Brasiliense, 1986.

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