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DEONTOLOGIA E PRÁTICA

PROFISSIONAL
DEONTOLOGIA E PRÁTICA PROFISSIONAL

NOÇÕES ESPECÍFICAS DA ATUAÇÃO DO


ARQUITETO E URBANISTA NO BRASIL

SUMÁRIO

Parte 1

1. A ética e a prática do arquiteto e urbanista


1.1. Código de Ética e Disciplina do Conselho de Arquitetura e Urbanismo
do Brasil

Parte 2

1. Noções e normas específicas sobre a prática profissional


1.1. Direito autoral
1.2. Indicação de responsabilidade técnica em placas e anúncios
Parte 1

1. A ÉTICA E A PRÁTICA DO
ARQUITETO E URBANISTA

Na primeira unidade foi estudado o surgimento dos marcos regulatórios do arquiteto e


urbanista no Brasil, bem como, algumas das resoluções que especificam as áreas de
atuação e as atividades técnicas que podem ser desenvolvidas na prática por este
profissional. Como deve ter percebido, em diversos momentos mencionamos a
importância da ética nesse processo, sendo essa palavra originada do termo grego ethos,
significando “bom costume” ou “aquele que possui caráter” (ABSTRACTA, 2020); como
vimos anteriormente, tal definição se alinha com a lançada por Guadet, no século final
do XIX, que considera o arquiteto “o homem honesto perito em edificar”.

Apesar da conceituação subjetiva ao relacionar-se à honestidade e à moralidade, a ética


também pode ser guiada por parâmetros concretos e objetivos, sendo o papel de normas
e códigos orientarem a conduta do profissional arquiteto e urbanista nesse sentido.

Por sua vez, a responsabilidade de guiar a prática é dada ao Conselho de Arquitetura e


Urbanismo no Brasil, conforme grifado no parágrafo 1º do artigo nº 24 da Lei federal nº
12.378/2010, em que se tem:

Art. 24. Ficam criados o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil


- CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito
Federal - CAUs, como autarquias dotadas de personalidade jurídica de direito
público, com autonomia administrativa e financeira e estrutura federativa,
cujas atividades serão custeadas exclusivamente pelas próprias rendas.

§ 1o O CAU/BR e os CAUs têm como função orientar, disciplinar e


fiscalizar o exercício da profissão de arquitetura e urbanismo, zelar pela fiel
observância dos princípios de ética e disciplina da classe em todo o
território nacional, bem como pugnar pelo aperfeiçoamento do exercício da
arquitetura e urbanismo.

Novamente, ressaltamos o quanto a Lei federal nº 12.378/2010 é um documento básico


que todo arquiteto e urbanista responsável deve (re)conhecer. Para além de indicar a
responsabilidade do CAU/BR, já traz uma definição mais específica ao mencionar a
criação do Código de Ética e Disciplina do Conselho de Arquitetura e Urbanismo
do Brasil, que estudaremos adiante; além disso, já lista uma série de comportamentos
considerados infrações, alguns dos quais também trataremos, sendo abordados pelo
artigo nº 18.

Art. 17. No exercício da profissão, o arquiteto e urbanista deve pautar sua conduta
pelos parâmetros a serem definidos no Código de Ética e Disciplina do CAU/BR.

Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina deverá regular também os


deveres do arquiteto e urbanista para com a comunidade, a sua relação com os
demais profissionais, o dever geral de urbanidade e, ainda, os respectivos
procedimentos disciplinares, observado o disposto nesta Lei.

Art. 18. Constituem infrações disciplinares, além de outras definidas pelo


Código de Ética e Disciplina:

I - registrar projeto ou trabalho técnico ou de criação no CAU, para fins de


comprovação de direitos autorais e formação de acervo técnico, que não haja sido
efetivamente concebido, desenvolvido ou elaborado por quem requerer o registro;

II - reproduzir projeto ou trabalho técnico ou de criação, de autoria de


terceiros, sem a devida autorização do detentor dos direitos autorais;

III - fazer falsa prova de quaisquer documentos exigidos para o registro no CAU;

IV - delegar a quem não seja arquiteto e urbanista a execução de atividade


privativa de arquiteto e urbanista;

V - integrar sociedade de prestação de serviços de arquitetura e urbanismo


sem nela atuar, efetivamente, com objetivo de viabilizar o registro da empresa no
CAU, de utilizar o nome “arquitetura” ou “urbanismo” na razão jurídica ou nome
fantasia ou ainda de simular para os usuários dos serviços de arquitetura e
urbanismo a existência de profissional do ramo atuando;

VI - locupletar-se ilicitamente, por qualquer meio, às custas de cliente,


diretamente ou por intermédio de terceiros;

VII - recusar-se, injustificadamente, a prestar contas a cliente de quantias que


houver recebido dele, diretamente ou por intermédio de terceiros;

VIII - deixar de informar, em documento ou peça de comunicação dirigida a cliente,


ao público em geral, ao CAU/BR ou aos CAUs, os dados exigidos nos termos desta Lei;

IX - deixar de observar as normas legais e técnicas pertinentes na execução


de atividades de arquitetura e urbanismo;

X - ser desidioso na execução do trabalho contratado;

XI - deixar de pagar a anuidade, taxas, preços de serviços e multas devidos ao


CAU/BR ou aos CAUs, quando devidamente notificado;

XII - não efetuar Registro de Responsabilidade Técnica quando for obrigatório.


1.1. Código de Ética e Disciplina do Conselho de
Arquitetura e Urbanismo do Brasil

O Código de Ética e Disciplina do Arquiteto e Urbanista foi aprovado pela Resolução nº


52, em 06 de setembro de 2013, pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo no Brasil.
A resolução trata sobre os princípios éticos, os quais devem ser compreendidos e
seguidos pelos arquitetos e urbanistas perante a sociedade como um todo. As funções
deontológicas do código assumem dois papéis: a) a educação preventiva, que tem
função informativa pública, tratando sobre deveres profissionais da profissão, bem como,
da dignidade dos arquitetos e urbanistas; b) a educação coercitiva, a qual orienta e
reprime os erros que podem vir a ser praticados por aqueles que são orientados pela
resolução.

Ao estudar o Código de Ética e Disciplina do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do


Brasil podemos verificar que este documento apresenta uma estrutura composta por seis
tipos de obrigações: obrigações gerais; obrigações para o contratante; obrigações para
o interesse público; obrigações para com a profissão; obrigações para com os colegas;
obrigações para com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). Cada uma dessas
obrigações apresenta o seguinte conteúdo: os princípios, as regras e as recomendações.
Mas, o que são estes itens?

De um lado, os princípios são as normas com caráter mais teórico e abstrato,


apontando para condutas gerais sobre a prática profissional. Do outro, as regras, as
quais são derivadas dos princípios, devem ser seguidas de forma restrita,
correspondendo a circunstâncias objetivas e concretas. Logo, transgredir uma regra
pode ser considerado uma infração ético-disciplinar. Por sua vez, as recomendações
quanto descumpridas não pressupõem sanções, no entanto podem fundamentar
argumentos atenuantes ou agravantes para eventuais medidas repressivas disciplinares.

No item dos princípios relativos às obrigações gerais, o Código de Ética aponta alguns
aspectos que demonstram a relevância da profissão do ponto de vista social e ambiental,
ao considerar o arquiteto e urbanista um profissional liberal que exerce atividades
intelectuais de interesse público e alcance social; capacitado através de um
processo de formação que assegura sua habilitação; que respeita o patrimônio
socioambiental e cultural, assim como os direitos humanos expressos na Constituição
Brasileira.
Com relação às obrigações para com o interesse público, isto é, os deveres
inerentes ao arquiteto e urbanista relativos ao interesse coletivo ou a comunidade do
local de sua atuação, podemos destacar seu papel na defesa e no respeito ao teor das
leis profissionais, visando a sustentabilidade socioambiental e a boa qualidade das
cidades. Além disso, o profissional deve defender a inclusão social, as políticas de
mobilidade urbana e a identidade cultural, sendo esses os princípios a serem seguidos.
Observa-se que os aspectos sociais e ambientais são reforçados novamente, visto que
no Código é colocado como regra o arquiteto considerar o impacto social e ambiental
de suas atividades, o respeito à cultura da comunidade e a harmonia com os recursos
naturais. Outra regra para com o interesse público é garantir a qualidade da construção
e manter informações importantes públicas e visíveis a frente das edificações, tema que
trataremos na parte 2 deste material.

Um dos pontos mais relevantes do código de ética é relacionado às obrigações do


arquiteto e urbanista com o seu contratante, em outras palavras, os modos como
o profissional deve se relacionar com seus clientes. É colocado que o arquiteto e
urbanista deve agir de forma imparcial e sem preconceitos, respeitando as leis, os
contratos e as normas técnicas reconhecidas. Diante disso, o documento enumera
vários itens referentes às regras deontológicas do profissional para com seu contratante:

3.2.1. O arquiteto e urbanista deve assumir serviços profissionais somente


quando estiver de posse das habilidades e dos conhecimentos artísticos,
técnicos e científicos necessários à satisfação dos compromissos
específicos a firmar com o contratante.

3.2.2. O arquiteto e urbanista deve oferecer propostas para a prestação


de serviços somente após obter informações necessárias e suficientes
sobre a natureza e extensão dos serviços profissionais solicitados
por seu contratante.

Como pode ser percebido, o arquiteto e urbanista deve ter consciência da diferença
entre sua habilitação e suas reais capacidades técnicas, sendo uma infração ao Código
de Ética oferecer serviços sem que tenha os reais conhecimentos técnicos e informações
necessárias para que possa desempenhar determinadas atividades com segurança e
qualidade. Como exemplo, basta imaginar um arquiteto contratado para realizar um
projeto arquitetônico em meio urbano, sem que tenha a definição das dimensões do lote
ou das leis urbanísticas locais que irão incidir sobre sua prática – não seria antiético
iniciar este projeto sem ter em mãos essas informações, visto que poderia gerar multas
ou reformulações custosas ao cliente?

Outro ponto destacado como regra neste item é relativo à correta comunicação com o
contratante, seja do ponto de vista da elaboração do contrato ou das especificações
presentes no projeto, tema mencionado nos grifos abaixo:

3.2.4. O arquiteto e urbanista deve discriminar, nas propostas


para contratação de seus serviços profissionais, as informações e
especificações necessárias sobre sua natureza e extensão, de
maneira a informar corretamente os contratantes sobre o objeto do serviço,
resguardando-os contra estimativas de honorários inadequadas.

3.2.8. O arquiteto e urbanista deve, ao comunicar, publicar, divulgar


ou promover seu trabalho, considerar a veracidade das informações e o
respeito à reputação da Arquitetura e Urbanismo.

3.2.12. O arquiteto e urbanista deve manter seus contratantes


informados sobre quaisquer questões ou decisões que possam afetar a
qualidade, os prazos e custos de seus serviços profissionais.

3.2.13. O arquiteto e urbanista deve manter seus contratantes


informados sobre quaisquer fatos ou conflitos de interesses que possam
alterar, perturbar ou impedir a prestação de seus serviços profissionais.

3.2.14. O arquiteto e urbanista deve assumir a responsabilidade pela


orientação transmitida a seus contratantes.

Um dos aspectos mais polêmicos e comentados sobre a conduta ética do arquiteto e


urbanista fica expressa no seguinte item do Código de Ética:

3.2.16. O arquiteto e urbanista deve recusar-se a receber, sob


qualquer pretexto, qualquer honorário, provento, remuneração,
comissão, gratificação, vantagem, retribuição ou presente de
qualquer natureza – seja na forma de consultoria, produto, mercadoria
ou mão de obra – oferecidos pelos fornecedores de insumos de seus
contratantes, conforme o que determina o inciso VI do art. 18 da Lei n°
12.378, de 2010.

3.2.18. O arquiteto e urbanista deve recusar-se a receber honorários,


pagamentos, ou vantagens de duas partes de um mesmo contrato vigente.

Como pode-se perceber, o arquiteto e urbanista NÃO deve receber honorários ou


vantagens financeiras por fornecedores ou lojistas indicados em suas especificações
técnicas, presentes no projeto desenvolvido. No entanto, sabemos que esta prática é
relativamente comum no meio da construção civil, recebendo o nome de reserva
técnica, também popularmente chamada de comissão. Do ponto de vista legal, este
ato é considerado uma infração, pois trata-se de um lucro indevido, sem que o cliente
tenha conhecimento (figura 1).

Figura 1: Poster da campanha “Arquitetos pela Ética” destacando reserva técnica.

Fonte: https://www.caubr.gov.br/arquitetospelaetica

Por exemplo, imagine realizar um projeto de arquitetura de interiores, indicar uma


determinada empresa para executar o serviço de marcenaria, e, por essa indicação,
receber uma comissão da loja. A empresa estaria lhe pagando pela sua “fidelidade” e
pela possibilidade de obter um novo cliente. Este valor da comissão, entretanto, estaria
pesando ao próprio cliente, o qual arcaria com um custo a mais ao contratar a mão de
obra desta empresa, que deixaria o valor da comissão do arquiteto embutido em seu
orçamento. Procure trocar de papéis e imaginar ser este cliente; entender a ética
profissional envolve ter empatia e se colocar na posição de outro para entender aspectos
relacionados a conduta moral.

► Saiba mais

Em 2015, a campanha “Arquitetos pela Ética” foi criada pelo CAU/BR


para combater o recebimento de comissões em troca da indicação de
produtos e serviços (a chamada “reserva técnica”), prática proibida pela
Lei 12.378/2010 e pelo Código de Ética e Disciplina do CAU/BR.

“Os profissionais de Arquitetura e Urbanismo devem primar pela qualidade e liberdade


técnica para especificar o que melhor se adeque aos seus projetos, recebendo por eles
uma remuneração justa. O valor do trabalho está nele próprio e não na “reserva
técnica”, uma prática de comissão paga pelos fornecedores que coloca em risco a
relação do profissional e o cliente, bem como a confiança de toda a sociedade perante
a profissão do arquiteto e urbanista.”

Para saber mais, acesse: https://www.caubr.gov.br/arquitetospelaetica/

Outro problema advindo da reserva técnica refere-se à desvalorização do serviço, pois é


de conhecimento de muitos a existência de arquitetos e urbanistas que “barateiam” o
custo de seus serviços, conquistando maior número de clientes, mas em contrapartida
completam o valor da sua atividade com reservas técnicas já garantidas em
determinados fornecedores – não primando pela qualidade da obra ou necessidade do
cliente, e sim, no lucro advindo desses vínculos preestabelecidos. Tal tema é bastante
relevante e atual, merecendo um aprofundamento, caso deseje entender
melhor a realidade da prática. Dialogue com seus colegas sobre o assunto!

Dando continuidade ao documento analisado, o Código de Ética, do ponto de vista das


obrigações do arquiteto e urbanista para com sua profissão, este deve entendê-
la como uma contribuição para o desenvolvimento da sociedade promovendo a justiça
social e a cultura da humanidade. Neste tópico, o Código de Ética estimula bastante o
profissional a procurar um aperfeiçoamento da sua prática, bem como, a constante
atualização do ensino de arquitetura e urbanismo.

O profissional deve se empenhar, por exemplo, na preservação de documentações de


projetos e obras, e demais serviços de arquitetura e urbanismo, como meio de
preservar a história da profissão. Do mesmo modo, deve manter-se informado sobre
as atualizações das normas que regulamentam o exercício, o que pode se dar de maneira
ativa, participando diretamente das discussões públicas acerca de problemas relevantes
neste âmbito.

Este senso de integração e de cooperação entre os arquitetos e urbanistas é reforçado


no item seguinte do código, que disserta sobre as obrigações do arquiteto e
urbanista com seus colegas de profissão, os quais devem ser considerados como
pares detentores dos mesmos direitos e dignidades profissionais.

Aprofundando neste ponto, o Código repudia a prática de plágio entre colegas de


profissão, bem como proíbe espalhar referências negativas sobre os demais colegas da
profissão, com intuito de autopromover-se, sabotando-os. O documento também proíbe
o arquiteto de associar seu nome a serviços ou empresas sem a sua participação devida
nos serviços prestados; do mesmo modo, fica proibido empresas usarem o nome
“arquitetura”, sem que tenha um profissional arquiteto vinculado à firma. Como exemplo,
uma loja de objetos de decoração só poderia fazer uso do termo arquitetura no nome
fantasia de sociedade se tiver arquiteto e urbanista entre os sócios com poder de gestão
ou entre os empregados permanentes.

Outro ponto relevante é que o Código proíbe propor honorários ou remunerações


visando obter vantagem sobre propostas conhecidas por colegas concorrentes, isto é, o
profissional deve elaborar precificações e estipular honorários apenas quando solicitado,
baseando-se em seus próprios parâmetros, sem gerar uma concorrência desleal,
“cobrindo” os preços de outros profissionais. Enfim, a proposta da norma é fomentar um
ambiente saudável e seguro para o exercício da profissão e das relações profissionais.

O último ponto do Código de Ética refere-se às obrigações para com o Conselho de


Arquitetura e Urbanismo. Em relação aos princípios, é apresentando que o arquiteto
deve reconhecer e respeitar o Conselho de Arquitetura e Urbanismo como órgão de
regulação e fiscalização da prática, colaborando em seu aperfeiçoamento.

Como pode-se notar o Código de Ética apresenta muitos pontos que organizam a prática
profissional. Mas, complementando a discussão, podemos mencionar ainda neste
conteúdo a resolução nº 143, de 23 de junho 2017, que aborda as normas para a
condução do processo ético disciplinar no âmbito do Conselho de Arquitetura e
Urbanismo dos estados (CAU/Uf) e do Distrito Federal (CAU/Br) para aplicações e
execuções das sanções de mesma natureza.
Em seu artigo nº 62, a resolução nº 143 retoma os termos do artigo 19º da Lei Federal
12.378/2010, que enumera as seguintes ações ético-disciplinares: advertência,
suspensão, cancelamento de registro, e multa.

A advertência é a sanção ético disciplinar que consiste em uma repreensão por infração
ético-disciplinar, podendo ter caráter reservado ou público, quando sua gravidade torne
necessário seu conhecimento pela comunidade. A suspensão consiste em uma
interrupção compulsória, por tempo determinado que pode variar entre 30 dias e um
ano do exercício da atividade de arquitetura e urbanismo. O cancelamento do
registro, por sua vez, é a interrupção compulsória e permanente do registro profissional
do infrator, o qual fica impedido de exercer a profissão no território nacional. Porém,
vale salientar que o registro profissional cancelado poderá ser restabelecido por meio de
um procedimento de reabilitação profissional. Por fim, a multa é uma sanção ético
disciplinar que consiste em uma punição pecuniária, isto é, relativa ao financeiro, em
valores que podem variar entre 01 (uma) a 10 (dez) anuidades. A multa, pode ser
aplicada cumulativamente com as demais são ações. Abaixo segue um quadro síntese
desses pontos para facilitar a visualização das informações (quadro 1):

Quadro 1. Sanção ético disciplinar e sua descrição conforme a resolução nº 143


Art. 63 e 64. A advertência é sanção ético-disciplinar que
Advertência consiste em repreensão, por infração ético-disciplinar,
considerada como conduta ofensiva à reputação profissional
Suspensão entre 30
Art. 65. A suspensão é sanção ético-disciplinar que consiste em
(trinta) dias e (um) ano do
interrupção compulsória, por tempo determinado, do registro
exercício da atividade de
profissional do infrator, tempo no qual ele ficará impedido de
Arquitetura e Urbanismo
exercer a profissão de Arquitetura e Urbanismo em todo o
em todo o território território nacional.
nacional
Art. 66. O cancelamento do registro é sanção ético-disciplinar
que consiste na interrupção compulsória e permanente do
registro profissional do infrator, ficando ele impedido de exercer
a profissão de Arquitetura e Urbanismo em todo o território
Cancelamento de
nacional.
registro
Parágrafo único. O registro profissional cancelado poderá ser
restabelecido por meio de procedimento de reabilitação
profissional, nos termos do art. 117.
Art. 67. A multa é sanção ético-disciplinar que consiste em
Multa no valor entre 1 punição pecuniária, podendo ser aplicada cumulativamente com
(uma) a 10 (dez) as demais sanções, nos termos do art. 19, § 4° da Lei n° 12.378,
anuidades
de 2010.
Fonte: Dados extraídos da resolução nº 143.
É importante compreender que para cada infração constatada no processo ético
disciplinar será fixada uma sanção correspondente, no entanto para o cálculo das
sanções ainda serão consideradas circunstâncias agravantes e atenuantes. As
circunstâncias agravantes podem ser interpretadas a partir do descumprimento das
recomendações presentes no Código de Ética e Disciplina, estudado anteriormente,
porém, a Resolução nº 143 ainda detalha esses itens:

Art. 72. São circunstâncias agravantes, além das decorrentes de


inobservância das recomendações do Código de Ética e Disciplina do
CAU/BR:

I - Imprudência;
II - Negligência;
III - imperícia;
IV - erro técnico;
V - uso de má-fé;
VI - danos temporários à integridade física;
VII - danos permanentes à integridade física;
VIII - causa mortis;
IX - dano material reversível;
X - dano material irreversível;
XI - dano reversível ao meio ambiente natural e construído;
XII - dano irreversível ao meio ambiente natural e construído.

Por fim, pode-se observar que esta resolução é bastante completa e explica todo o
processo ético disciplinar, desde a denúncia – que é possível ter origem das mais diversas
formas e pessoas (físicas ou jurídicas) – até a formação de comissões que irão avaliá-la,
e ainda, todos os demais processos ao longo do julgamento das situações tratadas.
Reiteramos, portanto, o modo com o CAU apresenta-se na atualidade com uma complexa
e ampla estrutura regulatória, a qual deve ser de conhecimento de todo arquiteto e
urbanista em atividade.

► Aprofunde os conhecimentos

Para aprofundar esses temas e se preparar para as AVALIAÇÕES desta


unidade curricular, na biblioteca digital foram colocados alguns textos, em
geral notícias sobre os temas, e as leis/normas citadas. Este roteiro de
estudo facilita a compreensão das informações, mas não substitui o
estudo das fontes originais.
REFERÊNCIAS

DAUDÉN, Julia. Reserva técnica: o que a legislação nos diz sobre esta prática.
03 Out 2019. ArchDaily Brasil.
Acessado: 11 Abr 2022. <https://www.archdaily.com.br/br/925711/reserva-tecnica-o-
que-a-legislacao-nos-diz-sobre-esta-pratica> ISSN 0719-8906

OLIVEIRA, Antônio Francisco de. A nova profissão do arquiteto no Brasil:


subsídios para a dinâmica da regulamentação. João Pessoa: Editora do CCTA,
2018.

SEGNINI JUNIOR, Francisco. A prática profissional do arquiteto em discussão.


Tese (Doutorado em Estruturas Ambientais Urbanas). Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo, Universidade de São Paulo: São Paulo, 2002.

LEI Nº 12.378, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010.

RESOLUÇÃO N° 52, DE 06 DE SETEMBRO DE 2013.

RESOLUÇÃO N° 143, DE 23 DE JULHO DE 2017.

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