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Título do livro: Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Inter-relação Cirurgião-dentista!fécnico em Prótese Dentária

Autores: Giovani Gambogi Parreira e


Leandro Medeiros dos Santos

Revisão de texto: Marilda Ivanov

Diagramação: Luciano B. Apolinário

Design & capa: Gilberto R. Salomão

© Livraria Santos Editora Ltda., 2005

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RUPllTf.O AUTOI\
N AO F ACA C6n,
~ obre os Autores

Giovani Grunbogi Parreira Leandro Medeiro s dos Santos


- Formado pela Pontifícia Universid ade Católica de Graduado em Odontologia pela Faculdade de Odon-
Minas Gerais (PUC-MG) tologia da Pontifícia Universidade Católica de Mi-
- Especialização em Cerâmica c Resinas Laboratoriais nas Gerais (PUC-MG ) - Belo Horizonte/MG
no Japão, Alemanha, Itália, EUA e Espanha Especialista em Prótese Dentária pela Faculdad e
Master Dental Technicia n pela Noritakc e Kuraray de Odontologia de Bauru da Universidade de São
Co-autor do livro Atualizaç ão em Pró1ese Dentária Paulo (FOBUS P) - Bauru/SP
(APDESP, 200 1) Mestre em Odontologia com área de concentr ação
Ministra cursos e palestras de estética, metaloce- em Materiai s Odontoló gicos pela Faculdad e de
râmica, cerâmica pura e reforçada e de resinas la- Odontolo gia da Universi dade Federal de Minas
boratoriais Gerais (FOUFM G) - Belo Horizonte/MG
Proprietário do Atelier de Prótese Dentária Giovani Professor de Biomater iais Odontoló gicos do Cur-
Gambogi Parreira so de Odontolo gia da Unincor - Belo Horizonte e
ateliergiovani@terra.com.br Uni ncor- Betim/MG
ateliergiovani@uol.com.br Membro do Grupo Brasileiro de Materiais Dentários
(GBMD).

V
"A beleza é fundamental 1" afirmou o grandioso Vencendo as etapas principais de sua luta e objeti-
poeta Vinícius de Morais na dourada década de 60. vando estar sempre atento aos constantes avanços da
Em 2003, mesmo sem tanta poesia, o mundo da Odontologia - principalmente no que se referia à pró-
Odontologia afirma: "O poeta que nos perdoe, mas be- tese sobre implantes, à estética e a todas as técnicas
leza estética também é fu ndamental!" inlays!onlays de porcelana - idealizou e criou o Labo-
Ora, atingimos a era da globalização e dos avan- ratório Atelier de Prótese Dentária Giovani Gambogi
ços tecnológicos, sabendo que "beleza" é um fenôme- Parreira, em Belo Horizonte, administrado por ele mes-
no inigualável, essencialmente relacionado à saúde, em mo, concretizando boa parte de seu gratificante so-
todos os seus sentidos. Sendo assim, a "beleza de um nho.
· sorriso" está totalmente ligada à saúde bucal, aos cui- Casou-se, tornou-se pai orgulhoso, mas não desis-
dados pessoais de cada um e ao compromisso de mi- tiu de sua busca por conhecimento, aperfeiçoamento e
lhares de profissionais com esse fundamento. desenvolvimento profissional, concluindo vários cur-
Em 1984, Giovani Gambogi Parreira, influencia- sos de Especialização em Prótese nos mais diversos
do pelos conselhos de um tio, seguiu os caminhos da países, entre eles Japão, Itália, Alemanha e Estados
Engenharia Civil, aproveitando suas excelentes habili- Unidos.
dades matemáticas, muito embora fosse um admira- Responsabilidade, determinação e objetivo consoli-
dor da Prótese. daram sua excelência profissional, transformando-o
Naquela época, a Odontologia já caminhava a pas- num professor de categoria e desempenho reconheci-
sos largos, e a década de 1980 marcaria grandes mu- dos que, atualmente, ministra importantes cursos em
danças, como, por exemplo, as comprovações cientí- Minas Gerais e também em outros estados deste país.
ficas que o Prof. Brânemark mostraria ao mundo em Sua organização, sua dedicação, seus critérios práti-
1988, com a possibilidade de substituir dentes perdi- cos e, essencialmente, o respeito ao Cirurgião-dentista
dos por implantes osseointegráveis. e ao Técnico em Prótese Dentária fizeram com que ao
O cirurgião-dentista e o técnico em prótese dentária longo destes anos, Giovani colocasse no papel a expe-
ainda desconheciam a força "fundamental" do traba- riência e o conhecimento adquiridos. Para ele, o suces-
lho em equipe, todavia muitos se uniram para estudar e so no trabalho deve ser compartilhado, pois acredita
aprender mais a respeito de tantas novidades que sur- que o dentista não existe sem o técnico e nem o técni-
giam naquele momento inédito da Odontologia mundial. co sem o cirurgião-dentista, um complementa o outro
Giovani Gambogi Parreira, então, disposto a levar na profissão. Neste livro, Giovani apresenta casos clí-
adiante o seu gosto pela Prótese, interrompeu seus es- nicos que demonstram claramente a visão de "conjun-
tudos de Engenharia Civil e ingressou no curso técnico to", de "equipe", que sempre acompanhou a carreira
em prótese dentária, esse curso, oficial da Pontifícia desse "batalhador" incondicional.
Universidade Católica naquele momento. Aqui, estão compilados informações técnicas e es-
Determinado, sonhava em ser TPD, ter seu labo- clarecimentos que fortalecem afirmativas, derrubam
ratório de Prótese e escrever um livro sobre essa fas - justificativas e demonstram a beleza do verdadeiro esta-
cinante especialidade odontológica, resgatando a "be- do da arte. A abrangência principal deste atencioso e
leza" de um sorriso e descortinando todos os segredos belo trabalho está no dente natural, seus detalhes, suas
dessa autêntica arte. formas, suas funções, suas cores, sua textura de super-

VII
Cerâmicas Odontológicas- Conceitos e Técnicas

ffcie, aperfeiçoadas por imagens e ilustrações fotográ- e sua excelência como técnico, empresário e profes-
ficas de casos clfnicos bem-sucedidos, revelando a seus sor, descobrimos que Giovani Gambogi Parreira atin-
leitores que, sem sombra de dúvidas, os pacientes, as- giu sua maturidade na Prótese e quer dividi-la com to-
sim como Giovani, também realizaram seus sonhos. dos aqueles que congregam interesses afins e reconhe-
Prefaciar este livro para mim é sentir nas mãos o cem que seu talento e desenvolvimento profissionais
peso da responsabilidade do trabalho de Giovani ao estão totalmente ligados às suas atitudes e ao seu empre-
manipular a cerâmica, contornar seus detalhes estéti- endedor esforço de vencer na vida!
cos e facetas laminadas, em sua constante busca pela Meus sinceros cumprimentos por esta obra que de-
perfeição. monstra, no nascimento, o quanto será importante em
Acrescentando a tudo isso, a capacidade técnica nossas mãos. Sucesso!
desse escritor iniciante, seu gosto e opção pela Prótese
Dr. Rodolfo A lba Ca11dia Jr.

VIII
O Sr. Giovani Gambogi Parreira é formado na Es- dores, e posteriormente pelos vários cursos em outros
cola Técnica em Prótese Dentária (1984) da Pontifícia estados do Brasil.
Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Também participamos juntos do III Congresso de
Agraciado com o Título de Master Dental Technician Prótese Dentária em Yokohoma, Japão, em 1998.
Noritake e Kuraray, na cidade de Nagoya e Osaka Insatisfeito com os resultados de alguns trabalhos,
(2000); também co-autor do livro Prótese Dentária, pesquisou intensivamente as cerâmicas de última gera-
do Xll Congresso Paulista de Prótese (2001). ção e registrou passo a passo, nesta edição, técnicas e
Desde o início, entendeu que a prótese dentária] é conceitos que certamente trarão resultados desejáveis
o binômio ciência e arte. aos técnicos dentários, dentistas e cirurgiões-dentistas
Graças a seu talento e criatividade obteve um rápi- direta e indiretamente.
do sucesso, executando trabalhos com muita dedica- Com várias ilustrações, Giovani consegue esclare-
ção, usando ferramentas que o levou a atingir com a cer os temas complexos com uma abordagem simples
qualidade desejada. e objetiva, sempre com embasamento cientifico e ar-
Seguidor dos Professores Hitoshi Aoshima, Makoto tístico, desmistificando a prótese laboratorial e aten-
Yamamoto e Kazunobu Yamada, seus conceitos sobre dendo às necessidades de todos que o procuram para
metas e métodos foram mudando conforme a orienta- solucionar os problemas do cotidiano do Técnico em
ção desses mestres. Prótese Dentária com cursos práticos e palestras escla-
Nosso relacionamento profissional se deu por inter- recedoras sobre variados temas.
médio da APDESP (Associação dos Técnicos em Pró-
tese do Estado de São Paulo) e no Congresso Paulista
de Técnicos em Prótese, durante os cursos e seminá-
rios que juntos participamos na qualidade de ministra- Siro Kiatake

IX
Agradecimentos

É com satisfação e, especialmente, muita emoção Em 1987, montei meu primeiro atelier. Desde en-
que venho agradecer a Deus e a todos que me apoia- tão, ano após ano, tendo a oportunidade de conhecer
ram na realização deste livro, um de meus maiores so- ótimos profissionais, cirurgiões-dentistas e técnicos,
nhos. Não diferente daqueles que têm um sonho, sem- atingi o que considero minha verdadeira inserção e acei-
pre persigo e tento concretizar os meus. tação no meio profissional. Em 1994, comecei a minis-
Antes de fazer os agradecimentos formais, peço li- trar cursos teórico-práticos, palestras e conferências, a
cença para contar um pouco da minha história. Sou nas- partir dos quais surgiu minha vontade e inspiração para
cido em Campo Belo, Minas Gerais, em 1965, sendo o escrever este livro.
sétimo filho de meus queridos pais, Paulo Parreira Costa Ao final do ano de 1995, vi pela primeira vez o
e Irna Gambogi Parreira, sempre dedicados e obstina- livro A Col/ection of Ceramic Works - A Communica-
dos a proporcionar igualmente a todos a maior dádiva tion Tool for the Dental Office and Laboratory , do
que se pode conceder aos filhos: a condição de estudar. Prof. Hitoshi Aoshima, o qual me fez sentir a necessi-
Em 1981 , mudei para Belo Horizonte para terminar dade de aperfeiçoar ainda mais meus conhecimentos.
meus estudos no então denominado "2° Científico". Para minha enorme surpresa e ajuda Divina, logo tive a
Apesar de sempre desejar trabalhar como profissional oportunidade de ir até o Japão e conhecer pessoalmente
da área odontológica, acabei seguindo pelos caminhos o estimado Prof. Hitoshi Aoshima. Estava, naquele mo-
de Engenharia Civil, até que em 1984 decidi prestar mento, iniciando uma grande virada em minha vida
exame de seleção para o Curso Técnico em Prótese profissional, estando pela primeira vez ao lado deste
Dentária na Pontifícia Universidade Católica de Minas grande mestre, que me proporcionou um ambiente de
Gerais. Obviamente, percebi que havia então encon- absoluta tranqüilidade para que eu pudesse absorver as
trado na Prótese a área de trabalho que me permitia informações passadas. Após este ano, pude retornar
aliar o prazer em trabalhar à genuína opção de investi- ao Japão por mais quatro vezes, até que, no ano de
mento e crescimento como pessoa e profissional. Na- 2000, tive a honra de ser agraciado com o Certificado
quela época, a opção de inudança de um Curso de Gra- de Instrutor Técnico MDT da Noritake Co., o que muito
duação para um Curso Técnico gerou uma série de me orgulha, principalmente por ser o único com este
questionamentos. Mas, por acreditar sempre na Prótese, título no Brasil.
iniciei com determinação uma batalha incansável, en- Sempre em busca de aperfeiçoamento, especiali-
contrando grandes dificuldades de reconhecimento, zei-me em Cerâmica na Alemanha, EUA, Itália e
respeito e inserção no mercado. Não tendo sequer ami- Espanha. Venho crescendo profissionalmente graças a
gos técnicos, cirurgiões-dentistas, nem mesmo uma muita dedicação pessoal. Porém, q uero ressaltar a im-
pessoa na família com quem pudesse compartilhar mi- portância do aprendizado obtido junto a clientes, ami-
nhas ansiedades, comecei a trabalhar em laboratórios gos, cirurgiões-dentistas e todos que participam de
especializados na área, em Belo Horizonte. Gostaria de meus cursos.
ressaltar o primeiro deles, Laboratório Central, no ano Neste livro, tentei passar as experiências que vivi
de 1985. Ali fiz, dentre outros, um especial amigo que durante esses 20 anos de profissão. Os casos clínicos
me apresentou e me inciou na Prótese Cerâmica, o Sr. aqui apresentados são resultado do trabalho e da reali-
José Mauro Freitas, chefe da seção, a quem devo meu dade do meu dia-a-dia; por isso, mostro com veracida-
total respeito. de o que desenvolvi no Atelier de Prótese Dentária.

XI
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Não ousaria jamais afirmar que todos os casos com os Aos estimados professores, que depositam confian-
quais trabalhei atingiram a perfeição. Mas posso ga- ça e respeito aos técnicos, o meu obrigado. Ressalto
rantir minha total doação para obter o melhor resultado os Drs. Aloísio Borges, Arnaldo Horácio Pereira, Gui-
que pude naquele momento. Tenho consciência de que lherme Sena, José Alfredo Mendonça, Lincoln Lanza,
poderia ter feito melhor e estou sempre disposto a apren- Luiz Thadeu Poleto, Marcos Lanza, Marlúcio de Oli-
der mais. veira, Dra. Maria Luíza, Dr. Paulo !saias Seraidariam,
Após este breve relato, gostaria de agradecer pri- Dr. Ricardo Vaz, Dr. Rodrigo Albuquerque, Dr. Sérgio
meiramente a Deus, pois sem Ele eu não teria forças Gomes, Dr. Saint Clair, Dr. Wellington Jansen, Dr. Wil-
para sobrepor os obstáculos que encontramos na vida. son Batista e Dr. Daniel Telles.
Aos meus pais Paulo e Irna, meus irmãos Paulo Aos meus amigos e colaboradores Antônio Vai ano,
Renato, Irna Maria, Marco Polo, Valério, Gleydes, Carlos A. Maranghelo, Frank Kayzer, João Vaiano, José
Ricardo, meu cunhado, minhas cunhadas e meus so- Flávio, Klauss Rassinger, Mário Pedro, Oswaldo Sco-
brinhos. Aos primos Antonelli e Débora pelo sempre pin, Rómulo Vaiazzi, Vagner dos Santos, Victor Hugo
fraterno apoio. do Carmo e Maurício Riston.
Um agradecimento especial ao Sr. Jorge Tamake e A Kayzer Yamada e a seu pai Takao Yamada agra-
sua competente esposa, Dra. Gláucia Tamake, aos quais deço pela tradução do texto do Sr. Yamada inserido no
devo parte de minha realização profissional. Sem eles livro. A Yumico pelo apoio e amizade.
não teria chegado aonde cheguei. Aos amigos Sr. Roberto Schafer (Wil.kos), Sr. Schi-
Agradeço a oportunidade que tive com os profissio- neider (Vita), Sebastião, Vorley e Johny (Talladium do
nais do Japão, em especial ao meu grande amigo e sem- Brasil), Eduardo (Odonto Mega), Herbert (Ivoclair),
pre mestre Prof. Hitoshi Aoshima. Aos amigos e mes- Floriano (Kulzer), Ney Zapponi (Polidental), Aloísio
tres Srs. Kazunobu Yamada, Aki Yoshida e Hirata. Agra- (Microdont), Milton (GC, Juarez Import's), Beth (Co-
deço à ilustríssima Presidente da Noritake Dental Supply nexão).
Co. Limited, Sra. Kyoko Ban, ao Sr. Myata, Sr. Suzuki, Aos meus amigos fraternos e colaboradores Miller
Sr. Watanabe e à Sra. Naomi pela paciência em me R. Paiva e Victor Hugo do Carmo. Aos meus amigos
prestar, sem hesitação e sempre com muita eficiência, Marcos Celestrino, Luiz Alves Ferreira, Paulo Kano, L1erte
todas as informações que precisei. Schenkel, pelo companheirismo e apoio de sempre.
Ao meu grande amigo Nelson Hassui (in memo- A Renato Vasconcelos e Haydée Santos Gibram pela
riam) que apoiou e incentivou meu crescimento pro- amizade, ajuda e paciência.
fissional. A todos, em especial, que aceitaram a parceria nos
Ao cunhado Lonnie Russell (in memoriam) que, casos apresentados: Dr. Adernar Vilela (BH), Dr. Aloí-
mesmo sem saber, foi exemplo e inspiração na minha sio Borges Coelho (BH), Dra. Cristina Vasconcelos Ras-
marcha profissional. lan (BH), Dra. Dalgisa Mota (BH), Dr. Leandro Medei-
Agradeço aos meus amigos Arthur Copiano Neto ros (BH), Dr. Luiz Ricardo Nogueira (Recife), Dr. Lu-
(São Paulo), Adernar Leme (Campo Grande), Camila ciano Martins (BH), Dr. Leonardo Wykrota (BH), Dr.
Maria Tristão da Silva (Santos), Eunice Skrzek (Porto Leonardo Castro Martins (BH), Lincoln Lanza (BH),
Alegre) , Eunice Cavagna (São José do Rio Preto), Heleno Dr. Marlúcio de Oliveira (Divinopólis), Dra. Mary Lessa
José da Silva Neto (Brasília), Gilvan Bispo Santiago (BH), Dr. Ricardo Vaz (BH), Dr. José Mareio B.L.
(Cuiabá), José Francisco de Abreu (Curitiba), Jobson Amaral.
Matos (Salvador), João Reis (São Paulo), Juberto Ca- Ao Dr. Rodolfo Alba Candia Júnior, pela amizade e
margo (Rio de Janeiro), Júlio Tinoco (Ribeirão Preto), carinhoso prólogo. A Kazunobu Yamada agradeço pela
Régis Flores (Florianópolis), pelo apoio e confiança de- sinceridade em demonstrar afeição e reconhecimento
positados em mim. A todos do escritório da Kota Im- à minha pessoa.
port's em São Paulo, em especial a Ahmed, Betânia, Issao, Ao Dr. Carlos Araújo, pelo apoio e incentivo. Aos
Ivone, Angélica, Daniela, Vai e Renata. amigos Siro Kiatake e Roberto Quiyan pela amizade e
Ao meu grande amigo e colaborador Marcelo Baum, carinhosa apresentação do livro. Aos meus amigos An-
pelo apoio, e à Alessandra Bayerlein, técnicos Procera dré Luppi, Ângelo e Renato, pelas fotografias de Mi-
Nobel. nas Gerais. Ao Dr. Ricardo Vaz, pelo incentivo e su-
A todos os meus clientes que confiaram às minhas gestões importantes.
mãos a certeza de que teriam sucesso e satisfação nos A todos os participantes dos meus cursos, os quais
seus casos clínicos. Agradeço sua compreensão e pa- solicitaram e me inspiraram a escrever este livro.
ciência, sem as quais não teríamos conseguido tantos Aos meus funcionários, certamente meus amigos,
casos satisfatórios. um agradecimento especial por me ajudarem, apoia-

XII
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

reme compreenderem meus momentos de dificuldade. Sinceramente, agradeço a todos e espero que tenham
À minha irmã Gleydes, devo especial agradecimen- uma boa leitura e que tenhamos conseguido acrescen-
to pelo apoio de sempre e colaboração. tar conhecimento a todos.
Especialmente à minha esposa Karime, que tanto Obrigado!
amo e que me abençoou com nossos amados filhos
Lorenzo e a pequena Antone lla, nossos preciosos pre-
sentes de Deus. Obrigado pela compreensão, pela pa-

~
ciência e pelo apoio nos momentos difíceis. Obrigado!
Enfim, agradeço a todos aqueles que de alguma
forma contribuíram para a realização deste trabalho. Giovani Gambogi Parreira

Agradecer é a sublime forma de se submeter, e Unincor - Betim, nas quais leciono a disciplina de
com humildade, a todos aqueles que nos engran- Biomateriais Odontológicos, minha gratidão.
decem com a sua solidariedade e o seu apoio. As-
sim, ao decorrer destas ligeiras e sinceras home- Gostaria de agradecer ao Grupo Brasileiro de Ma-
nagens, a palavra agradecer foi intencionalmente teriais Dentários (GBMD) e à Associação Brasileira de
repetida, e por várias vezes. Agradecer é reconci- Odontologia (ABO/MG), entidades de que tanto me
liar, é amar, é saber devolver àqueles que tanto orgulho em fazer parte.
nos serviram o melhor que ficou em nós. Por isso, Um especial agradecimento aos amigos Renato
obrigado, obrigado, a todos vocês. Araújo Prates, Marcos Vinícius Zuim Lara e Arturo
Nakajima, pela colaboração na elaboração deste livro.
Um justo agradecimento devo, neste momento, aos Ao Sr. Rui Santos, minha sincera gratidão por ter
meus mestres, fundamentais colaboradores e inspira- acreditado em nosso projeto.
dores de minha prática docente, da pesquisa e da clíni- À querida Ana Cristina, meu muito obrigado, pelo
ca odontológica: Profs. Drs. Wellington Corrêa Jansen, apoio incondicional e pela paciência nos momentos
João Maurício Lima de Figueiredo Mota, Marivalda de ausentes.
Magalhães Pereira, Maria Antonieta Siqueira Moraes, Gostaria de agradecer aos cirurgiões-dentistas que
Eduardo Lemos de Souza e, especialmente, ao grande gentilmente colaboraram na ilustração do nosso livro
amigo Prof. Dr. José Flávio Batista Giovanninni Gra- com casos clínicos executados em parceria com Gio-
brich. vani, os colegas: Aloísio Borges Coelho, Luciano de
Gostaria de agradecer, também, ao Departamento Oliveira Martins, Adernar Vilela, Luiz Ricardo Noguei-
de Odontologia Restauradora da Universidade Federal ra, Leonardo de Castro Martins, Lincoln Lanza, Mary
de Minas Gerais na pessoa do Prof. Dr. Luís Tadeu de Lessa, Ricardo Rodrigues Vaz, Cristina Vasconcelos,
Abreu Poleto e ao Colegiado de Pós-graduação dessa Marlúcio de Oliveira, Dalgisa Mota, Leonardo Wycrota
Instituição pelo rico acolhimento durante meu curso e José Márcio.
de Mestrado. Finalmente, sinto imensa gratidão aos clientes de
Aos coordenadores do curso de especialização em minha clínica privada, minha segunda escola, meu se-
prótese dentária da Faculdade de Odontologia de Bauru gundo lar. Agradeço-lhes pela confiança, pelo carinho
da Universidade de São Paulo, Profs. Drs. Paulo Cesar e pela agradabilíssima convivência. Vocês fazem com
Rodrigues Conti e Carlos Pereira dos Reis Araújo e, que este cirurgião-dentista seja um apaixonado pelo seu
ainda, aos colegas protesistas, Mário Pedro Souza Ama- ofício.
ral, Arnaldo Robson Mendes, Renato Landi de Oliveira
e Marcos Nunes Lourenço, meus sinceros agradeci- A todos vocês meu muito obrigado.
mentos.
Aos coordenadores, colegas professores e alunos
do Curso de Odontologia da Unincor - Belo Horizonte Leandro Medeiros dos Santos

XIII
Dedico este livro a meus pais, Paulo e Irna, culti- em suas vidas também. Espero que compreendam meus
vadores dos sucessos da minha vida e a quem devo momentos de ausência enquanto me dediquei ao livro,
mais que agradecimentos, devo minha eterna admira- durante as noites no Atelier trabalhando em casos clí-
ção e amor. nicos, em viagens de estudo e ministrando cursos.
À minha esposa, Karime, e aos meus fi lhos Lorenzo
e Antonella, que são a razão da minha felicidade e ali-
mentam minha vontade de viver e de ser algo de bom Giovani Gambogi Parreira

Dedico este livro aos meus amados pais, Vagner e li nha aqui escrita e cada conquista da minha vida pro-
Tânia, exemplos de amor à fam ília e à profissão. Cada fi ssional devo a eles.

Leandro Medeiros dos Santos

i XV
A primeira ocasião em que encontrei Giovani foi Entretanto, neste livro, Giovani expõe os seu exem-
quando ele esteve no Japão, há aproximadamente seis plos clínicos, seu desenvolvimento, sua especialização
anos. No laboratório onde trabalho, ano a ano, vêm técnica e a suprema importância da ferramenta da comu-
muitas pessoas de muitos países. Dentre essas pes- nicação.
soas, as que têm credibilidade e competência são ra- Para um profissional, a técnica e um volume gigan-
ras, mas em Giovani afluía sinceridade. tesco de conhecimentos são necessários, e é isso que
As pessoas, cm geral, costumam tentar mostrar Giovani mostra, com sua prática laboratorial e clínica,
conhecimentos maiores do que e fetivamente possuem. com toda a sua sinceridade. Mas aquele que se priva
Desejam se conceituar como grandes espec ialistas, sem do aprendizado constante fica, muitas vezes, desampa-
o serem. Principalmente os instrutores, que ouvem as rado, sem realização.
coisas de modo superficial e contra-argumentam com
teorias e pré-concepções. Kaz1mobu Yamada

i XVII
Cerâmicas Odontológicas
Leandro Medeiros dos Santos
Giovani Gambogi Parreira 1
Colaborador: Wellington Corrêa Jansen

Eletrodeposição com Finalidade Protética - Obtenção de Infra-estruturas Metálicas


para Coroas e Pontes Parciais Fixas
2 Giovani Gambogi Parreira
19
Colaborador: Klaus Rassinger

Sistemas Cerâmicos sem de Metal


Giovani Gambogi Parreira
3 Leandro Medeiros dos Santos 41
Co-autor: José Flávio Batista Giovannini Gabrich
Colaboradores: Marcelo W Baum, Victor Hugo do Canno, Oswaldo Scopin de Andrade

Determinação da Morfologia dos Dentes Naturais: Cor - Forma - Textura


4 Giovani Gambogi Parreira 101
Leandro Medeiros dos Santos

Desenvolvimento da Técnica de Aplicação de Porcelana - Teoria e Prática


l Giovani Gambogi Parreira 143
O Tecido Gengival e as Reabilitações em Porcelana
Giovani Gambogi Parreira
6 Leandro Medeiros dos Santos 20 1
Colaboradores: Vagner Pereira dos Santos, Má rio Pedro Sousa Amaral
Capítulo

Cer âmi cas


Odo ntol ógic as

v' Histórico
v' Propriedade s Mecânicas
v' Composiçâo Química e
Microestrut ura
v' Processamen to
v' Coordenaçâ o
v' Classillcaçâ o

1
Cerâmicas Odontológicas
1
Histórico nas 200 anos. Antes disso, os materiais utilizados para
a confecção de dentes artificiais eram dentes huma-
A palavra cerâmica é originada do termo grego nos extraídos, dentes de animal e de marfim.
Keramos que significa "matéria que imada". O termo A primeira referência do uso da porcelana como
porcelana designa um tipo específico de cerâmica, um material restaurador odontológico data de 1774.
branca e translúcida, mais fi na, preparada principal- U m farmacêutico francês c hamado Alex D uchateau
mente com o caulim, podendo ou não ser vitrificada. estava muito insatisfeito com o odo r, gosto e descolo-
Na Odontologia, esses dois termos são usados in- ração dos dentes de ma1f im de hipopótamo de sua
distintame nte, podendo ser considerados sinônimos. prótese. Notou que os utensílios de porcelana glazeada
O homem primitivo, vivendo há 400.000 anos, que usava todos os dias em seu laboratório resistiam
tomou conhecimento das propriedades plásticas do à descoloração, demonstravam superfíc ie lisa e eram
barro e da argila, e descobriu, acidentalmente, que as resistentes à abrasão. Parece que essas circunstân-
formas moldadas por ele se tornavam rígidas quando cias o rig inaram a idé ia da utilizar a porcelana como
assadas no fogo. um material restaurador odontológico.
Com o passar dos anos, três tipos básicos de ma- Duchateau tentou produzir para si próprio um par
teriais cerâmicos fora m desenvolvidos. O pri meiro de próteses com dentes de porcelana, e ntreta nto, de-
foi o barro queimado a baixas temperaturas, que se vido à grande contração q ue o material apresentava
mostrava relativamente poroso. O segundo foi o pó após a queima, não obteve sucesso. Ele se associou
de pedra, que apareceu na C hina aproximadamente então a Nicho las Dubois de Chemant, um dentista
100 anos a.C., era queimado a uma tem peratura supe- francês, q ue melhorou consideravelmente o método
rior à do barro e resultou e m um material mais resis- de fabricação. Dubois de Chemant conseguiu contro-
tente e com impermeabilidade à água. O terceiro ma- lar a contração da porcelana e , e m 1788, publicou um
terial foi a porcelana, obtida pela fu são da argila branca livro sobre a produção de dentes artificiais.5·13· 17·20.35
do sudoeste da China com a "pedra de Javre", que Após as publicações de Dubo is de Chemant, vá-
produziu um pó branco e translúcido. Esse pó, quando rios cirurgiões-dentistas como Josiah Wedwood da
queimado, produziu um material co m resistência su- Inglaterra, Robert Blake e Joseph Fox dos Estados
perior aos anteriores e, a partir de então, vasos trans- Unidos e Pierre Fauchard da França se empenha-
lúcidos com paredes muito fi nas começaram a ser pro- ram em desenvolver a técnica da utilização da por-
duzidos. Esse material foi desenvolvido para o agra- celana para produzir dentes artifi ciais. 8
do ao Rei da China em aproximadamente 1000 d.C. Os dentes produzidos pela técnica de Duchateau
Em 1375, a porcelana foi copiada pelos europeus, eram muito brancos e opacos. foucou 7, e m 1803, re-
começou a ser produzida em Florença e rapidamente latou estudos experimentais ressaltando a deficiên-
se tomou popular por toda a Europa.6 ·30·31 cia de cor e translucidez dos materiais cerâmicos.
Embora os primeiros artefatos de porcelana se- Entretanto, em 1838, Elias Wi ldman conseguiu for-
jam conhecidos há mais de 1000 anos, a histó ria da mular uma porcelana mais u·anslúcida e com brilho
porcelana como um material dentário retorna a ape- mais próximo ao dos dentes naturais.8·17
Cerâmicas Odo111ológicas - Co11ceiros e Téc11icas

A técnica do folheado em platina, que foi o em- de adesão à porcelana; (2) possuem coeficiente de
brião para o presente desenvolvimento da porcelana expansão térmica compatível com o das porcelanas;
para restaurações metalocerâmicas, foi introduzida (3) possuem ponto de fusão suficientemente alto para
por John Murphy, em 1839. permitir a aplicação da porcelana sem deformações
Restaurações de porcelana unitárias foram intro- significantes.
duzidas em 1844, tomando-se populares a partir de o final dos anos 40, houve a introdução da quei-
1860. Mas foi em 1885 que Logan conseguiu melho- ma a vácuo no processamento da porcelana dentária.
rá-las. Sua técnica previa que a porcelana deveria A adoção da pressão atmosférica reduzida na técnica
ser fundida sobre um pino de platina. que seria poste- de queima reduziu consideravelme nte a quantidade
riormente cimentado ao dente como uma coroa pi- de ar retido no interior do material, produzindo me-
vô. 5.13.17.20.35
lhora significativa na translucidez e uma redução na
Charles H. Land, de Detroit (EUA), pioneiro no porosidade, proporcionando. com isso. aumento da
campo da prótese fixa, obteve, em 1889, a primeira resistência da cerâm ica. 14· 16 · 34
patente para a confecção de coroas de jaqueta de Devido a grande fragilidade das cerâmicas, Mc-
porcelana. Land procurou produzir porcelanas de Lean e Hughes 23 se propuseram a estudar meca-
baixa fusão para que pudessem ser fundidas a lâmi- nismos de reforço ao material. Avaliaram a adição
nas de ouro. mais fácil de brunir que as de platina. 12 de diferentes óxidos à cerâmica, considerando fa-
O aprimoramento das porcelanas de baixa fusão tores como temperatura de fusão. resistência ao cho-
(998ºC) por Brewster, nos EUA, e Jenkins, na Ale- que térmico, resistência mecânica no estado fundido,
manha, por volta de 1900,juntamen te com o advento coeficiente de expansão térmica, propriedades ade-
dos pequenos fo rnos elétricos no início do século sivas à matriz cerâmica, cor e estética. O óxido de
XX, determinou o estabelecimento das porcelanas Alumínio (A lp3 ), também denominado a/umina, fo i
como um dos materiais mais usados em Odontolo- selecionado por satisfazer o maior número destes fa-
gia. •2.J2 tores. Concluiu-se que os cristais de alumi na como
Em 1910, ocorreu a primeira publicação das pro- fase de reforço para a matriz vítrea conferiram uma
priedades das cerâmicas odontológicas, ocorrendo melhora significativa nas propriedades mecânicas,
então a sua difusão como um material restaurador. sendo que a resistência à flexão obtida foi de aproxi-
A associação da porcelana ao metal veio supe- madamente o dobro das cerâmicas odontológicas con-
rar a pri ncipal limitação ao uso da porcelana em den- sideradas convencionais até então.
tes posteriores e em próteses parciais fixas: a sua De 1956 até aproximadamente 1980, a restauração
falta de resistência à tração e cisalhamento. As pri- metalocerâmica foi praticamente a única forma de utili-
meiras ligas de ouro para próteses metalocerâmicas zar as porcelanas odontológicas. Entretanto, a partir
continham 88% de ouro e eram muito macias para dos anos 80, observou-se uma intensa busca pela
serem utilizadas em restaurações submetidas a gran- melhoria da estética com a eliminação da infra-estrutu-
des esforços, tais como as próteses parciais fixas. ra metálica. Procuraram mecanismos de reforço às
Devido ao fato de não haver evidências de união cerâmicas, que diminuíssem sua fragilidade. Nesse sen-
química entre essas ligas e a porcelana, a retenção tido, sem dúvida alguma, o mecanismo mais importante
mecânica era utilizada. Posteriormente, foi adicionado foi o desenvolvimento das estruturas cerâmicas de alta
1% de elementos oxidantes como ferro, índio e esta- resistência, que a pa1tir de 1983, com o lnCeram, dis-
nho nessas ligas, ocorrendo o grande aumento na pensaram a infra-estrutura metálica e proporcionaram
re istência de união da porcelana às ligas metálicas. uma confiável melhoria nas propriedades mecânicas e
Com o aumento do custo dos metais nobres a ópticas das próteses totalmente cerâmicas.
partir da segunda metade do século XX, as ligas para
próteses metalocerâmica s à base de metais básicos
sofreram grande desenvolvimento. Em comparação
Propriedad es Mecânicas
às ligas de ouro tipo IV, as ligas de Cobalto-Cromo e Este tópico apresenta uma breve discussão a res-
Níquel-Cromo apresentam menor custo, menor densi- peito das propriedades físicas e mecânicas das porce-
dade e maior rigidez (módulo de elasticidade). lanas dentárias. A compreensão dessas propriedades
Apesar de composições químicas diferentes, to- mostra-se fundamental para que clínicos e técnicos
das as ligas para próteses metalocerâmicas comparti- possam extrair todas as qualidades que os modernos
lham pelo menos três características: ( 1) desenvolvem materiais disponíveis apresentam. Propriedades como
uma camada de óxido superficial. que tem potencial coeficiente de expansão térmico linear, viscosidade,
Capítulo J - Cerâmicas Odo111ológicas

dureza, módulo de e lasticidade e resistência fazem peratura é elevada em l ºC. Esta propriedade é mui-
parte do dia-a-dia dos profi ssionais da prótese to importante, por exemplo, nas restaurações metalo-
dentária, muitas vezes sem seu adequado conhe- cerâ micas e ceramocerâmicas, pois o material da
c imento. A cor, propriedade física dos materiais que infra-estrutura e a cerâmica de cobertura devem pos-
faz parte do estudo da Óptica, será abordada no ca- suir coeficientes de expansão térmica linear s imila-
pítulo 2. res, expandindo e contraindo em proporções seme-
lhantes durante as variações de temperatura, evitan-
Estrutura da matéria e energia térmica do trincas e fraturas na porcelana. É devido ao CETL
que cada infra-estrutura de reforço, como alumina,
Todos os materiais são compostos por átomos, dissilicato de lítio, liga metálica ou zircônia, possui uma
que possuem certa quantidade de energia. Grupos cerâmica de cobertura específica.'
de átomos formam moléculas, que unidas por ligações Os materiais podem se constituir de estruturas
químicas, constituem os materiais. cristalina, amorfa ou de ambas, chamados compó-
Os átomos dentro de uma molécula possuem uma sitos. Define-se como estrutura cristalina aquela onde
distância de equilíbrio entre si, apresentam uma quan- os átomos formam uma configuração espacial regular
tidade de energia e e ncontram-se em constante vibra- e organizada, chamada grade espacial ou cristal. Na
ção. À medida que a energia aumenta, aquecendo-se estrutura cristalina, todos os átomos estão arranjados
o material, por exemplo, as moléculas vibram mais, de forma que cada átomo ocupa uma posição se-
aumentando a distância entre e las. Se o aumento de melhante e eqüidistante aos outros (Fig. 1.2).
energia continuar, os átomos podem se afastar tanto, Todos os metais são constituídos por estruturas
que pode ocorrer mudança de estado físico, como do cristalinas, assim como os cristais de alumina (Alp ),
3
sólido para o líquido. A temperatura em que ocorre a leucita, soda, potassa, quartzo, entre outros.
mudança do estado sólido para o líquido é chamada Define-se como estrntura amorfa aquela em que
temperatura de fusão (Fig. J.1). ' ·26.2s os átomos encontram-se aleatória e desorganizada-
Como dito anteriormente, à medida que a tempe- mente distribuídos no interior do material. Não existe
ratura aumenta os átomos vão vibrando mai s, se afas- arranjo ordenado. São exemplos desses materiais os
tando e fazendo com que o material sofra aumento vidros, a maioria das ceras e dos polímeros tais como
de suas dimensões. Esse aumento de tamanho do as resinas e os materiais para moldagem (elastoméri-
material devido à elevação da temperatura e do afas- cos). 1
tamento dos átomos é chamado expansão térmica.
Os diferentes materiais demonstram expansões dis-
Propriedades mecânicas
tintas sob o aumento da te mperatura, podendo esta
variável ser determinada através do coeficiente de Para estudar propriedades mecânicas dos ma-
expansão térmica linear. O Coeficiente de Expan- teriais, é necessário que sejam feitas algumas defi-
são Térmica Linear (CETL) pode ser definido, por- nições. O desempenho clínico e laboratorial dos ma-
tanto, como a alteração no comprimento por unidade teriais é avaliado principalmente quando e les sofrem
de comprimento de um material quando a sua tem- a ação de tensões.

Gás oxigênio = 0 2
Estado sólido Estado líquido Estado gasoso
Fig. 1.1 - Os três estados da matéria.
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

o o
o o o
o
Estrutura cristalina

Fig. 1.2 - Desenho esquemático de estruturas cristalina e amorfa.


ººººEstrutura amorfa

Tensão é definida como a força (carga) que atua


em uma determinada área de um corpo. Pode ser
calculada pela fórmula T = F/ A, e é medida em Mega-
Pascal (MPa). Quando uma força externa atua em
um corpo sólido, ocorre uma reação oposta a esta
força, sendo de igual magnitude e direção contrária.
Essa força aplicada dividida pela área onde ela atua
corresponde ao valor da tensão. Existe m tensões de
tração (forças que têm a te ndê ncia de alongar o mate-
rial), tensões de compressão (forças que tendem a
encurtar o material), de cisalhamento (forças que ten-
de m a torcer ou deslocar uma porção de um corpo
sobre outro), tensões comple xas (todas as tensões
ao mesmo te mpo) e as tensões de fl exão (tendem a Fig. 1.4 - Tensão de compressão.
dobrar o corpo) (Figs. 1.3 a 1.6). 26

F F
Força de
cisalhamento

Força de
cisalhamento

Fig. 1.3 - Tensão de tração. Fig. 1.5 - Tensão de cisalhamento.


Capítulo / - Cerâmicas Odo11to/6gicas

--d2,...____-
Considere um material X e outro material Y, que
apresentam diferentes ME. Hipoteticamente, o ma-

G~-t-of
terial X apresenta pequenas deformações mesmo
sob altas tensões, enquanto o material Y apresenta
grandes deformações mesmo sob baixas tensões.
Conclui-se, portanto, que o material X é mais rígido
que Y, e apresenta maior ME. O material Y é mais
flexível que o X, apresentando menor ME28 (Gráfi-
Fig. 1.6 - Tensão de ílexão. co 1.2 ).
A propriedade inversa à rigidez pode ser defini-
Sempre que uma tensão estiver atuando sobre da como flexibilidade. É a capacidade que um mate-
um corpo ocorrerá uma deformação. Essa defor- rial apresenta de se deformar elasticamente, mesmo
mação, dependendo do valor da tensão e das carac- sob pequenos esforços. Isso pode ser uma caracterís-
terísticas do material, poderá ser reversível ou per- tica desejável de um material, como o grampo de
manente. ' retenção da infra-estrutura metálica de uma PPR,
A deformação reversível, chamada deformação que deve ultrapassar o equador protético do dente,
elástica, ocorre quando o material retorna à sua for- alojando-se na região retentiva. 28
ma original logo que a tensão cessa. Esse fenômeno A dureza refere-se à resistência do material ao
pode ser exemplifi cado no momento em que se apli- riscamento ou penetração por uma ponta de diaman-
ca uma pequena força em um fio de aço ou arame, te. Existem vários tipos de dureza, medidos de acor-
que se deforma, retornando à sua forma original as- do com o formato e o tamanho desta ponta de diaman-
sim que se interrompe a força. 1
A deformação permanente, chamada deforma-
ção plástica, ocorre quando uma carga é aplicada
em determinado corpo, e este se torna permanente-
mente deformado mesmo após o término da aplica- e
ção da carga. Ou seja, o corpo não retorna às suas 1400
dimensões originais. 26 1200
Existe um valor de tensão que divide as deforma- Tensão
1000

ções elásticas das plásticas. Este valor é definido co- (MPa) 800

mo limite elástico ou limite de proporcionalidade. 600

Inferiores a este valor, todas as tensões induzidas no 400

material provocam deformações elásticas. Superio- 200

res a este, as deformações induzidas são permanen-


2 4 6 8 ,o
tes, ou seja, plásticas. 26 Pode-se deduzir que o com- Deformação (x 1000)
portamento satisfatório de um material na cavidade
bucal dependerá de que suas deformações, quando
Gráfico 1.1 - Gráfico Tensão x Deformação.
submetidas a tensões durante a mastigação, estejam
Essa curva demonstra o comportamento de uma barra
dentro do limite de proporcionalidade.
metálica submetida a u ma tensão de tração. O ponto
Dentro do limite elástico, todas as deformações são A é o ponto inicial deste ensaio mecânico, onde o
reversíveis e proporcionais às tensões. Isto significa di- metal começou a ser tracionado e começou a se defor-
zer que, ao se gerar uma tensão de 100 MPa num cor- mar. Do ponto A até o ponto B (em torno de 1200
po e ele se defonnar 0,2 mm, quando se aplicar uma Mpa), a curva é uma reta, demonstrando que a defor-
tensão de 200 MPa, ele irá se deformar 0,4 mm.26 mação é proporcional à tensão. Essa é a região elásti-
Acima do limite elástico ou de proporcionalidade, ca, onde as deformações são reversíveis. A inclinação
as deformações são permanentes e não são mais pro- desta reta exprime o Módulo de Elasticidade do ma-
porcionais às tensões, sendo imprevisíveis. O gráfico terial. Acima do ponto B, denominado Limi te de
l. l mostra estas propriedades.26 Proporcionalidade, a reta se transforma numa curva,
Uma outra propriedade relacionada às deforma- sendo essa região a porção plástica, onde o material
ções elásticas é o módulo de elasticidade (ME). se torna permanentemente deformado. O ponto C,
O ME descreve a rigidez de um material. Ele é uma em torno de 1600 MPa, é denominado Resistência
constante, obtida pela razão entre a tensão e a defor- Máxima à fratura, sendo o valor de tensão em que
mação dentro do limite elástico.28 ocorre a ruptura do material.
Cerâmicas Odo1110lógicas - Co11ceitos e Técnicas

00
Brinell Vickers Knoop

O <>
Material X Material Y

Gr áfico 1.2 - Comparação do módu lo de elastici-


() o
dade de dois materiais.

Aumento d e-dureza
te: dureza Vickers. dureza Brinnel. dureza Rockwell, com a prova de Vickers
d ureza Knoop (Fig. 1.7).1
Q ua ndo uma fo rça a tua sobre o co rpo, certa Fig. 1. 7 - Desenho esquemático dos tipos de edenta-
quantidade de e nergia é absorvida por e le. A quan- ções produzidas na superfície do ma terial pelos dife-
tidade de ene rgia ab orvida por um corpo até o seu rentes testes de dureza. Q uanto menor a marca dei-
limite de pro porc iona lid ade é conhec ido co mo xada no material pela ponta de diamante, dura nte o
resiliência . Ou seja, um material é considerado re- teste, mais puro é o material.
silie nte quando absorve uma quantidade considerá-
vel de e nergia, sem se deformar permanentem ente. quebra-se com facilidade, sobretudo sob forças de
Comparativa mente, a resina composta é mais resi- tração. As cerâ m icas de monstram um comporta-
liente que as cerâmicas, o u seja, são capazes de ab- mento de friabil idade e baixa resistê nc ia à fratura.
sorver melhor as cargas mastigatória s sem sofrer Um fa tor que contribui para esta limitação dos mate-
deformações pe rmanentes. A tena cida de envolve riais cerâmicos é a facilidade de propagação de tri n-
a quantidade de ene rgia absorvida por um corpo até cas, tornando o material a inda mais propenso à fratu-
o mome nto de sua fratura, e nvol vendo deformações, ra. Já os metais podem resistir a a ltas te nsões por se
tanto reversíveis quanto irreversíveis. Um mate rial deformarem plasticamente e, portanto, são mais resis-
tenaz é capaz de absorver uma grande q uantidade te ntes à fratura. 28
de energia sem se fra turar, pode ndo ser cons iderado
resistente.' Composição Química e
A ductibilida de refere-se à capacidade de um
Microest rutura
materia l de sofrer grande deformação permanente
sob a ação de forças de tração, ou seja, que atuam As cerâmicas odontológica s tê m so fr ido inúme-
no sentido de a longar o material. O ouro e o cobre ras modi ficações e m sua composição química, desde
podem ser considerados materiais dúcte is e m fu n- seu estabe lec imento como materia l para restaurar o u
ção de sua ca pacidade de formar fio. Esta proprie- substituir a estrutura dentária perd ida. O que se bus-
dade na Odontologia é descrita como a possibilidade cam hoje em dia são cerâ micas com menores te m-
de alongamento do materia l medida em percentual. peraturas de fusão, e xcelentes propriedades ópticas,
Uma porcentagem maior ou menor de alongamento resistênc ia mecânica adequa da e baixa capacidade
propiciará mais ou menos brunimento. Geralme nte, de abrasão aos dentes antagonistas.
as ligas odontológica s possuem alto percentual de As cerâm icas disponíve is na déc ada de 60 até os
a longamento . Em contrapartida , nas cerâmicas, este anos 80 possuíam a lta temperatura de fu são, fratu-
percentual é praticamente nulo. ravam-se com facilidade e eram muito d ura , demons-
A maleabilidad e é seme lhante à d uctibilidade, trando g rande c apac idade de desgaste dos de ntes
entretanto, traduz a capacidade do material de sofrer naturais.
grande deformação sob a ação de forças de com- No fina l da década de 80 e d urante todo os a nos
pressão, que atuam no sentido de e ncurtar o mate- 90, as cerâmicas foram objeto de intensos estudos,
rial. Um material ma leável é capaz de ser transfor- fato e se comprovado pelo expressivo número de pes-
mado e m lâminas. 28 q uisas publicadas nesse período. A busca por mate-
Um materia l friável pode ser descrito como aque - riais para infra-estruturas c erâ micas como alte rnati-
le que apresenta pouca resistê ncia à fratura. ou seja. va aos meta is e o desenvolvime nto de cerâmicas es-
Capítulo I - Cerâmicas Odo1110/6gicas

pecíficas para serem aplicadas sobre esses materiais fac ilidade na obtenção do seu pó e na pigmentação
foram aspectos bastante estudados. do mesmo, o que permite a produção de uma cerâmi-
Muitos avanços têm ocorrido em relação às ce- ca com possibilidades estéticas. Durante muitos anos,
râmicas, tanto nos materia is para infra-estruturas os fabricantes utilizaram feldspatos naturais mistura-
quanto nas cerâmicas de cobertura. Excelentes mate- dos com quartzo, numa proporção de 85% de felds-
riais estão disponíveis no mercado; entretanto, o ma- pato para 15% de quartzo. Entretanto, a demanda por
terial cerâmico mais amplamente utilizado a inda hoje temperaturas de fusão mais baixas para as porcela-
e que demonstra resultados estéticos e mecânicos nas odontológicas despertou maior interesse no uso
excepcionais é a porce lana de cobertura fe ldspática de alguns óxidos modificadores de vidro. Ao feldspato
convencional. foram então adicionados modificadores de vidro com
As cerâmicas odontológicas são materiais de na- características de fluxo, como óxido de Boro (B 20J
tureza vítrea. São constituídas por partículas cristali- Através da mistura fe ldspato e óxido modificador de
nas dispersas numa grande proporção de matriz. Esta vidro, foram obtidos pós-cerâmicos com te mperatu-
matriz, que se asseme lha ao vidro, confere ao mate- ras de fusão mais baixas e definidas. '
rial características e propriedades dos sólidos não- Os componentes químicos das cerâmicas odonto-
cristalinos, como viscosidade, te mperatura de transi- lógicas podem ser divididos em óxidos formadores
ção vítrea, temperatura de fu são, coeficiente de ex- de vidro, óxidos modifi cadores de vidro e óxidos in-
pansão térmica, dureza e suscetibilidade à fratura. termediários.
São materiais quimicamente inertes e demonstram Somente dois óxidos formadores de vidro são uti-
natureza refratária, o que as caracterizam como exce- lizados: óxidos de Silício (S i0 2 ) e ele Boro (820 3).
lentes isolantes termoelétricos. 28 Geralmente, o óxido ele Silício é preferido como e le-
O principal compone nte das cerâmicas odonto- mento estrutural básico para formar a matriz de vi-
lógicas é o feldspato, um mineral encontrado pra- dro. Quando fundido, esse material forma uma rede
ticamente em todo o mundo. Feldspatos naturais são tridimensional com ligações covalentes constituindo
misturas de albita (Na2 Al2 Si6 0 16 ) e ortoclásio ou mi- a estrutura básica do vidro, que apresenta alto ponto
crolina (K,Al 2 Si6 0 16 ) com partículas sem quartzo de fusão e alta viscosidade. Portanto, a maioria das
cristalino. Esses feldspatos nunca são totalmente cerâmicas odontológicas tem como base a sílica, na
puros, sendo que a quantidade de óxido de Sódio forma crista lina de quartzo e na forma amorfa como
(Nap) ou óxido de Potássio (K,0) pode variar con- síl ica fund ida. Uma cerâmica típica contém em torno
sideravelmente. Para uso odontológico, prefere-se o de 60% de S i0 2 . Os modificadores de vidro o u flu-
feldspato com alto conteúdo de Potássio, devido a xos são adicionados cuidadosamente, conferindo as
sua resistência ao escoamento sob altas temperatu- propriedades de resistê ncia ao escoamento a altas
ras. Quando o feldspato é fund ido em torno de 1250 temperaturas, dureza, estabilidade hidrolítica e tem-
e 1300ºC, os álcalis (Nap e K,O) se unem com a peratura de fu são reduzida.
alumina (AIP) e sílica (Si0 2), formando Alumínio A fabricação do pó das porcelanas odontológicas
silicatos de Sódio ou Potássio.28 envolve o processamento térmico das matérias-primas
O feldspato tem sido usado na fabricação de por- constituintes. O pó é produzido pela mistura de felds-
celanas odontológicas a algumas décadas, devido à pato de Potássio com nitrato de Potássio (KN0 3), óx i-
do de Potássio (K,O ), carbonato de Lítio (Li 2 C03),
carbonato de Cálcio (CaCO), carbonato de Magnésio
(MgC03) e óxido de Cério, o que proporcionam às
porcelanas uma composição de 60 a 65% óxido de
Silício (Si02), l Oa 12% de óxido de Alumínio (Alp3),
0,5 a 2 % de óxido de Cálcio (CaO), 0,5 a 1,5% de
óxido ele Magnésio (MgO), 1 a 3% óxido de Lítio
(Lip), 2 a 4% óxido de Sódio (Nap), 12 a 15% óxi-
D Panículas do de Potássio (K,0) e 0,2% óxido de Cério.3 3
cristalinas A matriz de vidro é formada por SiO?, sob a for-
.,_.'--"'. .••-&...JL..llt....o._. l!íl Matriz vilrea
ma de sílica fund ida, 28 a qual possui alto ponto de
fusão. A adição de íons metálicos como os de sódio,
Fig. 1.8 - Microestrutura de uma porcelana odonto- potássio ou c álcio, usualmente na forma de carbona-
lógica.
tos, é responsável pelo aumento da fluidez (redução
Certlmicas Odonro/6gicas - Conceitos e Técnicas

da viscosidade) e pela diminuição da temperatura de so de queima, através da cristalização de leucita em


transição vítrea (Tg) desse vidro. altas temperaturas. 3•22
Óxidos de potássio, sódio, cálcio, alurrúnio e boro Nas porcelanas odontoló gicas, a leucita desempe-
são usados como modificadores de vidro e atuam como nha importantes funções na estética, na estabilid ade
fluxo, diminuindo o ponto de amolecimento da cerâ- de cor, no controle do CETL, no aumento da resis-
mica (Tg), mas também reduzindo a viscosidade. Ou- tência e na estabilidade de união com o metal.
tros óxidos metálicos, como os de lítio, magnésio e A leucita apresenta uma transformação na sua
bário, também atuam como modificadores de vidro. 28 forma cristalina, que gera uma alteração volumétrica
Por outro lado, a incorporação de modificadores sob variações de temperatura. Essa característica pro-
de vidro reduzem a estabilidade hidrolítica da cerâmi- duz uma grande contração volumétrica durante ores-
ca, diminuindo, com isto, a resistência às agressões friament o de altas temperaturas. Essa característica
químicas do meio bucal. Esse fato pode favorece r a da leucita é fundamental para as próteses metaloce-
desvitrificação da superfíci e da cerâmica glazeada râmicas, pois aumenta o CETL da cerâmica para um
com o seu uso na cavidade bucal. nível compatív el com as ligas metál icas. Entretanto,
Após a queima, a microestrutura de uma porce- as mudanças cristalográficas da leucita podem pro-
lana odontoló gica consiste de duas fases, sendo uma duzir incompatibilidades entre algumas porcelanas e
vítrea e outra cristal ina. as estruturas metálicas, se forem submetid as a altos
Quando o feldspato de Potássio (Kp - ALp números de ciclos de queima. 1•19•21
3
- 6Si0} é aquecido a temperat uras entre 1150 e Muitas porcelan as odontoló gicas de cobertur a
1530°C, ocorre uma fusão incongru ente. Esse é um utilizadas sobre infra-estruturas cerâmicas continuam
processo que ,acarreta a transformação da estrutura contendo a leucita como o maior compone nte da fa-
cristalina original do feldspato em uma outra chama- se cristalina. 'º Provavelmente, isso seja devido ao
da leucita e uma fase amorfa (sílica fundida). fato de os cristais de leucita proporcionarem ade-
A leucita (~O - Alp - 4Si0} é um mineral quada translucidez ao material, pois seu índice de re-
3
Silicato-Potássio-Alumínio com alto coeficiente de ex- fração é similar ao das matrizes vítreas feldspáticas
pansão térmica (20 a 25 xJ0-6/ºC) , quando compara- e ao da estrutura dental. 19•21 A leucita é responsável
do aos vidros feldspáticos ( 1O x 10·6/ºC). A tendên- também pela estabilid ade da transluci dez da por-
cia do feldspato a formar leucita sob altas temperatu- celana, pois não se deteriora com o passar dos anos.•
ras é utilizada com vantagem nas porcelanas para Além do controle da translucidez e da compatib i-
prótese metalocerâmica. 1 lidade térmica com o substrato metálico (CETL), as
O conteúdo fin al de leucita de uma cerâmica propriedades mecânicas da porcelan a são afetadas
odontológica gira em tom o de 20 a 30%.22 Essa por- pelos cristais de leucita disperso s na matriz vítrea. 18
centagem pode já estar presente na sua totalidade no A quantidade, o tamanho e a distribuição dos cristais
pó da porcelana, ou pode ser obtida durante o proces- afetam diretam ente essas propr iedades. 10- 11.22 A

Tabela 1.1 - Composição química de cerâmica odontológica.

Óxidos Porcenta gem (peso) Função 1


Formado res de vidro Si02 69,36
BpJ 7,53 Formação da matriz vítrea.
Modifica dores de CaO 1,85 Resistência ao escoamento a altas tem-
vidro ~o 8,33 peraturas, dureza, estabilidade hidro-
lítica e baixa temperatura de fusão.
Nap 4,81

Interme diário 8,11


~03 Aumento da resistência, dureza e vis-
cosidade, além do controle da Tg.
Fonte: Adaptado de Mclean, J. W. 24

~
1
Capítulo I - Ceramicas Odo1110/6gicas

leucita é geralmente responsável por um aumento da co, dependendo do seu processamento, principal mente
resistência mecânica da cerâmica. 19·22 se forem submetidas a múltiplos ciclos de queima,
Esse efeito de melhoria das propriedades mecâ- podem ser absorvidas pela matriz de vidro, sendo o
nicas da cerâmica demonstrada pela leucita incenti- efeito opalescente modificado ou perdido. Dessa for-
vou o desenvolvimento de sistemas cerâmicos dife- ma, menor número de queimas seria sempre desejado
renciados. como as porcelanas prensadas ou injeta- nessas porcelanas. 9
das. O sistema !PS Empress• (Ivoclar Willians, Arn- O efeito opalescente pode ser também gerado pe-
herst, Y) é um exemplo de material para restaura- la dispersão e refração da luz em inclusões rnicro-
ções de cerâmica pura fortalecido por leucita, com cristalinas de opala, de alguns feldspatos e de quart-
aumentada resistência à flexão. obtido na forma dese- zo na matriz vítrea. A opala, por exemplo, é compos-
jada por meio de uma téc nica de cera perdida e com- ta de partículas de óxido de silício com forma esféri-
pressão da porcelana fundida. 22 ca, onde o espaço entre as partículas é preenchido
A partir da discussão a respeito das fases vítrea e por água. Devido aos diferentes índices de refração
cristalina, propõe-se que a indicação de urna determi- das rnicropartículas, a luz incidente é dispersa de for-
nada porcelana deve ser feita observando-s e o binô- ma que a opala reflita a luz azul. 9
mio estética e resistência. A porcelana indicada para
a confecção de uma faceta laminada mostra-se di-
ferente da indicada para se restaurar um dente pos-
Processa mento
terior. Porcelanas que se apresentam com maior Os materiais dentários cerâmicos são fornecidos
quantidade de fase c ristalina demonstram melhores na forma de pó e líquido (Fig. 1.9). Alguns fabrican-
propriedades mecânicas, sendo, portanto, seleciona- tes pré-sinterizam o pó cerâmico disponibil izando-os
das para a região posterior das arcadas dentárias. sob diversas formas. Podem se apresentar em for-
Em contrapartida, porcelanas que possuem grande ma de blocos a serem usinados, pasti lhas a serem
conteúdo de fase vítrea demonstram melhoradas pro- fundidas e prensadas ou, ainda, na forma de pasta,
priedades ópticas, sendo bem-indicada s para os den- corno alguns opacos.
tes anteriores. A mistura do pó com o líquido, que pode ser água
Os pigmentos são adicionados para conferir dife- destilada ou um líquido específico contendo aditivos,
rentes cores às porcelanas. Geralmente, são óxidos deve ser efetuada sempre sobre urna superfície lim-
metálicos bastante resistentes a altas temperaturas. pa. Após .essa mistura, urna massa úrnida é obtida,
Os principais pigmentos utilizados nas porcelanas são: 24 sendo aplicada por meio de pincéis ou espátulas so-
ti Rosa: compostos por óxido de Cromo-Alumínio bre troquéis refratários, infra-estruturas metálicas ou
e óxido de Cromo-Estanho. cerâmicas. Nesse momento, as massas cerâ micas
ti Amarelo: óxido de Índio, óxido de Zircônio-Va- devem ser condensadas para que sejam produzidas
nádio ou óxido de Estanho. as formas de um dente.
ti Azul: Sais de Cobalto.
ti Verde: óxidos de Cromo.
ti Cinza: óxidos de Ferro e Platina.
O efeito fluorescente pode ser incorporado às
cerâmicas odontológica s pela adição de alguns ele-
mentos. Minerais raros corno Európio, Térbio, Cério
e Ytérbio são freqüentemente usados para esse fim.
Entretanto, a simples combinação desses elementos
pode não ser suficiente para reproduzir a fluorescên-
cia do dente natural. 9·36 Toda cerâmica apresenta certo
grau de fluorescência. Algumas marcas comerciais
dispõe no seu conjunto pó cerâmico específi co para
o efeito fluorescente.
A opalescência nas cerâmicas pode ser obtida
através da adição de partículas subrnicrornétricas de Fig. 1.9 - Micrografia eletrônica de varredura do pó
material opaco aos pós. Essa partícula dispersa na da cerâmica EX-3 (Noritake) num aumento de 150X,
mau·iz víu·ea, após a queima, proporciona o efeito de- na qual pode-se notar a forma e o tamar:iho das paní-
sejado. Entretanto. essas partículas de material opa- culas cerâmicas.
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Condensação Além da eliminação de líquido, o processo de


pré-sinterização também proporciona a decomposi-
A condensação pode ser definida como a elimi- ção e eliminação, na forma de gases, de produtos
nação ou redução dos espaços vazios entre as partículas inorgânicos como aditivos. Às cerâmicas odontológi-
da porcelana antes de ser queimada. Quando a porce- cas são adicionados pigmentos orgânicos com a fi -
lana não é adequadamente condensada, pode ocon-er nalidade de diferenciar as massas, facil itando a apli-
aumento da contração de sinterização, o que resulta cação. Esses pigmentos orgânicos devem ser elimina-
em elevação da camada de opaco perto das bordas. dos nessa fase, pois com o início da sinterização, ocor-
Além disso, algumas porcelanas podem trincar, espe- re a união entre partículas, fechando os poros entre
cialmente próximo às superfícies oclusais e proximais. elas, difi cultando a eliminação dos gases.
Durante a aplicação, os espaços entre as partí- As taxas de elevação de temperatura e as de
culas de pó são preenchidos pelo líquido. Se durante aceleração de subida do elevador para o interior do
o processo de queima as partículas mantiverem esse forno devem ser lentas, procurando, assim, evitar a
espaço mesmo após a evaporação do líquido, podem formação trincas devido à pressão exercida pelos
ocorrer problemas como aspecto leitoso, alteração gases liberados. A formação de trincas, nesse está-
na cor e porosidade. gio, pode também estar relacionada a variações di-
A retirada do excesso de líquido da porcelana mensionais diferenciais decorrentes do aquecimento
pode ser obtida através de vibração manual, ultra- das fases cristalina e vítrea, que possuem diferentes
sônica e secagem com papel absorvente. Uma ex- CETL.
celente forma de também se obter condensação efi- A rápida elevação de temperatura resulta na rápi-
ciente é através do controle da umidade da massa. da formação de vapor, o que pode introduzir a forma-
Esse controle deve se iniciar no momento da deposi- ção de porosidades, fratura s ou até mesmo estourar
ção do pó e líquido sobre a placa e persistir até a o corpo da cerâmica. '
aplicação da cerâmica sobre a infra-estrutura. Uma vez que a subida do elevador é completada,
introduzindo-se a cerâmica no interior do forno fe-
O processo de queima das porcelanas chado, inicia-se a segunda etapa do processo de quei-
ma, denominada sinterização.
odontológicas
O termo si nterização signifi ca a consolidação ou
Após a fase de condensação da massa cerâmica união ·das partículas do produto, resultando em um
sobre uma infra-estrutura metálica, troquei refratá- agregado com alta resistência mecânica. Na maioria
rio ou infra-estrutura cerâmica, vibração, remoção dos casos, a sinterização promove a redução da po-
do excesso de água e escultura da forma anatômica rosidade e o aumento da densidade vol umétrica do
desejada, a porcelana deve passar por um tratamen- material. 27
to térmico em forno, para as partículas se unirem A sinterização pode também ser definida como
tomando definitivamente a forma desejada. Esse pro- o amolecimento da fase vítrea da cerâmica, escoan-
cesso é denominado queima ou sinterização e pode do ligeiramente durante a queima, permitindo a união
ser dividido em três etapas: entre as partículas de pó.1
O processo de sinterização possui vários mecanis-
,/ Pré-sinterização mos. Um dos principais mecanismos é a sinterização
,/ Sinterização no estado sólido, mecanismo de sinterização da alu-
./ Resfriamento mina. Esse mecanismo pode ser dividido em vários
estágios. No primeiro estágio, ou estágio inicial, ocorre
O processo de pré-sinterização, também chamado formação de "pescoços" entre as partículas, deposi-
secagem, é observado no _momento em que a porcela- ção de átomos na área de contato, regularização da
na, pronta para ser queimada, permanece por algum superfície das partículas, rean-anjo de partículas, for-
tempo na entrada ou sobre o elevador do forno, a cer- mação de contorno de grão, diminuição da porosidade
ta temperatura. Uma baixa taxa ou velocidade de su- em torno de 12%, mudança na geometria dos poros
bida do elevador em direção ao interior do forno tam- com máxima conectividade entre eles. No segundo
bém contribui para estabelecimento desse estágio. estágio, ou estágio intermediário, ocorre o crescimento
Esse procedimento proporciona uma progressiva do "pescoço", a diminuição da conectividade entre
eliminação de líquido e aproximando as partículas ce- os poros, que antes eram interligados e agora co-
râmicas, o que fac ilitará o processo de sinterização. meçam a ficar isolados. A porosidade média é signi-
Capítulo I - Cerlimicas Odo111ológicas

ficantemente reduzida, ocorrendo uma tendência à a resistência de união à resina composta, pois podem
interseção entre os contornos de grãos e ocorrendo alterar o conteúdo de Leucita da porcelana.
um pequeno crescimento do grão. No terceiro está-
gio. ou estágio final, os poros diminuem de tamanho a
um tamanho limite ou desaparecem. Os poros fe- Influência do acabamento de superfície
chados promovem a intersecção dos contornos de
grão.27
na resistência da porcelana
A sinterização das partículas vítreas ocorre de for- O ato de se glazear a porcelana odontológica deve
ma similar à sinterização no estado sólido, com for- ser adequadame nte compreendid o por técnicos e m
mação de "pescoço", difusão de gases e redução de prótese dentária (TPD) e c irurgiões-den tistas (CD).
poros; entretanto, esse processo ocorre de forma mais O g lazeamento tem como principal função o selamen-
rápida e é altamente influenciado pela temperatura. 29 to de poros abe1tos na superfície da porcelana s inte-
À medida que evolui o processo de sinterização rizada.
das partículas, elas se unem em seus pontos de contato. O s glazeamento s odontológico s são compostos
Com a elevação da temperatura, o vidro sinterizado de pós de vidro incolores, aplicados na superfície do
gradualmente escoa. preenc hendo os espaços ocupa- material e, em seguida, queimados para produzir uma
dos pelo ar. Entretanto, uma pequena quantidade de ar supe rfície brilhante.
permanece aprisionada, pois a massa fundida é muito O glazeamento pode ser também obtido através
viscosa para permitir que todo o ar escape, formando do autoglaze ou glaze natural. Para a realização des-
as porosidades. Um modo prático de se promover a se procedimento , a temperatura fi nal de queima deve
redução das porosidades é a queima a vácuo. ser alterada. Algumas po rcelanas recomendam tem-
A queima a vácuo reduz a porosidade. Quando a peraturas ma is altas, entretanto, outras porcelanas
porcelana é colocada no forno, as partículas de pó requerem te mperaturas mais baixas.
estão compactadas com canais de ar ao seu redor. À A superfície da porcelana antes do autoglaze deve
medida que a pressão dentro do forno é reduzida por estar relativamente lisa para promover o glazeamento
volta de um décimo da pressão atmosférica pelo efeito adequado a temperaturas mais baixas. O pré-poli-
da bomba de vácuo, o ar ao redor das partículas é mento com borrachas e lixas antes do glazeamento
também reduzido a esta pressão. À medida que a tem- deve ser e xecutado.
peratura aumenta, as partículas se unem e porosidades É muito impo rtante não queimar em excesso nes-
fechadas são formadas na massa da porcelana. A uma se estágio. D eve-se util izar as temperaturas mais bai-
certa temperatura, o vácuo é liberado, aumentando xas possíveis, prevenindo o arredondame nto da bor-
cerca de I O vezes a pressão no interior do forno. da incisiva e a perda da morfo logia de superfíc ie.
Como a pressão está aumentada, e la comprime a Quando o CD recebe a prótese acabada e vê a
cerâmica e, conseqüentem ente, as porosidades pre- necessidade de novos desgastes na superfície de uma
enchidas por ar. Esse procedimento pro porciona, por- restauração cerâmica para ajuste oclusal, proximal
tanto, uma grande redução no tamanho e na quanti- ou de contorno, um novo glazeamento ou o repolimento
dade de bolhas na estrutura da cerâmica. deve ser executado. Caso isso não ocorra, observa-
A terceira etapa do processo de queima é o res- se aumento da rugosidade de superfície, que, depen-
friamento, caracterizado pela descida do elevador dendo da localização, pode levar a um desgaste
do interior do forno ao ambiente externo, após a sinte- abrasivo do dente adjacente ou antagonista, além de
rização ter sido completada. aumento na retenção de placa bacteriana. Contatos
O processo de queima dever ser sempre efetua- oclusais entre restaurações cerâmicas ajustadas e não
do respeitando-se as recomendaçõ es dos fabrican- glazeadas com esmalte dental ou outras restaurações
tes. Alterações no procedimento de sinterização, tais cerâmicas não são recomendados, pois a ltas taxas
como mudanças na temperatura final de queima, no de desgastes são relatadas, tanto no esmalte quanto
tempo de queima, taxa de e levação da temperatura, nas restaurações cerâmicas antagonistas.
velocidade de entrada no forno, ve locidade de res- O desgaste de restaurações cerâmicas sem o de-
friamento, manutenção na temperatura de queima, vido repolimento ou reglazeamen to pode ta mbém de-
assim como múltiplos ciclos de queima, podem alte - terminar alguma redução da resistência da cerâmica
rar de forma significativa as propriedades do material. pela formação de trincas. As trincas não se distri-
Múltiplos ciclos de queima, por exemplo, podem bue m ou se propagam aleatoriame nte na estrutura
alterar a resistência à flexão, a translucidez, o CETL e do material. Elas ocorrem em pontos de maior con-
CerâmiC(IS Odo111ológic(IS - Conceiios e Técnicas

centração de tensões, como resultado de rugosidade contrário, deve ser extrema mente lisa. A lisura super-
de superfície, por exemplo. fi cial minimiza o desgaste e m dentes adjacentes ou
Muitos pesquisadores e c lín icos consideram in- antagonistas, reduz a penetração de água, reduz a
dispensável o reglazeamento das restaurações cerâ- retenção de placa bacteriana e pigmentos, não im-
micas após ajustes clínicos e antes da cimentação portando qual o tipo de glazeamento ou polimento.
definitiva do trabalho; entretanto, esse procedimento
parece não ser fundamental para o sucesso clínico a
longo prazo. Classificação das Cerâmicas
Inúmeros estudos recentes tê m sugerido que o
polimento da superfície pode ser tão aceitável quan-
Odontológicas
to o glazeamento. Muitos ceramistas preferem o poli-
Vá rias fo rmas de class ificação de cerâmicas
mento ao glazeamento devido à possibilidade de
odontológicas vêm sendo propostas por inúmeros au-
controle do brilho da superfície. A literatura científi-
tores ao longo dos anos. Entretanto não se observa,
ca não é concordante e m relação á redução da resis-
até os dias atuais, uma forma única de classificação
tência de cerâmicas em relação ao seu acabamento
que abrangesse todos os materiais cerâmicos dispo-
de supe rfície. Vários autores consideram que tanto o
níveis ao T PD e CD. Dessa forma, esse capítulo bus-
autoglaze (glaze natural), overglaze (glaze aplicado) cou classificar as cerâmicas odontológicas em rela-
ou apenas polimento podem proporcionar restaura-
ção a três aspectos distintos, possibilitando, assim,
ções cerâmicas com satisfatória resistência a fratu- abordar todos os materiais disponíveis, agrupando-
ras e trincas. A maioria dos trabalhos, entretanto, os de forma simples e didática. Logo, as cerâmicas
mostra que esses três tratamentos de superfície pro- odontológicas podem ser c lassificadas e m re lação à
porcionam resultados semelhantes. composição química, ao processame nto laborato rial
O impoitante a ser entendido é que a superfície e à indicação clínica. Os quadros 1.1 a 1.3 demons-
de uma cerâmica não deve se encontrar rugosa, pelo tram essa classi ficação.

Quadro 1.1 - Classificação das cerâmicas odontológicas de acordo com a composição química (principal compo-
nente da fase cristalina).

Composição Química Exemplos

Creation®(Creation)
Super EX-3® (Noritake Co.)
Cerabien (Noritake®Co.)
Duceram Plus® (Degussa Dental)
Leucita SymbioCeram® (Degussa Dental)
AllCeram®(Degussa Dental)
Feldspáticas Williams®(Williams)
Vita Omega 900®(Vita Zahnfabrik)
VitaDur Alpha®(Vita Zahnfabrik)
Alto teor de leucita IPS-Empress I® (lvoclar)
Mica Dicor®
Alumina Procera AllCeram®(Noble Biocare)
InCeram®(Vira Zahnfabrik)
Procera AllZircon®(Nobel Biocare)
Zircônia InCeram Zirconia®(Vita Zahnfabrik)
Cercon® (Degussa Dental)
Fluorapatita D'Sign® (Ivoclar)
Dissilicato de Lítio IPS-Empress 2® (lvoclar)
Capí1ulo J - Cerâmicas Odon1ol6gicas

Quadro 1.2 - Classificação das cerâmicas odontológicas segundo a indicação clínica.

Indica ção Princip al E xemplo Principal

!PS Empress® (lvolclar)


!PS Empress 2® (lvolclar)
Super EX-3® (Noritake Co.)
Facetas laminadas VitaDur Alpha®(Vita Zahnfabrik)
Onlay - Inlay D 'Sign® (Ivoclar)
Restaurações Coroas Puras Creation AV®(Creation)
Finesse® (Dentsply)
Vision-Esthetic®(Wohlwend Dental Manufaktur AG)
Degudent Kiss (Degudent)

VitaB !ocks®(Vita Zahnfabrik)


Onlay - Tnlay Cerec® (Sirona Dental Sistems GmbH)
Celay®(Mikrona Tecnologie AG)

PROCERA®AIICeram (Nobel Biocare)


PROCERA®AIIZircon (Nobel Biocare)
TnCeram Alumina®(Vita Zahnfabrik)
InCeram Spinell®(Vita Zahnfabrik)
Coroas Unitárias IPS Empress® (Ivolclar)
IPS Empress 2® (I voclar)
Finesse® (Dentsply)
Vision-Esthetic®(Wohlwend Dental Manufaktur AG)
Infra-estrut uras Degudent Kiss

PROCERA®AIICeram (Nobel Biocare)


InCeram AIICeram®(Vita Zahnfabrik)
Pontes Parciais InCeram Zirconia®(Vita Zahnfabrik)
Fixas IPS Empress 2® (I voclar)
Cercon® (Degussa Dental)
Vision-Esthetic®(Wohlwend Dental Manufaktur AG)

Creation®(Creation)
D 'Sign® (Ivoclar)
DuceramP!us® (Degussa Dental)
Williams®(Williams)
Infra-estruturas Finesse® (Dentsply)
metálicas Super EX-3® (Noritake Co.)
Vita Omega®(Vita Zahnfabrik)
Cobertura T i-22® (Noritake Co.)
Triceram® (Dentauraum)

Cerabien® (Noritake Co.)


CZR® (Noritake Co.)
Infra-estruturas VitaDur A lpha®(Vita Zahnfabrik)
cerâmicas AllCeram®(Degussa Dental)
Creation AV®(Creation)
Triceram® (Dentauraum)
Cerâmicas Odonro/6gicas - Conceitos e Técnicas

Quadro 1.3 - C lassificação segundo o processament o laboratorial.

Processame nto Exemplos


IPS-Empress® () voclar)
IPS-Empress 2® (Ivoclar)
Injetadas/Pre nsadas VitaPress®(Vita Zahnfabrik)
Yision-Esthet ic• (Wohlwend Dental Manufaktur AG)
Finesse® (Dentsply)
Degudent® (Degudent)

Procera® (Noble Biocare)


Celay®(Mikrona Tecnologie AG)
Cerec3• (Sirona Dental Sistems GmbH)
Cerec inLAB® (Sirona Dental Sistems GmbH)
Usinadas/Fres adas Kavo Everst System®(Kavo EWL GmbH)
Preciscan® (DSC Dental AG)
Etkon®(Etkon AG)
digiDent® (Girrbach Dental Gm bH)
EPC -CAM-System 2019'8 (Wolz-Dental -Technik GmbH)

C reation®(Creation)
Cerabien<8 (Noritake Co.)
CZR<8 (Noritake Co.)
Super EX-3® (Noritake Co.)
Ti-22® (Noritake Co.)
Duceram Plus® (Degudent)
Pó-Líquido/A plicadas (Slip-Cast) SymbioCeram® (Degudent)
AIICeram®(Degudent)
D ' Sign® (Ivoclar)
Williams®(Williams)
Vita Omega 900®(Yita Zahnfabrik)
YitaDur Alpha®(Vita Zahnfabrik)
Finesse® (Dentsply)
Yision-Esthetic® (Woh lwend Dental Manufaktur AG )

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Year book. 1989.

~
1
Eletrodeposição com
Finalidade Protética -
Obtenção de Infra-
estruturas Metálicas
para Coroas e Pontes
Parciais Fixas

V Conceito de Eletrodeposição
v Precipitação do Ouro
V Estimativa de Custo dos Trabalhos em Eletrodeposição
v Precisão de Adaptação
v Mecanismo de Adesão entre o Ouro Galvânico e as
Cerâmicas de Cobertura
V Comprovação Científica
V Casos Clínicos
Eletrod eposiçã o com Finalid ade
Protéti ca - Obten ção de Infra-
estruturas Metálicas para Coroas
e Pontes Parciais Fixas
2
Apesar do constante e exponencial desenvolvi- cerâmica ou outro mate rial sintético, e cimentada ao
mento dos sistemas cerâmicos sem metal, a utiliza- dente utilizando-se cimento fosfato de zinco.•• As in-
ção dos metais em Odontologia ainda ocupa lugar de dicações desse istema podem ser observadas nas
destaque. As infra-estruturas metálicas para coroas figuras 2. 1 a 2.7.
e próteses parciais fixas possuem suas indicações
clínicas. e um substancial período separa o estado da Precipita ção do Ouro
arte atual da sua total substituição pelas infra-estru-
turas cerâmicas. Em princípio, o sistema de ele trodeposição se
Diante dessa afirmação, uma alternativa altamen- constitui de dois e lementos essencia is : da solução
te biocompatível e previsível às infra-estrutur as metá- de ouro e do aparelho de galvanização . Esses compo-
licas confeccionad as pela técnica da cera perdida é nentes devem estar perfeitamente coordenados para
as estruturas em ouro obtidas pe la técnica da eletro- garantir a precipitação controlada de ouro.
deposição.
Solução de ouro
Conceito de Eletrodep osição Um dos e lementos essenciais para a precipita-
ção e letrolítica é a solução de ouro denominada Eco-
A eletrodeposiç ão ou galvanização é uma técni-
lyt SG I 00. Nessa solução, o ouro está presente atra-
ca pela qual infra-estruturas metá licas para coroas e
vés de combinações complexas 3 NH - 2 Au (S0 )
próteses parciais fi xas, obtidas a partir de ouro puro, 4 3
e em forma dissolvida 14 (Fig. 2.8).
são confeccionadas mediante um processo e letroquí-
Em solução aquosa, o complexo utilizado se dis-
mico.2.•.••
socia e m um cátodo num complexo ouro-amina e num
A confecção de trabalhos e m eletrodeposiç ão não
ânion su lfito. O complexo ouro-amina é destruído
requer nenhuma técnica especial de moldagem e ob-
na superfície do cátodo, levando à rápida deposição
tenção de modelos. sendo utilizado rotineiramente ges- de uma fina camada de ouro (Fig. 2.9).
so pedra tipo IV. vertido sobre moldes e m pol iéter ou
A deposição sobre um cátodo com 1,0 cm2 de
siliconas. 2 superfíc ie acarreta na precipitarão de aproximada-
O troquei de gesso obtido é duplicado com sili- mente 28 a 3 1 bilhões de átomos de ouro/segundo.
cona e recoberto com um verniz co nduto r à base de Essa superfíc ie corresponde ao tamanho de um pré-
prata, que induz a precipitação de ouro puro de 24 molar. Essa rápida formação da camada de ouro não
quilates sobre esse troquei. Uma vez concluído o pro- permite uma ideal formação dos grãos cristalinos (Fig.
cesso de galvanização , o mode lo de gesso é dissolvi- 2. 1O), fazendo com que a estrutura de ouro apresen-
do em uma solução diluidora denominada Liquidfor te baixas proprie dades mecânicas. Com a seqüênc ia
Piaste, Dissolution em um aparelho de ultra-som, do processo de eletrodeposiç ão, finas camadas de ou-
dando origem a uma e strutura galvanizada de ouro, ro que vão sendo sobrepostas aumentando a resistên-
com 0,2 mm de espessura (200 µm ) (Figs. 2. 15 a cia da estrutura de ouro em 4 vezes, mostrando valo-
2.24). Essa estrutura é posteriormen te recoberta por res de dureza Yickers de 140 a 160 VHN. 14
~
21
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

•• -
Fig. 2.1 Fig. 2.2

Fig. 2.3 Fig. 2.4

••
••
t
Fig. 2.5 Fii
Fig. 2.6 XO

Fig. 2.7
Fig. 2.1 - Coroas individua is.
Fig. 2.2 - Onlaysllnlays.
Fig. 2.3 - Ferulizações.
Fig. 2.4 - Pontes parciais fixas.
Fig. 2.5 - Próteses sobre implantes.
Fig. 2.6 - Coroas telescópicas.
Fig. 2. 7 - Bases de próteses totais removíveis .
Capítulo 2 - Eletrodeposição com Finalidade Protética

••
Fig. 2.9 - Dissociação do complexo ele sulfito aúrico-
Oxigênio amônio em um catião de ouro e aniôes de sufito .
Hidrogênio

•• Carbono
Azoto
Enxofre

. Ouro

Fig. 2.8 - Representação esquemática de um comple-


xo de sufito áurico e amônio dissociado em água.

••••• •••••
•• •••• • ••

••• • •
•••• ••••• •••
• Átomo de ouro

Fig. 2. 10 - Disposição dos átomos após a precipita-


ção galvânica estrutura reticular desordenada .
Cerâmicas Odamológicas - Conceitos e Técnicas

Com a aplicação das massas cerâmicas e duran-


te o processo de queima, o Ouro puro precipitado se
recristaliza, reduzindo as tensões internas do mate-
rial, sem que ocorra qualquer deformação (Fig. 2.11).
Ao contrário da liga metálica fundida, o ouro gal-
vanizado apresenta uma estrutura homogênea, sem
porosidades. No ouro precipitado de forma galvânica,
o tamanho dos grãos é 8 vezes maior que na liga
metálica fundida, sendo, portanto, impossível compa-
rar esses dois materiais.5 •14

Aparelhos de eletrodeposição
Em 1989 surgiu no mercado o primeiro sistema
de eletrodeposição: o GAMMAT (Fig. 2. 12). Esse
aparelho foi substituído no decorrer dos anos por apa-
relhos menores e mais compactos, que efetuavam
precipitações com melhor qualidade. Com o surgi-
mento dos pequenos aparelhos de mesa criou-se um Fig. 2.12
modo mais econômico e racional de trabalhar, o que
possibilitou o uso da técnica de galvanização em pe-
quenos laboratórios dentais. Dois exemplos desses
aparelhos são o GAMMAT free (Fig . 2.13) e o
GAMMAT easy (Fig. 2. 14).
O uso dos aparelhos de eletrodeposição de ouro
para se obterem estruturas metálica incorpora evi-
dentes vantagens como a ausência de toxicidade para
o técnico e a obtenção de uma espessura uniforme
da estrutura metálica. e

Fig. 2.13
e
t,
ti
ti
ç
g
t:
e
µ

Fig. 2.14

Fig. 2.12 - GAMMAT.


Fig. 2.11 - Disposição dos átomos após o processo Fig. 2.13 - GA MMAT Free.
de têmpera estrutura reticular ordenada. Fig. 2.14 - GAMMAT Easy.
Capíwlo 2 - E/errodeposição com Finalidade Prorética

Estim ativa de Custo dos Traba lhos


em Eletro depos ição
O consum o de o uro para coroas nos dentes ante-
riores é em torno de 0,4 e 0,5 g. Para inlays e coroas
parciais, o consum o de ouro deve ser calculad o em
aproxim adamen te 0,2 a 0,9 g. A quantid ade de ouro
necessária na galvaniz ação de estrutur as para dentes
posteriores é de 0,4 a 0,9 g. Como o consum o médio
por dente é em torno de 0,5 g, a técnica de ele-
trodepos ição demons tra um custo relativa mente bai-
xo. Sendo assim, esse sistema é absoluta mente ca-
paz de concorr er com as técnicas de fundiç ão das
infra-estruturas metálicas de coroas e próteses par-
ciais fixas.
As estrutur as obtidas pela galvaniz ação do ouro
possuem um grau de pureza superior a 99%. O pon-
to de fusão é 1063°C, e o coeficie nte de expansã o
térmico linear é de aproxim adamen te 15,2 x 10-6/K,
a uma tempera tura de 25 até 500º C. Essas proprie-
dades possibil itam a associaç ão das infra-estruturas
de ouro às porcelan as odontol ógicas convenc iona is
para a confecç ão de coroas e próteses parciais fixas
metaloc erâmica s.

Precisão de Adap tação


Os sistemas galvânicos são eficientes devido à
excelente precisão de adaptaç ão marginal.
A adaptaç ão marginal de restaura ções inlays e
coroas galvânic as fo i aval iada medindo -se 375 pon-
tos nas margens dos troquéis. As mediçõe s foram efe-
tuadas antes e após a aplicaçã o da porcelana de cober-
tura. Os resultad os mostrar am que a segunda medi-
ção identific ou redução dos valores das fendas mar-
ginais encontrados na primeira medição. Foram cons-
tatadas que mais de 80% das fendas margina is en-
contrada s na segunda medição eram inferiores a 20
µm. '•

Figs. 2.15 e 2.16 - Duplicação do troquei de gesso.


Figs. 2.17 e 2.18 - A haste conduto ra é fixada no
troquei de gesso duplicado. Na parte superio r da
haste, deve-se remover o revestim ento para possibi-
litar o contato.
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 2.19 Fig. 2.20

Fig. 2.21 Fig. 2.22

Fig. 2.23 Fig. 2.24

Fig. 2.19 - Pincelamento de verniz de prata sobre o


troquei e a haste d e cobre.
Fig. 2.20 - Posicionamento do troquei na cabeça de
galvanização do aparelho GAMMAT.
Fig. 2.21 - Uma vez terminado o processo de galva-
nização (após 6 horas), o trabalho apresenta u ma su·
perfície brilhante e lisa.
Fig. 2.22 - Parte interna da infra-estrutu ra após a
remoção do gesso. Pode-se notar que restos de prata
permanecem aderidos à infra-estrutura, que é remo·
vida com ácido nítrico diluído.
Fig. 2.23 - Parte interna da infra-estrutura após a
remoção da prata.
Fig. 2 .24 - Comprovação da adaptação da infra-es·
trutura de ou ro com 0,2 mm de espessura n o troquei
de trabalho.
Capítulo 2 - Ele1rodepo,içiio com Finalidade Protélica

Na c línica odontológica da Universidade de Hei- Os valores de adesão e ntre esses dois materiais
delberg, foram realizadas pesquisas sobre a res istên- podem ser melhorados pela aplicação de um adesivo
cia de coroas galvânica s. Os resultados de resistência especial (Galvano Bonder), composto de pó de ce-
ao cisalhamento mostraram valores de 220 Nem co- râmica e pó de ouro (Fig. 2 .25).
roas de incisivos e 297 Nem caninos. Uma vez que as Estudos na interface e ntre o adesivo e a porcela-
forças de mastigação na região dos dentes anteriores na revelam que a sinterização conjunta das partícu-
pode ser considerada em tomo de 100 a 150 N, as las de ouro puro com partículas de porcelana produz
coroas galvânicas se mostram adequadas para uso clí- uma interpenetração e ntre essas, melhorando a re-
nico. 13 tenção da cerâmica.
Foi demonstrado que os valores de resistência
de próteses parciais fixas de três elementos à fra- Importância do adesivo (Galvano
tura, executadas pela técnica de eletrodeposição era
Bonder)
de 1413 ± 291 N .6 Esses resultados são estatistica-
mente superiores aos obtidos em 1990 por Kappert Assim que a eletrodeposição se completa, o fio,
e Knode 10 para próteses parciai fixas em ln-Ceram a prata conduto ra e o troquei duplicado são removi-
( 1163 ± 170 N), Dicor (350 ± 1 1ON) e metaloce râ- dos, restando apenas a estrutura de ouro. Essa estru-
mica (2350 N). Segundo Kõrber e Ludwig, 11 o valor tura é, e ntão, a daptada ao troque i-mestre para a
mínimo de resistência requerida para próteses parci- aplicação .da porcelana.
ais fi xas seria de 1000 N, logo, os trabalhos em e letro- O primeiro passo de trabalho é semelhante ao
deposição possuem uma resistência clinicamente sa- processo metalocerâmico.tradiciona l: limpeza e as-
tisfatória. perização da superfície. A limpeza com jateamento
de óxido de alumínio é o melhor me io para se obter
uma superfície rugosa. A pressão usada no jato não
Mecanismo de Adesão en tre o Ouro deve ser superior a 2 ,0 bar e o tamanho do grão,
menor que 125 µm. Pressão superior aumenta o ris-
Galvânico e as Cerâm icas de
co de deformação da estrutura. O adesivo Galvano
Cobertura Bonder deve ser aplicado com um pincel sobre a
estrutura de ouro li mpa, seco no forno de cerâ mica
Forças de Van der Waals e, em seguida, sinterizado a uma temperatura de
950ºC sem vácuo (Fig. 2.25). D urante o processo de
São ligações químicas fracas, decorrentes da atra- queima, as partículas de ouro se fundem entre as par-
ção e letrostática entre dois átomos, que se aproxi- tículas de cerâmica, abraçando-as.
mam um do outro. Ocorrem devido a formações bipo-
A tempe ratura de queima das partículas de ouro
lares 19·25 e são também descritas como forças de liga-
do adesivo é inferior ao ponto de fusão do ouro da
ção secundá.rias .
estrutura, devido ao tamanho reduzido de suas partí-
Forças de Van der Waals possuem pouca influê n- culas. A composição do adesivo asseg ura uma ínti-
cia direta sobre a intensidade da adesão, mas são im-
ma difusão na e strutura de ouro, formando um a liga-
po11antes na melhora da capacidade de molha mento
ção isenta de gaps e ntre o adesivo e o metal.
da superfície de metal pela massa cerâmica durante
o processo de queima.
Como não se forma uma camada de óxido sobre Comprovação Científica
a superfíc ie do ouro eletrodepositado, a adesão da
porcelana ao metal é somente física, não ocorrendo Devido 11 precipitação da camada de ouro sobre
a ligação química. Dessa forma, a resistê ncia de união o troquei duplicado, coroas com alta precisão de
da porce lana ao metal é d iretamente fortalecida por adaptação e excelente assentamento são obtidas pelo
uma capacidade de molhame nto melhorada, propor- processo de e letrodeposição. Essa afirmação foi com-
cionada pe las de forças de Van der Waals. provada através de estudos comparativos de diferen-
Apesar da ausência da camada de óxidos superfi- tes estruturas efetuados por Hopp 8 e Henriksson7 em
ciais e conseqüentemente da união química entre me- estruturas cobertas por materiais estéticos.
tal e porcelana, a resistência de união dessa inter- Uma alta precisão de adaptação é uma condição
face é confiável. Valores de resistênc ia à fle xão de básica pa ra se obter longevidade do trabalho de pró-
três pontos de 30 N/mm2 fo ram re latados. tese, com mínimo risco de desenvolvimento de !e-
Cerâmicas Odo1110/6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 2.25

Fig. 2.26 Fig. 2.27

Fig. 2.28
••
Fig. 2.29

Fig. 2.30 Fig. 2 .31

Fig. 2.25 - Aplicação de Galvano Bonde,:


Figs. 2.26 a 2.31 - Após a queima do Bonder, no
trabalho podem ser aplicadas convencionalmente mas-
sas cerâmicas de alta ou baixa fusão .
Capítulo 2 - Eletrodeposição com Finalidade Protético

sões de cárie secundárias. Da mesma forma, o


excelente assentamento da restauração propor-
ciona redução das tensões na interface entre o
ouro galvânico e a cerâmica de cobertura. O ris-
co de degradação e de fraturas fica, dessa m a-
neira, imensamente reduzido.
Em coroas telescópicas, as características de
precisão de adaptação e de assentamento do sis-
tema de eletrodeposição demonstram grande van-
tagem sobre os sistemas de cera perdida, pois
facilitam o manejo da prótese por parte do pa-
ciente. Os trabalhos com coroas telescópicas
galvanizadas deslizam suavemente e oferecem
retenção friccionai adequada. Estudos longitudi-
nais comprovam essa afirm ação.
Uma outra vantagem da eletrodeposição de
ouro é, além da já citada biocompatibilidade, 3 a
baixa retenção de placa bacteriana, favorecendo
a longevidade clínica das restaurações. 12
A menos de 20 anos atrás, iniciou-se o uso
dos sistemas de eletrodeposição na Odontologia.
As vantagens da técnica podem ser comprova-
das através de diversos estudos na literatura cien-
tífica, convencendo até mesmo os mais incrédu-
los críticos. A inigualável combinação de preci-
são de adaptação, biocompatibilidade e alta tec-
nologia de processamento, aliados a custos rela-
tivamente baixos, contribuem para o aumento no
uso dos sistemas de eletrodeposição em todo o
mundo (Figs. 2.32 a 2.34). '-9

'
Cerâmicas Odomológicas - Conceitos e Técnicas

Casos Clínicos

Caso Clínico 1

Fig. 2.35 - Parte interna da estrutura ele ouro após a


eletrodeposição.
Fig. 2.36 - Prova da estrutura vista por ocl usal.
Fig. 2.3 7 - Coroa rnetalocerâmica após a cimentação
vista por oclusal.

Fig. 2 .3 7
Capíwlo 2 - Ele11vdeposiçlio com Finalidade P1vtética

Caso Clínico 2

fig. 2.38 - Parte interna das coroas mctalocerâmicas


obtidas por eletrodeposição após o jateamen to com
óxido de alumínio.
Fig. 2.39 - Vista oclusal das coroas.
Fig. 2.40 - Visão vestibular das coroas após a cime n-
tação. Observar aspecto gengival ao redor das coroas.
Fig. 2.41- Visão oclusal das coroas após a ci mentação .

fig. 2.38

Fig. 2.39

Fig. 2.40
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Caso Clínico 3

Fig. 2.42 - Aspecto inicial do caso clínico.


Fig. 2.43 - Preparo dos dentes 11 e 23 para recebe-
rem coroas totais metalocerâmicas obtidas por eletro-
deposição de ouro. Esse preparo segue os mesmos
princípios das próteses metalocerãmicas convencio-
nais, podendo o término ser em chanfrado ou ombro,
tanto em dentes posteriores quanto em anteriores.
Fig. 2.44 - Provisórios imediatos instalados.
Fig. 2.45 - Prova das estruturas em boca.

Fig. 2.42

Fig. 2.43

Fig. 2.44

Fig. 2.45
Capítulo 2 - Ele1rodepos1.çao
- com Finalidade Protética

~ oAAwf>,f J ~<vi.-; n!
Cr...t...J)

Fig. 2.46

F.1g. 2 .46 - Diagrama de cor.


Cerâmicas Odo1110/6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 2.47

,
Fig. 2.48

Fig. 2.47 - Coroas após glazeamenlo .


Fig. 2.48 - Caso c lín ico fi nalizado, após a cimentação
das co roas.
Capítulo 2 - Eletrodeposição com Fi11alidade Protético

Caso Clínico 4

Fig. 2.49 Fig. 2.50

Fig. 2.51 Fig. 2 .52

Fig. 2.53 Fig. 2 .54

Fig. 2.49 - Caso clinico inicial, coroas metalocerâmicas


nos dentes 12, 11, 21, 22.
Fig. 2.50 - Preparos protéticos para receber coroas metalo-
cerâmica obtidas por eletrodeposiçâo de ouro.
Fig. 2 .5 1 - Prova das infra-estruturas em ouro.
Fig. 2.52 - Seleção de cor para a confecção das coroas pro-
visórias.
Fig. 2.53 - Coroas provisórias reembasadas, planejando a
forma dos dentes definitivos.
Fig. 2.54 - Seleção de cor para aplicação de cerâmica.
Cerâmicas Odo111ológicas Conceitos e Técnicas

\- .......~."\ \ ~~

~ :PN'~~~
lt-~

Fig. 2.55

Fig. 2 .55 - Diagrama de cor.


Capíwlo 2 - Eletrodeposição com Finalidade Protético

Fig. 2.56 Fig. 2.57

Fig. 2.58 Fig. 2.59

Fig. 2.60

Fig. 2.56 - Infra-estruturas posicionadas no mo-


delo de trabalho após a moldagem de transferência.
Fig. 2.5 7 - Opaco queimado após a aplicação e
queima do Galvano Bonder.
Fig. 2.58 - Aspecto após a queima de massas mo-
dificadas.
Fig. 2.59 - Aplicação de dentina, incisais e trans-
parentes.
Fig. 2.60 - Aspecto após a queima.
Fig. 2.61 - Aspecto das coroas após a aplicação de
115 {Internai Live Stain - Pós para Pintura In-
terna).
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 2.62

Fig. 2.63

Fig. 2.65

Fig. 2.66
Fig. 2.62 - Aplicação das massas opalescentes.
Fig. 2.63 - Aspecto após a queima.
Fig. 2.64 - Coroas glazeadas posicionadas no mocle·
lo após o acabamento superficial de textura e zonas
de brilho.
Fig. 2.65 - Visão interna elas coroas.
Fig. 2.66 - Coroas após a cimemação.

~
3
Capítulo 2 - Elerrodeposiç(io com Finalidade Protética

Fig. 2.67

Fig. 2.69 Fig. 2.70

Figs. 2.67 e 2.68 - Coroas após a cimentação.


fig. 2.69 - Sorriso do paciente antes do tratamento.
Fig. 2. 70 - Sorriso após a cimentação das coroas metalocerâ-
micas com infra-estruturas obtidas por cletrodeposição.

39
~
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Referên cias 8. HOPP, M., BRANDNER , M. I< S=.t w;<h, Fro~


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Dialogue, 3/2002, p.318-324, German. 2000. ISBN 0-867 15-376-8.
Sist ema s Cer âmi cos
sem Met al

ti Classificação e Evolução dos Sistemas Cerâmicos sem Metal


ti Sistema Procera AllCeram
D Introdução
D Preparo do dente, moldagem e cimentação
D Indicações (laminados, pilares, unitários)
D Pontes fixas em Procera
D Procera Implant Bridge
ti Porcelanas de Cobertura
ti Casos Clínicos

41
i
Sistema s Cerâmi cos sem
Metal
3
Classificação e Evolução dos 1.0 mm. Essas coroas de porcelana aderidas ao me-
tal foram consideradas altamente saúsfatórias do pon-
Sistemas Cerâmicos sem Metal to de vista estético, durante décadas.s
Uma das primeiras alternativas estéticas às pró-
As cerâmicas fazem parte do cotidiano de nos-
teses metalocerâmicas utilizadas foram as coroas de
sas vidas. sendo impossível pensar no mundo sem
jaqueta em cerâmica, que certamente foram, dentre
elas. Comemos em pratos cerâ micos (porcelanas
as restaurações disponíveis, as mais bem-sucedidas
feldspáticas), cortamos com facas cerâmicas (dióxido
do ponto de vista estético. As coroas de jaqueta cerâ-
de Zircônio) e, nos toaletes, encontramos uma gran-
mica foram inicialmente produzidas por Land ( 1886),
de quantidade de louça branca (porcelana feldspáti-
que projetou uma técnica para queimar cerâmicas
ca). Os chips de computador são à base de cerâmi-
sobre uma matriz de platina. 2 •11 A porcelanas dispo-
cas. nossos carros possuem componentes cerâmicos
níveis até então eram de alta fusão e baixa resi tên-
(óxido de Alumínio e dióxido de Zircônio), além de
cia à fratura. A inerente fragilidade dessas porcela-
inúmeras outras aplicações. Finalmente, existe um
nas associada à grande contração de sinterização fi-
tipo especial de cerâmica, utilizada e m Odontologia
zeram com que fosse reduzida a aceitação das co-
e. para tanto. deve satisfazer dois aspectos princi-
roas totalmente cerâmicas. Considerou-se a alta in-
pais: ser ..branca" e translúcida, como os dentes na-
cidê ncia de fraturas das jaquetas cerâmicas como sen-
turais.7·8
do o fator responsável para que essas próteses ficas-
Desapontados com os resultados estéticos pro- sem na obscuridade durante algum tempo. 11
porcionados pelas próteses de resina acrílica, os pro- Durante os anos 60. a porcelana teve suas proprie-
fissionai s voltaram, então, suas atenções para o uso dades melhoradas. Aumentou-se a resistência mecâ-
da cerâmica para a confecção de coroas e próteses nica através do reforço por partículas de aJumina.s A
parciais fixas. Uma das principais críticas feitas às coroa de jaqueta em porcelana aluminizada tornou-
cerâmicas era relativa à sua inerente fratura sob im- se, e ntão, o ponto de referência estético por quase
pactos de baixa intensidade. Por essa razão, tornou- 20 anos.11
se aceita a prática de reforçar coroas e próteses par- Uma outra alternativa às coroas e próteses par-
ciais fixas de cerâmica com superfícies linguais em ciais fixas metalocerâmicas tradicionais foi apresen-
ouro. protegendo com isso todo o corpo da prótese tada por Prince et al.6 Naquele momento, foi intro-
e. principalmente, a borda incisai. Entretanto, esse duzido o conceito das próteses metalocerâmicas com
tipo de prótese sempre acarretava um impasse entre ombro vesúbular cerâmico, ou seja, a borda vesti-
estética e resistência. pois o ouro aparente compro- bular da coroa em cerâmica, não em metal.
metia a estética do trabalho protético. Posteriormen- Com o passar dos anos, o nível de exigência esté-
te. foram desenvolvidas ligas metálicas que permiti- tica aumentou sensivelmente. Considera-se atualmen-
ram a cocção de porcelanas sobre elas. As coroas te que as coroas metalocerâmicas tradicionais exi-
poderiam ser, então, confeccionadas a partir de uma bem ótima resistência; entretanto, as propriedades
infra-estrutura metálica com 0,5 mm de espessura e de luminosidade e transm issão de luz através da
cobertas por uma camada de cerâmica com cerca de prótese são completament e diferentes daquelas
~
4
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

apresentadas pelos dentes naturais, devido à presen- Os sistemas à base de alumina estão disponíveis
ça da infra-estrutura metálica.3 nas diferentes versões:
As restaurações metalocerâmica incorporam al-
gumas limitações estéticas como a impenetrabilidade V Al2 0 3 sinterizada em um troquei refratário e pos-
da luz na estrutura de metal, alta reflexão da coroa e teriormente infiltrado por vidro (lnCeram, Yita).
da margem cervical. 'º O desej o de melhores pro- V Alp 3 reforçado por óxido de Zircônio (ZrO} sin-
priedades estéticas e de biocompatibilidade levou ao terizada em troquei refratário e posteriormente
desenvolvimento de sistemas cerâmicos que dispen- infiltrado por vidro (lnCeram Zr02, Vita).
sam o uso de metal. V MgAlp4 - Spinell, sinterizada em troquei refra-
Atualmente, diferentes tipos de cerâmicas estão tário e posteriormente infiltrado por vidro (lnCe-
disponíveis para a confecção de restaurações sem me- ram Spinell, Yita, Germany).
tal. Todas estas demonstram valores de resistência V Alp3 modificado por vidro (Cícero, Cícero Den-
superiores às porcelanas convencionais para meta- tal Systems BY).
locerâmica e podem ser classificadas da seguinte ma-
O lnCeram foi a primeira cerâmica de óx ido de
neira:
Alumínio usada na Odontologia. Apesar de exibir
alta resistência e faci lidade de manipulação, seu pro-
V Cerâmicas de óxido de Silício - Si02 (feldspá-
cessamento é muito demorado, e a infra-estrutura é
ticas).
muito opaca, prejudicando a estética na região ante-
V Cerâmicas aluminizadas (Alp).
rior. O InCeram pode ser fornecido em blocos para
V Cerâmicas aluminizadas reforçadas por óxido de
serem usinados, como no sistema Celay (Microna
Zircônio (Zr0 2).
AG) e Cerec (Sirona). O InCeram Spinell possui
V Cerâmicas de óxido de Zircônio (ZrOJ.
resistência ligeiramente inferior ao sistema original,
entretanto demonstra melhor translucidez, sendo por-
Cerâmicas de óxido de Silício (sílica) tanto bem indicado para região anterior das arcadas
dentárias.
Essas cerâmicas podem ser confeccionadas tan-
to pela técnica do pó e líquido quanto por técnicas Sistema Procera AllCeram
de prensagem. Optec HSP (Jeneric/Pentron Inc) é
uma cerâmica de óxido de silício processada em re- Introdução
fratário. Outros exemplos desse tipo de material são
Empress (l voclar AG), Finesse Ali Ceramic (Dentis- Procera AIICeram® consiste em infra-estruturas
ply/Ceramco), Carrara Press (Elephant), Cergo (De- de óxido de Alumínio ou óxido de Zircônio sinteri-
gussa-Dental) e Optec (Jeneric/Pentron Inc). Restau- zados, extremamente compactas, recobertas por uma
rações de óx ido de silício podem também ser obti- cerâmica de coeficiente de expansão térmica compa-
das por usinagem de blocos previamente sinterizados, tível.
como Cerec-System (Sirona AG), DSC Precident As infra-estruturas de Procera AIICeram® são
System (DSC Dental AG) e Digident (Girrbach). Essa confeccionadas pela tecnologia CAD/CAM (Compu-
técnica tornou-se popular com o surgimento do siste- ter-Aided Desing - Computer-Aided Machining), si-
ma Dicor (Dentsply International Inc), o primeiro gla em inglês que significa leitura e manufatura auxi-
sistema totalmente cerâmico cl inicamente aceitável liados por computador (Fig. 3.1).9
e estético. Dicor entrou em desuso, pois novos siste- Após os procedimentos de preparo, confecção de
mas que demonstraram valores de resistência supe- provisórias e moldagem, o cirurgião-dentista obtém
rior surgiram em seguida. troquéis em gesso dos dentes preparados, e os enca-
minha ao laboratório de prótese. No laboratório, o téc-
nico avalia as características dos troquéis, executan-
Cerâmicas à base de óxido de Alumínio do em seguida um recorte específico na linha de tér-
(alumina -Alp) mino (Fig. 3.2 e 3.3). O troquei é, então, posicionado
no holder do scaner para que seja feita sua leitura.
Essas cerâmicas podem ser processadas pela téc- Para o escaneamento, o troquei é posicionado
nica da mistura de pó e líquido, aplicadas com pin- num suporte de leitura rotacional. A ponta da sonda
cel ou usinadas pelo sistema CAD/CAM ou outro do escâner exerce uma pressão extremamente leve,
sistema de desgaste como o Celay (Mikrona AG). em torno de 20 g , que a mantém em contato constan-
Capíwlo 3 - Sis1emas Cerâmicos sem Mewl

te com o modelo, enquanto este rotaciona em redor


de um eixo vertical. •
Como a plataforma rotaciona, um ponto é regis-
trado em cada grau dos 360° da c ircunferên c ia do
troquei. Durante cada rotação do troquei, a sonda é
automaticamente elevada 200 µm. Uma nova linha
de leitura é. então, iniciada até que toda a superfície
de contorno do troquei tenha sido mapeada, descre-
vendo a característica do dente preparado através de
D.
aproximadamente 30.000 pontos. Quando a leitura é
completada, os dados podem ser visualizados e traba-
lhados na tela do computador. Primeiramente, o mo-
delo de trabalho é digitalizado em três dimensõe s e,
em seguida, é feita a delimitação da linha de término. 1
O software Procera 30, desenvolv ido na plata-
forma Windows 2000 profission al/XP, é utilizado
para o desenho das infra-estru tu ras (Fig. 3.4). Esse
novo programa substituiu o software Procera 20, uti-
lizado durante anos para a confecção de infra-estru-
tura. pilares e próteses parciais fixas (Figs. 3.5 e 3.6).
Após o escaneam ento, o operador manipu la a
imagem gerada pelo escâner. O primeiro aspecto de-
fin ido nas infra-estruturas é o térmi no cervical. Para
tanto, o software localiza, a cada 18°, o ponto mais
proeminente na margem do preparo, totalizand o 20
pontos ao redor da circunferê ncia da borda. Em se-
guida. automaticamente, são localizados 360 pontos
(de I em I grau) ao redor da margem, diferentem en-
te do programa anterior (Procera 20), onde o técni-

Fig. 3.1 - Escâner Procera.


Fig. 3.2 - Fresas indicadas para recortar o troquei de
gesso.
Fig. 3.3 - Posiçâo correta da fresa para o recorte do
troquei. Procedimento importam e para se evitarem
retenções durante a leitura do escâner.
Fig. 3.4 - Posicionamento da ponta de sáfi ra para
escaneamento do preparo em gesso GC Fuji Rock.
Figs. 3.5 e 3.6 - Imagens obtidas no software 20.

"""
45
Cerâmicas Odomo/6gicas - Conceitos e Técnicas

co inicialmente localizava o ponto mais proemi nen-


te a cada 10° e, posteriormente, a cada 5°, totalizando
assim 72 pontos ao redor da margem.
O software 30 gera maior quantidade de dados
e m relação à margem cervical (360) quando com-
parado aos 72 pontos obtidos pelo programa anterior.
E sse fato é traduzido em uma melho ria na precisão
de adaptação . Permite também uma ampliação da
imagem em torno de 500 vezes, possibilitando a cor-
reção de mínimos detalhes.
Após a del imitação da margem do preparo, são
definidos o perfil de emergência e a espessura e m
que a infra-estrutura será confeccionada.
O próximo passo é enviar os arquivos via internet
para a unidade de produção específica. As figuras Fig. 3.9 - Marcação de 20 pontos determinando a
3.7 a 3.17 demonstram a seqüê ncia do escaneamento. superfície mais externa do preparo.

Fig. 3.7 - Conferê ncia do posicionamento adequado Figs. 3 .10 e 3 .11 - União dos 20 pontos determi-
do troquei para a confecção da estrutura em Procera nados.
após o escaneamento.

Fig. 3.8 - Imagem do troquei obtida pelo escanea- Fig. 3.11


mento.
C,11,(111/0 3 - Sistemas Cerâmicos sem Mew l

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Figs. 3.12 e 3.13 - Ajuste da linha de término. Fig. 3.15

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Fig. 3.13 Fig. 3.16 - Preenchime nto da ficha de dados.

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Figs. 3.14 e 3.15 - Determinação do material e da Fig. 3 .17 - Dados enviados pela Internet para a con-
espessura da infra-estrutura. fecção da infra-estrut ura.
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Na unidade de produção, a partir dos dados obti- estrutura de al umina, ainda sob a forma de pó, e troquei
dos pelo escaneamento, um troquei em material refra- refratário é então levado ao forno, onde recebe uma
tário é confeccionado por fresage m, com dimensões queima inicial a 550ºC por I hora, observando-se uma
aumentadas em 20% em relação ao troquei de gesso grande contração do material refratário. A infra-estru-
original, prevendo com isso a contração de sinteri- tura é facil mente removida do troquei refratário, sen-
zação da alumina (Figs. 3. 18 e 3. 19). do levado, então, para a queima final.
Sobre esse troquei refratário, é compactada alu- Durante o processo de sinterização, é confeccio-
mina e m pó com 99,5% de pureza sob pressão de 2 nado um troquei de prova em PYC (Fig. 3.25). Logo
toneladas (Figs. 3.20 e 3.21). Forma-se, então, um blo- após a sinterização da infra-estrutura, a adaptação
co de pó de alumina a ltamente condensado sobre o marginal , a presença de microtrincas e a translucidez
troquei, que é reduzido novamente por fresagem se- são verificadas nesse troquei de prova. Estando es-
guindo-se o desenho determinado no computador, ime- sas variáveis sati sfatórias, o trabalho é, e ntão, envia-
diatamente após o escanearnento. O conjunto infra- do ao laboratório de origem.

Fig. 3.18 Fig. 3.19

Fig. 3.20 Fig. 3.21

Fig. 3.18 - Torneamento do


troquei a partir do arquivo
enviado.
Fig. 3.19 - Troquei em mate-
rial refratário obtido após o
torneamento.
Figs. 3.20 e 3.21 - Troquei
refra tário sendo transporta-
do para a prensagem de alu-
rnina.
Fig. 3.22 - Prensagem da
alumina.
Figs. 3 .23 e 3.24 - Forno pa-
ra a sinterização da alumina.
Fig. 3.25 - Troquei de pro-
va em PVC. Fig. 3 .24 Fig. 3 .25

~
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal

fig. 3.26 Fig. 3.27

fig. 3.28

Fig. 3.29 fig. 3.30

Fig. 3.26 - lnfra-estrutur a em alumina com 0,6 mm


de espessura.
Fig. 3.27 - Prova das infra-estrutur as em boca.
Figs. 3.28 e 3.29 - Caso finalizado.
Fig. 3.30 - Caso inicial.
Fig. 3.3 1 - Caso fi nalizado.

Fig. 3.31
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas

Preparo do dente v' O ponto de contato deve ser rompido com a broca
6878K.O 14. Os desgastes mesial e distal estabele-
O preparo do dente para receber uma coroa ou cerão ombros interproximais mínimos (Fig. 3.39).
retentor de prótese parcial fixa em Procera deve se- v' A superfície oclusal deve ser reduzida em aproxi-
guir os mesmos princípios básicos que se aplicam madamente 2 mm com as brocas 6876K.016 ou
para otimizar a resistência e a estética nas coroas 6876K.021. Nos preparos de dentes posteriores,
totais cerâmicas. sulcos centrais profundos devem ser evitados
Pode ser utilizado o kit Procera para preparos, (Fig. 3.40).
que contém 4 brocas diamantadas que são adequa- v' Três (3) sulcos de orientação de desgaste com
das para desgastes, tanto nos dentes anteriores quan- profundidade 0,8 a 1,5 mm devem ser executa-
to nos posteriores, favorecendo a obtenção de uma dos nas superfícies lingual e vestibular com a
linha de término em chanfro e ângulos internos ar- ponta diamantada 6878K.014 ou 6878K.Ol 6. O
redondados. A terminação em ombro é dispensável, esmalte deve ser removido unindo-se os sulcos
pois não proporciona nenhuma vantagem estética ou de orientação, estabelecendo-se uma redução de
estrutural em relação à terminação em chanfro. Uma tecido dental uniforme e uma linha de término
linha de término em zero grau pode ser escaneada e em chanfro moderado. É importante que o pre-
duplicada, entretanto, não resulta em bons resulta- paro tenha expulsividade adequada, demonstre
dos estéticos. ângulos arredondados e não apresente qualquer
retenção (Fig. 3.4 1).
Preparos em dentes anteriores v' A linha de término em chanfro moderado deve
v' O preparo deve ter uma expulsividade apropria- ser estendida abaixo da margem gengival. Deve
da e forma arredonda, evitando ainda qualquer haver continuidade da linha de término em todo
retenção nas paredes axiais (Fig. 3.32). o preparo, evitando terminações em ângulos vi-
v' O ponto de contato entre dentes adjacentes deve vos. Linha de término em zero grau deve ser evi-
ser rompido com a broca 6878K.314.01 4. Os des- tada. Margens irregulares não permitem uma boa
gastes mesial e distal estabelecerão ombros inter- leitura pelo escâner devem ser portanto regulari-
proximais mínimos (Fig. 3.33). zadas.
v' A supe1f ície incisai deve ser reduzida em 2 a 3 Sugerem-se ainda as brocas 688 l.O 12e6885.012
mm com a broca6878K.314.014ou 687K.314.0 l6 da Komet para o preparo do término cervical (Fig.
(Fig. 3.34). 3.42).
v' Para a redução vestibular, três (3) sulcos de orien-
tação com profundidade de 0,8 a 1,5 mm podem Moldagem
ser fe itos com as brocas diamantadas 6878K.
A moldagem dos dentes preparados para recebe-
314.0 14 ou 016 (Fig. 3 .35)
v' O desgaste lingual/palatino deve ser feito da bor- rem coroas de Procera pode ser efetuada utilizando-
se as siliconas (adição ou condensação) pela técnica
da incisai em direção ao cíngulo com a broca
do reembasamento; ou poliéter, pela técnica docas-
6368.314.023 a uma profundidade de 0,8 a 1,5
mm. A linha de término em chanfro moderado quete. Uma breve descrição desses materiais para
moldagem se mostra importante nesse momento .
pode ser criada com as brocas 6878K.014 ou
Diversas etapas contribuem para o sucesso de um
6878K.016 (Figs. 3.36 e 3.37).
v' Uma pequena extensão subgengival pode ser exe- trabalho restaurador indireto, seja em metal, cerâmi-
ca ou resina. A moldagem envolve um conjunto de
cutada. Um preparo do dente com perfil alto e
fino e com ângulos vivos deve ser sempre evi- operações clínicas executadas com o objetivo de re-
produzir de maneira fiel os detalhes do preparo cavi-
tado.
tário. Entretanto, alguns detalhes importantes preci-
sam ser avaliados durante a obtenção do molde. Após
Preparo dos dentes posteriores a polimerização do material e sua remoção da cavida-
v' Como em qualquer trabalho posterior em porce- de bucal do paciente, no molde será executado um
lana, quanto maior o espaço oclusal, mais natu- vazamento em gesso ou refratário, com o objetivo
ral será a aparência fina l da restauração. Uma de se obterem os modelos de trabalho.
redução oclusal a 2,0 mm atinge esse objetivo Diversos novos materiais para impressão têm sur-
(Fig. 3.38). gido no mercado nos últimos anos, contribuído para
~
Capttulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Mewl

Ua 1,5,nm
dcprofun·
thdade

·-
1.2.,.,_

Fig. 3.32 Fig. 3.33 Fig. 3.34 Fig. 3.35

Fig. 3.36 Fig. 3.37 Fig. 3.38

Fig. 3.39
' Fig. 3.40

Fig. 3.32 - Preparo com expulsividade de 6° com â ngulos arrendondados.


Fig. 3.41

Fig. 3.33 - Rompimento do contato proximal. Sempre proteger o dente


vizinho com matriz de aço.
Fig. 3.34 - Redução incisai 2 a 3 mm.
Fig. 3.35 - Redução vestibular.
Figs. 3.36 e 3.3 7 - Redução palatina. Importante para obtenção de ade-
quada espessura da cerâmica para resistir ao esforço da desoclusão.
Fig. 3.38 - Redução oclusal de 2,0 mm.
PJ,f\U •:ato.>I
Fig. 3.39 - As brocas n• 3139 e 3038 da KG Sorensen possuem fo rmato
similar às brocas anteriormente indicadas, proporcionando também um
1.2• 1.Jnlffldo
adequado término no preparo. pro(undl(b(kciu"
' l""ll'k 111>;,l<eo
Fig. 3.40 - Evitar sulcos profundos na superfície oclusal preparada. ~ \ l o pt("p,l<O

Figs. 3.41 e 3.42 - Redução axial e pequena extensão subgengival. Fig. 3.42
Cerâmicas Odontológicas - Conceilos e Técnicas

a obtenção de moldagens unitárias e múltiplas cada ção à moldeira. Para moldar coroas totais pela téc-
vez mais precisas. Porém, para que os melhores resul- nica do casquete, em que uma moldeira individual é
tados sejam alcançados, é importante que o técnico confeccionada para um dente, os polissulfetos ainda
em prótese dentária (TPD) esteja atento a alguns im- são utilizados com freqüência. Apesar de sua baixa
portantes detalhes. Desses, o que mais chama a aten- estabilidade dimensional, gerada pela formação de
ção se refere ao tempo disponível para executar o água (no caso dos polissu lfetos) e álcool (nas sili-
vazamento da moldagem, assim como o número de conas) como subprodutos, os materiais polimerizados
vazamentos que podem ser realizados a partir de um por condensação, assim como todos os elastômeros,
só molde. apresentam excelente poder de cópia. Entretanto,
Os elasrômeros, mais comumente conhecidos co- apresentam como outra desvantagem a possibilidade
mo borrachas, foram e ainda são os materiais para de se executar apenas um vazamento por moldagem.
moldagem mai s utilizados pelos cirurgiões-dentis- Os materiais polimerizados por reação de adi-
tas (CD), seja para preparas parciais (restaurações ção têm como principal vantagem em relação aos
tipo MOO), totais (coroas totais), próteses fixas e polimerizados por condensação o fato de não apre-
removíveis. Os elastômeros, assim como as resinas sentarem a formação de subprodutos voláteis. Desse
compostas odontológicas, tomam presa por uma rea- modo, os materiais apresentam maior estabilidade
ção conhecida como polimerização. Esse processo dimensional, podendo o vazamento dessas moldagens
químico é resultado da união de pequenas moléculas ser retardado em até 7 dias. Fazem parte dessa catego-
denominadas monômeros, que cu lmina na formação ria as siliconas de reação por adição e os poliéteres.
de uma grande cadeia: o polímero. Basicamente, As siliconas de adição são aplicadas às mesmas situa-
podem ser distinguidas duas categorias de elas- ções clínicas em que se poderia empregar as siliconas
tômeros, dependendo de como ocorre o crescimento de condensação, principalmente naquelas condições
da cadeia polimérica: os que tomam presa por reação onde um vazamento imediato não pode ser executado.
de condensação e os que tomam presa por reação de Além das consistências densa (material de moldeira)
adição. A principal diferença reside no fato de como e leve, as siliconas de adição são disponibilizadas
e por quanto tempo o molde será capaz de manter também em consistência regular e pesada de molda-
inalterados os detalhes da área moldada. gem (heavy), em um sistema de automistura. Apesar
Os elastômeros polimerizados por condensação de não se caracterizar a formação de subprodutos,
se caracterizam pela formação de subprodutos de na- nos períodos iniciais após a remoção da moldagem,
tureza volátil, como água e álcool etílico ou metílico. nesses materiais observa-se a liberação de gás hi-
Dessa forma, para reduzir o risco de distorção , é im- drogênio. Desse modo, é recomendável que o vaza-
prescindível que a moldagem seja vazada no máxi- mento não seja executado imediatamente após a
mo em 15 minutos. Por isso, recomenda-se que mol- remoção do material da cavidade bucal, sob o risco
dagens executadas com esses materiais sejam vaza- de aparecimento de bolhas na superfície do gesso. O
das pelo próprio CD ou sua auxiliar, imediatamente ideal é que se aguardem de 30 minutos a 2 horas,
após o procedimento de moldagem. Dessa catego- dependendo do fabricante. Pelo fato de a reação de
ria, fazem parte as siliconas de reação por conden- presa das siliconas de adição ser retardada na presen-
sação e os polissulfetos (ou mercaptanas). As sili- ça de enxofre, recomenda-se que sua manipulação
conas de condensação são disponibilizadas na con- não seja feita com luvas, em função do contato com
sistência pesada (material de moldeira ou "denso") o látex. As siliconas de adição podem ser encontradas
e leve (fluido). São indicadas para moldagens de pre- na forma de cartuchos pré-dosados, em que as pastas
paros para restaurações metálicas fundidas, MODs base e catalisadora são proporcionadas e misturadas
de resina e porcelana, etc. Já os polissulfetos são em uma seringa especial. Os poliéteres são freqüen-
apresentados em duas pastas, base e catalisadora, com temente empregados na consistência regular e, as-
colorações diferentes, porém em uma só consistên- sim como os polissulfetos, são levados à cavidade
cia (regular) e são indicados para moldagens de áre- bucal do paciente em uma moldeira individual de
as e preparos com menor retenção, como coroas to- resina acrílica, devidamente recoberta por uma cama-
tais e rebordo de pacientes edentados. A utilização da de adesivo fornecido pelo fabricante. São indica-
dos polissulfetos envolve a necessidade de confec- dos para as mesmas condições clínicas em que se
ção de uma moldeira individual em resina acrílica, utilizariam os polissulfetos, ou seja, áreas de peque-
sobre a qual será aplicada uma camada de adesivo na retenção (coroas totais, pela técnica do casquete,
específico para permitir que o material tenha reten- e rebordo de pacientes edentados), porém com a van-
~
Capítu/.o 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal

tagem de o vazamento desse molde ser executado Mesmo com a constante preocupação com a pre-
em até 7 dias após sua obtenção. Em função da natu- venção das doenças que afetam a cavidade bucal,
reza hidrofílica do material , não se deve armazenar muitos pacientes ainda são acometidos pela cárie
essas moldagens em ambientes com alta umidade. dent«1ria e doença periodontal, doenças essas que po-
O quadro 3. 1 relaciona as principais categorias dem levar à perda de parte ou até mesmo de todo o
de elastômeros para moldagem, algumas de suas mar- dente. Esse fato faz com que esses pacientes neces-
cas comerciais e como é o desempenho desses mate- sitem de reconstruções protéticas, unitárias ou múl-
riais em relação a algumas propriedades. tiplas, que se utilizam dos cimentos odontológicos
para a fixação na estrutura dental.
Procedimentos de prova e ajustes
O cimento odontológico tem duas, funções prin-
Durante a prova, é importante lembrar que as cipais, a retenção da peça protética e preenchimento
próteses ProceraAIICeram têm adaptação passiva. Isso do espaço entre a restauração e a estrutura dental. 40
significa que nenhuma área da superfície do dente A perfeita inter-relação entre material restaurador,
demonstrará retenção friccionai. Existirá, portanto, um agente cimentante e estrutura dental garante um efeti-
espaço uniforme de 50 a 60 µm entre a infra-estrutu- vo selamento marginal, que pode ser duradouro se
ra e o preparo, que permite um espaço adequado à respeitados os limites descritos na literatura científi-
camada de agente cimentante. Devido à falta de reten- ca para a adaptação marginal.
ção friccionai, os procedimentos de prova e ajustes A adaptação marginal depende de um conjunto
podem mostrar certo grau de dificuldade. Para facili- de fatores, como técnica de preparo dos dentes, mol-
tar esses passos clínicos, recomenda-se que a prótese dagem, procedimentos laboratoriais e do procedimen-
seja assentada com gel de clorexidina ou alginato. to de cimentação. Para restaurações metalocerâmi-
Cimentação cas, é considerada ideal uma adaptação que promo-
va uma linha de cimento de até 50 µm após a cimen-
O principal objetivo da Odontologia restaurado- tação.23 Esses valores são descritos na literatura em
ra é devolver ao dente com perda de estrutura a fun- experiências in vitro, e nos levam a concluir que, se
ção e a estética. todos os procedimentos citados forem executados

Quadro 3.1 - Principais tipos de elastômeros encontrados no mercado odontológico.

Tempo para
execução do Resistência Reprodução
Material Exemplos vazamento ao rasgamento de detalhes Custo
Silon®D, F e C (Dentsply); Imediato,
Coltex/Coltoflax® (Coltene); no máximo
Siliconas de Optosil/Xantopren® (Hereaus em 15 minutos
condensação Kulzer); Speedex® (Coltene); Baixa Boa Médio
Zetaplus/Oranwash8
(Zermack) etc.
Polissulfetos Permelastic®(KERR); Imediato,
Coe-Flex8 (GC lnc. América) no máximo Alta Boa Baixo
em 15 minutos
Presidem® (Coltene); Provil® Pode ser realizado
Siliconas (Heraeus Kulzer); lmprint® em até' 7 dias;
de adição (3M Dental Products); possibilidade de Média Excelente Alto
Express®(3M); Extrude® segundo vaza-
(KERR) etc. mento
Pode ser realizado
Poliéteres lmpregun® F (3M/ESPE). em até 7 dias; pos- Média Excelente Alto
sibilidade de se-
gundo vazamento
Cerâmicas Odontológ icas - Conceitos e Técnicas

com excelência, seria clinicamente possível alcan- Devido a esses fatores descri tos, o uso do cimento
çar tais valores de adaptação. de fosfato de Zinco como cimento provisório possui
Contudo, clinicamente, dificuldades nos procedi- vantagens, tais como melhor estabi lidade da peça e
mentos de preparo, moldagem e manipulação do ci- melhor selamento das margens do trabalho provisó-
mento, assim como a adoção de técnicas laboratoriais rio. Todavia, é importante salientar que esse cimen-
inadequadas, podem levar a valores de adaptação to possui propriedades físicas que comprovam sua
marginal a acima de 100 µm. Considerando a especi- eficácia, quando corretamente utilizado para a fixa-
ficação da American Dental Association (ADA) que ção definitiva; portanto, é necessário alterar a pro-
indica como espessura máxima do fi lme de cimento porção pó/líquido, acrescentando água na mistura
aceito clin icamente o valor 40 µm, até que ponto es- para enfraq uecê-lo e possibilitar a remoção do pro-
taríamos nós, os profissionais da prótese dentária, visório. Primeiramente, é checada a retenção da peça
atingindo um selamento adequado em restaurações sem o cimento, daí se determina quanto se acrescen-
indiretas? ta de água. Quanto mais água se acrescenta, mais
Ainda hoje, o cimento mais utilizado para fi xar fraco o cimento fi ca. A alteração da proporção pó/
restaurações indiretas com infra-estruturas metálicas líquido se dá da seguinte forma; quando se utiliza o
é o cimento de fosfato de zinco, que possui alta re- medidor para 4 gotas de líquido, duas são substituí-
sistência à compressão, faci lidade de manipulação, das por duas gotas de água e manipulada com o pó.
alto tempo de trabalho e custo relativamente baixo . Quando se utiliza o medidor para 3 gotas de líquido,
Mesmo sendo usado há quase 100 anos na Odon- I gota do líquido é substituída por uma gota de água
tologia, esse cimento possui algumas desvantagens e manipuladas com o pó. A consistência deve ser co-
como alta solubilidade no meio bucal e falta de ade- mo uma lama; se esta estiver muito espessa, mais
são à estrutura dental. Entretanto, com o advento das água deve ser acrescentada. Para utilizar esta técni-
restaurações sem metal, principalmente, para coroas ca, é extremamente importante o acabamento corre-
e facetas laminadas, o uso do cimento de fosfato de to do preparo para que microrretenções não dificul-
zinco ficou restrito a próteses fixas extensas com tem a remoção da peça. Outro ponto importante é
infra-estruturas metálicas. que quando núcleos metálicos estão presentes, eles
devem ser lubrificados com vaselina sólida.
e imentação provisória Esta técnica requer cuidados ao ser realizada; por-
tanto é recomendado, primeiramente experimentar a
Existem no mercado cimentos provisórios com manipulação antes de se utilizar na cavidade bucal,
diferentes formul ações, porém basicamente esses a fim de se fami liarizar com a técnica, e lembrar que
cimentos possuem as mesmas propriedades, entre o tempo de trabalho é reduzido, quando comparado
elas baixa resistência à compressão, alta solubi lida- ao da manipulação convencional.
de e uma espessa linha de cimento. Analisando a
importância da restauração provisória que também Cimentação de restaurações estéticas
necessita de selamento adequado, o uso desses ci-
mentos para restaurações de curta duração pode ser Para cimentar restaurações estéticas, alguns au-
extremamente arriscado. Por melhor que sejam con- tores indicam cimentos ionoméricos modifi cados,
feccionadas as restaurações provisórias, essas não que possuem melhores propriedades em compara-
possuem perfeita adaptação marginal nem estabili- ção com os cimentos ionoméricos convencionais.
dade após longa exposição aos fluid os bucais, po- Porém, serão enfocadas nesse momento as caracte-
dendo ocorrer com isso a perda do selamento devi- rísticas dos ci mentos resinosos, que na literatura
do à solubilidade do cimento acompanhada da de- são os mais eficientes para a fixação de restaura-
gradação do material provisório, geralmente a resi- ções sem metal.
na acríl ica. É interessante salientar que os preparos Os ci mentos resinosos são resinas compostas se-
para restaurações indiretas estão, na maioria das melhantes às utilizadas para restaurações diretas e
vezes, localizados em dentina, q ue é mais suscetível indiretas. A diferença principal entre esses materiais
à ocorrência de lesões de cárie recorrentes. Outro são as propriedades de escoamento dos agentes de
problema relacionado à degradação marginal das cimentação resinosos, que fac ilitam o assentamento
restaurações provisórias é a agressão aos tecidos da peça.
periodontais, que dificultam as técnicas de moldagem Basicamente, os cimentos resinosos são compos-
e cimentação. tos, como toda resina composta, de uma fase orgâni-
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal

ca geralmente o Bis-GMA e partículas inorgânicas, Inicialmente, é preciso primeiro avaliar a partir


que compõem a fase inorgânica. Unindo essas duas de sua composição se uma cerâmica é passível ou
fases. existe o silano que permite uma segura união não de condicionamento. Entre as cerâmicas pas-
entre as duas fases. A quantidade de carga inorgânica síveis de condicionamento se encontram as feldspá-
dos cimentos atuais é superior a 60% para resistir ao ticas convencionais e modificadas como, por exem-
desgaste em áreas onde a linha de cimentação se tor- plo, Duceram LFC (Degussa), IPS C lassic (lvoclar
na mais espessa. Como dito anteriormente, a linha Vivadent), IPS d'Sign (Ivoclar Vivadent) e Noritake
de cimentação para restaurações em cerâmica pode EX3 (Noritake) e as injetadas e reforçadas, como por
alcançar valores maiores que 100 µm. Devido às ca- exempl o Empress (Ivoclar Vivadent), Empress 2
racterísticas do cimento resinoso, mesmo com altos (Ivoclar Vivadent), Cerec Vitablocs Mark (e II (Vi-
valores de desadaptação, ocorre o selamento da mar- dent), Optec PC (Jeneric Pentron), Vision Esthetic
gem, uma vez que esse mate rial apresenta baixa so- (Servo-Dental) e Cerampress (Degussa). Para essa
lubilidade, comportamento este diferente dos cimen- classe de materiais, a indicação de condicio namento
tos à base de água, como o fosfato de Z inco e o ionô- varia de 2 até 4 minutos para as convencionais e mo-
mero de vidro. dificadas. O condicionamento acima desse tempo
Dos materiais estéticos, um dos mais utilizados é a pode a lterar a estrutura do material, enfraquecendo
resina composta. Geralmente, a resina composta é apli- e podendo levar à fal ha precoce da restauração. Para
cada pela técnica direta durante a confecção de restau- a cerâmica injetada Empress, o tempo recomendado
rações em dentes anteriores e posteriores. Durante o é 60 segundos, para outras injetadas à base de leucita
processo de polimerização, a reação química desen- pode variar o tempo, segundo alguns fabricantes, para
cadeada na fase orgânica da resina produz a conversão até 2 minutos e para Empress 2, 20 segundos. Após
dos monômeros em polímeros, resultando na aproxi- o condicionamento, o ácido deve ser lavado e a su-
mação das moléculas, com conseqüente contração. perfície, seca. Outro passo importante nos procedi-
Entretanto, durante a polimerização da resina mentos adesivos é a aplicação do silano, que produ-
para fixação, também pode ocorrer o desenvolvimen- zirá uma união química entre a fase orgânica da resi-
to de tensões e produzir o rompimento entre a restau- na composta para fixação e o silício disponível na
ração e o dente, gerando infiltração marginal, princi- fase vítrea da cerâmica.
palmente, quando as margens da restauração estão O método tradicional de fixar restaurações ce-
localizadas em dentina.6·15 râmicas é o mesmo utilizado desde a década de 80
Dessa fonna, a integridade marginal passa a es- para facetas indiretas e restaurações parciais indire-
tar diretamente relacionada à resistência de união en- tas. Primeiro é utilizado o condicionamento interno
tre a superfície da dentina e o sistema adesivo asso- da peça com ácido fluorídrico a 10% e, em seguida o
ciado à resina indicada para fixar restaurações indi- uso do agente adesivo e da resina composta. Como
retas, sendo isso válido para restaurações e m resi nas citado inicialmente, as cerâmicas são materiais com-
compostas e cerâmicas. postos por duas fases - uma vítrea e uma crista lina -
Atualmente, tem sido sugerido o uso de resinas para e o condicioname nto correto que remove uma parte
fixação, cuja reação de polimerização seja iniciada, tan- da fase vítrea expondo os cristais é de extrema im-
to por componente químico quanto pela fo1ma física portância na técnica restauradora quando se utiliza
em função da maior resistência de união desenvolvida esse tipo de material. Porém, devido às a lterações
nos primeiros momentos, após o assentamento da res- estruturais para se obterem cerâmicas mais resisten-
tauração.7Associados às resinas para c imentação estão tes, observou-se que algumas porcelanas não eram
os sistemas adesivos, cujo desempenho depende da passíveis de condicionamento.
forma de tratamento da superfície da dentina, que será Para o siste ma In-Ceram, outra estratégia deve
discutido posterionnente neste capítulo. ser utilizada, pois devido à estrutura do material o
condicionamento convencional com ácido flu orídrico
não é eficaz. Com isso, quando se necessita de ótima
T écnícas de cimentação retenção dependente do cimento, é necessário utili-
zar técnicas que modifiquem a estrutura para favo-
A composição de cada material não é importante recer a adesão, e entre essas técnicas as mais utili-
apenas para avaliar a resistência de cada sistema, mas zadas são o sistema Rocatec e CoJet (3M Espe), que
ainda para selecionar o tipo de trata mento e o me- agrega superficialmente, através de jateamento de
lhor material para fi xação. óxido de Alumínio modificado, uma camada com síli-
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

ca na composição que efetiva melhor adesão, após


aplicação do silano.17
Entre os materiais cerâmicos que não são passíveis
de condicionamento, também está incluído o sistema
ProceraAIICeram (Nobel Biocare) devido à alta quan-
tidade de óxido de Alumínio em sua estrutura. É impor-
tante salientar que a estrutura desse material já é in-egu-
lar, sem nenhum tipo de tratamento, e o jateamento
com óxido de Alumínio pode alterar a superfície das
partículas, tornando-a mais lisa, podendo diminuir a
retenção mecânica (Fig. 3.43A). Quando se emprega
a resina composta para fixação, o tratamento para
restaurações confeccionadas com materiais que não
são passíveis de condicionamento pode ser a simples
Fig. 3.43A-Micrografia eletrônica de varredura num
limpeza da superfície com ácido fos fórico a 35-40 %,
aumento de 1500X mostrando a irregularidade da su-
e o uso de um c imento resinoso à base de MDP, como
perfície de uma estrutura de Procera Alumina. Pode-
por exemplo, Panavia 2 1 ou Panavia F (Kuraray). 1 A
se notar as projeções dos cristais de alumina que con-
utilização desses ci mentos também é indicada para
ferem micro-retenções que permitem a adesão do ci-
restaurações confeccionadas com In-Ceram. 18 Teori-
mento resinoso.
camente, os melhores resultados obtidos com o ci-
mento Panavia para cimentação de In-Ceram e Procera
é a presença do monômero ácido MDP e o pré-trata- Outro ponto importante a ser considerado é que
mento utilizado na porcelana que é a aplicação um o sistema Procera também é indicado pelo fabr ican-
ativador que possui silano em sua composição mistu- te para facetas e restaurações parciais e, como des-
rado com o primer de um adesivo compatível com o crito anteriormente, a cerâmica não é passível de con-
cimento. O silano, nesse caso, não tem efeito de ade- dicionamento e silanização; portanto, é imprescindí-
são, pois a estrutura é praticamente óxido de Alumí- vel e prudente que, para essas modalidades restaura-
nio (99% para Procera). O líquido não se evapora, doras, se use um cimento que tenha melhor afini-
mantendo a superfície interna úmida, facil itando a pe- dade a cerâmicas com alta quantidade de Alumina,
netração do adesivo e da resina nas irregularidades como por exemplo o cimento Panavia, que é à base
microscópicas existentes no material cerâmico. Ou- de MDP e comprovadamente possui melhor adesão
tro ponto Lmportante é que a mistura acelera a reação a essas cerâmicas. Dessa forma, a cimentação com
do cimento, evitando a sua polimerização parcial. c imentos resinosos como Rely X ARC, Yariolink II
Indicado por muitos autores, o c imento de ionô- e Calibra também pode ser utilizada porém, deve sem-
mero de vidro também pode ser usado para fixar res- pre considerar a retenção mecânica da peça ao pre-
taurações confecc ionadas com cerânú cas de alta re- paro, que é indispensável. Esses materiais terão a fun-
sistência, mas é importante lembrar que mesmo os ção de preencher o espaço entre o dente e a restau-
modificados, os materiais à base de ionômero de vi- ração, selando a interface.
dro são mais solúveis e possue m propriedades in- Portanto, para o sucesso de uma restauração de
feriores quando comparados aos ci mentos resinosos. cerâm ica sem metal é de extre ma importância co-
O utra vantagem, quando se faz uso de cimentos à nhecer não só o material, mas também a técnica de
base de resina composta é que, associando-o aos sis- condicionamento, a composição e as propriedades
temas adesivos, ocorre e mbricarnento em ambos os do material de fixação.
substratos e nvolvidos, formando um selamento mais
homogêneo. O cimento fosfato de Zinco também é Indicações do sistema Procera
indicado por a lguns fabricantes para c imentar cerâ-
Coroas unitárias
micas, porém é importante salientar que recentes tra-
balhos in vivo mostram que, em alguns casos, a adap- Coroa é uma restauração indireta, c imentada, que
tação de restaurações confecc ionadas com Procera recobre ou reveste a superfície externa da coroa clí-
pode exceder 80 µm , principalmente em dentes pos- nica do dente. Deve reproduzir a morfologia e os con-
teriores, o que se faz prudente utilizar um c imento tornos das porções coronárias danificadas do dente,
mais resistente aos fluidos bucais.• enquanto desempenha suas funções. Quando reco-
~
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal

bre toda a coroa clínica denomina-se coroa total. '1 Infra-estruturas de Procera AllZircon
Para a utilização em coroas unitárias, as infra-
estruturas de Procera AIICeram podem ser confeccio- Coroas unitárias podem ser também reabil itadas
nadas nas espessuras 0,4 e 0,6 mm . com infra-estruturas Procera Al/Zirkon. Esse mate-
As infra-estruturas de 0,4 mm de espessura pos- rial requer preparos dentais com as mesma s caracte-
suem grande translucidez. Permitem uma passagem rísticas do Procera AIICeram, sendo os procedimen-
da luz 35% maior que as de 0,6 mm. entretanto, de- tos de escaneamento executados de forma idêntica.
monstram resistência 30% menor. São indicadas para Devido à superior resistência à flexão, da ordem de
dentes com vitalidade pulpar sem descolorações e 1200 MPa, são indicadas para os caninos e os dentes
dentes com alto valor, que sofreram clareamento. Po- posteriores. Podem ser indicados para dentes anterio-
dem ser utilizadas desde os incisivos até os segundo res, podendo ser encontradas maiores d ificuldades
pré-molares. Uma outra importante indicação da para obtenção da cor selecionada, assim como a trans-
infra-estrutura de 0,4 mm é na reabilitação de incisi- lucidez incisai, devido a essas infra-estruturas possuí-
vos inferiores, devido ao pequeno diâmetro mesio- rem marcante coloração esbranqu içada. A figura
distal desses dentes. Podem ser confeccionados em 3.438 moso·a, à esquerda, uma estrutura de AI IZir-
duas cores: branco (indicados para dentes c lareados) con e, à direita, uma estrutura deAIICeram (alumina).
e "transparente" (indicados para dentes com vitali-
dade pulpar sem descoloração).
As estruturas com 0,6 mm de espessura possu-
em maior capacidade de mascaramento, são indica-
das para eso·utura dental manchada ou núcleos me-
tálicos fundidos, sendo de suma importância que o
cirurgião-dentista informe ao laboratório as caracte-
rísticas do preparo, visando a escolha da infra-estru-
tura mais adequada (0,4 ou 0,6 mm).
Para a reconstrução de preparas curtos, infra-estru-
turas personalizadas com espessuras variadas podem
ser obtidos ao·avés da técnica de escaneamento duplo
no sistema Procera. Essas infra-estruturas proporcio-
nam uma espessura uniforme de cerâmica a ser aplica-
da sobre a infra-estrutura, evitando, com isso, uma con-
tração diferenciada da cerâmica durante a queima, bene- Fig. 3.43B - Infra-estruturas em AllZircon e All-
ficiando a estética e principalmente a resistência. Ceram.
Cerâmicas Odo1110/6gicas - Conceiros e Técnicas

~ - - - - - Caso Clínico 1 - Coroas Unitárias - - - - --

Fig. 3.44 Fig. 3.45

Fig. 3.46

Fig. 3.47 Fig. 3.48

Fig. 3.44 - Caso inicial, coroas provisórias imediatas.


Fig. 3.45 - Seleção de cor.
Fig. 3.46 - Diagrama de cor.
Fig. 3.47 - Infra-estruturas no modelo de trabalho, após a
transferência.
Fig. 3.48 - Coroas finalizadas, após a cimentação.
Capítulo 3 - Sistemas Cer{imicos sem Metal

Fig. 3 .49

Fig. 3.50

Fig. 3.49 - Visão lateral. Notar a importân-


cia da seleção de cor não ser unicamente ba-
seada nos caninos. Deve ser buscada har-
monia com os dentes inferiores, como neste
caso obtido com sucesso.
Fig. 3.50 - Coroas finalizadas, após a cimen-
Fig. 3.51
tação.
Fig. 3.51 - Observar a translucidez incisai
alcançada.
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Próteses parciais fixas Procera As tabelas 3. l e 3.2 demonstram as indicações e


c ontra-indicações das próteses parciais fixas em Pro-
Por muitos anos, a Odontologia te m buscado a cera.
confecção de pontes parciais fi xas sem as tradicio-
nais infra-estruturas metálicas. Uma das mais cons-
tantes limitações encontradas nesses novos trabalhos Tabela 3.1 - Indicações das próteses parciais fixas
era relativa à grande área de conexão exigida e ntre Procera.
pônticos e pilares, necessária para que as estruturas
Próteses de 3 elementos em qualquer região da boca
desempenhassem adequada resistência. Esse aumento
(inclusive molares).
nas dimensões dos conectores comprometia a estéti-
ca na região anterior. Próteses de 3 elementos cimentadas sobre implantes.
A metodologia das próteses parciais fixas Procera
consiste no uso de peças individuais posteriormente
soldadas . O conector entre os pilares e o pôntico Tabela 3.2 - Contra-indicações das próteses parciais
possui uma inclinação de 25° no sentido oclusocer- fixas Procera.
vical, fazendo com que o pôntico fique estável, apoi-
ado sobre os pilares. Essa mesma inclinação pode Pacientes com doença periodontal, que apresentem
mobilidade dentária aumentada.
também ser observada no sentido vestíibulolingual,
ocorrendo travamento do pôntico nos movimentos Coroa clínica curta, que não permita um conector com
de protrusão. no mínimo 3 mm de altura e 2 mm de profundidade.
O sistema dispõe de pônticos pré-escaneados Espaços protéticos superiores a 11 mm (medida entre as
(Fig. 3.52), sendo 15 pônticos para a confecção de superfícies proximais dos pilares, antes do preparo).
pontes anteriores (incisivos e caninos), com 5 varia-
ções de largura e 3 de altura. Possui 6 pônticos de Molares com inclinação para mesial.
pré-molares e 6 de molares, com duas variações de Preparas com grandes diferenças de altura.
largura e 3 de altura.

Provisórios
O sucesso da prótese defin iti va está diretamente
relacionada à qualidade das restaurações provisórias.
Os provisórios promovem proteção do tecido pulpar
e manute nção do tecido gengival, da função oclusal
e da estética.
Uma prótese parcial fixa provisória com adapta-
ção marginal adequada deve ser confeccionada, en-
quanto a prótese definitiva estiver sendo e laborada,
de forma a assegurar a manutenção das condições
planejadas. Esse procedimento previne modifi cações
nos tecidos moles e na posição dos dentes pilares,
permitindo, assim, um assentamento adequado da
peça protética no momento da cimentação.
O caso clínico 2 ilustra a confecção de uma pró-
tese parcial fixa em Procera, desde o planejamento
da prótese provisória até a c imentação da prótese de-
Fig. 3.52 - Kit de pônticos pré-escaneados. finitiva.
Ca,,íwlo 3 - Sis1emas Cerâmicos sem Mewl

~ - - - - - - - - Caso Clínico 2 - - - - - - -- -----.

Fig. 3.53

Fig. 3.54

Fig. 3.53 - Caso clínico inicial.


Fig. 3.54 - Prótese parcial fixa pro-
visória.
Fig. 3.55 - Preparos protéticos ini-
ciais.
Fig. 3.56- Modelo de trabalho para
a confecção da pró tese provisória.
Figs . 3.57 e 3.58 - Planejamento
da prótese provisória através do en-
ceramento.

Fig. 3.57 Fig. 3.58


Cerâmicas Odonro/6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 3.59 Fig. 3.60

Fig. 3.61 Fig. 3.62

Fig. 3.63 Fig. 3 .64

Fig. 3.65 Fig. 3.59 - Moldagem do enceramento em silicona.


Figs. 3.60 a 3.63 - Reprodução do enceramento em
resina acrílica.
Fig. 3.64 - Resina Chromazone (Kuraray Co.) foto-
polimerizável para caracterização interna.
Fig. 3.65 - Aplicação da resina para a caracterização
interna.
Ct1pí1ulo 3 - Sislemas Cerâmicos sem Mewl

Fig. 3.66 - Aspecto da prótese provisória após a poli-


merização da resina acrílica.
Fig. 3.67 - Aspecto da prótese provi.sória após o aca-
bamento e polimento.
Fig. 3.68 - Prótese parcial fixa provisória imediata.
Fig. 3.69 - Prótese provisória cimentada. Numa con-
Fig. 3.66 sulta após a cimentação da prótese provisó ria, a pa-
ciente solicitou que os <lemes da prótese definitiva
apresentassem uma forma mais quadrada , como na
provisória imediata.

Fig. 3.67

Seqüência laboratorial da confecção da


prótese parcial fixa em Procera
As próteses parciais fix as em Procera são confec-
cionadas através da soldagem dos pilares a um pôn-
tico pré-fabricado. Após o recebimento das estruturas
(pôntico + infra-estrutura) pelo correio, deve ser ve-
rificado, no modelo , o assentamento do pôntico so-
bre as infra-estruturas com o auxílio do papel carbo-
no, procurando a obtenção do máximo de contato
entre as superfícies. Dessa forma, máxima resistên-
Fig. 3.68 cia à estrutura a ser soldada será proporcionada. É
fundamental utilizar o mesmo pôntico usado para se
confecc ionar o enceramento das infra-estruturas.
O pôntico deve ser fixado aos pilares com cola
tipo cianocrilato para que a prótese parcial fi xa seja
provada em boca, sendo, então, transferida através
de uma moldagem em alginato ou silicona, obtendo-
se com isso o modelo de trabalho.

Fig. 3.69
Cerâmicas Odomológicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 3.70 Fig. 3.71

Fig. 3.72 Fig. 3 .73

Fig. 3.74 Fig. 3.75

Fig. 3.76

Fig. 3.70 - Modelo de trabalho, troquelizad o e seccionado.


Fig. 3.71 - Seleção do pônlico.
Figs. 3 .72 e 3. 73 - Enceramen to dos pilares, de acordo com
a inclinação do pôntico.
Fig. 3.74 - Estrutura dos pilares após a confecção, através
do escaneamento duplo.
Figs. 3. 75 e 3. 76 - Fixação do pônlico aos pilares com cola
cianocrilato para ser encaminhado ao clínico para o procedi-
mento de prova.
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Mewl

Proced imento de prova da prótese parcial fixa

Figs. 3. 77 e 3. 78 - Prova da infra-es trutura em


boca antes da soldage m.

Fig. 3.77

Fig. 3.78

Soldagem Uma vez termina do o ciclo de queima , inicia-s e


a re moção do excesso do material para soldage m com
O passo seguint e é a limpeza da superfície de motor de alta rotação sob refriger ação inte nsa, mini-
contato, que pode ser efetuad a através de jateam ento
mizand o com isso a formaç ão ou propag ação de mi-
com óxido de Alumínio.
crotrinc as. É importante que a área de conexã o fique
O materia l a ser utilizado para a soldage m é forne-
localizada numa posição diferen te das áreas de indi-
cido na forma pré-misturada, consistindo de alumin a
vidualização das coroas, caso contrário, um enfraqu e-
em pó acrescid a de pó de vidro. Durante o processo
cimento do material pode ser incorporado.
de sinterização, que acontec e a l 200ºC, ocorre a infil-
Para a aplicação da cerâmi ca sobre as peças sol-
tração do vidro entre as partícu las de alumin a por
dadas, recomenda-se que um novo modelo de tra nsfe-
um fenômeno de atração capilar, selando a união en-
rência da infra-es trutura seja obtido diretame nte da
tre as partes.
boca, fac ilitando a apl icação e o acabam ento da cerâ-
mica.
Cerâmicas Odomológicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 3.79

Fig. 3 .80

Fig. 3.81

Figs. 3 .79 a 3 .82 - Procedimentos de soldagem com Fig. 3.82


o uso de pó de alumina.
Capítulo J - Sistemll.f Cerâmicos sem Metal

Prova da infra-estrutura de Procera em


boca após a soldagem

Fig. 3.83 - Prova da infra-estrutura em boca após a


soldagem vista por vestibular. Os principais aspectos
a serem observados nesse procedimento são relativos
à precisão ela adaptação marginal cios pilares aos den-
tes preparados, ao fo rmato adequado dos pilares para
receberem a cobertura da cerâmica e ao espaço intero-
clusal adequado.

Seleção de cor

Fig. 3.84 - Seleção de cor em relação ao matiz e croma.

Fig. 3.85 - Seleção de cor em relação à translucidez


incisa!, e seleção do esmalte incisa! à ser aplicado.
Cerâmicas Odo11rol6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 3 .86

Fig. 3.86 - Diagrama de cor.


Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal

Seqüência da aplicação da porcelana de cobertura

Fig. 3.87 Fig. 3.88

Fig. 3.89 Fig. 3.90

Fig. 3.91 Fig. 3.92

Fig. 3.93 Fig. 3.94

Figs. 3.87 e 3.88 - Aplicação de modificadores de dentinas,


dentinas, incisais e transparentes.
Fig. 3.89 - Aplicação e queima da pintura interna (ILS).
Fig. 3.90 - Aplicação das massas opalescentes.
Figs. 3.91 a 3.99 - Após a queima e o acabamento superfi-
cial, definem-se o zênite (Figs. 3.94 e 3.95), a forma , textu-
ra e zonas de maior brilho.
Cerâmicas Odonto/6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 3.97 Fig. 3.98

Fig. 3.99 Fig. 3.100

Fig. 3. 100 - Aspecto do interior dos pilares após o


acabamento. Notar o acabamento adequado do pôn-
tico.
CapÍlulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal

Prova da prótese parcial fixa após a fíc ies devem ser polidas. Se a união for exposta
aplicação da cerâmica de cobertura durante essas modificações, e la dever ser glazeada
ou reque imada.
Durante os procedimentos de prova, a prótese Após a fi na lização da prótese parcial fixa , nun-
parcia l fix a de Procera deve de monstrar adaptação ca deve ser utilizada a cimentação provisória, pois
passiva. Caso isso não ocorra, tensões serão induzidas no ato da remoção da ponte executa-se uma força no
na região de solda durante os procedimentos de assen- sentido contrário ao travamento da conexão entre
tamento e c imentação. p ilares e pôntico, com risco de rompimento da sol-
Durante a fa se de ajuste oc lusal, uma fin a cama- da. Um outro aspecto é que se torna e xtremamente
da de alginato pode ser utilizada para a cime ntação difícil a remoção do c imento da superfíc ie inte rna
provisória da ponte, devido à pouca capacidade reten- do infra-estrutura, devido ao e mbricamento do c i-
tiva. Essa manobra facilita bastante os ajustes oc lu- mento com as irregularidades presentes na superfí-
sais e proximais. A pós qualquer desgaste, as super- c ie interna da infra-estrutura.

Procedimento de cimentação e resultado final do caso clínico

Fig. 3.101

Fig. 3.102

Figs. 3.101 a 3.105 - Observar que foram obtidas a forma


quadrada solicitada pela paciente, assim como a textura e
zonas de brilho semelhantes aos cientes naturais. Notar tam-
bém o excelente resultado quanto a cor e caracterizações
como manchas esbranquiçadas, transluciclez incisai e opa- Fig. 3.103
lescência, em relação aos cientes naturais.

~
7
Cerâmicas Odo1110/6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 3.104

Figs. 3.106 e 3.1 07 - Sorriso da paciente,


antes e depois do tratamento.

Fig. 3 .107
1111!!!!!!!!!!!

Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem M etal

fig. 3.108

Fig. 3.110
Figs. 3.108 a 3.110 - Aspecto da paciente antes e
depois do tratamento .

Facetas laminadas Quadro 3.2 - Classificação das indicações de facetas


laminadas (adaptado de Magne e Be lser,4 ).
As face tas podem ser indicadas para a correção
de forma dos dentes (de ntes conóides ou ma l forma - Tipo Indicação
dos), mau posic ioname nto de ntário (inc linações, gi-
roversões e diastemas) e correção de descolorações IA Descoloração por tetraciclina, grau 3 e 4
dentárias. 1B Insucesso ao c larearnento interno e externo
Magne e Belser' classificaram as indicações para
2A Dente conóide
facetas em três grupos, de acordo com o qóadro 3.2.
As facetas laminadas em Procera possuem 25 mm 2B Diastema
de espessura, sendo a cerâmica aplicada sobre essa 2C Aumento de comprimento incisai
lâmina. A duas princ ipais vantagens desse sistema
são a possibilidade de prova do trabalho em boca, e 3A Extensa fratura da coroa
a possibilidade da execução de múltiplas queimas. 38 Excessiva perda de esmalte por erosão ou
O preparo dos dentes para receber o laminado deve desgaste
exibir desgaste vestibular de no mínimo 0,8 mm em
3C Malformação congênita generaliza
dentes com coloração normal (Figs. 3. 111 a 3. 11 3).
Dentes escurecidos devem ser desgastados 1,0 mm
e, nesse caso, uma faceta e m Procera 0,4 mm pode
ser utilizada. Nas faces proximais, o preparo pode
ser extendido até o ponto de contato, ou ultrapassá-
lo, no máximo, l ,O mm.
Cerâmicas Odo11to/6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 3.111

Fig. 3.112

Fig. 3.113

da Fig.
Figs. 3.111 e 3.112 - Três diferentes tipos de preparos para facetas laminadas em cerâmica. O preparo
tipo lente de contato, se mostra bastante conservador, preservando toda a face palatina e portanto a guia de
3.111,
desoclusão anterior. Entretanto, esse preparo apresenta limitações na modificação da forma, cor e translucidez
sobre
incisai dos dentes preparados. A figura 3.112 é o exemplo do clássico preparo para facetas em cerâmica
para face tas em procera, esse preparo promove a cobertura da borda
refra tário, sendo também o mais indicado
incisai (envelopamento incisai) possibilitando ao ceramista trabalhar a profundidade da translucidez e opalescência
incisai.
Fig. 3.113- Apresenta um preparo com cobertura da borda incisai , estendendo-se pela face
palatina. Esse prepa-
restaura-
ro pode ser indicado em função da necessidade de incorporar ao preparo faces do dente que possuem
é indicado
ções em resi na composta ou cimento de polialcenoato de vidro (ionômero de vidro). Esse preparo não
para faceta em procera AIICeram, devido à extensão na face palatina.

~ -- - - - - - - Caso Clínico 3 - - - - -- - -- - --,

Fig. 3.114 - Caso clínico inicial, coroas provisórias Fig. 3.115 - Seleção de cor.
nos dentes 11, 12, 13, 21 , 22, 23.
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal

"'~A
D

Fig. 3.116

Fig. 3.116 - Diagrama de cor.


Cerâmicas Odontol6gicas - Co11cei1os e Técnicas

Fig. 3 .ll8

Fig. 3.ll 7 - Coroas em Procera Cerabien nos dentes


12 e 13. Facetas laminadas em Procera Cerabien nos
dentes 11, 21, 22, 23.
Figs. 3 .ll8 e 3.ll9 - Caso finalizado.

Fig. 3.119

.--------- - - - Caso Clínico 4 - - - - - - -

Fig. 3.120

Fig. 3.120 - Caso clínico inicial. Coroas metalocerâ-


micas nos dentes 22, 12.
Figs. 3 .121 e 3.122 - Seleção de cor. Fig. 3.121
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal

Fig. 3.124

Fig. 3.126

Fig. 3.127 Fig. 3.128

Figs. 3.123 e 3.124 - Infra-estruturas de Procera posicionadas no mode-


lo de trabalho.
Fig. 3.125 - Aplicação de massas cerâmicas modi ficadoras de dentina,
massas de dentinas, incisais e transparentes.
Fig. 3.126 - Aspecto após a queima, acabamento e recorte de mamelos.
Fig. 3.127 - Aplicação de massas opalescentes.
Fig. 3.128 - Facetas e coroas após o acabamento e glazeamento.

~
77
Cerâmicas Odo111016gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 3 .129

Fig. 3.130

Fig. 3.131

Figs. 3.129 e 3 .130 - Caso finalizado após a ci-


mentação adesiva. Observar a semelhança ele cor
entre a faceta e as coroas.
Fig. 3.131 - Observar o perfil de emergência das
coroas e os três planos vestibulares das coroas e
fa ceta.
Fig. 3.132 - Sorriso da paciente após término do
trabalho.

Fig. 3 .132
Capíwlo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Mewl

Abutments personalizados Programa 30, onde o técnico transfere as medidas, a


incli nação e direção axiais do implante para um pro-
Os pilares cerâmicos têm se mostrado uma exce- grama específico. A segunda opção é efetuar o esca-
lente opção de tratamento. Esses pilares são utili- neamento de um enceramento executado sobre um
zados como intermediários entre o implante e a pró- UCLA plástico. Em ambas as técnicas, o técnico de-
tese cimentada, podendo ser também parafusados di- termina o perfil de emergência, a altura e inclinação
retamente sobre o implante. Utiliza-se essa técnica do pilar, si mulando o preparo de um dente.
para personalizar o perfi l de emergência, propor- Os pilares em alumina são radio lúcidos e demons-
cionando inserção adequada da coroa cimentada em tram resistência de 687 Mpa à flexão. Os pilares em
implantes desfavoravelmente posicionados, promo- zircônia são radiopacos e demonstram resistência de
vendo a estética e a função. Esses abutments podem 1200 Mpa à flexão.
ser metálicos, em titânio ou cerâmicos, em alumina O s pilares cerâmicos são indicados tanto para téc-
ou zircônia. nica parafusada quanto para a c imentada.
Os pilares cerâmicos personal izados são de gran- Na técnica parafusada, a aplicação da cerâmica
de utilidade quando associados a implantes posicio- é feita diretamente sobre o pilar de alumina ou zir-
nados no nível da gengiva ou supragengivais, e em cônia. Vale a pena ressaltar que cada pilar requer uma
pacientes que demonstram uma margem gengival del- cerâmica de cobertura específica, devido à diferen-
gada, que transpareceria a sombra escurecida de inter- ças de CETL.
mediários metálicos. Nas próteses cimentadas, a cimentação da coroa
Os pilares cerâmicos personalizados podem ser cerâmica é realizada sobre o pilar, após o torque ter
obtidos de duas maneiras. A primeira é através do sido efetuado nele.

Caso Clínico 5

Fig. 3.133 Fig. 3.134

Fig. 3.133 - Caso inicial. Coroas provisórias parafu-


sadas sobre implantes correspondentes aos dentes 11,
21, 23 e sobre o elemento dentário 22. Claramente
pode ser observada a necessidade de abutments per-
sonalizados, pois o parafusamemo está sendo reali-
zado por vestibular.
Fig. 3.134 - Visão da superfície de assentamento dos Fig. 3.135
implantes e do preparo protético do dente 22.
Fig. 3.135 - UCLAs plásticas parafusadas sobre os
análogos no modelo de trabalho.
Cerâmicas Odo1110!6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 3.136 Fig. 3.137

Fig. 3.138 Fig. 3.139

Fig. 3.140 Fig. 3.141

Figs. 3 .136 e 3.137 - Enceramento sobre as UCLAs


plásticas a serem escaneadas.
Fig. 3.138 - Enceramento posicionado sobre a répli-
ca (Branemark System Plaiaform Kit) para o escanea-
mento.
Fig. 3.139 - Abutments em alumina posicionados so-
bre o modelo de trabalho.
Fig. 3.140 - Prova dos abutments em alumina em boca.
Fig. 3.141- Infra-estruturas de Procera sobre os abut-
ments após o parafusamemo . Planeja ndo-se esse caso Fig. 3.142
clínico dessa forma, evitou-se que as coroas confeccio-
nadas sobre os implantes demonstrassem uma aber-
tura na superfície vestibular, o que viria a prej udicar
sensivelmente a estética.
Fig. 3.142 - Seleção de cor para a aplicação de cerâ-
mica.
Capíru/o 3 Sistemas Cerâmicos sem Mera/

Fig. 3 .143

Fig. 3.143 - Diagrama de cor.


Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 3.144 - Coroas fi nalizadas no modelo.


Figs . 3 .145 e 3.146 - Trabalho fi nalizado.
Fig. 3.147 - Sorriso da paciente, a ntes do trata-
mento, mostrando a deficiência estética provocada
pelos orifícios dos parafusos de fixação.
Fig. 3 .148 - Sorriso da paciente após o caso clíni-
co finalizado.
Fig. 3.144

Fig. 3.145

Fig. 3 .146

Fig. 3 .147

Fig. 3 .148

(f
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal

Pilar personalizado em Zircônia


Os pilares e m Z ircônia podem ser feitos em diver-
sas plataformas de assentamento, inclusive naquelas
estreitas. Apresentam uma coloração branca ca-
racterística, alta resistência à flexão e biocompatibi-
lidade . Os passos laboratoriais para a sua confecção
são iguais aos demonstrados para os abu1men1s per-
sonalizados em alumina.
Fig. 3.149
Pilares personalizados CeraOne
Sugere-se que sejam fabricados através da técni-
ca do escaneamento duplo. São utilizados para cor-
rigir mau posicionamentos e também reduzir gran-
des espaços interoclusais entre o intermediário e os
dentes antagonistas. o que levaria à aplicação de uma
grande quantidade de cerâmica de cobertura, tornan-
do essa coroa mais suscetível a fraturas (Figs. 3.149
a 3.152).
Fig. 3.150

Pilares Personalizados Replace Select


Cerâmico
O encaixe interno no pilar tipo Rep/ace Seteei é
em metal; entretanto, a superfície de assentamento
.1
'
da infra-estrutura de Procera sobre esse pilar pode
ser cerâmico, e m Alumina (radiolúcido) (Fig. 3.1 53)
ou Zircônia (radiopaco) (Fig . 3. 154), produzindo as-
sim um pilar personalizado estético. Fig. 3.151

Procera Implant Bridge (All in One)


Próteses fixas personalizadas sobre implantes e m
infra-estruturas metálicas de Titânio puro podem ser
confeccionadas através da tecnologia Procera lm-
p/an1 Bridge. Nesse sistema. a estrutura metálica da
prótese parcial fixa é to rneada a partir de um bloco
de Titânio, resu lta ndo nu ma infra-estrutura leve,
extremamente resistente, eliminando as variáveis de Fig. 3.152
inclusão e fu ndição.
A infra-estrutura que se deseja obter é inic ialmen- Fig. 3 .149 - 0 bservar o grande espaço en tre o pilar e
te confeccionada no laboratório de prótese em resi- a borda incisai, o que acarretaria uma g ra nde quami-
na (Figs. 3. 155 e 3. 156), sendo e ntão e nviada junta- dade de cerâmica de cobertura sem o suporte da infra-
mente com os modelos de trabalho para o escanea- estrutura de Procera, reduzindo, com isso, a resistên-
mento a laser na unidade de produção, sendo fi nal- cia da coroa. A confecçâo de um pilar personalizado
mente reproduzida em Titânio (Figs. 3. 157 e 3.158). CeraOne tende a diminuir a possibi lidade de fratura
Como a infra-estrutura é obtida por torneamento de ela cerâmica sem suporte.
fig. 3.150 - Enceramento do cilindro plástico sobre
um bloco de Titânio, não sendo portanto fundida ou
o análogo do pilar para escaneame nto.
soldada. observa-se ausência de porosidades e de
Fig. 3. 151 - CeraOne em alumina posicionado sobre
s1ress residual no materia l. o modelo demonstrando o espaço adequad o para a
Essa técnica é indicada para reabi litações par- aplicação da cerâmica de cobertura .
ciais ou totais. podendo receber a cobe1tura de resi- Fig. 3.152- Visâo interna do enceramento e do CeraOne.
Cerâmicas Odontológicas - Co11cei1os e Técnicas

Fig. 3.153 Fig. 3 .154 Fig. 3.155

Fig. 3.156 Fig. 3.157 Fig. 3.158A

Fig. 3.1588 Fig. 3.159A Fig. 3 .1598

Fig. 3 .160A
Fig. 3 .153 - Pilar em Alumina, Replace Select com encaixe interno em metal.
Fig. 3.154 - Pilar em Zircõnia, Replace Select com encaixe interno em metal.
Fig. 3.155 - Modelo ele trabalho.
Fig. 3. 156 - Reprodução cio enceramento em resina acrílica.
Fig. 3.157 - Modelo para ser escaneaclo na unidade Suécia (Kars kolga) .
Fig. 3 .158A - Prôtese Procera Implant Bridge.
Fig. 3.1588 - Observar o assentamento ela infra-estrutura metálica nos implantes.
Figs. 3.159A e 8 - Borrachas Rl 7DG (Eve Diapol), L26DG (Eve Diapol) e SD-61 (Meister Point Ceramist Mate Noritake).
Fig. 3.160A - Seqüência ele três micrografias eletrônicas ele varredura nos aumentos ele 150X, 500X e 1500X mostran-
do a interface ent re a infra -estrutura ele Procera Alumina e a cerâmica ele cobertura Cerabien (Noritake) . Pode-se notar
o íntimo contato entre as duas cerâmicas criado pelas sinterizaçâo ela cerâmica Cerabien entre as micro-retenções dos
cristais de Alumina da infra -estrutura.
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal

na composta ou de porcelana tipo Super Porcelain neutra. O Shade Base desempenha, portanto, o pa-
Noritake Tl-22. Os procedimentos clínicos são iguais pel de base para a cor selecionada.
aos utilizados para a confecção das próteses conven- Nas infra-estruturas In-Ceram Alumina, Spinell
cionais, sendo, entretanto, os procedimentos de pro- e Zircônia, a primeira camada a plicada deve ser de
va e soldagem eliminados, proporcionando com isso M Clear, pois essas estruturas possuem uma carac-
economia de tempo e dinheiro. terística superfi cial porosa e opaca. A massa da cerâ-
mica M Clear, além de melhorar a adesão da cerâ-
Ajustes e acabamento das infra-estruturas de mica às infra-estruturas, minimiza esse aspecto poro-
Alumina e Zircônia so e opaco, proporcionando uma prótese com maior
efeito de profundidade de cor e translucidez.
Para esses procedimentos, deve ser utilizada refri-
Para a aplicação da cerâmica Cerabien sobre infra-
geração intensa durante o uso de brocas diamantadas.
estruturas de Procera, sugere-se a seqüência a seguir:
Uma segunda opção é utilizar borrachas Rl 7DG
(EVE DIAPOL), L26DG (EVE DIAPOL) ou SD-6 l
(Meister Point Ceramist Mate Noritake) sob 15000
v Aplicações e queima da cerâmica Shade Base.
rpm (Figs. 3. l 59A e B). v Aplicação e queima de massas modificadoras de
dentina, massas de dentina, incisais e transparen-
Cerâmica de cobertura tes.
Para que as coroas e pontes em cerâmica sem v Se necessário, recortar mamelos dentinários in-
metal apresentem estética, lisura e acabamento su- ternos.
perficial, além de baixo potencial de desgaste dos
dentes antagonistas, é necessário que recebam a apli-
v Aplicação e queima de pintura interna no senti-
do horizontal.
cação de uma cerâmica de cobe rtura.
As infra-estruturas cerâmicas à base de alumina, v Aplicação de queima de pintura interna no senti-
e podem ser recobertas pelas cerâmicas Yitadur Alfa do vertical.
(Yita Zahnfabrik), All-Ceram (Degussa), Cerabien v Aplicação e queima das cerâmicas opalescentes.
(Noritake) ou Creation AV (Creation). Devido à se-
melhança no CETL, essas cerâmicas são adequadas v Acabamentos e correção morfológica.
para serem usadas sobre as infra-estruturas de InCe- v Limpeza da peça.
ram e Procera, demonstrando e xcele ntes resultados
estéticos e funcionais.
v Glazeamento.
No caso da cerâmica Cerabien (Noritake Co.)
deve ser estabelecida uma pequena diferença na se- Para aplicar a cerâmica Cerabie n sobre infra-es-
qüência inicial de apl icação. A primeira camada truturas de ln-Ceram , sugere- se a seqüência seguinte:
aplicada sobre a infra-estrutura do Procera deve ser
de Shade Base, pois essas estruturas apresentam cor v Aplicação e queima da cerâmica M Clear.
v Aplicação e queima de massas modificadoras de
dentina, massas de dentina, incisas e transpa-
rentes.
v Se necessário, recortar mamelos dentinários in-
ternos.
v Aplicação e queima de pintura interna no senti-
do horizontal.
v Aplicação e queima de pintura interna no senti-
do vertical.
v Aplicação e queima das cerâmicas opalescentes.
v Acabamentos e correção morfológica.

Fig. 3. 160B - Bancada de trabalho para a aplicação v Limpeza da peça.


de cerâmica. v Glazeamento.
Cerâmicas Otlonto/6gicas - Conceitos e Técnicas

Caso Clínico 6

Fig. 3 .161

Fig. 3.163 Fig. 3.164

Fig. 3.165

Fig. 3. 166
Fig. 3 .161 - Caso clínico inicial, onde os <lemes
11, 21, 22 apresenta m facetas diretas em resina
composta.
Fig. 3.162 - Preparos protéticos dos <lemes 12,
11, 21 , 22 para receber coroas em Procera.
Fig. 3.163- lnfra-estruturas posicio nadas no mo-
delo de trabalho .
Fig. 3.164 - Aplicação de massas modificadoras
de dentina, massas de demina e camadas interpos-
tas de massas incisais.
Fig. 3.165 - Após a aplicação de massas opales-
centes e o acabamento superficial, observa-se o as-
pecto após o glazeamento.
Figs. 3 .166 e 3 .167 - Caso clínico fi nalizado após
a cimentação adesiva. Fig. 3. 167
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal

Caso Clínico 7

Fig. 3.171

Fig. 3 .172

Figs. 3.168 e 3 .169 - Caso clínico inicial mostrando


os preparas protéticos para coroa total nos dentes pos-
teriores superiores.
Fig. 3.170 - Infra-est ruturas em Procera Alu mina no
modelo de trabalho.
Figs. 3.171 e 3 .172 - Coroas fi nalizadas no modelo.
Cerâmicas Odonto/6gicas - Conceiios e Técnicas

Fig. 3.173

Fig. 3.174

Figs. 3.173 a 3.175 - Caso clínico fi nali-


zado após a cimentação.
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Mewl

Caso Clínico 8

Fig. 3.176 - Caso clínico inicial; paciente apresema-


va coroas metalocerâmicas insatisfatórias, o nde esta-
va indicada a cirurgia para aumento de coroa clínica.
Fig. 3.177 - Preparos protéticos nos incisivos superi-
ores extremamente escurecidos, o que defi nitivamente
não impede a indicação de infra-estruturas em Procera
Alumina, com 0,6 mm de espessura.
Fig. 3 .178 - Prova das infra-estruturas em boca.
Figs . 3.179 a 3.182 - Coroas fi nalizadas imediala-
meme após a cimentação.

Fig. 3.176

Fig. 3 .177

Fig. 3.178
Cerâmicas Odo111ológicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 3.180

Fig. 3.181

Fig. 3 .182
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal

Caso Clínico 9

Fig. 3.185

Fig. 3 .183 - Caso clinico inicial com provi-


sórias cimentadas nos dentes 12, 11 , 21, 22.
Fig. 3.184 - Caso clínico fi nalizado no mo-
delo.
Fig. 3.185 -Aspecto interno das coroas (11
e 21) e facetas (12, 22).
Figs. 3.186 a 3.188 - Caso fi nalizado. Ob-
servar a correção da fo rma dos dentes, fe-
chando as ameias. Cor e textura adequadas
foram também restauradas, proporcionando
um resu ltado al tamente satisfatório.
Fig. 3.188
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Caso Clínico 1O

Fig. 3.189 Fig. 3.190

Fig. 3 .19 1 Fig. 3.192

Fig. 3 .193 Fig. 3.194

Fig. 3.195 Fig. 3 .196

Fig. 3 .189 - Caso clínico inicial, onde a paciente apresentava coroa metalocerâ-
mica no dente 12 e facetas diretas em resina composta nos dentes 11, 21, 22.
Fig. 3 .190 - Preparas adequados para receber infra-estruturas em Procera.
Fig. 3 .191 - Coroas provisórias imediatas.
Fig. 3.1 92 - Seleção de cor.
Fig. 3.193 - Infra-estruturas posicionadas no modelo de traba lho.
Figs . 3.194 e 3.195 - Aplicação de massas de dentinas e massas incisais.
Fig. 3.196 - Aspecto após a queima.
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal

Fig. 3 .197 Fig. 3 .198

Fig. 3.199 Fig. 3 .200

Fig. 3 .20 1 Fig. 3.202

Fig. 3 .203 Fig. 3.204

Fig. 3.197 - Após o acabamento, a aplicação de pintura interna (ILS) .


Fig. 3.198 - Aplicação de massa opalescentes.
Figs. 3.199 e 3.200 - Coroas finalizadas após o glazeamento.
Figs. 3.201 a 3.204 - Coroas após a ci mentação.
Cerâmicas Odomol6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 3 .205

Figs. 3.205 a 3.207B - Observar o perfil de


emergência das coroas, as incl inações da su-
perfície vestibular e o excelente resultado
em relação à fo rma, cor, textura e zonas de
brilho.

Fig. 3.206

Fig. 3.207A Fig. 3 .207B


Capítulo 3 - Si.Hemos Cerâmicos sem Mera/

Cerâmica de cobertura para Procera O quadro 3.3 demonstra os valores de CET L das
AllZircon cerâmicas Noritake.
As in fra-estruturas de Procera AIIZirkon apre-
sentam uma cor branca, com a lto valor. Uma manei-
ra de se e li minar esse efeito é através da execução
As infra-estruturas de óxido de Zircônio Procera de u m ombro vestibular e m CZR, proporcionando
AIIZircon só podem ser cobertas pela cerâmica CZR uma aparência bastante natural nas margens.
(Noritake Co.). devido à semelhança do CET L. A A técnica de aplicação para as cerâmicas Cera-
seqüência de apl icação da cerâmica CZR é similar à bien e CZR é semelhante à descrita no cap ítulo 5
aplicação da cerâmica Cerabien sobre infra-estrutu- para a cerâmica EX-3 utilizada so bre infra-estrutu-
ras de Procera AIICeram. ras metálicas.

Quadro 3.3 - Comparação dos CETL entre diferentes infra-estruturas e as respecti vas cerâmicas de cobertura.

Zircônia Alumina Ni-C r Titânio


Infra-estrutura Procera AIIZirkon Procera A IICeram 13,0-15,0
10,5 X J0· 6 7,0 xl0·6 X J0·6 9,3 X 10·6

Porcelana CZR Cerabien EX-3 Ti-22


9,J X J0· 6 6,8 X J0·6 12,4 X 10·6 8,0x 10·6

Caso Clínico 11

Fig. 3.208 Fig. 3.209

Fig. 3 .210 Fig. 3.2 11

Figs. 3.208 e 3 .209 - Infra-estruturas em Procera Zircônia posicionadas no modelo de trabalho.


Fig. 3.210 - Aplicação e queima da cerâmica Shade base, a fim de personalizar a cor selecionada.
Figs. 3.211 e 3.212 - Aplicação e queima de dentina opaca e modificadores de dentina Light Orange.
Cerâmicas Odon10/ógicas - Conceiws e Térnicas

Fig. 3.212 Fig. 3 .213

Fig. 3.214 Fig. 3.215

Fig. 3.216

Figs. 3.213 a 3.21 5 -Aplicação massas de dentina,


massas modificadoras de dentina e massas incisais,
além da execução da escultura oclusal, mostrando
a técnica de escultura que dispensa o uso excessivo
de brocas após a queima da porcelana.
Figs. 3.216 a 3.218 - Coroa fina lizada.

Fig. 3.217
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal

Fig. 3.218

Fig. 3 .219

Fig. 3.220

Fig. 3.219 - Cerâmica CZR utilizada na aplicação


sobre infra-estruturas de zircônia Procera.
Fig. 3 .220 - Caso fi nalizado após a cimentação.

\
Cerâm icas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Caso Clínico 12

Fig. 3 .221

Fig. 3 .222

Fig. 3 .223

Fig. 3.221 - Caso inicial. O paciente relatou a insa-


tisfação com os orifícios negros entre os incisivos cen-
trais e com a desarmonia entre os dentes anteriores.
Fig. 3 .222 - Seleção de cor.
Fig. 3.223 - Coroas finaliza das no modelo. Fig. 3.224
Fig. 3.224 - Visão interna das coroas.
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal

Fig. 3.226

Figs. 3.225 a 3.227 - Aspecto final, após a


cimentação das coroas, satisfazendo as ex-
pectativas do paciente.

=
99
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas

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ginal accuracy of metal ceramica restorations with
porcelain facial margins. J. Prost. Dentistry. v.69,
n. l, p. 19-27, Jan, 1993.

-
v'
Determinação da
Morfologia dos
Dentes Naturais: Cor
Forma ~ Textura

V Cor e Seleção de Cor V Determinação da Forma e Textura d e


D Comunicação cirurgião- Superfície
dentista/técnico em prótese dentária O Forma
D As três dimensões das cores O Técnica das três figuras geométricas
D Propriedades ópticas dos dentes para a harmonizar as formas dentais
naturais (translucidez, O Textura
opalescência e fluorescência) O Aspectos da textura dos dentes
D Escalas de cor naturais a serem reproduzidos nas
D Seleção de cor restaurações cerâmicas
D Diagrama de cor O A idade do paciente como fator
D Uso da fotografia na seleção da cor modificador dos três elementos
fundamentais
V Anatomia dos Dentes Naturais
O Técnica de obtenção da textura
D Anatomia dos dentes anteriores
superficial
D As formas básicas dos dentes
O Polimento superficial para o
anteriores
glazeamento natural
D Anatomia dos dentes posteriores
O Glazeamento
101
Determinação da Morfologia
dos Dentes Naturais:
Cor - Forma - Textura 4
Cor e Seleção de Cor Além desses aspectos estéticos, fatores oclusais
são também fu ndamentais na execução adequada de
A morfologia dos dentes naturais pode ser des- uma prótese, e devem ser corretamente relatados ao
crita em 3 elementos fundamentais: cor, forma e tex- laboratório.
tura. A necessidade de grandes ajustes de cor, forma e
Para se criar uma estética agradável, esses três textura das próteses por parte do C D no consultório,
elementos devem atingir um equi líbrio delicado. Esse além de ser um procedimento que consome tempo e,
capítulo promove uma breve discussão a respeito des- conseqüente mente, dinheiro, comprometem sobrema-
ses fatores, conduzindo o leitor à interpretação de neira a qualidade do trabalho final. Freqüentemente,
bases teóricas que podem contribuir para uma me- resulta em sucessivas repetições, podendo levar a um
lhor reprodução da natureza. As fi guras 4. 1A e B, desgaste desnecessário do relacionamento entre o CD
4.2A e B, 4.3 e 4.4 demonstram variações da nature- /TPD.
za em relação a esses três elementos. / É necessário que se tenha previsão da prova do
trabalho em boca, e que só sej am requeridos pequenos
ajustes nos mesmos. Entretanto, devido às inúmeras
variáveis envolvidas no método de confecção deres-
Comunicação Cirurgião-dentista/ taurações metálicas e cerâmicas, somadas à impre-
técnico em prótese dentária cisão intrínseca aos procedimentos de registro e mon-
tagem de modelos, pequenos ajustes são geralmente
Na vida, o sucesso profissional e pessoal envol- inevitáveis.8
ve um relacionamento amplo e ntre pessoas. Objetivando-se um mínimo de ajustes clínicos dos
Na prática da Prótese dentária, a resolução bem- trabalhos protéticos, muitas vezes são indispensáveis
sucedida de casos clínicos depende muito de uma a execução de modelos de estudo e encerame ntos
boa comunicação entre o cirurgião-dentista (CD) e o diagnósticos como métodos de comunicação da for-
técnico em prótese dentária (TPD). ma e de arranjos dentais.
O CD deve ser capaz de demonstrar ao TPD O modelo de estudo deve mostrar uma perspec-
todos os detalhes que considere importantes para con- tiva do trabalho definiti vo a ser executado. Do modelo
fecção adequada do trabalho protético. O relato do de estudo e ncerado, podem ser extraídos os provisó-
sexo, idade. cor da pele, hábitos como tabagismo e rios, já relatando as novas formas e arranjos dentais.
profissão do paciente são informações relevantes. Esse modelo pode ainda ser reservado como refe-
Além da seleção da cor do dente, caracterizações rência para a confecção do trabalho final. Uma se-
como manchas, trincas, graus de translucidez do es- qüência de tratamento clínico-laboratorial com base
malte e textura superfi cial são também dados funda- no e nceramento do modelo de estudo encontra-se
mentais para o sucesso clínico de trabalhos cerâ- esquematizada no Quadro 4.1. As fi guras 4.5 a 4. 11
micos. exemplificam um e nceramento diagnóstico.
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 4. lA Fig. 4.2A Fig. 4.3

Fig. 4 .18 Fig. 4.2B Fig. 4.4

Figs. 4.lA, 4.2A e 4.3 - Variações da natureza em relação à cor e forma.


Figs. 4.lB, 4.2B e 4.4 - Variações da natureza em relação à textura.

/
As três dimensões das cores
coroa, o valor deve ser medido com bastante crité-
Um dos principais objetivos da Odontologia esté- rio. Distingue as cores claras das escuras e é inde-
tica é o de restaurar a cor e a aparência da dentição pendente do matiz.
natural. Para que isso possa ser feito, é necessária O croma representa o grau de saturação do ma-
uma compreensão básica a respeito das cores. tiz. Quanto maior croma ou saturação, mais intensa
A luz é uma radiação eletromagnética que pode será a cor.
ser detectada pelo olho humano nos comprimentos As dimensões croma e valor, apesar de serem
de onda de aproximadamente 400a 700 nanômetros. independentes, nas porcelanas odontológicas são tra-
Para que um objeto seja visível, ele deve refletir ou balhadas em conjunto. Nas escalas tipo Yita Lumi-
transmitir a luz incidente de uma fonte externa den- num (Yita Zahnfabrik), sempre que se aumenta o
tro desse espectro, e nas suas três propriedades, ma- croma dentro de um matiz o valor é reduzido.
tiz, croma e valor. 1 O ideal seria que fosse possível aumentar ou
O matiz descreve a cor dominante de um objeto, diminuir o croma de um matiz, sem que fosse alte-
por exemplo o vermelho, verde ou azul. Isso se refe- rado o valor. Entretanto, o que ocorre com mais
re ao comprimento de onda específico dentro do es- freqüência é a necessidade de alterar o valor, sem
pectro da luz visível. modificar o croma, como exemplo, quando se dese-
O valor ou lu minosidade se refere à quantidade ja criar zonas mais luminosas em um dente.
de cinza e branco presente no matiz. Para um obj eto Durante a tomada de cor, pode-se relacionar ma-
ser capaz de refletir a luz como um dente ou uma tiz, croma e valor, de acordo com a o quadro 4.2.
Capítulo 4 - Determinação da Mo,fologia dos Dentes Naturais: Cor - Forma - Textura

Quadro 4.1 - Seqüência de tratamento cl ínico-laboratorial.

Consultório Laboratório

Moldagem para obter o modelo de estudo

Enceramento diagnóstico e duplicação do


modelo encerado em gesso

Preparo protético no
modelo de estudo
Confecção dos provisórios imediatos

Confecção do provisório caracterizado


Reembasamento e fixação
do provisório caracterizado

Moldagem dos preparas

1'--------1)IJI.~ Confecçã da infra-estrutura

Prova da infra-estrutura e transferência.


Modelos totais superior e inferior
montados em articulador semi-ajustável

I Aplicação de cerâmica

Procedimentos de prova e ajuste 1

Acabamento e glazearnento

Cimentação
Cerâm icas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 4.5 Fig. 4.6

Fig. 4.7 Fig. 4.8

Fig. 4.9 Fig. 4.10

Figs. 4 .5 a 4.11 - Exemplos de enceramento diag- Fig. 4.11


nóstico para dentes posteriores.
Capítulo 4 - Determinaçtio da Mo,fologia dos De111es Naturais: Cor - Forma - Texwra

Quadro 4.2 - Relação entre os tecidos dentais e as dimensões da cor.

Matiz Cor Característica relacionada à dentina.


Croma Intensidade da cor Característica dependente da dentina e da
espessura do esmalte.
Valor Quantidade de brilho Afetado pela qualidade e transparência do
esmalte, maior ou menor presença do branco
ou cinza.

Propriedades ópticas dos dentes naturais Dentes naturais são capazes de. através de pa-
râmetros adicionais como fluorescência e opales-
cência, influenciar a percepção de cores simples,
Translucidez, opalescência e fluorescência cr iando relações complexas de cores. Por essa ra-
A dificuldade na obtenção de uma restauração zão, os dentes possuem natural idade ern qualquer tipo
cerâmica com características estéticas e bem próxi- de luz, enquanto os materiais cerâmicos tradicionais
mas à dentição humana levou ao aprofundamento do possuem, por vezes, aparência sem vida e apática. 14
estudo dos efeitos ópticos de refração e reflexão da Foi demonstrado que o dente natural emite urna
luz no dente natural e a observação de fenômenos forte fluorescência sob a ação. de raios ultravioleta.
como rranslucidez, fluorescência e opalescência. Essa "----Essa radiação, invisível ao olho humano, está intensa-
nova abordagem proporcionou a obtenção de me- mente presente na luz do dia. Dessa forma. os den-
lhores resultados através de materiais que buscam tes absorvem esses raios invisíveis e os refletem como
reproduzir característ icas ópticas semelhantes às do uma luz branca visível, se tornado mais brancos e
dente natural. 7 brilhantes. É a fluorescência, vi ndo do i nterior, que
A translucidez de um dente varia de indivíduo para dá ao dente natural o aspecto vivo. 4
indivíduo. e num mesmo indivíduo, de acordo com a Devido à alta fluorescência presente na dentina,
sua idade. É um parâmetro difíci l de ser analisado os dentes naturais geralmente possuem alto valor de
transmitido ao TPD. pois as escalas de cor não pos- luminosidade. A influência da fluorescência pode ser
suem variações de translucidez, considerando-se so- mais bem v ista nas regiões incisai e cervical, em di-
mente um grau de translucidez padrão. reção à gengiva.
A translucidez dos dentes foi estudada por Sé- Nos dentes naturais, os efeitos incisais são produ-
kine.'° e dividida em três classes, de acordo com o zidos pela opalescência do esmalte dental (Figs. 4.1 5
quadro 4.3. e 4 . 16). Devido a esse efeito, quando a luz se modifi-
As figuras 4.12 a 4 . 14 demonstram respectiva- ca, modifica-se também a cor. Os inúmeros e comple-
mente translucidez dos tipos A, B e C. xos efeitos de cor (azul , amarelo. âmbar, laranja) são
produzidos pela interação entre luz incidente, esmal-
te e dentina 14 (Fig. 4.1 7 A).
Quadro 4.3 - Classificação dos graus de translucidcz Quando a fonte de luz i ncide frontalmente no
dos dentes. de acordo com Sékine et ai.'º dente, a região incisai reflete os comprimentos de
onda azul/branco. Se a luz provém da região palatina
Tipo A Dentes que apresentam pouca ou nenhu- ou incide de forma oblíqua em direção ao observa-
ma translucidez. Quando presente, en- dor, o dente transm ite comprimentos de onda laranja/
contra-se distribuída sobre toda a su- 14
amarelo. Essa afirmação é demonstrada pelas fi-
perfície do dentes. guras 4. l 78 e C.
TipoB Dentes que apresentam translucidez so- Para a fluorescência, a dentina é essencial. Para
mente na região incisai. a opalescência, o esmalte tem fundamental impor-
tância. É devido à sua estrutura prismática. formado
TipoC Dentes que apresentam transl ucidez nas
pelos cristais de hidroxiapatita, que ocorre a decom-
regiões incisai e proximal. Na borda
posição da luz em variadas nuances de opalescên-
incisai, pode gerar um efeito de halo.
cia.

107
Cerâmicas Odo11tol6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 4.12 - Translucidez do tipo A.


Fig. 4.13 - Translucidez do tipo B
Fig. 4 .14 - Translucidez do tipo C.

Fig. 4.12

Fig. 4.13
Capí111/o 4 - Determinaçüo da Morfologia dos De111es Nat11rais: Cor - Fom1a - Text11ra

Figs. 4.15 e 4.16 - Opalescência do


esmalte dental.

Fig. 4.15

fig. 4.16

~
109
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Nos trabalhos protéticos, na maioria das vezes


em que se aplica apenas massas transparentes, ob-
têm-se resultados artific iais. Nessas condições, a luz
do dia que incide sobre a coroa será refl etida sempre
da mesma maneira, o que não ocorre nos dentes na-
turais, que refl etem diferentes nuances de cor, de-
pendendo da luz incidida. Torna-se importante, por-
tanto, no momento da tomada de cor, examinar opa-
ciente não só frontalmente, mas também em posi-
ções laterais e oblíquas, buscando identificar opales-
cências no esm~e.

Escalas de cor
Atualmente, o mercado dispõe de varias escalas
de cores, como Yita Lumin Yacuum (Yita Zahnfa-
brik), 3D Master (Yita Zahnfabrik), Chromascop
(lvoclar), Noritake Shade Guide (Noritake Co). Pare-
ce óbvia a afirmativa de que um sistema cerâmico
deve ser uti lizado em associação com sua respectiva
escala de cor, mas isso nem sempre ocorre entre o
CD e TPD. Uma seleção da cor A2 executada com
a escala Yita Lumin Yacuum pode não ser bem-su-
cedida na aplicação de uma cerâmica não perten-
cente a esse fabricante. A fi gura 4.18 compara a cor
A2 de duas diferentes escalas.
Para as porcelanas EX-3, Cerabien, Cerabien
CZR e Ti-22, por exemplo, tem sido recomendada a
utilização da escala própria (Fig. 4.19). Essa escala
possui maior variedade de cores, que variam do AO,
A 1, A 1,5, A2, A2,5, A3, A3 ,5, A4, BO, B l , B2, B3.
B4, Cl , C2, C3, C4, D2, D3, D4, divididas em grupos
de cores da seguinte forma:
v' Grupo A - grupo do marrom
v' Grupo B - grupo do amarelo
v' Grupo C - grupo do cinza
V Grupo D - grupo do rosa acinzentado

Essa escala foi desenvolvida para que a cor do


dente do paciente possa ser faci lmente comparada
com as cores das escalas. Por exemplo, o grupo inteiro
de matizes A, chamado de "série A", é posicionado
em um único suporte, da mesma forma que os mati·
zes B, C e D.
O pi no de suporte metálico de cada cor perten-
cente a essa escala apresenta superfície fosca, não
interferindo, dessa form a, na comunicação CD/labo-
ratório, pois não ocorre a reflexão da luz do flash
quando fotografias ou slides são utilizados. A identi-
ficação do matiz é impressa no pino de suporte, de
forma a ser claramente mostrado nas fotos ou slides.
Anál ises espectrofotométricas de escalas de co-
Capítulo 4 - Determinação da Mo,fologia dos Demes Naturais: Cor - Forma - Tex/Ura

res comerciais têm demonstrado a ausência de am- Seleção de cor


plas regiões de matiz, croma e valor, quando compara-
das com a variação de cores existentes nos dentes Acredita-se que cada indivíduo possua uma capa-
humanos.' Essa afirmação vem confirmar a ineficiên- cidade própria de observar as cores, sendo de grande
cia do sistema tridimensional de cores descrito por importância a avaliação do paciente pe lo TPD sempre
Munsel, fazendo-se necessário que profissionais te- que possível. É recomendado que a tomada de cor
nham conhecimento e domínio das propriedades de seja e fetuada no horário compreendido entre 9 a 15
opalescência e flu orescência, não só aparentes nos ~oras. Nesse intervalo, a luz natural possui os compri-
dentes naturais, mas também nas massas cerâmicas nrentos de onda mais adequados para uma seleção de
aplicadas em seus trabalhos. cor bem-sucedida. As figuras 4.20 e 4.21 demonstram
As escalas de cor parecem demonstrar ausência a variação de luz que ocorre durante o dia.
da cor laranja, freqüentemente observada nos den- No momento da tomada de cor, recomenda-se
tes naturais. Para superar essa limitação, o técnico que o paciente não tenha ingerido café, chá ou ne-
pode acrescentar modificadores de dentina com va- nhuma outra substânc ia q ue contenha corantes.
riados tons nas massas de dentina opaca. Uma su- Deve-se escolher sempre um local com iluminação
gestão simplificada para modificar a técnica de apli- natural ou pode-se utilizar como auxílio uma luz fluo-
cação convencional te m conseguido resolver inúme- rescente com a mesma temperatura de cor da luz do
ros casos clínicos, e é detalhadamente desc rita no dia, como por exemplo a lâmpada super 84 Phillips®.
capítulo 5. A luz incandescente, proveniente de lâmpadas de

Fig. 4.18 - Seleção de cor com diferentes escalas de


cores, à esquerda escala Vita®Lumin Vaccum e à di-
reita Noritake®Shade Guide.
Fig. 4.19 - Escala Noritake® Shade Guide com 20
cores disponíveis.
Cerâmicas Odo1110/ógicas - Co11cei1os e Técnicas

Fig. 4 .20 Fig. 4.21

Fig. 4.24

Fig. 4 .25

Figs. 4.20 e 4 .21 - Variação de luz ocorrida durante o dia, pela manhã (Fig. 4.20) e ao e ntardecer (Fig. 4.21).
Fig. 4.22 - Local com ilumi nação adequada para realizar a seleção de cor.
Fig. 4 .23 - O TPD deve adotar alguns procedimentos ao lidar com o paciente. Uma substãncia degermante para
desinfectar as mãos, assim como toalhas de papel descartáveis, são fundamentais. O uso de luvas e máscaras
descartáveis são também importantes para proteção tanto do paciente quanto do TPD.
Figs. 4.24 e 4.25 - Local adequado para a aplicação de cerâmica, elo ponto ele vista ela aparelhagem, iluminação
artificial e funcionalidade.

~
1 2
Caf)ítulo 4 - Determinaç<io da Mo,fologia dos De111es Naturais: Cor - Forma - Textura

QTH (quartzo-tungstênio-halógena) devem ser evita- v Zonas de variação de valor.


das. O paciente deve estar sentado, e não deitado na v Forma, extensão e grau de translucidez dos ma-
cadeira. Os dentes devem ser mantidos sempre úmi/ melos dentinários.
dos; caso contrário, cores mais c laras podem ser sé- v Caracterizações horizontais internas: localização
lecionadas devido à desidratação. Deve-se ainda evi- e coloração de fa ixas e manchas.
tar executar a seleção após procedimentos de anes- v Caracterizações verticais internas: localização e
tesia, pois o dente pode sofrer desidratação pela re- coloração de trincas.
dução de seu suprimento sangüíneo. Nesses casos, a v Distribuição de opalescentes.
cor natural retorna em torno de 72 horas. Deve-se V Textura e zonas de variação de brilho.
evitar ficar olhando o paciente por mais de 20 segun-
dos; isso pode fazer com que seja perdida a sensibi- As figuras 4.27 a 4 .30 exemplificam uma sele -
lidade ao amarelo. ção de cor, e a seqüência de confecção do diagrama
De forma alguma as tomadas de cor devem ser de cor.
realizadas em dias nublados, chuvosos, finais de tar-
de ou durante a noite. Sob essas condições de luz, Sugestões adicionais
uma confusão pode ocorrer selecionando-se matizes
e cromas inadequados, tendendo para os do grupo C Durante a seleção de uma cor, quando houver
(cinza). Nessas condições ambientais, a fotografia dúvida entre os matizes A e B, a opção deve ser feita
com slides mostrando as cores da escala próximas pelo matiz do grupo A, devido a sua maior preva-
aos dentes é de suma importância, sendo uma fer- lência. Acredita-se que 65% da população mundial
ramenta auxiliar de grande ajuda ao TPD. estej a localizado nesse matiz. 3
Quando for desej ado dar ênfase na diferença de
Diagrama de cor cores entre os incisivos e caninos para a confecção
de trabalhos estéticos na região anterior, o matiz sem-
O diagrama de cor (Fig. 4.26) é a maneira mais pre deve ser mudado. Se o mesmo matiz for mantido
racional para uma comunicação adequada e ntre o alterando-se unicamente o croma, existe o risco de
CD e o TPD objetivando o relato das cores e das ca- ser criada uma discreta variação de cor e ntre os 6
racterizações que constituem o aspecto de um dente. dentes anteriores. Esses dentes, muitas vezes, mos-
Sugere-se a seguinte seqüência para a execução tram di ferença acentuada de matiz e croma na den-
correta desse diagrama. tição natural.
Quando for selecionada a cor A2, por exemplo,
li" Matiz principal (A, B, C ou D). sugere-se a seguinte distribuição das cores:
li" Tipo e localização das regiões a serem cromati-
zadas (Ao, AI, Al.5' A2, A2.5' A3, Al.5 ou A4 p. v Incisivos centrais A2.
ex.). Observar também a presença ou ausênc ia v Incisivos laterais A3 .
do laranja, assim como sua intensidade. v Caninos B 3 ou mesmo B4.

Uso da fotografia na seleção da cor


Para o relato, à d istância, da cor selecionada, te m
sido adotada a comunicação entre CD e o TPD atra-
vés de slides. Os slides ajudam na identificação das
nuances de opalescência, manchas, trincas, textura
e forma.
O slide focalizando apenas um dente ou toda a
arcada tem pouco valor no uso da fotografia como
meio auxiliar na seleção de cor. Devem sempre ser
feitos com as cores da escala próximo aos dentes.
Só é possível identificar a cor correta se as possibili-
dades levantadas pe lo CD, por exemplo, D3, AI ou
A2, forem posicionadas lateralmente ao dente hígido
Fig. 4.26 - Diagrama de cor. utilizado como re ferên cia (Fig. 4.34).
Cerâmicas Odo111ol6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 4.27

Fig. 4.28

Fig. 4.29

Fig. 4 .27 - Seleção de matiz e croma.


Fig. 4.28 - Seleção da massa incisai a ser utilizada.
Fig. 4 .29 - Observação das características de cada
dente.
Fig. 4.30 - Notar a importância da focografia de per-
fil lateral para identificar trincas.
Capíwlo 4 - Determinaçcio da Morfologia dos Dentes Natura is: Cor - Forma - Textura

ETAfA j_

Fig. 4.31

Fig. 4.31 - Sugestão de u ma seqüência de confecção do diagrama ele cor:


Etapa l : Seleção do matiz, croma e valor.
Etapa 2: Desenho dos mamelos dentinários.
Etapa 3: Caracterização através de pintura interna nos sentidos horizontal e
vertical.
Etapa 4: Distribuição de massas opalescentes.

~
1 5
Cerâmicas Odontológ,cas
- Conceitos e Técnicas

Fig.
re atadas
Fig.4.32 --
4.:2~-~=A==.,~=~---------------------~--
s caracterizaç-oes a serem idenr·r· d
d.
I- 110
,agrama de - i ica as e
zaçao específica. cor Lem geralmente locali-

~
Capítulo 4 - Determinaçtio da Mo1folog ia dos Demes Na111rais: Cor- Forma - Tex111ra

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Fig. 4.33

Fig. 4.33 - Diagrama de localização d e ma tiz, croma,


valor e áreas de variação de trans lucidez.
Cerâmicas Odomológicas - Conceitos e Técnicas

Este slide deve ser acompanhado de algumas


outras impressões do CD, como zonas de brilho, re- Fig. 4.35
giões de maiores e menores valor e translucidez. Des-
sa forma, o TPD terá à sua disposição informações
adicionais para realizar a escolha correta da cor.
Uma comunicação completa e detalhada através
de slides pode ser feita a partir da seguinte sugestão:

v Foto da cor da escala próximo ao dente de refe-


rência (Figs. 4.34 e 4.35).
v Foto da cor da escala com a borda incisai di-
recionada para a borda incisai do dente de refe-
rência (Fig. 4.36).
v Foto das arcadas com os dentes em contato.
v Foto das arcadas com a boca semi-aberta (Fig.
4.37).
v Foto do terço incisai dos dentes inferiores quan-
do da confecção dos dentes anteriores superio-
res (Fig. 4.37).
v Foto dos provisórios. Fig. 4.36
v Foto da cor da escala próxima aos preparos, quan-
do forem dentes vitais que receberão restaura-
ções cerâmicas sem metal.
v Sorriso forçado para o planejamento da linha de
sorriso, nível de gengiva e papilas (casos de gen-
givas em cerâmica), podendo também ser avaliado
na foto o valor nos terços médio e incisai.
As figuras 4.35 a 4.37 exemplificam uma forma
de comun icação simplificada.

Para a obtenção desses slides, o ideal é que sej a


utilizada uma boa câmara fotográfica, com no míni-
mo uma lente macro 100,flash circular ou lateral e
filme asa 100 (Fig. 4.39).
As câmaras digitais, apesar de mostrarem gran-
des evoluções, ainda não são a melhor opção para
comunicação da cor. Podem induzir distorções nas Fig. 4.37
imagens devido a di ferenças de confi guração entre
as câmeras, computadores, softwares ou monitores.
~
1 8
Capítulo 4 - Determinação da Mo,fologia dos Dentes Naturais: Cor - Forma - Textura

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I TM°"' ~ Ji,,r.l,~
~ u, f~lc.f'l. '""'4r-aa)

Fig. 4.38

Fig. 4.39
Fig. 4.38 - Diagrama de cor.
Fig. 4.39 - Equipamento sugerido para obtenção
das fo tografias em slides.
Cerâmicas Odo1110/6gicas- Conceitos e Técnicas

M uitos profissionais consideram alto o custo da sua dominância no sorriso e suporte labial. Esses
utilização de slides na comunicação com o laborató- dentes são muito importantes na fonética e articulação
rio. Esse c usto pode ser reduzido pela compra de um das palavras.
rolo completo de fil me, e a solicitação de seu re- A face vestibular dos incisivos centrais superio-
bobinamento em filmes de 1Oposes no máximo. Des- res é convexa, geralmente mostrando três inclina-
sa forma, pode ser evitado o desperdício no momen- ções nítidas (Fig. 4.43).
to da revelação. Os ângulos formados pela borda incisai e as su-
O uso de slides com boa qualidade de forma or- perfícies proximais são assimétricos. O ângulo mesio-
ganizada e inte ligente permite a obtenção de altos incisal é próximo de 90°, e nquanto o distoincisal é
índ ices de sucesso, com plena satisfação por parte mais arredondado, formando um ângulo obtuso.
dos CD e pacientes e, ainda, torna a distância e ntre o Os incisivos centrais superio res são maiores que
CD e o T PD tão curta quanto aquela que o dedo os laterais, tanto em comprimento q uanto em largura.
indicador percorre para acionar o disparador da má- A largura mesiodistal do incisivo central superior
quina fotográfica. Uma o utra alternativa de comuni- geralmente corresponde à somatória do diâmetro
cação pode ser estabelecida através da confecção mesiodistal do incisivo central inferior com a metade
de uma escala individua lizada (Fig . 4.40). A trans- do incisivo lateral inferior. E sse fato pode ser consi-
missão de informações de caracterizações observa- derado uma referência prática para se determinar a
das em um dente no consultório odontológico pelo CD, largura do incisivo central superior a partir dos den-
pode ser também feita ao laboratório através do siste- tes inferiores (Figs. 4.53 e 4.54).65· 11
ma Orbite (GC), e consiste na pintura extrínseca da
prótese cerâmica com corantes fotopo limerizáveis Incisivo lateral superior
durante os procedimentos de prova (Figs. 4.41 e 4.42).
Os incisivos laterais superiores (Fig. 4.46A) são
menores que os centrais em todas as dimensões, e
Anatomia dos Dentes Naturais apresentam grande variabilidade de forma. De acordo
com Chiche e Pinalt,3os incisivos centrais são, na sua
O segundo fator que deve ser de conhecimento
maioria, semelhantes, podendo apresentar assimetrias
tanto de CD q ua ndo dos TPD diz respeito à anato-
discretas. Já os incisivos laterais são notadamente as-
mia dos dentes.
simétricos em forma e em posição, enquanto os cani-
nos são geralmente assimétricos apenas em posição.
Introdução à anatomia dos dentes O s ângulos incisivoproximais são mais regula-
anteriores res e arredondados que nos inci sivos centrais, sen-
do essa caracte rística mai s marcante no ângulo dis-
Todos os dentes anteriores se desenvolvem a par- toincisal.
tir de 4 lóbulos, sendo 3 vestibulares e 1 palatino/ O zênite, ponto mais apical do contorno gengival,
lingual, chamado cíngulo. Os três lóbulos vestibula- nos inc isivos late ra is supe rio res localiza-se mais
res são separados por duas depressões ou sulcos ver- freqüentemente ao longo e ixo do dente, enquanto nos
tic ais. Esses sulcos são mais profundos no terço inci- incisivos centrais e nos caninos encontra-se desloca-
sai, ma is rasos no terço médio, e tende m a desapa- do para distal (Figs. 4.468 e C).6.s. 11
recer no terço cervical. Essas depressões ajudam a
quebrar a luz refletida pela superfíc ie vestibular, e Canino superior
são importantes fatores para que restaurações ante rio-
res tenham aparência natural. A borda incisai nos den- É o mais resistente e longo de todos os dentes.
tes recém-erupc ionados demonstram três e levações Tem função mastigatória de perfuração e dilaceração
arredondadas chamadas ma me lões.6·5· 1' dos alimentos (Figs. 4.47 A e B). U m importante pa-
pe l dos can inos é controlar a largura do sorriso, pois
fecha parte do corredor bucal. A inclinação vesti-
Incisivos centrais superiores
bulopalatina dos caninos pode ser ligeiramente as-
O s incisivos centrais superiores podem ser simé- simétrica e os ângulos proximais são obtusos. Existe
tricos, e ntretanto, não é desejável q ue sej am idênti- assimetria, entre as metades mesial e distal, sendo
cos. Além da apreensão do alimento, esses de ntes essa última mais volumosa. Durante o sorriso, a por-
têm função mastigatória de cisalhamento e corte. Pos- ção mesiovesti bular é bastante aparente, sendo a dis-
sue m também g rande infl uência na e stética devido à tovestibular pouco notada (Figs. 4.48A e B).

~
Capí111/o 4 - De1er111inaçcio da Mo,fo/ogia dos Den1es Naturais: Cor - Forma - Texiura

Fig. 4.40 - Individual Skala. Escala de cor individualizada V!TA".


Fig. 4.41- 0 rbil LC. Sistema de pintura para comun icação da cor individuali-
zada.
Fig. 4.42 - Escala de cores Orbit LC.
Fig. 4.43 - As três inclinações da fa ce vestibular dos dentes: cervical, média e
incisai.
Figs. 4.44 e 4.45 - Incisivo central superior.
Fig. 4.46A - Incisivo lateral superior.
Figs. 4.468 e C - Localização do zênite nos incisivos central , lateral e canino
superior.
Figs. 4.47A e B - Canino superior.
Fig. 4.48A -Sorriso alto.
Fig. 4.488 - Sorriso médio.
Fig. 4.488
~
12
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

O grupo dos dentes anteriores inferiores possui Anatomia dos dentes posteriores
também um importante papel na estética, pri ncipal-
mente na população idosa, onde esses de ntes setor- Pré-molares
nam bastante aparentes devido à q ueda do lábio in-
Os pré-molares pode m ser comparados aos cani-
ferior.
nos. A principal diferença é que nos pré-molares ocor-
Os incisivos inferiores possuem a superfície ves-
re u o desenvolvimento do cíngulo, gerando a cúspide
tibular praticamente plana. Demonstram maior diâ-
palatina/lingual. O a umento do tamanho desse lóbulo
metro vestibulo lingual do q ue mesiodistal e os ângu-
fez com que se desenvolvessem também as cristas
los inc isivoproximais praticamente retos (90°). O in-
marginais.
cisivo central é mais estreito e mais s imétrico q ue o
lateral, sendo que nos laterais o ângulo distoinc isal é
Primeiro pré-molar superior
ligeiramente arredondado (Figs. 4.49 e 4.50).
Os caninos inferiores demonstram uma coroa A superfície vestibular possui uma protuberância
menor e mais simétrica que os superiores. A superfí- do terço cervical. Apresenta um aspecto pentagonal,
cie lingual não possui depressões ou sulcos (Fig. ligeiramente assimétrico, e um evidente estreitamento
4.5 1).65·" no sentido oclusocervical. A cúspide vestibular é mais
ampla e mais alta do que a pa latina.
Os ângulos mesiovestibular e distovestibular são
As formas básicas dos dentes anteriores mais vivos (agudos), devido à convergência no sen-
tido palatino das superfícies mesial e distal.
A aresta longitudinal da face vestibular inclina-
Existe m infi nitas variações nos formatos de de n-
se na d ireção mesiolingual, dando um aspecto dis-
tes anteriores, entretanto, e les podem ser agrupados
torcido. Se uma fina linha for traçada ao longo das
e m três formas características: ovalados, triangula-
cristas marginais, arestas e ponta de cúspides vesti-
res e q uadrados. Os fatores que determinam a fo r-
bular e palatina, será formada uma figura trapezoidal.
ma dos dentes são o contorno gengival, os lóbulos de
A face vestibular é mais larga q ue a do segundo
desenvolvimento, a borda incisai e as cristas margi-
pré-molar e é marcada por uma proeminência cen-
nais linguais.
tral, que se estende desde o terço cervical até a pon-
Forma ovóide - Nessa forma básica, o lóbulo
ta da cúspide. Distintas concavidades ou depressões
de desenvolvimento central e ncontra-se mais volu-
laterais a essa proeminência dividem a superfície ves-
moso que os laterais, fazendo com que as superfícies
tibular em 3 lóbulos.
proximais apresentem-se nitidamente convexas. O
maior desenvolvimento desse lóbulo pode colaborar A superfície oclusal possui um sulco central me-
siodistal, que se assemelha ao formato de um halteres.
para uma projeção do mamelão media no na borda
Poucos sulcos secundários estão presentes. A ponta
incisai, ficando essa borda estre ita e arredondada (Fig .
da cúspide palatina é voltada para mesial.
4.52). As cristas marginais linguais formam um ân-
gulo agudo com a borda incisai. As superfícies mesial e distal mostram uma dis-
creta, mas bem-definida, convergência para palatino.
Forma tria ngular- Os lóbulos laterais mostram-
A superfície lingual tem uma convexidade uni-
se mais proeminentes que o central, formando assim
forme, sem evidência de lóbulos (Fig. 4.55). 6·5·11
uma depressão no centro da superfíc ie vestibular. O
contorno distal não é paralelo ao contorno mesial,
convergindo para direção cervical. As superfíc ies me-
Segundo pré-molar superior
sial e distal apresentam-se côncavas. A largura me- O aspecto geral é semelhante ao primeiro pré-
siodistal no terço cervical é menor q ue no terço incisai molar, porém com dimensões menores.
(F ig. 4 .53). As cristas marginais linguais formam um A superfície vestibular demonstra um aspecto pra-
ângulo o btuso com a borda incisa]. ticamente semelhante à do primeiro pré-molar, com
Forma q uadrada - Os três lóbulos de desen- estreitamento no terço cervical.
volvimento apresentam volumes semelhantes, fazen- As cúspides vestibular e palatina possuem altu-
do com que o contorno da coroa se mostre reto, com ras semelhantes.
as superfícies proximais paralelas e planas (Fig. 4 .54). Os ângulos mesiovestibular e distovestibular são
A borda incisai forma com as cristas marginais lin- arredondados. As faces mesial e distal são mais pa-
guais um ângulo de aproximadamente 90º . ralelas, fazendo com que a coroa apresente um con-
Capítulo 4 - DeterminClçtio dCl Mo,fologia tios Demes Naturais: Cor - Forma - Textura

tomo mais ovalado e simétrico. O contorno da su- de suas cúspides é bem-defin ida, form ando ângulos
perfície oclusal é mais retangular do que trapezoidal. agudos com as arestas longitudinais.
Não possui aspecto torcido. Sua face vestibular apresenta-se convexa e m to-
O sulco principal é mais curto e te m um formato dos os sentidos, e inclinada para lingual, sendo maior
de "oito deitado" . Possui sulcos secundários maiores a con vex idade observada no terço cervical. As
(Fig. 4.56).65· 11 vertentes mesial e dista l possuem, mesmo compri-
mento, fazendo com que a ponta da c úspide situe-se
Pré-molares inferiores no longo eixo do dente. A cúspide vestibular possui
diâmetro vestibulolingual maior que a cúspide lingual,
Primeiro pré-molar inferior
sendo de duas a três vezes mais a lta .
É o menor de todos os pré-molares. Sua coroa A cúspide lingual, mesmo se apresentando pouco
apresenta três lóbulos vestibulares separados por dois desenvolvida, reduzindo-se, muitas vezes, a um tubér-
discretos sulcos longitudinais, e um lóbulo lingual. O culo, caracteriza o aspecto bicuspidado do dente. A
lóbulo mais proeminente é o mesiovestibular. Possui superfície lingual é mais convexa que a vestibular.
grande largura mesiodistal nas regiões de contato As superfícies mesial e dista l possuem forte con-
proximal, e estreitamento na região cervical. A ponta vergência para lingual, dando à superfície oclusal um

Fig. 4.49 Fig. 4.50 Fig. 4.51

Fig. 4.52 Fig. 4.53

Fig. 4.49 - Incisivo central inferior.


Fig. 4.50 - Incisivo lateral inferior.
Fig. 4.51 - Canino inferior.
Fig. 4.52 - Exemplo de dentes com padrão de forma ovoide.
Fig. 4.54
Fig. 4.53 - Exemplo de dentes com padrão de fo rma triangular.
Fig. 4.54 - Exemplo de dentes com padrão de fo rma quadrada.
Cerâmicas Odo11tol6gicas - Conceitos e Téc11icas

contorno triangular. A crista marginal mesial é mais Segundo molar superior


curta e menor proeminência que a crista marginal
distal. As fossas distal e mesial são separadas pela S ua coroa pode apresentar diferentes formas:
crista transversal, o que forma um padrão caracte- rombóide ou losangular, triangular ou tricuspidada. Po-
rístico do dente (Fig. 4 .57).6 ·5· " de possuir três ou quatro cúspides, se ndo duas vesti-
bulares e uma ou duas palatinas. A cúspide distolin-
Segu n do pré-m ola r g ual é inexiste nte ou com tamanho reduz ido. Tam-
bém não apresenta o tubérc ulo de C arabelli.
É semelhante ao primeiro pré-molar, mas com De monstra maior diâmetro vestibulolingual que
todas as d imensões aumentadas. Asse melha-se mais mesiodistal.
aos mo lares que ao prime iro pré-molar (maior grau A metade vestibular da superfície oclusal, mais
de transição). Pode ser bi ou tricuspidado. larga que a metade palatina. Não apresenta a crista
A superfície vestibular é convexa e m todos os oblíqua ou ponte de esmalte na superfíc ie oclusal (Fig.
sentidos, e inclinada para lingual. Seu co ntorno é qua- 4.60).
drilátero devido à pouca inclinação das arestas long i-
tudinais. Molares inferiores
A superfície lingual e as cristas marginais possu-
Prim eiro mola r inferior
em alturas quase que equivalentes.
A superfície mesial é mais larga, mais alta e mais É o mais volumoso dos dentes humanos. Possui
plana que a distal. cinco c úspides, três vestibulares e d uas linguais. As
A superfície oclusal possui forma pentagonal. O cúspides linguais são mais alta s que as vestibulares,
tamanho das cúspides lingual e vestibular é aproxima- sendo a mesiolingual a mais alta de todas, seguida da
damente igual. As cristas marginais distal e mesia l distolingual. A quinta c úspide tem localização disto-
podem ter aproximadamente o mesmo comprimento. vestibular.
Os sulcos mesial, distal e lingual se unem forman- Na superfície oc lusal, a metade vestibular é mais
do um "Y" no ponto imed iatamente distal à porção larga que a metade lingual. Existem dois sulcos vesti-
média da superfície oclusal. Esse ponto de interse- bulares, o mesiovestibular e o distovestibular. Os sul-
ção dá origem à fossa central (Fig. 4.58).6•5•11 cos oclusais principais formam um " Y" na fossa cen-
tral. Apresentam vários sulcos secundários.
Molares superiores As cristas marginais são bem-definidas e delimi-
tam o sulco principa l me siodistal.
Prime iro m olar superior As cúspides apresentam volumes diferentes, sen-
Possui uma coroa rom bóide ou losangular, sendo do de forma decrescente ordenadas: mesiolingual, me-
o mais largo de todos os molares. Seu diâmetro ves- siove stibular, distolingual, mediana e distovestibular
(Fig. 4.61)_6.5.11
tibulolingual é maior que o mesiodistal. A metade lin-
gual da superfíc ie oclusal é mais larga que a metade Segu ndo mo lar inferio r
vestibular.
Possui quatro cúspides, pode ndo aprese ntar o tu- Sua coroa é menor que a do primeiro molar infe-
bérculo de Carabelli, c onsiderada como a quinta cús- rior. É mais largo mesiodista lmente q ue vestibulolin-
pide. A c úspide distovestibular é maior no primeiro g ulamente . Possui quatro cúspides de aproximada-
molar que nos outros molares superiores. mente o mesmo tamanho: duas vestibulares e duas
A superfície oclusa l do primeiro molar superior linguais. A cúspide mesiovestibular é ligeiramente
possui uma ponte de esmalte proeminente, també m mais volumosa, seg uida da distovestibular.
denominada de crista oblíqua. Apresenta ainda vá- A metade d istal do de nte é mais estreita (vestibu-
rios sulcos secundários. loling ualmente) que a metade mesial.
As cúspides vestibulares são se paradas pelo sul- Possui um sulco ve stibular. O s sulcos oclusais
co vestibuloclusodistal, deslocado para d istal, fazendo são na forma de cruz, sendo freqüentes, ainda, vári-
com que a cúspide mesiovestibular seja bem maior os sulcos secundários.
que a disto ling ual. A superfície oclusal apresenta formato retangu-
As superfícies proximais co nvergem em direç ão lar, co m as superfíc ies proximais convergindo para a
ling uodista l. A superfíc ie distal é mais e streita que a superfície lingual. A superfíc ie mesial é mais plana e
mesia l (Fig . 4 .59).6·5·" maior que distal (Fig . 4.62).65·11
Capítulo 4 - Determinação da Morfologia dos Dentes Naturais: Cor - Forma - Textura

Fig. 4.57 Fig. 4.58

Fig. 4.59 Fig. 4.60

Fig. 4.61 Fig. 4 .62

Fig. 4.55 - Primeiro pré-molar superior.


Fig. 4.56 - Segundo pré-molar superior.
Fig. 4.57 - Primeiro pré-molar inferio r.
Fig. 4.58 - Segundo pré-molar inferior.
Fig. 4.59 - Primeiro molar superior.
Fig. 4.60 - Segundo molar superior.
Fig. 4.61 - Primeiro molar inferior.
Fig. 4.62 - Segundo molar inferior.
.
Cerâmicas Odonrológ,cas - Conce'·1os e Técnicas

Fig. 4 .63

Fig. 4.64 . Determinação da forma anatômica dos sulcos oclu-


F1g. 4.63 - . e sulcos de trabalho e balanceio.
sais dos dentes superiores r tômica dos sulcos oclu-
. 64 Determinação da ,orma ana , .
Fig. 4 . -
sais dos dentes inferiores e su 1cos de trabalho e balance10.
Capíwlo 4 - Determi11aç<io da Morfologia dos Dentes Naturais: Cor - Forma - Textura

Quadro 4.4- Dimensões médias dos dentes superiores em milímetros (Adapta-


do de Renner9 ) .
Altura Largura Diâmetro Diâmetro
Dentes da coroa do dente mesiodistal vestibulolingual
(mm) (mm) (mm) (mm)
Central 10,5 23,5 8,5 7,0
Lateral 9,0 22,0 6,5 6,0
Can.ino 10,0 27,0 7,5 8,0
i' pré-molar 8,5 23,5 7,0 9,0
2' pré-molar 8,5 22,5 7,0 9,0
i' molar 7,5 20,0 lO,O 11,0
2° molar 7,0 18,0 9,0 11,0

Quadro 4.5 - Dimensões médias dos dentes inferiores em milímetros (adaptado


de Renner9 ).
Altura Largura Diâ metro Diâmetro
Dentes da coroa do dente mesiodistal vestibulolingual
(mm) (mm) (mm) (mm)
lncisivo central 9,0 2 1,5 5,0 6,0
Incisivo lateral 9,5 23,0 5,5 6,5
Canino 11,0 27,0 7,0 7,5
1° pré-molar 8,5 22,5 7,0 8,0
2° pré-molar 8,0 22,5 7,0 8,0
1° molar 7,5 21,5 11 ,0 10,5
2° molar 7,0 20,0 10,5 10,5

Os quadros 4.4 e 4 .5 de monstram as dimensões Doctor®, CP625R/033 da Busch® ou, ainda, SC20
médias dos dentes superiores e inferiores. Ninja (Fig. 4.65).
A seguir, procede-se à determinação dos conta-
tos oclusais, das guias de desoclusão e da anatomia
Determinação da Forma e Textura da face palatina. Esses ajustes podem ser realizados
com as brocas G53, G52 e G 19 da ProDoctor®, ou
de Superfície SC9, SC42 Ninja.
O último aspecto a ser determinado deve ser o
Forma comprimento das coroas. Recomenda-se o uso dos
discos Busch Silent®nº 76 l ou brocas G44 ProDoctor®.
Apesar dos elementos forma e textura estarem No acabamento de pontes parciais fixas procede-
relacionados, a forma e a textura demonstram uma se da mesma forma que nas coroas unitárias. En-
associação mais íntima. tretanto, para individualizar cada dente constituinte da
Para determinação adequada da form a dos den- ponte, recomenda-se, na região incisai, iniciar o corte
tes, inicialmente deve ser delimitada a largura da co- com discos extrafinos a partir da face palatina (Fig .
roas, através do estabelecimento dos contatos proxi- 4.66), favorecendo a obtenção de algumas caracterís-
mais com os dentes adjacentes. ticas altamente relevantes à estética, tais como:
O próximo passo é determinar os três planos da
superfície vestibular, iniciando-se pelo pla no médio, V Abertura das ameias incisais. Os ãngulos me-
seguido pelo incisai e, fina lmente, o cervical. Para sioincisais e distoincisais têm grande influência
esses procedimentos, sugere-se utilizar os di scos na passagem de luz e na definição da forma dos
abrasivos Busch Silent®n"' 771 e 772 ou SC 11 Ninja. dentes ante riores. Ângulos arredondados com-
A determinação das cristas de contorno, linhas pensam dentes com aspecto largo, enquanto ân-
que dividem a superfície vestibular das proximais, deve gulos retos e bordas incisais desgastadas são in-
ser executada com as brocas G20 e G44 da Pro dicados para de ntes estreitos. As abe rturas das
Cerâmicas Odo,uo/6gicas - Conceitos e Técnicas

ameias devem ser em forma de "V" invertido, e dáveis nos dentes anteriores pode ser obtida pela téc-
são crescentes em tamanho, do incisivo central nica da proporção das três figuras geométricas: re-
para o canino. Na dentição jovem, a abertura das tângulo, triângulo e círculo (Figs. 4.69 a 4.71). Quando
ameias é mais pronunciada, enquanto nos idosos se consegue distribuir essas três figuras na superfície
essa abertura é bastante reduzida, ocorrendo vestibular das coroas, obtém-se uma notável hanno-
abertura maior na ameia cervical. nia (Fig. 4.72).
V O comprimento mesiodistal da face palatina é O mais importante nessa técnica é que, na face
menor que o da face vestibu lar. vestibular de um dente, as três figuras sejam propor-
cionais.
Os discos utilizados para a abertura das ameias No conjunto dos dentes anteriores, as figuras for-
podem ser o Ultra-Thin National Keystone Products® madas em cada dente devem ser proporcionais às
n• 25 ou disco diamantado ventilado OdontoMega® figuras dos dentes adjacentes, obviamente respeitando
n"' 182231, 18224[ ou 18225 1 (Fig. 4.67). Para deter- as variações de dimensão. Esse procedimento é o
minar as cristas de contorno sugere-se o uso da pe- passo que precede à determinação da textura de
dra abrasiva G LO ProDoctor® ou a broca diamantada superfície nos trabalhos cerâmicos.
DP09 Meister Point® (Noritake).
Todos esses desgastes mencionados podem ser Textura
executados com brocas diamantadas tipo Meister Point
Ceramist Mate® (Noritake) ou com as pedras abra- Segundo Longman, textura é o grau de rugosi-
sivas da preferência de cada profissional (Fig. 4.68). dade ou de lisura de uma superfície, substância ou
material, especialmente se ntida pelo tato.
A textura de superfície é um fator tão importante
Técnica das três figuras geométricas como a cor e a forma, quando se pretende reproduzir
para harmonizar as f armas dentais as características dos dentes naturais em trabalhos
cerâmicos. É uma propriedade do esmalte dental, pois
Uma forma prática e de fác il visualização para é esse o tecido que recobre as coroas anatômicas
determinar as formas harmoniosas e proporções agra- dos dentes naturais.

Fig. 4.65 Fig. 4 .66 Fig. 4.67

Fig. 4.65 - Brocas indicadas para desgaste da cerâ-


mica sincerizada.
Fig. 4.66 - Posicionamento adequado do disco para
abertura das ameias incisais.
Fig. 4 .67 - Discos indicados para abertura das ameias
Fig. 4 .68
incisais.
Fig. 4.68 - Brocas Meister Point Ceramist Mate®.
Capítulo 4 - Determinação da Mo,fologia ,~Dentes Naturais : Cor - Forma - Textura

Fig. 4.70 Fig. 4.71

Fig. 4 .72

Fig. 4.69 - Determinação da primeira figura geométrica: retângulo.


Fig. 4.70 - Determinação da segunda figura geométrica: triângulo.
Fig. 4. 71 - Determinação da terceira figura geométrica: círculo.
Fig. 4.72 - Harmonia estabelecida entre as três figuras geométricas e
determinação de zonas de brilho.
Cerâmicas Odonrológicas - Conceitos e Técnicas

Aspectos da textura dos dentes naturais guras 4.78 e 4.79 mostram pacientes com caracte-
a serem reproduzidos nas restaurações rísticas de dentes jovens.
cerâmicas
Pacientes adultos de meia-idade
Segundo TenCate, 12 a superfície do esmalte ca-
racteriza-se por diversas formações. Uma dessas for- Os mamelões são claramente visíveis durante a
mações, chamadas periquimáceas, são sulcos ra- adolescência, mas desaparecem com relativa rapi-
sos que formam linhas horizontais que contornam to- dez na idade adulta devido à atrição. Como os efei-
da a coroa do dente. Esses sulcos são formados pe- tos da atrição progridem com o avançar da idade, a
las estrias de Retzius, que se estendem do limite ame- borda incisai vai sendo desgastada, gradualmente pla-
lodentinár io até a superfície do esmalte (Figs. 4.73 e nificada e reduzida. Freqüentemente, os mameios den-
4.74). A textura do esmalte também apresenta for- tinários ainda são visíveis.
mações verticais. A supe1f ície vestibular, por exem- O esmalte vestibular geralmente se apresenta
plo, é caracterizada por cristas e sulcos, decorrentes com leve abrasão e menor evidência das periquimá-
da proeminência dos lóbulos de desenvolvimento, que ceas devido ao maior polimento da superfície. Are-
também são responsáveis pela definição da forma gião incisai pode se mostrar com variados graus de
básica dos dentes anteriores (Fig. 4.75). valor. O esmalte apresenta média opalescência azu-
Os dentes naturais podem apresentar profundas lada entre os mamelos dentinários e média translu-
variações de textura, desde superfícies altamente ca- cidez, com presença de uma coloração aci nzentada
racterizadas até superfícies totalmente polidas.' 3 nas regiões mesial e distal (Fig. 4.80).

Pacientes idosos
A idade do paciente como fator modifi-
cador dos três elementos fundamentais Com o envelhecimento, algumas alterações nos
tecidos periodontais freqüentemente podem ser nota-
Alguns fatores podem determinar e interagir com das. Retrações do tecido gengival usualmente ocor-
as características dos dentes naturais, sendo a idade rem, inicialmente expondo o limite amelocementário
do paciente, certamente, o mais relevante.6 e, posteriormente, podendo ser exposta uma peque-
na porção da raiz. Esse fato provoca estreitamento da
Pacientes jovens porção cervical do dente, propiciando a formação de
espaços negros entre os dentes.
Adolescentes e adultos jovens apresentam algu- Nos dentes do idoso, pode-se considerar que há
mas características em sua dentição, que raramente grande desgaste da borda incisai, com notável expo-
são mantidas com o avançar dos anos. Apresentam sição de dentina. A dentina é um tecido com menos
o limite amelocementário subgengival ou no nível da resistência à abrasão que o esmalte e, portanto, se
gengiva. Esse fato faz com que o zênite se localize desgasta com mais fac ilidade. Esse é o motivo de
ligeiramente deslocado para distal nos incisivos cen- muitas vezes ser notada depressão na borda incisai.
trais e caninos superiores e, nos incisivos laterais su- A dentina se pigmenta mais fac ilmente que o esmal-
periores, se localize ao longo eixo dos dentes. te exercendo grande influência na coloração da bor-
A maioria dos pacientes jovens apresenta os den- da incisai. Nesses casos, essa característica deve ser
tes anteriores com nenhum ou muito discreto desgaste reproduzida na cerâmica.
da borda incisai pela ação da função mastigatória ou Os mamelos dentinários se tornam menos evi-
parafunção. Dessa forma, os mamelões se mostram dentes e pouca opalescência azulada é observada. A
evidentes. Os mamelos dentinários, muitas vezes, são superfície do esmalte se mostra polida e, muitas ve-
visíveis, distantes de I a 2 mm da borda incisai. zes, lisa e brilhante, podendo ser notadas nítidas regi-
O esmalte apresenta baixa translucidez e alto ões de abrasão. A coroa clínica pode ter tamanho
valor na região incisai. diminuído, apresentar baixo valor e alto grau de trans-
Como a superfície vestibular desses dentes so- lucidez, com marcante presença dos tons acinzenta-
freu pouca atrição por parte dos alimentos e da esco- dos nas superfícies mesial e distal (Fig. 4.8 1).
vação, observam-se nitidamente os lóbulos e sulcos A fi gura 4.82 mostra um desenho esquemático
verticais em fo rma de "Y" invertido. Da mesma for- das características observadas em dentes de dife-
ma, as periquimáceas permanecem evidentes. As fi - rentes idades.
)
Capítulo 4 - Determinação da Mo,jologia dos Dentes Naturais: Cor - Forma - Texwra

Fig. 4.73

Fig. 4.74

Figs. 4. 73 e 4. 74 - Periquimáceas: tex-


tura horizontal.
Fig. 4.75 - Textura vertical.
Fig. 4.75
/
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 4.76

Fig. 4.77

Fig. 4.78

Fig. 4. 76 - Textura Vertical: lóbulos de desenvolvimento.


Fig. 4.77 - Textura Horizontal: periquimáceas.
Fig. 4. 78 - Características de dentes jovens.
Capítulo 4 - Determinação da Morfologia dos Dentes Naturais: Cor - Forma - Textura

Fig. 4.80

Fig. 4. 79 - Características de dentes jovens


com ausência de desgaste da borda incisai,
esmalte com baixa translucidez e alto valor
na região incisai.
Fig. 4 .80 - Características dos dentes de um
paciente de meia-idade. Esma lte com leve
abrasão e menor evidência das periquimá-
ceas. Algum grau de desgaste da borda incisai
também pode ser notado.
Fig. 4 .8 1 - Características dos dentes de um
paciente idoso. Mamelos dentinários pouco
evidentes, superfície do esmalte polida, lisa
Fig. 4.81 e brilhante.
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Dentição Jovem

Jovem

• Presença de mamelos incisais.


• Baixa translucidez e opalescência
azulada.
• Sulcamentos e textura bastante ,,
1

evidentes.
• Região terço médio e incisai - valor
alto.

Meia-Idade
Dentição Meia-idade
• Presença de mamelos interincisais.
• Perda de mamelos incisais.
• Opalescência azulada com média
translucidez.
• Surgimento de translucidez
acizentada na região mesial e distal.
• Diminuição de textura e sulcamentos
(profundidade)
• Surgimento de áreas mais polidas.
• Região terço médio e incisai - valor
médio.

Idoso

Dentição Idosa • Perda de mamelos in terincisais.


• Aumento de translucidez acinzentada
na região mesial e distal.
• Diminuição de textura e sulcos.
• Bastantes áreas de polimento com
superfície altamente polida.
• Coroa clínica diminui comprimento
incisai, aumentando no comprimen-
to cervical.
• Região terço médio e incisai - valor
baixo.

Fig. 4.82

Fig. 4.82 - Desenho esquemáico das características


observadas em dentes com diferentes idades.

~
1
Capí1ulo 4 - De1ermi11ação da Morfologia dos Denies Naturais: Cor - Forma - Texiura

Técnica de obtenção da textura Polimento superficial para o


superficial glazeamento natural
Os primeiros procedimentos para obter a textura Inicia-se o acabamento final com borrachas SF4 l,
superficial devem ser exec utados após a deter- SC5 1 e SD61 (Meister Point Noritake®) ou L26DG,
minação da largura, das cristas de contorno, propor- L26DMF e L26D (Eve Diapol®) juntamente com as
ções e comprimento nas coroas em cerâmica. lixas Meister Cones S-Green® e Meister Cones S-
Após esse refinamento da forma dos dentes, a Yellow® (Noritake) (Figs. 4.85 a 4.87).
execução da textura de superfície deve ser o passo De acordo com o grau de pol imento desejado,
seguinte. deve-se trabalhar com velocidade e pressão diferen-
Esse procedimento pode ser realizado de acordo ciados. Para obter superfícies altamente polidas, bai-
com a seqüência seguinte: xa rotação (em torno de 10000 rpm) e alta pressão
são recomendadas. Para superfícies com menor po-
ti Determinação dos lóbulos e sulcos verticais (Fig. limento, recomenda-se a alta rotação (em torno de
4.83) - A profundidade dos sulcos depende da 30000 rpm), com menor pressão.
idade de cada paciente. São geralmente em for- O último passo do acabamento é feito no torno
ma de "Y" invertido e localizados nas porções com o auxílio da pasta para polimento Pearl Su,face
mesial e distal da superfície vestibular. O com- Noritake (Figs. 4 .88 e 4.89).
primento dos sulcos é variável, todavia geralmente
se estende da região incisai até o terço médio. Glazeamento
ti Determinação das perequimáceas (Fig. 4.84) -
Os sulcos horizontais também dependem da ida- O glazeamento natural requer que todos esses
de e devem ser executados em todas as superfí- passos de polimento descritos sejam executados. Essa
cies vestibulares e proximais. seqüência não é, entretanto, recomendada para o gla-
Tanto as caracterizações verticais quanto as ho- zeamento artificial.
rizontais podem ser realizadas com as pedras G28, A seqüência completa da determinação de for-
G44 (ProDoctor®), Busch Silent® CP649R/025 ou ma, textura, polimento e glazeamento pode ser obser-
SC29, SC20 Ninja. vada no caso clínico l, a seguir:
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 4.87

Fig. 4.86 Fig. 4.89

Fig. 4.83 - Determinação dos lóbulos e sulcos verticais.


Fig. 4.84 - Determinação das periquimáceas.
Fig. 4.85 - Borrachas para polimento superficial (Noritake<i) .
Fig. 4.86- Borrachas para polimento superficial (Eve Diapol<i).
Fig. 4.87 - Lixas Meister cones para poli mento superfi cial.
Fig. 4.88 - Pasta para polimento superficial. Pearl Surface.
Fig. 4.89 - Polimento com a pasta Pearl Surface.
~
1
Capí111/o 4 - Determinação da Morfologia dos Dentes Naturais: Cor - Forma - Tex111ra

Caso Clínico

Fig. 4.90 Fig. 4 .91

Fig. 4.92 Fig. 4.93

Fig. 4.90 - Aplicação da massa M Clear na estrutura


do ln-Ceram para a adesão da porcelana à estrutura.
Fig. 4.91 - Aplicação de massas de dentinas opacas,
massas modificadoras de dentina e massas dentinas. Fig. 4.94
Fig. 4.92 - Aplicaçào de massas incisais e massas trans-
parentes.
Fig. 4.93 - Aspecto após a queima.
Fig. 4.94 - Delimitação da área dos mamelos a ser
recortada.

~
1 1
/
Cerâmicas Odo1110/6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 4.100

Fig. 4.98 Fig. 4 .102

Fig. 4.95 - Recorte de mamelos.


Figs. 4.96 e 4.97 - Aplicação de massas opalescentes LTl.
Fig. 4.98 - Aplicação de massas opalescentes LT Natural.
Fig. 4.99 - Aplicação de massas opalescentes T Blue.
Fig. 4 .100 - Aplicação de massas opalescentes Incisai Aureola.
Figs. 4.101 e 4.102 - Definição de forma, comprimento das
coroas e textura vertical.
Capítulo 4 - Determinação da Mo,fologiC/ dos Dentes Nmurais: Cor - Forma - Textura

Fig. 4.104

Figs. 4.103 e 4.104 - Textura horizontal.


Figs. 4.105 e 4 .106 - Aspecto da textura finalizada.

Fig. 4.106
Cerâmicas Odon10/6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 4.107

Fig. 4.108

Figs. 4.107 e 4.108 - Coroas finalizadas após o gla-


zeamento.
Capíwlo 4 - Determinação do Mo,fologia dos Dentes Naturais: Car - Forma - Textura

Fig. 4.109

Fig. 4.109 - Coroas instaladas em boca.


Fig. 4.110 - Caso finalizado.

Fig. 4.110

~
1 1
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

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8. SANTOS , D.J. Opalescência e fluoescência em Chicago: Quintessence Books, 1985.
Capítulo

Des env olv ime nto da


Téc nica de Apl icaç ão
de Por cela na -
Teo ria e Prá tica

., Distribuição das Massas Cerâmicas


O Opacos
O Oentinas opacas e modificad ores de dentina .
O Massas cervicais e cervicais transparen tes
O Ombro cerâmico (margin porcelain)
O Massas de Pintura Interna - Internai Live Stain (ILS)
O Massas opalescen tes (Luster)
O Pintura externa (Stains)
'.J Screening Porcelai11
., Tabelas de Queima
., Casos Clínicos

143
\
Desenvolvimento da Técnica de
Aplicação de Porcelana -
Teoria e Prática 5

Fig. 5.1 Fig. 5.2

Fig. 5.3 Fig. 5.4


Cerâmicas Odo1110/ógicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 5.7 Fig. 5.8

Fig. 5.9 Fig. 5.10

Fig. 5.11 Fig. 5.12

Fig. 5 .13

14
Capítulo 5 - Dese11volvime1110 da Técnica de Aplicação de Porcelana - Teoria e Prática

Fig. 5.14 Fig. 5.15

Fig. 5.16 Fig. 5.17

Fig. 5.18 Fig. 5.19

Figs. 5.1 a 5.20 - Exemplos de resultado do desen-


volvimento da técnica de aplicação de porcelana -
MDT Giovani Gambogi Parreira.
Fig. 5.20

147
Cerâmicas Odomol6gicas - Conceitos e Técnicas

Para um entendimento adequado a respeito da as massas cerâmicas de dentina, incisais, caracteri-


aplicação das massas cerâmicas sobre metais, refra- zadores e opalescentes. Entretanto, o uso do opaco
tários ou infra-estruturas cerâmicas, é necessário um em pasta merece algumas considerações (Fig. 5.22):
completo conhecimento das características, proprie-
dades e recursos que os sistemas cerâmicos dispõem. V Por ser oleoso, sua secagem é mais lenta, logo o
Vale a pena ressaltar que todas as marcas co- tempo de entrada no forno deve ser de no míni-
merciais de cerâmicas disponíveis, como as descri- mo 8 minutos.
tas no capítulo 1, possibilitam excelentes resultados V Deve-se proceder à manutenção da infra-estrutu-
estéticos e fu ncionais, sendo importante que o cera- ra no interior da mufla após a queima por um
mista domine a cerâmica e a técnica de sua escolha minuto adicional, sem vácuo, favorecendo, assim.
para que sejam atingidos esses resultados. a adesão ao metal.
A partir dessa afirmação, toma-se como exem- V Nunca deve ser diluído com água destilada, pois
plo a cerâmica EX-3• para a descrição de um s iste- existe o risco do comprometim ento da adesão en-
ma cerâmico e da seqüência de aplicação emprega- tre o metal e o opaco. Pode ainda ocorrer o esver-
da. A EX-3• é indicada para técnica de metaloce- deamento do opaco e o surgimento de bolhas,
râmica, assi m como para a aplicação sobre refratári- devendo, portanto, ser utilizado apenas o líquido
os, possibilitando a confecção de coroas puras, facetas indicado pelo fabricante.
laminadas e restaurados tipo inlaylonlay. V Caso ocorram bolhas no opaco em pasta, essas
podem ser ainda decorrentes de uma alta tempe-
Distribuição das Massas Cerãmica s ratura inicial (não deve ultrapassar 400ºC), quei-
ma da liga na fundição (microporosidades na liga),
As cerâmicas odontológicas possuem variadas fresas para acabamento contaminadas, jatea-
massas com diferentes finalidades (Fig. 5.21). mento com óxido de alumínio reutilizado ou con-
taminado.
Opacos
Após a queima, a superfície do opaco deve se
Os opacos são utilizados para mascarar as infra- apresentar a mais lisa possível e sem brilho, pois as
estruturas metálicas fundidas. Estão disponíveis em massas de dentina da EX-3® são suficientemente
forma de pó ou pasta. Os opacos em pó estão caindo reflexivas, não necessitando de rugosidade ou irre-
em desuso devido a uma maior dificuldade de aplica- gularidade superfi cial do opaco (Fig. 5.23).
ção e por proporcionarem uma camada mais espes- A composição química do opaco em pastada por-
sa, em comparação com os opacos em pasta. celana EX-318 pode ser observada na tabela 5.1.
A aplicação do opaco é fac ilitada de maneira sig- Além dos opacos disponíveis nas cores corres-
nificativa quando ele se apresenta na forma de pas- pondentes às escalas de seleção de cor, a cerâmica
ta. Por possuírem melhor capacidade de cobertura EX-3• possui pastas modificadora s de opaco com
das infra-estruturas metálicas, podem ser aplicados colorações branca, amarela, rosa, azul, cinza, laran-
em camadas mais finas, permitindo maior espaço para ja, marrom-avermelhado e marrom-terra.

Tabela s_J - Porcentagem em peso dos óxidos constituíntes do opaco em pasta da cerâmica Ex-3®.

SnO? Si02 Alp3 CaO MgO ~o Nap Li02


Óxidos Óxido de Dióxido Óxido de Óxido de Óxido de Óxido de Óxido de Dióxido
Estanho de Silício Alumínio Cálcio Magnésio Potássio Sódio de Lítio
Porcentagem 20,0 5 1,6 11 ,5 0,6 0,5 7,0 7,4 0,3
em peso

~
148
Capítulo 5 - Desenvolvimento da Técnica de Aplicação de Porcelana - Teoria e Prática

Opaco branco
Um excelente exemplo do uso desses modifi-
Massas opalescentes
cadores de opaco pode ser descrito através da técni-
n...-- - - Massas de incisais ca desenvolvida para o opaco branco.
-+-- - Massas de incisais transparentes Como as ligas de Ni-Cr e Co-Cr formam uma
camada de óxido com coloração bastante escurecida
- -'\-- -Massa de dentina com
alto valor, se necessário quando levadas ao forno sob altas temperaturas, fo i
desenvolvida uma técnica de aplicação do modifica-
Massas de dentina dor de opaco branco. Nessa técnica, a primeira cam a-
da aplicada deve ser de opaco branco, mascarando
Massas de dentina opala assim o metal escurecido e favorecendo a obtenção
da cor desejada. Deve ser aplicada em uma camada
fina, não comprometendo, dessa forma, o espaço para
o opaco da cor selecionada (Fig. 5.24).
Um outro exemplo das vantagens no uso dos
modificadores de opaco é a aplicação de uma nús-
tura de opaco laranj a com opaco rosa. Essa mistura
deve ser usada no terço cervical da infra-estrutura
metálica quando se desejar uma adequada transição
de cor do terço cervical para a gengiva.

Dentinas opacas e modificadores de


dentina
Existem inúmeras técnicas para aplicar dentinas
opacas e modificadores de dentina. A técnica descri-
ta a seguir, apesar de se mostrar extremamente sim-
ples, proporciona excelentes resultados estéticos. Foi
desenvolvida para a aplicação de cerâmica sobre
Fig. 5.22
qualquer tipo de infra-estrutura ou sobre refratár ios.
Com base em observações de dentes naturais
durante as tomadas de cor, notou-se ausência da pig-
mentação laranja nas escalas de cor disponíveis. Essa
afirmação está em concordância com Chiche e
Pinault,2 que indicaram que a cor natural dos dentes
está compreendida, tanto na região da cor laranj a
quanto da amarela. A maioria dos dados foi obtida a
partir de dentes extraídos, mas podem ser extrapo-
lados para os dentes naturais, pois são consistentes
com as observações do dia-a-dia. Esses autores no-
taram ainda que as escalas de cor para cerâmica
atualmente disponíveis não incorporam qualquer ma-
tiz laranj a e estão, dessa forma, confinadas apenas
ao matiz am arelo.
A coloração alaranjada, discretamente presente
nos dentes naturais (Fig. 5 .25), pode ser justificada.
Fig. 5.21- Disposição das diferentes massas cerâmicas. A dentina possui a cor amarelada que, em decorrên-
Fig. 5.22- Comparativo entre o opaco em pasta e em cia da idade, desgaste do esmalte ou grande expo-
pó. sição a corantes, pode se tornar mais saturada. A
Fig. 5.23- Aspecto do opaco em pasta após a sua apli- polpa dental, tecido vivo constituído de vasos sangüí-
cação e queima sobre uma infra-estrutura metálica. neos, possui uma coloração vermelho-vivo. O esmalte
Cerâmicas Odo1110!6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 5 .24

Fig. 5.25

Fig. 5.26

Fig. 5.24 - Aplicação do opaco branco.


Fig. 5 .25 - Coloração alaranjada, discretamente pre-
sente nos dentes naturais.
Fig. 5 .26 - Observar o maior volume da câmara
pulpar na região do colo do dente (cervical) .
Fig. 5.27 - Observar a presença marcante da cor la- Fig. 5 .27
ranja no dente 13.
Capítulo 5 - Desenvolvimento da Técnica de Aplicaçtio de Porcelana - Teoria e Prática

apresenta freqüentemente altos graus de translucidez, Quando o profissional que estiver realizando a
deixando transparecer a associação dessas duas co- tomada de cor, considerar a ocorrência de pouca in-
res, muitas vezes forma ndo a coloração alaranjada. fluência do laranja no dente observado, fazendo a
Acor laranja é mais evidente na região do colo den- opção, portanto, para a exata reprodução das cores
tal, onde a polpa se encontra mais volumosa e o es- da sua escala de referência, sugere-se utilizar o es-
malte é mais delgado, como mostra a figura 5.26. quema descrito no quadro 5.1.
A técnica de aplicação de cerâmica proposta nes-
te capítulo tem como objetivo tentar minimizar a limi-
tação das escalas de cor em relação à cor laranja. Na
figura 5.27, observe a visível presença da cor laranja
no dente 13, ausente no dente da escala.
Uma maneira simples e efetiva de compensar a
falta da cor laranj a das massas cerâmicas que com-
põem as escalas de cor, é o acréscimo de modificador
de dentina laranja à dentina opaca.
Portanto, propõe-se que esse acréscimo seja fei-
to da seguinte maneira:

AI Misturar dentina opaca na cor desejada com


Bl o modificador de dentina laranja-claro na pro-
Cl porção de 5 (cinco) porções de dentina opaca
para l (uma) de modificador de dentina laran- Fig. 5 .28 - Vista vestibular.
ja-claro.

A2 Misturar dentina opaca na cor desejada com


B2 o modificador de dentina laranja-claro na pro-
C2 porção de 2 (duas) porções de dentina opaca
D2 para 1 (uma) de modificador de dentina laran-
ja-claro.

A3 Misturar dentina opaca na cor desejada com


B3 modificador de dentina laranja-claro na pro-
C3 porção de l (uma) porção de dentina opaca
D3 para 1 (uma) de modificador de dentina laran-
ja-claro.
Fig. 5 .29 - Vista palatina.

A3,5 Misturar dentina opaca na cor desejada com


A4 modificador de dentina laranja na propor-
84 ção de 1 (uma) porção de dentina opaca
C4 para 1 (uma) de modificador de dentina
laranja. Essa mistura pode também ser exe-
cutada com o modificador laranja-claro.
Como dito anteriormente, essa caracterização tem
demonstrado excelentes resultados clínicos, aproxi-
mando o matiz e croma das coroas metalocerâmicas
ao dos dentes naturais.
As regiões onde tem sido recomendada a aplica-
ção da dentina opaca+ laranja-claro são o terço cer-
vical vestibular e palatino, conforme demonstram as
figuras 5.28 a 5.30. Fig. 5.30 - Vista proximal.
Cerâmicas Odomol6gicas - Conceitos e Técnicas

A sugestão citada considera a evidente dificul- de referência pela s imples aplicação das massas de
dade de obtenção das cores disponíveis nas escal as dentina da cor desejada .

Quadro 5.1 - Sugestão para obtenção das cores da escala VITA® a partir de massas modificadoras de dentina e
dentinas opacas

A 1- Mistura de 4 partes de dentina opaca da cor selecionada com meia parte de modificador maffom e com I pane
de modificador de dentina laranja-clarn.
AI.5 - Mistura de 3 partes de dentina opaca da cor selecionada com meia parte de modificador man-om e com I pane
de modificador de dentina laranja-claro.
A2 - Mistura de 2 paites de dentina opaca da cor selecionada com meia paite de modificador marrom e com I pane
de modificador de dentina laranja-clai·o.
A2,5 - Mistura de 2 partes de de ntina opaca da cor selecionada com meia pa11e de modificador marrom e com I pane
de modificador de dentina laranj a-claro.
A3 - Mistura de I parte de dentina opaca da cor selecionada com meia pa,te de modificador marrom e com I pane
de modificador de dentina laranj a-claro.
A3,5 - Mistura de I paite de dentina opaca da cor selecionada com meia patt e de modificador maffom e com meia pane
de modificador de dentina laranja.
A4 - Mistura de I parte de dentina opaca da cor selecionada com meia parte de modificador maffom e com meia
parte de modificador de de ntina laranja.
Bl - Quatro paites de dentina opaca da cor selecionada mais I parte de modificador de dentina amarelo, mais meia
patte de modificador de dentina laranja-claro.
B2 - Três partes de dentina opaca da cor selecionada mais I paite de modificador de de ntina amarelo, mais meia pane
de modificador de dentina laranja-claro.
B3- Uma paite de dentina opaca da cor selecionada mais l paite de modificador de dentina amarelo, mais meia pane
de modificador de dentina laranja-claro.
B4 - Uma paite de dentina opaca da cor selecionada mais I pai·te de modificador de dentina amarelo, mais I parte
de modificador de de ntina lai·anja-claro.

C! - Quatro partes de dentina opaca da cor selecionada mais meia parte de modificador de de ntina azul. mais I
parte de modificador de dentina verde.
C2- Três partes de dentina opaca da cor selecionada mais meia parte de modificador de dentina azul, mais I pane
de modificador de dentina verde.
C3 - Uma parte de dentina opaca da cor selecionada mais meia pa1t e de modificador de dentina azul, mais I parte
de modificador de dentina verde.
C4- Uma parte de dentina opaca da cor selecionada mais la parte de modificador de de ntina azul e mais I parte de
modificador de dentina verde.

02 - Três partes de dentina opaca da cor selecionada mais meia parte de modificador de dentina verde mais meia
parte de modificador de dentina rosa.
03 - Uma parte de dentina opaca da cor selecionada mais l parte de modificador de dentina verde, mais I parte de
modificador de dentina rosa.
04 - Uma pai·te de de ntina opaca da cor selecionada mais 1 parte de modificador de dentina verde. mais I pane de
modificador de dentina rosa.

Sugestões adicionais porção de um preparo muito vest ibularizado, a opção


por utilizar uma dent ina de cor clara, com alto valor.
A dent ina opaca pura para cobrir a estrutura me- seguida da dent ina da cor selecionada, seria uma me-
tálica, a pesar de ser bastante utilizada nos laboratóri- lhor opção do que a s imples ut ilização das dentinas
os de prótese dentária, não se mostra como a m elhor opacas, conforme mostra a figura 5.31.
alternativa. Esse procedi mento pode a ume ntar a es- O procedime nto de seleção de cor a partir de
pessura de cerâmicas opacas, prejudicando a estét ica escalas de porcelana convenc ionais pode se mostrar
do trabalho fin al e m re lação à transluc idez. extremamente complexo para alguns profissionais.
Por exemplo, caso exista espaço insufi cie nte na Esse fato não inviabiliza a comunicação ao TPD das
Capítulo 5 - Dese11volvime1110 da Técnica de Aplicação de Porcelana - Teoria e Prática

Tabela 5.3 - Sugestão das proporções para obtenção


dentina de de cores da escala Yita Lumim® Yacuurn a partir da
alto valor escala 8iotone®.

Cor Opaco Dentina Esmalte

60 A, A, E,
61 A,:A,= 1:1 A, E,
62 A, A, E,
65 0 3 :0M Pink
=4: 1 AJ.s E,
66 A, A3 .5:A3 = 1:2 E,
67 B, 83 Ei
Fig. 5.31 - Desenho esquemático demonstrando a
68 A, A,5 E2
69 c2 C,:CV3=5:I Ei
localização da massa de dentina ele alto valor. 77 A: :CV4=5: I
78 º·
e. A_, 5 :CV I = 1: 1
E,
E,
características dos dentes por parte do CD. Nesse 81 A. A• E,
momento, escalas de cor de dentes de resina acrílica
podem ser utilizadas com relativo sucesso. Para tanto,
basta que os profissionais envolvidos sigam as suges- Tabela 5.4- Sugestão das proporções para a obtenção de
tões descritas nas tabelas 5.2 e 5.3, assim como para cores da escala 30 Master (Vita) a partir da escala EX3.
a escala 30 Master (Vita) descrita na tabela 5.4.
Cor Opaco Dentina Stain

Tabela 5.2 - Sugestão das proporções para a obtenção IMI A, A,


de cores da escala Yita Lurnim® Yacuum a partir da IM2 A, A,:A2= 1: 1
escala 8ioform®. 2Ll .5 A, A,_:A3 = 1: 1
2l2.5 A, A, Amarelo
Cor Opaco Dentina Esmalte 2Ml e, A,
2M2 A, A,
851 8, A, E2 2M3 BJ B,
852 82 82 E2 2Rl.5 02 A2
853 A, A,:A 3 =3: I E, 2R2.5 A, A,
854 A, A, E, 3Ll .5 o, 0 3 Marrom
855 83 B2 :B3 = 1:1 Ei 3l2.5 A, A, Marrom
856 B. A3 :B 3 = 1:1 Ei 3Ml e, e, Marrom
859 A, A, 3M2 A, A, Verde
E2
862 A, A 1:A2 = 1:I 3M3 B, B,
E2
863 A, A, E,
3Rl.5 o, o,
3R2.5 A ,.s A3 :A3.5 =1 1
865 A, A, E,
4Ll.5 c2 C,: Mod-
866 02 A, E,
Marrom= 1O: 1
867 82 8i E, 4l2.5 A• A, Laranja
869 01 A3 :D3 = 1:1 E1 4MI C,:Mod-
c2
877 B, 8, E, Marrom=8:I
881 A,5 A,5 E, 4M2 A 3 :A 35 =1:3
A ,.s
883 A,5 A3 :CV 1 =7:1 Ei 4M3 A, C,:Mod-Laranja:
884 A, A,5 :C3:CV 1 = 2:2: 1 Ei Mod-Marrom =
885 A, AJ.S:C. : CV2 = 1: 1: 1 E3 100:8: 1
891 A, C2 :D2 = 1:3 E, 4Rl.5 A, C3:Mod-
892 D, A,:8 1 = 1:1 E, Marrom=8: I
An'°'~
893 A,:A" = 1: 1. l ...} A, ", 1\ " ~ - - ~ - -
lVl allUIII

894 e, 8 1 :C, = 1:1 5MI e, C 1:Mod-Marrom=8: 1


895
896
D,
A,
1" C,:D1 = 1: 1
A,
5M2
5M3
A,
B,
C,:Mod-Ma1To111=10: 1
A,:Mod-Laranja=8: 1

153
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas

Massas cervicais zado na Odonto logia estética, tanto para um ombro


estritamente vestibular, como para o ombro circular
Caso seja feita a opção pela utilização de massa
(360º), desde que sejam respeitadas características
cervical na primeira camada, como por exemplo CV 1,
específicas desse ti po de preparo.
CY2, CV3 ou CY4, elas devem ser misturadas ape-
A utilização da técnica do ombro cerâmico de-
nas com massas de dentina. Nunca devem ser mis-
monsu·a grande valor no momento em que se deseja
turadas com dentinas opacas.
restaurar um dente, que apresenta uma gengiva mar-
Após a aplicação de uma das técnjcas menciona-
g inal livre muito fina e delicada, que possivelmente
das, procede-se à seqüência de aplicação usual: denti-
deixaria transparecer a margem escurecida da co-
na, incisais, transparentes, pinturas internas e opales-
roa metalocerâmica convencional.
centes .
Quando se utilizar cerâmica de ombro cerâmico.
não deve ser aplicada a mistura de dentina opaca e
Massas cervicais transparentes modificadores sobre as massas de ombro, pois pode
A lém das massas cervicais convencionais, po- ser prejudicada a passagem de luz na região cervical,
dem ser util izadas 4 diferentes massas cervicais trans- objetivo principal da técnica do ombro cerâmico.
parentes, que devem ser aplicadas juntamente com As massas de ombro estão disponíveis nas cores
os opalescentes. São e mpregadas como cobertura da escala. Caso seja necessário aumentar a transpa-
após a aplicação das massas de dentina opaca, dentina rência dessas massas, podem ser utilizadas 3 dife-
e incisai. rentes opções:

CCY, - A2, A3, B2 v M Clear aumenta a transparência quando usada


CCY2 - B3 e B 4 com a porce lana de margem da cor selecionada.
CCV3 -A3,5 e A4 v M Peach pode ser usada no matiz A. Demons-
CCY4 - C2, C3 e C4 tra um croma la ranja-avermelhado, podendo ser
utilizada isoladamente ou misturada com a
Ombro cerâmico (Margin Porcelain) porcelana de margem de cor selecionada. Pode
ainda ser misturada com o modificador de por-
As massas de ombro cerâmico (vestibular ou pe- celana de ombro M Pink, tornando-se uma boa
riférico) são uma excelente alternativa estética. Têm opção para a transição da cor cervical da coroa
demonstrado adaptação marginal satisfatória e au- para a coloração gengival.
mentada transmissão de luz na região cervical, pro- v M Orange pode ser usada no matiz B. Demons-
porcionando ganho de estética em relação às próte- tra um croma laranja-avermelhado, sendo utilizada
ses metalocerâmjcas convencionais. G eralmente são isoladamente ou misturada com a porcelana de
aplicadas em 2 ou 3 camadas com um programa de margem a ser selecionada, podendo também ser
quei ma específico. É um recurso amplamente utili- misturada com o modificador M Pink.

Fig. 5.32 - Preparo protético com término cervical


em ombro.
Capítulo 5 - Desenvolvimento da Técnica de Aplicaçüo de Porcelana - Teoria e Prática

Caso Clínico 1 - Ombro cerâmico

Fig. 5.33- Caso inicial, necessida-


de de confecção de coroa total no
dente 11.
Fig. 5.34 - Provisório imediato
instalado. Notar a visível presença
da coloração laranja no terço cer-
?1 .. ~"' --~ --~ ...~ - · -
Fig. 5.35 - Foto da seleção de cor
enviada ao laboratório de prótese
dentária.
Fig. 5.37
Fig. 5.36-lnfra-estrutura em NiCr
(Tiliteffallaclium) preparada para , • • • ••
recebe••" o,, );M"' A r lô A~hM M e , J
J

mico.
Fig. 5.3 7 - Massas ele ombro cerâ-
mico que foram utilizadas . De acor-
do com a seleção ele cor, observou-
se a necessidade ele se aplicarem
1
massas moclificadr-· 0
- .. -
" - " ~" " " · -

cerâmico.
Figs. 5.38 e 5.39 - Aplicação cio
Fi:
.)() .
Cerâmicas Odomológicas - Conceitos e Técnicas

1 Fig. 5.41

' '1' ' 1-ig. 3.40- -\p,,, .1 'fllt'lll'. 1, '"' ' 1' ,,,\., - 1
Capí111!0 5 - Dese11vo!vime1110 da Técnica de Aplicaçcio de Porcelana - Teoria e Pr6tica
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 5.53

Fig. 5.54

Fig. 5.55

Fig. 5.53 - Sorriso da paciente após a cimentação.


Fig. 5.54 - Condição inicial da paciente.
Fig. 5.55 - Resultado fi nal alcançado com reprodu-
ção da coloração, forma, textura e polimentos adequa-
dos tornando a coroa metalocerâmica imperceptível.

~
1 8
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _C_a..!p_í,_u_lo_:5_-_D.:..e_:s..:.e'.:.."..::
'º_:/v.:..i'-="e:.::11:..:10:..:d:..:a:....:.Técnica de Aplicaçcio de Pon·efana - Teoria e Pl'6Tic"

Considerações v' Primeira e segunda camadas de opaco.


ti Mesmo diante da necessidade de se reproduzi- v' Massa de ombro cerâmico, se necessário.
rem dentes com variadas e complexas caracteri- v Massas de dentina opaca. dentina. modificador
zações, o conhecimento das propriedades ópticas de dentina. incisai, transparente.
das massas cerâmicas permitem a obtenção de V ILS horizontal.
excelentes resultados estéticos. V ILS vertical.
ti Coroas de incisivos centrais unitárias são sem- V Luster.
pre um desafio. V Glazeamento.
ti Ajuda da documentação fotográfica. que propor- Obs.: a cada uma das 7 etapas citadas a cerâmi-
ciona informações a respeito de cor, caracteriza- ca deve receber um ciclo de queima.
ções internas. grau de transparência e opales-
cência. textura de superfície. Para a aplicação do ILS, os elementos devem
demonstrar acabamento superficial ou jateamento
Dentinas com óxido de alumínio, não apresentando. portanto,
brilho superficial.
Estão disponíveis nas cores das escalas. sendo O Internai Live S1ai11 possibilita as inúmeras ca-
utilizadas para se definirem o matiz e croma selecio- racteri zações, como por exemplo:
nados. Podem ser consideradas a base para as cores.
V Incisa] 8/ue 1. Ex.: utilizada junto com Bright na
Internai Live Stain®(ILS) proporção de l: 1, para a reprodução de bordas
É uma porcelana desenvolvida por Hitoshi Aoshi- incisais de pacientes jovens.
ma.1 utilizada para caracterizações internas, tais como V Incisai Blue 2. Ex.: utilizada junto com Brighr na
manchas (fluorose, tetraciclina, pigmentações porco- proporção de 1: 1 para reproduzir os dentes de
rantes) e trincas em próteses metalocerãmicas. Pode meia idade e idosos.
também ser usada para aumentar o croma das V Mame/011 orange I e Mame/011 orange 2. Ex.:
cerâmicas. Os pós cerâmicos do !LS apresentam al- para intensificar mamelos.
gumas vantagens em relação aos pós para pintura v Reddish Brown (marrom-avermelhado) e Earth
externa, apesar de serem aplicados de forma seme- Brown. Ex.: usados para reproduzir trincas por
lhante. Apresentam a mesma fluorescência das mas- acidez e nicotina.
sas de dentina. incisai, transparente e opale cente. V Cervical 1 (Marrom).
além de alta resistência à formação de bolhas. Seu v Cervical 2 (Ocre).
CET (J 1,6 x J0·6 )* é semelhante ao da porcelana de V Cervical 3 (Esverdeado).
construção EX-3 ( 12,4 x I Q·6)* indicada para me- v White (Branco).
talocerâmicas, reduzindo com isso o risco de trincas. V Red (Vermelho).
Para a aplicação do lLS propõe-se a seguinte V Brighr (Transparente) usado para diminuir a in-
seqüência: tensidade das cores mencionadas.

Tabela 5.5 - Porcentagem em peso dos óxidos constituintes da dentina da cerâmica EX-3®.

SnO, Si02 Al,O, CaO MgO K,O Na,0 Li02


Óxidos Óxido.de Dióxido de Óxido de Óxido de Óxido de Óxido de Óxido de Dióxido de
Estanho Silício Alumínio Cálcio Magnésio Potá sio Sódio Lítio
- --,,-- ---1- - ---1- - - --
Porcentagem -- 64,5 14,4 0,7 0,6 8,7 9,2 0,4
em peso

*Informações fornecidas pelo fabricante.

~
159
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

A figura 5.56 ilustra e sugere uma disposição ló- ser realizada pela aplicação de uma mistura de 1(uma)
( gica das massas de !LS. parte de Cervical 3 com 1 (uma) parte de Mame/011
Orange 2.
Algumas outras sugestões na utilização da ILS
Sugestões adicionais com a mesma final idade estão demonstradas na Ta-
bela 5.6.
O ILS pode ser também utilizada para aumentar Para que sejam obtidos os melhores resultados
o croma, alterar e caracterizar o matiz de uma cor na utilização da JLS, é necessário que o TPD exami-
aplicada. Por exemplo, se dmante os procedimentos ne o paciente, o u que pelo menos tenha à sua dispo-
de prova da cerâmica for observado pelo CD que a sição slides para a adequada identificação das ca-
cor que deveria ter sido aplicada é A3 , tendo sido racterísticas de cada dente, como pode ser observa-
previamente selecionada a cor A2, a correção pode do no caso clínico a seguir.

Fig. 5.56A - Disposição das massas para pintura in- Fig. 5.56B - Incisai live stain Noritake.
terna (ILS) no godê.

Tabela 5.6 - Misturas de pigmentos da ILS para au-


mento de croma ou alteração de matizes.

Al -A2-A3 Cervical 3 + Mamelon Orcmge 2


1:1
A3,5-A4 Cervical 3 + Cervical I
1:1
8 1-82-83-84 Cervical 3 + Mamelon Orange I
1:1
C I-C2-C3-C4 Cervical 3 + Incisai Blue 2
2/3: l/3
D l-0 2-03-04 Cervical 3 + Bright
1:1
Capírulo 5 - Desenvolvimenro da Técnica de Aplicaçcio de Porcelana - Teoria e Prárica

Caso Clínico 2

Fig. 5.57

c:i:.<..s) ,.

..-/ / MA.r'!M>Ht · ~
Co!J, ,,,,_z.. Ca c..y

f o.,,.,.,.ç..; t..c,°T1>6h
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"' ~- - - 4<-fl) 7 , , , r ~

Fig. 5.58

Fig. 5.57 - Caso in icial , coroa provisória imediata


cimentada no dente 22.
Fig. 5.58 - Diagrama da seleção das cores.
Cerâmicas Odonrol6gicas - Concei10s e Técnicas

Fi~

Fig. 5.61 Fig. 5.62

Fig. 5.65 Fig. 5 .66

Fig. 5.59 - Estrutura de Procera preparada para a aplicação de cerâmica


após a queima de lLS, Cervical 1 + Cervical 2(2:1).
Fig. 5.60 - Primeira aplicação de dentina Ale AO e Incisais El, Silk E2.
Fig. 5.61 - Aspecto da coroa após a queima das massas ele dentina e incisais.
Fig. 5 .62 - Após os desgastes, aplicação ele ILS no sentido horizontal, se-
gundo a indicação do diagrama ele cor.
Fig. 5.63 - Aspecto ela queima de lLS a 830ºC.
F
Fig. 5.64 - Aplicação de lLS no sentido vertical. a:
Fig. 5.65 - Aspecto da queima de ILS a 830ºC.
e
Fig. 5 .66 - Coroa fi nalizada no modelo após a queima cios opalescentes.
o
Capítulo 5 - Desenvolvimemo da Técnica de Aplicação de Porcelana - Teoria e Prática

Fig. 5.67

Figs. 5.67 e 5.68 - Coroa finalizada. Notar


as caracterizações horizontais e verticais exe-
cutadas com ILS, e sobrepostas com massas
opalescentes. Fig. 5 .68
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Opalescentes do te rço incisai de de ntes de meia-idade ou ido-


sos (Fig. 5.78).
As massas opalescentes são utilizadas para re- v' Creamy Enamel - Opalescente da cor pérola·
produzir melhor as características ópticas dos dentes esbranquiçada, utilizado para reproduzir esmalte
naturais. Esses pós são constituídos por partículas esbranquiçado e m regiões de cristas vestibula·
extremamente finas, que proporcionam um efeito res e palatinas, além de oclusais de dentes poste-
muito similar ao esmalte do dente natural nas proprie- riores. Pode ser utilizado a inda para aumentar o
dades de difração e reflexão de luz (Figs. 5.69 a 5.71 ). valor, quando desejado (Figs. 5.79 a 5.81).
Os opalescentes devem ser preferencialmente uti- v' Creamy White - Utilizado para a reprodução de
lizados após a apl icação e queima das massas de den- esmaltes altamente esbranquiçados, como obser-
tina, incisai, transparente e pintura interna, sendo, por- vados e m regiões descalcificadas. Pode ser mis-
tanto, a última camada de cerâmica aplicada. De- turado com LTO, objetivando reduzir o grau de
vem a inda cobrir toda a superfície vestibular, do ter- brancura do Creamy White (Fig. 5.82).
ço cervical à borda incisai. v' Incisai Aureola - Juntamente com LT I, é um
Os opalescentes devem ser aplicados e m uma opalescente muito importante, podendo ser com-
espessura mínima de 0 ,5 mm e máxima de 1,0 mm. parado a uma moldura de um quadro. Deve ser
Numa espessura inferior a 0,5 mm, o e feito opales- utilizado na região de halo incisai e de ponto de
cente pode ser pouco notado. Uma camada de opa- contato proximal. Pode ser indicado para qual-
lescente superior a 1,0 mm pode causar na porcela- quer dentição e para dentes com grau de translu-
na um efeito de contra-opalescência, que se carac- cidez tipo C (Vide Cap. 2) (Fig . 5 .83).
teriza por conferir à coroa metalocerâmica uma co- v' LT Yellow - Opalescente de cor amarelada, uti-
loração amarelo-alaranjada escura na região das cris- lizado em dentições jovens (Fig. 5.84 ).
tas proximais.
Diante dessa afirmação, apresentam-se a seguir Desaconselha-se o uso das massas opalescen-
algumas opções de aplicação dos opalescentes: tes sempre que existir pouco espaço e ntre a borda
incisai da infra-estrutura (metálica, Procera ou ln-
v' LTJ - Pode ser considerado o opalescente mais Ceram) e o comprimento idea l do de nte a ser repro-
freqüente mente utilizado, pois reproduz o efeito duzido. Fig. '.
pérola presente no de nte natural, não interferin- Nos dentes mostrados nas figuras 5.85 e 5.86.
do na cor da dentina já queimada. Deve ser apli- pode ser observada a marcante presença da opales-
cado sobre toda a superfície vestibular (do colo cência.
à incisai) numa espessura mínima de 0,5 mm,
independentemente da cor selecionada. Pode Pintura externa (Stains)
ser indicada co mo cobe rtura na re produção de
dentições j ovens, médias e idosas (Fig. 5.72). Os pigmentos para pintura externa são utilizados
v' LTO- Utilizado para reproduzir uma borda incisai nas mesmas indicações da ILS. Cabe ao TPD sele-
altam ente translúcida, característica de dentes jo- cionar qual a técnica de sua preferência; todavia, a
vens. Pode não ser uma boa a lternativa recobrir caracterização por pintura interna (ILS) demonstra
toda a superfície vestibular com o LTO, pois uma comprovadamente me lhores resultados em relação
modificação na cor da dentina pode ocorrer, tor- à cor e transluc idez.
nando-a mais c lara (Figs. 5.73 e 5.74). Os Stains devem ser aplicados após a queima e
v' T Blue - Opalescente de cor azul, aplicado entre o acabamento das massas opalescentes, no momen-
os mamelos dentinários. Consegue-se através do to do glazeamento. Não pode111, de forma alguma, Fig.
T Blue reproduzir a translucidez inc isai de den- ser aplicados e m camadas internas da cerâmica. In-
tes jovens e de meia-idade (Figs. 5.75 e 5.76). formações adicionais sobre o processo de glazeamen-
v' LT Natural Gray - Opalescente de cor ac izen- to podem ser encontradas no capítulo 1.
tada, utilizado nas superfícies proximais de de n- Fig
tes de me ia-idade e idosos. Indicado para dentes as,
Screening Porcelain de
com grau de translucidez tipo C (Vide Cap. 2)
(Fig. 5.77). A Screening Porcelain (Fig. 5.88) deve ser usa- Fi~
LTI
v' Sun Bright - O palescente de cor âmbar, utiliza - da e m combinação com as massas de dentina e
do para reprodução do esmalte laranj a na região incisai da porcelana EX-3®na confecção de facetas Fi!

~
1 "
Capíwlo 5 - Desenvolvimento da Técnica de Aplicação de Porcelana
- Teoria e Prática

Fig. 5.69 Fig. 5.70

- LT1 --

Fig. 5.72

Fig. 5.73

Fig. 5.74

Fig. 5.72 - Massa opalesce me LTl aplicada sobre toda


a superfície vestibul ar para d entes com caracter ísticas
de meia-idade e idoso.
Figs. 5.73 e 5.74 - Localiza ção da massa opalesc eme
LTO em dentes com caracter ísticas de j ovens.
Fig. 5.75 - Localiza ção da massa opalesce nte T Blue. Fig. 5. 75
Cerâmicas Odo1110/6gícas - Conceítos e Técnicas

Fig. 5 .76 - Massa cerâmica do o palescente T Blue


após a q ueima.
Fig. 5 . 77 - Localização da massa opalescente LT Gray,
nas proximais de dentes com características de meia-
idade e idoso.
Fig. 5. 78 - Opalescente Sun Brígl11, que deve ser apli-
cado no terço incisai.

Fig. 5.76

Fig. 5.77

Fig. 5 . 78

...., ~

Figs . 5 . 79 a 5.81- Localização da massa opalescen te


L Fig. 5.79

Creamy Enamel.
Capítulo 5 - Desenvolvimemo da Técnica de Aplicação de Porcelana - Teoria e Prá1ica

Fig. 5.80

Fig. 5 .81

Fig. 5.82

Fig. 5.84

Fig. 5.82 - Distribuição esquemática da massa opales-


cente Creamy Wh ite, reproduzindo regiões esbranq ui-
çadas na superfície do esmalte.
Fig. 5.83 Fig. 5 .83 - Massa opalescente Incisai Aureola, utilizada
para produzir o efe ito de halo i ncisal.
Fig. 5.84 - Localização da massa opalescente LT Yellow.
Cerâmicas Odomol6gicas - Co11cei1os e Técnicas

laminadas, restaurações tipo onlaylinlay e nas co- laminadas em porcelana envolve a confecção de uma
roas puras de dentes descoloridos. Esse material atua faceta com a cerâmica de corpo na cor oposta à reco-
de duas formas básicas para neutralizar os efeitos da mendada na escala de valor de Munsell para dentes
dentina descolorida. descoloridos. Após a faceta ser cimentada, essas duas
cores se interagem e o resultado fi nal é um dente
v' Através de uma cerâmica opaca para a obten- sem uma redução dramática do croma. A translucidez
ção de altos valores. pode ser boa, mas um alto valor é praticamente im-
v' Através de cores comple mentares para propor- possível de ser atingido, de acordo com Yamada. 13 A
cionar alta translucidez. tabela 5.8 pode ser usada como guia de seleção de
cores para essa técnica.
Quando misturada com as massas de dentina, a A figura 5.31 exemplifi ca a técnica descrita na
Screening®deve ser utilizada de acordo com a tabela tabela 5.8.
5.7. As figuras 5.88 e 5.89 demonstram uma caso
A técnica das cores complementares para a rea- clínico em que foi utilizada a Screening Porce/ain
bilitação de dentes descoloridos através de facetas (Figs. 5.90 e 5.91).

Tabela 5.7 - Proporção de mistura da cerâmica Screening®e dentina EX-3® recomendada em função da classifica-
ção dás descolorações dentais.

Grau de Descoloração Proporção de Mistura

Leve Uma parte de Screening® para três partes de dentina EX-3®


Moderada Uma parte de Screening® para duas parte de dentina EX-3®
Severa Uma parte de Screening® para uma parte de dentina EX-3®

Tabela 5.8 - Técnica das cores complementares.

Grau de Descoloração Cor do Preparo Cerâmica Recomendada

Descoloração moderada Marrom M Brown


Cinza-avermelhado M Reddish Gray
Descoloração severa Marrom S Brown
Ci nza-avermelhado S Reddish Gray

Fig. 5.85 Fig. 5.86

Figs. 5 .85 e 5.86 - Observar a importante presença da opalescência na superfíci e vestibular, principalmente no
terço incisai.
Capítulo 5 - Desenvolvimemo da Técnica de Aplicação de Porcel ana - Teoria e Prática

1 ~AS.sil5 ~.,;CAI~ T,'(A~,....,.,,<éN'TéS 2,-czf.t1l- Av.(,!;..:'.J\ _ 11,uo


L~ - Pêll..o'-A • a.e"""-)' t""1A·•reL _ i1'<«A ~~.,..i~M
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• 'f/JLút; - '42.vL,.,./»
• OIE4"'Y ""li-,r,;;
• W.V &,.,"C.,t.,- _ AM&f~

Fig. 5.87
Fig. 5.87 - Sugestão de diagrama das massas opalescentes.
Cerâmicas Odontol6gicas - Canceitos e Técnicas

Fig. 5.88

Fig. 5.89

Fig. 5.90

Fig. 5 .88 - Cerâmica Screening, para dentes com des-


coloração.
Fig. 5.89 - Exemplos de dentes com graus de desco-
loração.
Figs. 5.90 e 5.91 - Facetas laminadas nos dentes an-
teriores superiores com grau de descoloração severa Fig. 5 .91
onde foi utilizado a porcelana Screening. (Cortesia de
Kazunobu Yamada.)
Capítulo 5 - Desenvolvimemo da Técnica de Aplicaç,io de Porcelana - Teoria e Prática

Caso Clínico 3

Fig. 5.92

Fig. 5.93

Fig. 5.94

Fig. 5.92 - Caso inicia l, onde a paciente apresen ta


uma coroa pura de cerâmica no dente 21.
Fig. 5.93 - Seleção de cor, procu rando se determinar
a coloração da denti na.
Fig. 5.94 - Seleção de cor com o objetivo ele se deter-
minar a coloração ela borda incisai.

~
171
Cerâmicas Odo1110/6gicas - Conceitos e Técnicas

~/>aNil(.I ~-...,,, .~ (A.( ,aea,o ~ """'-~


vCr1Li2.m2,. ~ " " ' .A :2

Fig. 5.95

Fig. 5.95 - Diagrama de cor.

~
1 2
Caf)ír11/a 5 - De.<enl'alvime1110 da Técnica de Af)licaç,io de Po.-cela11a - Teoria e Pr6rica

Fig. 5.96 Fig. 5.97

Fig. 5.98 Fig. 5.99

Fig. 5.96 - Coroa pura finalizada sobre o refratário no mo-


delo de trabalho. De acordo com o diagrama de cor, foi apli-
cada cerâmica Screen ing como primeira camada na propor-
ção 1:2, pois o preparo apresentava descoloração moderada.
Posteriormente, foram aplicados massas de dentina e incisais,
pinturas internas e opalescentes como cobertura.
Figs. 5.97 a 5.99 - Coroa cimentada. Essa jovem paciente
(21 anos de idade) apresentava a superfície dos dentes natu-
rais com marcante textura e alto brilho, características repro-
duzidas na coroa pura cerâmica.

Sugestões adicionais Tabelas de queima para as porcelanas


Nos casos clínicos onde estiverem indicadas fa- EX-3, Ti-22, Cerabien e Cerabíen CZR
cetas laminadas e os dentes a serem preparados não
Um dos fatores mais importantes para o sucesso
apresentarem nenhum grau de descoloraçã o, os
nos trabalhos em cerâmica é o processo de queima
laminados devem ser confeccionad os com a cerâmi-
adequado. De forma a padronizar esse procediment o
ca EX-3®, de maneira similar ao das estruturas me-
para diversas porcelanas, sugerem-se as tabelas 5.9
tálicas.
a 5. 12.

Consideração final
Condensação das massas cerãmícas Como mencionado, a técnica descrita neste ca-
pítulo é adequada a todos os tipos de cerâmica, ca-
As informações a respeito do procediment o de bendo ao TPD avaliar o produto correspondente na
condensação, muito importante para o resultado final cerâmica de sua preferência para obtenção dos me-
da aplicação, são discutidas no capítulo 1. lhores resultados.

~
173'
Tabela 5.9 - Sugestão de programas ele queima para a porcelana EX-3. ~

1 Massas Cerâmicas Tempo de


Seca gem
Tempe- Iníc io Taxa de
ratura do Vácuo Elevação
Vácuo Tempera-
lura de
Te mpo de Manutenção
cle ut ro do forno
Tempe-
rat ura
Res friamento
(saída clev.)
Aspecto
da Cocção
~)

;::;·
ae::,
(Elevador) Inic ial ela Tcmp. Saída Vácuo Final "-
::?
Wash Bake opaco cm pasta 8 min. 400"C 400"C 65°C/min. Total 980"C Mamer I min. sem vácuo 990"C 1 min. semi brilho ~
~'
400"C 65°C/min. Total 980"C Manter 1 min. sem v;kuo 980"C l min. semibrilho ;;·
Opaco cm pasta
primeira e segunda queimas
8min. 400"C
a1

Porcelana de margem (ombro 5 min. 650"C 650"C 55ºC/min. Total 935ºC O ( não manter tempo) 945ºC I min. brilho e/ textura ~
cerâmico) Iº e 2° queimas R
brilho e/ textura
~-
45ºC/min. Total 920ºC O (não manter tempo) 930"C I min.
"..,
Massas de dcntinas opacas. 8min. 600"C 600°C
dcntinas, Incisais, opaleccntcs
até 3 e lementos

Q
r;·
Ponte parcial fixa de 6 a I O IOmin. 600"C 600ºC 45ºC/min. Total 925ºC O (não manter tempo) 935ºC l min. brilho e/textura a
elementos
600"C 600ºC 45°C/min. Total 930"C O (não manter tempo) 940"C I min. brilho e/textura
Ponte com mais de 10 elementos 15 min.
7min. 600"C 600"C 45ºC/min. Total 910"C O (não manter tempo) 920"C l rnin. bri lho e/textura
Ajustes de queima
5min. 650"C O (si 130"C/min. O O (não manter tempo) 930°C l min. brilho
Glazeamento com líquido/pó
(Obs. 3) vácuo)

Glazeamento natural até 3 5 rnin. 650"C O (si 45°C/min. o O (não manter tempo) 890"C lmin. brilho polido
elementos vácuo)

Glazcamento natural-pontes 5 mi n. 650"C O (si 50"C/min. o O (não manter tempo) 910"C I min. brilho polido
com mais de 3 elementos vácuo)

ILS (/lllemal Live Swin) 3 min. 700"C O(s/ 55ºC o O (não manter tempo) 830"C I min. fosco
vácuo)

Sinterização do refratário 5min. 650"C O(s/ 55ºC o - 10 min. 1080"C I min. branco total
wkuo)

Wa.,h Bake pi laminados 15 min. 600ºC 600"C 45ºC/min. Total 950"C O (não manter tempo) 950"C I rnin. brilho

Massas de dentinas, Den1inas 10 min. 600"C 600"C 45ºC/min. Total 945ºC O (não manter te mpo) 945ºC lmin. semi brilho
Opacas, 1ncisais. Opalescentes e/textura
para laminados
Glazeamento p/ laminados 5 min. 600"C - 55ºC/min. o O (não manter tempo) 925ºC I min. brilho polido
ADDMATE 5 min. 450"C 450"C 40"C/min. Total 670"C O (não manter tempo) 680ºC I min. brilho e/textura

Observaçfio 1 - ·rabeia sugestiva p.ira queima!-. podendo ~ofrer 1nodificaçõcs de acordo com o forno u1ilizado.
Ob'iervaçiio 2 Para gJa4eamcnto nawral. ~ugcrc-~c que ~eja feito pri:.':-polimcnto com borrachas e lixa, Nlâ.,·1er Co,ws Nori1ake . üntcs do g l a1.eamento ser executado.
Ob~crvaçào 3 C:!'o nüo ,cja ob1ido o brilho de-.cjado com <t taxa de clcvaçào de l 306 C/mi11 .. b:1,ta que a 111xü de elcv:1çüo <,.cja c.limim1ída pnra va lore~ cm lorno de SO<>Ctin in.
Tabela 5.10 -Tabela de queima para cerâm ica CERA BIEN, indicada para aplicação sobre infra-estrutura Proccra®Alumina, ln-Ceram Yita®, Z irconia Yita®.
Massas Cerâ micas Entrada Temperatura Início do Taxa de Vácuo Tempo de Manute nção Temperatura Saída do Forno Aspecto
Elevador/ minuto Inicial Vácuo Elevação Dentro do Forno Final (saída clcv.) da Cocção
Margem 11/2ª queima 6min. 600°C 600"C 50"C/min. Total I min. s/vácuo a 1030"C 1030"C 4 min. Brilho e/
textura
Shade Base 6min. 600°C 600°C 45°C/min. Total I min. s/vácuo a 960ºC 960"C 4min. Scmibrilho
%
Massas de Dentinas/lncisais/ 8 min. 600°C 600°C 45ºC/min Total I min. c/v,ícuo a 960"C 960°C 4min. Brilho c/ textura
~
v,
Transparentes/Opalescentes/ I min. s/vácuo a 960°C 1
t:,
Internai Líve Stain ( ILS) 5min. 600°C O (s/vácuo) 55ºC/min. ~
o O (não manter tempo) 920"C 4 min. Fosco ~
Jil e 2ª queimas
~
Retoques dcntinas/incisais/ 7min. 600°C 600"C 45ºC/min. Total I min. s/vácuo a 950"C 950"C 4min.
?
Brilho c/ textura ~
Transparentes/opalescentes
~
Glazeamcnto natural 5 min. 600°C O (s/vácuo) 50°C/min. o 30 s. s/vácuo a 940ºC 940"C 4 min. Brilho polido 2-
:--l
<>,
Glazeamcnto com liquido/pó 5min. 60(l°C O (s/vácuo) 130ºC/min. o O (não manter tempo) 960°C 4 1nin. Brilho g
;,;·
MRP/AD D-ON 5 min. 600"C O (s/vácuo) 45ºC/ min. o O (não manter tempo) 900°C 4 rn in. Brilho ::,
"'-
Piquei ma de Mclear sobre 6min. 600°C 600°C 50ºC/min. Total I min. e/vácuo a 1050ºC 1050ºC 4 rn in. Bri lho ":,..
cooping de lnCeram I min. s/vácuo a 1oso•c e/ textura "g=
::,

Observação 1 - Tabela sugestiva para queimas, podendo sofrer modificações de acordo com o forno utilizado. "'g,
Observação 2 - Para glazeamento natural, sugere-se que seja pré-polimento com borrachas e lixas Meister Cones Noritake, antes do glazcamento ser executado. "'-
""
Observação 3 - Caso não seja obtido o brilho desejado com a taxa de elevação de l 30ºC/min .. basta que a taxa de elevação seja diminuída para valores cm torno de 80ºC/rnin. ~
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Ta b ela 5.11 - Tabela de queima para CERABIEN CZR, para aplicação sobre infra-estrutu ra Z irconia Procera®.
~
Massas Cerâ micas Entrada
Elevador/m inuto
Tem peratura
Inicia l
Início
Vácuo
Taxa de
Elevação
Vácuo Tempo de Manutenção
Dentro do Forno
Tempera t ura
F inal
Saída do Forno As pecto
(saída elev.) da Cocção i"'
~
Margem l' /2• queima 6min. 600"C 600°C 50ºC/min. Total I min.s/vácuo a Iooo•c IOOOºC 4min. Brilho com g
I min. e/vácuo a ,ooo•c textura §'
Slwde Base 6min. 600"C 600"C 45°C/min. Total I min.s/vácuo a 930"C 93ü°C 4 min. Semi brilho
Dentinas/l ncisais/ 8min. 600"C 600"C 45ºC/min Total I min. s/vácuo a 930ºC 930"C 4min. Brilho com
Transparentes/Opalescentes/ textura

!111emal Uve Stain (!LS) 5 min. 600"C O(s/vácuo) 50"C/min. o O (não manter tempo) 900"C 4min. Fosco
1ae 2ª queima
Retoques denlinas/incisais/ 7min. 600"C 600"C 45°C/min. Total 30 scg. s/vácuo a 920ºC 920"C 4 min. Brilho e/
Transparentes/opalescentes textura

Glazeamento natural 5min. 600"C O (s/vácuo) 50"C/min. o 30 seg. s/vácuo a 9 1O"C 910"C 4min. Brilho polido
Glazeamento com líquido/pó 5 min. 600"C O(s/vácuo) 130"C/min. o O (não manter tempo) 930"C 4 min. Brilho
MRP/ADD-ON 5min. 600"C O(s/vácuo) 45ºC/min. o O (não manter tempo) 88ü°C 4 min. Brilho

Observação 1 -Tabela sugestiva para queimas, podendo sofrer modificações de acordo com o forno utilizado.
Observação 2 - Para glazeamcnto natural, sugere-se que seja feito pré-polimento com borrachas e lixas Meister Cones Noritake, antes do glazeamento ser executado.
Observação 3 - Caso não seja obtido o brilho desejado com a taxa de elevação de 130ºC/ min., basta que a taxa de elevação seja diminuída para valores cm torno de 80ºC/min.
'là bcl a 5. 12 - Sugestão de programas de queima para a prn·cclana Tl-22.

Massas CcrHmicas Temperatura Tempera tu ra Início do Taxa d e Nível de Saída Tempo d e manutenção Temperatura Saída do Forno Aspecto
Secage m (Ele v.) I nicial Vácuo Elevação v,\cuo Vácuo De ntro d o Forno Final (saída e lev.J da Cocção

BP - condicionador de metal 5min. 500"C 500"C 50ºC/min. Total 79ü°C O (não manter tempo) 800ºC I min. Brilho
( J a 6 e lementos)

BP - condicionador de metal 5min. 500"C 500"C 50ºC/min Total 7900C 30 segundos 800ºC I min. Sem Brilho
(mais que 7 elementos)
Opaco 5min. 500°C 500°C 5ü°C/min Total 77ü°C O (não manter tempo) 78ü°C I min. Sem Brilho
Margin Porcelai11 (Porcelana 5min. 500"C SOO"C 5ü°C/mi n Total 76ü°C O (não manter tempo) 77ü°C 1 min. Brilho com
de Ombro) textura
Margin Re10uchi11g Powder 3min. 500"C 5000C 5ü°C/min To1al 72ü°C O (não manter tempo) 73ü°C l min. Semi Brilho
(MRP )
9
Dentinas/lncisais/Transparentes 7 min. 5000C 500"C 4ü°C/min. Toial 750ºC O (não manter tempo) 76ü°C l mjn. Brilho com '°
Opalescentes (Coroas) textura ~
V>
1
Denlinas/lncisais/Transpare n1es I O min. 5000C 50ü°C 4ü°C/min. Total 76ü°C O (não man1er tempo) 77ü°C I min. Brilho com
Opalescentes - (2 a 6 e lemetos)
De ntinas/lncisais/Transparentes/ 15 min. 500°C 50ü°C 4ü°C/min. Toial 77ü°C 30 segundos 77ü°C 1 min.
textura

Brilho com
""""'
::,

Opalescentes - (acima de textura t3·


6 elementos) ~
§
Glazeamcnto - (até 3 e le men- 5min. 5000C O (si 5ü°C/min. o - O (não manter lempo) 76ü°C I min. Brilho g.
tos) polido vácuo)
;.i
'.:!'
Glazeamento - (acima de 3 10 min. SOO°C O(s/ 5ü°C/min. o - O (não manter tempo) 77ü°C I min. Brilho 2·
elementos) polido vácuo) "-
"':,..
Glazeamento - (Pó e Líquido) 7 min. 500°C O(s/ 5ü°C/min. o O (não manter tempo) 75ü°C I min. Brilho '°[
vácuo)
"""'
"'
Glazeamento nalural 5min. SOO°C O(s/ 5ü°C/rnin. o - 20 segundos 75ü°C I min. Brilho ~
.,,
polido vácuo)
"'
il
Oxidação da liga de Titân io 3 min. 5000C 5000C 5ü°C/min. Total 79ü°C 3 800"C I min.
""'~
1
Observação 1 - Tabela sugesti va para queimas, podendo sofrer modificações de acordo com o forno utilizado. ;;;l
Observação 2 - Para glazeamento natural, sugere-se que seja feito pré polimento com borrachas e lixas Mcistcr Cones Noritakc-. antes do glazcarnento ser executado. e
:::!.
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"
J ll2
Cerâmicas Odomológicas - Co11cei1os e Técnicas

Caso Clínico 4

Fig. 5. 100

Fig. 5.101

Fig. 5.100 - Caso clínico inicial mostrando preparo


para facetas laminadas nos dentes 22, 21 e 11, e pre-
paro para coroa to tal ln-Ceram nos <lem es 12 e 13.
Fig. 5.101 - Coroas e facetas provisórias cimemadas.
Fig. 5 .102 - Modelo de trabalho com troquéis refra-
tários Orbit Vest GC no ACCUTRAC (Whale Dent),
onde nas facetas foi apl icada a primeira camada da Fig. 5 .105
porcelana opalescente LTO, e sobre as infra-estruturas
em ln-Ceram , porcelana M Clear.

. ....
Figs. 5 .103 e 5 .104 - Facetas e coroa fina lizadas no
modelo de trabalho, o nde nas facetas foram aplicadas
cerâmica EX-3 e sobre infra-estrutura ln-Ceram, cerâ-
mica Cerabien.
Figs. 5. 105 e 5 .106 - Trabalho fi nalizado . Devido à
ausência de uma infra-estrutura, as facetas apresen-
tam-se mais claras após a desinclusão.
Fig. 5.106
Capírulo 5 - Dese11volvime11to da Técnica de Aplicaçcio de Porcelana - Teoria e Prática

Figs. 5.107 a 5.109 - Caso fi nalizado. Observar que


após a cimentação as coroas e facetas não apresentam
diferenças em relação à cor. Observar também que é
possível obter as mesmas características ele cor, trans-
luciclez e opalescência mesmo com materiais distintos
como o EX-3 e Cerabien .

Fig. 5.107

Fig. 5.108

Fig. 5.109

~
1791
Cerâmicas Odonwlógicas - Conceitos e Técnicas

Caso Clínico 5

Fig. 5.110 Fig. 5.11 1

Fig. 5.112 Fig. 5 .113

Fig. 5.114 Fig. 5.115

Fig. 5 .110 - Caso clínico inicial, onde os dentes 34,


35, 36 e 37 apresentam restaurações de amálgama.
Fig. 5.111 - Prepa ros protéticos onlay!in lay.
Fig. 5 .112 - Os preparos dos dentes para receber res-
taurações cerâmicas tipo in lay!onlay devem obedecer
alguns princípios básicos, como ângulos internos ar-
redondados e término em chanfrado ou em 90°, evi-
tando-se sempre a terminação em bisei, como mostra
o desenho. O desgaste deve proporcionar uma restau-
ração cerâmica com no mínimo 1,5 mm de espessura.
Fig. 5.113 - Restaurações cerâmicas finalizadas so-
bre o modelo ele trabalho.
Fig. 5.114 - Após a desinclusão, notar a transparên-
cia das bordas, procurando o mascaramento da linha
Fig. 5.116
de cimentação . Ajuste das resta urações cerâmicas ime-
diatamente após a cimentação adesiva.
Figs. 5.115 e 5.116 - Caso finalizado. Observar ade-
quada adaptação e linha de cimentação imperceptível.
Capítulo 5 - Desenvol vimento da Técnica de Aplicação de Po rcelana - Teoria e Prática

Caso Clínico 6

Fig. 5.117

Fig. 5.118

Fig. 5.11 7 - Modelo de gesso, onde o dente 16 enco n-


tra-se troquelizado (ACCUTRAC - Whale Den t) .
Fig. 5.118 - Troquei de gesso e sua réplica em refra-
tário obtido por moldagem com silicona de adição
(Sterntek - Sterngold Dental) .
Fig. 5.119 - Troquei refratário (Orbit Vest GC) posi-
cionado no modelo de gesso.
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 5 .120

Fig. 5 .120 - Diagrama ele cor.

~
1821
Capítulo 5 - Dese11vo/vime1110 da Técnica de Aplicaçlio de Porcelana - Teoria e Prática

Fig. 5.121 - Restauração cerâmica finalizada antes


da desinclusão do troquei refratário. Foi apl icado
como primeira camada o opalescente LTO, em segui-
da dentina opaca e modificador de dentina Light Oran-
ge, massa de dentina, incisai e luster LI natural. Após
a segunda queima, fo i aplicada, como complemento,
nas regiões de contato oclusal e proximais, massas LTl,
Creamy Enamel, Creamy Whi te e Incisai Aureola.
Figs. 5.122 e 5.123 - Restauração cerâmica após a
cimentação adesiva.

Fig. 5.121

Fig. 5.122

Fig. 5.123

~
f} 83
Cerâmicas Odomológicas - Conceitos e Téc,úcas

Descrição do Caso Clínico 7 U rn enceramento diagnóstico é executado sendo


em seguida reproduzido em resina acrílica autopoli-
rnerizável, obtendo-se um guia prático para aplicação
Esse caso c línico demonstra a técnica denomi- de cerâmica em coroas e próteses parciais fixas.
nada "Excelence". A técnica consiste da personali- O j ovem paciente de 26 a nos de idade relatava
zação do trabalho cerâmico e m relação à arquitetura sua insatisfação e m relação ao formato de seus den-
gengi vai, forma do dente, hábitos func ionais, cor e tes. Sua principal queixa era a pouca visualização
te xtura superficial associada a comunicação de in- das bordas incisais dos dentes incisivos superiores
formações através de fotografias e m slides e dia- durante o sorriso, o que, segundo ele, o tornava com
gramas de cor, corno descrito no capítulo 4. aparência mais envelhecida.

Caso Clínico 7

Fig. 5.124

Fig. 5 .125

Figs. 5. 124 e 5 .125 - Paciente demonstrando os incisivos


superiores curtos, característica de sorriso das pessoas ido-
sas, que não era o caso do paciente de 25 anos.
Fig. 5.126 - Enceramento diagnóstico utilizando a cera
Rainbow, para verifi cação do comprimento incisai a ser au-
mentado, tornando assim o sorriso com aparência jovem.

Fig. 5. 126

~
18
Capitulo 5 - Desenvolvime1110 da Técnica de Aplicaçüo de Porcelana - Teoria e Prática

Fig. 5.127 Fig. 5.128

Fig. 5.129A Fig. 5.1298

Fig. 5 .127 - Confecção do provisório reestabelecendo


o comprimento adequado dos incisivos e a estética do
sorriso.
Fig. 5. 128 - Preparas protéticos para confecção de
facetas laminadas em cerâmica feldspá tica nos e lemen-
tos 11, 21, 22 e coroa em Procera no elemento 21
(Cap. 3). Todos os preparas para as facetas tiveram
seus términos acima do nível gengival. Fator interes-
sante na cimentação adesiva e que não compromete a
estética final.
Figs. 5 .129A e 5.1298 - Afastamento gengival para
execução da moldagem dos preparas pela técnica do
reembasamento através do fio retrator.
Fig. 5.130 - Moldagem dos preparas com moldeira
Fig. 5.130 de estoque e silicona de polimerização por reação de
adição . Recomenda-se sempre executar moldagem
total.

~
1
Cerâmicas Odo1110/óg icas - Conceitos e Técnicas

Fig. 5.131

Fig. 5.133 Fig. 5.134

Fig. 5.135 Fig. 5.136

Fig. 5.137

Figs. 5.13 1 e 5 .132 - Modelo obtido após a trans ferência da infra-


estrutura em Procera, pronto para a duplicação dos preparas das facetas
em material refratário.
Figs. 5.133 e 5.134- Através do enceramento diagnóstico foram repro-
duzidas as coroas em resina acrílica que foram o guia para aplicação de
cerâmica.
Figs. 5 .135 a 5 .137 - Aplicação de massas de dentina e massas incisais
sobre infra-estrutura em Procera. A queima foi executada em uma tem-
peratura de 960° sob vácuo.
Capítulo 5 - Desenvolvimento da Técnica de Ap licaçtio de Porcelana - Teoria e Prática

Fig. 5.138

Fig. 5.140 Fig. 5.141

Fig. 5.142 Fig. 5.143

Fig. 5.144

Figs. 5 .138 a 5 .144 -Aplicação de massas ele dentina


e massas incisais de cerâmica fe ldspática sobre os tro-
quéis refratários. A q ueima fo i executada à tempera-
tura ele 945° sob vácuo.

~
18
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 5.147 Fig. 5 .148

Fig. 5 .149 Fig. 5.150

Fig. 5.151

Fig. 5.145 - Notar que mesmo sendo materiais cerâmicos distintos, o aspec-
tO superficial após a queima se mostra adequado, fato este em decorrência de
uma eficiente condensação das massas e da calibração do forno.
Figs. 5.146 e 5.147 - Aplicação e queima de pintura interna (ILS).
Figs. 5.148 e 5.149 - Aplicação das massas opalescentes sobre a pintura
interna, queima e ajuste do ponto de contato nas facetas e na coroa.
Fig. 5.150 - Ajustes para definição de forma e textura, procedimentos pré-
vios ao polimento superficial para glazeamento natural.
Fig. 5.151 - Coroa e facetas com glazeamento natural.
Capítulo 5 - Desenvolvimento da Técnica de Aplicação de Porcelana - Teoria e Prática

Fig. 5.152 fig. 5 .153

fig. 5.154

Fig. 5.155 Fig. 5 .156

figs. 5 .1 52 e 5 .153 - Vista interna e vestibula r das


facetas laminadas e coroa.
Fig. 5 .15 4 - Facetas laminas acabadas e glazeadas
sobre o refra tário antes da desinclusão.
figs. 5.155 e 5 .1 56 - Para a conferência do correto
ponto de contato proximal entre as facetas e os dentes
vizinhos foi obtido um modelo que não troquelizado
(solic/ casL) . Importante notar que todas as facetas fo-
ram preparadas supragengivalmente.
Cerâmicas Odo1110/ógicas - Conceitos e Técnicas

Figs. 5.157 e 5.158 - Facetas e coroa após a cimen-


tação, com boca semi-aberta e em máxima intercuspi-
dação habitual. 1 otar a exata coincidência de matiz e
croma entre a faceta de 11 e a coroa de Procera do 21
nos terços cervical, médio e incisai. Vale a pena salien-
tara importância da fotografia com boca semi-aberta
no momento da tomada de cor para perfeita avaliação
da Lranslucidez incisai.

Fig. 5.157

Fig. 5.158

Fig. 5 .159 Figs. 5.159 e 5 .160 - Os preparos nos dentes 11 , 12 e 22 que receberam as facetas
laminadas tiveram seus términos localizados supragengivalmente, o que colabora forte-
mente para a saúde do tecido gengival, como pode ser observado nessas figuras. Pode ser
observado ainda a ausência da linha de cimentação em função da qualidade no acaba-
mento dos preparos e da cimentação adesiva. A coroa de Procera do elemento 21 foi
cimentada através da técnica convencional m ilizando-se cimento de fo sfato de Zinco.

~
190
Capítulo 5 - Dese11volvi111e11to da Técnica de Aplicação de Porcelana - Teoria e Prática

Fig. 5.160

Fig. 5.161A Fig. 5.1618

Figs. 5.161 e 5.162 - Resultado fina l após a cimen-


tação. O paciente se mostrou extremamente satisfeito Fig. 5.162
com o resultado uma vez que foi reestabelecida a for-
ma, cor, translucidez e opalescência dos seus dentes
assim como a jovialidade de seu sorriso.
Cerâmicas Odot11ológicas - Conceitos e Técnicas

Descrição do Caso Clínico 8 para aplicação sobre infra-estruturas de zircõnia. Os


elementos l l e 25 receberam infra-estruturas de Pro-
cera AIIZirkon (Nobel B iocare), e sobre os implantes
Para essa pacie nte de 53 anos foram confeccio- correspondentes aos elementos 2 1 e 24 utilizou-se os
nadas coroas un.itárias nos elementos 11, 21, 24 e 25 Copings Zircõnia (Conexão) sobre os abutmen1s Pi-
uti lizando-se a cerâmica Cerabien CZR, específica lar Cera One (Conexão).

Caso Clínico 8

Fig. 5.163 Fig. 5.164

Fig. 5 .165 Fig. 5 .166

Fig. 5. 163 - Aspecto inicial, mostrando a estética insatisfa-


tória dos incisivos centrais superiores.
Figs . 5. 164 a 5.166 - Infra-estruturas de zircônia posi-
cionadas no modelo de trabalho mostrando uma discrepân-
cia nos comprimentos entre Procera AIIZikon e Coping Cera
One. Como forma de minimizar incompatibilidades de cor
e translucidez entre os elementos 11 e 21 foi aumentado o
comprimento do Coping Cera One com a cerâmica de mar- Fig. 5.167
gem cor NW 0.5. Desenvolvemos essa técnica ainda com o
objetivo de reduzir deformações na massa cerâmica decor-
rente do processo de queima, uma vez que a massa de cerâ-
mica de margem possui uma temperatura de sinterização
superior às massas de dentina e incisai.
Fig. 5.167 - Aplicação da cerâmica de margem sobre a infra-
estrutura Coping Cera One.
Capítulo 5 - Desenvolvimento da Técnica de Aplicaçcio de Porcelana - Teoria e Prática

Fig. 5.168 Fig. 5.169

Fig. 5. 170 Fig. 5.171

Fig. 5 .172

Fig. 5.173

Figs. 5 .16 8 e 5.169 - Verificação da adequada recons-


tituição da infra-estrutura Coping Cera One após a
queima para aplicação de cerâmica.
Fig. 5 .170- Aplicação das massas de dentina e incisais.
Fig. 5.171 - Aplicação de pinturas internas lLS so-
bre as massas de dentina e incisai queimadas.
Figs. 5 .172 e 5 . 173 - Aspecto das coroas após o gla-
zeamento. Visão vestibular e interna.
Cerâmicas Odonro/6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 5.174

Figs. 5.174 e 5.175 - Coroas finalizadas. Observar


como a reconstituição com a cerâmica de ma rgem pro-
porcionou uma harmonia de cor e translucidez entre
as diferentes infra-estruturas de zircônia. Vale ressal-
tar que a paciente não se predispôs ao tratamento da
exodontia no dente 21, ficando satisfeita com o resul-
tado, já que seu sorriso é defin ido como baixo (Ver
Cap. 6).

Fig. 5 .175
Capítulo 5 - Dese11vo/vi111e1110 da Técnica de A11licação de Porcelana - Teoria e Prática

Caso Clínico 9

Fig. 5.176

Fig. 5.177

Fig. 5.178

Fig. 5.176 - Caso clínico inicial, com o provisório


em resina acríl ica aparafusado sobre um implante na
região do elemento 21.
Fig. 5.177 - Visão da superfície ele assentamento cio
implante de hexágono interno.
Fig. 5. 178- Abuc.menl ele Zircôn ia (Conexão) ele pla-
taforma regular posicionado no modelo de trabalho.

~
19
Cerâmicas Odontológicas - Conceilos e Técnicas

Fig. 5.179 Fig. 5 .180

Fig. 5.181 Fig. 5.182

Fig. 5.183 Fig. 5.184

Figs. 5. 179 e 5.180 - Borrachas Eve Diabond DB-8G e


Meister Point SD-61 utilizadas para desgaste abutment.
Figs . 5. 181 e 5 .182 - Forma final do abutment de zircônia
Fig. 5 .185 após o desgaste e prova em boca avaliando o espaço intra-
oclusal e o nível do término gengival.
Fig. 5 .183 - Foi feito um escaneamento do abutment de
Zircônia e confeccionada uma infra-estrutura de Procera All-
Ceram de 0,4 mm .
Fig. 5 .18 4 - Infra-estrutura de Procera após a transferência
e confecção do modelo de trabalho.
Fig. 5.185 - Pintura interna sobre a infra-estrutura de Pro-
cera e aplicação de Shade Base na cor A3.
Capí111/o 5 - Desenvolvimento da Técni ca de Apli cação de Po rcelana
- Teoria e Prática

Fig. 5.186 Fig. 5.187

Fig. 5.188 Fig. 5.189

Fig. 5.190 Fig. 5 .191

Fig. 5.186 - Aplicação de massas de dentina, massas incisais


e massas transparentes.
Fig. 5.187 - Aspecto da cerâmica após a queima.
Fig. 5.188 - Aplicação de ILS seguindo- se o diagrama de
cor. Na região cervical foi aplicada pintura in terna cervical
3 + mamelon orange 2. No terço incisai fo i aplicado mamelon
orange 2 + bright. Nas ameias foi aplicado cervival 2 + reddish
brown. Para simulação de uma linha de fratura de esmalte
foi utilizado mamelon orange 1 + White. os ângulos inciso-
proximais foi aplicado incisai blue 1 + incisai blue 2 + bright.
Fig. 5.192
Fig. 5.189 - Coroa cerâmica após a aplicação das massas
opalescentes, queima e glazeamen to.
Figs. 5.190 a 5.192 - Nesse caso clín ico foi utilizada a
comunicação à distância das caracterís ticas a serem repro-
duzidas através de slides. O cirurgião- dentista fotografo u o
dente 11 com as várias possibilidades de cor que julgou ade-
quadas, encaminha ndo ao laboratório a seqüência fotog rá-
fica.

~
19
Cerâmicas Odontológica s - Conceitos e Técnicas

Fig. 5.193

Fig. 5.194A Fig. 5.194B

Figs. 5.193 a 5.195 - A reprodução de um único


incisivo central superior sempre é um desafi o ao Ci-
rurgião-Dentista e ao Técn ico em Prótese Dentária.
Pode-se observar o sucesso desta coroa cerâmica em
relação a cor, transluciclez e caracterizações. Outro as-
Fig. 5.195
pecto a ser salientado é em relação à manutenção cio
contorno gengival e cio perfil ele emergência da coroa
sobre o implante.
~
1981
Capítulo 5 - Desenvolvimento tia Téc11ict1 de Aplicação de Porcelana - Teorit, e Prática

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8. AOSH IMA, H. A Collec1io11 of Ceramic Works: A Dental Technology, QDT, p.43-68, v. 22, 1999.
Capítulo

O Te cid o Ge ng iva l
e as Re ab ilit açõ es
em Po rce lan a

ti Introduç ão
ti Papilas Gengiva is
ti Contorno Cervica l
ti Conjunto dos Contorn os Cervica is dos Dentes Anterio res Superio
res
ti Utilização de Gengiva Artificia l de Cerâmic a em Próteses Fixas
ti Escalas de Cores Gengiva is em Cerãmic a
ti Indicações e Aplicaç ão das Gengiva s Artificia is em Cerâmic a
ti Infra-es truturas Metálic as
ti Aplicação de Cerâmic a
ti Casos Clinicos (Super Porcelain Noritake Tl-22)
6
O Tecido Gengival e as
Reabilitações em Porcelana

Introdução que o sorriso masculino geralmente proporcione me-


nos exposição de dentes e gengiva. O sexo femi nino
O sorriso e nvo lve movimentos musculares, expo- demonstra um perfil muscular mais de licado e flá-
sição de de ntes e gengiva, faz uma combinação en- c ido, fa zendo com que as mulheres apresentem um
tre os lábios. a face e até mesmo o olhar. Dentro de sorriso mais gengival.
condições emocionais, pode representar desde uma Com o avançar da idade, ocorre re dução na
atitude nervosa até uma atitude de alegria e conten- tonicidade muscular, favorecendo a fl acidez dos teci-
tamento.' dos moles. Pacientes jovens, ao sorrir e ao fala r, geral-
A presença de tecido gengival normal e saudá- mente mostram os dentes superiores, assim como
vel ao redor dos dentes é fundamental para a harmo- estruturas gengivais. Nos pacientes idosos, observa-
nia do sorriso. se o recobrimento dos dentes superiores pela queda
Durante o sorriso , os lábios e a gengiva devem do lábio superior e a exposição dos dentes e até mes-
ser a mais bela moldura para os dentes. O sorriso- mo da gengiva inferior, pela queda do lábio inferior.
padrão geralmente exibe o comprimento total dos O sorriso também mostra variaçõe entre as ra-
dentes anteriores e, por conseqüência, as papilas gen- ças. Pessoas da raça negra demonstram maior va-
givais. Pode também exi bir em torno de I mm do riabilidade de cores gengivais, na maioria das vezes
contorno gengival. e m decorrência de uma presença mais intensa da pig-
A curvatura incisai dos dentes anteriores superio- mentação me lân ica. A lém de variações nos tons de
res tangenc ia a curvatura inte rna do lábio infe rior, rosa, a raça negra também pode apresentar manchas
tocando-o ligeirame nte ou de ixando um espaço mí- marrons, arroxeadas ou negras, distribuídas na gen-
nimo entre os dentes e o lábio (Fig. 6.1 ). Entretanto, giva inserida (Figs. 6.5 e 6.6).
podem ocorrer algumas variações em torno desse
padrão de sorriso. Mikami 10 c lassifica o sorriso em:
Papilas Gengivais
v Alto- Exposição geng ival superior a 4mm. Ocor-
re em 32% da população e é de nominado de sor- As papilas gengivais são definidas como o teci-
riso gengival (Fig. 6.2). do gengival saudável que preenche a s áreas de em-
v Médio - Exposição gengival de 3 a 4 mm. Ocor- brasura abaixo das regiões de contato pro xi mal, fa-
re em 42% da população (Fig. 6.3). zendo parte do contorno gengival dos dentes (Fig.
v Baixo - Exposição geng ival inferior a 3 mm. 6.7).11
Ocorre em 26% da população (Fig. 6 .4). O s espaços interdentais são preenchidos pela pa-
pila gengival, prevenindo a deposição de placa bac-
A altura do sorriso mostra ainda algumas varia- teriana e protegendo os tecidos periodonta is de infec-
ções em relação a sexo, idade e raça. ções. As papilas ta mbém inibem a impactação de re-
O homem tem um tônus e uma constituição mus- manescentes alimentares nos espaços proximais, fato
culares mais avantajados que a mul he r, fazendo com esse extremame nte prejudicial à saúde periodontal.8 · 14
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 6.1 Fig. 6.2

Fig. 6.3 Fig. 6.4

Fig. 6.5 Fig. 6.6

Fig. 6.1 - Demonstração da curva estética incisai to-


cando levemente o lábio inferior.
Fig. 6.7
Fig. 6.2 - Sorriso alto.
Fig. 6.3 - Sorriso m édio.
Fig. 6.4 - Sorriso baixo.
Figs. 6.5 e 6.6 - Pigmentação da gengiva inserida.
Fig. 6 . 7 - Papilas gengiva is, tecido gengival saudável
que preenche as áreas de embrasura.
Capítulo 6 - O Tecido Gengival e as Reabiliwções em Porcelana

Esses são aspectos funciona is da papila gengival , que acompan ha o contorno cervical dos dentes. O
entretanto, ela também desempe nha um importante contorno do tecido gengival normal , sem inflama-
papel na estética. A presença da papila previne o as- ção ou hiperplas ias. apresent a algumas caracterí s-
pecto alongado de coroas clínicas, seja em dentes ticas. Um dos mais importan tes aspectos a ser consi-
naturais ou e m reconstruções protéticas. A perda da derado é o ponto de curvatura máxima do contorno
papila proporciona o surgimen to de sombras negras cervical, descrito como zênite (Figs. 6.9 e 6.1 O).
nos espaços interdcnt ais, assim como de margens O zênite pode ser muito variável nos dentes an-
escurecidas de coroas e próteses parciais fixas, sen- teriores. Excluind o-se situações de mau posiciona-
do esses dois aspectos muito desconfortáveis para mento dentário, esse ponto se localiza no longo eixo
os pacientes (Fig. 6.8). 8· 14 dos incisivos laterais superiores, e ligeiramente deslo-
Quando os dentes estão normalmente alinhados, cado para distal nos incisivos centrais e caninos su-
sem rotação ou mau posicion amento e apresentam periores (Fig. 6.11 ). Na mandíbula, a porção mais
contato proximal adequado, o tecido gengival cres- cervical (inferior) ela margem ela gengiva livre é lo-
ce abraçando o dente, formando uma armação agradá- calizada sobre o centro mesiodi stal de cada dente.
vel para a área cervical, seja ela proximal , vestibula r
ou lingual.
A manutenção da integrida de da papila gengival,
portanto, deve ser um constante objetivo para o (cirur- Conjunto dos Conto rnos Cervicais
gião-dentista). dos Dente s Anteriores Superiores
O primeiro fator importan te nesse sentido é uma
adaptação adequad a da peça protética . A presença Na dentição natural , os contornos cervicais dos
de fendas entre a marge m do preparo e a borda da dentes anteriores se apresent am em distintos níveis,
restauração favorece o acúmulo de bactérias, ocasio- refletindo em diferentes comprim entos da coroa ana-
nalmente provocando inflamação do tecido gengival, tômica exposta (coroa clínica) de cada dente. O con-
podendo fazer com que a papila aumente de volume. torno cervica l é usualme nte localizad o mais para
O perfil de emergên cia adequad o também deve apical sobre o incisivo central e canino, e mais para
ser considerado. Pequeno s sobrecon tornos podem incisai nos incisivos laterais. Essa disposiçã o do te-
levar a uma constante compres são da papila, que le- cido gengival em alturas variadas delimita e dá uma
vará à sua retração. Tanto a hiperplas ia quanto a re- aparência agradável às áreas cerv icais da dentição
tração da papila gengival alteram dramatic amente a natural (Figs. 6.12 a 6. 14).
estética do sorriso. Alguns padrões de variação nos níveis dos contor-
Um terceiro, e talvez o mais importante fator para nos cervicais são observad os no cotidiano clínico e
a preservação das papilas, trata da localização do con- laboratorial. Vários fatores podem contribu ir para
tato interproximal. Num estudo sobre a regeneração essas variações. As retrações de gengiva podem ser
de papilas gengivais, Tarnow et ai., 13 relacionaram a decorrentes de escovaçã o n·aumática, doença perio-
distância da crista óssea alveolar ao contato inter- dontal, mau posicion amento dentário, trauma oclu-
proximal. Os autores concluíram que distâncias de 5 sal e, obviame nte, pela variação anatômic a natural.
mm eram 98% preenchi das pela papila gengival , dis- Essa variação de padrões pode produzir um conjun-
tâncias de 6 mm eram 56% preenchidas pela papila to de contornos cervicais estéticos ou inestéticos, con-
e distâncias de 7 mm entre o contato e a crista óssea forme observado no Quadro 6. 1.
eram 27% preenchidas por tecido gengival. Deficiências na arquitetura gengival podem ser
Concluí-se a partir dessas afirmações que a preci- observad as ao redor de dentes, de implantes e em
são da adaptação marginal , um perfil de emergên cia rebordos desdentados. No caso de áreas edêntula s, a
adequado e, principalmente, localização correta de perda em volume e altura de tecidos gengival e ós-
contatos interproximais, colaboram com a regenera- seo pode ter sido decorren te de doença periodon tal
ção e preservação da papila interproximal. ou traumati smos, e é agravada com a remoção do
dente.
Contorno Cervical Extrusões ortodônt icas podem localizadamente
aumenta r os tecidos duros e moles ao redor de den-
O contorno cervical dos dentes é feito pela gen- tes, entretanto, em regiões desdenta das, a reconstru-
giva marginal livre, o primeiro milímetro de gengiva ção cirúrgica é indispensável. 12

~
20
Cerâmicas Odon10/6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 6 .8 - Perda de papila, ocasionando buracos ne-


gros emre os dentes vizinhos.
Fig. 6.9- Localização e importância cio zênite na con-
fecção de PPF com gengiva em cerâmica.
Fig. 6.10 - Localização do zênite no sorriso natural.
Fig. 6.11- Zênite localizado no longo eixo do incisi-
vo lateral e ligeiramente distalizado nos centra is e
caninos.
Fig. 6 .12 - Arquitetura gengival agradável.

Fig. 6 .8

Fig. 6.9 Fig. 6.1 0

Fig. 6.11 Fig. 6. 12

Fig. 6. 13 Fig. 6.14

Fig. 6.13 - Situação em que o comorno cervical dos incisivos centrais superiores demonstram um pequeno
desnível, entretanto, ainda dentro ele um padrão estético. Coroa procera AllCeram Cerabien no ciente 11 e faceta
fe lclspática EX-3 no ciente 12.
Fig. 6.14 - Neste caso, o desnível entre os comornos cervicais dos incisivos centrais superiores se mostra bastan-
te acentuado, comprometendo de forma marcante a estética do sorriso desta jovem paciente.
Capítulo 6 - O Tecido Gengival e as Reabiliwções em Porcelana

Quadro 6.1 - Distribuições estéticas e antiestéticas dos contornos gengivais. Adaptado de Chiche e Pinault. 2

Distribuições estéticas dos contornos cervicais Distribuições antiestéticas dos contornos cervicais

A. As margens gengi vais dos incisivos latera is estão A. As margens gengivais dos incisivos laterais es-
situadas abaixo das margens gengivais do incisivo tão situadas acima das margens gengivais dos in-
central e do canino. B. As margens gengivais de to- cisivos centrais e caninos. B. As margens gengivais
dos os dentes anteriores estão sitlladas num mesmo dos incisivos late rais estão situadas ac ima das
nível. C. A margem gengival de um dos inc isivos margens gengivais do inc isivo central e dos can i-
laterais está situada abaixo das margens dos incisi- nos, mas os incisivos centrais estão abaixo da li-
vos centrais e caninos. nha harmoniosa. C. Assimetria gengival significa-
ti va das marge ns dos inc isivos centrais.

Apesar de as inúmeras técnicas c irúrgicas sere m rebordo a lveolar, da re lação coroa/raiz e papilas ge n-
indicadas para solução de defeitos de re bordos des- givais, restaurando a harmonia estética.
dentados como técnicas de enxerto gengival livre, Pierre Fauchard 7, e m 1746, já chamava a atenção
enxerto sube pitelial, enxerto pediculado, e nxerto de para a necessidade de se reconstituir o tecido gengival.
osso autógeno e técnicas re generativas com uso de Ele achava que o c irurgião-de ntista deveria ser capaz
membranas, um grande número de pac iente não se de imitar não só os dentes, mas também a gengiva.
mostra disposto a se submeter ao desconforto do pré, Bourde t (1756), utilizando a fil osofia de Fau-
trans e pós-operatórios desses proce dime ntos, que chard e o esmalte rosa por e le desenvolvido, foi quem
muitas vezes, têm prog nóstico duvidoso e baixa pre- prime iro adicionou às próteses fixas a gengiva arti-
visibilidade. fic ial. Entre tanto, as gengivas artific iais de cerâ mica
Uma alternativa para esses casos é a incorporação são ainda pouco uti lizadas pe los profissionais de vido
de cerâmica na cor de gengiva às próteses fixas, rea- às limitadas opções de cores gengiva is que os fabri-
bilitando não só os dentes, mas também o tecido cantes oferecem.
gengival. McLean9 re latou difi culdade de se e ncontrar uma
cor adequada da cerâ mica para re produzir a gengiva
natural, e que a corre ta tonalidade de gengiva so-
Utilização de Gengiva Artificial de mente seria obtida pe la misturas de corantes.
Cerâmica em Próteses Fixas Os estudos de D ummett._6 sobre pigmentaç ão fi -
siológica da ge ngiva ajudaram a estabe lecer e divul-
A incorporação de gengivas artificiais de cerâ- gar que uma variabilidade na coloração gengival entre
mica às próteses fi xas permite a reconstituição do as raças. Com referê nc ia aos padrões da pigme nta-
~
2
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

ção gengival normal , o autor concluiu: "A corda gen-


gival sadia é variável, classificada desde um rosa-
pálido até um profundo azul arroxeado". Entre esses
limites normais há um grande número de cores que
dependem primariamente da intensidade de melanina
do grau de granulação epitelial, da profundidade d~
epitelização e da organização da vascul arização
gengival. Além disso, as variações de cor podem ser
uniformes, unilaterais, bilaterais, heterogêneas, po-
dem envolver apenas a papila gengival ou estender-
se através de a gengiva. Apesar da gengiva não-
pigmentada ser mais freqüente em indivíduos de pele
clara, ao contrário da opinião geral, a pigmentação
bucal, especificamente gengival, de modo nenhum é Fig. 6.15 - Escala de cores gengivais em cerâmica.
restrita aos membros da raça negra.
O que na verdade ocorre é que as porcelanas odon-
tológicas não acompanharam essa mudança conceitual A técn ica de incorporação de cerâmica cor de
a respeito da coloração gengival, limitando, com isso, gengiva às próteses fi xas pode ser indicada em ca-
o uso da técnica de gengivas artificiais. sos de grandes defeitos de rebordo, com reabsorções
Como forma de superação dessas limitações, foi ósseas, tanto em altura quanto em volume. É de gran-
desenvolvido um estudo com o objetivo de produzir de auxílio nos casos de próteses sobre implantes, onde
uma escala ampla e diferenciada de cores de gengi- freqüentemente as reabsorções ósseas e a usências de
va e m porcelana, submete ndo posteriormente essa papilas interdentais proporcionaram reabilitações
escala à comprovação clínica. com dentes alongados e antiestéticos.
A escala de cores gengi vais proposta nesse estu-
Escalas de Cores Gengivais em do pode ser obtida parcialmente ou em sua totalida-
de através das seguintes misturas dos pós-cerâmicos
Cerâmica (Tabela 6.1 ).
Uma escala foi obtida através de misturas das co-
res básicas de gengiva que a cerâmica EX-3 oferece, Indicações e Aplicação das
Pink (rosa-claro), Dark Pink (rosa-escuro) e EF-1 Gengivas Artificiais em Cerâmica
(rosa-alaranjado), com pós modificadores de dentina
marrom, azul, cinza, laranj a-claro, branco e outros. As gengi vas em cerâmica podem ser utilizadas
Esses pós foram misturados e m proporções variadas, e m coroas unitárias e pontes fixas, tanto sobre den-
dispensando o uso de corantes (Fig. 6.15). tes quanto sobre implantes.
Em seguida, foi realizado um extenso estudo clí- Pode m ser adicionadas às porções cervicais das
nico, com o objetivo de se compararem as cores ob- próteses para compensar a retração gengival, evitan-
tidas na escala com as cores e pigmentações gengiva is do o aspecto de coroas clínicas alongadas. Podem
de pacientes da clínica privada dos autores. Após o ser utilizadas nas regiões proximais de pilares e põn-
consentimento do paciente, a cor de sua gengiva era ticos, reestabelecendo as papilas gengivais. Quando
tomada de acordo com a escala desenvolvida e, en- utilizadas em pontes fixas anteriores sobre grandes
tão, procedeu-se à documentação fotográfica da se- reabsorções de rebordo, permitem a reabilitação não
leção da coloração gengival. só da estética, mas também da fonética e do suporte
labial. São muito úteis na confecção de próteses so-
Finalmente, foram realizados casos clínicos apli-
bre implantes, onde os mesmos se encontram mau
cando-se a gengiva artifi cial de porcelana em prótese
fixas anteriores e posteriores. P?sicionados ou superficiais em relação ao nível gen-
gival. Eliminam os triângulos negros formados en-
Concluiu-se, a partir desse estudo, que a escala
tre coroas unitárias pela ausência da papila gengival.
desenvolvida,
. .
apresentando 28 cores de tecido Doen-
g1val, possui uma grande aplicabilidade clínica.
Conseguiu-se uma ampla possibilidade de indivi- Infra-estruturas Metálicas
dualização de caracterizações, em decorrência dava- Um fator fundamental para o sucesso na utiliza-
riação de tons de marrom, violeta, rosa e laranja. ção de pontes fixas com gengiva em cerâmica, diz
~
2 8
Capítulo 6 - O Tecido Gengival e as Reabilitações em Porcelana

respeito ao planejamento e confecção da infra-esuutura mica. Através desse procedimento torna-se possível
metálica. Essa estrutura tem como função promover nitidamente determinar a altura e largura dos dentes,
suporte à cerâmica que restaura os dentes perdidos, a local ização dos conectores, além da altura e do vo-
devendo, muitas vezes, suportar também a gengiva de lume do tecido gengival a ser reproduzido. Nesse mo-
cerâmica. mento, define-se o formato dos pônticos para que
Para esse planejamento, é de grande importân- seja permitida uma higienização adequada com o fi o
cia a execução de um enceramento diagnóstico da dental sob essa região. Esses procedimentos podem
prótese parcial fixa simulando-se a gengiva em cerâ- ser observados no caso c línico 1.

Tabela 6.1 - Escala de gengiva artificial em porcelana (Gengival Color Schedule) para cerâmica EX-3.*

Cores Gengivais Básicas GA, GB , GC, GAB,


GBC,GAC
Gengivas Marrons GBR
Gengivas Alaranjadas GLO
Gengivas Violetas GY
Gengiva Universal GU
Proporções

GA i = ( 1) Pink
GA2 = ( 1) Pink + (1) To
=
GA3 (2) Pink + (1) To
GBI = ( 1) Dark Pink
GB2 = (1) Dark Pink + (1) To
GB3 = (2) Dark Pink + (1) To
GC 1 =(1) EF + 1
GC2 = (I ) EF + 1 (1) To
GC3 = (2) EF + 1 ( 1) To
GABI = ( 1) Dark Pink + ( 1) Pink- ( l) To
GAB2 = (l) Dark Pink + ( 1) Pink - (2) To
GACI = ( 1) Pink + (l) EF-1 ( 1) To
GAC2 = ( 1) Pink + (1 ) EF-1 (2) To
GBCI =( 1) Dark Pink + (1 ) EF - 1 + (1) To
GBC2 =( 1) Dark Pink + (J) EF - 1 + (2) To
GBR 1 = (2) Dark Pink + (2) Brown + ( 1) Blue
=
GBR2 (2) Dark Pink + (2) Brown + ( 1) Green
GBR3 =(2) Dark Pink + (2) Brown + ( 1) Gray
GBR4 = (\1:,) Brown+ (Y2) Blue + (1) Dark Pink + (l ) To
GBR5 = (Y2) Dark Pink + (Y2) Pink + (Y2) TO + (Y2) Blue + (Y2) Brown
GBR6 = (Y2) Brown+ (Y2) Blue + ( 1) Pink + (l ) To
=
GBR7 (\1:,) Brown+ (Y2) Blue + (1) EF + 1 + (1 ) To
GLOI = ( 1) Light Orange + ( 1) Dark Pink + (1 ) To
GL02 = (2) Dark Pink + ( 1) To+ ( 1) Light Orange + ( 1) White
GY I =( 1) Blue + (1) Dark Pink + ( 1) To
GV2 =(1) Dark Pink + ( 1) To+ (l) Gray
GV3 = (Y2) Dark Pink + (Y2) Pink + (\1:,) To+ (Y2) Gray + (Y2) Blue
GU =(1) Dark Pink + (\1:,) To+ (Y2) Pink + (Y2) EF - 1
*Esta tabela pode ser adaptada para outras marcas comerciais de cerâmica, bastando para isso que o TPD utilize massas
cerâmicas com características similares.

~
2091
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas

Caso Clínico 1 Fig. 6.16 - Prótese parcial fi xa provisória.


Fig. 6.17 - Enceramento diagnóstico do caso mos·
trand o deficiência de tecido gengival e o aspecto alon-
gado dos pônticos, indicando a necessidade de acrésci-
mo de gengiva em cerâmica.
Fig. 6.18- Enceramento d iagnóstico simulando a pró-
tese parcial fixa com gengiva.
Fig. 6.19- Redução do enceramento diagnóstico para
a confecção da infra-estrutura metálica. Notar que não
houve a necessidade de manter um suporte para a
gengiva cerâmica, uma vez que sua extensão não ul-
trapassa 2/3 do comprimento da coroa dos pônticos.
Fig. 6.20 - Através da matriz de silicone, observa-se
o espaço adequado para a aplicação da cerâmica.
Figs. 6.21 e 6.22 - Estrutura metálica em Ni-Cr (Ti-
lite-5 - Tal ladium) após usinagem.
Fig. 6.16

Fig. 6.17 Fig. 6.18

Fig. 6.19 Fig. 6 .20

Fig. 6 .21 Fig. 6 .22

~
2O
Caf)íllllo 6 - O Tecido Gengival e as l?eabilitações em Porcelana

Fig. 6.23 Fig. 6.24

Fig. 6.23 - Seleção da cor dos clemes.


Fig. 6.24 - Seleção elas coroas e tonalidades gengiva is
a serem reproduzidas na cerâ mica.
Fig. 6 .25 - Diagrama de cor.
Cerâmicas Odomológicas - Conceitos e Técnicas

fig. 6.26

fig. 6.27

fig. 6.28 fig. 6.26 - Prótese parcial fixa no modelo de gesso.


após o glazeamento .
figs. 6.27 e 6.28 - Caso clínico finalizado, após a
ci mentação.
~

212
Capüulo 6 - O Tecido Gengival e as Reabilitações em Porcelana

Um dos mais importantes componentes de uma esse corte, assim como a pré-usinagem (remoção da
prótese parcial fixa (PPF) são os conectores, que de- camada de óxidos criada na fu ndição e remoção de
vem possuir uma supe rfície relativamente grande, eventuais irreguladidades incorporadas no e ncera-
diferentemente dos dentes naturais ou coroas unitá- mento) sugere-se utilizar discos tipo Cut-Off ou Ninj a
rias, que possuem pontos de contato que ocupam só 25 mm x 0,7 mm. A usinagem propriamente dita é
uma pequena área. A confecção de um conector que efetuada com fresas de tungstênio de corte c ruzado
proporcione a ilusão de que exista uma pequena área (n• 302.801 - OdontoMega Import®) e pedras de
de contato entre os elementos de uma ponte fixa, ape- óxido de Alumínio. É muito importante salientar que
sar de suas verdadeiras dimensões, é um desafio téc- para cada tipo de liga (Níquel-Cromo, Cobalto-Cro-
nico. O enceram ento diagnóstico irá determinar além mo, Paládio-Prata ou Nobre) deve ser reservada uma
da espessura correta da infra-estrutura metálica, a fresa específica (Fig . 6.38).
localização correta dos conectores. Devem ser posi-
cionados na altura dos contatos proximais, tanto nos
dentes anteriores quanto nos posteriores (Figs. 6.29
Usinagem da Estrutura em Titânio
a 6.31). Puro
O espaço a ser preenchido por gengiva em porce-
lana é compreendido pela região cervical e de em- Nas ligas Titânio puro as fresas de tungstê nio
brasura dos dentes até o rebordo remanescente. Não devem ser de corte aspirado para minimizar a gera-
existe a necessidade de se estender a gengiva artifi - ção de calor (700801 SF - OdontoMega lmport®). O
cial até o fundo de saco de vestJbulo. acabamento deve ser efetuado com motor sob rotação
Grandes quantidades de gengiva a serem adicio- de 10.000 a 15.000 rpm no máximo.
nadas a uma ponte fi xa devem estar reforçadas por
infra-estrutura metálica. Uma maneira prática de se
Soldagem
determinar a eminente necessidade desse reforço é a
comparação entre o comprimento dos dentes e da
Sempre que necessária, a soldagem pode ser exe-
gengiva a serem reabilitados. Sempre que a exten- cutada através do laser, em qualquer tipo de liga (Fig.
são de gengiva e m comprimento for superior a dois
6.39). A solda decorrente dessa técnica demonstra
terços (2/3) do comprimento da coroa, a infra-estru-
compo1tamento mecânico superior às soldagens con-
tura metálica deve suportar essa gengiva (Figs. 6.32
vencionais. Pelo fato de ser executada em ambiente
e 6.33). Pequenas quantidades de gengiva dispen- de gás argônio, a oxidação interna na aérea soldada
sam esse substrato metálico, que compromete a pas- é reduzida, entretanto, não existe nenhu ma contra-
sagem de luz na região. indicação à soldagem convencional.
As figuras 6.34 a 6 .37 se referem ao procedimen-
to de inclusão e fundição, executado após o encera-
mento e planej amento da infra-estrutura metálica. Aplicação de Cerâmica
Nesse momento, é importante que o técnico seja cui-
dadoso no posicionamento correto dos padrões de Após a confecção e acabamento da infra-estrutura
cera em relação ao centro térmico do anel de fun- metálica, deve-se proceder à aplicação das massas
dição, na localização correta dos canais de alimenta- cerâmicas na seguinte ordem:
ção, assi"m como da barra alimentadora. Deve-se prio-
rizar o uso de revestimentos de boa qualidade, ob- v' Aplicação de opaco.
servando-se seu proporcionamento correto para que v' Aplicação de massas de dentinas opacas, massas
demonstre expansões de presa e térmica que seja ca- modi fi cadoras de dentina, dentinas, incisais e
paz de compensar de forma satisfatória a contração transparentes. Nessa etapa, deve ser aplicada a
de fundição da liga metálica. primeira camada de gengiva.
v' Caracterizações intrínsecas.
Usinagem da Estrutura Metálica v' Aplicação de opalescentes e segunda camada de
gengiva.
O procedimento de usinagem das infra-estrutu- v' Acabamento.
ras metálicas deve se iniciar pelo corte do sprue. Para v' Glazeamento.
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 6.29 - Localização incorreta dos conectores.


Figs. 6.30 e 6.31- Localização correta dos conectores,
respeitando a altura dos pontos de contato proximais.
A área de conexão deve te r no míni mo 2,5 x 2,5 mm.
Figs. 6.32 e 6.33 - Necessidade da confecção de su-
porte gengival em metal, uma vez que o comprimen-
to da gengiva em cerâmica ultrapassa o tamanho da
coroa clínica.
Fig. 6.34 - Posicionamento das infra-estruturas em
cera para correta inclusão e em seguida fundição da
liga metálica, obedecendo os princípios quanto à ca-
nalização e altura da barra de alimentação.

Fig. 6.29

Fig. 6.30

Fig. 6.31 Fig. 6.32

Fig. 6.33 Fig. 6.34


Capíllllo 6 - O Tecido Gengival e as Reabilitações em Porcelana

Fig. 6.37

Fig. 6.36

Fig. 6.35 - Exem plo de revestimento para inclusão


com anel de silicone.
Figs. 6.36 e 6.37 - Bancada adeq uada com equipa-
mentos necessários para inclusão e clesinclusão elas
infra-estruturas metálicas, com o auxílio de pressão e
manipulação a vácuo.
Fig. 6.38- Fresas e discos utilizados nos procedimen-
tos de usinagem.
fig. 6.39 - Infra-estrutura metálica após soldagem a
laser.

Fig. 6.39
Cerâmict1s Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Caso Clínico 2

Fig. 6.42
Fig. 6.43

Fig. 6.40 - Aspecto inicial do caso clínico mostrando


PPF provisória e a deficiência do tecido gengival.
Fig. 6.41 - Visão dos preparos protéticos e do grande
defeito no rebordo desdentado.
Fig. 6.42 - Prova da estrutura metálica.
Fig. 6.43 - Caso clínico finalizado mostrando a gen-
giva em cerâmica reconslilllinclo o tecido gengival au-
sente.

21
Capítulo 6 - O Tecido Gengival e as Reabilitações em Porcelana

Fig. 6.45

Fig. 6 .47 Fig. 6.46

Figs. 6.44 e 6.45 - A higienização através do fio den-


tal é extremamente simples e efetiva.
Fig. 6 .46 - Aspecto inicial do caso clínico.
Fig. 6.4 7 - Sorriso do paciente mostrando as papilas
interdentais. Observar a coincidência da cor da papi la
em cerâmica entre os dentes da PPF com a cor das
papilas inferiores e dos lábios da paciente. Essa foto-
g rafia comprova a grande importância do tecido
gengival na beleza do sorriso.
Cerâmicas Odomológicas - Conceitos e Técnicas

Cerâmica TI-22 A principal característica da TI-22 é possuir um


CET de 8,0 x I0·6/ºC compatível com as ligas de
A cerâmica Tl-22 foi desenvolvida para ser util i- titânio que demonstram CET de 9,3 x 10·6/ºC. É uma
zada sobre ligas de titânio, demonstrando excelente cerâmica de baixa fu são, uma vez q ue sua temperatu-
resistência de união com esse metal. Essa aumenta- ra final de sinterização é 760ºC, e demonstra fl uo-
da resistê ncia de un ião é devida ao uso da cerâmica rescência similar à do dente natural.
BP. A cerâmica BP é um cond icionador de super-
fícies metálicas que deve ser pincelado sobre a infra- Sugestão adicional
estrutura. Como o BP possui uma característica opa- Uma sugestão para se obterem as massas de dentina
cifi cadora, permite a aplicação de finas camadas de opaca para a cerâmica TI-22 pode ser encontrada na
opaco. tabela 6.2.

Tabela 6_2 - Proporções para a obtenção de dentina opaca da cerâmica TI-22 (porcentagem por volume).
OBA ! 838 Branco Amarelo
73 + 23 + 4 = 100
OBA2 838 C3B Branco Laranja Amarelo Rosa Cinza
35 + 22 + 23 + 12 + 2 + 2 + 4 100
0BA3 C3B Branco Laranja Rosa Cinza
39 + 22 + 2 + s + 13 = 100
OBA3,5 C3B Branco Laranja Verde
38 + 22 + 25 + JS = 100
OBA4 Branco Laranja Verde CV3
22 + 25 + 20 + 33 = 100
OBBI 838 Branco Amarelo Cinza
3 1 + 46 + s + 18 = 100
0882 838 Branco Amarelo Rosa Cinza Azul
51 + 23 + 3 + 2 + 18 + 3 100
0 8 83 838 Branco Laranja Amarelo
46 + 22 + 16 + 16 100
0884 838 Branco Laranja Amarelo
49 + 17 + 17 + 17 = 100
OBC I 838 Branco Amarelo Verde Azul Marrom
61 + 23 + 6 + 6 + 2 + 2 100
OBC2 828 C3B Branco Amarelo Cinza Verde CV3 Azul Marrom
10 + 19 + 23 + s + 15 + 13 + 7 + 4 + 4 = 100
OBC3 828 C3B Branco Amarelo Cinza Verde CV3 Azul Marrom
14 + 8 + 23 + 10 + li + 20 + 3 + 6 + 4 IOO
OBC4 828 C3B Branco Amarelo Cinza Verde CV3 Azul Marrom
15 + 9 + 18 + li + 12 + 2 1 + 3 + 7 + 4 = 100
0802 8 28 028 038 Branco Amarelo Rosa Cinza Verde Azul Marrom
10 + 10 + 10 + 28 + 2 + 4 + 25 + 7 + 2 + 2 100
080 3 828 038 Branco Amarelo Rosa Cinza Verde Azul Marrom
l i + 17 + 23 + 4 + 5 + 24 + 10 + 3 + 3 100
080 4 8 28 C3B Branco Amarelo Cinza Verde CV3 Azul Marrom
17 + li + 23 + 6 + 13 + 16 + 4 + 5 + 5 100

~
2
Capíwlo 6 - O Tecido Gengival e a., Reabilitações em Porr:e/ana

Caso Clínico 3

Fig. 6.48 Fig. 6.49

Fig. 6.50 Fig. 6.51

Fig. 6.52 Fig. 6.53

Fig. 6.48 - Aspecto inicial do caso clínico, uma reabilitação


total superior sobre oito implantes inseridos na região pos-
terior da arcada.
Fig. 6.49 - Prova da infra-estrutura metálica na boca. Obser-
var o reforço metálico confeccionad o na região cervical dos
dentes anteriores, indispensável para um suporte adequado
à considerável quantidade de cerâmica cor de gengiva que
deverá ser aplicada para restabelecer a estética e o suporte
labial (metal titânio).
Fig. 6.50 - Cerâmica Tl-22 indicada para ligas ele titânio.
Fig. 6.51 - Aspecto ela PPF após o glazeamento.
Fig. 6.52 - PPF após a instalação. Observar a exposição dos
intermediários na região posterior.
Fig. 6.53 - Foi necessária a confecção ele duas epíteses* na
região posterior para a obtenção de uma estética melhorada.

*Epíteses: gengivas artificiais em resina acrílica removíveis.

~
2 9
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas

Figs. 6.54 e 6.55 - Higienização com fio dental.


Fig. 6.56 - Observar a deficiência de suporte labial
em decorrência do reduzido rebordo alveolar da pa·
ciente. Notar o pronunciado sulco nasolabial.
Fig. 6.57 - Restabelecimento de suporte labial ade-
quado em decorrência da gengiva cerâmica e das epí·
teses.

Fig. 6.54

Fig. 6.55

Fig. 6.56 Fig. 6.57


Capítulo 6 - O Tecido Geng ival e as Reabilitações em Porcelana

Fig. 6.60

Fig. 6.59

Fig. 6.61

Figs. 6.58 e 5.59 - Visão ampliada da PPF


Fig. 6.60 - Caso antes do tratamento, onde a pacien-
te apresentava uma PPF em resina fotopolimerizável.
Figs. 6.61 e 6.62 - Visão do caso fi nalizado.

Fig. 6.62
Cerâmicas Odomológicas - Conceitos e Técnicc1.s

Caso Clínico 4

Fig. 6.63 Fig. 6.64

Fig. 6.67 Fig. 6.68

Fig. 6.63 - Caso clínico inicial indicando a necessidade de


uma reabilitação total superior sobre implantes.
Fig. 6.64 - Provisória em resina acrílica sobre os implantes.
Fig. 6.65 - Prova do enceramento diagnóstico em boca, simu-
lando os dentes com coroas clínicas com comprimento ade-
quado e harmonioso, confirmando, assim, a necessidade de
aplicação de gengiva na PPF
Fig. 6.66 - Vista oclusal do modelo de trabalho.
Fig. 6.67 - Seleção de cor tomando-se como referência os
dentes inferiores.
Fig. 6.68 - Seleção da cor da gengiva.
Capíwlo 6 - O Tecido Gengival e as Reabiliwções em Porcelana

Fig. 6.69

Fig. 6.69 - Diagrama de cor.


Cerâmi cas Odoniológi cas - Concei tos e Técni cas

Fig. 6.70 Fig. 6 .71

Fig. 6.72

Fig. 6.70 - Aplicação da primeira camada de o paco


branco sobre a liga de ouro (Olympia-Jelenko).
Fig. 6. 71 - Aplicação do opaco cor A3,5 e modifica-
do r de opaco rosa.
Fig. 6. 72 - Dentina opaca A3,5 e modificador de de n-
tina laranja. Aplicação da primeira camada de gengi-
va em cerâmica buscando-se a defini ção ele um pa-
drão gengival estético.
Fig. 6.73 - Matriz de silicone mostrando espaço ade-
q uado para a aplicação da porcela na.
Fig. 6. 74 - Primeira camada de aplicação elas massas
de dentina, incisai, transparente e massas de gengiva
cerâmica modificada. Fig. 6 .73
Fig. 6 .75 - Red ução da camada de dentina e incisai,
aplicação e queima de pinwras internas .

Fig. 6.74 Fig. 6. 75


Capítulo 6 - O Tecido Gengival e as Reabilitações em Porcelana

Fig. 6.76

Fig. 6.77

Fig. 6.78

Fig. 6.76 - Aspecto da PPF após a aplicação e quei-


ma de opalescentes, acabamento, textura e polimento.
Fig. 6. 77 - Observar que fo i utilizada uma barra metá-
lica unindo os dois extremos da PPF, na tentativa de
minimizar as possíveis d istorções na infra-estrutura
metálica decorrente do aquecimento e resfriamento
do metal durante os ciclos ele queima ela porcelana.
Figs. 6. 78 e 6. 79 -Aspecto do trabalho após o glazea-
mento.

Fig. 6 .79

~
225 1
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 6.80

Fig. 6.81

Fig. 6.82

Fig. 6.80 - Aspecto inicial.


Figs. 6.81 a 6.83 - Aspecto do caso clínico finaliza-
Fig. 6.83
do, consegu ido excelente resultado estético quanto a
cor, forma, função e pad rão gengival.
Capítulo 6 - O Tecido Gengival e as Reabilitações em Porcelana

Caso Clínico 5

Fig. 6.84

Fig. 6.85

Fig. 6 .84 - Caso inicial, coroas provisórias nos den-


tes 11 e 12.
Figs. 6.85 e 6.86 - Seleção ele cor em relação ao ma- Fig. 6.87
tiz, croma e valor.
Fig. 6.87 - Seleção ele cor elo tecido gengival.
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 6.88

Fig. 6.88 - Diagrama de cor.


Capítulo 6 - O Tecido Gengival e as Reabiliwções em Porcelana

Fig. 6.89 - Coroas de ln-Ceram unidas, fi naliza-


das no modelo de trabalho.
Fig. 6.90 - Aspecto interno das coroas de ln-Ceram.
Figs. 6 .91 e 6.92 - Caso clínico fi nalizado .

Fig. 6.90

Fig. 6.91

Fig. 6 .92

-~
2 9
Cerâmicas Odo1110/6gicas - Conceitos e Técnicas

Caso Clínico 6

Fig. 6 .93

Fig. 6.94

Fig. 6 .95

Fig. 6.93 - Caso inicial. A paciente possui ponte par-


cial fixa suportada por implantes correspondentes aos
dentes 12 e 22, onde as coroas clínicas e ram grandes,
indicando o uso da gengiva cerâmica. Na arcada infe-
rior, possui uma PPF cios dentes 33 ao 44.
Fig. 6.94 - Seleção de cor.
Fig. 6.95 - Seleção da coloração gengival.

~
230
Capítulo 6 - O Tecido Gengival e as Reabilitações em Porcelana

Fig. 6.96

Fig. 6.96 - Diagrama de cor.


Cerâmicas Odo111ol6gicas - Conceitos e Técnicas

Fig. 6.97- lnfra-eslruturas metálicas em TiliteS-Talla-


clium após a aplicação ele opaco.
Fig. 6.98 - PPF finalizadas no modelo ele trabalho.
Figs. 6.99 a 6.101 - Caso clínico fi nalizado.

Fig. 6.97

Fig. 6.98

Fig. 6.99

Fig. 6.100

~
232l
Capíwlo 6 - O Tecido Ge11gi,·al e a., Reabilitações em Porcela11a

Fig. 6.102 - Sorriso da paciente antes da substitui-


ção das PPF.
Figs. 6.103 e 6.104- Sorriso da paciente após o caso
finalizado.

Fig. 6.101

Fig. 6.102

Fig. 6.103

Fig. 6.104

233
Cerâmicas Odonrol6gicas - Conceitos e Técnicas

Referências 7. FAUCHARD, D.P. Le chirurg ien dentiste ou traité des


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