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~ obre os Autores
V
"A beleza é fundamental 1" afirmou o grandioso Vencendo as etapas principais de sua luta e objeti-
poeta Vinícius de Morais na dourada década de 60. vando estar sempre atento aos constantes avanços da
Em 2003, mesmo sem tanta poesia, o mundo da Odontologia - principalmente no que se referia à pró-
Odontologia afirma: "O poeta que nos perdoe, mas be- tese sobre implantes, à estética e a todas as técnicas
leza estética também é fu ndamental!" inlays!onlays de porcelana - idealizou e criou o Labo-
Ora, atingimos a era da globalização e dos avan- ratório Atelier de Prótese Dentária Giovani Gambogi
ços tecnológicos, sabendo que "beleza" é um fenôme- Parreira, em Belo Horizonte, administrado por ele mes-
no inigualável, essencialmente relacionado à saúde, em mo, concretizando boa parte de seu gratificante so-
todos os seus sentidos. Sendo assim, a "beleza de um nho.
· sorriso" está totalmente ligada à saúde bucal, aos cui- Casou-se, tornou-se pai orgulhoso, mas não desis-
dados pessoais de cada um e ao compromisso de mi- tiu de sua busca por conhecimento, aperfeiçoamento e
lhares de profissionais com esse fundamento. desenvolvimento profissional, concluindo vários cur-
Em 1984, Giovani Gambogi Parreira, influencia- sos de Especialização em Prótese nos mais diversos
do pelos conselhos de um tio, seguiu os caminhos da países, entre eles Japão, Itália, Alemanha e Estados
Engenharia Civil, aproveitando suas excelentes habili- Unidos.
dades matemáticas, muito embora fosse um admira- Responsabilidade, determinação e objetivo consoli-
dor da Prótese. daram sua excelência profissional, transformando-o
Naquela época, a Odontologia já caminhava a pas- num professor de categoria e desempenho reconheci-
sos largos, e a década de 1980 marcaria grandes mu- dos que, atualmente, ministra importantes cursos em
danças, como, por exemplo, as comprovações cientí- Minas Gerais e também em outros estados deste país.
ficas que o Prof. Brânemark mostraria ao mundo em Sua organização, sua dedicação, seus critérios práti-
1988, com a possibilidade de substituir dentes perdi- cos e, essencialmente, o respeito ao Cirurgião-dentista
dos por implantes osseointegráveis. e ao Técnico em Prótese Dentária fizeram com que ao
O cirurgião-dentista e o técnico em prótese dentária longo destes anos, Giovani colocasse no papel a expe-
ainda desconheciam a força "fundamental" do traba- riência e o conhecimento adquiridos. Para ele, o suces-
lho em equipe, todavia muitos se uniram para estudar e so no trabalho deve ser compartilhado, pois acredita
aprender mais a respeito de tantas novidades que sur- que o dentista não existe sem o técnico e nem o técni-
giam naquele momento inédito da Odontologia mundial. co sem o cirurgião-dentista, um complementa o outro
Giovani Gambogi Parreira, então, disposto a levar na profissão. Neste livro, Giovani apresenta casos clí-
adiante o seu gosto pela Prótese, interrompeu seus es- nicos que demonstram claramente a visão de "conjun-
tudos de Engenharia Civil e ingressou no curso técnico to", de "equipe", que sempre acompanhou a carreira
em prótese dentária, esse curso, oficial da Pontifícia desse "batalhador" incondicional.
Universidade Católica naquele momento. Aqui, estão compilados informações técnicas e es-
Determinado, sonhava em ser TPD, ter seu labo- clarecimentos que fortalecem afirmativas, derrubam
ratório de Prótese e escrever um livro sobre essa fas - justificativas e demonstram a beleza do verdadeiro esta-
cinante especialidade odontológica, resgatando a "be- do da arte. A abrangência principal deste atencioso e
leza" de um sorriso e descortinando todos os segredos belo trabalho está no dente natural, seus detalhes, suas
dessa autêntica arte. formas, suas funções, suas cores, sua textura de super-
VII
Cerâmicas Odontológicas- Conceitos e Técnicas
ffcie, aperfeiçoadas por imagens e ilustrações fotográ- e sua excelência como técnico, empresário e profes-
ficas de casos clfnicos bem-sucedidos, revelando a seus sor, descobrimos que Giovani Gambogi Parreira atin-
leitores que, sem sombra de dúvidas, os pacientes, as- giu sua maturidade na Prótese e quer dividi-la com to-
sim como Giovani, também realizaram seus sonhos. dos aqueles que congregam interesses afins e reconhe-
Prefaciar este livro para mim é sentir nas mãos o cem que seu talento e desenvolvimento profissionais
peso da responsabilidade do trabalho de Giovani ao estão totalmente ligados às suas atitudes e ao seu empre-
manipular a cerâmica, contornar seus detalhes estéti- endedor esforço de vencer na vida!
cos e facetas laminadas, em sua constante busca pela Meus sinceros cumprimentos por esta obra que de-
perfeição. monstra, no nascimento, o quanto será importante em
Acrescentando a tudo isso, a capacidade técnica nossas mãos. Sucesso!
desse escritor iniciante, seu gosto e opção pela Prótese
Dr. Rodolfo A lba Ca11dia Jr.
VIII
O Sr. Giovani Gambogi Parreira é formado na Es- dores, e posteriormente pelos vários cursos em outros
cola Técnica em Prótese Dentária (1984) da Pontifícia estados do Brasil.
Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Também participamos juntos do III Congresso de
Agraciado com o Título de Master Dental Technician Prótese Dentária em Yokohoma, Japão, em 1998.
Noritake e Kuraray, na cidade de Nagoya e Osaka Insatisfeito com os resultados de alguns trabalhos,
(2000); também co-autor do livro Prótese Dentária, pesquisou intensivamente as cerâmicas de última gera-
do Xll Congresso Paulista de Prótese (2001). ção e registrou passo a passo, nesta edição, técnicas e
Desde o início, entendeu que a prótese dentária] é conceitos que certamente trarão resultados desejáveis
o binômio ciência e arte. aos técnicos dentários, dentistas e cirurgiões-dentistas
Graças a seu talento e criatividade obteve um rápi- direta e indiretamente.
do sucesso, executando trabalhos com muita dedica- Com várias ilustrações, Giovani consegue esclare-
ção, usando ferramentas que o levou a atingir com a cer os temas complexos com uma abordagem simples
qualidade desejada. e objetiva, sempre com embasamento cientifico e ar-
Seguidor dos Professores Hitoshi Aoshima, Makoto tístico, desmistificando a prótese laboratorial e aten-
Yamamoto e Kazunobu Yamada, seus conceitos sobre dendo às necessidades de todos que o procuram para
metas e métodos foram mudando conforme a orienta- solucionar os problemas do cotidiano do Técnico em
ção desses mestres. Prótese Dentária com cursos práticos e palestras escla-
Nosso relacionamento profissional se deu por inter- recedoras sobre variados temas.
médio da APDESP (Associação dos Técnicos em Pró-
tese do Estado de São Paulo) e no Congresso Paulista
de Técnicos em Prótese, durante os cursos e seminá-
rios que juntos participamos na qualidade de ministra- Siro Kiatake
IX
Agradecimentos
É com satisfação e, especialmente, muita emoção Em 1987, montei meu primeiro atelier. Desde en-
que venho agradecer a Deus e a todos que me apoia- tão, ano após ano, tendo a oportunidade de conhecer
ram na realização deste livro, um de meus maiores so- ótimos profissionais, cirurgiões-dentistas e técnicos,
nhos. Não diferente daqueles que têm um sonho, sem- atingi o que considero minha verdadeira inserção e acei-
pre persigo e tento concretizar os meus. tação no meio profissional. Em 1994, comecei a minis-
Antes de fazer os agradecimentos formais, peço li- trar cursos teórico-práticos, palestras e conferências, a
cença para contar um pouco da minha história. Sou nas- partir dos quais surgiu minha vontade e inspiração para
cido em Campo Belo, Minas Gerais, em 1965, sendo o escrever este livro.
sétimo filho de meus queridos pais, Paulo Parreira Costa Ao final do ano de 1995, vi pela primeira vez o
e Irna Gambogi Parreira, sempre dedicados e obstina- livro A Col/ection of Ceramic Works - A Communica-
dos a proporcionar igualmente a todos a maior dádiva tion Tool for the Dental Office and Laboratory , do
que se pode conceder aos filhos: a condição de estudar. Prof. Hitoshi Aoshima, o qual me fez sentir a necessi-
Em 1981 , mudei para Belo Horizonte para terminar dade de aperfeiçoar ainda mais meus conhecimentos.
meus estudos no então denominado "2° Científico". Para minha enorme surpresa e ajuda Divina, logo tive a
Apesar de sempre desejar trabalhar como profissional oportunidade de ir até o Japão e conhecer pessoalmente
da área odontológica, acabei seguindo pelos caminhos o estimado Prof. Hitoshi Aoshima. Estava, naquele mo-
de Engenharia Civil, até que em 1984 decidi prestar mento, iniciando uma grande virada em minha vida
exame de seleção para o Curso Técnico em Prótese profissional, estando pela primeira vez ao lado deste
Dentária na Pontifícia Universidade Católica de Minas grande mestre, que me proporcionou um ambiente de
Gerais. Obviamente, percebi que havia então encon- absoluta tranqüilidade para que eu pudesse absorver as
trado na Prótese a área de trabalho que me permitia informações passadas. Após este ano, pude retornar
aliar o prazer em trabalhar à genuína opção de investi- ao Japão por mais quatro vezes, até que, no ano de
mento e crescimento como pessoa e profissional. Na- 2000, tive a honra de ser agraciado com o Certificado
quela época, a opção de inudança de um Curso de Gra- de Instrutor Técnico MDT da Noritake Co., o que muito
duação para um Curso Técnico gerou uma série de me orgulha, principalmente por ser o único com este
questionamentos. Mas, por acreditar sempre na Prótese, título no Brasil.
iniciei com determinação uma batalha incansável, en- Sempre em busca de aperfeiçoamento, especiali-
contrando grandes dificuldades de reconhecimento, zei-me em Cerâmica na Alemanha, EUA, Itália e
respeito e inserção no mercado. Não tendo sequer ami- Espanha. Venho crescendo profissionalmente graças a
gos técnicos, cirurgiões-dentistas, nem mesmo uma muita dedicação pessoal. Porém, q uero ressaltar a im-
pessoa na família com quem pudesse compartilhar mi- portância do aprendizado obtido junto a clientes, ami-
nhas ansiedades, comecei a trabalhar em laboratórios gos, cirurgiões-dentistas e todos que participam de
especializados na área, em Belo Horizonte. Gostaria de meus cursos.
ressaltar o primeiro deles, Laboratório Central, no ano Neste livro, tentei passar as experiências que vivi
de 1985. Ali fiz, dentre outros, um especial amigo que durante esses 20 anos de profissão. Os casos clínicos
me apresentou e me inciou na Prótese Cerâmica, o Sr. aqui apresentados são resultado do trabalho e da reali-
José Mauro Freitas, chefe da seção, a quem devo meu dade do meu dia-a-dia; por isso, mostro com veracida-
total respeito. de o que desenvolvi no Atelier de Prótese Dentária.
XI
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas
Não ousaria jamais afirmar que todos os casos com os Aos estimados professores, que depositam confian-
quais trabalhei atingiram a perfeição. Mas posso ga- ça e respeito aos técnicos, o meu obrigado. Ressalto
rantir minha total doação para obter o melhor resultado os Drs. Aloísio Borges, Arnaldo Horácio Pereira, Gui-
que pude naquele momento. Tenho consciência de que lherme Sena, José Alfredo Mendonça, Lincoln Lanza,
poderia ter feito melhor e estou sempre disposto a apren- Luiz Thadeu Poleto, Marcos Lanza, Marlúcio de Oli-
der mais. veira, Dra. Maria Luíza, Dr. Paulo !saias Seraidariam,
Após este breve relato, gostaria de agradecer pri- Dr. Ricardo Vaz, Dr. Rodrigo Albuquerque, Dr. Sérgio
meiramente a Deus, pois sem Ele eu não teria forças Gomes, Dr. Saint Clair, Dr. Wellington Jansen, Dr. Wil-
para sobrepor os obstáculos que encontramos na vida. son Batista e Dr. Daniel Telles.
Aos meus pais Paulo e Irna, meus irmãos Paulo Aos meus amigos e colaboradores Antônio Vai ano,
Renato, Irna Maria, Marco Polo, Valério, Gleydes, Carlos A. Maranghelo, Frank Kayzer, João Vaiano, José
Ricardo, meu cunhado, minhas cunhadas e meus so- Flávio, Klauss Rassinger, Mário Pedro, Oswaldo Sco-
brinhos. Aos primos Antonelli e Débora pelo sempre pin, Rómulo Vaiazzi, Vagner dos Santos, Victor Hugo
fraterno apoio. do Carmo e Maurício Riston.
Um agradecimento especial ao Sr. Jorge Tamake e A Kayzer Yamada e a seu pai Takao Yamada agra-
sua competente esposa, Dra. Gláucia Tamake, aos quais deço pela tradução do texto do Sr. Yamada inserido no
devo parte de minha realização profissional. Sem eles livro. A Yumico pelo apoio e amizade.
não teria chegado aonde cheguei. Aos amigos Sr. Roberto Schafer (Wil.kos), Sr. Schi-
Agradeço a oportunidade que tive com os profissio- neider (Vita), Sebastião, Vorley e Johny (Talladium do
nais do Japão, em especial ao meu grande amigo e sem- Brasil), Eduardo (Odonto Mega), Herbert (Ivoclair),
pre mestre Prof. Hitoshi Aoshima. Aos amigos e mes- Floriano (Kulzer), Ney Zapponi (Polidental), Aloísio
tres Srs. Kazunobu Yamada, Aki Yoshida e Hirata. Agra- (Microdont), Milton (GC, Juarez Import's), Beth (Co-
deço à ilustríssima Presidente da Noritake Dental Supply nexão).
Co. Limited, Sra. Kyoko Ban, ao Sr. Myata, Sr. Suzuki, Aos meus amigos fraternos e colaboradores Miller
Sr. Watanabe e à Sra. Naomi pela paciência em me R. Paiva e Victor Hugo do Carmo. Aos meus amigos
prestar, sem hesitação e sempre com muita eficiência, Marcos Celestrino, Luiz Alves Ferreira, Paulo Kano, L1erte
todas as informações que precisei. Schenkel, pelo companheirismo e apoio de sempre.
Ao meu grande amigo Nelson Hassui (in memo- A Renato Vasconcelos e Haydée Santos Gibram pela
riam) que apoiou e incentivou meu crescimento pro- amizade, ajuda e paciência.
fissional. A todos, em especial, que aceitaram a parceria nos
Ao cunhado Lonnie Russell (in memoriam) que, casos apresentados: Dr. Adernar Vilela (BH), Dr. Aloí-
mesmo sem saber, foi exemplo e inspiração na minha sio Borges Coelho (BH), Dra. Cristina Vasconcelos Ras-
marcha profissional. lan (BH), Dra. Dalgisa Mota (BH), Dr. Leandro Medei-
Agradeço aos meus amigos Arthur Copiano Neto ros (BH), Dr. Luiz Ricardo Nogueira (Recife), Dr. Lu-
(São Paulo), Adernar Leme (Campo Grande), Camila ciano Martins (BH), Dr. Leonardo Wykrota (BH), Dr.
Maria Tristão da Silva (Santos), Eunice Skrzek (Porto Leonardo Castro Martins (BH), Lincoln Lanza (BH),
Alegre) , Eunice Cavagna (São José do Rio Preto), Heleno Dr. Marlúcio de Oliveira (Divinopólis), Dra. Mary Lessa
José da Silva Neto (Brasília), Gilvan Bispo Santiago (BH), Dr. Ricardo Vaz (BH), Dr. José Mareio B.L.
(Cuiabá), José Francisco de Abreu (Curitiba), Jobson Amaral.
Matos (Salvador), João Reis (São Paulo), Juberto Ca- Ao Dr. Rodolfo Alba Candia Júnior, pela amizade e
margo (Rio de Janeiro), Júlio Tinoco (Ribeirão Preto), carinhoso prólogo. A Kazunobu Yamada agradeço pela
Régis Flores (Florianópolis), pelo apoio e confiança de- sinceridade em demonstrar afeição e reconhecimento
positados em mim. A todos do escritório da Kota Im- à minha pessoa.
port's em São Paulo, em especial a Ahmed, Betânia, Issao, Ao Dr. Carlos Araújo, pelo apoio e incentivo. Aos
Ivone, Angélica, Daniela, Vai e Renata. amigos Siro Kiatake e Roberto Quiyan pela amizade e
Ao meu grande amigo e colaborador Marcelo Baum, carinhosa apresentação do livro. Aos meus amigos An-
pelo apoio, e à Alessandra Bayerlein, técnicos Procera dré Luppi, Ângelo e Renato, pelas fotografias de Mi-
Nobel. nas Gerais. Ao Dr. Ricardo Vaz, pelo incentivo e su-
A todos os meus clientes que confiaram às minhas gestões importantes.
mãos a certeza de que teriam sucesso e satisfação nos A todos os participantes dos meus cursos, os quais
seus casos clínicos. Agradeço sua compreensão e pa- solicitaram e me inspiraram a escrever este livro.
ciência, sem as quais não teríamos conseguido tantos Aos meus funcionários, certamente meus amigos,
casos satisfatórios. um agradecimento especial por me ajudarem, apoia-
XII
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas
reme compreenderem meus momentos de dificuldade. Sinceramente, agradeço a todos e espero que tenham
À minha irmã Gleydes, devo especial agradecimen- uma boa leitura e que tenhamos conseguido acrescen-
to pelo apoio de sempre e colaboração. tar conhecimento a todos.
Especialmente à minha esposa Karime, que tanto Obrigado!
amo e que me abençoou com nossos amados filhos
Lorenzo e a pequena Antone lla, nossos preciosos pre-
sentes de Deus. Obrigado pela compreensão, pela pa-
~
ciência e pelo apoio nos momentos difíceis. Obrigado!
Enfim, agradeço a todos aqueles que de alguma
forma contribuíram para a realização deste trabalho. Giovani Gambogi Parreira
Agradecer é a sublime forma de se submeter, e Unincor - Betim, nas quais leciono a disciplina de
com humildade, a todos aqueles que nos engran- Biomateriais Odontológicos, minha gratidão.
decem com a sua solidariedade e o seu apoio. As-
sim, ao decorrer destas ligeiras e sinceras home- Gostaria de agradecer ao Grupo Brasileiro de Ma-
nagens, a palavra agradecer foi intencionalmente teriais Dentários (GBMD) e à Associação Brasileira de
repetida, e por várias vezes. Agradecer é reconci- Odontologia (ABO/MG), entidades de que tanto me
liar, é amar, é saber devolver àqueles que tanto orgulho em fazer parte.
nos serviram o melhor que ficou em nós. Por isso, Um especial agradecimento aos amigos Renato
obrigado, obrigado, a todos vocês. Araújo Prates, Marcos Vinícius Zuim Lara e Arturo
Nakajima, pela colaboração na elaboração deste livro.
Um justo agradecimento devo, neste momento, aos Ao Sr. Rui Santos, minha sincera gratidão por ter
meus mestres, fundamentais colaboradores e inspira- acreditado em nosso projeto.
dores de minha prática docente, da pesquisa e da clíni- À querida Ana Cristina, meu muito obrigado, pelo
ca odontológica: Profs. Drs. Wellington Corrêa Jansen, apoio incondicional e pela paciência nos momentos
João Maurício Lima de Figueiredo Mota, Marivalda de ausentes.
Magalhães Pereira, Maria Antonieta Siqueira Moraes, Gostaria de agradecer aos cirurgiões-dentistas que
Eduardo Lemos de Souza e, especialmente, ao grande gentilmente colaboraram na ilustração do nosso livro
amigo Prof. Dr. José Flávio Batista Giovanninni Gra- com casos clínicos executados em parceria com Gio-
brich. vani, os colegas: Aloísio Borges Coelho, Luciano de
Gostaria de agradecer, também, ao Departamento Oliveira Martins, Adernar Vilela, Luiz Ricardo Noguei-
de Odontologia Restauradora da Universidade Federal ra, Leonardo de Castro Martins, Lincoln Lanza, Mary
de Minas Gerais na pessoa do Prof. Dr. Luís Tadeu de Lessa, Ricardo Rodrigues Vaz, Cristina Vasconcelos,
Abreu Poleto e ao Colegiado de Pós-graduação dessa Marlúcio de Oliveira, Dalgisa Mota, Leonardo Wycrota
Instituição pelo rico acolhimento durante meu curso e José Márcio.
de Mestrado. Finalmente, sinto imensa gratidão aos clientes de
Aos coordenadores do curso de especialização em minha clínica privada, minha segunda escola, meu se-
prótese dentária da Faculdade de Odontologia de Bauru gundo lar. Agradeço-lhes pela confiança, pelo carinho
da Universidade de São Paulo, Profs. Drs. Paulo Cesar e pela agradabilíssima convivência. Vocês fazem com
Rodrigues Conti e Carlos Pereira dos Reis Araújo e, que este cirurgião-dentista seja um apaixonado pelo seu
ainda, aos colegas protesistas, Mário Pedro Souza Ama- ofício.
ral, Arnaldo Robson Mendes, Renato Landi de Oliveira
e Marcos Nunes Lourenço, meus sinceros agradeci- A todos vocês meu muito obrigado.
mentos.
Aos coordenadores, colegas professores e alunos
do Curso de Odontologia da Unincor - Belo Horizonte Leandro Medeiros dos Santos
XIII
Dedico este livro a meus pais, Paulo e Irna, culti- em suas vidas também. Espero que compreendam meus
vadores dos sucessos da minha vida e a quem devo momentos de ausência enquanto me dediquei ao livro,
mais que agradecimentos, devo minha eterna admira- durante as noites no Atelier trabalhando em casos clí-
ção e amor. nicos, em viagens de estudo e ministrando cursos.
À minha esposa, Karime, e aos meus fi lhos Lorenzo
e Antonella, que são a razão da minha felicidade e ali-
mentam minha vontade de viver e de ser algo de bom Giovani Gambogi Parreira
Dedico este livro aos meus amados pais, Vagner e li nha aqui escrita e cada conquista da minha vida pro-
Tânia, exemplos de amor à fam ília e à profissão. Cada fi ssional devo a eles.
i XV
A primeira ocasião em que encontrei Giovani foi Entretanto, neste livro, Giovani expõe os seu exem-
quando ele esteve no Japão, há aproximadamente seis plos clínicos, seu desenvolvimento, sua especialização
anos. No laboratório onde trabalho, ano a ano, vêm técnica e a suprema importância da ferramenta da comu-
muitas pessoas de muitos países. Dentre essas pes- nicação.
soas, as que têm credibilidade e competência são ra- Para um profissional, a técnica e um volume gigan-
ras, mas em Giovani afluía sinceridade. tesco de conhecimentos são necessários, e é isso que
As pessoas, cm geral, costumam tentar mostrar Giovani mostra, com sua prática laboratorial e clínica,
conhecimentos maiores do que e fetivamente possuem. com toda a sua sinceridade. Mas aquele que se priva
Desejam se conceituar como grandes espec ialistas, sem do aprendizado constante fica, muitas vezes, desampa-
o serem. Principalmente os instrutores, que ouvem as rado, sem realização.
coisas de modo superficial e contra-argumentam com
teorias e pré-concepções. Kaz1mobu Yamada
i XVII
Cerâmicas Odontológicas
Leandro Medeiros dos Santos
Giovani Gambogi Parreira 1
Colaborador: Wellington Corrêa Jansen
v' Histórico
v' Propriedade s Mecânicas
v' Composiçâo Química e
Microestrut ura
v' Processamen to
v' Coordenaçâ o
v' Classillcaçâ o
1
Cerâmicas Odontológicas
1
Histórico nas 200 anos. Antes disso, os materiais utilizados para
a confecção de dentes artificiais eram dentes huma-
A palavra cerâmica é originada do termo grego nos extraídos, dentes de animal e de marfim.
Keramos que significa "matéria que imada". O termo A primeira referência do uso da porcelana como
porcelana designa um tipo específico de cerâmica, um material restaurador odontológico data de 1774.
branca e translúcida, mais fi na, preparada principal- U m farmacêutico francês c hamado Alex D uchateau
mente com o caulim, podendo ou não ser vitrificada. estava muito insatisfeito com o odo r, gosto e descolo-
Na Odontologia, esses dois termos são usados in- ração dos dentes de ma1f im de hipopótamo de sua
distintame nte, podendo ser considerados sinônimos. prótese. Notou que os utensílios de porcelana glazeada
O homem primitivo, vivendo há 400.000 anos, que usava todos os dias em seu laboratório resistiam
tomou conhecimento das propriedades plásticas do à descoloração, demonstravam superfíc ie lisa e eram
barro e da argila, e descobriu, acidentalmente, que as resistentes à abrasão. Parece que essas circunstân-
formas moldadas por ele se tornavam rígidas quando cias o rig inaram a idé ia da utilizar a porcelana como
assadas no fogo. um material restaurador odontológico.
Com o passar dos anos, três tipos básicos de ma- Duchateau tentou produzir para si próprio um par
teriais cerâmicos fora m desenvolvidos. O pri meiro de próteses com dentes de porcelana, e ntreta nto, de-
foi o barro queimado a baixas temperaturas, que se vido à grande contração q ue o material apresentava
mostrava relativamente poroso. O segundo foi o pó após a queima, não obteve sucesso. Ele se associou
de pedra, que apareceu na C hina aproximadamente então a Nicho las Dubois de Chemant, um dentista
100 anos a.C., era queimado a uma tem peratura supe- francês, q ue melhorou consideravelmente o método
rior à do barro e resultou e m um material mais resis- de fabricação. Dubois de Chemant conseguiu contro-
tente e com impermeabilidade à água. O terceiro ma- lar a contração da porcelana e , e m 1788, publicou um
terial foi a porcelana, obtida pela fu são da argila branca livro sobre a produção de dentes artificiais.5·13· 17·20.35
do sudoeste da China com a "pedra de Javre", que Após as publicações de Dubo is de Chemant, vá-
produziu um pó branco e translúcido. Esse pó, quando rios cirurgiões-dentistas como Josiah Wedwood da
queimado, produziu um material co m resistência su- Inglaterra, Robert Blake e Joseph Fox dos Estados
perior aos anteriores e, a partir de então, vasos trans- Unidos e Pierre Fauchard da França se empenha-
lúcidos com paredes muito fi nas começaram a ser pro- ram em desenvolver a técnica da utilização da por-
duzidos. Esse material foi desenvolvido para o agra- celana para produzir dentes artifi ciais. 8
do ao Rei da China em aproximadamente 1000 d.C. Os dentes produzidos pela técnica de Duchateau
Em 1375, a porcelana foi copiada pelos europeus, eram muito brancos e opacos. foucou 7, e m 1803, re-
começou a ser produzida em Florença e rapidamente latou estudos experimentais ressaltando a deficiên-
se tomou popular por toda a Europa.6 ·30·31 cia de cor e translucidez dos materiais cerâmicos.
Embora os primeiros artefatos de porcelana se- Entretanto, em 1838, Elias Wi ldman conseguiu for-
jam conhecidos há mais de 1000 anos, a histó ria da mular uma porcelana mais u·anslúcida e com brilho
porcelana como um material dentário retorna a ape- mais próximo ao dos dentes naturais.8·17
Cerâmicas Odo111ológicas - Co11ceiros e Téc11icas
A técnica do folheado em platina, que foi o em- de adesão à porcelana; (2) possuem coeficiente de
brião para o presente desenvolvimento da porcelana expansão térmica compatível com o das porcelanas;
para restaurações metalocerâmicas, foi introduzida (3) possuem ponto de fusão suficientemente alto para
por John Murphy, em 1839. permitir a aplicação da porcelana sem deformações
Restaurações de porcelana unitárias foram intro- significantes.
duzidas em 1844, tomando-se populares a partir de o final dos anos 40, houve a introdução da quei-
1860. Mas foi em 1885 que Logan conseguiu melho- ma a vácuo no processamento da porcelana dentária.
rá-las. Sua técnica previa que a porcelana deveria A adoção da pressão atmosférica reduzida na técnica
ser fundida sobre um pino de platina. que seria poste- de queima reduziu consideravelme nte a quantidade
riormente cimentado ao dente como uma coroa pi- de ar retido no interior do material, produzindo me-
vô. 5.13.17.20.35
lhora significativa na translucidez e uma redução na
Charles H. Land, de Detroit (EUA), pioneiro no porosidade, proporcionando. com isso. aumento da
campo da prótese fixa, obteve, em 1889, a primeira resistência da cerâm ica. 14· 16 · 34
patente para a confecção de coroas de jaqueta de Devido a grande fragilidade das cerâmicas, Mc-
porcelana. Land procurou produzir porcelanas de Lean e Hughes 23 se propuseram a estudar meca-
baixa fusão para que pudessem ser fundidas a lâmi- nismos de reforço ao material. Avaliaram a adição
nas de ouro. mais fácil de brunir que as de platina. 12 de diferentes óxidos à cerâmica, considerando fa-
O aprimoramento das porcelanas de baixa fusão tores como temperatura de fusão. resistência ao cho-
(998ºC) por Brewster, nos EUA, e Jenkins, na Ale- que térmico, resistência mecânica no estado fundido,
manha, por volta de 1900,juntamen te com o advento coeficiente de expansão térmica, propriedades ade-
dos pequenos fo rnos elétricos no início do século sivas à matriz cerâmica, cor e estética. O óxido de
XX, determinou o estabelecimento das porcelanas Alumínio (A lp3 ), também denominado a/umina, fo i
como um dos materiais mais usados em Odontolo- selecionado por satisfazer o maior número destes fa-
gia. •2.J2 tores. Concluiu-se que os cristais de alumi na como
Em 1910, ocorreu a primeira publicação das pro- fase de reforço para a matriz vítrea conferiram uma
priedades das cerâmicas odontológicas, ocorrendo melhora significativa nas propriedades mecânicas,
então a sua difusão como um material restaurador. sendo que a resistência à flexão obtida foi de aproxi-
A associação da porcelana ao metal veio supe- madamente o dobro das cerâmicas odontológicas con-
rar a pri ncipal limitação ao uso da porcelana em den- sideradas convencionais até então.
tes posteriores e em próteses parciais fixas: a sua De 1956 até aproximadamente 1980, a restauração
falta de resistência à tração e cisalhamento. As pri- metalocerâmica foi praticamente a única forma de utili-
meiras ligas de ouro para próteses metalocerâmicas zar as porcelanas odontológicas. Entretanto, a partir
continham 88% de ouro e eram muito macias para dos anos 80, observou-se uma intensa busca pela
serem utilizadas em restaurações submetidas a gran- melhoria da estética com a eliminação da infra-estrutu-
des esforços, tais como as próteses parciais fixas. ra metálica. Procuraram mecanismos de reforço às
Devido ao fato de não haver evidências de união cerâmicas, que diminuíssem sua fragilidade. Nesse sen-
química entre essas ligas e a porcelana, a retenção tido, sem dúvida alguma, o mecanismo mais importante
mecânica era utilizada. Posteriormente, foi adicionado foi o desenvolvimento das estruturas cerâmicas de alta
1% de elementos oxidantes como ferro, índio e esta- resistência, que a pa1tir de 1983, com o lnCeram, dis-
nho nessas ligas, ocorrendo o grande aumento na pensaram a infra-estrutura metálica e proporcionaram
re istência de união da porcelana às ligas metálicas. uma confiável melhoria nas propriedades mecânicas e
Com o aumento do custo dos metais nobres a ópticas das próteses totalmente cerâmicas.
partir da segunda metade do século XX, as ligas para
próteses metalocerâmica s à base de metais básicos
sofreram grande desenvolvimento. Em comparação
Propriedad es Mecânicas
às ligas de ouro tipo IV, as ligas de Cobalto-Cromo e Este tópico apresenta uma breve discussão a res-
Níquel-Cromo apresentam menor custo, menor densi- peito das propriedades físicas e mecânicas das porce-
dade e maior rigidez (módulo de elasticidade). lanas dentárias. A compreensão dessas propriedades
Apesar de composições químicas diferentes, to- mostra-se fundamental para que clínicos e técnicos
das as ligas para próteses metalocerâmicas comparti- possam extrair todas as qualidades que os modernos
lham pelo menos três características: ( 1) desenvolvem materiais disponíveis apresentam. Propriedades como
uma camada de óxido superficial. que tem potencial coeficiente de expansão térmico linear, viscosidade,
Capítulo J - Cerâmicas Odo111ológicas
dureza, módulo de e lasticidade e resistência fazem peratura é elevada em l ºC. Esta propriedade é mui-
parte do dia-a-dia dos profi ssionais da prótese to importante, por exemplo, nas restaurações metalo-
dentária, muitas vezes sem seu adequado conhe- cerâ micas e ceramocerâmicas, pois o material da
c imento. A cor, propriedade física dos materiais que infra-estrutura e a cerâmica de cobertura devem pos-
faz parte do estudo da Óptica, será abordada no ca- suir coeficientes de expansão térmica linear s imila-
pítulo 2. res, expandindo e contraindo em proporções seme-
lhantes durante as variações de temperatura, evitan-
Estrutura da matéria e energia térmica do trincas e fraturas na porcelana. É devido ao CETL
que cada infra-estrutura de reforço, como alumina,
Todos os materiais são compostos por átomos, dissilicato de lítio, liga metálica ou zircônia, possui uma
que possuem certa quantidade de energia. Grupos cerâmica de cobertura específica.'
de átomos formam moléculas, que unidas por ligações Os materiais podem se constituir de estruturas
químicas, constituem os materiais. cristalina, amorfa ou de ambas, chamados compó-
Os átomos dentro de uma molécula possuem uma sitos. Define-se como estrutura cristalina aquela onde
distância de equilíbrio entre si, apresentam uma quan- os átomos formam uma configuração espacial regular
tidade de energia e e ncontram-se em constante vibra- e organizada, chamada grade espacial ou cristal. Na
ção. À medida que a energia aumenta, aquecendo-se estrutura cristalina, todos os átomos estão arranjados
o material, por exemplo, as moléculas vibram mais, de forma que cada átomo ocupa uma posição se-
aumentando a distância entre e las. Se o aumento de melhante e eqüidistante aos outros (Fig. 1.2).
energia continuar, os átomos podem se afastar tanto, Todos os metais são constituídos por estruturas
que pode ocorrer mudança de estado físico, como do cristalinas, assim como os cristais de alumina (Alp ),
3
sólido para o líquido. A temperatura em que ocorre a leucita, soda, potassa, quartzo, entre outros.
mudança do estado sólido para o líquido é chamada Define-se como estrntura amorfa aquela em que
temperatura de fusão (Fig. J.1). ' ·26.2s os átomos encontram-se aleatória e desorganizada-
Como dito anteriormente, à medida que a tempe- mente distribuídos no interior do material. Não existe
ratura aumenta os átomos vão vibrando mai s, se afas- arranjo ordenado. São exemplos desses materiais os
tando e fazendo com que o material sofra aumento vidros, a maioria das ceras e dos polímeros tais como
de suas dimensões. Esse aumento de tamanho do as resinas e os materiais para moldagem (elastoméri-
material devido à elevação da temperatura e do afas- cos). 1
tamento dos átomos é chamado expansão térmica.
Os diferentes materiais demonstram expansões dis-
Propriedades mecânicas
tintas sob o aumento da te mperatura, podendo esta
variável ser determinada através do coeficiente de Para estudar propriedades mecânicas dos ma-
expansão térmica linear. O Coeficiente de Expan- teriais, é necessário que sejam feitas algumas defi-
são Térmica Linear (CETL) pode ser definido, por- nições. O desempenho clínico e laboratorial dos ma-
tanto, como a alteração no comprimento por unidade teriais é avaliado principalmente quando e les sofrem
de comprimento de um material quando a sua tem- a ação de tensões.
Gás oxigênio = 0 2
Estado sólido Estado líquido Estado gasoso
Fig. 1.1 - Os três estados da matéria.
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas
o o
o o o
o
Estrutura cristalina
F F
Força de
cisalhamento
Força de
cisalhamento
--d2,...____-
Considere um material X e outro material Y, que
apresentam diferentes ME. Hipoteticamente, o ma-
G~-t-of
terial X apresenta pequenas deformações mesmo
sob altas tensões, enquanto o material Y apresenta
grandes deformações mesmo sob baixas tensões.
Conclui-se, portanto, que o material X é mais rígido
que Y, e apresenta maior ME. O material Y é mais
flexível que o X, apresentando menor ME28 (Gráfi-
Fig. 1.6 - Tensão de ílexão. co 1.2 ).
A propriedade inversa à rigidez pode ser defini-
Sempre que uma tensão estiver atuando sobre da como flexibilidade. É a capacidade que um mate-
um corpo ocorrerá uma deformação. Essa defor- rial apresenta de se deformar elasticamente, mesmo
mação, dependendo do valor da tensão e das carac- sob pequenos esforços. Isso pode ser uma caracterís-
terísticas do material, poderá ser reversível ou per- tica desejável de um material, como o grampo de
manente. ' retenção da infra-estrutura metálica de uma PPR,
A deformação reversível, chamada deformação que deve ultrapassar o equador protético do dente,
elástica, ocorre quando o material retorna à sua for- alojando-se na região retentiva. 28
ma original logo que a tensão cessa. Esse fenômeno A dureza refere-se à resistência do material ao
pode ser exemplifi cado no momento em que se apli- riscamento ou penetração por uma ponta de diaman-
ca uma pequena força em um fio de aço ou arame, te. Existem vários tipos de dureza, medidos de acor-
que se deforma, retornando à sua forma original as- do com o formato e o tamanho desta ponta de diaman-
sim que se interrompe a força. 1
A deformação permanente, chamada deforma-
ção plástica, ocorre quando uma carga é aplicada
em determinado corpo, e este se torna permanente-
mente deformado mesmo após o término da aplica- e
ção da carga. Ou seja, o corpo não retorna às suas 1400
dimensões originais. 26 1200
Existe um valor de tensão que divide as deforma- Tensão
1000
ções elásticas das plásticas. Este valor é definido co- (MPa) 800
00
Brinell Vickers Knoop
O <>
Material X Material Y
Aumento d e-dureza
te: dureza Vickers. dureza Brinnel. dureza Rockwell, com a prova de Vickers
d ureza Knoop (Fig. 1.7).1
Q ua ndo uma fo rça a tua sobre o co rpo, certa Fig. 1. 7 - Desenho esquemático dos tipos de edenta-
quantidade de e nergia é absorvida por e le. A quan- ções produzidas na superfície do ma terial pelos dife-
tidade de ene rgia ab orvida por um corpo até o seu rentes testes de dureza. Q uanto menor a marca dei-
limite de pro porc iona lid ade é conhec ido co mo xada no material pela ponta de diamante, dura nte o
resiliência . Ou seja, um material é considerado re- teste, mais puro é o material.
silie nte quando absorve uma quantidade considerá-
vel de e nergia, sem se deformar permanentem ente. quebra-se com facilidade, sobretudo sob forças de
Comparativa mente, a resina composta é mais resi- tração. As cerâ m icas de monstram um comporta-
liente que as cerâmicas, o u seja, são capazes de ab- mento de friabil idade e baixa resistê nc ia à fratura.
sorver melhor as cargas mastigatória s sem sofrer Um fa tor que contribui para esta limitação dos mate-
deformações pe rmanentes. A tena cida de envolve riais cerâmicos é a facilidade de propagação de tri n-
a quantidade de ene rgia absorvida por um corpo até cas, tornando o material a inda mais propenso à fratu-
o mome nto de sua fratura, e nvol vendo deformações, ra. Já os metais podem resistir a a ltas te nsões por se
tanto reversíveis quanto irreversíveis. Um mate rial deformarem plasticamente e, portanto, são mais resis-
tenaz é capaz de absorver uma grande q uantidade te ntes à fratura. 28
de energia sem se fra turar, pode ndo ser cons iderado
resistente.' Composição Química e
A ductibilida de refere-se à capacidade de um
Microest rutura
materia l de sofrer grande deformação permanente
sob a ação de forças de tração, ou seja, que atuam As cerâmicas odontológica s tê m so fr ido inúme-
no sentido de a longar o material. O ouro e o cobre ras modi ficações e m sua composição química, desde
podem ser considerados materiais dúcte is e m fu n- seu estabe lec imento como materia l para restaurar o u
ção de sua ca pacidade de formar fio. Esta proprie- substituir a estrutura dentária perd ida. O que se bus-
dade na Odontologia é descrita como a possibilidade cam hoje em dia são cerâ micas com menores te m-
de alongamento do materia l medida em percentual. peraturas de fusão, e xcelentes propriedades ópticas,
Uma porcentagem maior ou menor de alongamento resistênc ia mecânica adequa da e baixa capacidade
propiciará mais ou menos brunimento. Geralme nte, de abrasão aos dentes antagonistas.
as ligas odontológica s possuem alto percentual de As cerâm icas disponíve is na déc ada de 60 até os
a longamento . Em contrapartida , nas cerâmicas, este anos 80 possuíam a lta temperatura de fu são, fratu-
percentual é praticamente nulo. ravam-se com facilidade e eram muito d ura , demons-
A maleabilidad e é seme lhante à d uctibilidade, trando g rande c apac idade de desgaste dos de ntes
entretanto, traduz a capacidade do material de sofrer naturais.
grande deformação sob a ação de forças de com- No fina l da década de 80 e d urante todo os a nos
pressão, que atuam no sentido de e ncurtar o mate- 90, as cerâmicas foram objeto de intensos estudos,
rial. Um material ma leável é capaz de ser transfor- fato e se comprovado pelo expressivo número de pes-
mado e m lâminas. 28 q uisas publicadas nesse período. A busca por mate-
Um materia l friável pode ser descrito como aque - riais para infra-estruturas c erâ micas como alte rnati-
le que apresenta pouca resistê ncia à fratura. ou seja. va aos meta is e o desenvolvime nto de cerâmicas es-
Capítulo I - Cerâmicas Odo1110/6gicas
pecíficas para serem aplicadas sobre esses materiais fac ilidade na obtenção do seu pó e na pigmentação
foram aspectos bastante estudados. do mesmo, o que permite a produção de uma cerâmi-
Muitos avanços têm ocorrido em relação às ce- ca com possibilidades estéticas. Durante muitos anos,
râmicas, tanto nos materia is para infra-estruturas os fabricantes utilizaram feldspatos naturais mistura-
quanto nas cerâmicas de cobertura. Excelentes mate- dos com quartzo, numa proporção de 85% de felds-
riais estão disponíveis no mercado; entretanto, o ma- pato para 15% de quartzo. Entretanto, a demanda por
terial cerâmico mais amplamente utilizado a inda hoje temperaturas de fusão mais baixas para as porcela-
e que demonstra resultados estéticos e mecânicos nas odontológicas despertou maior interesse no uso
excepcionais é a porce lana de cobertura fe ldspática de alguns óxidos modificadores de vidro. Ao feldspato
convencional. foram então adicionados modificadores de vidro com
As cerâmicas odontológicas são materiais de na- características de fluxo, como óxido de Boro (B 20J
tureza vítrea. São constituídas por partículas cristali- Através da mistura fe ldspato e óxido modificador de
nas dispersas numa grande proporção de matriz. Esta vidro, foram obtidos pós-cerâmicos com te mperatu-
matriz, que se asseme lha ao vidro, confere ao mate- ras de fusão mais baixas e definidas. '
rial características e propriedades dos sólidos não- Os componentes químicos das cerâmicas odonto-
cristalinos, como viscosidade, te mperatura de transi- lógicas podem ser divididos em óxidos formadores
ção vítrea, temperatura de fu são, coeficiente de ex- de vidro, óxidos modifi cadores de vidro e óxidos in-
pansão térmica, dureza e suscetibilidade à fratura. termediários.
São materiais quimicamente inertes e demonstram Somente dois óxidos formadores de vidro são uti-
natureza refratária, o que as caracterizam como exce- lizados: óxidos de Silício (S i0 2 ) e ele Boro (820 3).
lentes isolantes termoelétricos. 28 Geralmente, o óxido ele Silício é preferido como e le-
O principal compone nte das cerâmicas odonto- mento estrutural básico para formar a matriz de vi-
lógicas é o feldspato, um mineral encontrado pra- dro. Quando fundido, esse material forma uma rede
ticamente em todo o mundo. Feldspatos naturais são tridimensional com ligações covalentes constituindo
misturas de albita (Na2 Al2 Si6 0 16 ) e ortoclásio ou mi- a estrutura básica do vidro, que apresenta alto ponto
crolina (K,Al 2 Si6 0 16 ) com partículas sem quartzo de fusão e alta viscosidade. Portanto, a maioria das
cristalino. Esses feldspatos nunca são totalmente cerâmicas odontológicas tem como base a sílica, na
puros, sendo que a quantidade de óxido de Sódio forma crista lina de quartzo e na forma amorfa como
(Nap) ou óxido de Potássio (K,0) pode variar con- síl ica fund ida. Uma cerâmica típica contém em torno
sideravelmente. Para uso odontológico, prefere-se o de 60% de S i0 2 . Os modificadores de vidro o u flu-
feldspato com alto conteúdo de Potássio, devido a xos são adicionados cuidadosamente, conferindo as
sua resistência ao escoamento sob altas temperatu- propriedades de resistê ncia ao escoamento a altas
ras. Quando o feldspato é fund ido em torno de 1250 temperaturas, dureza, estabilidade hidrolítica e tem-
e 1300ºC, os álcalis (Nap e K,O) se unem com a peratura de fu são reduzida.
alumina (AIP) e sílica (Si0 2), formando Alumínio A fabricação do pó das porcelanas odontológicas
silicatos de Sódio ou Potássio.28 envolve o processamento térmico das matérias-primas
O feldspato tem sido usado na fabricação de por- constituintes. O pó é produzido pela mistura de felds-
celanas odontológicas a algumas décadas, devido à pato de Potássio com nitrato de Potássio (KN0 3), óx i-
do de Potássio (K,O ), carbonato de Lítio (Li 2 C03),
carbonato de Cálcio (CaCO), carbonato de Magnésio
(MgC03) e óxido de Cério, o que proporcionam às
porcelanas uma composição de 60 a 65% óxido de
Silício (Si02), l Oa 12% de óxido de Alumínio (Alp3),
0,5 a 2 % de óxido de Cálcio (CaO), 0,5 a 1,5% de
óxido ele Magnésio (MgO), 1 a 3% óxido de Lítio
(Lip), 2 a 4% óxido de Sódio (Nap), 12 a 15% óxi-
D Panículas do de Potássio (K,0) e 0,2% óxido de Cério.3 3
cristalinas A matriz de vidro é formada por SiO?, sob a for-
.,_.'--"'. .••-&...JL..llt....o._. l!íl Matriz vilrea
ma de sílica fund ida, 28 a qual possui alto ponto de
fusão. A adição de íons metálicos como os de sódio,
Fig. 1.8 - Microestrutura de uma porcelana odonto- potássio ou c álcio, usualmente na forma de carbona-
lógica.
tos, é responsável pelo aumento da fluidez (redução
Certlmicas Odonro/6gicas - Conceitos e Técnicas
~
1
Capítulo I - Ceramicas Odo1110/6gicas
leucita é geralmente responsável por um aumento da co, dependendo do seu processamento, principal mente
resistência mecânica da cerâmica. 19·22 se forem submetidas a múltiplos ciclos de queima,
Esse efeito de melhoria das propriedades mecâ- podem ser absorvidas pela matriz de vidro, sendo o
nicas da cerâmica demonstrada pela leucita incenti- efeito opalescente modificado ou perdido. Dessa for-
vou o desenvolvimento de sistemas cerâmicos dife- ma, menor número de queimas seria sempre desejado
renciados. como as porcelanas prensadas ou injeta- nessas porcelanas. 9
das. O sistema !PS Empress• (Ivoclar Willians, Arn- O efeito opalescente pode ser também gerado pe-
herst, Y) é um exemplo de material para restaura- la dispersão e refração da luz em inclusões rnicro-
ções de cerâmica pura fortalecido por leucita, com cristalinas de opala, de alguns feldspatos e de quart-
aumentada resistência à flexão. obtido na forma dese- zo na matriz vítrea. A opala, por exemplo, é compos-
jada por meio de uma téc nica de cera perdida e com- ta de partículas de óxido de silício com forma esféri-
pressão da porcelana fundida. 22 ca, onde o espaço entre as partículas é preenchido
A partir da discussão a respeito das fases vítrea e por água. Devido aos diferentes índices de refração
cristalina, propõe-se que a indicação de urna determi- das rnicropartículas, a luz incidente é dispersa de for-
nada porcelana deve ser feita observando-s e o binô- ma que a opala reflita a luz azul. 9
mio estética e resistência. A porcelana indicada para
a confecção de uma faceta laminada mostra-se di-
ferente da indicada para se restaurar um dente pos-
Processa mento
terior. Porcelanas que se apresentam com maior Os materiais dentários cerâmicos são fornecidos
quantidade de fase c ristalina demonstram melhores na forma de pó e líquido (Fig. 1.9). Alguns fabrican-
propriedades mecânicas, sendo, portanto, seleciona- tes pré-sinterizam o pó cerâmico disponibil izando-os
das para a região posterior das arcadas dentárias. sob diversas formas. Podem se apresentar em for-
Em contrapartida, porcelanas que possuem grande ma de blocos a serem usinados, pasti lhas a serem
conteúdo de fase vítrea demonstram melhoradas pro- fundidas e prensadas ou, ainda, na forma de pasta,
priedades ópticas, sendo bem-indicada s para os den- corno alguns opacos.
tes anteriores. A mistura do pó com o líquido, que pode ser água
Os pigmentos são adicionados para conferir dife- destilada ou um líquido específico contendo aditivos,
rentes cores às porcelanas. Geralmente, são óxidos deve ser efetuada sempre sobre urna superfície lim-
metálicos bastante resistentes a altas temperaturas. pa. Após .essa mistura, urna massa úrnida é obtida,
Os principais pigmentos utilizados nas porcelanas são: 24 sendo aplicada por meio de pincéis ou espátulas so-
ti Rosa: compostos por óxido de Cromo-Alumínio bre troquéis refratários, infra-estruturas metálicas ou
e óxido de Cromo-Estanho. cerâmicas. Nesse momento, as massas cerâ micas
ti Amarelo: óxido de Índio, óxido de Zircônio-Va- devem ser condensadas para que sejam produzidas
nádio ou óxido de Estanho. as formas de um dente.
ti Azul: Sais de Cobalto.
ti Verde: óxidos de Cromo.
ti Cinza: óxidos de Ferro e Platina.
O efeito fluorescente pode ser incorporado às
cerâmicas odontológica s pela adição de alguns ele-
mentos. Minerais raros corno Európio, Térbio, Cério
e Ytérbio são freqüentemente usados para esse fim.
Entretanto, a simples combinação desses elementos
pode não ser suficiente para reproduzir a fluorescên-
cia do dente natural. 9·36 Toda cerâmica apresenta certo
grau de fluorescência. Algumas marcas comerciais
dispõe no seu conjunto pó cerâmico específi co para
o efeito fluorescente.
A opalescência nas cerâmicas pode ser obtida
através da adição de partículas subrnicrornétricas de Fig. 1.9 - Micrografia eletrônica de varredura do pó
material opaco aos pós. Essa partícula dispersa na da cerâmica EX-3 (Noritake) num aumento de 150X,
mau·iz víu·ea, após a queima, proporciona o efeito de- na qual pode-se notar a forma e o tamar:iho das paní-
sejado. Entretanto. essas partículas de material opa- culas cerâmicas.
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas
ficantemente reduzida, ocorrendo uma tendência à a resistência de união à resina composta, pois podem
interseção entre os contornos de grãos e ocorrendo alterar o conteúdo de Leucita da porcelana.
um pequeno crescimento do grão. No terceiro está-
gio. ou estágio final, os poros diminuem de tamanho a
um tamanho limite ou desaparecem. Os poros fe- Influência do acabamento de superfície
chados promovem a intersecção dos contornos de
grão.27
na resistência da porcelana
A sinterização das partículas vítreas ocorre de for- O ato de se glazear a porcelana odontológica deve
ma similar à sinterização no estado sólido, com for- ser adequadame nte compreendid o por técnicos e m
mação de "pescoço", difusão de gases e redução de prótese dentária (TPD) e c irurgiões-den tistas (CD).
poros; entretanto, esse processo ocorre de forma mais O g lazeamento tem como principal função o selamen-
rápida e é altamente influenciado pela temperatura. 29 to de poros abe1tos na superfície da porcelana s inte-
À medida que evolui o processo de sinterização rizada.
das partículas, elas se unem em seus pontos de contato. O s glazeamento s odontológico s são compostos
Com a elevação da temperatura, o vidro sinterizado de pós de vidro incolores, aplicados na superfície do
gradualmente escoa. preenc hendo os espaços ocupa- material e, em seguida, queimados para produzir uma
dos pelo ar. Entretanto, uma pequena quantidade de ar supe rfície brilhante.
permanece aprisionada, pois a massa fundida é muito O glazeamento pode ser também obtido através
viscosa para permitir que todo o ar escape, formando do autoglaze ou glaze natural. Para a realização des-
as porosidades. Um modo prático de se promover a se procedimento , a temperatura fi nal de queima deve
redução das porosidades é a queima a vácuo. ser alterada. Algumas po rcelanas recomendam tem-
A queima a vácuo reduz a porosidade. Quando a peraturas ma is altas, entretanto, outras porcelanas
porcelana é colocada no forno, as partículas de pó requerem te mperaturas mais baixas.
estão compactadas com canais de ar ao seu redor. À A superfície da porcelana antes do autoglaze deve
medida que a pressão dentro do forno é reduzida por estar relativamente lisa para promover o glazeamento
volta de um décimo da pressão atmosférica pelo efeito adequado a temperaturas mais baixas. O pré-poli-
da bomba de vácuo, o ar ao redor das partículas é mento com borrachas e lixas antes do glazeamento
também reduzido a esta pressão. À medida que a tem- deve ser e xecutado.
peratura aumenta, as partículas se unem e porosidades É muito impo rtante não queimar em excesso nes-
fechadas são formadas na massa da porcelana. A uma se estágio. D eve-se util izar as temperaturas mais bai-
certa temperatura, o vácuo é liberado, aumentando xas possíveis, prevenindo o arredondame nto da bor-
cerca de I O vezes a pressão no interior do forno. da incisiva e a perda da morfo logia de superfíc ie.
Como a pressão está aumentada, e la comprime a Quando o CD recebe a prótese acabada e vê a
cerâmica e, conseqüentem ente, as porosidades pre- necessidade de novos desgastes na superfície de uma
enchidas por ar. Esse procedimento pro porciona, por- restauração cerâmica para ajuste oclusal, proximal
tanto, uma grande redução no tamanho e na quanti- ou de contorno, um novo glazeamento ou o repolimento
dade de bolhas na estrutura da cerâmica. deve ser executado. Caso isso não ocorra, observa-
A terceira etapa do processo de queima é o res- se aumento da rugosidade de superfície, que, depen-
friamento, caracterizado pela descida do elevador dendo da localização, pode levar a um desgaste
do interior do forno ao ambiente externo, após a sinte- abrasivo do dente adjacente ou antagonista, além de
rização ter sido completada. aumento na retenção de placa bacteriana. Contatos
O processo de queima dever ser sempre efetua- oclusais entre restaurações cerâmicas ajustadas e não
do respeitando-se as recomendaçõ es dos fabrican- glazeadas com esmalte dental ou outras restaurações
tes. Alterações no procedimento de sinterização, tais cerâmicas não são recomendados, pois a ltas taxas
como mudanças na temperatura final de queima, no de desgastes são relatadas, tanto no esmalte quanto
tempo de queima, taxa de e levação da temperatura, nas restaurações cerâmicas antagonistas.
velocidade de entrada no forno, ve locidade de res- O desgaste de restaurações cerâmicas sem o de-
friamento, manutenção na temperatura de queima, vido repolimento ou reglazeamen to pode ta mbém de-
assim como múltiplos ciclos de queima, podem alte - terminar alguma redução da resistência da cerâmica
rar de forma significativa as propriedades do material. pela formação de trincas. As trincas não se distri-
Múltiplos ciclos de queima, por exemplo, podem bue m ou se propagam aleatoriame nte na estrutura
alterar a resistência à flexão, a translucidez, o CETL e do material. Elas ocorrem em pontos de maior con-
CerâmiC(IS Odo111ológic(IS - Conceiios e Técnicas
centração de tensões, como resultado de rugosidade contrário, deve ser extrema mente lisa. A lisura super-
de superfície, por exemplo. fi cial minimiza o desgaste e m dentes adjacentes ou
Muitos pesquisadores e c lín icos consideram in- antagonistas, reduz a penetração de água, reduz a
dispensável o reglazeamento das restaurações cerâ- retenção de placa bacteriana e pigmentos, não im-
micas após ajustes clínicos e antes da cimentação portando qual o tipo de glazeamento ou polimento.
definitiva do trabalho; entretanto, esse procedimento
parece não ser fundamental para o sucesso clínico a
longo prazo. Classificação das Cerâmicas
Inúmeros estudos recentes tê m sugerido que o
polimento da superfície pode ser tão aceitável quan-
Odontológicas
to o glazeamento. Muitos ceramistas preferem o poli-
Vá rias fo rmas de class ificação de cerâmicas
mento ao glazeamento devido à possibilidade de
odontológicas vêm sendo propostas por inúmeros au-
controle do brilho da superfície. A literatura científi-
tores ao longo dos anos. Entretanto não se observa,
ca não é concordante e m relação á redução da resis-
até os dias atuais, uma forma única de classificação
tência de cerâmicas em relação ao seu acabamento
que abrangesse todos os materiais cerâmicos dispo-
de supe rfície. Vários autores consideram que tanto o
níveis ao T PD e CD. Dessa forma, esse capítulo bus-
autoglaze (glaze natural), overglaze (glaze aplicado) cou classificar as cerâmicas odontológicas em rela-
ou apenas polimento podem proporcionar restaura-
ção a três aspectos distintos, possibilitando, assim,
ções cerâmicas com satisfatória resistência a fratu- abordar todos os materiais disponíveis, agrupando-
ras e trincas. A maioria dos trabalhos, entretanto, os de forma simples e didática. Logo, as cerâmicas
mostra que esses três tratamentos de superfície pro- odontológicas podem ser c lassificadas e m re lação à
porcionam resultados semelhantes. composição química, ao processame nto laborato rial
O impoitante a ser entendido é que a superfície e à indicação clínica. Os quadros 1.1 a 1.3 demons-
de uma cerâmica não deve se encontrar rugosa, pelo tram essa classi ficação.
Quadro 1.1 - Classificação das cerâmicas odontológicas de acordo com a composição química (principal compo-
nente da fase cristalina).
Creation®(Creation)
Super EX-3® (Noritake Co.)
Cerabien (Noritake®Co.)
Duceram Plus® (Degussa Dental)
Leucita SymbioCeram® (Degussa Dental)
AllCeram®(Degussa Dental)
Feldspáticas Williams®(Williams)
Vita Omega 900®(Vita Zahnfabrik)
VitaDur Alpha®(Vita Zahnfabrik)
Alto teor de leucita IPS-Empress I® (lvoclar)
Mica Dicor®
Alumina Procera AllCeram®(Noble Biocare)
InCeram®(Vira Zahnfabrik)
Procera AllZircon®(Nobel Biocare)
Zircônia InCeram Zirconia®(Vita Zahnfabrik)
Cercon® (Degussa Dental)
Fluorapatita D'Sign® (Ivoclar)
Dissilicato de Lítio IPS-Empress 2® (lvoclar)
Capí1ulo J - Cerâmicas Odon1ol6gicas
Creation®(Creation)
D 'Sign® (Ivoclar)
DuceramP!us® (Degussa Dental)
Williams®(Williams)
Infra-estruturas Finesse® (Dentsply)
metálicas Super EX-3® (Noritake Co.)
Vita Omega®(Vita Zahnfabrik)
Cobertura T i-22® (Noritake Co.)
Triceram® (Dentauraum)
C reation®(Creation)
Cerabien<8 (Noritake Co.)
CZR<8 (Noritake Co.)
Super EX-3® (Noritake Co.)
Ti-22® (Noritake Co.)
Duceram Plus® (Degudent)
Pó-Líquido/A plicadas (Slip-Cast) SymbioCeram® (Degudent)
AIICeram®(Degudent)
D ' Sign® (Ivoclar)
Williams®(Williams)
Vita Omega 900®(Yita Zahnfabrik)
YitaDur Alpha®(Vita Zahnfabrik)
Finesse® (Dentsply)
Yision-Esthetic® (Woh lwend Dental Manufaktur AG )
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~
1
Eletrodeposição com
Finalidade Protética -
Obtenção de Infra-
estruturas Metálicas
para Coroas e Pontes
Parciais Fixas
V Conceito de Eletrodeposição
v Precipitação do Ouro
V Estimativa de Custo dos Trabalhos em Eletrodeposição
v Precisão de Adaptação
v Mecanismo de Adesão entre o Ouro Galvânico e as
Cerâmicas de Cobertura
V Comprovação Científica
V Casos Clínicos
Eletrod eposiçã o com Finalid ade
Protéti ca - Obten ção de Infra-
estruturas Metálicas para Coroas
e Pontes Parciais Fixas
2
Apesar do constante e exponencial desenvolvi- cerâmica ou outro mate rial sintético, e cimentada ao
mento dos sistemas cerâmicos sem metal, a utiliza- dente utilizando-se cimento fosfato de zinco.•• As in-
ção dos metais em Odontologia ainda ocupa lugar de dicações desse istema podem ser observadas nas
destaque. As infra-estruturas metálicas para coroas figuras 2. 1 a 2.7.
e próteses parciais fixas possuem suas indicações
clínicas. e um substancial período separa o estado da Precipita ção do Ouro
arte atual da sua total substituição pelas infra-estru-
turas cerâmicas. Em princípio, o sistema de ele trodeposição se
Diante dessa afirmação, uma alternativa altamen- constitui de dois e lementos essencia is : da solução
te biocompatível e previsível às infra-estrutur as metá- de ouro e do aparelho de galvanização . Esses compo-
licas confeccionad as pela técnica da cera perdida é nentes devem estar perfeitamente coordenados para
as estruturas em ouro obtidas pe la técnica da eletro- garantir a precipitação controlada de ouro.
deposição.
Solução de ouro
Conceito de Eletrodep osição Um dos e lementos essenciais para a precipita-
ção e letrolítica é a solução de ouro denominada Eco-
A eletrodeposiç ão ou galvanização é uma técni-
lyt SG I 00. Nessa solução, o ouro está presente atra-
ca pela qual infra-estruturas metá licas para coroas e
vés de combinações complexas 3 NH - 2 Au (S0 )
próteses parciais fi xas, obtidas a partir de ouro puro, 4 3
e em forma dissolvida 14 (Fig. 2.8).
são confeccionadas mediante um processo e letroquí-
Em solução aquosa, o complexo utilizado se dis-
mico.2.•.••
socia e m um cátodo num complexo ouro-amina e num
A confecção de trabalhos e m eletrodeposiç ão não
ânion su lfito. O complexo ouro-amina é destruído
requer nenhuma técnica especial de moldagem e ob-
na superfície do cátodo, levando à rápida deposição
tenção de modelos. sendo utilizado rotineiramente ges- de uma fina camada de ouro (Fig. 2.9).
so pedra tipo IV. vertido sobre moldes e m pol iéter ou
A deposição sobre um cátodo com 1,0 cm2 de
siliconas. 2 superfíc ie acarreta na precipitarão de aproximada-
O troquei de gesso obtido é duplicado com sili- mente 28 a 3 1 bilhões de átomos de ouro/segundo.
cona e recoberto com um verniz co nduto r à base de Essa superfíc ie corresponde ao tamanho de um pré-
prata, que induz a precipitação de ouro puro de 24 molar. Essa rápida formação da camada de ouro não
quilates sobre esse troquei. Uma vez concluído o pro- permite uma ideal formação dos grãos cristalinos (Fig.
cesso de galvanização , o mode lo de gesso é dissolvi- 2. 1O), fazendo com que a estrutura de ouro apresen-
do em uma solução diluidora denominada Liquidfor te baixas proprie dades mecânicas. Com a seqüênc ia
Piaste, Dissolution em um aparelho de ultra-som, do processo de eletrodeposiç ão, finas camadas de ou-
dando origem a uma e strutura galvanizada de ouro, ro que vão sendo sobrepostas aumentando a resistên-
com 0,2 mm de espessura (200 µm ) (Figs. 2. 15 a cia da estrutura de ouro em 4 vezes, mostrando valo-
2.24). Essa estrutura é posteriormen te recoberta por res de dureza Yickers de 140 a 160 VHN. 14
~
21
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas
•• -
Fig. 2.1 Fig. 2.2
••
••
t
Fig. 2.5 Fii
Fig. 2.6 XO
Fig. 2.7
Fig. 2.1 - Coroas individua is.
Fig. 2.2 - Onlaysllnlays.
Fig. 2.3 - Ferulizações.
Fig. 2.4 - Pontes parciais fixas.
Fig. 2.5 - Próteses sobre implantes.
Fig. 2.6 - Coroas telescópicas.
Fig. 2. 7 - Bases de próteses totais removíveis .
Capítulo 2 - Eletrodeposição com Finalidade Protética
••
Fig. 2.9 - Dissociação do complexo ele sulfito aúrico-
Oxigênio amônio em um catião de ouro e aniôes de sufito .
Hidrogênio
•• Carbono
Azoto
Enxofre
. Ouro
••••• •••••
•• •••• • ••
•
••• • •
•••• ••••• •••
• Átomo de ouro
Aparelhos de eletrodeposição
Em 1989 surgiu no mercado o primeiro sistema
de eletrodeposição: o GAMMAT (Fig. 2. 12). Esse
aparelho foi substituído no decorrer dos anos por apa-
relhos menores e mais compactos, que efetuavam
precipitações com melhor qualidade. Com o surgi-
mento dos pequenos aparelhos de mesa criou-se um Fig. 2.12
modo mais econômico e racional de trabalhar, o que
possibilitou o uso da técnica de galvanização em pe-
quenos laboratórios dentais. Dois exemplos desses
aparelhos são o GAMMAT free (Fig . 2.13) e o
GAMMAT easy (Fig. 2. 14).
O uso dos aparelhos de eletrodeposição de ouro
para se obterem estruturas metálica incorpora evi-
dentes vantagens como a ausência de toxicidade para
o técnico e a obtenção de uma espessura uniforme
da estrutura metálica. e
Fig. 2.13
e
t,
ti
ti
ç
g
t:
e
µ
Fig. 2.14
Na c línica odontológica da Universidade de Hei- Os valores de adesão e ntre esses dois materiais
delberg, foram realizadas pesquisas sobre a res istên- podem ser melhorados pela aplicação de um adesivo
cia de coroas galvânica s. Os resultados de resistência especial (Galvano Bonder), composto de pó de ce-
ao cisalhamento mostraram valores de 220 Nem co- râmica e pó de ouro (Fig. 2 .25).
roas de incisivos e 297 Nem caninos. Uma vez que as Estudos na interface e ntre o adesivo e a porcela-
forças de mastigação na região dos dentes anteriores na revelam que a sinterização conjunta das partícu-
pode ser considerada em tomo de 100 a 150 N, as las de ouro puro com partículas de porcelana produz
coroas galvânicas se mostram adequadas para uso clí- uma interpenetração e ntre essas, melhorando a re-
nico. 13 tenção da cerâmica.
Foi demonstrado que os valores de resistência
de próteses parciais fixas de três elementos à fra- Importância do adesivo (Galvano
tura, executadas pela técnica de eletrodeposição era
Bonder)
de 1413 ± 291 N .6 Esses resultados são estatistica-
mente superiores aos obtidos em 1990 por Kappert Assim que a eletrodeposição se completa, o fio,
e Knode 10 para próteses parciai fixas em ln-Ceram a prata conduto ra e o troquei duplicado são removi-
( 1163 ± 170 N), Dicor (350 ± 1 1ON) e metaloce râ- dos, restando apenas a estrutura de ouro. Essa estru-
mica (2350 N). Segundo Kõrber e Ludwig, 11 o valor tura é, e ntão, a daptada ao troque i-mestre para a
mínimo de resistência requerida para próteses parci- aplicação .da porcelana.
ais fi xas seria de 1000 N, logo, os trabalhos em e letro- O primeiro passo de trabalho é semelhante ao
deposição possuem uma resistência clinicamente sa- processo metalocerâmico.tradiciona l: limpeza e as-
tisfatória. perização da superfície. A limpeza com jateamento
de óxido de alumínio é o melhor me io para se obter
uma superfície rugosa. A pressão usada no jato não
Mecanismo de Adesão en tre o Ouro deve ser superior a 2 ,0 bar e o tamanho do grão,
menor que 125 µm. Pressão superior aumenta o ris-
Galvânico e as Cerâm icas de
co de deformação da estrutura. O adesivo Galvano
Cobertura Bonder deve ser aplicado com um pincel sobre a
estrutura de ouro li mpa, seco no forno de cerâ mica
Forças de Van der Waals e, em seguida, sinterizado a uma temperatura de
950ºC sem vácuo (Fig. 2.25). D urante o processo de
São ligações químicas fracas, decorrentes da atra- queima, as partículas de ouro se fundem entre as par-
ção e letrostática entre dois átomos, que se aproxi- tículas de cerâmica, abraçando-as.
mam um do outro. Ocorrem devido a formações bipo-
A tempe ratura de queima das partículas de ouro
lares 19·25 e são também descritas como forças de liga-
do adesivo é inferior ao ponto de fusão do ouro da
ção secundá.rias .
estrutura, devido ao tamanho reduzido de suas partí-
Forças de Van der Waals possuem pouca influê n- culas. A composição do adesivo asseg ura uma ínti-
cia direta sobre a intensidade da adesão, mas são im-
ma difusão na e strutura de ouro, formando um a liga-
po11antes na melhora da capacidade de molha mento
ção isenta de gaps e ntre o adesivo e o metal.
da superfície de metal pela massa cerâmica durante
o processo de queima.
Como não se forma uma camada de óxido sobre Comprovação Científica
a superfíc ie do ouro eletrodepositado, a adesão da
porcelana ao metal é somente física, não ocorrendo Devido 11 precipitação da camada de ouro sobre
a ligação química. Dessa forma, a resistê ncia de união o troquei duplicado, coroas com alta precisão de
da porce lana ao metal é d iretamente fortalecida por adaptação e excelente assentamento são obtidas pelo
uma capacidade de molhame nto melhorada, propor- processo de e letrodeposição. Essa afirmação foi com-
cionada pe las de forças de Van der Waals. provada através de estudos comparativos de diferen-
Apesar da ausência da camada de óxidos superfi- tes estruturas efetuados por Hopp 8 e Henriksson7 em
ciais e conseqüentemente da união química entre me- estruturas cobertas por materiais estéticos.
tal e porcelana, a resistência de união dessa inter- Uma alta precisão de adaptação é uma condição
face é confiável. Valores de resistênc ia à fle xão de básica pa ra se obter longevidade do trabalho de pró-
três pontos de 30 N/mm2 fo ram re latados. tese, com mínimo risco de desenvolvimento de !e-
Cerâmicas Odo1110/6gicas - Conceitos e Técnicas
Fig. 2.25
Fig. 2.28
••
Fig. 2.29
'
Cerâmicas Odomológicas - Conceitos e Técnicas
Casos Clínicos
Caso Clínico 1
Fig. 2 .3 7
Capíwlo 2 - Ele11vdeposiçlio com Finalidade P1vtética
Caso Clínico 2
fig. 2.38
Fig. 2.39
Fig. 2.40
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas
Caso Clínico 3
Fig. 2.42
Fig. 2.43
Fig. 2.44
Fig. 2.45
Capítulo 2 - Ele1rodepos1.çao
- com Finalidade Protética
~ oAAwf>,f J ~<vi.-; n!
Cr...t...J)
Fig. 2.46
Fig. 2.47
,
Fig. 2.48
Caso Clínico 4
\- .......~."\ \ ~~
~ :PN'~~~
lt-~
Fig. 2.55
Fig. 2.60
Fig. 2.62
Fig. 2.63
Fig. 2.65
Fig. 2.66
Fig. 2.62 - Aplicação das massas opalescentes.
Fig. 2.63 - Aspecto após a queima.
Fig. 2.64 - Coroas glazeadas posicionadas no mocle·
lo após o acabamento superficial de textura e zonas
de brilho.
Fig. 2.65 - Visão interna elas coroas.
Fig. 2.66 - Coroas após a cimemação.
~
3
Capítulo 2 - Elerrodeposiç(io com Finalidade Protética
Fig. 2.67
39
~
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas
41
i
Sistema s Cerâmi cos sem
Metal
3
Classificação e Evolução dos 1.0 mm. Essas coroas de porcelana aderidas ao me-
tal foram consideradas altamente saúsfatórias do pon-
Sistemas Cerâmicos sem Metal to de vista estético, durante décadas.s
Uma das primeiras alternativas estéticas às pró-
As cerâmicas fazem parte do cotidiano de nos-
teses metalocerâmicas utilizadas foram as coroas de
sas vidas. sendo impossível pensar no mundo sem
jaqueta em cerâmica, que certamente foram, dentre
elas. Comemos em pratos cerâ micos (porcelanas
as restaurações disponíveis, as mais bem-sucedidas
feldspáticas), cortamos com facas cerâmicas (dióxido
do ponto de vista estético. As coroas de jaqueta cerâ-
de Zircônio) e, nos toaletes, encontramos uma gran-
mica foram inicialmente produzidas por Land ( 1886),
de quantidade de louça branca (porcelana feldspáti-
que projetou uma técnica para queimar cerâmicas
ca). Os chips de computador são à base de cerâmi-
sobre uma matriz de platina. 2 •11 A porcelanas dispo-
cas. nossos carros possuem componentes cerâmicos
níveis até então eram de alta fusão e baixa resi tên-
(óxido de Alumínio e dióxido de Zircônio), além de
cia à fratura. A inerente fragilidade dessas porcela-
inúmeras outras aplicações. Finalmente, existe um
nas associada à grande contração de sinterização fi-
tipo especial de cerâmica, utilizada e m Odontologia
zeram com que fosse reduzida a aceitação das co-
e. para tanto. deve satisfazer dois aspectos princi-
roas totalmente cerâmicas. Considerou-se a alta in-
pais: ser ..branca" e translúcida, como os dentes na-
cidê ncia de fraturas das jaquetas cerâmicas como sen-
turais.7·8
do o fator responsável para que essas próteses ficas-
Desapontados com os resultados estéticos pro- sem na obscuridade durante algum tempo. 11
porcionados pelas próteses de resina acrílica, os pro- Durante os anos 60. a porcelana teve suas proprie-
fissionai s voltaram, então, suas atenções para o uso dades melhoradas. Aumentou-se a resistência mecâ-
da cerâmica para a confecção de coroas e próteses nica através do reforço por partículas de aJumina.s A
parciais fixas. Uma das principais críticas feitas às coroa de jaqueta em porcelana aluminizada tornou-
cerâmicas era relativa à sua inerente fratura sob im- se, e ntão, o ponto de referência estético por quase
pactos de baixa intensidade. Por essa razão, tornou- 20 anos.11
se aceita a prática de reforçar coroas e próteses par- Uma outra alternativa às coroas e próteses par-
ciais fixas de cerâmica com superfícies linguais em ciais fixas metalocerâmicas tradicionais foi apresen-
ouro. protegendo com isso todo o corpo da prótese tada por Prince et al.6 Naquele momento, foi intro-
e. principalmente, a borda incisai. Entretanto, esse duzido o conceito das próteses metalocerâmicas com
tipo de prótese sempre acarretava um impasse entre ombro vesúbular cerâmico, ou seja, a borda vesti-
estética e resistência. pois o ouro aparente compro- bular da coroa em cerâmica, não em metal.
metia a estética do trabalho protético. Posteriormen- Com o passar dos anos, o nível de exigência esté-
te. foram desenvolvidas ligas metálicas que permiti- tica aumentou sensivelmente. Considera-se atualmen-
ram a cocção de porcelanas sobre elas. As coroas te que as coroas metalocerâmicas tradicionais exi-
poderiam ser, então, confeccionadas a partir de uma bem ótima resistência; entretanto, as propriedades
infra-estrutura metálica com 0,5 mm de espessura e de luminosidade e transm issão de luz através da
cobertas por uma camada de cerâmica com cerca de prótese são completament e diferentes daquelas
~
4
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas
apresentadas pelos dentes naturais, devido à presen- Os sistemas à base de alumina estão disponíveis
ça da infra-estrutura metálica.3 nas diferentes versões:
As restaurações metalocerâmica incorporam al-
gumas limitações estéticas como a impenetrabilidade V Al2 0 3 sinterizada em um troquei refratário e pos-
da luz na estrutura de metal, alta reflexão da coroa e teriormente infiltrado por vidro (lnCeram, Yita).
da margem cervical. 'º O desej o de melhores pro- V Alp 3 reforçado por óxido de Zircônio (ZrO} sin-
priedades estéticas e de biocompatibilidade levou ao terizada em troquei refratário e posteriormente
desenvolvimento de sistemas cerâmicos que dispen- infiltrado por vidro (lnCeram Zr02, Vita).
sam o uso de metal. V MgAlp4 - Spinell, sinterizada em troquei refra-
Atualmente, diferentes tipos de cerâmicas estão tário e posteriormente infiltrado por vidro (lnCe-
disponíveis para a confecção de restaurações sem me- ram Spinell, Yita, Germany).
tal. Todas estas demonstram valores de resistência V Alp3 modificado por vidro (Cícero, Cícero Den-
superiores às porcelanas convencionais para meta- tal Systems BY).
locerâmica e podem ser classificadas da seguinte ma-
O lnCeram foi a primeira cerâmica de óx ido de
neira:
Alumínio usada na Odontologia. Apesar de exibir
alta resistência e faci lidade de manipulação, seu pro-
V Cerâmicas de óxido de Silício - Si02 (feldspá-
cessamento é muito demorado, e a infra-estrutura é
ticas).
muito opaca, prejudicando a estética na região ante-
V Cerâmicas aluminizadas (Alp).
rior. O InCeram pode ser fornecido em blocos para
V Cerâmicas aluminizadas reforçadas por óxido de
serem usinados, como no sistema Celay (Microna
Zircônio (Zr0 2).
AG) e Cerec (Sirona). O InCeram Spinell possui
V Cerâmicas de óxido de Zircônio (ZrOJ.
resistência ligeiramente inferior ao sistema original,
entretanto demonstra melhor translucidez, sendo por-
Cerâmicas de óxido de Silício (sílica) tanto bem indicado para região anterior das arcadas
dentárias.
Essas cerâmicas podem ser confeccionadas tan-
to pela técnica do pó e líquido quanto por técnicas Sistema Procera AllCeram
de prensagem. Optec HSP (Jeneric/Pentron Inc) é
uma cerâmica de óxido de silício processada em re- Introdução
fratário. Outros exemplos desse tipo de material são
Empress (l voclar AG), Finesse Ali Ceramic (Dentis- Procera AIICeram® consiste em infra-estruturas
ply/Ceramco), Carrara Press (Elephant), Cergo (De- de óxido de Alumínio ou óxido de Zircônio sinteri-
gussa-Dental) e Optec (Jeneric/Pentron Inc). Restau- zados, extremamente compactas, recobertas por uma
rações de óx ido de silício podem também ser obti- cerâmica de coeficiente de expansão térmica compa-
das por usinagem de blocos previamente sinterizados, tível.
como Cerec-System (Sirona AG), DSC Precident As infra-estruturas de Procera AIICeram® são
System (DSC Dental AG) e Digident (Girrbach). Essa confeccionadas pela tecnologia CAD/CAM (Compu-
técnica tornou-se popular com o surgimento do siste- ter-Aided Desing - Computer-Aided Machining), si-
ma Dicor (Dentsply International Inc), o primeiro gla em inglês que significa leitura e manufatura auxi-
sistema totalmente cerâmico cl inicamente aceitável liados por computador (Fig. 3.1).9
e estético. Dicor entrou em desuso, pois novos siste- Após os procedimentos de preparo, confecção de
mas que demonstraram valores de resistência supe- provisórias e moldagem, o cirurgião-dentista obtém
rior surgiram em seguida. troquéis em gesso dos dentes preparados, e os enca-
minha ao laboratório de prótese. No laboratório, o téc-
nico avalia as características dos troquéis, executan-
Cerâmicas à base de óxido de Alumínio do em seguida um recorte específico na linha de tér-
(alumina -Alp) mino (Fig. 3.2 e 3.3). O troquei é, então, posicionado
no holder do scaner para que seja feita sua leitura.
Essas cerâmicas podem ser processadas pela téc- Para o escaneamento, o troquei é posicionado
nica da mistura de pó e líquido, aplicadas com pin- num suporte de leitura rotacional. A ponta da sonda
cel ou usinadas pelo sistema CAD/CAM ou outro do escâner exerce uma pressão extremamente leve,
sistema de desgaste como o Celay (Mikrona AG). em torno de 20 g , que a mantém em contato constan-
Capíwlo 3 - Sis1emas Cerâmicos sem Mewl
"""
45
Cerâmicas Odomo/6gicas - Conceitos e Técnicas
Fig. 3.7 - Conferê ncia do posicionamento adequado Figs. 3 .10 e 3 .11 - União dos 20 pontos determi-
do troquei para a confecção da estrutura em Procera nados.
após o escaneamento.
----~
......
Figs. 3.12 e 3.13 - Ajuste da linha de término. Fig. 3.15
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Figs. 3.14 e 3.15 - Determinação do material e da Fig. 3 .17 - Dados enviados pela Internet para a con-
espessura da infra-estrutura. fecção da infra-estrut ura.
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas
Na unidade de produção, a partir dos dados obti- estrutura de al umina, ainda sob a forma de pó, e troquei
dos pelo escaneamento, um troquei em material refra- refratário é então levado ao forno, onde recebe uma
tário é confeccionado por fresage m, com dimensões queima inicial a 550ºC por I hora, observando-se uma
aumentadas em 20% em relação ao troquei de gesso grande contração do material refratário. A infra-estru-
original, prevendo com isso a contração de sinteri- tura é facil mente removida do troquei refratário, sen-
zação da alumina (Figs. 3. 18 e 3. 19). do levado, então, para a queima final.
Sobre esse troquei refratário, é compactada alu- Durante o processo de sinterização, é confeccio-
mina e m pó com 99,5% de pureza sob pressão de 2 nado um troquei de prova em PYC (Fig. 3.25). Logo
toneladas (Figs. 3.20 e 3.21). Forma-se, então, um blo- após a sinterização da infra-estrutura, a adaptação
co de pó de alumina a ltamente condensado sobre o marginal , a presença de microtrincas e a translucidez
troquei, que é reduzido novamente por fresagem se- são verificadas nesse troquei de prova. Estando es-
guindo-se o desenho determinado no computador, ime- sas variáveis sati sfatórias, o trabalho é, e ntão, envia-
diatamente após o escanearnento. O conjunto infra- do ao laboratório de origem.
~
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal
fig. 3.28
Fig. 3.31
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas
Preparo do dente v' O ponto de contato deve ser rompido com a broca
6878K.O 14. Os desgastes mesial e distal estabele-
O preparo do dente para receber uma coroa ou cerão ombros interproximais mínimos (Fig. 3.39).
retentor de prótese parcial fixa em Procera deve se- v' A superfície oclusal deve ser reduzida em aproxi-
guir os mesmos princípios básicos que se aplicam madamente 2 mm com as brocas 6876K.016 ou
para otimizar a resistência e a estética nas coroas 6876K.021. Nos preparos de dentes posteriores,
totais cerâmicas. sulcos centrais profundos devem ser evitados
Pode ser utilizado o kit Procera para preparos, (Fig. 3.40).
que contém 4 brocas diamantadas que são adequa- v' Três (3) sulcos de orientação de desgaste com
das para desgastes, tanto nos dentes anteriores quan- profundidade 0,8 a 1,5 mm devem ser executa-
to nos posteriores, favorecendo a obtenção de uma dos nas superfícies lingual e vestibular com a
linha de término em chanfro e ângulos internos ar- ponta diamantada 6878K.014 ou 6878K.Ol 6. O
redondados. A terminação em ombro é dispensável, esmalte deve ser removido unindo-se os sulcos
pois não proporciona nenhuma vantagem estética ou de orientação, estabelecendo-se uma redução de
estrutural em relação à terminação em chanfro. Uma tecido dental uniforme e uma linha de término
linha de término em zero grau pode ser escaneada e em chanfro moderado. É importante que o pre-
duplicada, entretanto, não resulta em bons resulta- paro tenha expulsividade adequada, demonstre
dos estéticos. ângulos arredondados e não apresente qualquer
retenção (Fig. 3.4 1).
Preparos em dentes anteriores v' A linha de término em chanfro moderado deve
v' O preparo deve ter uma expulsividade apropria- ser estendida abaixo da margem gengival. Deve
da e forma arredonda, evitando ainda qualquer haver continuidade da linha de término em todo
retenção nas paredes axiais (Fig. 3.32). o preparo, evitando terminações em ângulos vi-
v' O ponto de contato entre dentes adjacentes deve vos. Linha de término em zero grau deve ser evi-
ser rompido com a broca 6878K.314.01 4. Os des- tada. Margens irregulares não permitem uma boa
gastes mesial e distal estabelecerão ombros inter- leitura pelo escâner devem ser portanto regulari-
proximais mínimos (Fig. 3.33). zadas.
v' A supe1f ície incisai deve ser reduzida em 2 a 3 Sugerem-se ainda as brocas 688 l.O 12e6885.012
mm com a broca6878K.314.014ou 687K.314.0 l6 da Komet para o preparo do término cervical (Fig.
(Fig. 3.34). 3.42).
v' Para a redução vestibular, três (3) sulcos de orien-
tação com profundidade de 0,8 a 1,5 mm podem Moldagem
ser fe itos com as brocas diamantadas 6878K.
A moldagem dos dentes preparados para recebe-
314.0 14 ou 016 (Fig. 3 .35)
v' O desgaste lingual/palatino deve ser feito da bor- rem coroas de Procera pode ser efetuada utilizando-
se as siliconas (adição ou condensação) pela técnica
da incisai em direção ao cíngulo com a broca
do reembasamento; ou poliéter, pela técnica docas-
6368.314.023 a uma profundidade de 0,8 a 1,5
mm. A linha de término em chanfro moderado quete. Uma breve descrição desses materiais para
moldagem se mostra importante nesse momento .
pode ser criada com as brocas 6878K.014 ou
Diversas etapas contribuem para o sucesso de um
6878K.016 (Figs. 3.36 e 3.37).
v' Uma pequena extensão subgengival pode ser exe- trabalho restaurador indireto, seja em metal, cerâmi-
ca ou resina. A moldagem envolve um conjunto de
cutada. Um preparo do dente com perfil alto e
fino e com ângulos vivos deve ser sempre evi- operações clínicas executadas com o objetivo de re-
produzir de maneira fiel os detalhes do preparo cavi-
tado.
tário. Entretanto, alguns detalhes importantes preci-
sam ser avaliados durante a obtenção do molde. Após
Preparo dos dentes posteriores a polimerização do material e sua remoção da cavida-
v' Como em qualquer trabalho posterior em porce- de bucal do paciente, no molde será executado um
lana, quanto maior o espaço oclusal, mais natu- vazamento em gesso ou refratário, com o objetivo
ral será a aparência fina l da restauração. Uma de se obterem os modelos de trabalho.
redução oclusal a 2,0 mm atinge esse objetivo Diversos novos materiais para impressão têm sur-
(Fig. 3.38). gido no mercado nos últimos anos, contribuído para
~
Capttulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Mewl
Ua 1,5,nm
dcprofun·
thdade
·-
1.2.,.,_
Fig. 3.39
' Fig. 3.40
Figs. 3.41 e 3.42 - Redução axial e pequena extensão subgengival. Fig. 3.42
Cerâmicas Odontológicas - Conceilos e Técnicas
a obtenção de moldagens unitárias e múltiplas cada ção à moldeira. Para moldar coroas totais pela téc-
vez mais precisas. Porém, para que os melhores resul- nica do casquete, em que uma moldeira individual é
tados sejam alcançados, é importante que o técnico confeccionada para um dente, os polissulfetos ainda
em prótese dentária (TPD) esteja atento a alguns im- são utilizados com freqüência. Apesar de sua baixa
portantes detalhes. Desses, o que mais chama a aten- estabilidade dimensional, gerada pela formação de
ção se refere ao tempo disponível para executar o água (no caso dos polissu lfetos) e álcool (nas sili-
vazamento da moldagem, assim como o número de conas) como subprodutos, os materiais polimerizados
vazamentos que podem ser realizados a partir de um por condensação, assim como todos os elastômeros,
só molde. apresentam excelente poder de cópia. Entretanto,
Os elasrômeros, mais comumente conhecidos co- apresentam como outra desvantagem a possibilidade
mo borrachas, foram e ainda são os materiais para de se executar apenas um vazamento por moldagem.
moldagem mai s utilizados pelos cirurgiões-dentis- Os materiais polimerizados por reação de adi-
tas (CD), seja para preparas parciais (restaurações ção têm como principal vantagem em relação aos
tipo MOO), totais (coroas totais), próteses fixas e polimerizados por condensação o fato de não apre-
removíveis. Os elastômeros, assim como as resinas sentarem a formação de subprodutos voláteis. Desse
compostas odontológicas, tomam presa por uma rea- modo, os materiais apresentam maior estabilidade
ção conhecida como polimerização. Esse processo dimensional, podendo o vazamento dessas moldagens
químico é resultado da união de pequenas moléculas ser retardado em até 7 dias. Fazem parte dessa catego-
denominadas monômeros, que cu lmina na formação ria as siliconas de reação por adição e os poliéteres.
de uma grande cadeia: o polímero. Basicamente, As siliconas de adição são aplicadas às mesmas situa-
podem ser distinguidas duas categorias de elas- ções clínicas em que se poderia empregar as siliconas
tômeros, dependendo de como ocorre o crescimento de condensação, principalmente naquelas condições
da cadeia polimérica: os que tomam presa por reação onde um vazamento imediato não pode ser executado.
de condensação e os que tomam presa por reação de Além das consistências densa (material de moldeira)
adição. A principal diferença reside no fato de como e leve, as siliconas de adição são disponibilizadas
e por quanto tempo o molde será capaz de manter também em consistência regular e pesada de molda-
inalterados os detalhes da área moldada. gem (heavy), em um sistema de automistura. Apesar
Os elastômeros polimerizados por condensação de não se caracterizar a formação de subprodutos,
se caracterizam pela formação de subprodutos de na- nos períodos iniciais após a remoção da moldagem,
tureza volátil, como água e álcool etílico ou metílico. nesses materiais observa-se a liberação de gás hi-
Dessa forma, para reduzir o risco de distorção , é im- drogênio. Desse modo, é recomendável que o vaza-
prescindível que a moldagem seja vazada no máxi- mento não seja executado imediatamente após a
mo em 15 minutos. Por isso, recomenda-se que mol- remoção do material da cavidade bucal, sob o risco
dagens executadas com esses materiais sejam vaza- de aparecimento de bolhas na superfície do gesso. O
das pelo próprio CD ou sua auxiliar, imediatamente ideal é que se aguardem de 30 minutos a 2 horas,
após o procedimento de moldagem. Dessa catego- dependendo do fabricante. Pelo fato de a reação de
ria, fazem parte as siliconas de reação por conden- presa das siliconas de adição ser retardada na presen-
sação e os polissulfetos (ou mercaptanas). As sili- ça de enxofre, recomenda-se que sua manipulação
conas de condensação são disponibilizadas na con- não seja feita com luvas, em função do contato com
sistência pesada (material de moldeira ou "denso") o látex. As siliconas de adição podem ser encontradas
e leve (fluido). São indicadas para moldagens de pre- na forma de cartuchos pré-dosados, em que as pastas
paros para restaurações metálicas fundidas, MODs base e catalisadora são proporcionadas e misturadas
de resina e porcelana, etc. Já os polissulfetos são em uma seringa especial. Os poliéteres são freqüen-
apresentados em duas pastas, base e catalisadora, com temente empregados na consistência regular e, as-
colorações diferentes, porém em uma só consistên- sim como os polissulfetos, são levados à cavidade
cia (regular) e são indicados para moldagens de áre- bucal do paciente em uma moldeira individual de
as e preparos com menor retenção, como coroas to- resina acrílica, devidamente recoberta por uma cama-
tais e rebordo de pacientes edentados. A utilização da de adesivo fornecido pelo fabricante. São indica-
dos polissulfetos envolve a necessidade de confec- dos para as mesmas condições clínicas em que se
ção de uma moldeira individual em resina acrílica, utilizariam os polissulfetos, ou seja, áreas de peque-
sobre a qual será aplicada uma camada de adesivo na retenção (coroas totais, pela técnica do casquete,
específico para permitir que o material tenha reten- e rebordo de pacientes edentados), porém com a van-
~
Capítu/.o 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal
tagem de o vazamento desse molde ser executado Mesmo com a constante preocupação com a pre-
em até 7 dias após sua obtenção. Em função da natu- venção das doenças que afetam a cavidade bucal,
reza hidrofílica do material , não se deve armazenar muitos pacientes ainda são acometidos pela cárie
essas moldagens em ambientes com alta umidade. dent«1ria e doença periodontal, doenças essas que po-
O quadro 3. 1 relaciona as principais categorias dem levar à perda de parte ou até mesmo de todo o
de elastômeros para moldagem, algumas de suas mar- dente. Esse fato faz com que esses pacientes neces-
cas comerciais e como é o desempenho desses mate- sitem de reconstruções protéticas, unitárias ou múl-
riais em relação a algumas propriedades. tiplas, que se utilizam dos cimentos odontológicos
para a fixação na estrutura dental.
Procedimentos de prova e ajustes
O cimento odontológico tem duas, funções prin-
Durante a prova, é importante lembrar que as cipais, a retenção da peça protética e preenchimento
próteses ProceraAIICeram têm adaptação passiva. Isso do espaço entre a restauração e a estrutura dental. 40
significa que nenhuma área da superfície do dente A perfeita inter-relação entre material restaurador,
demonstrará retenção friccionai. Existirá, portanto, um agente cimentante e estrutura dental garante um efeti-
espaço uniforme de 50 a 60 µm entre a infra-estrutu- vo selamento marginal, que pode ser duradouro se
ra e o preparo, que permite um espaço adequado à respeitados os limites descritos na literatura científi-
camada de agente cimentante. Devido à falta de reten- ca para a adaptação marginal.
ção friccionai, os procedimentos de prova e ajustes A adaptação marginal depende de um conjunto
podem mostrar certo grau de dificuldade. Para facili- de fatores, como técnica de preparo dos dentes, mol-
tar esses passos clínicos, recomenda-se que a prótese dagem, procedimentos laboratoriais e do procedimen-
seja assentada com gel de clorexidina ou alginato. to de cimentação. Para restaurações metalocerâmi-
Cimentação cas, é considerada ideal uma adaptação que promo-
va uma linha de cimento de até 50 µm após a cimen-
O principal objetivo da Odontologia restaurado- tação.23 Esses valores são descritos na literatura em
ra é devolver ao dente com perda de estrutura a fun- experiências in vitro, e nos levam a concluir que, se
ção e a estética. todos os procedimentos citados forem executados
Tempo para
execução do Resistência Reprodução
Material Exemplos vazamento ao rasgamento de detalhes Custo
Silon®D, F e C (Dentsply); Imediato,
Coltex/Coltoflax® (Coltene); no máximo
Siliconas de Optosil/Xantopren® (Hereaus em 15 minutos
condensação Kulzer); Speedex® (Coltene); Baixa Boa Médio
Zetaplus/Oranwash8
(Zermack) etc.
Polissulfetos Permelastic®(KERR); Imediato,
Coe-Flex8 (GC lnc. América) no máximo Alta Boa Baixo
em 15 minutos
Presidem® (Coltene); Provil® Pode ser realizado
Siliconas (Heraeus Kulzer); lmprint® em até' 7 dias;
de adição (3M Dental Products); possibilidade de Média Excelente Alto
Express®(3M); Extrude® segundo vaza-
(KERR) etc. mento
Pode ser realizado
Poliéteres lmpregun® F (3M/ESPE). em até 7 dias; pos- Média Excelente Alto
sibilidade de se-
gundo vazamento
Cerâmicas Odontológ icas - Conceitos e Técnicas
com excelência, seria clinicamente possível alcan- Devido a esses fatores descri tos, o uso do cimento
çar tais valores de adaptação. de fosfato de Zinco como cimento provisório possui
Contudo, clinicamente, dificuldades nos procedi- vantagens, tais como melhor estabi lidade da peça e
mentos de preparo, moldagem e manipulação do ci- melhor selamento das margens do trabalho provisó-
mento, assim como a adoção de técnicas laboratoriais rio. Todavia, é importante salientar que esse cimen-
inadequadas, podem levar a valores de adaptação to possui propriedades físicas que comprovam sua
marginal a acima de 100 µm. Considerando a especi- eficácia, quando corretamente utilizado para a fixa-
ficação da American Dental Association (ADA) que ção definitiva; portanto, é necessário alterar a pro-
indica como espessura máxima do fi lme de cimento porção pó/líquido, acrescentando água na mistura
aceito clin icamente o valor 40 µm, até que ponto es- para enfraq uecê-lo e possibilitar a remoção do pro-
taríamos nós, os profissionais da prótese dentária, visório. Primeiramente, é checada a retenção da peça
atingindo um selamento adequado em restaurações sem o cimento, daí se determina quanto se acrescen-
indiretas? ta de água. Quanto mais água se acrescenta, mais
Ainda hoje, o cimento mais utilizado para fi xar fraco o cimento fi ca. A alteração da proporção pó/
restaurações indiretas com infra-estruturas metálicas líquido se dá da seguinte forma; quando se utiliza o
é o cimento de fosfato de zinco, que possui alta re- medidor para 4 gotas de líquido, duas são substituí-
sistência à compressão, faci lidade de manipulação, das por duas gotas de água e manipulada com o pó.
alto tempo de trabalho e custo relativamente baixo . Quando se utiliza o medidor para 3 gotas de líquido,
Mesmo sendo usado há quase 100 anos na Odon- I gota do líquido é substituída por uma gota de água
tologia, esse cimento possui algumas desvantagens e manipuladas com o pó. A consistência deve ser co-
como alta solubilidade no meio bucal e falta de ade- mo uma lama; se esta estiver muito espessa, mais
são à estrutura dental. Entretanto, com o advento das água deve ser acrescentada. Para utilizar esta técni-
restaurações sem metal, principalmente, para coroas ca, é extremamente importante o acabamento corre-
e facetas laminadas, o uso do cimento de fosfato de to do preparo para que microrretenções não dificul-
zinco ficou restrito a próteses fixas extensas com tem a remoção da peça. Outro ponto importante é
infra-estruturas metálicas. que quando núcleos metálicos estão presentes, eles
devem ser lubrificados com vaselina sólida.
e imentação provisória Esta técnica requer cuidados ao ser realizada; por-
tanto é recomendado, primeiramente experimentar a
Existem no mercado cimentos provisórios com manipulação antes de se utilizar na cavidade bucal,
diferentes formul ações, porém basicamente esses a fim de se fami liarizar com a técnica, e lembrar que
cimentos possuem as mesmas propriedades, entre o tempo de trabalho é reduzido, quando comparado
elas baixa resistência à compressão, alta solubi lida- ao da manipulação convencional.
de e uma espessa linha de cimento. Analisando a
importância da restauração provisória que também Cimentação de restaurações estéticas
necessita de selamento adequado, o uso desses ci-
mentos para restaurações de curta duração pode ser Para cimentar restaurações estéticas, alguns au-
extremamente arriscado. Por melhor que sejam con- tores indicam cimentos ionoméricos modifi cados,
feccionadas as restaurações provisórias, essas não que possuem melhores propriedades em compara-
possuem perfeita adaptação marginal nem estabili- ção com os cimentos ionoméricos convencionais.
dade após longa exposição aos fluid os bucais, po- Porém, serão enfocadas nesse momento as caracte-
dendo ocorrer com isso a perda do selamento devi- rísticas dos ci mentos resinosos, que na literatura
do à solubilidade do cimento acompanhada da de- são os mais eficientes para a fixação de restaura-
gradação do material provisório, geralmente a resi- ções sem metal.
na acríl ica. É interessante salientar que os preparos Os ci mentos resinosos são resinas compostas se-
para restaurações indiretas estão, na maioria das melhantes às utilizadas para restaurações diretas e
vezes, localizados em dentina, q ue é mais suscetível indiretas. A diferença principal entre esses materiais
à ocorrência de lesões de cárie recorrentes. Outro são as propriedades de escoamento dos agentes de
problema relacionado à degradação marginal das cimentação resinosos, que fac ilitam o assentamento
restaurações provisórias é a agressão aos tecidos da peça.
periodontais, que dificultam as técnicas de moldagem Basicamente, os cimentos resinosos são compos-
e cimentação. tos, como toda resina composta, de uma fase orgâni-
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal
bre toda a coroa clínica denomina-se coroa total. '1 Infra-estruturas de Procera AllZircon
Para a utilização em coroas unitárias, as infra-
estruturas de Procera AIICeram podem ser confeccio- Coroas unitárias podem ser também reabil itadas
nadas nas espessuras 0,4 e 0,6 mm . com infra-estruturas Procera Al/Zirkon. Esse mate-
As infra-estruturas de 0,4 mm de espessura pos- rial requer preparos dentais com as mesma s caracte-
suem grande translucidez. Permitem uma passagem rísticas do Procera AIICeram, sendo os procedimen-
da luz 35% maior que as de 0,6 mm. entretanto, de- tos de escaneamento executados de forma idêntica.
monstram resistência 30% menor. São indicadas para Devido à superior resistência à flexão, da ordem de
dentes com vitalidade pulpar sem descolorações e 1200 MPa, são indicadas para os caninos e os dentes
dentes com alto valor, que sofreram clareamento. Po- posteriores. Podem ser indicados para dentes anterio-
dem ser utilizadas desde os incisivos até os segundo res, podendo ser encontradas maiores d ificuldades
pré-molares. Uma outra importante indicação da para obtenção da cor selecionada, assim como a trans-
infra-estrutura de 0,4 mm é na reabilitação de incisi- lucidez incisai, devido a essas infra-estruturas possuí-
vos inferiores, devido ao pequeno diâmetro mesio- rem marcante coloração esbranqu içada. A figura
distal desses dentes. Podem ser confeccionados em 3.438 moso·a, à esquerda, uma estrutura de AI IZir-
duas cores: branco (indicados para dentes c lareados) con e, à direita, uma estrutura deAIICeram (alumina).
e "transparente" (indicados para dentes com vitali-
dade pulpar sem descoloração).
As estruturas com 0,6 mm de espessura possu-
em maior capacidade de mascaramento, são indica-
das para eso·utura dental manchada ou núcleos me-
tálicos fundidos, sendo de suma importância que o
cirurgião-dentista informe ao laboratório as caracte-
rísticas do preparo, visando a escolha da infra-estru-
tura mais adequada (0,4 ou 0,6 mm).
Para a reconstrução de preparas curtos, infra-estru-
turas personalizadas com espessuras variadas podem
ser obtidos ao·avés da técnica de escaneamento duplo
no sistema Procera. Essas infra-estruturas proporcio-
nam uma espessura uniforme de cerâmica a ser aplica-
da sobre a infra-estrutura, evitando, com isso, uma con-
tração diferenciada da cerâmica durante a queima, bene- Fig. 3.43B - Infra-estruturas em AllZircon e All-
ficiando a estética e principalmente a resistência. Ceram.
Cerâmicas Odo1110/6gicas - Conceiros e Técnicas
Fig. 3.46
Fig. 3 .49
Fig. 3.50
Provisórios
O sucesso da prótese defin iti va está diretamente
relacionada à qualidade das restaurações provisórias.
Os provisórios promovem proteção do tecido pulpar
e manute nção do tecido gengival, da função oclusal
e da estética.
Uma prótese parcial fixa provisória com adapta-
ção marginal adequada deve ser confeccionada, en-
quanto a prótese definitiva estiver sendo e laborada,
de forma a assegurar a manutenção das condições
planejadas. Esse procedimento previne modifi cações
nos tecidos moles e na posição dos dentes pilares,
permitindo, assim, um assentamento adequado da
peça protética no momento da cimentação.
O caso clínico 2 ilustra a confecção de uma pró-
tese parcial fixa em Procera, desde o planejamento
da prótese provisória até a c imentação da prótese de-
Fig. 3.52 - Kit de pônticos pré-escaneados. finitiva.
Ca,,íwlo 3 - Sis1emas Cerâmicos sem Mewl
Fig. 3.53
Fig. 3.54
Fig. 3.67
Fig. 3.69
Cerâmicas Odomológicas - Conceitos e Técnicas
Fig. 3.76
Fig. 3.77
Fig. 3.78
Fig. 3.79
Fig. 3 .80
Fig. 3.81
Seleção de cor
Fig. 3 .86
Prova da prótese parcial fixa após a fíc ies devem ser polidas. Se a união for exposta
aplicação da cerâmica de cobertura durante essas modificações, e la dever ser glazeada
ou reque imada.
Durante os procedimentos de prova, a prótese Após a fi na lização da prótese parcial fixa , nun-
parcia l fix a de Procera deve de monstrar adaptação ca deve ser utilizada a cimentação provisória, pois
passiva. Caso isso não ocorra, tensões serão induzidas no ato da remoção da ponte executa-se uma força no
na região de solda durante os procedimentos de assen- sentido contrário ao travamento da conexão entre
tamento e c imentação. p ilares e pôntico, com risco de rompimento da sol-
Durante a fa se de ajuste oc lusal, uma fin a cama- da. Um outro aspecto é que se torna e xtremamente
da de alginato pode ser utilizada para a cime ntação difícil a remoção do c imento da superfíc ie inte rna
provisória da ponte, devido à pouca capacidade reten- do infra-estrutura, devido ao e mbricamento do c i-
tiva. Essa manobra facilita bastante os ajustes oc lu- mento com as irregularidades presentes na superfí-
sais e proximais. A pós qualquer desgaste, as super- c ie interna da infra-estrutura.
Fig. 3.101
Fig. 3.102
~
7
Cerâmicas Odo1110/6gicas - Conceitos e Técnicas
Fig. 3.104
Fig. 3 .107
1111!!!!!!!!!!!
fig. 3.108
Fig. 3.110
Figs. 3.108 a 3.110 - Aspecto da paciente antes e
depois do tratamento .
Fig. 3.111
Fig. 3.112
Fig. 3.113
da Fig.
Figs. 3.111 e 3.112 - Três diferentes tipos de preparos para facetas laminadas em cerâmica. O preparo
tipo lente de contato, se mostra bastante conservador, preservando toda a face palatina e portanto a guia de
3.111,
desoclusão anterior. Entretanto, esse preparo apresenta limitações na modificação da forma, cor e translucidez
sobre
incisai dos dentes preparados. A figura 3.112 é o exemplo do clássico preparo para facetas em cerâmica
para face tas em procera, esse preparo promove a cobertura da borda
refra tário, sendo também o mais indicado
incisai (envelopamento incisai) possibilitando ao ceramista trabalhar a profundidade da translucidez e opalescência
incisai.
Fig. 3.113- Apresenta um preparo com cobertura da borda incisai , estendendo-se pela face
palatina. Esse prepa-
restaura-
ro pode ser indicado em função da necessidade de incorporar ao preparo faces do dente que possuem
é indicado
ções em resi na composta ou cimento de polialcenoato de vidro (ionômero de vidro). Esse preparo não
para faceta em procera AIICeram, devido à extensão na face palatina.
Fig. 3.114 - Caso clínico inicial, coroas provisórias Fig. 3.115 - Seleção de cor.
nos dentes 11, 12, 13, 21 , 22, 23.
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal
"'~A
D
Fig. 3.116
Fig. 3 .ll8
Fig. 3.119
Fig. 3.120
Fig. 3.124
Fig. 3.126
~
77
Cerâmicas Odo111016gicas - Conceitos e Técnicas
Fig. 3 .129
Fig. 3.130
Fig. 3.131
Fig. 3 .132
Capíwlo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Mewl
Caso Clínico 5
Fig. 3 .143
Fig. 3.145
Fig. 3 .146
Fig. 3 .147
Fig. 3 .148
(f
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal
Fig. 3 .160A
Fig. 3 .153 - Pilar em Alumina, Replace Select com encaixe interno em metal.
Fig. 3.154 - Pilar em Zircõnia, Replace Select com encaixe interno em metal.
Fig. 3.155 - Modelo ele trabalho.
Fig. 3. 156 - Reprodução cio enceramento em resina acrílica.
Fig. 3.157 - Modelo para ser escaneaclo na unidade Suécia (Kars kolga) .
Fig. 3 .158A - Prôtese Procera Implant Bridge.
Fig. 3.1588 - Observar o assentamento ela infra-estrutura metálica nos implantes.
Figs. 3.159A e 8 - Borrachas Rl 7DG (Eve Diapol), L26DG (Eve Diapol) e SD-61 (Meister Point Ceramist Mate Noritake).
Fig. 3.160A - Seqüência ele três micrografias eletrônicas ele varredura nos aumentos ele 150X, 500X e 1500X mostran-
do a interface ent re a infra -estrutura ele Procera Alumina e a cerâmica ele cobertura Cerabien (Noritake) . Pode-se notar
o íntimo contato entre as duas cerâmicas criado pelas sinterizaçâo ela cerâmica Cerabien entre as micro-retenções dos
cristais de Alumina da infra -estrutura.
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal
na composta ou de porcelana tipo Super Porcelain neutra. O Shade Base desempenha, portanto, o pa-
Noritake Tl-22. Os procedimentos clínicos são iguais pel de base para a cor selecionada.
aos utilizados para a confecção das próteses conven- Nas infra-estruturas In-Ceram Alumina, Spinell
cionais, sendo, entretanto, os procedimentos de pro- e Zircônia, a primeira camada a plicada deve ser de
va e soldagem eliminados, proporcionando com isso M Clear, pois essas estruturas possuem uma carac-
economia de tempo e dinheiro. terística superfi cial porosa e opaca. A massa da cerâ-
mica M Clear, além de melhorar a adesão da cerâ-
Ajustes e acabamento das infra-estruturas de mica às infra-estruturas, minimiza esse aspecto poro-
Alumina e Zircônia so e opaco, proporcionando uma prótese com maior
efeito de profundidade de cor e translucidez.
Para esses procedimentos, deve ser utilizada refri-
Para a aplicação da cerâmica Cerabien sobre infra-
geração intensa durante o uso de brocas diamantadas.
estruturas de Procera, sugere-se a seqüência a seguir:
Uma segunda opção é utilizar borrachas Rl 7DG
(EVE DIAPOL), L26DG (EVE DIAPOL) ou SD-6 l
(Meister Point Ceramist Mate Noritake) sob 15000
v Aplicações e queima da cerâmica Shade Base.
rpm (Figs. 3. l 59A e B). v Aplicação e queima de massas modificadoras de
dentina, massas de dentina, incisais e transparen-
Cerâmica de cobertura tes.
Para que as coroas e pontes em cerâmica sem v Se necessário, recortar mamelos dentinários in-
metal apresentem estética, lisura e acabamento su- ternos.
perficial, além de baixo potencial de desgaste dos
dentes antagonistas, é necessário que recebam a apli-
v Aplicação e queima de pintura interna no senti-
do horizontal.
cação de uma cerâmica de cobe rtura.
As infra-estruturas cerâmicas à base de alumina, v Aplicação de queima de pintura interna no senti-
e podem ser recobertas pelas cerâmicas Yitadur Alfa do vertical.
(Yita Zahnfabrik), All-Ceram (Degussa), Cerabien v Aplicação e queima das cerâmicas opalescentes.
(Noritake) ou Creation AV (Creation). Devido à se-
melhança no CETL, essas cerâmicas são adequadas v Acabamentos e correção morfológica.
para serem usadas sobre as infra-estruturas de InCe- v Limpeza da peça.
ram e Procera, demonstrando e xcele ntes resultados
estéticos e funcionais.
v Glazeamento.
No caso da cerâmica Cerabien (Noritake Co.)
deve ser estabelecida uma pequena diferença na se- Para aplicar a cerâmica Cerabie n sobre infra-es-
qüência inicial de apl icação. A primeira camada truturas de ln-Ceram , sugere- se a seqüência seguinte:
aplicada sobre a infra-estrutura do Procera deve ser
de Shade Base, pois essas estruturas apresentam cor v Aplicação e queima da cerâmica M Clear.
v Aplicação e queima de massas modificadoras de
dentina, massas de dentina, incisas e transpa-
rentes.
v Se necessário, recortar mamelos dentinários in-
ternos.
v Aplicação e queima de pintura interna no senti-
do horizontal.
v Aplicação e queima de pintura interna no senti-
do vertical.
v Aplicação e queima das cerâmicas opalescentes.
v Acabamentos e correção morfológica.
Caso Clínico 6
Fig. 3 .161
Fig. 3.165
Fig. 3. 166
Fig. 3 .161 - Caso clínico inicial, onde os <lemes
11, 21, 22 apresenta m facetas diretas em resina
composta.
Fig. 3.162 - Preparos protéticos dos <lemes 12,
11, 21 , 22 para receber coroas em Procera.
Fig. 3.163- lnfra-estruturas posicio nadas no mo-
delo de trabalho .
Fig. 3.164 - Aplicação de massas modificadoras
de dentina, massas de demina e camadas interpos-
tas de massas incisais.
Fig. 3.165 - Após a aplicação de massas opales-
centes e o acabamento superficial, observa-se o as-
pecto após o glazeamento.
Figs. 3 .166 e 3 .167 - Caso clínico fi nalizado após
a cimentação adesiva. Fig. 3. 167
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal
Caso Clínico 7
Fig. 3.171
Fig. 3 .172
Fig. 3.173
Fig. 3.174
Caso Clínico 8
Fig. 3.176
Fig. 3 .177
Fig. 3.178
Cerâmicas Odo111ológicas - Conceitos e Técnicas
Fig. 3.180
Fig. 3.181
Fig. 3 .182
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal
Caso Clínico 9
Fig. 3.185
Caso Clínico 1O
Fig. 3 .189 - Caso clínico inicial, onde a paciente apresentava coroa metalocerâ-
mica no dente 12 e facetas diretas em resina composta nos dentes 11, 21, 22.
Fig. 3 .190 - Preparas adequados para receber infra-estruturas em Procera.
Fig. 3 .191 - Coroas provisórias imediatas.
Fig. 3.1 92 - Seleção de cor.
Fig. 3.193 - Infra-estruturas posicionadas no modelo de traba lho.
Figs . 3.194 e 3.195 - Aplicação de massas de dentinas e massas incisais.
Fig. 3.196 - Aspecto após a queima.
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal
Fig. 3 .205
Fig. 3.206
Cerâmica de cobertura para Procera O quadro 3.3 demonstra os valores de CET L das
AllZircon cerâmicas Noritake.
As in fra-estruturas de Procera AIIZirkon apre-
sentam uma cor branca, com a lto valor. Uma manei-
ra de se e li minar esse efeito é através da execução
As infra-estruturas de óxido de Zircônio Procera de u m ombro vestibular e m CZR, proporcionando
AIIZircon só podem ser cobertas pela cerâmica CZR uma aparência bastante natural nas margens.
(Noritake Co.). devido à semelhança do CET L. A A técnica de aplicação para as cerâmicas Cera-
seqüência de apl icação da cerâmica CZR é similar à bien e CZR é semelhante à descrita no cap ítulo 5
aplicação da cerâmica Cerabien sobre infra-estrutu- para a cerâmica EX-3 utilizada so bre infra-estrutu-
ras de Procera AIICeram. ras metálicas.
Quadro 3.3 - Comparação dos CETL entre diferentes infra-estruturas e as respecti vas cerâmicas de cobertura.
Caso Clínico 11
Fig. 3.216
Fig. 3.217
Capítulo 3 - Sistemas Cerâmicos sem Metal
Fig. 3.218
Fig. 3 .219
Fig. 3.220
\
Cerâm icas Odontológicas - Conceitos e Técnicas
Caso Clínico 12
Fig. 3 .221
Fig. 3 .222
Fig. 3 .223
Fig. 3.226
=
99
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas
-
v'
Determinação da
Morfologia dos
Dentes Naturais: Cor
Forma ~ Textura
/
As três dimensões das cores
coroa, o valor deve ser medido com bastante crité-
Um dos principais objetivos da Odontologia esté- rio. Distingue as cores claras das escuras e é inde-
tica é o de restaurar a cor e a aparência da dentição pendente do matiz.
natural. Para que isso possa ser feito, é necessária O croma representa o grau de saturação do ma-
uma compreensão básica a respeito das cores. tiz. Quanto maior croma ou saturação, mais intensa
A luz é uma radiação eletromagnética que pode será a cor.
ser detectada pelo olho humano nos comprimentos As dimensões croma e valor, apesar de serem
de onda de aproximadamente 400a 700 nanômetros. independentes, nas porcelanas odontológicas são tra-
Para que um objeto seja visível, ele deve refletir ou balhadas em conjunto. Nas escalas tipo Yita Lumi-
transmitir a luz incidente de uma fonte externa den- num (Yita Zahnfabrik), sempre que se aumenta o
tro desse espectro, e nas suas três propriedades, ma- croma dentro de um matiz o valor é reduzido.
tiz, croma e valor. 1 O ideal seria que fosse possível aumentar ou
O matiz descreve a cor dominante de um objeto, diminuir o croma de um matiz, sem que fosse alte-
por exemplo o vermelho, verde ou azul. Isso se refe- rado o valor. Entretanto, o que ocorre com mais
re ao comprimento de onda específico dentro do es- freqüência é a necessidade de alterar o valor, sem
pectro da luz visível. modificar o croma, como exemplo, quando se dese-
O valor ou lu minosidade se refere à quantidade ja criar zonas mais luminosas em um dente.
de cinza e branco presente no matiz. Para um obj eto Durante a tomada de cor, pode-se relacionar ma-
ser capaz de refletir a luz como um dente ou uma tiz, croma e valor, de acordo com a o quadro 4.2.
Capítulo 4 - Determinação da Mo,fologia dos Dentes Naturais: Cor - Forma - Textura
Consultório Laboratório
Preparo protético no
modelo de estudo
Confecção dos provisórios imediatos
I Aplicação de cerâmica
Acabamento e glazearnento
Cimentação
Cerâm icas Odontológicas - Conceitos e Técnicas
Propriedades ópticas dos dentes naturais Dentes naturais são capazes de. através de pa-
râmetros adicionais como fluorescência e opales-
cência, influenciar a percepção de cores simples,
Translucidez, opalescência e fluorescência cr iando relações complexas de cores. Por essa ra-
A dificuldade na obtenção de uma restauração zão, os dentes possuem natural idade ern qualquer tipo
cerâmica com características estéticas e bem próxi- de luz, enquanto os materiais cerâmicos tradicionais
mas à dentição humana levou ao aprofundamento do possuem, por vezes, aparência sem vida e apática. 14
estudo dos efeitos ópticos de refração e reflexão da Foi demonstrado que o dente natural emite urna
luz no dente natural e a observação de fenômenos forte fluorescência sob a ação. de raios ultravioleta.
como rranslucidez, fluorescência e opalescência. Essa "----Essa radiação, invisível ao olho humano, está intensa-
nova abordagem proporcionou a obtenção de me- mente presente na luz do dia. Dessa forma. os den-
lhores resultados através de materiais que buscam tes absorvem esses raios invisíveis e os refletem como
reproduzir característ icas ópticas semelhantes às do uma luz branca visível, se tornado mais brancos e
dente natural. 7 brilhantes. É a fluorescência, vi ndo do i nterior, que
A translucidez de um dente varia de indivíduo para dá ao dente natural o aspecto vivo. 4
indivíduo. e num mesmo indivíduo, de acordo com a Devido à alta fluorescência presente na dentina,
sua idade. É um parâmetro difíci l de ser analisado os dentes naturais geralmente possuem alto valor de
transmitido ao TPD. pois as escalas de cor não pos- luminosidade. A influência da fluorescência pode ser
suem variações de translucidez, considerando-se so- mais bem v ista nas regiões incisai e cervical, em di-
mente um grau de translucidez padrão. reção à gengiva.
A translucidez dos dentes foi estudada por Sé- Nos dentes naturais, os efeitos incisais são produ-
kine.'° e dividida em três classes, de acordo com o zidos pela opalescência do esmalte dental (Figs. 4.1 5
quadro 4.3. e 4 . 16). Devido a esse efeito, quando a luz se modifi-
As figuras 4.12 a 4 . 14 demonstram respectiva- ca, modifica-se também a cor. Os inúmeros e comple-
mente translucidez dos tipos A, B e C. xos efeitos de cor (azul , amarelo. âmbar, laranja) são
produzidos pela interação entre luz incidente, esmal-
te e dentina 14 (Fig. 4.1 7 A).
Quadro 4.3 - Classificação dos graus de translucidcz Quando a fonte de luz i ncide frontalmente no
dos dentes. de acordo com Sékine et ai.'º dente, a região incisai reflete os comprimentos de
onda azul/branco. Se a luz provém da região palatina
Tipo A Dentes que apresentam pouca ou nenhu- ou incide de forma oblíqua em direção ao observa-
ma translucidez. Quando presente, en- dor, o dente transm ite comprimentos de onda laranja/
contra-se distribuída sobre toda a su- 14
amarelo. Essa afirmação é demonstrada pelas fi-
perfície do dentes. guras 4. l 78 e C.
TipoB Dentes que apresentam translucidez so- Para a fluorescência, a dentina é essencial. Para
mente na região incisai. a opalescência, o esmalte tem fundamental impor-
tância. É devido à sua estrutura prismática. formado
TipoC Dentes que apresentam transl ucidez nas
pelos cristais de hidroxiapatita, que ocorre a decom-
regiões incisai e proximal. Na borda
posição da luz em variadas nuances de opalescên-
incisai, pode gerar um efeito de halo.
cia.
107
Cerâmicas Odo11tol6gicas - Conceitos e Técnicas
Fig. 4.12
Fig. 4.13
Capí111/o 4 - Determinaçüo da Morfologia dos De111es Nat11rais: Cor - Fom1a - Text11ra
Fig. 4.15
fig. 4.16
~
109
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas
Escalas de cor
Atualmente, o mercado dispõe de varias escalas
de cores, como Yita Lumin Yacuum (Yita Zahnfa-
brik), 3D Master (Yita Zahnfabrik), Chromascop
(lvoclar), Noritake Shade Guide (Noritake Co). Pare-
ce óbvia a afirmativa de que um sistema cerâmico
deve ser uti lizado em associação com sua respectiva
escala de cor, mas isso nem sempre ocorre entre o
CD e TPD. Uma seleção da cor A2 executada com
a escala Yita Lumin Yacuum pode não ser bem-su-
cedida na aplicação de uma cerâmica não perten-
cente a esse fabricante. A fi gura 4.18 compara a cor
A2 de duas diferentes escalas.
Para as porcelanas EX-3, Cerabien, Cerabien
CZR e Ti-22, por exemplo, tem sido recomendada a
utilização da escala própria (Fig. 4.19). Essa escala
possui maior variedade de cores, que variam do AO,
A 1, A 1,5, A2, A2,5, A3, A3 ,5, A4, BO, B l , B2, B3.
B4, Cl , C2, C3, C4, D2, D3, D4, divididas em grupos
de cores da seguinte forma:
v' Grupo A - grupo do marrom
v' Grupo B - grupo do amarelo
v' Grupo C - grupo do cinza
V Grupo D - grupo do rosa acinzentado
Fig. 4.24
Fig. 4 .25
Figs. 4.20 e 4 .21 - Variação de luz ocorrida durante o dia, pela manhã (Fig. 4.20) e ao e ntardecer (Fig. 4.21).
Fig. 4.22 - Local com ilumi nação adequada para realizar a seleção de cor.
Fig. 4 .23 - O TPD deve adotar alguns procedimentos ao lidar com o paciente. Uma substãncia degermante para
desinfectar as mãos, assim como toalhas de papel descartáveis, são fundamentais. O uso de luvas e máscaras
descartáveis são também importantes para proteção tanto do paciente quanto do TPD.
Figs. 4.24 e 4.25 - Local adequado para a aplicação de cerâmica, elo ponto ele vista ela aparelhagem, iluminação
artificial e funcionalidade.
~
1 2
Caf)ítulo 4 - Determinaç<io da Mo,fologia dos De111es Naturais: Cor - Forma - Textura
Fig. 4.27
Fig. 4.28
Fig. 4.29
ETAfA j_
Fig. 4.31
~
1 5
Cerâmicas Odontológ,cas
- Conceitos e Técnicas
Fig.
re atadas
Fig.4.32 --
4.:2~-~=A==.,~=~---------------------~--
s caracterizaç-oes a serem idenr·r· d
d.
I- 110
,agrama de - i ica as e
zaçao específica. cor Lem geralmente locali-
~
Capítulo 4 - Determinaçtio da Mo1folog ia dos Demes Na111rais: Cor- Forma - Tex111ra
Fig. 4.33
~~""
I TM°"' ~ Ji,,r.l,~
~ u, f~lc.f'l. '""'4r-aa)
Fig. 4.38
Fig. 4.39
Fig. 4.38 - Diagrama de cor.
Fig. 4.39 - Equipamento sugerido para obtenção
das fo tografias em slides.
Cerâmicas Odo1110/6gicas- Conceitos e Técnicas
M uitos profissionais consideram alto o custo da sua dominância no sorriso e suporte labial. Esses
utilização de slides na comunicação com o laborató- dentes são muito importantes na fonética e articulação
rio. Esse c usto pode ser reduzido pela compra de um das palavras.
rolo completo de fil me, e a solicitação de seu re- A face vestibular dos incisivos centrais superio-
bobinamento em filmes de 1Oposes no máximo. Des- res é convexa, geralmente mostrando três inclina-
sa forma, pode ser evitado o desperdício no momen- ções nítidas (Fig. 4.43).
to da revelação. Os ângulos formados pela borda incisai e as su-
O uso de slides com boa qualidade de forma or- perfícies proximais são assimétricos. O ângulo mesio-
ganizada e inte ligente permite a obtenção de altos incisal é próximo de 90°, e nquanto o distoincisal é
índ ices de sucesso, com plena satisfação por parte mais arredondado, formando um ângulo obtuso.
dos CD e pacientes e, ainda, torna a distância e ntre o Os incisivos centrais superio res são maiores que
CD e o T PD tão curta quanto aquela que o dedo os laterais, tanto em comprimento q uanto em largura.
indicador percorre para acionar o disparador da má- A largura mesiodistal do incisivo central superior
quina fotográfica. Uma o utra alternativa de comuni- geralmente corresponde à somatória do diâmetro
cação pode ser estabelecida através da confecção mesiodistal do incisivo central inferior com a metade
de uma escala individua lizada (Fig . 4.40). A trans- do incisivo lateral inferior. E sse fato pode ser consi-
missão de informações de caracterizações observa- derado uma referência prática para se determinar a
das em um dente no consultório odontológico pelo CD, largura do incisivo central superior a partir dos den-
pode ser também feita ao laboratório através do siste- tes inferiores (Figs. 4.53 e 4.54).65· 11
ma Orbite (GC), e consiste na pintura extrínseca da
prótese cerâmica com corantes fotopo limerizáveis Incisivo lateral superior
durante os procedimentos de prova (Figs. 4.41 e 4.42).
Os incisivos laterais superiores (Fig. 4.46A) são
menores que os centrais em todas as dimensões, e
Anatomia dos Dentes Naturais apresentam grande variabilidade de forma. De acordo
com Chiche e Pinalt,3os incisivos centrais são, na sua
O segundo fator que deve ser de conhecimento
maioria, semelhantes, podendo apresentar assimetrias
tanto de CD q ua ndo dos TPD diz respeito à anato-
discretas. Já os incisivos laterais são notadamente as-
mia dos dentes.
simétricos em forma e em posição, enquanto os cani-
nos são geralmente assimétricos apenas em posição.
Introdução à anatomia dos dentes O s ângulos incisivoproximais são mais regula-
anteriores res e arredondados que nos inci sivos centrais, sen-
do essa caracte rística mai s marcante no ângulo dis-
Todos os dentes anteriores se desenvolvem a par- toincisal.
tir de 4 lóbulos, sendo 3 vestibulares e 1 palatino/ O zênite, ponto mais apical do contorno gengival,
lingual, chamado cíngulo. Os três lóbulos vestibula- nos inc isivos late ra is supe rio res localiza-se mais
res são separados por duas depressões ou sulcos ver- freqüentemente ao longo e ixo do dente, enquanto nos
tic ais. Esses sulcos são mais profundos no terço inci- incisivos centrais e nos caninos encontra-se desloca-
sai, ma is rasos no terço médio, e tende m a desapa- do para distal (Figs. 4.468 e C).6.s. 11
recer no terço cervical. Essas depressões ajudam a
quebrar a luz refletida pela superfíc ie vestibular, e Canino superior
são importantes fatores para que restaurações ante rio-
res tenham aparência natural. A borda incisai nos den- É o mais resistente e longo de todos os dentes.
tes recém-erupc ionados demonstram três e levações Tem função mastigatória de perfuração e dilaceração
arredondadas chamadas ma me lões.6·5· 1' dos alimentos (Figs. 4.47 A e B). U m importante pa-
pe l dos can inos é controlar a largura do sorriso, pois
fecha parte do corredor bucal. A inclinação vesti-
Incisivos centrais superiores
bulopalatina dos caninos pode ser ligeiramente as-
O s incisivos centrais superiores podem ser simé- simétrica e os ângulos proximais são obtusos. Existe
tricos, e ntretanto, não é desejável q ue sej am idênti- assimetria, entre as metades mesial e distal, sendo
cos. Além da apreensão do alimento, esses de ntes essa última mais volumosa. Durante o sorriso, a por-
têm função mastigatória de cisalhamento e corte. Pos- ção mesiovesti bular é bastante aparente, sendo a dis-
sue m também g rande infl uência na e stética devido à tovestibular pouco notada (Figs. 4.48A e B).
~
Capí111/o 4 - De1er111inaçcio da Mo,fo/ogia dos Den1es Naturais: Cor - Forma - Texiura
O grupo dos dentes anteriores inferiores possui Anatomia dos dentes posteriores
também um importante papel na estética, pri ncipal-
mente na população idosa, onde esses de ntes setor- Pré-molares
nam bastante aparentes devido à q ueda do lábio in-
Os pré-molares pode m ser comparados aos cani-
ferior.
nos. A principal diferença é que nos pré-molares ocor-
Os incisivos inferiores possuem a superfície ves-
re u o desenvolvimento do cíngulo, gerando a cúspide
tibular praticamente plana. Demonstram maior diâ-
palatina/lingual. O a umento do tamanho desse lóbulo
metro vestibulo lingual do q ue mesiodistal e os ângu-
fez com que se desenvolvessem também as cristas
los inc isivoproximais praticamente retos (90°). O in-
marginais.
cisivo central é mais estreito e mais s imétrico q ue o
lateral, sendo que nos laterais o ângulo distoinc isal é
Primeiro pré-molar superior
ligeiramente arredondado (Figs. 4.49 e 4.50).
Os caninos inferiores demonstram uma coroa A superfície vestibular possui uma protuberância
menor e mais simétrica que os superiores. A superfí- do terço cervical. Apresenta um aspecto pentagonal,
cie lingual não possui depressões ou sulcos (Fig. ligeiramente assimétrico, e um evidente estreitamento
4.5 1).65·" no sentido oclusocervical. A cúspide vestibular é mais
ampla e mais alta do que a pa latina.
Os ângulos mesiovestibular e distovestibular são
As formas básicas dos dentes anteriores mais vivos (agudos), devido à convergência no sen-
tido palatino das superfícies mesial e distal.
A aresta longitudinal da face vestibular inclina-
Existe m infi nitas variações nos formatos de de n-
se na d ireção mesiolingual, dando um aspecto dis-
tes anteriores, entretanto, e les podem ser agrupados
torcido. Se uma fina linha for traçada ao longo das
e m três formas características: ovalados, triangula-
cristas marginais, arestas e ponta de cúspides vesti-
res e q uadrados. Os fatores que determinam a fo r-
bular e palatina, será formada uma figura trapezoidal.
ma dos dentes são o contorno gengival, os lóbulos de
A face vestibular é mais larga q ue a do segundo
desenvolvimento, a borda incisai e as cristas margi-
pré-molar e é marcada por uma proeminência cen-
nais linguais.
tral, que se estende desde o terço cervical até a pon-
Forma ovóide - Nessa forma básica, o lóbulo
ta da cúspide. Distintas concavidades ou depressões
de desenvolvimento central e ncontra-se mais volu-
laterais a essa proeminência dividem a superfície ves-
moso que os laterais, fazendo com que as superfícies
tibular em 3 lóbulos.
proximais apresentem-se nitidamente convexas. O
maior desenvolvimento desse lóbulo pode colaborar A superfície oclusal possui um sulco central me-
siodistal, que se assemelha ao formato de um halteres.
para uma projeção do mamelão media no na borda
Poucos sulcos secundários estão presentes. A ponta
incisai, ficando essa borda estre ita e arredondada (Fig .
da cúspide palatina é voltada para mesial.
4.52). As cristas marginais linguais formam um ân-
gulo agudo com a borda incisai. As superfícies mesial e distal mostram uma dis-
creta, mas bem-definida, convergência para palatino.
Forma tria ngular- Os lóbulos laterais mostram-
A superfície lingual tem uma convexidade uni-
se mais proeminentes que o central, formando assim
forme, sem evidência de lóbulos (Fig. 4.55). 6·5·11
uma depressão no centro da superfíc ie vestibular. O
contorno distal não é paralelo ao contorno mesial,
convergindo para direção cervical. As superfíc ies me-
Segundo pré-molar superior
sial e distal apresentam-se côncavas. A largura me- O aspecto geral é semelhante ao primeiro pré-
siodistal no terço cervical é menor q ue no terço incisai molar, porém com dimensões menores.
(F ig. 4 .53). As cristas marginais linguais formam um A superfície vestibular demonstra um aspecto pra-
ângulo o btuso com a borda incisa]. ticamente semelhante à do primeiro pré-molar, com
Forma q uadrada - Os três lóbulos de desen- estreitamento no terço cervical.
volvimento apresentam volumes semelhantes, fazen- As cúspides vestibular e palatina possuem altu-
do com que o contorno da coroa se mostre reto, com ras semelhantes.
as superfícies proximais paralelas e planas (Fig. 4 .54). Os ângulos mesiovestibular e distovestibular são
A borda incisai forma com as cristas marginais lin- arredondados. As faces mesial e distal são mais pa-
guais um ângulo de aproximadamente 90º . ralelas, fazendo com que a coroa apresente um con-
Capítulo 4 - DeterminClçtio dCl Mo,fologia tios Demes Naturais: Cor - Forma - Textura
tomo mais ovalado e simétrico. O contorno da su- de suas cúspides é bem-defin ida, form ando ângulos
perfície oclusal é mais retangular do que trapezoidal. agudos com as arestas longitudinais.
Não possui aspecto torcido. Sua face vestibular apresenta-se convexa e m to-
O sulco principal é mais curto e te m um formato dos os sentidos, e inclinada para lingual, sendo maior
de "oito deitado" . Possui sulcos secundários maiores a con vex idade observada no terço cervical. As
(Fig. 4.56).65· 11 vertentes mesial e dista l possuem, mesmo compri-
mento, fazendo com que a ponta da c úspide situe-se
Pré-molares inferiores no longo eixo do dente. A cúspide vestibular possui
diâmetro vestibulolingual maior que a cúspide lingual,
Primeiro pré-molar inferior
sendo de duas a três vezes mais a lta .
É o menor de todos os pré-molares. Sua coroa A cúspide lingual, mesmo se apresentando pouco
apresenta três lóbulos vestibulares separados por dois desenvolvida, reduzindo-se, muitas vezes, a um tubér-
discretos sulcos longitudinais, e um lóbulo lingual. O culo, caracteriza o aspecto bicuspidado do dente. A
lóbulo mais proeminente é o mesiovestibular. Possui superfície lingual é mais convexa que a vestibular.
grande largura mesiodistal nas regiões de contato As superfícies mesial e dista l possuem forte con-
proximal, e estreitamento na região cervical. A ponta vergência para lingual, dando à superfície oclusal um
Fig. 4 .63
Os quadros 4.4 e 4 .5 de monstram as dimensões Doctor®, CP625R/033 da Busch® ou, ainda, SC20
médias dos dentes superiores e inferiores. Ninja (Fig. 4.65).
A seguir, procede-se à determinação dos conta-
tos oclusais, das guias de desoclusão e da anatomia
Determinação da Forma e Textura da face palatina. Esses ajustes podem ser realizados
com as brocas G53, G52 e G 19 da ProDoctor®, ou
de Superfície SC9, SC42 Ninja.
O último aspecto a ser determinado deve ser o
Forma comprimento das coroas. Recomenda-se o uso dos
discos Busch Silent®nº 76 l ou brocas G44 ProDoctor®.
Apesar dos elementos forma e textura estarem No acabamento de pontes parciais fixas procede-
relacionados, a forma e a textura demonstram uma se da mesma forma que nas coroas unitárias. En-
associação mais íntima. tretanto, para individualizar cada dente constituinte da
Para determinação adequada da form a dos den- ponte, recomenda-se, na região incisai, iniciar o corte
tes, inicialmente deve ser delimitada a largura da co- com discos extrafinos a partir da face palatina (Fig .
roas, através do estabelecimento dos contatos proxi- 4.66), favorecendo a obtenção de algumas caracterís-
mais com os dentes adjacentes. ticas altamente relevantes à estética, tais como:
O próximo passo é determinar os três planos da
superfície vestibular, iniciando-se pelo pla no médio, V Abertura das ameias incisais. Os ãngulos me-
seguido pelo incisai e, fina lmente, o cervical. Para sioincisais e distoincisais têm grande influência
esses procedimentos, sugere-se utilizar os di scos na passagem de luz e na definição da forma dos
abrasivos Busch Silent®n"' 771 e 772 ou SC 11 Ninja. dentes ante riores. Ângulos arredondados com-
A determinação das cristas de contorno, linhas pensam dentes com aspecto largo, enquanto ân-
que dividem a superfície vestibular das proximais, deve gulos retos e bordas incisais desgastadas são in-
ser executada com as brocas G20 e G44 da Pro dicados para de ntes estreitos. As abe rturas das
Cerâmicas Odo,uo/6gicas - Conceitos e Técnicas
ameias devem ser em forma de "V" invertido, e dáveis nos dentes anteriores pode ser obtida pela téc-
são crescentes em tamanho, do incisivo central nica da proporção das três figuras geométricas: re-
para o canino. Na dentição jovem, a abertura das tângulo, triângulo e círculo (Figs. 4.69 a 4.71). Quando
ameias é mais pronunciada, enquanto nos idosos se consegue distribuir essas três figuras na superfície
essa abertura é bastante reduzida, ocorrendo vestibular das coroas, obtém-se uma notável hanno-
abertura maior na ameia cervical. nia (Fig. 4.72).
V O comprimento mesiodistal da face palatina é O mais importante nessa técnica é que, na face
menor que o da face vestibu lar. vestibular de um dente, as três figuras sejam propor-
cionais.
Os discos utilizados para a abertura das ameias No conjunto dos dentes anteriores, as figuras for-
podem ser o Ultra-Thin National Keystone Products® madas em cada dente devem ser proporcionais às
n• 25 ou disco diamantado ventilado OdontoMega® figuras dos dentes adjacentes, obviamente respeitando
n"' 182231, 18224[ ou 18225 1 (Fig. 4.67). Para deter- as variações de dimensão. Esse procedimento é o
minar as cristas de contorno sugere-se o uso da pe- passo que precede à determinação da textura de
dra abrasiva G LO ProDoctor® ou a broca diamantada superfície nos trabalhos cerâmicos.
DP09 Meister Point® (Noritake).
Todos esses desgastes mencionados podem ser Textura
executados com brocas diamantadas tipo Meister Point
Ceramist Mate® (Noritake) ou com as pedras abra- Segundo Longman, textura é o grau de rugosi-
sivas da preferência de cada profissional (Fig. 4.68). dade ou de lisura de uma superfície, substância ou
material, especialmente se ntida pelo tato.
A textura de superfície é um fator tão importante
Técnica das três figuras geométricas como a cor e a forma, quando se pretende reproduzir
para harmonizar as f armas dentais as características dos dentes naturais em trabalhos
cerâmicos. É uma propriedade do esmalte dental, pois
Uma forma prática e de fác il visualização para é esse o tecido que recobre as coroas anatômicas
determinar as formas harmoniosas e proporções agra- dos dentes naturais.
Fig. 4 .72
Aspectos da textura dos dentes naturais guras 4.78 e 4.79 mostram pacientes com caracte-
a serem reproduzidos nas restaurações rísticas de dentes jovens.
cerâmicas
Pacientes adultos de meia-idade
Segundo TenCate, 12 a superfície do esmalte ca-
racteriza-se por diversas formações. Uma dessas for- Os mamelões são claramente visíveis durante a
mações, chamadas periquimáceas, são sulcos ra- adolescência, mas desaparecem com relativa rapi-
sos que formam linhas horizontais que contornam to- dez na idade adulta devido à atrição. Como os efei-
da a coroa do dente. Esses sulcos são formados pe- tos da atrição progridem com o avançar da idade, a
las estrias de Retzius, que se estendem do limite ame- borda incisai vai sendo desgastada, gradualmente pla-
lodentinár io até a superfície do esmalte (Figs. 4.73 e nificada e reduzida. Freqüentemente, os mameios den-
4.74). A textura do esmalte também apresenta for- tinários ainda são visíveis.
mações verticais. A supe1f ície vestibular, por exem- O esmalte vestibular geralmente se apresenta
plo, é caracterizada por cristas e sulcos, decorrentes com leve abrasão e menor evidência das periquimá-
da proeminência dos lóbulos de desenvolvimento, que ceas devido ao maior polimento da superfície. Are-
também são responsáveis pela definição da forma gião incisai pode se mostrar com variados graus de
básica dos dentes anteriores (Fig. 4.75). valor. O esmalte apresenta média opalescência azu-
Os dentes naturais podem apresentar profundas lada entre os mamelos dentinários e média translu-
variações de textura, desde superfícies altamente ca- cidez, com presença de uma coloração aci nzentada
racterizadas até superfícies totalmente polidas.' 3 nas regiões mesial e distal (Fig. 4.80).
Pacientes idosos
A idade do paciente como fator modifi-
cador dos três elementos fundamentais Com o envelhecimento, algumas alterações nos
tecidos periodontais freqüentemente podem ser nota-
Alguns fatores podem determinar e interagir com das. Retrações do tecido gengival usualmente ocor-
as características dos dentes naturais, sendo a idade rem, inicialmente expondo o limite amelocementário
do paciente, certamente, o mais relevante.6 e, posteriormente, podendo ser exposta uma peque-
na porção da raiz. Esse fato provoca estreitamento da
Pacientes jovens porção cervical do dente, propiciando a formação de
espaços negros entre os dentes.
Adolescentes e adultos jovens apresentam algu- Nos dentes do idoso, pode-se considerar que há
mas características em sua dentição, que raramente grande desgaste da borda incisai, com notável expo-
são mantidas com o avançar dos anos. Apresentam sição de dentina. A dentina é um tecido com menos
o limite amelocementário subgengival ou no nível da resistência à abrasão que o esmalte e, portanto, se
gengiva. Esse fato faz com que o zênite se localize desgasta com mais fac ilidade. Esse é o motivo de
ligeiramente deslocado para distal nos incisivos cen- muitas vezes ser notada depressão na borda incisai.
trais e caninos superiores e, nos incisivos laterais su- A dentina se pigmenta mais fac ilmente que o esmal-
periores, se localize ao longo eixo dos dentes. te exercendo grande influência na coloração da bor-
A maioria dos pacientes jovens apresenta os den- da incisai. Nesses casos, essa característica deve ser
tes anteriores com nenhum ou muito discreto desgaste reproduzida na cerâmica.
da borda incisai pela ação da função mastigatória ou Os mamelos dentinários se tornam menos evi-
parafunção. Dessa forma, os mamelões se mostram dentes e pouca opalescência azulada é observada. A
evidentes. Os mamelos dentinários, muitas vezes, são superfície do esmalte se mostra polida e, muitas ve-
visíveis, distantes de I a 2 mm da borda incisai. zes, lisa e brilhante, podendo ser notadas nítidas regi-
O esmalte apresenta baixa translucidez e alto ões de abrasão. A coroa clínica pode ter tamanho
valor na região incisai. diminuído, apresentar baixo valor e alto grau de trans-
Como a superfície vestibular desses dentes so- lucidez, com marcante presença dos tons acinzenta-
freu pouca atrição por parte dos alimentos e da esco- dos nas superfícies mesial e distal (Fig. 4.8 1).
vação, observam-se nitidamente os lóbulos e sulcos A fi gura 4.82 mostra um desenho esquemático
verticais em fo rma de "Y" invertido. Da mesma for- das características observadas em dentes de dife-
ma, as periquimáceas permanecem evidentes. As fi - rentes idades.
)
Capítulo 4 - Determinação da Mo,jologia dos Dentes Naturais: Cor - Forma - Texwra
Fig. 4.73
Fig. 4.74
Fig. 4.76
Fig. 4.77
Fig. 4.78
Fig. 4.80
Dentição Jovem
Jovem
evidentes.
• Região terço médio e incisai - valor
alto.
Meia-Idade
Dentição Meia-idade
• Presença de mamelos interincisais.
• Perda de mamelos incisais.
• Opalescência azulada com média
translucidez.
• Surgimento de translucidez
acizentada na região mesial e distal.
• Diminuição de textura e sulcamentos
(profundidade)
• Surgimento de áreas mais polidas.
• Região terço médio e incisai - valor
médio.
Idoso
Fig. 4.82
~
1
Capí1ulo 4 - De1ermi11ação da Morfologia dos Denies Naturais: Cor - Forma - Texiura
Fig. 4.87
Caso Clínico
~
1 1
/
Cerâmicas Odo1110/6gicas - Conceitos e Técnicas
Fig. 4.100
Fig. 4.104
Fig. 4.106
Cerâmicas Odon10/6gicas - Conceitos e Técnicas
Fig. 4.107
Fig. 4.108
Fig. 4.109
Fig. 4.110
~
1 1
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas
143
\
Desenvolvimento da Técnica de
Aplicação de Porcelana -
Teoria e Prática 5
Fig. 5 .13
14
Capítulo 5 - Dese11volvime1110 da Técnica de Aplicação de Porcelana - Teoria e Prática
147
Cerâmicas Odomol6gicas - Conceitos e Técnicas
Tabela s_J - Porcentagem em peso dos óxidos constituíntes do opaco em pasta da cerâmica Ex-3®.
~
148
Capítulo 5 - Desenvolvimento da Técnica de Aplicação de Porcelana - Teoria e Prática
Opaco branco
Um excelente exemplo do uso desses modifi-
Massas opalescentes
cadores de opaco pode ser descrito através da técni-
n...-- - - Massas de incisais ca desenvolvida para o opaco branco.
-+-- - Massas de incisais transparentes Como as ligas de Ni-Cr e Co-Cr formam uma
camada de óxido com coloração bastante escurecida
- -'\-- -Massa de dentina com
alto valor, se necessário quando levadas ao forno sob altas temperaturas, fo i
desenvolvida uma técnica de aplicação do modifica-
Massas de dentina dor de opaco branco. Nessa técnica, a primeira cam a-
da aplicada deve ser de opaco branco, mascarando
Massas de dentina opala assim o metal escurecido e favorecendo a obtenção
da cor desejada. Deve ser aplicada em uma camada
fina, não comprometendo, dessa forma, o espaço para
o opaco da cor selecionada (Fig. 5.24).
Um outro exemplo das vantagens no uso dos
modificadores de opaco é a aplicação de uma nús-
tura de opaco laranj a com opaco rosa. Essa mistura
deve ser usada no terço cervical da infra-estrutura
metálica quando se desejar uma adequada transição
de cor do terço cervical para a gengiva.
Fig. 5 .24
Fig. 5.25
Fig. 5.26
apresenta freqüentemente altos graus de translucidez, Quando o profissional que estiver realizando a
deixando transparecer a associação dessas duas co- tomada de cor, considerar a ocorrência de pouca in-
res, muitas vezes forma ndo a coloração alaranjada. fluência do laranja no dente observado, fazendo a
Acor laranja é mais evidente na região do colo den- opção, portanto, para a exata reprodução das cores
tal, onde a polpa se encontra mais volumosa e o es- da sua escala de referência, sugere-se utilizar o es-
malte é mais delgado, como mostra a figura 5.26. quema descrito no quadro 5.1.
A técnica de aplicação de cerâmica proposta nes-
te capítulo tem como objetivo tentar minimizar a limi-
tação das escalas de cor em relação à cor laranja. Na
figura 5.27, observe a visível presença da cor laranja
no dente 13, ausente no dente da escala.
Uma maneira simples e efetiva de compensar a
falta da cor laranj a das massas cerâmicas que com-
põem as escalas de cor, é o acréscimo de modificador
de dentina laranja à dentina opaca.
Portanto, propõe-se que esse acréscimo seja fei-
to da seguinte maneira:
A sugestão citada considera a evidente dificul- de referência pela s imples aplicação das massas de
dade de obtenção das cores disponíveis nas escal as dentina da cor desejada .
Quadro 5.1 - Sugestão para obtenção das cores da escala VITA® a partir de massas modificadoras de dentina e
dentinas opacas
A 1- Mistura de 4 partes de dentina opaca da cor selecionada com meia parte de modificador maffom e com I pane
de modificador de dentina laranja-clarn.
AI.5 - Mistura de 3 partes de dentina opaca da cor selecionada com meia parte de modificador man-om e com I pane
de modificador de dentina laranja-claro.
A2 - Mistura de 2 paites de dentina opaca da cor selecionada com meia paite de modificador marrom e com I pane
de modificador de dentina laranja-clai·o.
A2,5 - Mistura de 2 partes de de ntina opaca da cor selecionada com meia pa11e de modificador marrom e com I pane
de modificador de dentina laranj a-claro.
A3 - Mistura de I parte de dentina opaca da cor selecionada com meia pa,te de modificador marrom e com I pane
de modificador de dentina laranj a-claro.
A3,5 - Mistura de I paite de dentina opaca da cor selecionada com meia patt e de modificador maffom e com meia pane
de modificador de dentina laranja.
A4 - Mistura de I parte de dentina opaca da cor selecionada com meia parte de modificador maffom e com meia
parte de modificador de de ntina laranja.
Bl - Quatro paites de dentina opaca da cor selecionada mais I parte de modificador de dentina amarelo, mais meia
patte de modificador de dentina laranja-claro.
B2 - Três partes de dentina opaca da cor selecionada mais I paite de modificador de de ntina amarelo, mais meia pane
de modificador de dentina laranja-claro.
B3- Uma paite de dentina opaca da cor selecionada mais l paite de modificador de dentina amarelo, mais meia pane
de modificador de dentina laranja-claro.
B4 - Uma paite de dentina opaca da cor selecionada mais I pai·te de modificador de dentina amarelo, mais I parte
de modificador de de ntina lai·anja-claro.
C! - Quatro partes de dentina opaca da cor selecionada mais meia parte de modificador de de ntina azul. mais I
parte de modificador de dentina verde.
C2- Três partes de dentina opaca da cor selecionada mais meia parte de modificador de dentina azul, mais I pane
de modificador de dentina verde.
C3 - Uma parte de dentina opaca da cor selecionada mais meia pa1t e de modificador de dentina azul, mais I parte
de modificador de dentina verde.
C4- Uma parte de dentina opaca da cor selecionada mais la parte de modificador de de ntina azul e mais I parte de
modificador de dentina verde.
02 - Três partes de dentina opaca da cor selecionada mais meia parte de modificador de dentina verde mais meia
parte de modificador de dentina rosa.
03 - Uma parte de dentina opaca da cor selecionada mais l parte de modificador de dentina verde, mais I parte de
modificador de dentina rosa.
04 - Uma pai·te de de ntina opaca da cor selecionada mais 1 parte de modificador de dentina verde. mais I pane de
modificador de dentina rosa.
60 A, A, E,
61 A,:A,= 1:1 A, E,
62 A, A, E,
65 0 3 :0M Pink
=4: 1 AJ.s E,
66 A, A3 .5:A3 = 1:2 E,
67 B, 83 Ei
Fig. 5.31 - Desenho esquemático demonstrando a
68 A, A,5 E2
69 c2 C,:CV3=5:I Ei
localização da massa de dentina ele alto valor. 77 A: :CV4=5: I
78 º·
e. A_, 5 :CV I = 1: 1
E,
E,
características dos dentes por parte do CD. Nesse 81 A. A• E,
momento, escalas de cor de dentes de resina acrílica
podem ser utilizadas com relativo sucesso. Para tanto,
basta que os profissionais envolvidos sigam as suges- Tabela 5.4- Sugestão das proporções para a obtenção de
tões descritas nas tabelas 5.2 e 5.3, assim como para cores da escala 30 Master (Vita) a partir da escala EX3.
a escala 30 Master (Vita) descrita na tabela 5.4.
Cor Opaco Dentina Stain
153
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas
mico.
Fig. 5.3 7 - Massas ele ombro cerâ-
mico que foram utilizadas . De acor-
do com a seleção ele cor, observou-
se a necessidade ele se aplicarem
1
massas moclificadr-· 0
- .. -
" - " ~" " " · -
cerâmico.
Figs. 5.38 e 5.39 - Aplicação cio
Fi:
.)() .
Cerâmicas Odomológicas - Conceitos e Técnicas
1 Fig. 5.41
' '1' ' 1-ig. 3.40- -\p,,, .1 'fllt'lll'. 1, '"' ' 1' ,,,\., - 1
Capí111!0 5 - Dese11vo!vime1110 da Técnica de Aplicaçcio de Porcelana - Teoria e Pr6tica
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas
Fig. 5.53
Fig. 5.54
Fig. 5.55
~
1 8
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _C_a..!p_í,_u_lo_:5_-_D.:..e_:s..:.e'.:.."..::
'º_:/v.:..i'-="e:.::11:..:10:..:d:..:a:....:.Técnica de Aplicaçcio de Pon·efana - Teoria e Pl'6Tic"
Tabela 5.5 - Porcentagem em peso dos óxidos constituintes da dentina da cerâmica EX-3®.
~
159
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas
A figura 5.56 ilustra e sugere uma disposição ló- ser realizada pela aplicação de uma mistura de 1(uma)
( gica das massas de !LS. parte de Cervical 3 com 1 (uma) parte de Mame/011
Orange 2.
Algumas outras sugestões na utilização da ILS
Sugestões adicionais com a mesma final idade estão demonstradas na Ta-
bela 5.6.
O ILS pode ser também utilizada para aumentar Para que sejam obtidos os melhores resultados
o croma, alterar e caracterizar o matiz de uma cor na utilização da JLS, é necessário que o TPD exami-
aplicada. Por exemplo, se dmante os procedimentos ne o paciente, o u que pelo menos tenha à sua dispo-
de prova da cerâmica for observado pelo CD que a sição slides para a adequada identificação das ca-
cor que deveria ter sido aplicada é A3 , tendo sido racterísticas de cada dente, como pode ser observa-
previamente selecionada a cor A2, a correção pode do no caso clínico a seguir.
Fig. 5.56A - Disposição das massas para pintura in- Fig. 5.56B - Incisai live stain Noritake.
terna (ILS) no godê.
Caso Clínico 2
Fig. 5.57
c:i:.<..s) ,.
..-/ / MA.r'!M>Ht · ~
Co!J, ,,,,_z.. Ca c..y
f o.,,.,.,.ç..; t..c,°T1>6h
j,: Pw<4 f'-.c ,:;.,_.,..,.;p,,.o€.
"' ~- - - 4<-fl) 7 , , , r ~
Fig. 5.58
Fi~
Fig. 5.67
~
1 "
Capíwlo 5 - Desenvolvimento da Técnica de Aplicação de Porcelana
- Teoria e Prática
- LT1 --
Fig. 5.72
Fig. 5.73
Fig. 5.74
Fig. 5.76
Fig. 5.77
Fig. 5 . 78
...., ~
Creamy Enamel.
Capítulo 5 - Desenvolvimemo da Técnica de Aplicação de Porcelana - Teoria e Prá1ica
Fig. 5.80
Fig. 5 .81
Fig. 5.82
Fig. 5.84
laminadas, restaurações tipo onlaylinlay e nas co- laminadas em porcelana envolve a confecção de uma
roas puras de dentes descoloridos. Esse material atua faceta com a cerâmica de corpo na cor oposta à reco-
de duas formas básicas para neutralizar os efeitos da mendada na escala de valor de Munsell para dentes
dentina descolorida. descoloridos. Após a faceta ser cimentada, essas duas
cores se interagem e o resultado fi nal é um dente
v' Através de uma cerâmica opaca para a obten- sem uma redução dramática do croma. A translucidez
ção de altos valores. pode ser boa, mas um alto valor é praticamente im-
v' Através de cores comple mentares para propor- possível de ser atingido, de acordo com Yamada. 13 A
cionar alta translucidez. tabela 5.8 pode ser usada como guia de seleção de
cores para essa técnica.
Quando misturada com as massas de dentina, a A figura 5.31 exemplifi ca a técnica descrita na
Screening®deve ser utilizada de acordo com a tabela tabela 5.8.
5.7. As figuras 5.88 e 5.89 demonstram uma caso
A técnica das cores complementares para a rea- clínico em que foi utilizada a Screening Porce/ain
bilitação de dentes descoloridos através de facetas (Figs. 5.90 e 5.91).
Tabela 5.7 - Proporção de mistura da cerâmica Screening®e dentina EX-3® recomendada em função da classifica-
ção dás descolorações dentais.
Figs. 5 .85 e 5.86 - Observar a importante presença da opalescência na superfíci e vestibular, principalmente no
terço incisai.
Capítulo 5 - Desenvolvimemo da Técnica de Aplicação de Porcel ana - Teoria e Prática
Fig. 5.87
Fig. 5.87 - Sugestão de diagrama das massas opalescentes.
Cerâmicas Odontol6gicas - Canceitos e Técnicas
Fig. 5.88
Fig. 5.89
Fig. 5.90
Caso Clínico 3
Fig. 5.92
Fig. 5.93
Fig. 5.94
~
171
Cerâmicas Odo1110/6gicas - Conceitos e Técnicas
Fig. 5.95
~
1 2
Caf)ír11/a 5 - De.<enl'alvime1110 da Técnica de Af)licaç,io de Po.-cela11a - Teoria e Pr6rica
Consideração final
Condensação das massas cerãmícas Como mencionado, a técnica descrita neste ca-
pítulo é adequada a todos os tipos de cerâmica, ca-
As informações a respeito do procediment o de bendo ao TPD avaliar o produto correspondente na
condensação, muito importante para o resultado final cerâmica de sua preferência para obtenção dos me-
da aplicação, são discutidas no capítulo 1. lhores resultados.
~
173'
Tabela 5.9 - Sugestão de programas ele queima para a porcelana EX-3. ~
;::;·
ae::,
(Elevador) Inic ial ela Tcmp. Saída Vácuo Final "-
::?
Wash Bake opaco cm pasta 8 min. 400"C 400"C 65°C/min. Total 980"C Mamer I min. sem vácuo 990"C 1 min. semi brilho ~
~'
400"C 65°C/min. Total 980"C Manter 1 min. sem v;kuo 980"C l min. semibrilho ;;·
Opaco cm pasta
primeira e segunda queimas
8min. 400"C
a1
Porcelana de margem (ombro 5 min. 650"C 650"C 55ºC/min. Total 935ºC O ( não manter tempo) 945ºC I min. brilho e/ textura ~
cerâmico) Iº e 2° queimas R
brilho e/ textura
~-
45ºC/min. Total 920ºC O (não manter tempo) 930"C I min.
"..,
Massas de dcntinas opacas. 8min. 600"C 600°C
dcntinas, Incisais, opaleccntcs
até 3 e lementos
"·
Q
r;·
Ponte parcial fixa de 6 a I O IOmin. 600"C 600ºC 45ºC/min. Total 925ºC O (não manter tempo) 935ºC l min. brilho e/textura a
elementos
600"C 600ºC 45°C/min. Total 930"C O (não manter tempo) 940"C I min. brilho e/textura
Ponte com mais de 10 elementos 15 min.
7min. 600"C 600"C 45ºC/min. Total 910"C O (não manter tempo) 920"C l rnin. bri lho e/textura
Ajustes de queima
5min. 650"C O (si 130"C/min. O O (não manter tempo) 930°C l min. brilho
Glazeamento com líquido/pó
(Obs. 3) vácuo)
Glazeamento natural até 3 5 rnin. 650"C O (si 45°C/min. o O (não manter tempo) 890"C lmin. brilho polido
elementos vácuo)
Glazcamento natural-pontes 5 mi n. 650"C O (si 50"C/min. o O (não manter tempo) 910"C I min. brilho polido
com mais de 3 elementos vácuo)
ILS (/lllemal Live Swin) 3 min. 700"C O(s/ 55ºC o O (não manter tempo) 830"C I min. fosco
vácuo)
Sinterização do refratário 5min. 650"C O(s/ 55ºC o - 10 min. 1080"C I min. branco total
wkuo)
Wa.,h Bake pi laminados 15 min. 600ºC 600"C 45ºC/min. Total 950"C O (não manter tempo) 950"C I rnin. brilho
Massas de dentinas, Den1inas 10 min. 600"C 600"C 45ºC/min. Total 945ºC O (não manter te mpo) 945ºC lmin. semi brilho
Opacas, 1ncisais. Opalescentes e/textura
para laminados
Glazeamento p/ laminados 5 min. 600"C - 55ºC/min. o O (não manter tempo) 925ºC I min. brilho polido
ADDMATE 5 min. 450"C 450"C 40"C/min. Total 670"C O (não manter tempo) 680ºC I min. brilho e/textura
Observaçfio 1 - ·rabeia sugestiva p.ira queima!-. podendo ~ofrer 1nodificaçõcs de acordo com o forno u1ilizado.
Ob'iervaçiio 2 Para gJa4eamcnto nawral. ~ugcrc-~c que ~eja feito pri:.':-polimcnto com borrachas e lixa, Nlâ.,·1er Co,ws Nori1ake . üntcs do g l a1.eamento ser executado.
Ob~crvaçào 3 C:!'o nüo ,cja ob1ido o brilho de-.cjado com <t taxa de clcvaçào de l 306 C/mi11 .. b:1,ta que a 111xü de elcv:1çüo <,.cja c.limim1ída pnra va lore~ cm lorno de SO<>Ctin in.
Tabela 5.10 -Tabela de queima para cerâm ica CERA BIEN, indicada para aplicação sobre infra-estrutura Proccra®Alumina, ln-Ceram Yita®, Z irconia Yita®.
Massas Cerâ micas Entrada Temperatura Início do Taxa de Vácuo Tempo de Manute nção Temperatura Saída do Forno Aspecto
Elevador/ minuto Inicial Vácuo Elevação Dentro do Forno Final (saída clcv.) da Cocção
Margem 11/2ª queima 6min. 600°C 600"C 50"C/min. Total I min. s/vácuo a 1030"C 1030"C 4 min. Brilho e/
textura
Shade Base 6min. 600°C 600°C 45°C/min. Total I min. s/vácuo a 960ºC 960"C 4min. Scmibrilho
%
Massas de Dentinas/lncisais/ 8 min. 600°C 600°C 45ºC/min Total I min. c/v,ícuo a 960"C 960°C 4min. Brilho c/ textura
~
v,
Transparentes/Opalescentes/ I min. s/vácuo a 960°C 1
t:,
Internai Líve Stain ( ILS) 5min. 600°C O (s/vácuo) 55ºC/min. ~
o O (não manter tempo) 920"C 4 min. Fosco ~
Jil e 2ª queimas
~
Retoques dcntinas/incisais/ 7min. 600°C 600"C 45ºC/min. Total I min. s/vácuo a 950"C 950"C 4min.
?
Brilho c/ textura ~
Transparentes/opalescentes
~
Glazeamcnto natural 5 min. 600°C O (s/vácuo) 50°C/min. o 30 s. s/vácuo a 940ºC 940"C 4 min. Brilho polido 2-
:--l
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Glazeamcnto com liquido/pó 5min. 60(l°C O (s/vácuo) 130ºC/min. o O (não manter tempo) 960°C 4 1nin. Brilho g
;,;·
MRP/AD D-ON 5 min. 600"C O (s/vácuo) 45ºC/ min. o O (não manter tempo) 900°C 4 rn in. Brilho ::,
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Piquei ma de Mclear sobre 6min. 600°C 600°C 50ºC/min. Total I min. e/vácuo a 1050ºC 1050ºC 4 rn in. Bri lho ":,..
cooping de lnCeram I min. s/vácuo a 1oso•c e/ textura "g=
::,
Observação 1 - Tabela sugestiva para queimas, podendo sofrer modificações de acordo com o forno utilizado. "'g,
Observação 2 - Para glazeamento natural, sugere-se que seja pré-polimento com borrachas e lixas Meister Cones Noritake, antes do glazcamento ser executado. "'-
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Observação 3 - Caso não seja obtido o brilho desejado com a taxa de elevação de l 30ºC/min .. basta que a taxa de elevação seja diminuída para valores cm torno de 80ºC/rnin. ~
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Ta b ela 5.11 - Tabela de queima para CERABIEN CZR, para aplicação sobre infra-estrutu ra Z irconia Procera®.
~
Massas Cerâ micas Entrada
Elevador/m inuto
Tem peratura
Inicia l
Início
Vácuo
Taxa de
Elevação
Vácuo Tempo de Manutenção
Dentro do Forno
Tempera t ura
F inal
Saída do Forno As pecto
(saída elev.) da Cocção i"'
~
Margem l' /2• queima 6min. 600"C 600°C 50ºC/min. Total I min.s/vácuo a Iooo•c IOOOºC 4min. Brilho com g
I min. e/vácuo a ,ooo•c textura §'
Slwde Base 6min. 600"C 600"C 45°C/min. Total I min.s/vácuo a 930"C 93ü°C 4 min. Semi brilho
Dentinas/l ncisais/ 8min. 600"C 600"C 45ºC/min Total I min. s/vácuo a 930ºC 930"C 4min. Brilho com
Transparentes/Opalescentes/ textura
!111emal Uve Stain (!LS) 5 min. 600"C O(s/vácuo) 50"C/min. o O (não manter tempo) 900"C 4min. Fosco
1ae 2ª queima
Retoques denlinas/incisais/ 7min. 600"C 600"C 45°C/min. Total 30 scg. s/vácuo a 920ºC 920"C 4 min. Brilho e/
Transparentes/opalescentes textura
Glazeamento natural 5min. 600"C O (s/vácuo) 50"C/min. o 30 seg. s/vácuo a 9 1O"C 910"C 4min. Brilho polido
Glazeamento com líquido/pó 5 min. 600"C O(s/vácuo) 130"C/min. o O (não manter tempo) 930"C 4 min. Brilho
MRP/ADD-ON 5min. 600"C O(s/vácuo) 45ºC/min. o O (não manter tempo) 88ü°C 4 min. Brilho
Observação 1 -Tabela sugestiva para queimas, podendo sofrer modificações de acordo com o forno utilizado.
Observação 2 - Para glazeamcnto natural, sugere-se que seja feito pré-polimento com borrachas e lixas Meister Cones Noritake, antes do glazeamento ser executado.
Observação 3 - Caso não seja obtido o brilho desejado com a taxa de elevação de 130ºC/ min., basta que a taxa de elevação seja diminuída para valores cm torno de 80ºC/min.
'là bcl a 5. 12 - Sugestão de programas de queima para a prn·cclana Tl-22.
Massas CcrHmicas Temperatura Tempera tu ra Início do Taxa d e Nível de Saída Tempo d e manutenção Temperatura Saída do Forno Aspecto
Secage m (Ele v.) I nicial Vácuo Elevação v,\cuo Vácuo De ntro d o Forno Final (saída e lev.J da Cocção
BP - condicionador de metal 5min. 500"C 500"C 50ºC/min. Total 79ü°C O (não manter tempo) 800ºC I min. Brilho
( J a 6 e lementos)
BP - condicionador de metal 5min. 500"C 500"C 50ºC/min Total 7900C 30 segundos 800ºC I min. Sem Brilho
(mais que 7 elementos)
Opaco 5min. 500°C 500°C 5ü°C/min Total 77ü°C O (não manter tempo) 78ü°C I min. Sem Brilho
Margin Porcelai11 (Porcelana 5min. 500"C SOO"C 5ü°C/mi n Total 76ü°C O (não manter tempo) 77ü°C 1 min. Brilho com
de Ombro) textura
Margin Re10uchi11g Powder 3min. 500"C 5000C 5ü°C/min To1al 72ü°C O (não manter tempo) 73ü°C l min. Semi Brilho
(MRP )
9
Dentinas/lncisais/Transparentes 7 min. 5000C 500"C 4ü°C/min. Toial 750ºC O (não manter tempo) 76ü°C l mjn. Brilho com '°
Opalescentes (Coroas) textura ~
V>
1
Denlinas/lncisais/Transpare n1es I O min. 5000C 50ü°C 4ü°C/min. Total 76ü°C O (não man1er tempo) 77ü°C I min. Brilho com
Opalescentes - (2 a 6 e lemetos)
De ntinas/lncisais/Transparentes/ 15 min. 500°C 50ü°C 4ü°C/min. Toial 77ü°C 30 segundos 77ü°C 1 min.
textura
Brilho com
""""'
::,
Caso Clínico 4
Fig. 5. 100
Fig. 5.101
. ....
Figs. 5 .103 e 5 .104 - Facetas e coroa fina lizadas no
modelo de trabalho, o nde nas facetas foram aplicadas
cerâmica EX-3 e sobre infra-estrutura ln-Ceram, cerâ-
mica Cerabien.
Figs. 5. 105 e 5 .106 - Trabalho fi nalizado . Devido à
ausência de uma infra-estrutura, as facetas apresen-
tam-se mais claras após a desinclusão.
Fig. 5.106
Capírulo 5 - Dese11volvime11to da Técnica de Aplicaçcio de Porcelana - Teoria e Prática
Fig. 5.107
Fig. 5.108
Fig. 5.109
~
1791
Cerâmicas Odonwlógicas - Conceitos e Técnicas
Caso Clínico 5
Caso Clínico 6
Fig. 5.117
Fig. 5.118
Fig. 5 .120
~
1821
Capítulo 5 - Dese11vo/vime1110 da Técnica de Aplicaçlio de Porcelana - Teoria e Prática
Fig. 5.121
Fig. 5.122
Fig. 5.123
~
f} 83
Cerâmicas Odomológicas - Conceitos e Téc,úcas
Caso Clínico 7
Fig. 5.124
Fig. 5 .125
Fig. 5. 126
~
18
Capitulo 5 - Desenvolvime1110 da Técnica de Aplicaçüo de Porcelana - Teoria e Prática
~
1
Cerâmicas Odo1110/óg icas - Conceitos e Técnicas
Fig. 5.131
Fig. 5.137
Fig. 5.138
Fig. 5.144
~
18
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas
Fig. 5.151
Fig. 5.145 - Notar que mesmo sendo materiais cerâmicos distintos, o aspec-
tO superficial após a queima se mostra adequado, fato este em decorrência de
uma eficiente condensação das massas e da calibração do forno.
Figs. 5.146 e 5.147 - Aplicação e queima de pintura interna (ILS).
Figs. 5.148 e 5.149 - Aplicação das massas opalescentes sobre a pintura
interna, queima e ajuste do ponto de contato nas facetas e na coroa.
Fig. 5.150 - Ajustes para definição de forma e textura, procedimentos pré-
vios ao polimento superficial para glazeamento natural.
Fig. 5.151 - Coroa e facetas com glazeamento natural.
Capítulo 5 - Desenvolvimento da Técnica de Aplicação de Porcelana - Teoria e Prática
fig. 5.154
Fig. 5.157
Fig. 5.158
Fig. 5 .159 Figs. 5.159 e 5 .160 - Os preparos nos dentes 11 , 12 e 22 que receberam as facetas
laminadas tiveram seus términos localizados supragengivalmente, o que colabora forte-
mente para a saúde do tecido gengival, como pode ser observado nessas figuras. Pode ser
observado ainda a ausência da linha de cimentação em função da qualidade no acaba-
mento dos preparos e da cimentação adesiva. A coroa de Procera do elemento 21 foi
cimentada através da técnica convencional m ilizando-se cimento de fo sfato de Zinco.
~
190
Capítulo 5 - Dese11volvi111e11to da Técnica de Aplicação de Porcelana - Teoria e Prática
Fig. 5.160
Caso Clínico 8
Fig. 5 .172
Fig. 5.173
Fig. 5.174
Fig. 5 .175
Capítulo 5 - Dese11vo/vi111e1110 da Técnica de A11licação de Porcelana - Teoria e Prática
Caso Clínico 9
Fig. 5.176
Fig. 5.177
Fig. 5.178
~
19
Cerâmicas Odontológicas - Conceilos e Técnicas
~
19
Cerâmicas Odontológica s - Conceitos e Técnicas
Fig. 5.193
O Te cid o Ge ng iva l
e as Re ab ilit açõ es
em Po rce lan a
ti Introduç ão
ti Papilas Gengiva is
ti Contorno Cervica l
ti Conjunto dos Contorn os Cervica is dos Dentes Anterio res Superio
res
ti Utilização de Gengiva Artificia l de Cerâmic a em Próteses Fixas
ti Escalas de Cores Gengiva is em Cerãmic a
ti Indicações e Aplicaç ão das Gengiva s Artificia is em Cerâmic a
ti Infra-es truturas Metálic as
ti Aplicação de Cerâmic a
ti Casos Clinicos (Super Porcelain Noritake Tl-22)
6
O Tecido Gengival e as
Reabilitações em Porcelana
Esses são aspectos funciona is da papila gengival , que acompan ha o contorno cervical dos dentes. O
entretanto, ela também desempe nha um importante contorno do tecido gengival normal , sem inflama-
papel na estética. A presença da papila previne o as- ção ou hiperplas ias. apresent a algumas caracterí s-
pecto alongado de coroas clínicas, seja em dentes ticas. Um dos mais importan tes aspectos a ser consi-
naturais ou e m reconstruções protéticas. A perda da derado é o ponto de curvatura máxima do contorno
papila proporciona o surgimen to de sombras negras cervical, descrito como zênite (Figs. 6.9 e 6.1 O).
nos espaços interdcnt ais, assim como de margens O zênite pode ser muito variável nos dentes an-
escurecidas de coroas e próteses parciais fixas, sen- teriores. Excluind o-se situações de mau posiciona-
do esses dois aspectos muito desconfortáveis para mento dentário, esse ponto se localiza no longo eixo
os pacientes (Fig. 6.8). 8· 14 dos incisivos laterais superiores, e ligeiramente deslo-
Quando os dentes estão normalmente alinhados, cado para distal nos incisivos centrais e caninos su-
sem rotação ou mau posicion amento e apresentam periores (Fig. 6.11 ). Na mandíbula, a porção mais
contato proximal adequado, o tecido gengival cres- cervical (inferior) ela margem ela gengiva livre é lo-
ce abraçando o dente, formando uma armação agradá- calizada sobre o centro mesiodi stal de cada dente.
vel para a área cervical, seja ela proximal , vestibula r
ou lingual.
A manutenção da integrida de da papila gengival,
portanto, deve ser um constante objetivo para o (cirur- Conjunto dos Conto rnos Cervicais
gião-dentista). dos Dente s Anteriores Superiores
O primeiro fator importan te nesse sentido é uma
adaptação adequad a da peça protética . A presença Na dentição natural , os contornos cervicais dos
de fendas entre a marge m do preparo e a borda da dentes anteriores se apresent am em distintos níveis,
restauração favorece o acúmulo de bactérias, ocasio- refletindo em diferentes comprim entos da coroa ana-
nalmente provocando inflamação do tecido gengival, tômica exposta (coroa clínica) de cada dente. O con-
podendo fazer com que a papila aumente de volume. torno cervica l é usualme nte localizad o mais para
O perfil de emergên cia adequad o também deve apical sobre o incisivo central e canino, e mais para
ser considerado. Pequeno s sobrecon tornos podem incisai nos incisivos laterais. Essa disposiçã o do te-
levar a uma constante compres são da papila, que le- cido gengival em alturas variadas delimita e dá uma
vará à sua retração. Tanto a hiperplas ia quanto a re- aparência agradável às áreas cerv icais da dentição
tração da papila gengival alteram dramatic amente a natural (Figs. 6.12 a 6. 14).
estética do sorriso. Alguns padrões de variação nos níveis dos contor-
Um terceiro, e talvez o mais importante fator para nos cervicais são observad os no cotidiano clínico e
a preservação das papilas, trata da localização do con- laboratorial. Vários fatores podem contribu ir para
tato interproximal. Num estudo sobre a regeneração essas variações. As retrações de gengiva podem ser
de papilas gengivais, Tarnow et ai., 13 relacionaram a decorrentes de escovaçã o n·aumática, doença perio-
distância da crista óssea alveolar ao contato inter- dontal, mau posicion amento dentário, trauma oclu-
proximal. Os autores concluíram que distâncias de 5 sal e, obviame nte, pela variação anatômic a natural.
mm eram 98% preenchi das pela papila gengival , dis- Essa variação de padrões pode produzir um conjun-
tâncias de 6 mm eram 56% preenchidas pela papila to de contornos cervicais estéticos ou inestéticos, con-
e distâncias de 7 mm entre o contato e a crista óssea forme observado no Quadro 6. 1.
eram 27% preenchidas por tecido gengival. Deficiências na arquitetura gengival podem ser
Concluí-se a partir dessas afirmações que a preci- observad as ao redor de dentes, de implantes e em
são da adaptação marginal , um perfil de emergên cia rebordos desdentados. No caso de áreas edêntula s, a
adequado e, principalmente, localização correta de perda em volume e altura de tecidos gengival e ós-
contatos interproximais, colaboram com a regenera- seo pode ter sido decorren te de doença periodon tal
ção e preservação da papila interproximal. ou traumati smos, e é agravada com a remoção do
dente.
Contorno Cervical Extrusões ortodônt icas podem localizadamente
aumenta r os tecidos duros e moles ao redor de den-
O contorno cervical dos dentes é feito pela gen- tes, entretanto, em regiões desdenta das, a reconstru-
giva marginal livre, o primeiro milímetro de gengiva ção cirúrgica é indispensável. 12
~
20
Cerâmicas Odon10/6gicas - Conceitos e Técnicas
Fig. 6 .8
Fig. 6.13 - Situação em que o comorno cervical dos incisivos centrais superiores demonstram um pequeno
desnível, entretanto, ainda dentro ele um padrão estético. Coroa procera AllCeram Cerabien no ciente 11 e faceta
fe lclspática EX-3 no ciente 12.
Fig. 6.14 - Neste caso, o desnível entre os comornos cervicais dos incisivos centrais superiores se mostra bastan-
te acentuado, comprometendo de forma marcante a estética do sorriso desta jovem paciente.
Capítulo 6 - O Tecido Gengival e as Reabiliwções em Porcelana
Quadro 6.1 - Distribuições estéticas e antiestéticas dos contornos gengivais. Adaptado de Chiche e Pinault. 2
Distribuições estéticas dos contornos cervicais Distribuições antiestéticas dos contornos cervicais
A. As margens gengi vais dos incisivos latera is estão A. As margens gengivais dos incisivos laterais es-
situadas abaixo das margens gengivais do incisivo tão situadas acima das margens gengivais dos in-
central e do canino. B. As margens gengivais de to- cisivos centrais e caninos. B. As margens gengivais
dos os dentes anteriores estão sitlladas num mesmo dos incisivos late rais estão situadas ac ima das
nível. C. A margem gengival de um dos inc isivos margens gengivais do inc isivo central e dos can i-
laterais está situada abaixo das margens dos incisi- nos, mas os incisivos centrais estão abaixo da li-
vos centrais e caninos. nha harmoniosa. C. Assimetria gengival significa-
ti va das marge ns dos inc isivos centrais.
Apesar de as inúmeras técnicas c irúrgicas sere m rebordo a lveolar, da re lação coroa/raiz e papilas ge n-
indicadas para solução de defeitos de re bordos des- givais, restaurando a harmonia estética.
dentados como técnicas de enxerto gengival livre, Pierre Fauchard 7, e m 1746, já chamava a atenção
enxerto sube pitelial, enxerto pediculado, e nxerto de para a necessidade de se reconstituir o tecido gengival.
osso autógeno e técnicas re generativas com uso de Ele achava que o c irurgião-de ntista deveria ser capaz
membranas, um grande número de pac iente não se de imitar não só os dentes, mas também a gengiva.
mostra disposto a se submeter ao desconforto do pré, Bourde t (1756), utilizando a fil osofia de Fau-
trans e pós-operatórios desses proce dime ntos, que chard e o esmalte rosa por e le desenvolvido, foi quem
muitas vezes, têm prog nóstico duvidoso e baixa pre- prime iro adicionou às próteses fixas a gengiva arti-
visibilidade. fic ial. Entre tanto, as gengivas artific iais de cerâ mica
Uma alternativa para esses casos é a incorporação são ainda pouco uti lizadas pe los profissionais de vido
de cerâmica na cor de gengiva às próteses fixas, rea- às limitadas opções de cores gengiva is que os fabri-
bilitando não só os dentes, mas também o tecido cantes oferecem.
gengival. McLean9 re latou difi culdade de se e ncontrar uma
cor adequada da cerâ mica para re produzir a gengiva
natural, e que a corre ta tonalidade de gengiva so-
Utilização de Gengiva Artificial de mente seria obtida pe la misturas de corantes.
Cerâmica em Próteses Fixas Os estudos de D ummett._6 sobre pigmentaç ão fi -
siológica da ge ngiva ajudaram a estabe lecer e divul-
A incorporação de gengivas artificiais de cerâ- gar que uma variabilidade na coloração gengival entre
mica às próteses fi xas permite a reconstituição do as raças. Com referê nc ia aos padrões da pigme nta-
~
2
Cerâmicas Odontológicas - Conceitos e Técnicas
respeito ao planejamento e confecção da infra-esuutura mica. Através desse procedimento torna-se possível
metálica. Essa estrutura tem como função promover nitidamente determinar a altura e largura dos dentes,
suporte à cerâmica que restaura os dentes perdidos, a local ização dos conectores, além da altura e do vo-
devendo, muitas vezes, suportar também a gengiva de lume do tecido gengival a ser reproduzido. Nesse mo-
cerâmica. mento, define-se o formato dos pônticos para que
Para esse planejamento, é de grande importân- seja permitida uma higienização adequada com o fi o
cia a execução de um enceramento diagnóstico da dental sob essa região. Esses procedimentos podem
prótese parcial fixa simulando-se a gengiva em cerâ- ser observados no caso c línico 1.
Tabela 6.1 - Escala de gengiva artificial em porcelana (Gengival Color Schedule) para cerâmica EX-3.*
GA i = ( 1) Pink
GA2 = ( 1) Pink + (1) To
=
GA3 (2) Pink + (1) To
GBI = ( 1) Dark Pink
GB2 = (1) Dark Pink + (1) To
GB3 = (2) Dark Pink + (1) To
GC 1 =(1) EF + 1
GC2 = (I ) EF + 1 (1) To
GC3 = (2) EF + 1 ( 1) To
GABI = ( 1) Dark Pink + ( 1) Pink- ( l) To
GAB2 = (l) Dark Pink + ( 1) Pink - (2) To
GACI = ( 1) Pink + (l) EF-1 ( 1) To
GAC2 = ( 1) Pink + (1 ) EF-1 (2) To
GBCI =( 1) Dark Pink + (1 ) EF - 1 + (1) To
GBC2 =( 1) Dark Pink + (J) EF - 1 + (2) To
GBR 1 = (2) Dark Pink + (2) Brown + ( 1) Blue
=
GBR2 (2) Dark Pink + (2) Brown + ( 1) Green
GBR3 =(2) Dark Pink + (2) Brown + ( 1) Gray
GBR4 = (\1:,) Brown+ (Y2) Blue + (1) Dark Pink + (l ) To
GBR5 = (Y2) Dark Pink + (Y2) Pink + (Y2) TO + (Y2) Blue + (Y2) Brown
GBR6 = (Y2) Brown+ (Y2) Blue + ( 1) Pink + (l ) To
=
GBR7 (\1:,) Brown+ (Y2) Blue + (1) EF + 1 + (1 ) To
GLOI = ( 1) Light Orange + ( 1) Dark Pink + (1 ) To
GL02 = (2) Dark Pink + ( 1) To+ ( 1) Light Orange + ( 1) White
GY I =( 1) Blue + (1) Dark Pink + ( 1) To
GV2 =(1) Dark Pink + ( 1) To+ (l) Gray
GV3 = (Y2) Dark Pink + (Y2) Pink + (\1:,) To+ (Y2) Gray + (Y2) Blue
GU =(1) Dark Pink + (\1:,) To+ (Y2) Pink + (Y2) EF - 1
*Esta tabela pode ser adaptada para outras marcas comerciais de cerâmica, bastando para isso que o TPD utilize massas
cerâmicas com características similares.
~
2091
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas
~
2O
Caf)íllllo 6 - O Tecido Gengival e as l?eabilitações em Porcelana
fig. 6.26
fig. 6.27
212
Capüulo 6 - O Tecido Gengival e as Reabilitações em Porcelana
Um dos mais importantes componentes de uma esse corte, assim como a pré-usinagem (remoção da
prótese parcial fixa (PPF) são os conectores, que de- camada de óxidos criada na fu ndição e remoção de
vem possuir uma supe rfície relativamente grande, eventuais irreguladidades incorporadas no e ncera-
diferentemente dos dentes naturais ou coroas unitá- mento) sugere-se utilizar discos tipo Cut-Off ou Ninj a
rias, que possuem pontos de contato que ocupam só 25 mm x 0,7 mm. A usinagem propriamente dita é
uma pequena área. A confecção de um conector que efetuada com fresas de tungstênio de corte c ruzado
proporcione a ilusão de que exista uma pequena área (n• 302.801 - OdontoMega Import®) e pedras de
de contato entre os elementos de uma ponte fixa, ape- óxido de Alumínio. É muito importante salientar que
sar de suas verdadeiras dimensões, é um desafio téc- para cada tipo de liga (Níquel-Cromo, Cobalto-Cro-
nico. O enceram ento diagnóstico irá determinar além mo, Paládio-Prata ou Nobre) deve ser reservada uma
da espessura correta da infra-estrutura metálica, a fresa específica (Fig . 6.38).
localização correta dos conectores. Devem ser posi-
cionados na altura dos contatos proximais, tanto nos
dentes anteriores quanto nos posteriores (Figs. 6.29
Usinagem da Estrutura em Titânio
a 6.31). Puro
O espaço a ser preenchido por gengiva em porce-
lana é compreendido pela região cervical e de em- Nas ligas Titânio puro as fresas de tungstê nio
brasura dos dentes até o rebordo remanescente. Não devem ser de corte aspirado para minimizar a gera-
existe a necessidade de se estender a gengiva artifi - ção de calor (700801 SF - OdontoMega lmport®). O
cial até o fundo de saco de vestJbulo. acabamento deve ser efetuado com motor sob rotação
Grandes quantidades de gengiva a serem adicio- de 10.000 a 15.000 rpm no máximo.
nadas a uma ponte fi xa devem estar reforçadas por
infra-estrutura metálica. Uma maneira prática de se
Soldagem
determinar a eminente necessidade desse reforço é a
comparação entre o comprimento dos dentes e da
Sempre que necessária, a soldagem pode ser exe-
gengiva a serem reabilitados. Sempre que a exten- cutada através do laser, em qualquer tipo de liga (Fig.
são de gengiva e m comprimento for superior a dois
6.39). A solda decorrente dessa técnica demonstra
terços (2/3) do comprimento da coroa, a infra-estru-
compo1tamento mecânico superior às soldagens con-
tura metálica deve suportar essa gengiva (Figs. 6.32
vencionais. Pelo fato de ser executada em ambiente
e 6.33). Pequenas quantidades de gengiva dispen- de gás argônio, a oxidação interna na aérea soldada
sam esse substrato metálico, que compromete a pas- é reduzida, entretanto, não existe nenhu ma contra-
sagem de luz na região. indicação à soldagem convencional.
As figuras 6.34 a 6 .37 se referem ao procedimen-
to de inclusão e fundição, executado após o encera-
mento e planej amento da infra-estrutura metálica. Aplicação de Cerâmica
Nesse momento, é importante que o técnico seja cui-
dadoso no posicionamento correto dos padrões de Após a confecção e acabamento da infra-estrutura
cera em relação ao centro térmico do anel de fun- metálica, deve-se proceder à aplicação das massas
dição, na localização correta dos canais de alimenta- cerâmicas na seguinte ordem:
ção, assi"m como da barra alimentadora. Deve-se prio-
rizar o uso de revestimentos de boa qualidade, ob- v' Aplicação de opaco.
servando-se seu proporcionamento correto para que v' Aplicação de massas de dentinas opacas, massas
demonstre expansões de presa e térmica que seja ca- modi fi cadoras de dentina, dentinas, incisais e
paz de compensar de forma satisfatória a contração transparentes. Nessa etapa, deve ser aplicada a
de fundição da liga metálica. primeira camada de gengiva.
v' Caracterizações intrínsecas.
Usinagem da Estrutura Metálica v' Aplicação de opalescentes e segunda camada de
gengiva.
O procedimento de usinagem das infra-estrutu- v' Acabamento.
ras metálicas deve se iniciar pelo corte do sprue. Para v' Glazeamento.
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas
Fig. 6.29
Fig. 6.30
Fig. 6.37
Fig. 6.36
Fig. 6.39
Cerâmict1s Odontológicas - Conceitos e Técnicas
Caso Clínico 2
Fig. 6.42
Fig. 6.43
21
Capítulo 6 - O Tecido Gengival e as Reabilitações em Porcelana
Fig. 6.45
Tabela 6_2 - Proporções para a obtenção de dentina opaca da cerâmica TI-22 (porcentagem por volume).
OBA ! 838 Branco Amarelo
73 + 23 + 4 = 100
OBA2 838 C3B Branco Laranja Amarelo Rosa Cinza
35 + 22 + 23 + 12 + 2 + 2 + 4 100
0BA3 C3B Branco Laranja Rosa Cinza
39 + 22 + 2 + s + 13 = 100
OBA3,5 C3B Branco Laranja Verde
38 + 22 + 25 + JS = 100
OBA4 Branco Laranja Verde CV3
22 + 25 + 20 + 33 = 100
OBBI 838 Branco Amarelo Cinza
3 1 + 46 + s + 18 = 100
0882 838 Branco Amarelo Rosa Cinza Azul
51 + 23 + 3 + 2 + 18 + 3 100
0 8 83 838 Branco Laranja Amarelo
46 + 22 + 16 + 16 100
0884 838 Branco Laranja Amarelo
49 + 17 + 17 + 17 = 100
OBC I 838 Branco Amarelo Verde Azul Marrom
61 + 23 + 6 + 6 + 2 + 2 100
OBC2 828 C3B Branco Amarelo Cinza Verde CV3 Azul Marrom
10 + 19 + 23 + s + 15 + 13 + 7 + 4 + 4 = 100
OBC3 828 C3B Branco Amarelo Cinza Verde CV3 Azul Marrom
14 + 8 + 23 + 10 + li + 20 + 3 + 6 + 4 IOO
OBC4 828 C3B Branco Amarelo Cinza Verde CV3 Azul Marrom
15 + 9 + 18 + li + 12 + 2 1 + 3 + 7 + 4 = 100
0802 8 28 028 038 Branco Amarelo Rosa Cinza Verde Azul Marrom
10 + 10 + 10 + 28 + 2 + 4 + 25 + 7 + 2 + 2 100
080 3 828 038 Branco Amarelo Rosa Cinza Verde Azul Marrom
l i + 17 + 23 + 4 + 5 + 24 + 10 + 3 + 3 100
080 4 8 28 C3B Branco Amarelo Cinza Verde CV3 Azul Marrom
17 + li + 23 + 6 + 13 + 16 + 4 + 5 + 5 100
~
2
Capíwlo 6 - O Tecido Gengival e a., Reabilitações em Porr:e/ana
Caso Clínico 3
~
2 9
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas
Fig. 6.54
Fig. 6.55
Fig. 6.60
Fig. 6.59
Fig. 6.61
Fig. 6.62
Cerâmicas Odomológicas - Conceitos e Técnicc1.s
Caso Clínico 4
Fig. 6.69
Fig. 6.72
Fig. 6.76
Fig. 6.77
Fig. 6.78
Fig. 6 .79
~
225 1
Cerâmicas Odontol6gicas - Conceitos e Técnicas
Fig. 6.80
Fig. 6.81
Fig. 6.82
Caso Clínico 5
Fig. 6.84
Fig. 6.85
Fig. 6.88
Fig. 6.90
Fig. 6.91
Fig. 6 .92
-~
2 9
Cerâmicas Odo1110/6gicas - Conceitos e Técnicas
Caso Clínico 6
Fig. 6 .93
Fig. 6.94
Fig. 6 .95
~
230
Capítulo 6 - O Tecido Gengival e as Reabilitações em Porcelana
Fig. 6.96
Fig. 6.97
Fig. 6.98
Fig. 6.99
Fig. 6.100
~
232l
Capíwlo 6 - O Tecido Ge11gi,·al e a., Reabilitações em Porcela11a
Fig. 6.101
Fig. 6.102
Fig. 6.103
Fig. 6.104
233
Cerâmicas Odonrol6gicas - Conceitos e Técnicas