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Revista Brasileira de Nutrição Esportiva


ISSN 1981-9927 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
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A INFLUÊNCIA DA CAFEÍNA COMO RECURSO ERGOGÊNICO NO EXERCÍCIO FÍSICO:


SUA AÇÃO E EFEITOS COLATERAIS
1,2 1,3
Alessandra Morin Altermann , Christina Siveira Dias ,
1,4 1
Monique Varriale Luiz , Francisco Navarro

RESUMO ABSTRACT

A busca por melhores resultados nos esportes The Influence of Caffeine as an Ergogenic
de alto rendimento é cada vez maior, onde são Resource for Physical Exercises: Its Action
lançados mão de vários meios para que isso and Side Effects.
se torne possível. Um destes meios são os
recursos ergogênicos, que caracterizam-se por The search for better results in high
substâncias usadas na tentativa de aumentar performance sports has clearly grown, and
a potência física, a força mental e a eficácia much has been done in order to make it real.
mecânica. Estes recursos podem ser de One way of achieving that is by ergogenic
diferentes tipos, como mecânicos ou resources, in which we make use of certain
chamados biomecânicos, psicológicos ou substances on an attempt to increase physical
nutricionais. Um destes recursos utilizado é a strength, mental power, and mechanic
cafeína, caracterizada por um recurso efficiency. These resources can be of different
ergogênico nutricional, a mesma é uma kinds: mechanic or bio-mechanic,
substância de fácil acesso a população psychological, or nutritional. One of those
presente em muitas bebidas e alimentos. O resources is caffeine, characterized by a
objetivo deste estudo é através de uma nutritional ergogenic resource, which is an
pesquisa bibliográfica, identificar as possíveis easy-access substance for the population due
influências do uso da cafeína como recurso to its presence in many beverages and foods.
ergogênico no exercício físico, assim como The objective of this study is to display,
suas ações metabólicas e possíveis efeitos through a bibliographic research, the possible
colaterais. Através da análise de estudos influences of caffeine as an ergogenic
realizados é possível afirmar que a cafeína é resource in physical exercises, as well as its
um potente recurso ergogênico, aumentando a metabolic actions and possible side effects.
lipólise no exercício e teoricamente poupando After the analysis of practical studies it’s
a utilização de glicogênio, melhora a força de possible to confirm that caffeine is a powerful
contração e a diminuição da fadiga. Porém, ergogenic resource, increasing the lipolysis
ainda não parece estar claro quais os rate in the exercise and theoretically sparing
mecanismos de ação estariam envolvidos the use of glycogen, improving contraction
nessa melhoria de performance. Em relação power and reducing fatigue. However, it is still
aos possíveis efeitos colaterais nada foi inconclusive the action mechanisms involved
confirmado na prática. on this performance improvement. Nothing has
been practically confirmed in relation to
possible side effects.
Palavras chaves: recurso ergogênico,
exercício físico e cafeína. Key-words: ergogenic resource, physical
exercise, and caffeine.
1. Programa de Pós-Graduação Lato-Sensu
em Fisiologia do Exercício Prescrição do Endereço e e-mail:
Exercício da Universidade Gama Filho - UGF 1.2 Rua Florêncio Ygartua 155/54, Moinhos de
2. Licenciada em Educação Física pela Vento 91430-010; Porto Alegre/ RS
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande alealtermann@pop.com.br
do Sul FEFID - PUCRS 1.3 Rua Fábio Araújo Santos 1245/154,
3. Licenciada em Educação Física pela Nonoai 91720-390; Porto Alegre/ RS
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA chrisestaulb@hotmail.com
4. Licenciada em Educação Física pela 1.4 Rua Germano Petersen Junior 543/304,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Auxiliadora 90540-140; Porto Alegre/ RS
ESEF – UFRGS niquevarriale@terra.com.br

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INTRODUÇÂO A cafeína é uma substância presente


em muitas bebidas e alimentos de fácil acesso
à população, tanto em relação a sua oferta
quanto ao seu preço, em virtude disso o seu
Tem se tornado cada vez mais consumo é significativo.
perceptível à importância da prática de A cafeína, para muitas pessoas, faz
exercícios físicos regulares, novos estudos parte da rotina diária, hoje, provavelmente é a
investigando isso vêem sendo publicados com droga estimulante mais utilizada no mundo. A
uma velocidade significativa. Como exemplo mesma atua em diferentes tecidos do corpo,
podemos citar a grande propagação da mídia provocando uma série de efeitos, entre eles
e conseqüentemente a de diferentes estão a estimulação do sistema nervoso
profissionais da saúde frisando este fato. Os central, a interferência no sistema músculo
diferentes benefícios que ele proporciona e a esquelético e cardíaco e também a liberação e
importância da sua correta aderência reforçam atuação de diferentes hormônios (Maughan e
essa idéia, em virtude disso a população Burke, 2004).
praticante de exercícios vem crescendo a cada Como é considerada uma droga
dia. estimulante, a cafeína quando ingerida em
Para que a prática de exercícios seja excesso, ou por pessoas sensíveis a
benéfica, tanto em casos dos atletas quanto substância, pode ocasionar alguns efeitos
para os praticantes regulares, são necessários colaterais, como insônia, irritabilidade,
fundamentos básicos para obtenção de ansiedade, náuseas e até desconfortos
resultados positivos, como continuidade e gastrintestinais (Altimari e Colaboradores,
qualidade de treinamento, neste caso 2001).
considerando os objetivos do praticante ou do Este estudo reveste-se de importância
atleta, contando também com fatores como o pelo fato desta sustância ser de grande oferta
descanso, horas de sono adequadas e uma à população e devido aos diferentes efeitos
alimentação que supra as necessidades estimulantes ao corpo. Em virtude disso,
energéticas destes indivíduos. acredita-se que a cafeína poderia ser utilizada
Mesmo seguindo os aspectos citados como um potente recurso ergogênico
acima, eles podem ser insuficientes para que nutricional durante o exercício físico, a fim de
os objetivos da prática sejam alcançados melhorar o desempenho tanto de atletas
como o esperado. Com isso, na maioria dos amadores e profissionais como praticantes em
casos, são lançados mão de alguns auxílios geral.
para melhorar a performance e o O objetivo deste estudo é, através de
desempenho, podendo estes ser de diversas uma pesquisa bibliográfica, identificar as
maneiras, dentre elas estão os recursos possíveis influências do uso da cafeína como
ergogênicos, que cada vez mais vem sido recurso ergogênico no exercício físico, assim
procurado. Entende-se por recursos como suas ações metabólicas e possíveis
ergogênicos substâncias usadas na tentativa efeitos colaterais.
de aumentar a potência física, a força mental e
a eficácia mecânica, estes recursos podem ser
de diferentes tipos, como mecânicos ou
chamados biomecânicos, psicológicos ou EXERCÍCIO FÍSICO E OS RECURSOS
nutricionais (Garrett e Kirkendall, 2003). Neste ERGOGÊNICOS
estudo estaremos abordando sobre o uso dos
recursos ergogênicos nutricionais. Existem
várias substâncias que podem ser usadas
como recurso nutricional, como por exemplo, Nos dias de hoje é fácil perceber que
alguns macronutrientes como, os carboidratos, se não cuidarmos do nosso corpo e da nossa
os lipídios, as proteínas, também podem ser saúde, não será possível acompanhar as
utilizados alguns minerais e vitaminas. Dentre exigências impostas pela sociedade e por nós
estes recursos estão presentes os chamados mesmos. A cada dia que passa, percebemos a
recursos ergogênicos populares, como a necessidade de prepararmos nosso corpo de
cafeína, substância abordada com ênfase forma adequada para suprir estas demandas,
nesta pesquisa. para isso é necessário recorrermos a meios

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que possibilitam uma melhor qualidade de um deles é a herança genética o outro é o


vida, fazendo a promoção da saúde. Um fator treinamento, onde se consideram
destes meios é a incorporação da prática de metodologia, local e recursos gerais utilizados.
exercícios físicos regulares. Entende-se por Na maioria das competições os atletas
exercício físico uma atividade planejada, normalmente utilizam métodos de treinamento
estruturada e repetitiva. muito parecidos, obtendo resultados muito
Cada vez mais a sua prática vem parelhos entre si. Entretanto já possuem
sendo utilizada como objetivo de atingir grandes indícios de que dois fatores vêem
aspectos como lazer, melhoria da estética sendo levados em consideração nos últimos
corporal e da aptidão física, assim como a recordes esportivos, a dieta e os chamados
profilaxia de várias doenças ou também com recursos ergogênicos utilizados (Williams
finalidades específicas e competitivas. Sabe- 2002).
se que um programa regular de exercícios Contudo, é possível perceber que em
proporciona grandes benefícios ao corpo e a muitos casos apenas um bom treinamento e
mente, consequentemente agregando hábitos de vida adequados não são suficientes
aspectos importantes a nossa saúde. É para um bom rendimento no caso de atletas,
importante ressaltar que para um programa de ou não bastam para uma melhor disposição
exercício tornar-se adequado, são necessários durante o exercício para os praticantes não
aspectos importantes a serem considerados competitivos, sendo assim, é cada vez maior a
como: tipo de exercício, intensidade, duração, busca pelos recursos ergogênicos.
freqüência semanal e progressão destes Williams (2002) define a palavra
componentes (Monteiro, 2000). ergogênico como vinda do grego, onde ergo
É importante considerar que para uma significa trabalho e gen produção de, sendo
boa qualidade de vida geral e que o exercício assim, definida como melhora do potencial de
realmente resulte em benefícios são trabalho.
necessário hábitos de vida saudáveis como, Neste sentido, as utilizações de
por exemplo, o sono, uma alimentação substâncias com potencial ergogênico têm se
adequada com baixas taxas de açucares e mostrado eficiente por resultar em grandes
gorduras, o controle do estresse, entre outros benefícios, incluindo aumento das reservas
fatores, aqui não mencionados. energéticas, aumento da mobilização de
Além da população geral que é substratos para os músculos ativos durante os
considerada praticante regular de exercício exercícios físicos, aumento do anabolismo
físico e como já mencionado usa da prática protéico, diminuição da percepção subjetiva de
dos mesmos para obter benefícios estão esforço e reposição hidroeletrolítica adequada.
também os atletas, que em diferentes É importante destacar que estes efeitos são
dimensões estão em uma constante busca de dependentes de que tipo de recurso será
melhores resultados. utilizado e serão abordados com maiores
Em contraponto, nos dias de hoje a detalhe a frente (Williams 1996 citado por
busca por um melhor desempenho no meio Altimari e Colaboradores 2000).
atlético se tornou cada vez maior, um mero Seguindo o que foi mencionado acima,
detalhe faz a diferença quando se busca os recursos ergogênicos podem ser de
resultados precisos. Pesquisas científicas e diferentes tipos, como mostra o quadro 1
novas tecnologias vêm sendo desenvolvidas citado por Williams (2002).
cada vez com mais precisão para que estas Com foi possível observar, existem
diferenças sejam maiores e os atletas possam diversos tipos de recursos ergogênicos, assim
evoluir cada vez mais em busca de melhores como, em conseqüência diferentes respostas
resultados. ao seu uso. É válido lembrar que alguns deles,
Quando falamos em sucesso no o uso em determinadas dosagens são
esporte e busca por melhores posições e proibidas, caracterizadas doping pelo COI,
resultados é importante lembrar que existem Comitê Olímpico Internacional.
dois fatores principais a serem considerados,

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Quadro 1: OS TIPOS DE RECUSOS ERGOGÊNICOS

Recursos Mecânicos: Os recursos mecânicos ou biomecânicos são


projetados para aumentar a eficiência energética
e a vantagem mecânica. Um corredor pode usar
tênis mais leve a fim de gastar menos energia
para movimentar as pernas e aumentar a
economia de corrida.
Recursos Psicológicos: Os recursos psicológicos são planejados para
melhorar os processos psicológicos durante o
desempenho esportivo, para aumentar a força
mental. A hipnose, por meio da sugestão pós-
hipnótica, pode ajudar a remover barreiras que
limitam a capacidade de desempenho fisiológico.
Recursos Fisiológicos: Os recursos fisiológicos são projetados para
ampliar os processos fisiológicos naturais a fim
de aumentar a potência física. O Doping de
sangue, ou a infusão de sangue em um atleta,
pode aumentar a capacidade de transporte de
oxigênio e consequentemente, a resistência
aeróbia.
Recursos Farmacológicos: Os recursos farmacológicos são drogas usadas
para influenciar os processos fisiológicos ou
psicológicos a fim de aumentar a potência física
ou a força mental. Os esteróides anabolizantes,
drogas que imitam a ação do hormônio sexual
masculino, a testosterona, podem aumentar o
tamanho do músculo e a força.
Recursos Nutricionais: Os recursos nutricionais têm o propósito de
influenciar os processos fisiológicos e
psicológicos para aumentar a potência física e a
força mental. Os suplementos de proteína
podem ser usados por atletas de força em
treinamento para aumentar a massa muscular,
pois a proteína é o principal constituinte do
músculo.

Assim como a quantidade e o tipo de não nas ações de endurance, ou vice-versa;


recurso utilizado interferem nos resultados Assim como ele pode funcionar em atividades
pretendidos, os autores Linderman e Fahey motoras grosseiras de músculos grandes e
(1991 citado por Powers e Howley 2000) não para atividades motoras finas, ou vice-
mostram de que depende o efeito de um versa;
recurso ergogêncio, como mostram os itens • Do uso: um auxílio ergogênico
abaixo: utilizado de maneira aguda (curta-duração)
• Da quantidade: muito pouco ou pode ter um efeito positivo, mas seu uso
excessivo pode não surtir efeito; prolongado pode comprometer o desempenho
• Do Indivíduo que utiliza: um auxílio ou vice-versa.
ergogênico pode ser efetivo em indivíduos
“não-treinados” e não nos indivíduos Como mencionado anteriormente,
“treinados”, ou vice-versa. Assim como o estaremos abordando neste trabalho os
“valor” de um auxílio ergogênico é recursos ergogênicos nutricionais,
determinado pelo indivíduo; considerados os mais utilizados dos
• Da ação: ele pode funcionar em ações ergogênicos. O uso de recursos nutricionais é
relacionadas à potência de curta duração, mas cada vez maior por atletas e por praticantes de

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exercícios físicos regulares, embora em menor baixas dosagens (2mg/kg), a cafeína provoca
quantidade, o mesmo se dá em ambos os aumento do estado de vigília, diminuição da
lados pela tentativa de melhorar o sonolência, alívio da fadiga, aumento da
desempenho esportivo. respiração, aumento na liberação de
Existe uma grande oferta de recursos catecolaminas, aumento da freqüência
ergogênicos nutricionais, podendo ser cardíaca, aumento no metabolismo e diurese.
macronutrientes como os carboidratos, as De mesmo modo em altas dosagens
proteínas e alguns tipos de ácidos graxos ou (15mg/kg) pode gerar nervosismo, insônia,
também tipos de vitaminas e minerais tremores e desidratação (Conlee, 1991 citado
específicos. É valido lembrar que existem os por Braga e Alves, 2000).
recursos ergogênicos populares, ou de fácil Autores afirmam que pessoas que
acesso, como a cafeína, tema deste trabalho. utilizam a cafeína se sentem mais fortes e
Sabe-se que sua utilização por atletas competitivas, acreditam que podem realizar
tem sido com grande freqüência, com o um esforço mais prolongado antes que ocorra
objetivo de diminuir a fadiga e melhorar a o início da fadiga e que, caso estejam
performance, a cafeína é um alimento fatigadas antecipadamente, a fadiga é
presente em nosso cotidiano, tendo como reduzida (Wilmore e Costil 1999).
conseqüência seu uso com freqüência em
nosso dia-a-dia.
A cafeína e sua composição

Histórico da cafeína
A cafeína, chamada quimicamente de
1, 3, 7 trimetilxantina, pertence ao grupo das
O uso da cafeína já vem de muitos xantinas. É importante destacar que as
anos, desde o período paleolítico. Hoje ela é xantinas não são consideradas
facilmente encontrada em bebidas, alimentos micronutrientes, sendo principalmente usadas
e alguns medicamentos como analgésicos e com finalidade terapêutica e farmacológica
contra gripe. Como exemplos destas fontes (Dâmaso, 2001).
estão os cafés, o chá, o chimarrão, os Como mencionado anteriormente, a
refrigerantes e chocolates. cafeína é encontrada naturalmente nos grãos
O café foi fortemente introduzido na de café, nas folhas de chá, no chocolate, nas
Europa no século XVI pelos espanhóis e sementes de cacau, nas nozes de cola, no
holandeses. Antes disso ele era consumido de guaraná e acrescentada a outras bebidas e
forma restrita e a bebida nobre na época era o alguns remédios. É possível visualizar que a
chá (Barone e Roberts 1984 citado por Mello, oferta desta substância é grande e de fácil
Kunzler e Farah 2007). acesso, do mesmo modo, há sessenta e três
Considerando que a cafeína está espécies de plantas que contêm cafeína,
presente em muitos alimentos e bebidas, é variando em relação à quantidade e conteúdo
possível dizer que cerca de 80% da população quando comparados entre si (Mcardle, Katch e
geral faz ou já fez o uso dessa substância, Katch 2001). Na tabela 1 é possível observar
embora quantificar seu consumo, segundo os as quantidades de cafeína em diferentes
autores, seja difícil. É nos países latinos que o bebidas e alimentos.
hábito de tomar café é mais evidente, se Considerando o quadro abaixo, é
caracterizando por um teor maior de cafeína. perceptível o fácil acesso da população à
Em contra ponto os americanos preferem o cafeína, é possível considerar que em alguns
café mais diluído ou descafeinado, embora os casos ocorre o consumo e a pessoa que está
EUA estando entre os maiores consumidores fazendo o uso nem sabe que está fazendo a
do mundo junto com Grã-Bretanha, Itália e ingestão da substância.
Escandinávia (Strain e Griffiths, 2000; James, Autores afirmam que a população em
1997 citado por Silva 2003). geral aprecia os compostos da cafeína por
Mesmo não tendo nenhum valor serem socialmente aceitáveis, facilmente
nutricional, a cafeína resulta em diversos disponíveis e por suas propriedades
efeitos e dependendo da dosagem eles podem estimulantes (Wolinsky e Hickson, 2002).
ser benéficos ou não. Quando consumida em

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Tabela 1 Conteúdo de Cafeína em Alimento Populares, Bebidas, Refrigerantes

Conteúdo de Cafeína em Cafés, Chás e Chocolates. Cafeína (mg)


Café (Xícara de 150 ml)
De máquina 110-150
De coador 64-124
Instantâneo 40-108
Descafeinado 2-5
Instantâneo descafeinado 2
Chá (a granel ou em saquinhos)
Infusão de um minuto 9-33
Infusão de três minutos 20-46
Infusão de cinco minutos 20-50
Produtos com Chá
Chá instantâneo (xícara de 150 ml) 12-28
Chá gelado (xicara De 350 ml) 22-36
Chocolate
Feito a partir de mistura 6
Chocolate ao leite (28 g) 6
Chocolate de confeiteiro (28 g) 35
Conteúdo de cafeína em Refrigerantes Cafeína (mg por 350 ml)
Coca-Cola 46
Cola Diet 46
Pepsi Cola 38,4
Diet Pepsi 36
Pepsi Light 36
Fonte Powers e Howley 2000, pg 472

Habituação ao uso Tabela 2. Classificação do usuário com


relação à ingestão diária de cafeína.
Qtde de Possibilidade Tipo de
É importante mencionar que o efeito cafeína de usuário
da cafeína varia de pessoa para pessoa, (mg/dia) habituação
dependendo do seu peso e regularidade com >720 Sim Usuário
que a ingerem. Acredita-se que a habituação intencional
da cafeína é possível a partir da ingestão 450-720 Sim Usuário
crônica de 100mg/dia o equivalente a uma ou Moderado
duas xícaras de café. Esta dosagem 120-150 Sim Usuário
supostamente neutraliza as respostas habitual
metabólicas aos efeitos esperados da cafeína. 30-100 Não Usuário
Autores afirmam que usuários habituais, após não
4 dias sem ingerir cafeína, perdem a habitual
adaptação a substância (Wolinsky e Hickson, < 20 Não Não
2002; Silva, 2003; Mello, Kunzler e Farah Usuário
2007). Adaptado de Daniels e colaboradores, 1998;
Na tabela 2 é possível observar a Graham e Spriet, 1991; Van Soeren e
quantidade necessária de ingestão de cafeína colaboradores, 1993, citado por Altimari e
para adquirir certas adaptações. colaboradores, 2001.

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Mecanismos de ação pela degradação da cafeína. É através desta


reação que a cafeína resulta em mais três
grupos, chamados de metilxantinas, que são:
O fígado é o principal responsável pela a Teofilina, a Teobromina e a Paraxantina. A
metabolização da cafeína. Sua degradação Paraxantina é há de mais representação
começa pela remoção dos grupos metila 1 e 7. metabólica em humanos, ocupando 84% em
Esta reação é possível através da ação do relação às demais, seguido da Teofilina e logo
citocromo P450 1A2, o mesmo sendo um a Teobromina, ainda assim as três
agente catalizador da reação, responsável consideradas ativas metabolicamente.

Quadro 2. Metabolismo da cafeína em humanos. Valores expressos, em termos percentuais, entre


parênteses representam as quantidades metabolizadas de cada composto (CYP 1A2- citocromo
P450; NAT2- N- acetiltransferase; XO- xantina oxidase; AFMU- 5- acetilamina- 6- formilamina- 3-
metiluracil). (Adaptado de Sinclair e Geiger, 2000, citado por Altimari e colaboradores, 2001).
CAFEÍNA

(1,3,7 trimetilxantina)

CYP1A2 (12%)
CYP1A2 (4%)
(84%)

Teobromina Paraxantina
Teofilina (3,7- dimetilxantina) (1,7- dimetilxantina)
(1,3- dimetilxantina) 20%

(50%) (30%) (50%) (9%)

CYP1A2 (20%)

1,3- dimetilxantina 3- metilxantina

NAT 2 (16%)

AFMU

1- metilxantina

XO (39%)
1- metillurato

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Embora o fígado seja o principal responsável • Melhora do humor;


por sua metabolização, existem outros tecidos • Diminui o tempo de reação (resposta
que participam deste processo de forma mais rápida);
indireta, como o rim e o cérebro. Os mesmos • Aumenta a liberação de catecolaminas
têm um papel importante na produção do (hormônios como adrenalina noradrenalina);
citocromo P450 1A2 sendo assim, auxiliando • Aumenta a mobilização de ácidos
na metabolização da cafeína. O quadro 2 graxos livre, como explicado acima;
representa com mais clareza o que foi • Aumenta o uso dos triglicerídeos
mencionado (Nabholz, 2007). musculares.
A cafeína pode ter efeitos em vários
tecidos, como no Sistema Nervoso Central, no
músculo esquelético, no músculo cardíaco, na Além do Sistema Nervoso Central,
função renal, na musculatura lisa brônquica e existe outro tecido alvo da cafeína: o Músculo
no trato gastrintestinal, os mesmos Esquelético, a cafeína pode agir diretamente
diferenciando-se dependendo da célula alvo sobre o músculo, e não através da ação das
atuante (Dâmaso 2001). catecolaminas como muitos autores relatam.
Se tratando do Sistema Nervoso Essa afirmação se torna possível pela idéia de
Central, alguns autores afirmam ser esta a um aumento da permeabilidade do retículo
principal região afetada pela cafeína, sarcoplasmático aos íons de cálcio, o cálcio é
resultando em seus maiores efeitos. um mineral que age com importância na
Como afirma Mcardle, Katch e Katch, 2001 pg. função da contração muscular. Essa facilitação
310 da ação do cálcio é responsável também pelo
aumento da atividade da bomba de sódio e
“A cafeína produz efeitos analgésicos sobre o potássio, otimizando a contração muscular.
sistema nervoso central e exacerba a Ainda falando da ação ao nível do sistema
excitabilidade dos motoneurônios, facilitando músculo esquelético, a cafeína poderia
assim o recrutamento das unidades motoras. também influenciar a sensibilidade das
Os efeitos estimulantes da cafeína não miofibrilas (proteínas contrateis) através dos
resultam de sua ação direta sobre o sistema íons de cálcio de forma a aumentar a
nervoso central. Pelo contrário, a cafeína induz acoplagem excitação-contração, melhorando a
uma estimulação indireta do sistema nervoso contração muscular e aumentando a força de
por bloquear outro neuromodulador químico, a contração (Mcardle, Katch e Katch 2001;
adenosina, que exerce normalmente um efeito Wilmore e Costil, 1999).
calmante sobre os neurônios do cérebro e da Através da estimulação do Sistema
medula espinhal”. Nervoso Simpático, a cafeína interfere no
funcionamento da medula adrenal,
De mesmo modo, a cafeína aumenta a aumentando a liberação das catecolaminas.
ação do Sistema Nervoso Simpático, pelo Entre esta classe de hormônios está a
bloqueio dos receptores de adenosina, este adrenalina, aumentada no plasma com a
neuromodulador atua de forma oposta a ingestão da cafeína. A adrenalina é
cafeína. A adenosina age na diminuição da responsável por efeitos como a vasodilatação,
atividade celular, já a cafeína, bloqueando a a glicogenólise e o broncodilatação. Já outros
ação da mesma, acelera estas atividades a hormônios como a noradrenalina também
nível neural, como mencionado acima. Os ficam aumentados com a ingestão da cafeína,
receptores de adenosina são encontrados em seguindo os mesmos efeitos da epinefrina
diversos tecidos, incluindo o cérebro, o (Garrett e Kirkendall, 2003; Magkos e
coração, o músculo esquelético e os Kavouras, 2004).
adipócitos (Sökmen e Colaboradores, 2008, A respeito do Sistema Respiratório,
Graham, 2001). como mencionado acima, a cafeína estimula a
Em virtude desta ação no nível do broncodilatação dos alvéolos, assim como a
Sistema Nervoso Central, Wilmore e Costil dilatação dos vasos sanguíneos sendo
(1999) destacam alguns efeitos comprovados também capaz de aumentar a velocidade da
nos itens abaixo: filtragem do sangue (Sökmen e
• Aumento da atenção mental; Colaboradores, 2008).
• Aumento da concentração;

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Sobre o Sistema Cardiovascular, a fosfodiesterase, enzima responsável pela


cafeína exerce uma estimulação direta sobre o degradação do AMP cíclico (3’5’- monofosfato
miocárdio, provocando aumento no de adenosina cíclico), fazendo com que a ação
rendimento cardíaco, na força de contração e do mesmo fique aumentada. O AMP cíclico
freqüência. No entanto, por sua ação vagal, por sua vez, ativa as lípases sensíveis
tende a produzir modificações na freqüência estimulando os hormônios que promovem a
cardíaca (Dâmaso, 2001). lipólise. Por essa razão, este é um dos efeitos
Os níveis de absorção de cafeína por mais abordados da droga, a sua reação no
via oral são compatíveis no que se refere à tecido adiposo, estimulando a lipólise,
bebida (chás, refrigerantes, bebidas resultando em uma maior disponibilização de
energéticas) e ao alimento (chocolate), ácidos graxos livres. Na figura 1 é possível
podendo ocorrer uma variação na velocidade observar melhor o que foi mencionado. É
de absorção pela ocupação gástrica. Em importante mencionar que através do aumento
relação à administração da cafeína, pode ser da disponibilização dos ácidos graxos livres,
de diversas formas: oral, intraperitoneal, contribuindo para uma maior oxidação das
injeções subcutâneas, injeções gorduras, a cafeína exerce um papel de
intramusculares, aplicação de supositórios, poupança de glicogênio, esta contribuição na
sendo que a primeira é a mais utilizada, de metabolização do glicogênio, supostamente,
fácil aplicação e sua distribuição é feita pela reduz a fadiga muscular, possibilitando um
corrente sangüínea, degradada na forma de melhor rendimento em exercícios prolongados
co-produtos (Nabholz, 2007). de alta intensidade (Mcardle, Katch e Katch
A cafeína é absorvida com rapidez 2001; Fox, Bowers e Foss, 1991).
pelo trato gastrintestinal, suas concentrações
plasmáticas são alcançadas dentro de 60 Figura 1. Mecanismo pelos quais a cafeína
minutos, assim como seu pico de ação, pode aumentar a mobilização de ácidos
embora a mesma seja eliminada com bastante graxos livres.
rapidez. Para que as concentrações
sanguíneas da cafeína baixem até a metade
são necessárias de 3 a 6 horas, em
contraponto outros estimulantes levam cerca
de 10 horas. É importante relatar que de toda
cafeína ingerida, apenas 3% dela é excretada,
embora sua detecção na urina seja
relativamente fácil (Mcardle, Katch e Katch
2001; Nabholz, 2007).
Para as mulheres, a proporção de
excreção de cafeína é particularmente
importante, porque durante a execução de
exercícios intensos as mulheres apresentam
uma maior eliminação de cafeína do que os
homens (Altimari e Colaboradores, 2001).
De mesmo modo, não é apenas na
urina que ela pode ser encontrada, seus
metabólitos podem estar na saliva, no Powers e Howley, 2000 pg. 473
esperma e no leite materno, este fato tem
relação com possíveis casos de infertilidade
masculina e fibrose cística no seio (Silva Cafeína como recursos ergogênicos
2003).
A cafeína começou a ser utilizada no
A cafeína e a lipólise mundo esportivo a partir da metade do século
XIX, mais especificamente na primeira edição
A cafeína age a nível celular, fazendo da “corrida de seis dias” que ocorreu em 1879,
um bloqueio dos receptores de adenosina, devido a longa duração da prova os
como já mencionado acima. Em conseqüência participantes de diversas nacionalidades
desta ação, ocorre a inibição da enzima utilizaram de diversos produtos estimulantes

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dentre os quais compostos à base da cafeína, A cafeína provoca vários efeitos


acreditando que a mesma poderia ajudá-los a colaterais indesejados que podem limitar seu
suportar o grande esforço requerido. Hoje em uso em alguns esportes, como insônia, dores
dia a cafeína tem sido utilizada como de cabeça, irritação, ansiedade, prejuízo na
substância ergogênica, de forma aguda, memória e em alguns casos até sangramento
normalmente antes da realização de gastrintestinal. Em virtude da inibição do
exercícios físicos (Nabholz 2007; Altimari e hormônio antidiurético (ADH), a cafeína faz
Colaboradores 2005). também a estimulação da diurese. Suspeita-se
Acredita-se que a cafeína é incomum que altos níveis de ingestão de cafeína
quando comparado a outras substâncias por aumentem os riscos de câncer na bexiga
produzir efeitos ergogênicos em uma série de (Maughan e Burke, 2004; Garrett e Kinkendall,
protocolos de exercícios: desde os esforços 2003).
nos exercícios mais curtos e de alta Outros incovenientes que a droga
intensidade até os esforços submáximos e pode causar quando consumida em
exercícios prolongados (Maughan e Burke, quantidades excessivas (mais de cinco xícaras
2004). de café por vez) é que além de poder produzir
Por ser um recurso barato, como já concentrações urinárias de cafeína tida como
mencionado, pode ser conveniente e seguro inaceitáveis pelas agências que governam os
para tentativas de melhorar o desempenho de esportes a cafeína pode ser tóxica, causando
resistência aeróbia, é válido lembrar que seu os efeitos citados acima. Outro motivo de
efeito depende de pessoa para pessoa, sendo preocupação da administração da droga é que
assim, esse ganho pode ocorrer caso o atleta em virtude da ação diurética pode ser
não esteja habituado a consumir regularmente prejudicial em situações quentes e úmidas,
cafeína. A maioria dos estudos tem prejudicando o bom rendimento do atleta. Há
demonstrado que as melhorias no indícios de que a ingestão de grandes
desempenho ocorrem com o consumo de quantidades de cafeína pode produzir delírios
6mg/kg de cafeína independente do momento e alucinações (Wolinsky e Hickson 2002).
que estiver sendo consumido: antes ou
durante o exercício (Dâmaso 2001; Nabholz
2007). ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS ESTUDOS

Comitê Olímpico Internacional (COI)


Foram analisados oito artigos
A cafeína preenche todos os critérios científicos, publicados entre 1996 e 2008,
farmacológicos que a classificam como droga, sendo sete de origem internacional e um
pois pode levar à dependência e na ausência nacional. O critério de inclusão utilizado no
desta substância o indivíduo pode ter crises de estudo foi de característica experimental e que
abstinência. Atualmente o Comitê Olímpico faziam à relação da interferência da cafeína no
Internacional (COI) classifica a cafeína como exercício físico, não considerando o tipo do
uma droga restrita, positiva em concentrações mesmo. O tempo empregado na maioria dos
na urina acima de 12mg/L (Nabholz, 2007). estudos foi de duas a três semanas, com
Nos esportes de alto nível, há alguns exceção de dois estudo de Soeren e Graham
incidentes com cafeína, um no time de (1998), com duração de nove semanas e Bell
ciclismo dos EUA durante os jogos olímpicos e Mc Lellan (2002), com seis semanas.
de 1984, outro em um corredor do mesmo país A amostra total dos artigos analisados
que teve sua medalha de bronze retirada nos foi composta por setenta e oito homens e nove
60m em 1999 depois de um teste positivo da mulheres, formando no total oitenta e sete.
cafeína. Outro fato, mais recente foi com uma Sendo dos homens, nove treinados em força,
corredora no Suriname que também perdeu dezoito ciclistas, dezenove treinados em
sua medalha de ouro nos 800m nos jogos endurance, seis atletas recreacionais,
Pan-Americanos de 2003 (Magkos e consumidores de cafeína, vinte e seis
Kavouras, 2004). praticantes regulares de atividades aeróbias e
nove mulheres também praticantes regulares
Efeitos colaterais de atividades aeróbias.

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Em relação à quantidade de ingestão plasmática. Contudo, ainda é possível afirmar


de cafeína nos estudos, sete deles utilizaram que o mecanismo através do qual a cafeína
entre 5 e 6 mg/kg e um 300 mg, sem atua como ergogênico não é o mesmo que
considerar o peso de cada indivíduo que produz alterações metabólicas (nas
participou do teste. A maioria administrou a catecolaminas), mas sim pelo efeito que ela
dosagem de cafeína aproximadamente uma causa nos tecidos, que ainda precisam ser
hora antes dos testes. Dos oito estudos, sete melhor descritos segundo os autores.
que consideraram a capacidade Já no estudo de Bell e Mc Lellan
cardiorespiratória, utilizaram o ciclo-ergômetro (2002), os autores compararam os efeitos
como material de avaliação. Dentre os ergogênicos da cafeína e a duração dos
estudos, seis apresentaram algum efeito no mesmos com usuários e não usuários. Os
exercício devido a ingestão de cafeína e em efeitos dos testes e a duração dos mesmos
dois a cafeína não respondeu de forma foram significativamente melhores nos não-
positiva ao esperado. usuários de cafeína.
Dos estudos encontrados, apenas um Em relação a exercícios de curta
realizou experimentos comparando a ingestão duração e alta intensidade, Jackman e
de cafeína e efedrina com a realização de colaboradores (1996), examinaram os efeitos
exercícios de força máxima, resistência da ingestão de cafeína no metabolismo celular
muscular e pico de força anaeróbia. No e de endurance durante um exercício curto e
estudo, os autores, Williams e colaboradores intenso. A ingestão de cafeína resultou em um
(2008), utilizaram protocolos com exercícios aumento significativo na atividade de
de supino e puxada dorsal e não foi endurance comparado ao grupo que ingeriu
encontrado diferença nos três aspectos placebo, o mesmo resultou num aumento da
citados acima, não sendo possível afirmar que concentração de adrenalina plasmática
a suplementação de efedrina ou cafeína durante tudo o protocolo, mas não interferiu
podem melhorar a força muscular ou a nas concentrações de noradrenalina. A
performance anaeróbia. concentração de lactato nos exercícios de
Assim como o estudo mencionado força não foram afetadas pela ingestão de
acima, os autores Yeo e colaboradores (2005), cafeína, mas durante todo o protocolo de
também fazem à comparação da ingestão de exercícios suas concentrações aumentaram
cafeína aliada a outra substância, neste caso, significativamente. Já a baixa do glicogênio
o carboidrato. O protocolo testou a diferença muscular não foi diferente entre os
da ingestão de glicose pura, glicose com tratamentos em nenhum momento do
cafeína e água, sendo possível afirmar que protocolo, ainda assim, mesmo na fadiga havia
comparando com a ingestão de glicose no mínimo 50% da concentração original de
sozinha, quando ingerida com a cafeína, há glicogênio. Os dados mostraram que a
um aumento no carboidrato exógeno oxidado ingestão de cafeína pode ser uma ajuda
durante o exercício, sendo assim, um aumento ergogênica efetiva em exercícios de curta
da utilização do carboidrato que foi ingerido. duração, entre 4 e 6 minutos. No entanto, os
No estudo de Soeren e Graham autores afirmam que o mecanismo não é
(1998), foi feita uma relação dos efeitos associado com a economia de glicogênio
agudos da ingestão de cafeína no nível muscular. Isso é possível, segundo eles,
hormonal, metabólicos e em exercícios de porque a cafeína executa ações diretamente
endurance, os indivíduos que participaram do nas atividades musculares e ou nos processos
estudo, todos eles consumidores de cafeína, neurais que envolvem a atividade.
foram submetidos a teste em abstinência a No estudo de Silveira, Alves e
cafeína de dois e quatro dias. Concluiu-se no Denadai, 2004, eles abordam o efeito da
estudo que um curto tempo de abstinência de lipólise induzida pela cafeína na performance e
cafeína não interfere no efeito ergogênico no metabolismo da glicose no exercício
produzido nos exercícios de endurance, intermitente. O objetivo do estudo foi examinar
quando comparado aos não abstêmicos. se uma maior disponibilidade de ácidos graxos
Mostrando também que quando ocorre a reduziria as concentrações de lactato e glicose
ingestão de cafeína em abstêmicos, a mesma sanguínea, seguido de um maior tempo de
produz efeitos nos ácidos graxos livres e na exaustão durante um exercício intermitente
noradrenalina, mas não na adrenalina intenso. Foi observado no experimento que

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houve um aumento significativo no tempo de sofreram alterações. Deste modo, os


exaustão quando comparado ao placebo, resultados do estudo levam a crer que o
assim como a ingestão da cafeína aumentou aumento da lipólise induzida pela cafeína pode
as concentrações de ácidos graxos livres já contribuir para a performance durante o
antes do exercício, em contraponto, a glicose exercício intermitente intenso em virtude de
sanguínea só aumentou nos momentos finais uma redução na utilização de glicose e
do teste e as concentrações de lactato não aumento do tempo de exaustão.

Tabela 2. Estudos Realizados com Cafeína e Exercício Físico.

ESTUDO AMOSTRA PROTOCOLO DE INTERVENSÃO RESULTADO

Williams e 9 indivíduos do 3 semanas de treinamento, com Não houve diferença na força


colaboradores, gênero masculino uma dosagem de 300 mg de muscular, resistência muscular
2008 com idade de cafeína, 45min antes do teste com ou pico de força anaeróbia
26,2 + 4,3 a Cafeína em cápsula, com a
realização de um Teste de força
máxima e outro de Teste de
Wingate (30seg)

Yeo e 8 indivíduos do 3 semanas de treinamento, com Comparado com a ingestão de


colaboradores, gênero masculino uma dose de 5 mg/Kg de cafeína glicose sozinha, quando ingerida
2005 com idade 27 + 2 em uma solução com 5,8% de com cafeína, há aumento no
glicose ou uma solução de glicose carboidrato exógeno oxidado.
com cafeína ou água com
treinamento a 64% do VO2
máximo, por 120 minutos.

Bishop e 11 indivíduos do 2 semanas de treinamento, com A ingestão de cafeína antes de


colaboradores, gênero masculino uma dose de 6 mg/kg ingerido 60 exercícios intensos pode elevar
2006 com idade 23 + 1 minutos antes do teste com a o IgA salivar, que atua na
cafeína dissolvida em água defesa contra patogênicas e
saborizada, os indivíduos antígenos presentes na mucosa.
pedalaram por 90 minutos a 70%
do VO2 máximo.

Bishop e 8 indivíduos do 2 semanas de treinamento, com A ingestão de cafeína aumenta


colaboradores, gênero masculino uma dose de 6 mg/kg ingeridos 60 o número de células dos
2005 com idade 24 + 2 minutos antes do teste com a linfócitos
cafeína dissolvida em água com
limão e os indivíduos pedalaram
por 90 minutos á 70% do VO2
máximo.

Soeren e 6 indivíduos do 9 semanas de treinamento, com O aumento das atividades de


Graham, 1998 gênero masculino uma dose de 6 mg/kg ingeridos 60 endurance não é relacionado
com idade 36,2 + minutos antes do teste, cafeína em com mudanças hormonais ou
4,2 cápsula. metabólicas e isso não é
Teste de exaustão na bicicleta relacionado com o uso habitual
ergométrica de 80-85% do VO2 de cafeína nos atletas
máximo. recreacionais.

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Bell e Mc 21 indivíduos 6 semanas de treinamento, com A duração e a magnitude dos


Lellan, 2002 sendo 15 do dose de 5 mg/Kg ingeridos 1 a 6 efeitos ergogênicos que sugeriu
gênero masculino horas antes do teste; cafeína em a ingestão de cafeína foram
e 6 do feminino cápsula. melhores nos não usuários
com idade 32 + 7 6 exercícios de ciclismo a 80% do comparados com os usuários.
VO2 máximo.

Jackman e 14 indivíduos 2 semanas de treinamento, com A ingestão de cafeína pode ser


colaboradores, sendo 11 do dose de 6 mg/kg ingeridos uma ajuda ergogênica eficiente
1996 gênero masculino Imediatamente antes do teste; para exercícios com duração
e 3 do feminino cafeína em cápsula. entre 4 a 6 minutos, mas não é
com idade 23,5 + Pedalar 2 minutos e descansar 6 associado com a economia de
2 minutos Repetir e pedalar até a glicogênio muscular.
exaustão.

10 indivíduos do 2 semanas de treinamento, com O aumento da lipólise induzido


Silveira, Alves gênero masculino dose de 5 mg/Kg ingeridos 60 pela cafeína, pode contribuir
e Denadai, e com idade 20,7 minutos antes do teste, cafeína em para performance durante o
2004. +3 cápsula. exercício intermitente intenso via
Teste intermitente no ciclo- uma redução na utilização de
ergômetro a uma intensidade de glicose e aumento do tempo de
30% acima do Limiar Anaeróbio. exaustão.

CONCLUSÃO (habituação ou não à cafeína) podem


influenciar a análise dos resultados
apresentados por esses diferentes estudos.
A cafeína é uma das substâncias que É possível afirmar então que a cafeína
vêm sendo estudada por vários é um ergogênico eficiente, além de ser barato
pesquisadores, por seu possível potencial e de fácil acesso. Contudo, necessitam ainda
ergogênico. Os achados apontam a cafeína mais estudos nessa área, para que se possa
como um eficiente ergogênico para a melhoria concluir os exatos efeitos que a cafeína exerce
do desempenho durante os exercícios. sobre a performance durante os exercícios.
Porém, ainda não parece estar claro quais os
mecanismos de ação estariam envolvidos
nessa melhoria de performance. Em relação REFERÊNCIAS
aos possíveis efeitos colaterais nada foi
confirmado na prática.
O efeito ergogênico da cafeína sobre o 1- Altimari, L.R.; Cyrino, E.S; Zucas, S.M.;
desempenho tem sido evidenciado após a Okano, A.H.; Burini, R.C. Cafeína: Ergogênico
ingestão aguda de doses de cafeína entre 5 e Nutricional no Esporte. Revista Brasileira de
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produzem concentrações de cafeína na urina 57-64/ julho 2001.
abaixo dos limites estabelecidos pelo COI para
detecção de doping. Embora a administração 2- Altimari, L.R.; Cyrino, E.S.; Zucas, S.M.;
desta substância possa ser feita de diversas Burini, R.C. Efeitos Ergogênicos da Cafeína
formas, a forma oral tem sido a preferida por sobre o Desempenho Físico. Revista Paulista
atletas e pesquisadores, em seus estudos, de Educação Física. São Paulo, 14(2):141-58,
pela fácil aplicabilidade. jul./dez. 2000.
Vale ressaltar que diversos fatores
como as dosagens de cafeína empregadas, o 3- Bell, G.D.; McLellan, M.T. Exercise
tipo de exercício físico utilizado, o estado Endurance 1, 3 and 6 h After Caffeine
nutricional, o estado de aptidão física Ingestion in Caffeine Users and Nonusers. J
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Recebido para publicação em 30/08/2008


Aceito em 18/09/2008

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