Professional Documents
Culture Documents
A Influência Da Cafeína Como Recurso Ergogênico No Exercício Físico
A Influência Da Cafeína Como Recurso Ergogênico No Exercício Físico
RESUMO ABSTRACT
A busca por melhores resultados nos esportes The Influence of Caffeine as an Ergogenic
de alto rendimento é cada vez maior, onde são Resource for Physical Exercises: Its Action
lançados mão de vários meios para que isso and Side Effects.
se torne possível. Um destes meios são os
recursos ergogênicos, que caracterizam-se por The search for better results in high
substâncias usadas na tentativa de aumentar performance sports has clearly grown, and
a potência física, a força mental e a eficácia much has been done in order to make it real.
mecânica. Estes recursos podem ser de One way of achieving that is by ergogenic
diferentes tipos, como mecânicos ou resources, in which we make use of certain
chamados biomecânicos, psicológicos ou substances on an attempt to increase physical
nutricionais. Um destes recursos utilizado é a strength, mental power, and mechanic
cafeína, caracterizada por um recurso efficiency. These resources can be of different
ergogênico nutricional, a mesma é uma kinds: mechanic or bio-mechanic,
substância de fácil acesso a população psychological, or nutritional. One of those
presente em muitas bebidas e alimentos. O resources is caffeine, characterized by a
objetivo deste estudo é através de uma nutritional ergogenic resource, which is an
pesquisa bibliográfica, identificar as possíveis easy-access substance for the population due
influências do uso da cafeína como recurso to its presence in many beverages and foods.
ergogênico no exercício físico, assim como The objective of this study is to display,
suas ações metabólicas e possíveis efeitos through a bibliographic research, the possible
colaterais. Através da análise de estudos influences of caffeine as an ergogenic
realizados é possível afirmar que a cafeína é resource in physical exercises, as well as its
um potente recurso ergogênico, aumentando a metabolic actions and possible side effects.
lipólise no exercício e teoricamente poupando After the analysis of practical studies it’s
a utilização de glicogênio, melhora a força de possible to confirm that caffeine is a powerful
contração e a diminuição da fadiga. Porém, ergogenic resource, increasing the lipolysis
ainda não parece estar claro quais os rate in the exercise and theoretically sparing
mecanismos de ação estariam envolvidos the use of glycogen, improving contraction
nessa melhoria de performance. Em relação power and reducing fatigue. However, it is still
aos possíveis efeitos colaterais nada foi inconclusive the action mechanisms involved
confirmado na prática. on this performance improvement. Nothing has
been practically confirmed in relation to
possible side effects.
Palavras chaves: recurso ergogênico,
exercício físico e cafeína. Key-words: ergogenic resource, physical
exercise, and caffeine.
1. Programa de Pós-Graduação Lato-Sensu
em Fisiologia do Exercício Prescrição do Endereço e e-mail:
Exercício da Universidade Gama Filho - UGF 1.2 Rua Florêncio Ygartua 155/54, Moinhos de
2. Licenciada em Educação Física pela Vento 91430-010; Porto Alegre/ RS
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande alealtermann@pop.com.br
do Sul FEFID - PUCRS 1.3 Rua Fábio Araújo Santos 1245/154,
3. Licenciada em Educação Física pela Nonoai 91720-390; Porto Alegre/ RS
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA chrisestaulb@hotmail.com
4. Licenciada em Educação Física pela 1.4 Rua Germano Petersen Junior 543/304,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Auxiliadora 90540-140; Porto Alegre/ RS
ESEF – UFRGS niquevarriale@terra.com.br
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.
226
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.
227
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.
228
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.
229
exercícios físicos regulares, embora em menor baixas dosagens (2mg/kg), a cafeína provoca
quantidade, o mesmo se dá em ambos os aumento do estado de vigília, diminuição da
lados pela tentativa de melhorar o sonolência, alívio da fadiga, aumento da
desempenho esportivo. respiração, aumento na liberação de
Existe uma grande oferta de recursos catecolaminas, aumento da freqüência
ergogênicos nutricionais, podendo ser cardíaca, aumento no metabolismo e diurese.
macronutrientes como os carboidratos, as De mesmo modo em altas dosagens
proteínas e alguns tipos de ácidos graxos ou (15mg/kg) pode gerar nervosismo, insônia,
também tipos de vitaminas e minerais tremores e desidratação (Conlee, 1991 citado
específicos. É valido lembrar que existem os por Braga e Alves, 2000).
recursos ergogênicos populares, ou de fácil Autores afirmam que pessoas que
acesso, como a cafeína, tema deste trabalho. utilizam a cafeína se sentem mais fortes e
Sabe-se que sua utilização por atletas competitivas, acreditam que podem realizar
tem sido com grande freqüência, com o um esforço mais prolongado antes que ocorra
objetivo de diminuir a fadiga e melhorar a o início da fadiga e que, caso estejam
performance, a cafeína é um alimento fatigadas antecipadamente, a fadiga é
presente em nosso cotidiano, tendo como reduzida (Wilmore e Costil 1999).
conseqüência seu uso com freqüência em
nosso dia-a-dia.
A cafeína e sua composição
Histórico da cafeína
A cafeína, chamada quimicamente de
1, 3, 7 trimetilxantina, pertence ao grupo das
O uso da cafeína já vem de muitos xantinas. É importante destacar que as
anos, desde o período paleolítico. Hoje ela é xantinas não são consideradas
facilmente encontrada em bebidas, alimentos micronutrientes, sendo principalmente usadas
e alguns medicamentos como analgésicos e com finalidade terapêutica e farmacológica
contra gripe. Como exemplos destas fontes (Dâmaso, 2001).
estão os cafés, o chá, o chimarrão, os Como mencionado anteriormente, a
refrigerantes e chocolates. cafeína é encontrada naturalmente nos grãos
O café foi fortemente introduzido na de café, nas folhas de chá, no chocolate, nas
Europa no século XVI pelos espanhóis e sementes de cacau, nas nozes de cola, no
holandeses. Antes disso ele era consumido de guaraná e acrescentada a outras bebidas e
forma restrita e a bebida nobre na época era o alguns remédios. É possível visualizar que a
chá (Barone e Roberts 1984 citado por Mello, oferta desta substância é grande e de fácil
Kunzler e Farah 2007). acesso, do mesmo modo, há sessenta e três
Considerando que a cafeína está espécies de plantas que contêm cafeína,
presente em muitos alimentos e bebidas, é variando em relação à quantidade e conteúdo
possível dizer que cerca de 80% da população quando comparados entre si (Mcardle, Katch e
geral faz ou já fez o uso dessa substância, Katch 2001). Na tabela 1 é possível observar
embora quantificar seu consumo, segundo os as quantidades de cafeína em diferentes
autores, seja difícil. É nos países latinos que o bebidas e alimentos.
hábito de tomar café é mais evidente, se Considerando o quadro abaixo, é
caracterizando por um teor maior de cafeína. perceptível o fácil acesso da população à
Em contra ponto os americanos preferem o cafeína, é possível considerar que em alguns
café mais diluído ou descafeinado, embora os casos ocorre o consumo e a pessoa que está
EUA estando entre os maiores consumidores fazendo o uso nem sabe que está fazendo a
do mundo junto com Grã-Bretanha, Itália e ingestão da substância.
Escandinávia (Strain e Griffiths, 2000; James, Autores afirmam que a população em
1997 citado por Silva 2003). geral aprecia os compostos da cafeína por
Mesmo não tendo nenhum valor serem socialmente aceitáveis, facilmente
nutricional, a cafeína resulta em diversos disponíveis e por suas propriedades
efeitos e dependendo da dosagem eles podem estimulantes (Wolinsky e Hickson, 2002).
ser benéficos ou não. Quando consumida em
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.
230
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.
231
(1,3,7 trimetilxantina)
CYP1A2 (12%)
CYP1A2 (4%)
(84%)
Teobromina Paraxantina
Teofilina (3,7- dimetilxantina) (1,7- dimetilxantina)
(1,3- dimetilxantina) 20%
CYP1A2 (20%)
NAT 2 (16%)
AFMU
1- metilxantina
XO (39%)
1- metillurato
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.
232
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.
233
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.
234
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.
235
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.
236
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.
237
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.
238
11- Jackmann, M.; Wendling, P.; Friars, D.; 22- Sökmen, B.; Armonstrong, L.E.; Kraemer,
Graham, T.E. Metabolic, catecholamine, and W.S.; Casa, D.S.; Dias, J.C.; Judelson, D.A.;
endurance responses to caffeine during Maresh, C.M. Caffeine use in sports:
intense exercise. J. Appl. Physiol 81:1658- Considerations for the athlete. Journal of
1663, 1996. Strength and Conditioning Research, Vol. 0
Núm. 0. 2008.
12- Maughan, R.J.; Burke, L.M. Nutrição
esportiva. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 139- 23- Williams, D.A.; Cribb, P.J.; Cooke, M.B.;
141. Hayes, A. The effect of ephedra and caffeine
on maximal strength and power in resistance-
13- Magkos, F.; Kavouras, S.A. Caffeine and trained athletes. Jornal of Strenght and
Ephidrine: Physiological, Metabolic and conditioning research, 22(2)/ 464-470, 2008.
Performance-Enhancing Effects. Sports Med p.
34(13), 871/889, 2004. 24- Willams, H. Nutrição para a saúde,
condicionamento físico e desempenho
14- McArdle, W.D.; Katch, F.I.; Katch, V.L. esportivo. São Paulo: Manole, 2002. p. 14-15.
Nutrição para o desporto e o exercício. Rio de
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.
239
Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.