You are on page 1of 68
GUT SINDICALISMO E ECONOMIA SOLIDARIA BRASIL rs P| Reflexdées sobre o projeto da CUT ' CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES: Rua Cato, 575. ee. p05, SRO PAULO SP BRASIL. Fone OXx11 3272411 Fan (D9X 1) 3272 9610 Homepage CUT hp cu br i ina excubvageuten.or GRUPO DE TRABALHO ECONOMIA SOLIDARIA Remigio Todeschini CUT Nacional Coordenador Geral ! Gilmar Carneiro SEEB/SP_ Coordenador da Area de | Crédito Ménica Valente CUT Nacional Coordenadora da Area de Estudos e Pesquisas Altemir Tortelli CUT Nacional Coordenador da Area de Formacao Jorge Lorenzetti Escola Sul da CUT Jorge Luiz Martins CUT Nacional Francisco Dias Barbosa Sindicato dos Metalurgicos do ABC ‘Sérgio Mendonca Dieese Sidney Lianza Unitrabalho Reginaldo S. Magalhaes ‘Assessor ~ CUT Nacional Waldeli P. M. Castello Branco Asssessora - CUT Nacional Parcerias ICco Unitrabalho Dieese Institute of Social Studies Rabobank. Universidade de Wageningen | Dezenne/1999 RS fe 4 ) ig , c my =o ip - A. Organizagao &.. Cooperagio a Desenvolvimento annie Os arigasassin HEconomia solidaria: alternativas de trabalho e desenvolvimento Oo Projeto de Economia Solidéria comegou a ser formulado pela Central Unica dos Trabalhadores como uma resposta criativa A grave crise da economia e do mercado de trabalho que esta massacrando os trabalhado- res. Acompanhando as profundas transformagdes que modificam o perfil da classe trabalhadora, as relagies de trabalho e buscando construiralternativas de desenvolvimento sustentivel e solidirio, a CUT esta em processo de organizagio de uma Agéncia de Desenvolvimento Solidario. ‘Uma série de debates foram realizados durante 0 ano de 1999 para construir as bases politicas deste projeto. Foram realizadas vérias oficinas do Grupo de Trabalho de Economia Solidiria da CUT, intercimbios com experién- cas nacionais einternacionais, seminsios regionais e um seminrio nacional, Os temas discutidos neste semindrios abordaram questdes sobre desenvolvimento ¢ as transformagdes no mercado de trabalho brasileiro, © papel do Sindicalismo na nova configuragao do mercado de trabalho ¢, ante os desafios do desenvolvimento brasileiro © as politicas da CUT para a geragio de trabalho e rend os conccites, « possibilidades da economia solidéria O primeiro artigo, A CUT e a Economia Soliddria, & uma sistematiza- 0 dos debates que aconteceram nos seminarios regionais sobre econo- ‘mia solidria ealizados em Belgny Goin, Recife, Sio Paulo. Florianépois, entre julho e agosto de 1908 MEAS docateritiok também utilizado como subsfdio para os debates fedlizaddsnesSzibiinério Nacional sobre Econo- mia Solidéria, organizado pela CUT, em setembro de 1999. O artigo faz ‘uma andlise do projeto politivo sindical do-sindicalismo cutista diante das transformagdes mais recentes ¢ apresenta as propostas de uma politica da CUT para a Economia Solidéria. O segundo artigo, Cooperativismo e Sindieatos no Brasil, nos traz um relato da histéria do surgimento do cooperativismo, no auge da primeira Fox C00 CUTE ne Rep mas de cooperativismo nos tiltimos dois séculos e os principios herdados junto & realidades” dos Pioneiros de Rochdale, que até hoje orientam a ago das cooperativas; faz uma andlise das mudangas que ao longo dos anos constituiram cooperativismo tradicional, as falsas coopera- tivas e 0 surgimento do novo cooperativismo; e finaliza apontando os desafios do sindicalismo e as suas relagdes com as cooperativas. O terceiro artigo, Significados e tendéncias da economia solidéria, foi produrido para socializar os preliminares da pesquisa em desenvolvimento pela Unitrabalho em parceria com a CUT. Este artigo caracteriza os Empreendimentos Econdmicos Solidarios e faz uma andlise preliminar das potencialidades da Economia Solidéria no Rio Grande do Sul e no Ceard. © quarto e 0 quinto artigos, © Mercado de Trabatho e a Economia Soliddria e Possibilidades da Economia Solidéria no Brasil, sio 0 resultado de uma sintese do debate entre o Prof. Paul Singer e Sérgio Mendonga, coordenador do Dicese, no semindrio nacional da CUT. O artigo do Prof. Singer faz uma anslise aprofundada dos principios do cooperativismo e dos grandes desafios econdmicos, politicos e juridicos de uma politica de fortaleci ‘onomia Solidéria. A exposi¢lo de Sérgio Mendonca resgata as mudangas que o mercado de trabalho brasileiro esté passando e o papel que a economia solidéria pode ter para a ampliagao das oportunidades de trabalho no Brasil Como conclusio de todo o processo de debate realizado durante este ano, 0 sexto e ultimo artigo, A Agéncia de Desenvolvimento Soliddrio, apresenta 0s principios, 0s objetivos, 0 processo de constituigio © os programas da ADSICUT. Esta Agéncia € um projeto estratégico da Central Unica dos Trabalhadores para a geragio de novas oportunidades de trabalho e para a construgio de alternativas de desenvolvimento sustentivel e socia Grupo de Trabalho Economia Solidéria - CUT ultados mento da “Sonho que se sonha 56, & 36 ww revolugdo industrial, na Inglaterra; o desenvolvimento das diversas for. SWho-.. Mas sonho- que: se sono APRESENTAGAO 03 ACUT Ea Economia SouipARIA Oo 5 O papel do sindicatismo, as possibilidades da economia solidéria e as politicas da CUT CoopeRrativismo 23 E SINDICATOS NO BRASIL A origem, 0 desenvolvimento e 0 novo cooperativismo no Brasil SIGNIFICADOS E TENDENCIAS 29 DA ECONOMIA SOLIDARIA Os empreendimentos econdmicos solidérios, as tendéncias recentes rumo a um novo tipo de economia popular O MERCADO DE TRABALHO 43 BRASILEIRO E A ECONOMIA SOLIDARIA PossiBiLIDADES DA 5 1 ECONOMIA SOLIDARIA No Brasit A AGENCIA DE 6 1 DESENVOLVIMENTO SOLIDARIO Os prineipios e os objetivos da Agéncia de Desenvolvimento Solidario: programa de educagio, de pesquisa ¢ incubagio, formacio de redes de economia solidaria aco institucional A CUT e a Economia Solidaria crescente desemprego, a mercado de trabalho e as transformagdes na prépria organizagao econdmica, no Brasil eno mun- do, estilo desencadeando um forte processo de ex- pansio de nova Iho e da produgo. Um grande niimero de experi Encias coletivas de trabalho © de producao esto se disseminando em todo 0 pais. So diversas for- ‘mas de cooperativas de producio, de servigos, de crédito e de consumo, associagdes de produtores, ‘empresas em regime de autogestio, bancos comu- nitérios e diversas organizagdes populares, no cam- po € na cidade, que conformam em seu conjunto a chamada Economia Solidéria. No meio rural, em virtude da exclusiio da maior parcela dos pequenos produtores do acesso &s politi- ‘cas agricolas — pela falta de infra-estrutura, de pol ‘cas de comercializagao, da burocratizagao do crédito da centralizagao de recursos pelo sistema financei- ro ~ € também das grandes cooperativas € agroindistrias, estao surgindo novas formas de coo- peragdo, baseadas em estruturas descentralizadas de produgo, comercializagao, industrializagao e crédito, Crescem também iniciativas de organizagao dos trabalhadores para ampliar e melhorar o seu acesso a recursos ou a politicas pablicas. Hé atualinente, arti- culadas ou ndo a0 movimento sindical, um grande ni- ‘mero de cooperativas de crédito, de habitagdo, de ser- vigos, de satide, de educagdo, de seguros, etc. Sio ainda intimeros os casos de trabalhadores que utili: zam 0 FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Servi: ‘¢0) para abrir 0 seu proprio negécio, em geral de for- ‘ma autnoma, mas muitas vezes prestando servigos ‘ou fornecendo produtos para o antigo empregador. transformagdes no formas de organizagio do traba- epee Remigio Todeschini Reginaldo S. Magalhaes As privatizagdes, © aumento do volume de falén- cias, 0s processos de reestruturagio gerencial de gran- des empresas € as novas organizagdes em rede esto levando vérios grupos de trabalhadores a se unirem para assumir 0 controle da organizagao do seu traba- Iho € de processos produtivos. Destes processos sur- giram no Brasil um grande niimero de empresas em regime de autogestio. Por outro lado, o crescente desemprego ¢ a insufi- ciéncia das politicas de geragio de emprego tém le- vado um grande nimero de trabalhadores a buscar formas alternativas de trabalho e renda, seja na eco- ‘nomia informal (existiam em 1997, segundo o IBGE, mais de 12 milhdes de trabalhadores no mercado in- formal) seja em cooperativas de diferentes tipos. Para a viabilizago destes novos empreendimentos esto sendo formadas organizagoes que prestam servigos de assessoria, como as ONGs ¢ as Incubadoras de Cooperativas Populares. Muitas prefeituras também esto implementando po ‘so de formas alternativas de trabalho e renda, Para ampliar 0 acesso destas empresas ao crédito, esti havendo uma retomada na formagdo de cooperativas de crédito, assim como novas instituigdes de crédito vem sendo organizadas por prefeituras © governos estaduais — os chamados bancos do povo. No entanto, a maioria das organizages associativas cooperativas encontram enormes dificuldades de se estabelecer e de se viabilizar no médio prazo. A falta de organizagdes de representagio deste setor da eco- nomia € a falta de politicas nos sindicatos para a re- presentacdo destes trabalhadores exigem a readequaco das politicas e das organizagoes exis- tentes para a interlocugdo com o Estado e a socieda- icas piblicas para a gera- ie docs um ema neh cam i emis ep en iam eke i ce SP. rams ee ito x) Projeto de Desenvolvimento Solidario = Projeto de Desenvolvimento Solidério de, Além disto, a falta de politicas pibl privadas voltadas para a assessoria, acompanha. ‘as ou mento, qualificagéo técnica, apoio juridico, comercializagao e crédito ea falta de tecnologias adequadas as pequenas escalas de produgio dei xam estes empreendimentos em frigei des de se viabilizar em mercados cada vez mais exigentes. acirramento da competitividade em quase to- dos os setores produtivos € 0 isolamento em que vivem estas organizagdes exigem que, de imediato, se organizem cons6reios de empreendimentos do ‘mesmo ramo de servigo ou de produgio e redes de diferentes ativida- Para viabilizar a expansio 4s integradas as dda economia solidéria, uma es™mézias de de- condi senvolvimento que = viabilizem econo- ser superados, mias locais volta- especialmente aqueles. das para a amplia- relacionados anecessidade ¢io da renda e para a melhoria das condigdes de ‘ , . trabalho e de vidi trabalho e de vida populares voltadas a dos trabalhadores. ene, E preciso con- principalmente, ao siderar, porém, que acompanhamento muitos destes pro- permanente das demandas cessos so coor- de formacao, crédito, denados por em- sirios interes- tecnologia, mercadoe PFs sados na redugio dos seus custos via a depreciagao das condigdes de trabalho. A terceirizagdo, através da formacio de cooperativas de trabalho que nao res- peitam a autonomia dos trabalhadores ¢ buscam apenas a legalizagio da sonegagio dos encargos estdo precarizando as relagdes de trabalho ¢ infringindo os principios cooperativistas. E, por- tanto, urgente a iniciativa de politicas educacionais, campanhas e dentincias que resgatem os prinefpi do cooperativismo e da autogestdo, buscando tanto 4 garantia dos direitos dos trabalhadores, com mudangas culturais na organizagao do trabalho, quanto a capacitagao técnica que contribua com a maior democratizacao autonomia destas or- ganizagoe: pressionar 0 Estado para uma fiscalizagao mais rigorosa destas cooperativas. Apesar destas limitagdes, a economia solidéria € um setor crescente da economia e da sociedade brasileira e com grandes possibilidades de expan- silo. Mesmo que uma retomada do crescimento eco- némico traga um incremento na oferta de empre- 208, todos os cenérios indicam que a reestruturagao produtiva deverd manter um forte quadro de con- centragio da forga de trabalho empregada nos se- tores mais dindmicos da economia. O desemprego estrutural, a economia informal e a precarizagao do trabalho devem continuar gerando uma grande massa de trabathadores que necessitam de politi- cas alternativas e que podem encontrar melhores op- A organizagao da Agéncia de Desenvolvimento Solidario, com politicas de crédito, formacao, pesquisa, incubagdo e outras; > A formulagdo de propostas e a mobilizagao dos trabalhadores Por uma nova legislagéo que regule e fiscalize as relagdes de trabalho nas cooperativas; * A formulagao a mobilizago por politicas piblicas para a economia solidéria, como as politicas de crédito, tecnologia, politica fiscal, politicas regionais e setoriais ¢ abertura comercial. ~*Politica de organizagao sindical para a incorporago dos trabalhadores cooperados na base sindical. E : nto ps ae a =OQT i nse mPae ne fT yras 00 > T SEMPRE Paes MS ) SALHADORES Po Dm SA a vio} | BEBE °ojcto de Desenvolvimento Soldério A origem do cooperativismo oO cooperativismo nasceu na Inglaterra, no fi- nal do século XVI, quando teve inicio a re- volugdo industrial. Os trabalhadores das manufa- turas, na época, eram qualificados e possufam as- sociagdes de oficio que controlavam 0 exer: profissional. Com a introdugdo das méquinas tes trabalhadores comegaram a sofrer a competi- ho de fabricas, que empregavam pessoas no qua- lificadas, geralmente egressas do campo. Os pro- dutos industriais eram mais baratos do que os artesanais, de modo que em pouco tempo os traba- Ihadores manufatureiros ficavam sem trabalho. As associages fizeram de tudo para impedir que as méquinas tirassem 0 ganha-pao de seus membros ‘mas, debalde ages clandestina violentas — como a queima das fabricas — foram reprimidas com vigor. ‘Ao mesmo tempo, Robert Owen, um dos pais do so- cialismo, comegou a pregar que a indtistria em si é benéfica, ao baratear os bens de consumo, mas que cla deveria ser colocada sob 0 controle dos trabalha- dores e que 0s resultados do trabalho em comum de- veriam ser repartidos equanimemente. Ele propunha {que ao redor das fabricas se formassem aldeias coo- Perativas, em que os meios de produgdo seriam pos- sufdos e geridos coletivamente, Durante sua longa vida, ‘Owen criou varias aldeias com este cardter, uma nos Estados Unidos e as demais na Inglaterra. Na terceira década do século passado, 0 “owenismo” tornou-se um movimento de massas na Inglaterra e passou a inspirar 0 nascente movimento, das trade-unions. Owen assumiu a lideranga das Iu- tas operdrias ¢ orientou os sindicatos a formar coo- perativas de produgio cada vez que fizessem greves, tendo em vista tomar o mercado dos capitalistas. Nesta época, centenas de cooperativas foram formadas e em diversas ocasides os sindicatos tentaram levar a cabo a estratégia de Owen. A classe capitalista rea- giu desencadeando violenta ofensiva contra as orga- nizagdes dos trabalhadores: fizeram ‘lock-outs’ para expulsar os trabalhadores owenistas das empresas, organizaram listas negras contra 0 emprego de ativistas sindicais e obrigaram os empregados a assi- nar uma promessa de jamais se filiar a um sindicato. Com isso, parte dos sindicatos teve de fechar e ‘outros passaram a clandestinidade. Como declinio do movimento operdrio, provavelmente muitas coopera- tivas também encerraram suas atividades. Mas, em \dustri- 1844, um pequeno niimero de trabalhadores ais fundou em Rochdale, um importante centro téxtil, uma cooperativa de consumo que eles chamaram “A. Sociedade dos Pioneiros Eqiiitativos”. Eram todos militantes operirios owenistas ou cartistas (parti- darios dum grande movimento de massa na época, que lutava pelos sufrdgio universal masculino). Eles adotaram oito prinefpios, que provavelmente decorri- am da experiéncia das duas ou trés décadas anterio- tes de cooperativismo. Em resumo estes prinefpios eram os seguintes: 1°) a Sociedade seria governada democraticamente, cada sécio dispondo de um voto; 2°) a Sociedade se- ria aberta a quem dela quisesse participar, desde que integrase uma quota de capital minima e igual para todos; 3°) qualquer: perativa seria remunerado por uma taxa de juros, mas theiro a mais investido na coo- niio daria ao seu possuidor qualquer direito adicional de decisdo; 4°) tudo 0 que sobrasse da receita, deduzidas todas as despesas, inclusive juros, seria dis- tribuido entre os sécios em proporgao as compras que fizessem da cooperativa; 5°) todas as vendas se~ riam a vista; 6°) os produtos vendidos seriam sempre puros ¢ de boa qualidade; 7°) a Sociedade deveria promover a educacio dos sécios nos princfpios do cooperativismo; ¢ 8°) a Sociedade seria neutra politi- cae religiosamente. Aplicando estes prinepios, a Sociedade dos Pi- de Rochdale cresceu imensamente, alcan- gando dezenas de milhares de sécios. Represen- tando um importante lo consumidor. os Pio- neiros force diversas cooperativas de produ- fo: fbrica de sapatos € tamancos, fago'e téce Tagem, uma cooperatia de Habitagfe ia Soci dade de beneficiéncia, que prestava assisténcia & satide, O exemplo de Rochdale se irradiou pela In- glaterra e mais tarde por outros paises. Numero- sas cooperativas foram fundadas & base daqueles | peal ‘08 tiltimos dois séculos, cooperativas m em quase todos os pai: versas formas: cooperativas de consumo ~ em- presas de propriedade de seus clientes, que thes ven ns ou servicos de qualidade comprova- da a pregos minimos, pois nao visam lucros. Sao rativas de satide, escolas cooperativas, coop vas de crédito, de seguros, habitacionais etc: coo- perativas de comercializagdo — empresas ee sury 's, assumindo di- das por pequenos ou médios produtores agri artesanais, coletores de refugos recicliv vendem a produgao dos sécios e compram para eles equipamentos, matérias primas, ete. Cooperativas agricolas frequentemente criam indiistrias de processamento de produtos agropecus centando valor a eles; cooperativas de produgdo — empresas de produgio coletiva agropecustia, in- dustrial ou de servigos. Uma modalidade de coo- perativa de produgao sio as chamad: vas de trabalhadores’ ou de ‘servigos’, que pres tam servigos nas instalagdes e com os equipamen- tos dos clientes. 0 exemplos cooperativas de manutengdo de redes de energia elétrica e de tele- desenvolvimento do cooperativismo us dir see mbléias gerais, nas de pro principios. Hoje, a cooperativa de Rochdale é con- siderada a mae de todas as cooperativas. o coe surgiu em outros paises, notadamente na Franga, na mesma época, sempre Tigado as tut senvolvidas cooperativas de crédito rurais ¢ urba- nas, seguind los diferentes, mas aplicando os mesmos prinefpios. Finalmente, em 1895, fun- dou-se-a Alianga Cooperativa Internacional, que desde entio congrega as entidades cooperativas de todos os pafses do mundo, erdrias. Na Alemanha foram de- — fonia, de manutengao e limpeza de edificios, hospi tais, etc, ¢ de i io de obra para colheitas, a cle calgados, (faccionistas), ete. Embora haja grandes diferengas entre os varios tipos de cooperativ ve todos se regem pelos mes- mos preps, que slo os hherdados dos Pioneiros adaptad congress Lianga C60 eleitos ic Sei- pa em as- jo 0 ganho liquide € repartido conforme oria ete. Sao estes prineipios que permitem dis guir falsas cooperativas das verdadeiras. Como todos os que trabalham em cooperativas silo seus préprios patr ilguns poucos que sio assalariados, quase sempre em estigio probatGrio para serem depois admitidos como séci- 05, eles ndo tém os direitos que a legislagio do tr ¢ enriquecidos por suces- Interna- natural © 16g parte de empregadores inescrupulosos. Para na pagar os chamados “encargos trabalhistas’ . deu oportunidade a abusos estes ma) Projeto de Desenvolvimento Solida patrdes criam falsas cooperativas, obrigam seus trabalhadores a se associar a elas, “contratando- 08” enquanto pretensos cooperados por valores bem menores que a antiga folha de pagamentos. A pro- va de que estas cooperativas sao falva que elas sao dirigidas por prepostos do préprio contratante, que obriga os trabalhadores a aceitar a nova rela- Go sob pena de ficarem sem trabalho, Esti claro que nenhuma cooperativa € auténtica, se ela nio for o resultado da vontade livre e conscien- te de seus membros. Uma cooperativa de verdade serve para defender os interesses de seus s6cios, de fs remuneragdo que inclua todos os direitos trabalhistas dos assalariados, como férias, fundo de garantia de tempo de servigo, 13" salério etc, E vital para as ver- dadeiras cooperativas de servigos que as falsas se- jam eliminadas ou entGo transformadas em auténti- cas, mediante a conquista de sua diregdo pelos asso- modo que ela exigiri pelos servigos dos mesmos uma, ciados. Na luta contra as “cooperfraudes”, sindicatos € cooperativas so aliados naturais, cooperativismo tem crescido, como reagio dos trabalhadores contra © desemprego em massa € a exclusiio social, provocados por revolugdes in- dustriais (causadoras de desemprego tecnolégico) e/ou por depressdes econdmicas. Um surto impor- do século passado, na Europa Ocidental © na América do tante de cooperativismo ocorreu no Norte, em fungdo destes fatores. Apés a 2* Guerra Mundi 30 anos nos paises industrializados, durante os quais |. 0 pleno emprego perdurou por cerca de os trabalhadores assalariados conquistaram salariais e direitos no quadro do Estado de Bem-Estar Social. Neste perfodo o interesse pelo cooperativismo por parte do movimento operdrio mais combativo decresceu, pois a conquista do po- melhoria der estatal tornara-se prioritéria, As cooperativas existentes continuaram funcionando, mas muito poucas novas se formaram. Muitas cooperativas de consumo nao resistiram & competigao das gran- de redes de super e hipermercados. Mas, a partir de meados dos 1970, crises € recesses sucessivas € cada vez mais graves se su- cederam e a 3* Revolugao Industrial, a da micro-ele- trOnica, tomou impulso. O desemprego voltou a cres- cer. A globalizagao financeira e comercial provocou a de Ihadora tinha feito conquistas e 0 mesmo fenémeno se traba- jindustrializagao de paises em que a atingiu a América Latina e, em especial, 0 Brasil a partir dos 1990. Tudo isso provocou o renascimento do cooperativismo na Europa, na América Latina e, mais recentemente, no Brasil também. Hoje pode-se distinguir entre 0 cooperativismo tradicional € 0 novo cooperativismo, que traz. as marcas da crise ideolégica da esquerda ea neces- sidade de enfrentar 0 neoliberalismo ¢ a atual crise das relagdes de trabalho. O novo cooperativismo constitui a reafirmagao da crenga nos valores cen- trais do movimento operirio soci nna producio e dis Ihador, luta direta dos movimentos sociais pela ge- ragio de trabalho e renda, contra a pobreza ¢ a exclusio social. ista: democracia ‘ibuigdo, desalienagao do traba- Nem sempre 0 novo cooperativismo se insere nos mesmos espacos institucionais do tradicional. Estes muitas vezes foram cooptados por érgios go- vernamentais, ou se burocratizaram, ou degenera- ram mesmo. Ha “cooperativas” de comercializagio — sobretudo agricolas ou agroindustriais ~ cujos sécios so empregadores capitalistas. Obviamente estas pretensas cooperativas nada tem em comum com a esmagadora maioria das cooperativas, for- madas por trabalhadores que procuram criar para sie para toda a sociedade alternativas democrati- cas e igualitérias ao capitalismo. A situago do cooperativismo difere de pafs a pafs. Apesar de estar organizado intern: te na Alianga, 0 cooperativismo esti hoje em pro- cionalmen- cesso acentuado de transformagao. O novo cooperativismo surge em grande medida como re- sultado das novas formas de luta do sindicalismo mais combativo e se opde & globalizagio em sua modalidade neoliberal e & devastagio que ela oca- siona no seio da classe trabalhadora, No que se- gue, procuraremos resumir as causas e as formas assumidas pelo novo cooperativismo no Brasil. O novo cooperativismo no Brasil Onovo cooperativismo toma for- mas diversificadas em nosso pais: ‘empresas autogeridas, muitas delas agrupadas na ANTEAG ~ Associa ‘cdo Nacional de Trabalhadores de Empresas Autogeridas e de Partici- pagio Acionéria ou entiio na Asso- ciagdo Brasileira de Autoge: Pequenas € médias asso cooperativas de produgio ou comercializago, chamados PACS — Projetos Alternativos Comunitarios, formados com 0 apoio da Caritas; cooperativas “agropecudrias” ~ na classificagao acima, cooperativas de produgio — for- madas pelo Movimento dos Trabathadores Rurais Sem Terra nos assentamentos de reforma agréria; coope- rativas de servigos, formadas por Incubadoras Tecnolégicas de Cooperativas Populares; cooperati- vvas de servicos de diversos tamanhos, boa parte agru- pada nas Federagdes de Cooperativas de Trabalho estaduais. Este levantamento esta longe de ser geral, mas representa os movimentos € organizagdes que ja se colocaram em contato e que se inseriram numa con- fluéncia de propésitos que deve levar & consolidacao comercial e financeira da economia sol ‘em prazo um pouco ma magio duma frente politico-parlamentar de apoio a0 novo cooperativismo no Brasil. novo cooperativismo surge num momento em {que a abertura indiscriminada do mercado as importa- Ses, a sobrevalorizagao da moeda nacional e taxas sil e, possivelment de juros elevadissimas produziram a eliminago de milhdes de postos de trabalho formal e o fechamento de grande nimero de empresas. Uma forma de luta para preservar postos de trabalho tem sido obter a transferéncia aos trabalhadores de empresas falidas ou em vias de falir. Como representantes legais dos assalariados, os sindicatos tém tomado a frente nes- tas lutas, Cresce 0 tempo todo o miimero de empresas pequens também agricolas ¢ de mineragdo, que foram reabili- médias e grandes, a maioria industriais mas tadas ¢ estdo funcionando de forma autogerida, como cooperativas ou associagdes. 52 delas, com 15.000 pessoas ocupadas estilo na ANTEAG. ‘Uma luta semelhante € levada pelos trabalhadores rurais filiados ao MST e & CUT, quando ocupam ter- ras improdutivas e exigem que sejam desapropriadas € entregues aos sem-terra, Nos assentamentos de reforma agréria, uma forma cada vez mais freqiiente de organizar a produgao é a de cooperativas, tanto de comercializago como de produgdo. O MST mantém inclusive uma escola em que jovens de todos os assenta- mentos se formam como “técnicos de cooperativismo” Um dos maiores obstéculos a difusdo do cooperativismo ou, de forma mais mia solidéria! € a falta de cultura cooperativa entre ‘nossos trabalhadores. Sio conhecidos os mutirées, mas carecemos de habilidade de criar empresas democré- ampla, da econo- a) Projeto de Desenvolvimento Soli ei Projeto de Desenvolvimento Solidario ticas e igualitérias que sejam a0 mesmo tempo aptas a compet lidade esta sendo forjada agora, nas empresas autogeridas e sua difu- nos mercados. Esta hal silo est sendo promovida por virias entidades, como a ANTEAG, 0 MST, o NAPES (Niicleo de Aco € Pesquisa de Economia de Solidariedade) e uma deze- na de Incubadoras Tecnolégicas de Cooperativas Po- pulares, criadas nas maiores universidades do pais. A economia solidéria enquanto realidade conereta e alternativa ao capitalismo esta sendo construida no Brasil, apesar de todas as dificuldades. Nao resta di- vida que esta construgao ja fez progressos imensos nos tiltimos anos e esté ganhando cada vez mais apoio nas universidades, nos meios de comunicagdo e nos governos estaduais e municipais. Diversos governos {jd contrataram a ANTEAG e Incubadoras para apoi- ar e suscitar a criagdo de novas cooperativas ou asso- ciagdes, tendo em vista sobretudo gerar trabalho € renda. E fundamental, no entanto, que as centrais sin- dicais se envolvam mais nesta batalha, que é de inte- resse vital para toda a classe trabalhadora. E necessério que os sindicatos acolham em seus quadros cooperadores da mesma forma que traba- Ihadores assalariados. O trabalho assalariado for- mal esté debilita a representatividade dos sindicatos e os enfraquece. Interessa a todos os trabalhadores 0 aumento do emprego assalariado ¢ do auto-empre- g0 coletivo, para que mais e mais pessoas s exército de desempregados e se restabeleca algum equilfbrio entre oferta e procura no mercado de tra- balho. Unidos, empregados e auto-empregados tm interesse em que melhore a remuneragio dos tra- jinuindo rapidamente no Brasil, o que jam do balhadores assalariados porque isso permite que os auto-empregados coletivos também cobrem mais pelos seus produtos € servigos. Sindicatos ¢ cooperativas surgiram das mesmas lutas. Os sindicatos tm uma importante contribuigao que ja € uma realidade para a difusdo do novo cooperativismo. Ampliar esta contribuigdo é urgente para reforgar combate comum ao neoliberalismo, & perda de emprego formal e dos direitos conquistados. Paul Singer é professor da USP e Coordenador do Grupo de Trabalho de Economia Solidéria da Unitrabalho Pp: quem observa com atengdo ¢ interes- € cada vez mais perceptivel 0 crescimento e a expansiio das se a realidade social do pat iniciati as populares de geragio de trabalho & renda, baseadas na livre associagao de traba- Ihadores € nos principios de autogestio € coo- peragdo. O termo economia popular solidé- ria, utilizado para designar esse novo fendme- no, encobre uma realidade bastante diversificada € suscita um conjunto importante de questdes te6ricas e politicas. Sabe-se, por exemplo, que as atividades econd- micas desses empreendimentos abrangem diferen- tes setores produtivos, envolvem categorias soci- ais as mais diversas — muitas vezes mescladas ~ comportam distintas formas de organizacao: de gru- pos informais e pequenas associagdes a cooperati- vas € empresas de médio e pequeno porte. Além disso, suas origens repousam &s vezes em lagos familiares ou vinculos comunitérios de longa tradi- gio, enquanto hé casos em que se formaram pela uta coletiva de operdrios e de trabalhadores ru- rais, dentro de mobilizagdes mais amplas e de clara conotagao politica, E suficiente lembrarmos das inimeras asso- ciagdes rurais espalhadas em vérias regides do pais produgao nos assentamentos da reforma agréria ou, ainda, das de empres autogestionérias, formadas pelos trabalhadores anteriormente empregados em empres da multiplicagao dos grupos coletivos de dezenas as s que entraram em faléncia. Nao é de hoje que o solidarismo econdmi utilizado como um recurso pelos trabalhadores. Formas comunitérias e autogestiondrias de or- ganizar a producdo eo consumo existem ha bas- tante tempo. No entanto, o que se percebe atu- almente é que poderiamos estar diante da ger- minagdo de formas de economia alternativa, por se distinguirem da I6gica mercantil capita- lista, € de alternativas econdmicas para os tra- balhadores, por se tratarem de empreendimen- tos vidveis, ou seja, capazes de assegurar sua auto-sustentaco € sua perdurancia social. Bl Projeto de Desenvolvimento Solidario - BIE] © ceto ce Desenvoivimento Sotidario Realidades novas, dentro de conjunturas em que se torna premente encontrar opgdes para 0 trabalhadores, podem enganosamente sedutoras € levar a uma visio futuro dos ser excessivamente otimista. Mais do que nunca, é necessario prudéncia ¢ cautela, no sentido de conhecermos melhor os fatos € entao, propor hi- poteses devidamente fundamentadas que ajudem a explorar as potencialidades desse novo campo €, quando possivel, alargar as suas chances de desenvolvimento, Pela mesma razdo, ndo se pode desconhecer suas ambigiiidades ¢ contradigdes, além dos interesses contrarios que explicam muitas situagées. Sabe- . por exemplo, da es- tratégia de muitas empresas privadas, com ii centivos governamentai: rativas de fachada em regides menos industria- lizadas em plantarem coope- sem tradi¢ao operdria, como forma de se verem livres de encargos sociais ¢ da resis- ts S40. 18.00 téncia dos trabalhadores mais organizados. Ocorre entio, para os sécios arregimentados des- sas falsas cooperativas, um retrocesso em rela- Ho ao assalariamento, e no um processo de emancipagao'. Assim, as caracterfsticas da economia popu- lar de solidariedade ndo estdo dadas, mas se apresentam como tendéncias e potencialidades por vezes divergentes, desenvolvendo-se com m tensidade, de acordo com as Fou meno! condigdes objetivas e subjetivas em que se pro- duz cada uma dessas experiéncias. Buscar com- Preender essa realidade emergente significa captar as ambivaléncias, dificuldades ¢ contra- digdes que tais iniciativas carregam e, por con- seguinte, problematizar o préprio conceito de eco- nomia solidéria. s motivos, a Rede Interuniversitéria Unitrabalho idealizou uma ampla pesquisa na- cional, com 0 apoio decisivo da Central Unica dos Trabalhadores, a fim de verificar qual € 0 sentido e quais so as tendéncias da economia solidéria no Brasil, tal como ela se apresenta hoje Por ess € para os anos vindouros. Como ponto de parti- ida a hiptese de que essas novas organizagdes dos trabalhadores estariam formando agentes propulsores de um novo solidarismo econdmico. Como ponto de chega- da, deseja-se averiguar as caracteristicas efeti- vas desses empreendimentos, especialmente no que diz respeito ao seu fundamento solidario e & da, considera-se sua viabilidade, num ambiente econémico domi- nado por princfpios opostos, de competicao e eli- minagao dos concorrentes. Através da identifi- cago € da andlise de um conjunto expres: de empreendimentos, espalhados no territério nacional, a pesquisa tenciona subsidiar a refle- xdo sobre a natureza e 0 futuro da economia 0 solidéria, do ponto de vista da sua compreensio te6rica e do debate politico sobre o papel a ser desempenhado pelo sindicalismo, 0s movimen- tos sociais, as organizagdes da sociedade civil e 0 Estado, rth eh acta gaa se eget an ta do ene Os empreendimentos econémicos solidarios Para que possa analisar as organizagdes de traba- Iho € renda, comparando a sua natureza e as suas ando como caracte a pesquisa esté uti pardmetro 0 conceito de empreendimentos econd- micos solidérios. O conceito € te6rico e funciona como uma espécie de modelo que retine as caracte- risticas ideais de um empreendimento perfeitamente solidario. Na pratica, nenhum caso vai corresponder plenamente ao modelo, sendo porém seu objetivo per- Imitir que se observe quais sio os tragos po: fos mais freqiientes das experiéncias que hoje se destacam, bem como st principais dificuldades e lacunas, na perspectiva de viabilizarem uma alternativa solidaria. conceito é, portanto, uma referéncia, um instru- mento para a anilise dos casos concretos. Ao mes ‘mo tempo, ele espelha qual é a idéia de solidarismo econdmico popular que esté embasando a pesquisa e ode ser, entdo, como toda visio te6ric questionado ¢ aprimorado, Para chegar ao conceito, foram considerados os igualmente diversos aspectos que os estudos e andlises esto apontando como novos e promissores nas experi- éncias de economia solidaria, ao lado do que a pré- tica vem ensinando aos agentes envolvidos nesse campo, a exemplo das incubadoras de cooperati- vas populares. Assim, pode-se afirmar que os empreendimentos econdmicos solidérios (EES) possuem idealmente as seguintes caracteristicas: Autogest&o: controle da gestao pelo conjunto dos associados e autonomia diante de agentes externos. Democracia: decisdes tomadas pelo conjunto dos associados, por meio de instancias diretivas livremente formada e eleitas, assegurando-se transparéncia no exercicio da diregdo e sua fiscalizagao por érgdos independentes. Participacao: regularidade e frequéncia de reuni- Ses, assembléias e consultas, com elevado grau de comparecimento e mobilizagdo e mecanismos de re- novagdo ealtemncia dos qua- dros diretivos. Igualitarismo: garantido por critérios de remuneragio pelo Cooperacao: responsabilidade partilhada no processo produtivo, relagdes de confianga e re- ciprocidade, paridade social entre fungdes de diregio e de execugao ou entre tarefas manu- ais e intelectuais. Auto-sustentacao: atividade produtiva gerado- rade viabilidade econ6mico-financeira, sem compro- metimento do ambiente social e natural Desenvolvimento humano: processos de formagio da consciéncia e de educagio integral e iniciativas de qualificagao técnica e profissional. Responsabilidade social: ética solidéria socialmente + Organizacoes coletivas de trabetnadores, de gorago trabalho, por uma divisio ‘equitativa dos excedentes e be- 4 neficios, pela socializagio do sutggestio capital e pelainexisténciadeou- + democracia trosregimes de trabalho perma-__* Patteipasto + Iuattarisme nentes para as atividades-fim., ‘Se tabalh « ends, regidas por principlos de: comprometida com melho- ¥ rias na comunidade € com r otrabane _ Telagdes Slidarias de comér- + auosustenacto cio, troca € interedmbio; € + desenvolvimento humane + responsabildade social priticas geradoras de inradiador e multiplicador. Projeto de Desenvolvimento Solidario.

You might also like