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Desigualdade Social

Desigualdade social é um mal que afeta todo o mundo, em especial os países que
ainda encontram-se em vias de desenvolvimento. A desigualdade pode ser medida por
faixas de renda, em que são consideradas as médias dos mais ricos em comparação às
dos mais pobres. Também podem ser utilizados, como dados para o cálculo de
desigualdade, fatores como o IDH, a escolarização, o acesso à cultura e o acesso a
serviços básicos — como saúde, segurança, saneamento etc.
A renda, por ela mesma, não garante que os dados de desigualdade sejam
plenamente verificados, pois a qualidade de vida pode, em alguns casos, independer
dela. Porém, em geral, qualidade de vida e renda caminham juntas. Foi pensando nisso
que o estatístico italiano Corrado Gini criou, em 1912, o Índice de Gini, uma fórmula
que permite a classificação da desigualdade social. O índice varia de 0 a 1, sendo 0 a
condição perfeita, onde não há desigualdade social, e 1 o maior índice possível de
desigualdade.
De acordo com dados informados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o atual Índice de Gini do Brasil está em 0,543.
Esse coeficiente mede o nível de desigualdade dos países conforme a renda, a
distribuição de riqueza e os níveis de educação de uma sociedade. Quanto mais próximo
de zero estiver esse valor, melhor para aquele país, o que nos mostra que ainda há um
longo caminho para o Brasil nessa questão.
A desigualdade social por aqui é um legado do período colonial, que se deve à
influência ibérica, à escravidão e aos padrões de posses latifundiárias. Aspectos como
racismo estrutural, discriminação de gênero, alta tributação de impostos e o
desequilíbrio da estrutura social só agravam a desigualdade brasileira.
Ao analisarmos essa questão, podemos diferenciar a desigualdade social em
quatro grandes pontos: econômico, racial, regional e de gênero.
Na visão do filósofo político John Rawls, por exemplo, as desigualdades
econômicas podem levar a injustiças que favorecem pessoas ou empresas que detém
privilégios. Com isso, o desequilíbrio da renda gera a distinção de classes, que pode ser
observada com clareza na distribuição de riqueza entre os diversos municípios da
federação.
Dentro dessas disparidades, o tema racial é muito relevante, uma vez que as
oportunidades não são igualitárias ou equitativas para brancos, negros e pardos.
Além disso, o tratamento desnivelado entre homens, mulheres, pessoas trans e demais
identidades de gênero também ocasiona a desigualdade social.
Assim como a biomedicina busca explicações e soluções para as doenças,
devemos entender o conceito de desigualdade e encontrar as raízes do problema.
Partindo dessa premissa, segue abaixo as principais causas da desigualdade social,
especialmente na perspectiva da realidade brasileira:

Má distribuição de renda

Levando em consideração que 10% dos brasileiros mais ricos abrangem 43%
da renda no país, claramente há uma concentração de poder que agrava a
desigualdade social.
Esse desnível faz com que a população mais pobre tenha condições precárias,
sendo o dinheiro apenas fonte de sobrevivência.
Além disso, as diferenças salariais de acordo com determinadas profissões
exercidas também impactam nesse processo, tendo em vista a percepção de valor por
poder.

Acesso à educação deficitário

Quanto menor o nível educacional de um país, consequentemente, maior será a


tendência de desigualdade social, que influencia na formação profissional das pessoas.
Com vagas que exigem competências cada vez mais específicas, fica difícil
concorrer de forma justa tendo um histórico curricular deficitário e inferior ao dos
concorrentes. A baixa qualidade do ensino, insuficiência de vagas nas escolas, má
conservação do ambiente estudantil, pouco investimento, entre outros pontos são razões
relevantes.

Administração ruim dos recursos públicos

Muito antes de presenciarmos o impacto da crise do coronavírus, a má gestão


dos recursos públicos já era um fato bem recorrente da história brasileira.
Quando as decisões em relação à verba pública são equivocadas e incoerentes, a
população sente o baque e os serviços básicos se tornam fracos diante da demanda. A
existência da corrupção é um dos malefícios para a distribuição de recursos, porque o
que seria direcionado à população carente acaba enriquecendo outras classes.

Investimentos governamentais insuficientes

Por conta de decisões como o novo piso orçamentário, percebemos que os


investimentos governamentais são irrisórios no que tange às necessidades básicas.
A falta de recursos para a educação, saúde, áreas sociais, cultura e demais
vertentes faz com que o problema da desigualdade aumente, prejudicando a massa
trabalhadora. Independentemente de ideologias ou modelos econômicos, os governos
devem ter um planejamento para garantir o que é direito da população pela lei.

Não garantia de serviços básicos

Sendo consequência dos demais fatores levantados, a não garantia de serviços


básicos permite que os índices de desenvolvimento humano sejam os piores possíveis. É
direito da população ter acesso à educação, alimentação, moradia, segurança, saúde e
oportunidades de trabalho de qualidade, caso contrário, a disparidade será maior.
Nem todos têm condições ou privilégios para usufruir de serviços privados,
portanto, uma sociedade justa deve priorizar o equilíbrio e estruturar os recursos
públicos.

As 8 ações urgentes contra as desigualdades no Brasil que propomos são um


guia para reduzir as desigualdades no país e garantir uma vida com mais e melhores
oportunidades à população.

Enfrentar o racismo

Priorizar o enfrentamento ao racismo, um dos fatores estruturantes das


desigualdades no Brasil, propondo políticas públicas para atacar o problema.
Promover a oferta de trabalho

Promover a oferta de trabalho formal e


decente para todas e todos e rever a reforma trabalhista no tocante à perda de
direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

Revogar a Emenda do Teto de Gastos

Revogação da Emenda Constitucional


95 que criou o Teto dos Gastos, direcionando o ajuste fiscal para aqueles setores
beneficiados por políticas de incentivos, isenções de impostos, baixa tributação e
privilégios corporativos, e não às custas de políticas sociais fundamentais para a maioria
da população.

Enfrentar a Discriminação Contra as Mulheres

Priorizar o enfrentamento à discriminação contra as mulheres, um dos fatores


estruturantes das desigualdades no Brasil, propondo políticas públicas para atacar o
problema..

Combater a concentração de terras

Fortalecer a agricultura familiar e retomar a agenda de reforma agrária.

Investir em Saúde e Educação

Reduzir as isenções fiscais e aumentar os investimentos em políticas públicas e


serviços básicos como educação (implementação do Plano Nacional de
Educação) e saúde (fortalecimento do Sistema Único de Saúde).

Melhor qualidade do gasto público

Melhorar a qualidade, a progressividade e a transparência do


gasto público, e redefinir as prioridades no controle desse gasto, fortalecendo
mecanismos que permitam seu monitoramento por cidadãos e cidadãs, organizações da
sociedade civil e órgãos públicos de controle.

Combater a corrupção

Fortalecer mecanismos de combate a corrupção, avançando em reformas


políticas específicas que reaproximem
a população brasileira das instituições
públicas e políticas do país.

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