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INSTHILTO | SUs)28s801ENTAL : ite ww GED $6693. | INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL, - Programa Xingu i Ciéncia da roca a Coletanea preliminar de: i ementa proposta il programas de trabalho 2 breve relato de atividades i e materiais didaticos produzidos por aldeias i Sao Paulo ~ setembro de 1999 d Par G INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL worw.socioambiental.ong Av. Higiendpolis 901 SOLN 210 Bloco C, Sala 112 01238-0091 Sao Pauio SP 70862-530 Brasiia-DF tel: (011) 825.5544 tel (064) 349-5114 272-9844 fax (011), 626-7881 faxc (061) 274-7608 internet socioamb@ax.ape.org Internet: isadf@ax aps.org Ciéncia da rogaColetanea preliminar de:ementa proposta; programas de trabalho; breve relato de atividades; e materiais didaticos produzidos por aldeias setembro/99 Direitos Autorais: professores Kaiabi e Yudja povos Kaiabi e Yudja Pesquisa, organizagao e editoragio eletrénica: Geraldo Mosimann da Silva Colaboragao: Simone Ferreira de Athayde Coordenagao do Programa Xingu: André Villas-Boas Coordenagéo do Projeto Desenvolvimento de Alternativas Econémicas Sustentaveis no Parque Indigena do Xingu: Geraldo Mosimann da Silva Este material foi elaborado a partir de informagées de campo, durante os anos 1998 e 1999, no Ambito do Projeto Desenvolvimento de Alternativas Econémicas Sustentaveis no Parque Indigena do Xingu, promovido pelo Instituto Socioambiental. Capa: desenho de Jani Kaiabi Parceria Associagdo Terra Indigena Xingu - ATIX Av. Mato Grosso, 688, 78640-000. Canarana - MT. Fone/Fax: (65) 478-1948. Apolo R The Norwegian Raiforest Foundation - NRF ddVPID Q d FVII ? APRESENTACAO Este documento busca realizar um esboco para sistematizar os trabalhos realizados com ciéncia da roca na regio do norte do Parque Indigena do Xingu. Os trabalhos foram desenvolvidos em 1998 e 1999, devendo ter continuidade. Assim, apresenta uma compilacéo das informagées trabalhadas com 08 professores e estudantes das aldeias Capivara, Kwaruja, Kururu Kaiabi, Tuba Tuba, Novo Pakissamba e¢ Pequizal Yudja, além de jovens do PI Diauarum. © tratamento adequado dos materiais aqui contidos deve originar livros didaticos sobre a ciéncia da roca, de autoria dos professores ¢ pessoas das aldeias, que cumpriraé o papel de meméria e apoio na busca da manutencao dos recursos genéticos e do vasto conhecimento agricola destes dois povos. Deste modo, representa também uma fonte para o retorno do conhecimento aos seus efetivos detentores. Como tal, podem oferecer subsidios para se refletir sobre a estruturagéo de um programa educativo destinado a um piblico especifico, diferente dos professores e agentes de satide. Este novo ptiblico vem se mostrando cada vez mais evidente, demandando apoio técnico para viabilizar 0 manejo de recursos naturais estratégicos para as etnias do Xingu, bem como desenvolver aces concretas para o resgate ¢ manutencéo da biodiversidade existente em rocas, pomares e matas. A construcdo conjunta destes contetidos deve garantir a perpetuacdo das formas de saber ligadas a cada povo, com suas especificidades culturais. PROGRAMA EDUCATIVO SOBRE CIENCIA DA ROCA Coletdnea preliminar de: ementa proposta programas de trabalho breve relato de atividades e materiais didaticos produzidos por aldeias SUMARIO Apresentagao Sumério Roteiro preliminar para ementa Proposta inicial de Programa de trabalho na aldeia Kwaruja Kaiabi Relato da primeira etapa do trabalho na Escola Kai, da aldeia Kwaruja Kaiabi Proposta de programa de trabalho - Escola Mo'ysing, da aldeia Kururu Kaiabi Relatos da aldeia Kururu Kaiabi Relatos da aldeia Capivara Kaiabi Proposta de programa de trabalho - Escola Kamadu, da aldeia Tuba Tuba Yudja Resultados dos trabalhos desenvolvidos na aideia Tuba Tuba Yudja Curso pratico de horta, viveiro e pomar — Viveiro do PI Diauarum Textos, registros e pesquisa desenvolvidos on 02 05: 07 29 30 34 35, 38 41 CIENCIA DA ROGA ROTEIRO PRELIMINAR PARA EMENTA Nota Este roteiro deve ser discutide e modificado, conforme as necessidades. Também, e principalmente, deve ser “traduzido" e debatido com os indios, para que em sua versio final traduza os seus anseios. Contudo, deve haver um baiango entre as demandas dos indios e nogées basicas que Ihes permitam realizar 0 manejo de recursos naturais estratégicos para a sua seguranca alimentar e para o desenvolvimento cotidiano de sua cultura material, incuindo-se o artesanato. 1. HISTORIA origem das plantas da roca hist6ria de cada planta / dono mitos relacionados com atividades agricolas festas ligadas aos produtos da roca 2. AS NOSSAS PLANTAS Explorar conhecimentos sobre boténica (ecologia, fisionomia, anatomia, fisiologia, etc); escolher uma planta ou grupo de piantas por vez % — Partes do mato (e das rogas): + Parte de cima (Paus altos) - dossel «Parte do meio - estrato intermediério + Mato de baixo - estrato inferior * Os diferentes tipos de plantas: + grupos de plantas que os indios reconhecem (come por exempio na nossa classificagdo: plantas rasteiras, ervas, cipés, arbustos, arvores, epifitas). © Partes da planta: Levantar correlagées com termos em portugués; fungdes de cada estrutura boténica + Encima da terra: caule, ramos, folhas, flores, frutos, sementes + Embaixo da terra: raizes, tubérculos, etc - REPRODUCAO E CONSERVACAO DE MATERIAIS GENETICOS Botanica: sementes, raizes, ramos, mudas (tipos de materiais para reproducao; especificidades, etc) origem de sementes / mudas / plantio (incluindo tipas / variedades diferentes) fontes de materiais reprodutivos especialistas em plantios como s&éo guardados os materiais reprodutivos listagens de materiais perdidos estratégias para trabaihar com materiais escassos no PIX mudangas apés 0 contato / recentes APTIDAO AGRICOLA DE DIFERENTES AMBIENTES. tipos de matas tipos de terras localizagao, formas de acesso, etc lugar de cada planta dentro de uma roca CARTOGRAFIA: mapas de rogas e paisagens (croquis, desenho, satélite, mapa impresso) CICLOS E CUIDADOS COM AS PLANTAS calenddrios da natureza e ciclo agricola (etapas da roca) época e sequéncia de plantios quanto tempo dura uma roca? (anuais, bianuais, semi-perenes, drvores, etc) cuidados mdgicos e rituais com cada planta e com a roca (para protecdo & bom crescimento) cuidados com cada planta (trabalhos para manutencSo de rogas) como se colhe como se guard; por quanto tempo ? ROGAS E ECONOMIA usos de cada planta / tipos (variedades) produtos da roga como bens econémicos (0 que se faz com os produtos da Toga, como uso, venda, troca, etc) obtencao de insumos (ferramentas e outros) pregos praticados mudancas apés 0 contato / recentes D3 a? > J yIIIDG y a9 ) pd VD 8. VIVEIRO E POMAR * plantio e tratos para frutas Irrigag&o (modos; frequéncia) Produsdo de mudas (tamanho de jacés; escolha da terra para enchimento, semeadura, protecdo da muda, tratos, etc) + Transplante para local definitivo (seleco de locais, espagamento, protegdo de plantas transpiantadas, amarramentos) + Adubacdo orgnica * Cobertura morta * horta * plantio e tratos de temperos e hortaligas 9, PRODUTOS DA FLORESTA MATERIAS PRIMAS (DO MATO) PARA CULTURA MATERIAL, FRUTAS SILVESTRES MEIS + Sistemas agroflorestais: tipos, caracteristicas de espécies promissoras, formas de implantac3o + inventario (quantificande disponibilidades) + possibilidades de manejo no ambiente natural « plantio / adensamento (por mudas ou sementes) Ciéncia da roca Proposta inicial de Programa de trabalho na aldeia Kwaruja Kaiabi Etapas de 4 a 7 dias por méduio dia 1: NOSSO LUGAR discusséo e planejamento do programa de trabalho na aldeia e na escola, para a 1 etapa; chamar os alunos e iniciar 0 desenho de um mapa geral da aldeia, dentro do que é considerado como limite do territério utilizado, inicialmente com as casas, 0s caminhos e trilhas (para cacar, tirar materiais, etc) e o lugar das rocas mais recentes, dia 2: HISTORIA Chamar um velho para contar a historia das plantas da roga Kaiabi no Xingu. Motivar os alunos para que fagam perguntas. Gravar a historia na lingua e traduzir junto com o professor para o portugués. Pedir ao professor que escreva a histdria na lingua nativa e em portugués. Tlustrar a histéria com desenhos. Dia 3: 0 CAMINHO DAS PLANTAS DA ROCA KAIABI NO XINGU. Com base nas informagées do velho, pesquisar em mapas (do PIX, do estado MT, outros) disponiveis na escola o caminho que as plantas da roca Kaiabi fizeram para chegar no Xingu. Depois, completar com 0 caminho que estas mesmas plantas fizeram dentro do Parque. Por fim, desenhar um mapa mostrando este percurso, colocando o nome de aldeias e lugares importantes, de pessoas e datas (mesmo que aproximadas). ATIVIDADES PRODUTIVAS Dia 4: COMO ESTAMOS HOJE ? Rocas Levantamento das plantas da roca do povo Kaiabi. Visitar rogas atuais de familias da aldeia e observar as plantas existentes. Visitar as rogas velhas e verificar 0 que acontece com elas; quais produtos so cothides das rogas velhas? Fazer, no caderno, uma relago de todos os alimentos observados, separando 9s alimentos produzidos em cada roga. Anctar o nome indigena e o nome em portugués (se tiver). Cada aluno pode desenhar a(s) roga(s) em uso por sua familia. llustrar plantas especificas e atividades agricolas. Dia 5: COMO ESTAMOS HOJE ? Quintais domésticos Visitar os quintais de cada casa da aldeia e observar as plantas existentes. Fazer, no caderno, uma relac3o de todos as plantas observadas, separando o que existe em cada quintal. Anotar o nome indigena e o nome em portugués (Se tiver). Desenhar os quintais de cada casa da aldeia. Dia 6: ROGAS E ECONOMIA Promover um debate sobre as atividades produtivas e mudangas pés contato / transferéncia, introduzindo os temas: economia indigena; diversidade de plantas da roca; diferengas na alimentaggo antes e apés a vinda para o Xingu. TOPICO ADICIONAL, QUE FOI REMETIDO PARA O SEGUNDO MODULO: NOSSOS PRODUTOS O que comemos e de onde véem os alimentos para preparar a nossa comida. Preparar os alunos para fazerem pesquisa com a familia, para ser trabalhada no dia seguinte: Cada aluno deve fazer, por observagSo direta e entrevista com os pais, uma relag3o do que comeu no dia da pesquisa e como os alimentos foram preparados, resultando em uma lista de comidas e de pratos diferentes que do preparados, No dia sequinte devem trazer a lista para a escola. Discutir c/ 0 grupo, fazendo anotacées: Quais alimentos a familia produziu? Quais foram conseguidos por troca c/ outras familias? Quais foram consequidos por troca c/ no indios? Quais foram conseguidos através de compra dos n&o indios? Onde? Ilustrar com desenhos ApresentagSo dos resultados da pesquisa feita em casa. Montar em cartolina os grupos de produtos. Relacionar os produtos da roca plantados pelo pessoal de cada casa. Juntar as listas e relacionar os produtos plantados na aldeia. Tlustrar com desenhos das plantas. CIENCIA DA ROGA Relato da primeira etapa do trabalho Escola Kai, da aldeia Kwaruja Kaiabi Dados sobre a escola: Na escola, o professor Sirawan tem 22 alunos, além de 5 criangas que vao entrar neste ano, $40 6 alunos alfabetizados e os demais ainda nao plenamente alfabetizados. Turmas: 08:00 as 10:00 h: 8 a 10 anos 40:30 as 12:00 h: 12 a 15 anos 14:00 as 15:00 h: 20 a 25 anos, jé alfabetizados pelo professor Aturi, da aldeia Tuiararé Ig iS is a ie [alunos (todos Kaiabi) Kyritu Tymakar TTafarijup ita Arach Tawaritu Tauri Utert Arutari Sirewi Jamurajup Temujuwi rle|nle/We/e/ele/e/e/7/E (E/E) TRABALHOS 1° Etapa: 5 dias 10.06 chegada na aldeia e acomodagao dia 1: 11.06 reunio c/ aldeia e com professor Conversa com Tuait (cacique), Arupaiyup, professor Sirawan e professor Jamanary (da aldeia Tuiararé, em férias na casa de seu sogro), pars apresentar e discutir 0 programa de trabalho e planejamento de aulas para a 1* etapa: I > Objetivos 41. Registrar 0 conhecimento das plantas da roga dos kailabi 2. Produzir material didatico para ser usado pelos professores kaiabi 3. Discutir e implementar estratégias para garantir que as plantas da roga dos Kaiabi no se percam. Justificativa: Importéncia de registrar a histéria dos Kaiabi (formas de registro: gravagao de histéria contada, textos, desenhos, mapas, fotografias). Inexist8ncia de registros de como as plantas da roca dos Kaiabi vieram para o Xingu. As pessoas das outras aldelas nao tém conhecimento sobre isto. Por estes motivos, foi solicitado apoio para desenvoiver o trabalho. Apresentagdo de materiais didaticos e/ou técnicos envolvendo plantas agricolas ¢ frutas, voltados para os indios e nao indios: ‘A ecologia da floresta. CPLAC Chegou 0 tempo de piantar as frutas. CPI-AC Frutos comestiveis da Amazénia. P. Cavalcante, INPA Hortaligas da Amaz6nia. Edson Noda e outros, INPA Livro de Patricia Shenkley Geografia indigena, ISA Aspectos notérios: contetides especificos; qualidade gréfica; prego para publicagdo Opinides sobre 0 programa de trabalho apresentado © objetivo é o mesmo colocado no programa. Concordam com a histéria das plantas da roca. Mais tarde, vao contar como era no Teles Pires (contar e fazer um mapa do trajeto da vinda dos Kaiabi para o Xingu, ¢ da vinda das plantas da roga) Historia da dispersao das plantas dentro do Xingu. E das aldeias que foram sendo ocupadas por Prepori. Aldeia Kwaruja: mapas da aldeia e das rocas. Entrega do relat6rio sobre as rogas Kaiabi para o pessoal da aldeia Visita a rogas da aldeia. Proposta de dinamica: Trabalhar com as 3 turmas juntas, pela manhé e contar historias a tarde. Plantas da roga na cultura material Ferramentas e objetos usados para colher, preparar e comer os alimentos. Receitas de alimentos Lanche (car do mato e manowi kul) Opinides sobre o programa de trabalho apresentado (anexo): objetivo 6 o mesmo colocado no programa. Concordam com a histéria das plantas da roga. Mais tarde, eles vo contar como era no Teles Pires (contar e fazer um mapa do trajeto da vinda dos Kaiabi para Xingu, e da vinda das plantas da roca) Historia da disperséo das plantas dentro do Xingu (e das aldeias que foram sendo ocupadas por Prepori). Conversa sobre amendoim Colhe-se com faca agora, antigamente era com qualquer pau. Pau de api, para plantar amendoim — agora quase nao se usa mais, prefere-se a enxada. Isto parece estar ligado com a época de plantio: antigamente sé se plantava depois que cafsse 0 fruto do api. O sistema de plantio mais usado por les era chamado de pegada do caititu: faz-se dois furos com 0 pau de api (api'yp) e planta-se, Hoje esta mudando, usa-se a enxada para plantar em setembro, porque a cova fica mais fundo, onde a terra esta mais Umida. cesto monowi'yr~u 08 tipos (variedades) de amendoim. dia 2: 12.06 HISTORIA manha Anci&o Prepori foi contar a hist (historia de Kupeirup ou), Participantes: Tuiat (37 anos), Parisome (35 anos), Arupa (55 anos), alunos, ia da origem das plantas da roga Kai Os mais velhos fizeram algumas perguntas para esclarecer alguns pontos da histéria or para completé-la. A histéria foi gravada na lingua Kaiabi e também a sua tradugdo para 0 portuguas, feita pelo professor Sirawan, auxiliado por Tiuiat. A histéria fol illustrada com desenhos. Transerigéo da fita 1 - 12/06/99 tripa, coragéo, lingua... a gente esta tentando perguntar para ele, mas ele nao est conseguindo explicar para a gente porque tem uma dificuldade... Mas acho que esta histéria ele conseguiu contar um pouco. propria ela mesma, essa dona tinha... plantar tucum, inajé, mangava e outras coisas que demoravam muito para crescer. Enquanto aquela planta ia crescendo eles iam mudar para outro acampamento, parece que ndo existia, era uma aldeia, era um aldeia mas era como um acampamento, fazia barraca. Entéo, ali eles moravam. Ai, o tempo passa, eles voltam naquele acampamento de novo para ver se a fruta ja esta na époce de tirar como tucum, inajé, mangava. Entéo tudo isso a velha pedia para plantar porque nao existia nada paea comer. Com o tempo ela foi pensando, foi pensando, s6 que ela néo falava nada, nao falava nada com ninguém e ia de novo e aproveitando o melhor... e procurar orelha de pau também, pegava e comia, Encontrava com banana brava, tirava... quebrava € comiia e continuou na frente, vai indo, vai indo, pouco que eles pegavam o pessoal E foi indo, foi indo, até que a velha néo aguentou mais, ela chegou e pediu para o filho “olha, vocé tem que fazer roca porque eu tenho alguma coisa no ... que ndo vou mostrar agora, vou mostrar depois. Ai os dois filhos concordou com a mae, eles sabiam... que ia acontecer. A velha ia na mata e pedia para os filhos rogar. Toda a vez que eles.. ai foi rogando. Ai eles chegaram como daqui até ld e perguntaram para a mae "e di, que tamanho que 6?". E a mae “ndo, mais um pouco, muito pequena ainda... ela néo ia junto com 0s filhos, ela ficava.... Quando os filhos voltaram para o acampamento, ela perguntou “e ai, como 6 que esta? Mais um pouco”. E vai de novo continuando na frente. Ai no dia seguinte, paroui de novo, ai pediu para a mae “da para a senhora dar uma olhada na roga...", ai ela foi la de novo “ja esta grande, mais um pouco”. Abriu mais um pouco de Avo. ai voltou para ... de novo... mais ou menos trés dias, parece que era época de abril (a@gosto?), seco. Ai que ela camegou a contar a historia. Eu tenho um monte de produto aqui aqui na minha... s6 que é 0 Seguinte, eu ndo vou dar agora para vocas, s6 depois que vocés me queimarem eles vao aparecer. Ai os filhos comecaram a ficar tristes. Ai ela falava assim "vocés ndo precisam ficar tristes porque eu sei como escapar, eu ndo vou morrer de verdade, eu vou viver para sempre... pegar eu vou virar... mas se vocés me deixarem escapar eu vou virar bicho. Ai foram... Id para as quatro, seis horas, até que cehgou no dia da queimada dela, ai eles foram. Agora, eu sempre tenho duvida disso porque o pessoal fala que no tinha fogo, como é que queimaram essa velha ? Isso eu vou perguntar agora para ele. - Esse acampamento era s6 eles que moravam ou tinha mais outros Kaiabi que moravam? () -» @nto, existia mesmo o fogo quando foi queimada a mulher. = Qurubu jé tinha... E,ja = Aqueia histéria la... Mas ele j& pegou, eles ja tinham pegado 0 fogo do urubu... = Quantas pessoas moravam, mais ou menos? Mais ou menos umas cinco. Dois filhos, essa senhora e mais duas, uma filha e parece que uma companheira da velha, Ai pediram para ela, ela pediu para os filhos levarem a rede. E aj jé foi caminhando, quando chegou no meio da roca que eles comegaram a chorar de novo, que ndo podia queimar ela, pediram a ... dela mas ela foi. Entdo, assim resolveram queimar ela, comecéu a tocar fogo em volta, Ela ficou 14, tocarma fogo no ... em volta, amarraram a rede [4 nomeio, no meio da ... 86 vendo 0 fogo chegar... ficou olhando, olhando, aquela fumaga chegando... até que chegou nela, estourou ndo sei se foi a cabega ou a barriga dela, estourou tudo. - Os filhos ficaram esperando ela queimar? E, ficaram la mesmo, Sd que antes ela pedia, antes de queimar, ela pedia, a mae pedia para os filhos ndo ficarem perto, ela dizia que eles tinham que ir [4 longe, ... quem foi avisar eles foi aquele passarinuo, parece que é maritaca que chama. Entdo isso foi recado da velha para ndo ficarem perto da roca, ficar longe... ela que foi avisar. 10 Espera ai, vocé estava falando quando queimou. Ai queimou... quando ela queimou, no 6? No, isto eu passei na frente porque eu tinha esquecido de falar. Esse aviso que ela deu. Ai depois da queimado 0 pessoal foi embora. Ficou la na beira da roca, conversando...."queimaram a velha, nunca mais vamos. Mas 0 outro diz que falava assim “ela sumiu, saiu pela fumaca, vai ficar na beira da roga”. Isso o irmao dele falou para ele, Depois eles foram embora - Esse pessoal tem nome? Tem, deixa eu perguntar para ele, Ai eles foram embora, parece que ficou um tempo s6.. Ai chegou quando foi mais ou menos duas horas da tarde,duas horas da tarde... ai chegou... foi indo. - Isso depois de um tempo, ndo 6? Ai voltou, ai que ele conversou com 0 pessoal dele. - Mas ai choveu? Choveu... acho que foi aviso do Piud (?) para o filho, porque voltou, ja amanheceu, ai de noite conversou com as pessoas. E quando chegou no dia que a mae ja tinha marcado, ‘S6 um, mas tem gente que conta assim, que Piud aparece no mesmo... mas tem gente que conta que nao foi. Aj no outro dia, chegou Id na roga e comegaram a ver comida... quebrou, comeu... ai que © imao dele faiou ".. a gente pode comer 0 corpo da mée...(7)". ... "sla tinha... duas formas, pode comer cru ou pode comer assado, ela vai servir como um mingau. - Ela tinha explicado isso antes? Ela tinha explicado antes... Unica coisa que no é para comer porque vai ficar amargo 6 0 que vai ser ingé.. Mas ela falou 0 nome das comidas antes? Falou. J4 vem tudo explicado, por isso que ja vem como card, batata, amendoim, feiléo, mandioca, mandioca brava, mandioca doce, milho branco, vermelho... aipim. Veio tudo explicado.... manao, munid,... Ela ja tinha explicado tudo. Ai depois eles tentaram procurar... onde a velha estava. Ai diz que pediram para fazer armadilha para ela entrar Naquele... 86 que como a gente ele queria ver to rapido... enquanto o irmao dele estava cortanda, eu nao sei, eu acho que isso quem mandou fazer parece que foi o transformador, acho que é transformador que mandou eles fazer essas coisas, eu é que acho. - Oque é 0 transformador? Transformador € umas pessoas que transformava as pessoas para virar bicho, virar igual macaco. Esse cara estava por ai também. " - Tipo Maeta (7)? Ele ficava por al, também ele ndo se mostrava para ninguém, ficava escondido no mato. Acho que 0 irmao dele falou aquilo “olha, vocé podia esperar um pouco... ndo vamos deicar nossa mée...”. "Esta bom’, ele falou assim, “vou esperar’. Diz que ele foi... para cortar os pauzinhos... “Ela foi ... a nossa mée que deixou comida para nés, nunca mais nés vamos perder comida, se nés perdermos é problema para o resto da vida..." A velha se transformou em..., 0 rapaz nao teré... quando chegar na idade... hoje existe... quando chega na idade ele. - Como chama aquela...? Chama mirucai (?). Nés falamos mirucai. = Ela que faz isso? Ela que faz isso... Ent&o nés, meninos, jovens, néo come... = Velho come? Também néo. Sé as cotias que comem... + Mudou, ndo 6? E, agente, depois que a gente. = 0 pessoal veio para c4 quando estava no Teles Pires, ja tinha conhecido branco, seringueiros, tal. Foi nessa época que o pessoal comegou a plantar ou foi depois que veio para... ? Nao, comegou la mesmo... Hoje... toda crianga come. - Parece que esse... mirucai esta diminuindo? Mirucaf jé tem aqui na liha Grande... Agora, nunca mais vou comer paca. Uma coisa que eu esqueci também, que o velho colocou, que isso talvez tenha acontecido numa regio... - Ena histéria ele fala o nome de todos esses produtos? Fala... por isso eu falei para ele para contar direitinho 0 nome do produto e a parte do corpo que transformou.. - Pode perguntar para ele 0 nome das pessoas? ) - Viraram cotia? E ela? Nao, os dois filhos. - Eela? 12 2) - Tem musica para ela? 1ndo, isso foi o grito do filho para a mae, Pediu para queimar bem forte que é a senhora ‘que vai dar comida para nés. - Eles tentaram. () - Para queimar? Ela se pintou com urucum, jenipapo também? Nao... - Eela também? Nao - $6.08 dois? Ela nao pintou. la queimar mesmo... . por isso que esse povo no se pinta. Ela nunca se pintou... se a gente comecar a pintar do inicio... Af a gente ver de Id pintado, e como o pessoal do alto... tinha pintado, eles. pintando. © deus mandou eles seguir pela forma que ele quiz para eles. Agora, se a gente no pintou também... Parece que a gente nao tem... Tem, mas parece que a gente nao tem pintura assim certa, pinta de qualquer jeito, - E tatuagem também, néo &? () amarrado 14 no pé do ... @ vem cortando sozinho, quando comeca a passar longe entéo... vem cortando. trabalhava sozinho, vem cortando para buscar lenha... corta sozinho. - Mas isso é trabalho do Maeta? .- falou. - Essa velha era pajé? Avelha? FIM da historia narrada por Prepori 13 Outra versao da a de professores Kaiabi ria, registrada através de pesqi Histéria de KUPEIRUP (Kupeiruaem porongyta) Por Matari, Jemy, Aturi, Eroit, Awatat, Awasiu, Sirawan e Tangeu'i Kaiabi Antigamente nao existia comida: milho, mandioca, amendoim, feljao-fava, pimenta, cara, batata, inhame, mandioca-doce, algodao, cabaga e janyrdi (outro tipo de cabaga). Os Kaiabi passavam muita fome e viviam se alimentando frutas silvestres, como: inajé, tucum, buriti, castanha, coco, cacau, cacho de banana-brava e mel, Onde tinha muitos pés de frutas, principalmente inaja e tucum, 0 povo logo ia fazer acampamento e ficava muito tempo ali. Eles também plantavam as sementes de frutas como inaja e tucum. Aquele lugar onde eles plantavam sementes de tucum e inaja, era considerado a roga deles e as sementes, a plantagdo da roca. © povo passou muito tempo e muitos anos nessa situagdo, até que um dia uma mulher vidva, chamada na nossa lingua Kupeirup, sentiu a necessidade de dar mais alimentos para seus filhos. Isso porque eles cacavam mel, mas nao tinha muito, a fruta ficava dificil de achar, a semente que eles plantavam nao crescia logo e demorava para dar fruto. Entéo ela sentiu muito de ver seus filhos passarem fome. Ela ficou pensando em achar uma maneira melhor para eles viverem. E ela chegou a conversar com seus filhos dizendo: = Oh, meus filhos! Estou sentindo muita tristeza por causa de vocés, vocés nao esto achando mais fruta para comer e nem mel. As sementes que vocés plantaram ndo esto crescendo logo e esta demorando para dar fruto. Agora eu quero que voces trabalhem, fagam uma roga muito grande e derrubem os paus. No dia de queimar, vocés me levam no meio da roca e depois tocam fogo na roca. Eu serei queimada. Assim aparecera comida para voces. Os filhos ouviram as paiavras da mae e ficaram tristes. Eles responderam assim: = Como é que nds vamos fazer esse tipo de maldade com voc8? Vocé ¢ nossa mae, nés precisamos de vocd, nés nao podemos fazer isso com vocé! Amie deles falou mais: ~ Se vooés ndo fizerem isso comigo, nunca vocés terdo comida, - Nés sentimos muita falta de comida, mas nés ndo vamos queimar a roga, assim fica ruim para nés. Mas a mée insistiu com eles dizendo: - Meus filhos, eu sei que vocés est&o preocupados comigo, mas ndo so Preocupem, vocés podem me queimar. Eu vou reviver e voc8s me verao novamente. No dia em que vocés forem queimar a roca, no podem passear na roga e nem podem clhar. Vocés podem ficar alegres, porque vou fazer essas coisas para vocés. Entdo os filhos da mulher aceitaram, mas ainda com tristeza. Fizeram a roca e derrubaram. Quando a roga terminou, a mae explicou mais uma coisa: - Meus filhos, chegou a hora de queimar a roca e vocés vo me queimar. Mas vocés néo podem se preocupar, eu vou viver novamente. Eu vou ficar na beira da roca como a paca e vocés vao fazer uma armadilha para me pegar. Nao me deixem escapar, sendo nao volto para vocés. Quando vocés tocarem fogo na roca, gritem para mim, chamando pelo meu nome. Ai eu escuto e vou mandar as plantagdes na roga. Depois da queimada, vocés podem ir para bem longe. Podem achar um lugar onde tem muita fruta e fiquem acampados até chegar um aviso para vocés. Primeiro uma curica passara por cima de vocés, fiquem sabendo que a flor do milho ja saiu. Depois vai demorar um pouquinho e passard o segundo aviso. Um bando de curicas passara por cima de vocés. 14 Ento vocés podem vir para ver a roca e a comida estard toda pronta para comer. Jamais vocés passardo fome, porque nascerdo muitas coisas de comer. Ela também ensinou a comer @ como preparar a comida que haveria de nascer, dizendo: = Quando nascerem as plantas na roga e der fruto, vocs néo podem comer de quaiquer jeito. O milho verde voo8s podem comer assado e cozido, nao poder comer cru porque faz mal. Vocés mulheres, podem fazer mingau de milho misturado com amendoim, soquem no pilZo, ponham agua e depois deixem ferver no fogo dentro da panela. Tem que cozinhar bem o mingau e depois que ficar frio, ralem batata e joguem dentro para adogar. ‘A mandioca vocés péem na 4gua. Quando ficar mole, deixem no sol para secar, depois soquem no piléo e passem na peneira, torrem no tacho. Vai virar farinha. Vocés podem fazer beiju também, bolo misturado com amendoim. Quando vooas fizerem farinha @ belju, comerdo com os bichos e peixes, Mandioca-doce vocés ralem e espremam o liquido. Joguem a massa fora e ponham o liquido na panela para cozinhar bem. Ponham o milho dentro, soquem primeiro, passem na peneira e misturem depois para ficar gostoso. Feljéo-fava podem cozinhar, fazer mutap (pirdo) com peixe e fazer farinha com pimenta. A pimenta é para vocés temperarem a comida: ponham no mutap de peixe e de bicho. Card pode cozinhar, assar e fazer mingau também. Inhame voc8s podem cozinhar e assar. A taloba voc8s fagam com o mutap, facam também com peixe e bicho. Com a batata vocés fagam mingau, podem comer cozida ou assada. A cabaga vocas usem como prato, rachem no meio e dsixem na agua. Quando 0 mito ficar mole, tirem da agua e deixem no sol para secar. Depois lixem e pintem por dentro da cula para ficar bonita e usem para comer e para beber mingau O janyrd vocés usem para guardar dleo de tucum e inaja. O algodao as mulheres devem fiar e dele fazer rede para dormir. Agora voces jamais tero fome porque vo ter comida em abundancia para voces, para seus filhos e para os descendentes dos seus filhos, jamais comerdo so frutas silvestres. E 0 que ela ensinou, até os dias de hoje nés fazemos. Kupeirup também ensinou para eles cuidarem das sementes para replantar e nao deixar acabar, a colher e colocar 05 produtos no depésito para nao perder. Ela falou: - Nao deixem a comida se perder e estragar. Quando vocés souberem cuidar das sementes, vai durar todo 0 tempo, até todo o povo da terra vai chegar a conhecer. Ela passou ainda muitos dias explicando e orientando seus filhos sobre as coisas da roga e o que haveriam de fazer. Quando terminou de explicar, ela disse: = Agora chegou a hora de queimar a roa. Levem uma rede [4 no meio da roca @ eu vou me deitar. Assim eles fizeram. Levaram a rede no meio da roca, levaram a velha e ela pediu para queimar a roga. Os filhos comegaram a tocar fogo 20 redor da roca e gritaram chamendo pelo nome dela: = Orokoapy ore enee waip Kupeiruiruwa ko,0,0,0,0. (senhora Kupeirup, estamos queimando a roga para voce). Ela escutou 0 grito dos filhos e logo mandou comida para a roga. Quando eles terminaram de tocar fogo, ficaram olhando o fogo. No meio daquela chama de fogo eles viram uma coisa estourando, como o barulho de um trovéo no meio da roga, Foram embora tistes e chorando, Procuraram um lugar com muitas frutas @ ficaram ali esperando o aviso. 15 Passaram-se os dias e os meses. Chegou 0 primeiro aviso, foi uma curica que passou por cima deles. Eles ficaram alegres: ~ A nossa comida ja esta quase pronta, ja saiu a flor do mitho e da fava. Passaram-se mais dois meses e um bando de curicas passou por cima deles. Eles ficaram sabendo que a comida jé estava pronta e vieram para ver a roca. Quando chegaram, viram todos os tipos de comida: mitho, cara, mandioca, fava, inhame, mandioca-doce, cabaga, amendoim, algodéo, mangarito e janyra. Ficaram todos felizes de ver tanta comida! = A nossa mée plantou tudo isso para nés, mas agora teremos que aché-la para completar a nossa alegria. Foram cacar a paca em volta da roga @ acharam-na no buraco. Fizeram uma armadilha para pegé-la, mas acontece que naquele tempo existia 0 Maramu'jangat (transformador). Ele transformava muita gente em bicho, porque naquela época quase nao existia bicho, ele queria aumentiar os bichos. ‘Quando eles estavam arrumando a armadilha, o Maramu'jangat chegou onde eles estavam e perguntou: ~ O que vooés estéo fazendo? - Estamos querendo pegar a nossa mae. = Entdo deixem que eu pego para vocés. - N&o, nés mesmos vamos pegar a nossa mée. Aquele homem despediu-se e foi embora. Mas, na verdade ele nao foi embora, escondeu-se ali mesmo. Quando os filhos estavam quase conseguindo pegar a mae, Maramu’jangat apareceu e perguntou: ~ O que vocés esto fazendo? O poder de Maramu'jangat assustou-os e eles deixaram a mae escapar. Ela salu gritando como a paca: - We, we, we, we, we. Maramu'jangat transformou-a em paca. E disse mais esse transformador: ~ A paca vai gostar de ficar na capoeira e na beira da roga comendo milho. Por isso que a paca gosta de ficar na capoeira e gosta de comer milho da roca, Antigamente 0s velhos nao deixavam os meninos comerem paca, s6 os velhos comiam. Quando os meninos comem paca, dizem que faz mal para as criancas, faz uma ferida como queimadura, porque ela foi queimada na roca. ‘Até os dias de hoje nés fazemos isso. Depois eles vieram na roga e assaram mitho para comer. Sé que eles nao mostraram 0 milho para 0 pessoal, comiam sempre escondido. Até que o pessoal descobriu e queria também. Esses rapazes eram casados. Um dia eles foram na roga para comer milho. Enquanto eles estavam assando milho e comendo, Maramu'jangat chegou para eles novamente, dizendo: ~ Vocés estdo comendo milho. = Nés estamos comendo o que a nossa mae plantou para nos. Eles nao ofereceram nada. Maramu'jangat despediu-se e foi um pouquinho longe. Ficou olhando para eles e voltou bem escondido. Entdo ele gritou: ~ Vocés estéo comendo milho! Com o poder que ele tinha, transformou os rapazes e suas esposas em macacos. E disse mais: ~ O macaco vai gostar de cortar a flecha do homem. E foi embora. Entéo esses homens no aproveitaram a comida que sua mae tinha plantado para eles, s6 os outros que aproveitaram da comida deles. 16 A comida apareceu assim, cada parte do corpo da velha se transformou em coisas da roga: - 0 dente se transformou em milh - 0 cabelo em cabelo de mitho e algodéo; ~ a unha em amendoim. - a pera em mandioca; - amo em folhas de mandioca; - a cabega em cabaca; - 0 miolo em cara e metade em miolo de cabaga (por isso que 0 miolo de cabaga parece com o da gente); - 0 dado em pimenta; - a coxa em mandioca-doce; - 0 leite de peito em liquido de mandioca-doce; - 0 figado em inhame e mangarito; - a vulva em feijao-fava; - 0 coragdo em batata. Fim da historia Pesquisa destinada ao professor pelo velho, sendo um na lingua Kaiabi e outro em portugués. Tarde sero escritos dois textos sobre a historia contada Professor Sirawan escreveu a histéria, em portugues e ficou com a tarefa de escrevé-la nna lingua. Os alunos e demais presentes ilustram a historia e as plantas da roca. Nome do aluno (todos Kaiabi) 5X0 idade iKyritui iz F 8 Tymakari M é Tafarjup e M tai M a ‘Araci F Tauri = Z M 7 Tarirud : 12 a ‘Arti M 12 Uteri F 13 ‘Arutari é = a M 14 ireju ii 16 | : —— lemujuwi F i} NOITE: irawan comega a escrever a histéria na lingua. Prepori conta velhas historias sobre os Ikpeng 7 Dia 3: 13.06 Com base na histéria do velho, fez-se um levantamento das plantas da roga que os Kaiabi cultivam desde antigamente (kopypiara pytuna), com os nomes em lingua kaiabi e em portugués. A lista foi sendo construida no quadro negro, compreendendo os nomes gerais de cada planta, sem considerar, neste momento, as cultivares ou variedades especificas. Todos os alunos copiaram a lista em seus cadernos. A seguir, foram trabalhadas ilustragdes destas plantas, em folhas de papel oficio divididas, a lapis, em quatro partes iguais. Plantas da roga / kopypiara pytuna Nome em kaiabi ‘Nome em portugues Era jane je’efigimu Tapyjy jamareu amyneju algodao lietyk batata doce ka'ra cara mani'yp mandioca kanafu cabaga monowi amendoim namu'a mangarito awasi milho ky} pimenta ‘tamituaram araruta uruku urucum Alunos participantes Nome do aluno (todos Kaiabi) Kyritu ‘Tymakart Tafarijuy rac Tauri Tarirua Aruti Uteri Ireju Aritu’ Irujuwi ‘Arutari Jamut ig B =\7]=|7|4/z/z/2/ 9) z/=)7) | Apés a corregdo da lista, 0 professor Sirawan explicou o trabalho na lingua e faz leitura em voz alta com os alunos, Entdo, a lista das plantas foi dividida em 3 grupos com 4 plantas cada. Cada aluno dividiu uma folha de papel sulfite em 4 partes e desenhou um dos 3 grupos. 18 Tarde Continuagao dos desenhos Vacinagdo (EPM) Noite Conversa com Sirawan, Arupa, Tafarejup, Parisome, Moreakatu, sobre conservagao de recursos naturais do PIX no contexto das mudangas que veem ocorrendo com a intensficagao do contato com a sociedade brasileira, com énfase para a palha de ingjé, uruyp, tucumd, aves, tracaja Dia 4; 14.08 ‘A origem das plantas Kaiabi no PIX - Temi'ua itymipyra kopewara tuawera, wywaype. Prepori conta a histéria de como as plantas foram trazidas a0 PIX. Sirawan fica com a tarefa de escrevé-la em portugués e na lingua Foram feitas algumas perguntas sobre lugares, pessoas e datas. ‘Transcigao da fita - 14/06/99 — Prepuri conta a histéria da vinda das plantas para o Xingu .. ele... que era @ aldeia dele... esses produtos, essa mandioca, ela veio cortada. - Todos aqueles que a gente levantoui? E aqui os donos da roga veio trazer recado, recado foi mandado pelo finado pai do Mairaka (2), que chamava Tumaka (7)... recado la que ele tinha... ele caminhou durante trés meses para chegar. = Quem? Karapep. - Karapep que trouxe? Primeiro... Entéo caminhou durante trés meses para chegar na aideia.. desceu, encontrou com o primo dele, com tanta alegria naquela época que ele chegou que ele ndo ‘sabia que nunca ia chegar produto que ele nunca tinha visto I... Kaiabi de la, Entdo assim, as planta chegou,por... nosso, e no eram muitos ramos de mandioca. Mas deu para quebrar e aumentar 0 produto. Entéo a gente fazia tr8s covas para trés ramos de mandioca, e deu trés pés... e mandioca doce também a mesma coisa, mesma cova de mandioca brava, Amendoim eles foram plantando de pouco em pouco... Ai no segundo ano, plantou de novo e foi aumentando. Quando foi no terceiro ano... produitos foi aumentando. O lugar da roga foi Id no... para baixo... Primeira roga que teve? Primeira roga que... comida, produtes para aquele local, depois foi extraido para outros, lugares. Entao eles falam também que eles vieram sozinhos sem... mandar ele... se nao 19 29> Q der para eles... produtos, veio porque aqui nao tinha nada de produtos, a gente passava necessidades... () ~. Com produtos? Com produto e falou também que nés... receberam produto... - Ladessa roga? E. = Quando foi isso? Nao sei nao. - Na primeira vinda dos Kaiabi? Ele veio antes? Ele falou que foi 1944. Entao isso ele falou, ele nao falou muito, muitas coisas... = Ele mandou pelo outro, entéo? Foi o primo dele que trouxe. (Cutra pessoa) ~ Foi meu irmo que trouxe, 0 nome dele chama capitéo Carapé. E meu itméo. Foi ele que mandou para mim. Entéo ele mesmo trouxe para mim, no ombro, um cavaco assim, espiga de milho veio esse tamanho, quebrada ja, um cavaco no canapu, mas assim mesmo aproveitou. = Todos 0s tipos de mitho? Todos os tipos. = Alcion... tudo quanto foi tipo veio no canapi? Veio. E... também, cumand também. Mas tanto igual enquanto eu fiquei Id no Arara... ai que valeu mais para mim até hoje. Aquele tempo nao tinha comida por aqui nao. Eu mesmo punha forga para o meu filho, para trazer 0 meu filho para c4 para o Parque... veio meu cunhado, 0 pai de minha ... me acompanhou, morreu por ai (2). ... Veio sozinho, mas valeu, de comer meu irmao mais novo trouxe até hoje a gente esta usando. Ai 0 pessoal que foi vindo depois, trouxe... Nada. Velo Marupa, veio..., ... também, af 0 meu outro cunhado também, nada. Aa apareceu... que eram do rio e veio fugindo para ca com Prepuri, Prepuri estava I no... Nao mandam comida para nés e vamos entrar |, Prepuri ja deixou nds e vamos para la. Ai pessoal vem fugindo para ca... Ndo ficou mais ningu;ém la no lacuté. - lacutd era Id no Teles Pires? , mas a influéncia do... rio bonito. 20 GES - lacuta é nome do rio? E, nome do rio. Ai ficou mais da metade do Kaiabi no rio, eu deixei comida para o pessoal aproveitar. Eu vou ganhar comida la com... eu néo velo mais.... no quero vir aqui... seringueiro veio, invadiu a nossa terra, nés ndo vai ficar mais aqui... ai que me acompanhou. Eu tenho roga {4 no Arraia. + Osr, Ja tinha uma rocinha 18? Eu tinha, - Tinha 0 qué, antes de vir 0 resto? Soeu - Mas no comego vocé comeu o qué, antes de vir aquela comida que seu irmao trouxe? Mandioca, milho, batata, cara, cumana, LA ndo tem comida ndo, no é?Juruna morava la No Maritsaua (7), foi ele que me deu minha comida para mim, a mandioca, eu... junto com Juruna. Até hoje meu amigo, foi grande primeiro, meu amigo Juruna. Foi ele que arrumou comida para mim, Ai que ele dividiu comigo, mandioca, cara... e batata eu dei para Juruna porque ele me ajudou, ele que me salvou quando eu estava no Maritsaua, - Naquela época quem era o chefe dos Juruna? Bibina. Foi ele que me salvou. Ele deu mandiooca para mim, deu para mim fazer farinha. - Depois que ele fez a primeira roga, um, dois, tr8s anos, para quem ele foi dando produtos para fazer outras rogas? (a) E como... vooé abre as rogas para voce perto do Diauarum, vocé vai ficar (2) ‘Marup, veio sem nada Marupa? ....0 meu cunhado, eu dei a roga para... deixou a roca para Cuiaba (), ele viveu porque minha roga eu deixei la no Arara, ... ficou ld no Arara. Aproveitaram, tinham roca que eu tenho e hoje... de trabalhar para mim... colhendo as coisas para mim... Eu digo para Matupa (?), eu vou mudar para la, eu vou embora, eu ndo venho mais aqui no Arraia. Eu deixei tudo, muita coisa para 0 pessoal aproveitar. Go) Prepuri... pessoal teu j4 vem tudo corendo por causa de seringueiro r como vocé faz? Eu vim sozinho para c4, eu vim sozinho, eu dei comida para o meu filho, até hoje esté comendo comida... Abri mais roga, plantei batata, plantei card, plantei banana, plantei cana... Ai Orlando fol Id ver a roga “eh, Prepuri, como vooé tem peito para fazer coisa para 98 outros, meu irmo vai... como voc8 tem raga, Prepuri, como vocé tem coragem de trabalhar, meu irmdo vai... vocé tem arma, vocé tem munigdo, se vai tudo armado, mesmo que... mata vocé... para trazer voce aqui’ 24 (Outra pessoa?) Ai comida foi aqui para Kaiabi,... roga para Kaiabi, até hoje pessoal est vivendo... meu itmao trouxe comida, até hoje est ai, () ©... chama Capivara, ele mora Id na lagoa. - Depois que vocé salu do Arraia vocé foi para o Diauarum? Eu vim para o Diauarum, ~ Morou ld um tempo? Morei tempo la no Diauarum... lagoa, até hoje pessoal... (longo trecho inaudivel, talvez localizando a lagoa) - Era Capivara? Um pouco para cima de Capivara... depois daquilo 14 que o finado pai do ... Nao tinha uma lagoa também do outro lado do Capivara? Desce um pouco na estrada da lagoa... - Tem uma roga 1a? La que eles moram primeiro, daquela ld que eles voltou de novo para fazer uma aldeia no Capivara onde eles esto até hoje. Eles param 4, fizeram uma aldeia. - Essa roga eles fizeram com os produtos que vieram dessa roga no Arraia? Mas esse pessoal, eles tinham trazido um pouco também... se eu ndo me engano, eles trouxeram um pouco de amendoim também, um pouco de ... e um pouco de cara qie esta com eles até hoje. Mas esse pessoal vieram de avido, eles ndo vieram sem nada, eles trouzeram alguma coisa de produto, para aumentar esse produto que veio para c4. Entao ai ja aumentou mais com 0 do outro, e velo aumentar em outras dreas também. Entéo nosso produto esta ai tudo misturadinho com os outros. O que o velho contou ai, e ficou. Isso seria até melhor para nds, para a nossa cultura, que é nosso produto natural, para nés. Entéo isso é importante, como vocé esta ai com nés, isso seria feito... para as pessoas comprovar, pessoal que ndo conhece, que nunca tinha ouvido essas coisas, entéo para isso é importante que eu estou pedindo para fazer um livro, no 6? Pessoa que ja nasce, cresce, nao estéo entendendo, pensa que a comida era desse ligar mesmo, mas no é, como o velho tem contado, uma coisa triste que a gente acha. Eu queria dizer essas coisas, eu nao tenho mais nada. () Vai contar agora que eu veio primeiro,, nés, eu, meu pal, minha mde, minha avo que fou que ..., a mde dela, agora outro meu avd que chama, o nome dele chama Tiul, veio outro meu avé que é 0 pai da minha mulher que chama Itié (7), agora outro, o meu primo, 0 pai de Ina (?) que chama TiauE, Turin (?), rapaz sim, o finado..., Pioni (2), s6. A gente veio. - Primeiro? Primeiro, 86 isso. - Sabe que ano fol isso? Nao sei que ano foi. = Parou lé na boca do Arraia ou veio para o Diauarum? A gente ficou na frente, veio vindo até encontrar Juruna - Eélana boca do...? E - Na boca do Arraia? Vieram Panaré? .. na boca... @ gente encontrou Juruna... ai a gente passeou l4 dentro com os Juruna, foi I& embaixo na aldeia porque o pessoal todo ficou magro, sem comer nada, magro. Entéo Juruna deixou comida para eles... Juruna levoi nés 1 para cima, subindo... amanha chegou 14 no Diauarum. Dai rapaz passou radio para o Claudio, ai o Claudio mandou avigo, mas tem mais gente que... no avido, entéo ele mandou s6 comida para nds e ai a gente fez a viagem para ca, de canoa mesmo, No Pirapuara... até 0 Claudio encontrar nés.. + Dai quando vocés foram para o Panaré velho? Para morar, abrir aldeia? Foi depois, nao é agora nao, foi depois. Demora muito ainda - Dai que mandou buscar as comidas? Ai que 0 pessoal foi buscar as comidas. - Que veio aquele... w) meu cunhado. - A primeira morada de vocés mesmo, no Xingu? Eu néo tinha nascido, s6 meu irmao mesmo. Como o velho Prepuri estava falando, ficou dois anos no Leonardo... tiraram eles para ficar no Leonardo... mudou... porque tinha tomado aquele lugar, ai Orlando teve que mudar, para abrir outro lugar que chama Leonardo até hoje, naquele lugar meu pai ficou dois anos, depois de dois anos apareceu ‘esse finado, nao sei o nome mesmo... ele que veio atras por causa da minha mae, que era sobrinha préxima, Chegou ld e pediu para eles descer porque eles j4 vinhamairas deles para tentar levar o velho de volta para essa aldeia, mas como o velo se acostumou de ficar e j@ estava achando aquele lugar interessante entéo... pediu so para fazer \ima 23 aldeia... na boca do Arraia. Ai... para abrir essa aldeia, ... entao ele ficou aqui cinco anos, no maximo dois anos porque ele pediu para o finado sobrinho dele subir esse rio para levar 0 recado do velho Prepuri que eles jé tinham uma aldeia vazia para eles. mandioca, porque néo tinha nada outro alimento, entao s6 a mandioca no dava para eles viver, entao ele j4 vinha pensando essas coisas. Ai que tinna uma pessoa, que era sobrinho dele, estava indo, voltando para trazer essas pessoas de novo, entdo rapaz ja estava indo, ele mandou recado para o primo dele, um talde, nome original mesmo... apelido chama Carapé,... recebeu recado do primo dele que o meu pai ja estava pedindo produto. Entdo ja que esse velho recebeu 0 recado, entao o velho jd reparou todos os produtos como mandioca, amendoim, cara, milho, um pouco de rama de mandioca brava, um pouco de rama de mancioca doce, e veio outro tipo de produto, feijao, um pouco de batata, entéo isso que o velho pediu para o primo dele trazerte veio o que ele epdiu. Entéo eu acho que foi ai, esta sendo hoje, o que foi trazido. Era s6 isso. FIM da histéria narrada por Prepori Anotagées de explicagées dadas durante a narrativa de Prepori: O local do primeiro acampamento de Claudio Villas Béas no rio Teles Pires fica um pouco abaixo da cachoeira jyapy~j (machado). Em 1950, Jodo Kamoro veio pela primeira vez ao PIX. Prepori morou até 1953 no PI Leonardo. Em 1954, abriu aldeia na boca do Arraias e em 1955 pediu para trazer os produtos da roga para o Xingu. Até 1958 os materiais da roga foram sendo multiplicados la. Em 1959 havia muita fofoca que Prepori iria voltar para o Teles Pires. Cldudio Villas Boas mandou, ent&o, buscé-lo para ficar perto dele. Ele mudou-se e abriu aldeia e roca junto a lagoa Awapey, préximo de onde hoje é a aldeia Capivara As criangas ilustram a histéria, de acordo com o alcance de sua compreensdo, ou continuaram a ilustrar as plantas da roga.: Aritu, Arutari, Ireju, Tymakari, Anuti, Tareiu, Araci, Uteri, Tauri, Kyritu’. Os adultos iniciam a elaboragéo de um mapa histérico (1951-1955) em cartolina, apresentando a vinda das plantas da roca para o Xingu, com apoio do quadro negro: Parisome, Tafarajup, Morekatu, Tuait, Arupa, Erurajup. Legenda proposta: rocas, rios, aldeias, Posto Indigena, caminho a pé, serras, cachoeiras. Com base na historia contada por Prepori, iniciou-se 0 desenho, em cartolina, de um mapa histérico mostrando o caminho que as plantas da roca Kaiabi fizeram para chegar no Xingu, com data aproximada de 1951 a 1955. Através de seu conhecimento do Xingu e de consultas @ Tuiat e Arupa (eventualmente a Prepori), apoiados por um mapa do Estado de Mato Grosso, os estudantes mais adiantados e 0 professor identificaram lugares importantes, como por exemplo, o da aldeia de origem de Prepori (e por conseguinte, das plantas da roga que vieram ao Xingu), o camino por terra até o rio ManitSaua Micu, a primeira aldeia no Xingu e a primeira roga, além de Postos Indigenas, aldeia Yudja e acidentes geogréficos. 24 Visita aos quintais domésticos da aldeia, verificando as frutas existentes, sua idade e seu estado de conservacao, junto com Tulat, Parisome @ Arupa; introdugZo de conversa sobre a possibilidade de se construir um pequeno viveiro na aldeia, para aprimorar os viveiros rusticos existentes — proposta em amadurecimento pela aldeia, sem nada concreto amarrado até a proxima visita; Pesquisa para Tuiat fazer, com apoio do professor: pesquisa = mamae mamyr~uat Justificativa Foi escolhido Tulat para realizar a pesquisa pelo fato do mesmo ser lideranga em idade madura (37 anos), cacique da aldeia e com grande interesse manifesto em fruticultura. Mantém um pequeno viveiro em sua casa, com mudas de tangerina e coco. Previamente, ele havia sido convidado para participar da visita ao Projeto frutos do cerrado, no Maranhdo, que ocorreré em agosio 99. Assim, esta pesquisa ird, também, insirumenté-lo para tirar melhor proveito da viagem, ampliando seu potencial multiplicador. ‘Sao duas atividades: A primeira atividade é um levantamento das frutas plantadas em cada casa da aldeia, conforme o exemplo do quadro abaixo. Serd preenchido um quadro destes para cada casa onde tem pomar plantado. Dono do quintal: Nome em[Nome __na| Numero [Proprio do] Veio de fora [Epoca que portugués lingua Kaiabi de | Xingu da inta cit plantas (més) 7 |Carania jaiwoo nao [Sim I | 2 I 3 I A segunda atividade 6 um levantamento das frutas comestiveis do Xingu. Neste caso, além das informagées solicitadas para os quintais, tambem precisa ser identificado 0 tipo de mata onde a fruta cresce melhor. Serdo utiizados como apoio os livros (ainda em edigg0 de trabalho) Nossas matas (vegetagao kaiabi) e listagem de frutas obtidas no curso de formaco de professores indigenas. ["]Nome em[Nome na lingua]Tipo de mata]Epoca que da nita portugués Kaiabi preferida ass jareje'em ____tupap (loca!) Pee 7 api Ka‘a rete Maio / outubro 2 iE] Escolher uma fruta e trabaihar com ela. Conte e desenhe a sua historia, de onde esta planta surgi Noite: maraka com violéo 25 Dia 5: 15.06 manna © pessoal aduito traballha no mapa, Uteri, Parisome, Jamut, Aritu, Erurajup, Jamut, Tafarejup. Tuiat, Arupa e Prepori trabalham para mostrar como as plantas vieram para o Xingu. (O pessoal do Isa comprometeu-se a trazer mapas antigos com indicagdes sobre as aidelas dos Kaiabi que existiam na época. ) As criancas desenham: Arutari faz um mapa pequeno, copiando 0 mapa esbogado no quadro negro, Aruti, Tymakari, Tauri, Tareiu. Geraldo e Tuiat foram buscar as plantas na roga, para mostrar como vieram do Teles Pires. A parte com raizes ocupava mais ou menos 550 metros quadrados. Tuait relatou que para a conservagao de raizes (card, mangarito), o pessoal faz um jirau no mato, perto da roca, onde as raizes ficam cobertas por palha até a hora do piantio. So se colhe o carae a taioba quando as folhas estiverem bem secas, sendo ainda esta verde. A maturac3o depende da época em que foi plantada, com cicio de cerca de 12 meses. Para o plantio do cara, pode-se cortar a sua raiz em pedacos de 10 a 15 cm em todos as lados. O pessoal da aldeia tinha o cara rabo de rato mas perdeu para o caititu, ainda na aldeia velha. O kara do mato estava com botées florais fechados. O cara cuja raiz da voltas, com propagulos aéreos, o Prepori ganhou dos kaiapo. Para a banana também se pode fazer um tipo de estufa com palha, guardando o cacho bem coberto até amadurecer. 11:30 h Prepori narra 0 modo como as plantas e variedades de plantas da roga foram trazidas da area antiga até o Xingu. Prepori mostra como cada planta veio da area ancestral, com exemplos preparados a partir de rogas da aldeia por Tuiat e Arupa, Tuiat fez a tradugao, comentando que o velho ‘confundiu muito a histéria. Transcrigaé da fita: 15 de junho e o Prepuri vai explicar um pouco como que vieram as plantas, cada planta que veio, como que o pessoal trouxe. ... Yoo8, est aqui vendo cabaca de canapii, inteiro aqui, veio com a cabaga este, sé para mostrar para vocés, pouquinho,, pouquinho para plantar, mas deu para quebrar o galho, batata.... até hoje esta usando, s6. Carami (?), outro tipo de amendoim, chama... este & outro tipo também... (ininteligivel, esto falando sobre os tipos de amendoim?) © que o velho explicou um pouco na lingua... ele misturou tudo ai, ent&o cada tipo das coisas que velo lé do laucuta, que ele pedira e 9 finado.... trouxe para 0 primo dele. Ali onde era a aldeia dos Panara, la diz que foi uma roga deles, produtos que vieram foi produzido naquele lugar. Entéo aqui tem quatro ramas de mandioca brava que ela veio desse jeito, a cova deu nove e a mesma coisa a rama da mandioca doce, ta ai, com quatro ramas de mandioca brava, esta ai também, a cova foi a mesma coisa da mandioca 26 brava. © amendoim esta ai, 0s varios tipos que veio, que ele ja apresentou na lingua ¢ na lingua tem varios nomes (sequem varios nomes na lingua), ent&o esta ai o tipo do amendoim que veio. O milho também veio, qualidade do mitho preto que esta ai, aqui tem milho branco, $6 que tem, na lingua..., esse daqui, misturado. Tem esse aqui também..., também misturado. Entao veio esses tipos ai, tem esse aqui, tem esse vermelho, nao sei como chama, tem o preto, tem esse aqui. Ai veio um pouco de batata também, 0 jeito que veio, que veio assim cabecinha de batata e essa batata que. que veio desse tamanho assim, diz que velo cito, @ 0 cara diz que veio um e cada, esta ai, E diz que veio uma cabega inteirinha do namuabasim (?) que esta af, mas deu, diz que deu, FIM FOTOS Mandioca: doce e amarga, 4 ramas Millho: em espigas, de 4 tipos: preto, amareio, vermelho e misturado. ‘Amendbim: diversas variedades, em sementes Kalra’o Namu'a e outras raizes Pimenta: frutas Tarde: Continuagao do mapa e desenhos. Sirawan explica sobre o trabalho e sobre o qué é para qué serve um mapa E proposta uma pesquisa’ para Sirawan @ os alunos, sobre os tipos de plantas da roga e quais destas existem na aldeia ¢ quais néo existem. Apresentagao de proposta para realizacdo de pesquisa na aldeia, envolvendo plantas da Toga. A pesquisa é sobre as plantas da roga Kaiabi, a ser conduzida pelo professor junto com os estudantes, consultando os mais velhos, Foi proposta a realizagio de um levantamento de todos os tipos de plantas da roca, a partir da lista feita em aula com os nomes gerais. Foi pedido que sejam assinaladas as cultivares / variedades que existem na aldeia Kwaruja, como segue: Nome geral em Kaiabi Nome geral em portugues tipos Existe na aldeia 7 1. 2. 3. De modo complementar, sugeriu-se que sejam mantidas conversas separadas com os alunos das duas turmas e com as pessoas mais velhas da aldeia para identificar como se pode fazer para garantir que estas plantas nao serdo perdidas. Como parte desta pesquisa, deve-se buscar também saber se é possivel fazer alguma coisa (e como) para recuperar as variedades que ja nao existem mais na aldeia. Depois, pode-se juntar todos para conversarem juntos. ar j yD Escolher uma planta da roga e trabalhar com ela. Conte e desenhe a sua histéria, de onde esta planta (ou tipo) surgiu. Avaliagdo Tuiat: acha que é assim mesmo, vai esperar pelo mapa, esta bom,. O livro sera distribuide para outras aldeias. O trabalho demora mesmo. Na gravagao sobre as piantas que vieram para o Xingu faitou kumana (que ainda estava verde na roga). Tipos de kumana: ami, jakupesing, kumanajup, kumana pirangy, Sirawan: O trabalho esta bom, mas ainda esta no inicio. A gente deve continuar a fazer. Nés no conseguimos terminar tudo, vamos trabalhando para fazer o que ficou para fazer. dia 6: 16.06 Retorno ao PI Diauarum 28 C | =ececucts ace ae mei qe ee PO Qed COCOCEOCCECECECOCECCECEOCCCECCEE CEE ECE ECE EE ECE EEE ) PVF PVIIIIFIIFI FI IID y ) Zax oa — one TES ap et 2 i oe nat: eo ad ee 4 36g od ee es Ciéncia da roga Proposta de programa de trabalho Escola Mo’ysing, da aldeia Kururu Kaiabi 1 Etapa, junto ao médulo de Economia e ecologia dia 1: reunigo c/ aldeia e com professor para apresentac&o discussdo do programe de trabalho e planejamento de aulas. dia 2: manha visita a0 local de coleta de uru’yp, para baixo da aldeia, no outro lado do rio; se possivel, trazer algumas mudas para a aldeia, para fazer um pequeno plantio para teste, tarde visita ac pomar da aldeia, para verificar como vao os trabalhos com as frutas ja plantadas; conversar sobre a possibilidade de se construir um pequeno viveiro junta ao pomar; atividade de desenho do pomar e identificago de cada planta. noite: Conversa sobre a palha e sobre flecha (kamajyp). Pesquisa para os alunos. So duas atividades, a serem feita pelos alunos com apoio do professo: rt A primeira atividade é um levantamento das frutas plantadas em cada casa da aldeia, conforme o exemple do quadro abaixo. Observe que sera preenchido um quadro destes para cada casa onde tem pomar plantado. Dono do quintal: Nome em] Nome. na Proprio do] Veio de fora [Epaca que da portugués lingua Kaiabi Xingu [feta ces) laranja ywaiwoo nao zi Het 4 5] 6 A segunda ativid Neste caso, além jade é um levantamento das frutas comestivels do Xingu. das informagées solicitadas para os quintais, também precisa ser identificado 0 tipo de mata onde a fruta cresce melhor 7 Nome ‘em Nome na lingua Kalabi [Tipo de mata preferida | Epoca que da fruta |__[portuqués api Ka’a rete Maio / outubro __| Programaco de atividades envolvendo cartografia e geografia 29 21 e 22.06.99 Kururu Kaiabi Frutiferas da aldeia Ciencia da roga = estudo da roga, envovendo por exemplo o modo de plantio de cada produto; época certa de plantar, as terras boas para plantios; outros asuntos. As frutas: Porque estudar as frutas? Para conhecer melhor as frutas nativas e as que vieram de fora, o tipo de tera que elas, gostam, como é a sua semente e muda; para conhecer os meses em que a frutifera da flores e frutos. Pesquisa: completar 0 levantamento iniciado pelos professores durante 0 X Curso de Educacao. Frutas da aldeia: * nativas: nasce sozinha ou pode ser plantada + fruta plantada: pode ser nativa ou Ter sido trazida de fora para o plantio. As frutas podem ser plantadas na aldeia, na roga ou em beira de caminhos. Visita ao pomar da aldeia © pomar foi plantado através de mudas compradas em SINOP, em outubro de 1998. Cada pessoa falou um pouco sobre como esta 0 trabalho com as frutas na aldeia. Acham que as plantas esto crescendo bem, com um pouco de ataque de sativas. Também, no lugar escothido para plantar as frutas, a terra é muito fraca. O pessoal acha que é melhor no fazer um viveiro na aldeia, porque sendo ninguém vai tomar conta. Assim, é methor continuar cada um tendo seu pequeno viveirinho em casa (Ywafuku, Pinawi, sogra de namorap, Kawitai‘i, s6 para quem quiser cuidar. Para quem quis, foram distribuides jacas (saquinhos para mudas) e sementes de maracuja e tamarindo, vindas do PI Diauarum. Pesquisa sobre as frutas da aldeia (11 casas e cinco alunos): Tere: Ywafuku, Pirafuku Myrick: Tymari, Preajup wa: casa velha do Tarupi, Tarumani Myao: casa velha do Kawitai‘i, Arupajup Jamanajup: Inamurap, Pinawi, Tymawa Em 25.06, caminhei junto com Ywafuku pelos quintais da aldeia, Observamos a diversidade de espécies e 0 estado de satide das arvores. Vimos um pouco de principios de poda de limpeza em citrus ¢ adubag&o de frutiferas aproveitando o esterco de aves disponivel. Trabathos com uruyp: Relato completo no livros das peneiras Kaiabi coletada de amostra de solo no local visitado 30 22.06.99 noite Leitura da historia de KUPEIRUP (Kupeiruaem porongyta), registrada através de pesquisa de professores Kaiabi Matari, Jemy, Aturi, Eroit, Awatat, Awasiu, Sirawan ¢ Tangeu'i Cometarios dos Kaiabi: + transformador transformava caititu, tajaco e cotia em kaiabis. + Os kaiabi piantavam inajé e tucum até Kupeirup ensinar as plantas da roca Antigamente a cotia podia ser gente, que era Kaiabi. Quando foi transformada em gente, no precisava mais plantar, pois 0 pessoal ja tinha os alimentos da roca, Até hoje a cotia ajuda no plantio. + A cuica citada no texto é © piwa (um tipo de maritaca verde) ‘+ Antigamente se preparava a farinha do mesmo modo que foi descrito. Hoje Ku'ay'man (literaimente, bunda velha), mulher de Pi'uu, ainda faz farinha assim. A maioria do pessoal agora usa prensa ou sucuti + Mandioca doce 6 chamada de mania’kap ou jakamangi. + Tamitoarém é planta antiga do kaiabi, um velho tio de tarumani usava a planta. * Os kaibi usam diversos tipos de depésito para os produtos da roga: cabaca, que fica suspensa no teto, acima do fogo da cozinha; monowi’yr~u (cesto para amendoim, de dois tamanhos;.celeiro para milho (construido de paus roligos, em geral ao lado da roca). + Todos gostaram da histéria, esta bem completa, Orientagdo ao professor Tarupi sobre o planejamento de aulas de geografia abordando a cartografia de recursos naturais da area de uso pelo pessoal da aldeia. Obs As indicagdes apresentadas abaixo foram sugeridas para que o professor selecione e adapte o que julgar mais adequado no seu contexto, porém formam uma sequéncia pensada para desenvolver um ciclo completo de capacitag3o em cartografia para fins de manejo de recursos estratégicos, a ser realizado no futuro por habitantes da aldeia, © que é geografia? Leituras: paginas 4 a 8 do livro Geografia Indigena, ISA/MEC, 1998. Assunto: A geografia é irma da histéria, porque a gecgrafia ajuda a contar as coisas (os fatos) que aconteceram. A geografia como mapa: paginas 22 e 25 do mesmo livro Assunto: A geografia mostra como é o mundo € 0 Xingu dicas: * lembrar do curso sobre Recursos Hidricos, dado pelo professor Renato Gavazzi. * trabalhar com os alunos, por exemplo, com desenhos e textos. Conhecer a nossa casa: leitura: paginas 27 a 29 do livro de Geografia Indigena. Assunto: geografia da aldeia: > a bacia do rio ManitSaud missu e seus afluentes. > os limites do Parque Indigena do Xingu. > os materiais (recursos) que existem nesta regio, utilizados pelo pessoal da aldeia Kururu. dicas: * lembrar do curso sobre Recursos Hidricos, dado pelo professor Renato Gavazzi. * conversar com os alunos sobre os lugares que o pessoal costuma visitar (rogas, pomares; capoeiras; matas; caminhos de caca; lagoas; cérregos; brejos; outros). + trabalhar com os alunos, com desenhos e textos. * fazer alguns mapas mostrando alguns destes lugares e a aldeia junto. Pata treinar, pode ser usado 0 quadro negro para desenhar um rascunho e depois passar a limpo. Podem ser feitos uns dois ou tres exercicios por aluno em papel tamanho oficio e depois trabaihar na cartolina. Estres trabalhos vao preparar os alunos para depois fazerem um mapa completo da regio do rio manitSaua Missu e da area de uso da ald © mapa da nossa aldei Juntar os mais velhos na escola e pedir para eles contarem até onde pertence a aldeia Kururu. para ajuda-los, podem ser feitas algumas perguntas. & importante saber até onde o pessoal anda, no mato e pelo rio, em todas as diregées. Se der, grave a historia. Qs alunos e o professor podem escrever um texto falando dos limites da aldeia. Roteiro para o trabalho Obs: este roteiro foi apresentado verbalmente e através de desenhos no quadro negro e consulta ao material de apoio citado: 1. Comegar a desenhar o mapa. Primeiro, fazer um esbogo sé com os rios principais, a Idpis, bem de leve. Se for preciso, apague e arrume o desenho até que toda a drea fique bem distribuida no papel (pode-se usar duas cartolinas coladas). Depois dos rios, colocar os cérregos e lagoas, sempre 32 trabalhando 6 com o lapis preto. Quando os estudantes tiverem dividas, 0 melhor é consultar os mais velhos. 2. Acabando o trabalho com as aguas, pode-se desenhar o lugar da aideia, cuidando para no exagerar no tamanho. 3, Marcar, s6 com lépis preto, onde fica cada tipo de mata. Se for 0 caso, da para consultar 0 livro Nossas Matas ~ vegetac3o kaiabi. 4. Identifique os principais lugares de uso pelo pessoal da aldeia, destacando os materiais mais importantes (paus e plantas, bichos da terra e da agua, barro, etc). Escreva, na lingua, 0 nome de lugares importantes (quando tiver nome). No livro Atlas Indigena do Acre tem textos e desenhos que podem servir de apoio, nas paginas 35 a 43 5. Desenhe os principais caminhos que saem da aldeia. 6. Fora do limite do PIX, desenhe o que estd acontecendo hoje (estrads, pesca, desmatamento, etc). Use s6 0 lapis. 7. Quando todo o desenho estiver acabado ( 0 que pode levar diversas aulas), passe a canetinha preta (ultrafine ou similar) em todo 0 desenho e nos nomes escritos. Depois, com cuidado apague 0 que estava feito a lapis. 8. Colorir 0 mapa lembrando que ser feita uma legenda. 9. Escrever um titulo para o mapa e colar encima, em uma tirs de cartolina 10.Colocar a horientac3o no mapa (norte e sul; 0 caminho do sol). ii.Fazer uma legenda e colar na folha do mapa. 12.A idpis, escrevr 0 nome dos autores e a data, nas costas da cartolina. 13.Com 0 mapa pronto, chamar de novo os velhos e os alunos juntos e conversar sobre os resultados, 14.Escrever um texto sobre o diagnéstico ambiental da aldeia Kururu Kalabi, na bacia do rio ManitSaud Missu. Aldeia Capivara Kaiabi Durante 1996 e 1997 foram realizadas diversas conversas coletivas e individuais, com velhos e novos, sobre a ciéncia da roca, inclusive com a elaboracao de croquis de rocas e da regiso. Também, f ci feito pelos Kaiabi um mapa mostrando as rocas de cada casa. Porém, 0 mapa foi perdido junto com uma pasta roubada em Sao Paulo. No primeiro semestre, foram realizadas duas visitas ao pomar plantado em 1998, A maioria das mudas cresce bem, porém ha problemas com a falta de irrigagSo e proteco das mudas. No primeiro médulo do Curso Economia, Ecologia e Cultura, iniciado com menor duracdo na aldeia, n&o foi possivel abordar a ciéncia da roca. O programa deveria abordar os mesmos assuntos que nas demais aldeias Kaiabl, mas com uma histéria direcionada para a transferéncia da area ancestral, no rio Tatuy, para o Xingu, com @nfase para as plantas da roca e a conservaco da diversidade genética. Ciéncia da roga Economia, ecologia e cultura Proposta de programa de trabalho Escola Kamadu, da aldeia Tuba Tuba Yudja dia 1: reunigo c/ aldeia e com os professores para apresentar e discutir 0 programa de trabalho e planejamento de aulas para a 1* etapa dia 2: CIENCIA DA ROGA / NOSSAS MATAS Visita a aldeia antiga (local que tem materiais do mato importantes para os Yudja) visita ao pomar da aldeia, para verificar como vao os trabalhos com as frutas ja plantadas; conversar sobre a possibilidade de se construir um pequeno viveiro junto 20 pomar, Conversa sobre a palha e sobre flecha atividade de desenho do pomar e identificagdo de cada planta. Pesquisa para os alunos, para ser feita com apoio dos professores: ‘Sao tres atividades A primeira atividade ¢ um levantamento das frutas plantadas em cada casa da aldeis conforme 0 exemplo do quadro abaixo. Observe que sera preenchido um quadro destes para cada casa onde tem pomar plantado. Escolha duas frutas (uma do Yudja e outra de fora) e desenhe a drvore e 0 fruto, Dono do quintal Nome em|[Nome na lingua] Nave [Prepre 30] Veio de fora [Epoca que] |__| portugués Yudja Santas _|X"9Y da fruta ‘A segunda atividade € um complement do levantamento das frutas comestiveis do Xingu, Neste caso, além das informagées solicitadas para os quintais, também precisa ser identificado 0 tipo de mata onde a fruta cresce melhor. Pode ser usado o Livro Nossas Matas — vegetacao Yudja, como apoio, Escolha duas frutas e desenhe a arvore ¢ 0 fruto. Epoca que dé fruta TNome ‘em | Nome na lingua Yudja portugues. ‘ar com um velho a histéria da origem das arvores e frutas dos Yudja. Se der, gravar a histéria na lingua e a sua traducdo para o portugués. llustrar a histéria, Escrever um texto contando a histeria. Orientagao aos professores Tarinu, Adjiha e Yabaiwa a respeito do planejamento de cartografia tematica, historica e de recursos naturais, de modo similar aos trabalhos propostos nas aldeias Kwaruja e Kururu Kaiabi. 35 RESULTADOS DOS TRABALHOS DESENVOLVIDOS EM JUNHO / JULHO DE 1999. Vista ao pomar da aldeia, plantado em outubro de 1998, e aos quintais domésticos com Lafussia, 28.08.99 ‘As mudas plantadas crescem bem e esto protegidas contra o gado. Ha cobertura morta na maioria delas e a irrigagdo é feita com regularidade. Quase todas as casas tem pelo menos alguns pés de frutas. Sao os seguintes os donos de frutiferas na aldeia: Lafussia (que tem um grande pequizal atras de sua casa); Bissaka; Karandine e seus filhos; Teneni, Oukare; sabaru; Tarinu; Kanaba; Xiu e Tupi; Tamariku; Adjiha; Yamba; Maware; Dakana e Tahu. Em geral, as pessoas preparam um pequeno viveiro ristico para citrus e coco, principalmente, com cerca de 1 a 2 m’, cobertas com folhas de inaja. Contudo, os ratos que vem infestando a aldeia Tuba Tuba danificam muito estes viveiros, Ha uma jaboticabeira que nunca frutificou. Lafussia tem simpatia pela idéia de plantar um pomar em uma area de capoeira, onde foi toga de terra preta, Visita 4 aldeia antiga do povo Yudja Levantamento dos materiais da roga Maware Leomar Juruna, 29.06.89 Nés fomos na aldeia antiga do povo Yudja para fazer uma visita. LA nés vimos muitas plantas que so pequi, macatiba, abacaxi, limdo @ caju. Além disso, tom mais as plantas que eu no botei o nome. As Linicas plantas que tem mais so pequi e macatiba. As plantas que o pessoal come mais so pequi e macatiba. Pequi eles pegam para comer & fazer mingau. Macatiba também, eles pegam para comer e fazer mingau, Abacaxi as pessoas pegam sé para comer. Essas plantas que esto na aldeia velha, o pessoal ainda esta usando para comer. Partes da arvore do pequi Aduaza, 29.06.99 36 Dois frutos silvestres Adjiha, 29.06.99 Pakai‘a Paka é um remédio para a gente ficar campedo, para ndo perder na luta. A gente raspa ela e depois banha com ela, misturada no outro cipé, para o brago da gente ficar pesado. Para outra pessoa, mistura com osso queimado de tatu canastra. ‘Ayurutiri a gente pega escondido sem contar para os outros. Quando acaba o caxiri, 0 pessoal encontra na canoa, af outra pessoa fica brava, dizendo que foi por isso que ficou bébada 37 HISTORIA DO MILHO Tarinu Yudja e Adjiha Yudja gery MeIEN :oWUDsEP A histéria do povo Yudja foi assim: Antigamente 0 povo Yudja comia casca de pau. Ele subia no pau com a perna amarrada com embira. Quando ele descia, caia muita casca de pau no chao e ele pegava para fazer farinha. Nosso povo também comia sucuri, eles sempre matavam sucuri. A sucuri chama TUWI. Um cagador encontrou uma sucuri grande e contou para 0 pessoal dele; - Encontrei uma sucuri grande, vamos mata-la. Quinze pessoas foram |é. As pessoas que foram na frente 7 tiraram a sucuri da terra para matar. Antes do pessoa! matar, sentaram em cima dela. Entéo uma pessoa apontou uma flecha para a sucuri. A sucuri colou a flecha no corpo dela, o dono queria tirar a flecha, mas ela nao saia. Ent&o todos quiseram se levantar, mas ficaram colados no cor- po da sucuri. Ela correu para a Agua com eles e todo mundo ficou gritan- do até cairna agua. Lana agua ela virou um peixe grande e comeu todos eles. S6 0 pulm&o deles que boiou. O pessoal falou com o pajé: - Nés queremos pagar os nossos irmaos. Entdo o pajé sonhou e falou para o pessoal: - Vocés vao pegar os irmaos de vocés, a sucuri vai estar no mesmo lugar. Asucuri estava no mesmo lugar. O pajé falou para eles: - Vocés podem derrubar mato em cima dela, vamos queimar asucuri. O pessoal pegou machado de pedra e derrubou uma roca grande em cima da sucuri. Depois o dono da roga chamou todo mundo para queimar a roga. A sucuri estava no meio da roga. Quando o fogo chegou perto, ficou quente para ela, e ela pulou até estourar, queimou toda. Depois choveu muito sem parar e apareceu milho, mandioca, melancia, banana, aboébora, mamao, batata, todos os tipos de alimentos. Pea pequi Flor iBarxia TRonco jpaki* Frute pA - \KAHA easCA CARO ARE Pri ae P23 Raz ipiu CY _ CIENCIA DA ROGA CURSO PRATICO DE HORTA, VIVEIRO E POMAR Viveiro do PI Diaruam Periodo Iniciado em 10.05.1999 e sem previsdo de término. Apresentacao Este curso nasceu da observagdo de pequenos pomares em algumas aldeias e da necessidade de apoia-los tecnicamente. Assim, foi planejada visando conjugar tres demandas: a) manter e ampliar o viveiro e pomar demonstrativos do ISA, junto & casa do PI Diauarum, principalmente na auséncia dos assessores. Pelo seu carater demonstrativo, o viveiro abriga algumas frutiferas pouca difundidas na regiao, bem como serve como local de observaco e teste de plantas de interesse para os indios, como a arumé (uru’yp) e a flecha taquari (kamajyp). b) dar oportunidade para jovens que moram no Posto de desenvolverem um treinamento técnico pratico aliado ao exercicio da habilidade da escrita e comunicacao em lingua portuguesa, a par da realizacdo de pesquisas relacionadas aos alimentos e cultivos (frutas e rocas) caracteristicos de seus povos. Portanto, busca-se promover a cultura local. ¢) apoiar a implantacdo e manutencéo de pomares em aldeias Objetivos * Treinar jovens para atuar na instalacdo e manutengdo de viveiros e de pomares, além do plantio e tratos de recursos estratégicos naio madeireiros; * Promover aces educativas associadas & aspectos técnicos do manejo de recursos naturais; * Promover o plantio de pomares nas aldeias, contribuindo para a seguranca alimentar e para a conservacao de recursos genéticos; * Promover o fortalecimento da cultura indigena. 38 Participantes Qs alunos so voluntérios. No entanto, recebem alguns presentes tteis, como roupas, ferramentas e pequenas quantias em dinheiro como auxilio para realizar pequenas compras. Jani Tuiarete kaiabi (16 anos) Mussi Kaiabi (12 anos) Nawé Kaiabi (12 anos) Tenyi kaiabi (11 anos) Takare Yudja (11 anos) ATIVIDADES DIDATICAS Inicio dos trabalhos: Observacio livre de praticas para o estabelecimento do viveiro Contetidos praticos especificos Viveiros « tipos * finalidades * exigéncias minimas: cerca; mela sombra; ventilacio; agua; qualidade da terra. Itrigago Modo; frequéncia Transplante de mudas «Inga, cajuu, cajui, pequi, manga, banana «Acai, jambo © seriguela Cobertura morta Proteg3o da muda Erguer e manter cercas para as mudas e plantas Adubac&o organica * Esterco de galinheiro * Monte de terra com cisco * Aproveitamento de antigo monte de capim, que veio da limpeza do mato em redor de algumas casas Plantio de plantas da roca; protecao Plantio de temperos e hortaligas - mudas; local definitivo Plantio e tratos para materiais do mato Plantio de frutas por sementes; oportunidades e riscos Espacamento entre frutiferas (nocdes de) Escolha da terra e enchimento de jacas Preparar canteiros para mudas Amarramento da rama guia do maracujazeiro 39 Sistema de trabalho Os alunos / trabalhadores realizam a irrigac&o do viveiro e pomar todos os dias. Conforme a disponibilidade de tempo do assessor, recebem aulas explicativas, geralmente dadas no viveiro ou no pomar. Compreendem uma parte com atividades praticas e outra com leitura de textos e redagéo, além de pesquisas teméticas com pessoas mais velhas. 0 desenho de plantas e seus produtos e atividades relacionadas so frequentes, envolvendo inclusive a elaboracao do croqui do viveiro e do pomar. Pesquisas Tépicos sugeridos para livre para adaptacao, para realizar atividades individuais. 1. Fazer um levantamento, na lingua e em portugués, das frutiferas que existem em redor e no viveiro do PI Diauarum. 2. Escolher uma fruta e pesquisar uma historia antiga que fale sobre esta planta. Desenhar a historia e escrever um texto sobre ela. Contar em que tipo de mato esta planta vive e se ela tem dono. Por Ultimo, contar como esta planta da frutas e sementes. Quem sera que faz o plantio desta fruta na natureza? Fazer um desenho e um texto, dando 0 nome da planta na lingua e em portugués para as partes principais. (21.06.99) 40 Textos, registros e pesquisa desenvolvidos Jani Tuiarete Kaiabi (16 anos) Trabalhos Meu trabalho é molhar as plantas. Planta é uru’yp, manga jujy'wa, cana, namo e outras plantas. Eu molho as plantas 7:20 h da manha e de tarde eu molho 5:18 h. Mas agora eu mudei as horas: de manh& 7: 30 até 12:15 mais ou menos. De tarde 5:18 h. Planta é do Geraldo que eu estou cuidando para ele. Eu nio fiz trabalho no dia 12 porque eu fiz viagem para aldeia Tuiararé e fiquei 2 dias para la. Dia 15 de maio de 1999 Quem que conhece 0 marajazinho? Pergunta: seré que marajazinho fica em quai lugar, sera que vocés sabem de quais matas que ele gosta ? Na minha linguagem, serd que ele gosta de Ka’a rete, ou ele fica na beira das lagoas ou ndo, ou ele fica nas capoeiras? Historia do marajazinho que eu descobri agora...! Dia 21 de maio Eu e Musi fizemos desenho de plantas da cidade. As plantas que nés estamos molhando ja esto crescendo. Eu estou gostando do meu trabalho e eu nao sei meu amigo também esté, Mas eu estou gostando muito, muito. Eu mesmo no sei meu patrdo esté gostando que eu estou fazendo. Eu comecei trabalho para Geraldo no més de maio, no dia 10. Mas até agora eu estou trabalhando para ele e eu estou com 24 dias trabalhando. Dia 9 de junho eu trabalhei cercando as plantas que estdo plantadas envolta do viveiro. Dia 10 de junho de 06/99 Eu e Geraldo nés arrumamos 0 pé de macatiba para o cipé de maracujé poder subir, porque estava caido. E também puxamos mangueira para alcangar as plantas de longe, que nao dava para molhar de balde. Também eu acabei de fazer a lista de levantamento das plantas que eu estou molhando, 41 Dia 9/06/99 4:24 Chegou kamajyp 14 do Marakd, para plantar. A gente preparou KAMAJYP e nés cavamos a terra. Cavamos tudo. Geraldo foi preparar adubo para por na buraco da planta. Interramos tudo e molhamos para raiz pegar na terra. Eu e Geraldo arrumamos 0 pé de maracuja porque estava no chao. Ai eu subi no pé de macatiba e Geraldo me deu meio metro de barbante, para amarrar, Eu amarrei e pronto, ai limpei embaixo e acabou. Adubo é feito pelo coco das galinhas. Coco e terra vira adubo para por no pé das plantas para a planta ficar bem e para n3o DERAMATAR. Junho dia 11/06/99 Dia 11 eu e Musi cobrimos os pés de banana com adubo e capim e ainda cobrimos kamajuyp com capim também. Nés nao fizemos outra coisa sem saber e sem ordem do patrao mandar. Dia 12/06/99 2:40 h da tarde. Hoje nés no molhamos por que nao tinha dgua na caixa e 0 gerador estava sem ligar. Por isso faltou 4gua para molhar as plantas. 42

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