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DIREITO CONSTITUCIONAL

Direitos e Deveres Individuais e Coletivos III


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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS III

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS (ARTIGOS 5º A 17 DA CF/1988)

DANOS MORAL, MATERIAL E ESTÉTICO

Art. 5º (...)
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano
material, moral ou à imagem;
(...)
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.

Obs.: é importante perceber que a Constituição Federal de 1988 não cita o dano estético,
contudo, ele também é considerado.

Em regra, a indenização é feita para a pessoa que sofreu o dano moral ou material, con-
tudo a jurisprudência admite o chamado dano por ricochete (ou indireto). Nesse sentido, na
queda de um avião, por exemplo, os familiares das vítimas podem ser indenizados.

Possibilidade de Incidência de Forma Cumulada em Razão do Mesmo Evento

Os danos moral, material e estético podem ser cumulados em um mesmo evento. A


Súmula 387 do STJ, que dispõe sobre o dano estético, é um exemplo dessa situação.

A Questão das Biografias Não Autorizadas (Roberto Carlos)

Essa é uma questão que teve início em uma ação judicial específica envolvendo o cantor
Roberto Carlos e o autor de uma biografia chamada “Roberto Carlos em Detalhes”. Na época,
acabou sendo feito um acordo entre o cantor e o autor, que acabou desistindo de publicar o livro.
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Vencido esse ponto, o STF julgou uma ação em sentido objetivo em que estavam em jogo
os arts. 20 e 21 do Código Civil, que tratam dos direitos da personalidade.
Assim, prevaleceu no âmbito do Supremo a perspectiva de que é possível a publicação
de uma biografia sem o consentimento do biografado.
Vale lembrar que caso haja dano moral, material ou a caracterização de crime contra a
honra, o biografado pode buscar reparação na justiça posteriormente.
ANOTAÇÕES

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Formas de Reparação

A reparação pode ser:


• Indenizatória; ou
• Inibitória (fazer ou não fazer).

INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO

Art. 5º (...)
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
dia, por determinação judicial.

Para o STF, as habitações, mesmo que de uso coletivo, se ocupadas, podem ser con-
sideradas como casa. Isso envolve, por exemplo, quartos de hotéis, motéis, pensões, pou-
sadas e hospedarias, além dos lugares em que as pessoas exercem uma atividade, tais
como garagens, oficinas e escritórios. Nesse sentido, repartições públicas não entram no
conceito de casa.
O STJ proferiu uma decisão no sentido de que caracteriza o crime do art. 150 do Código
Penal (violação de domicílio) o ingresso desautorizado em gabinete de Delegado de Polícia.
Outro ponto importante e que gera bastante discussão é a questão da boleia do caminhão.
Na jurisprudência do STJ, prevalece o entendimento de que a boleia do caminhão não é casa.
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Nesse sentido, se o caminhoneiro é flagrado com uma arma de fogo na boleia do cami-
nhão, mas não possui autorização para tê-la consigo, o crime será o porte ilegal de arma de
fogo e não posse ilegal.

Esquema – Inviolabilidade de Domicílio

HIPÓTESES DIA NOITE


Para prestar socorro Pode Pode
Em caso de desastre Pode Pode
Em flagrante delito Pode Pode
Por determinação da autoridade judicial* Pode ***
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Durante o dia, a entrada na residência é permitida apenas por ordem judicial. Nesse
sentido, não vale a ordem da autoridade policial, de CPI, do Ministério Público ou de outros
órgãos. Isso ocorre devido à incidência de uma cláusula de reserva de jurisdição.

Definição de Dia x Noite: Jurisprudência do STF e Lei do Abuso de Autoridade

Tradicionalmente, o Supremo adota o critério astronômico para definir o que é dia e o que
é noite. Assim, entre a aurora e o crepúsculo, seria dia. O problema é que existe uma ins-
tabilidade nesse critério, pois, como o Brasil é um país de dimensões continentais, em uma
mesma hora do dia, é possível que o sol já tenha nascido em algumas cidades mais a leste
do país, mas que as cidades mais a oeste ainda estejam no escuro.
Assim, em muitos casos, a jurisprudência dispõe sobre uma conjugação dos critérios cro-
nológico e aurora/crepúsculo.
Também é importante destacar que a nova Lei de Abuso de Autoridade, publicada em
2019, definiu que é crime de abuso de autoridade a entrada em uma residência entre 21h e
5h, mesmo com ordem judicial. Nesse sentido, acabou definindo o que é “noite”.
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O ingresso Desautorizado em Domicílio e a Responsabilização por Abuso de


Autoridade

Ao enfrentar o tema, o STF entendeu que nos casos de ingresso desautorizado em domi-
cílio, para a responsabilização pelo crime de abuso de autoridade, não se pode presumir a
má-fé do agente.
Assim, para que a polícia possa ingressar em um domicílio sem autorização, devem exis-
tir indícios suficientes da prática de crime. No entanto, mesmo se após o ingresso, não forem
encontrados elementos que caracterizem a prática criminosa, não haverá responsabilização,
salvo se houver má-fé por parte dos agentes.

O Cheiro de Droga e a Autorização Para Ingresso em Domicílio

O STJ entendeu que o cheiro da droga já seria um indício suficiente da prática de crime,
logo autorizaria a entrada na residência.
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A Relativização do Ingresso no Período Noturno por Ordem Judicial

No julgamento do Inquérito n. 2.424, o STF estabeleceu vários ensinamentos. O julga-


mento envolvia uma autoridade com foro no próprio STF e, em dado momento da investi-
gação, foi necessário instalar uma escuta ambiental no escritório de advocacia do irmão do
investigado.
No entanto, vale lembrar que o escritório de advocacia entra no conceito de casa, logo
não seria possível adentrar sem autorização judicial ou o consentimento dos proprietários.
20m
Ocorre que, em virtude da necessidade da instalação das escutas e por conta da impos-
sibilidade de fazer isso durante o dia, período em que o escritório funcionava, o Supremo
autorizou a instalação dessas escutas durante o período noturno e mediante autorização
judicial dele próprio.
Após essa instalação da escuta, diversas provas foram colhidas, mas a defesa do acu-
sado acabou alegando que aquelas provas eram ilegais. Diante disso, o Supremo firmou o
entendimento de que ninguém pode se utilizar de uma proteção constitucional para servir de
escudo para a prática de crimes.

 Obs.: Assim, para fins de prova, se a banca citar a jurisprudência do Supremo e o caso
de escritórios de advocacia utilizados para a prática de crimes, é correto dizer que
a entrada pode ocorrer durante a noite. Já nos demais casos, a entrada é proibida
durante a noite.

Ingresso Desautorizado e Residência não Habitada

De acordo com a jurisprudência, não há ilicitude no ingresso em residência não habitada,


mesmo que durante à noite.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Aragonê Nunes Fernandes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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