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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos Iii
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos Iii
Art. 5º (...)
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano
material, moral ou à imagem;
(...)
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Obs.: é importante perceber que a Constituição Federal de 1988 não cita o dano estético,
contudo, ele também é considerado.
Em regra, a indenização é feita para a pessoa que sofreu o dano moral ou material, con-
tudo a jurisprudência admite o chamado dano por ricochete (ou indireto). Nesse sentido, na
queda de um avião, por exemplo, os familiares das vítimas podem ser indenizados.
Essa é uma questão que teve início em uma ação judicial específica envolvendo o cantor
Roberto Carlos e o autor de uma biografia chamada “Roberto Carlos em Detalhes”. Na época,
acabou sendo feito um acordo entre o cantor e o autor, que acabou desistindo de publicar o livro.
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Vencido esse ponto, o STF julgou uma ação em sentido objetivo em que estavam em jogo
os arts. 20 e 21 do Código Civil, que tratam dos direitos da personalidade.
Assim, prevaleceu no âmbito do Supremo a perspectiva de que é possível a publicação
de uma biografia sem o consentimento do biografado.
Vale lembrar que caso haja dano moral, material ou a caracterização de crime contra a
honra, o biografado pode buscar reparação na justiça posteriormente.
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Formas de Reparação
INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO
Art. 5º (...)
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
dia, por determinação judicial.
Para o STF, as habitações, mesmo que de uso coletivo, se ocupadas, podem ser con-
sideradas como casa. Isso envolve, por exemplo, quartos de hotéis, motéis, pensões, pou-
sadas e hospedarias, além dos lugares em que as pessoas exercem uma atividade, tais
como garagens, oficinas e escritórios. Nesse sentido, repartições públicas não entram no
conceito de casa.
O STJ proferiu uma decisão no sentido de que caracteriza o crime do art. 150 do Código
Penal (violação de domicílio) o ingresso desautorizado em gabinete de Delegado de Polícia.
Outro ponto importante e que gera bastante discussão é a questão da boleia do caminhão.
Na jurisprudência do STJ, prevalece o entendimento de que a boleia do caminhão não é casa.
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Nesse sentido, se o caminhoneiro é flagrado com uma arma de fogo na boleia do cami-
nhão, mas não possui autorização para tê-la consigo, o crime será o porte ilegal de arma de
fogo e não posse ilegal.
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Durante o dia, a entrada na residência é permitida apenas por ordem judicial. Nesse
sentido, não vale a ordem da autoridade policial, de CPI, do Ministério Público ou de outros
órgãos. Isso ocorre devido à incidência de uma cláusula de reserva de jurisdição.
Tradicionalmente, o Supremo adota o critério astronômico para definir o que é dia e o que
é noite. Assim, entre a aurora e o crepúsculo, seria dia. O problema é que existe uma ins-
tabilidade nesse critério, pois, como o Brasil é um país de dimensões continentais, em uma
mesma hora do dia, é possível que o sol já tenha nascido em algumas cidades mais a leste
do país, mas que as cidades mais a oeste ainda estejam no escuro.
Assim, em muitos casos, a jurisprudência dispõe sobre uma conjugação dos critérios cro-
nológico e aurora/crepúsculo.
Também é importante destacar que a nova Lei de Abuso de Autoridade, publicada em
2019, definiu que é crime de abuso de autoridade a entrada em uma residência entre 21h e
5h, mesmo com ordem judicial. Nesse sentido, acabou definindo o que é “noite”.
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Ao enfrentar o tema, o STF entendeu que nos casos de ingresso desautorizado em domi-
cílio, para a responsabilização pelo crime de abuso de autoridade, não se pode presumir a
má-fé do agente.
Assim, para que a polícia possa ingressar em um domicílio sem autorização, devem exis-
tir indícios suficientes da prática de crime. No entanto, mesmo se após o ingresso, não forem
encontrados elementos que caracterizem a prática criminosa, não haverá responsabilização,
salvo se houver má-fé por parte dos agentes.
O STJ entendeu que o cheiro da droga já seria um indício suficiente da prática de crime,
logo autorizaria a entrada na residência.
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Obs.: Assim, para fins de prova, se a banca citar a jurisprudência do Supremo e o caso
de escritórios de advocacia utilizados para a prática de crimes, é correto dizer que
a entrada pode ocorrer durante a noite. Já nos demais casos, a entrada é proibida
durante a noite.
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Aragonê Nunes Fernandes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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