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LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL

Lei nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB) - Título I e II


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LEI Nº 9.394/1996 (LEI DE DIRETRIZES E BASES DA


EDUCAÇÃO NACIONAL - LDB) - TÍTULO I E II
A Lei n. 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB) é a lei da
educação que inaugura o direito educacional no país. A LDB advém do texto constitucio-
nal, de 1988, e possui caráter progressista, se diferenciando, assim, da LDB anterior, que
foi elaborada no período da ditadura militar.
Com a nova Constituição, a lei começou a tramitar no Congresso Nacional, seu orde-
namento jurídico se deu no dia 20 de dezembro de 1996, apoiada por Darcy Ribeiro e
ficando conhecida pelo seu nome.
A Lei n. 9.394/1996 estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Segundo a
Constituição Federal, essa é uma incumbência da União. Porém, Estado, Distrito Federal,
e os Municípios podem exercer o direito de legislar sobre educação, respeitando as espe-
cificidades locais. Esses só não podem contrariar o disposto na LDB.
O Distrito Federal, por exemplo, em seu turno diurno do ensino regular nas escolas
públicas, oferece 5 horas diárias de ensino, ao passo que a LDB regulamenta que o ensino
tenha duração de, pelo menos, 4 horas. Dessa forma, o regimento interno da secreta-
ria de educação do Distrito Federal criou legislação que adota uma carga horária pró-
pria, mas respeita a determinação mínima expressa na LDB, ampliando os direitos dos
estudantes.
5m

TÍTULO I
DA EDUCAÇÃO

Art. 1º - A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida


familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesqui-
sa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações
culturais.

Os processos formativos se referem à trajetória de formação do ser humano e os


espaços que esse perpassa nessa jornada. A trajetória de formação acontece toda vez
que alguém ensina e que alguém aprende algo, sendo essa uma definição ampla de edu-
cação. Porém, é necessário que se pense a educação em sentido estrito, ou seja, apenas
a educação escolar disciplinada pela LDB:

§ 1º - Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemen-


te, por meio do ensino, em instituições próprias.
§ 2º - A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.

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A LDB possui caráter progressista, uma vez que trata da transformação social, se
dedicando à formação do cidadão para o convívio social e a vida prática. Pode-se enten-
der, assim, que a prática social é o início e o fim de tudo, visto que se considera tanto as
experiências trazidas pelos estudantes para a escola, quanto trata-se de ensinar novas
praticas sociais para que esse estudante as carregue para sua vida fora da escola. Essa é
uma visão da pedagogia histórico-crítica, descrita por Dermeval Saviani. Essa visão pro-
gressista se relaciona ainda ao mundo do trabalho, trazendo independência, autonomia
e desenvolvimento.
Assim, a partir do caráter progressista, supera-se o disposto nas Leis n. 5.540/62 e
5.692/71, criadas durante o período da ditadura militar, e que carregavam um caráter
positivista.

TÍTULO II
DOS PRINCÍPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO NACIONAL

A educação é um direito social e, por isso, um direto de todos, sendo assim um dever
do Estado, dividido com a família, na formação de um cidadão.
10m

Art. 2º - A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liber-


dade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvol-
vimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho.

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O pleno desenvolvimento do educando se refere à formação do indivíduo completo


em todas as suas dimensões, não somente a cognitiva. O preparo para o exercício da
cidadania trata da formação do cidadão ativo e participativo na sociedade na qual está
inserido. Por fim, a qualificação para o trabalho é a forma como esse indivíduo conquis-
tará sua independência e autonomia.

Art. 3º - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

Os princípios podem ser alterados por lei a qualquer momento. Cada um dos princí-
pios ajuda a determinar o caminho que a educação deve seguir. O caminho para a educa-
ção é uma questão de Estado e independe do governo eleito e de seus viéses.

I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

Essa já é afirmada no texto constitucional que determina que todos são iguais
perante a lei, e isso também se reflete na educação. A educação deve ser para todos.

II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a


arte e o saber;

Liberdade de cátedra. Trata-se também da liberdade do docente no ensino em sala


de aula e deve ser utilizada com responsabilidade e considerar um compromisso ético e
social. A liberdade docente é questionada por setores conservadores da sociedade, que
consideram que os docentes divulgam suas ideologias para os alunos ao divulgarem a

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cultura, o pensamento, a arte e o saber. Os setores conservadores se manifestaram até


mesmo através do Projeto de Lei Escola Sem Partido, que visa a questionar a liberdade
do docente.
15m

III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;

Respeito às diferentes ideias e conceitos educacionais. Por exemplo, na SEDF, auto-


rizada pelo DF, tem-se como pressuposto a pedagogia histórico-política, mas existem
escolas também autorizadas que seguem o conceito desenvolvido por Maria Montessori.

IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância;

Princípio da solidariedade humana: as pessoas são organicamente diferentes e


podem fazer escolhas diferentes; uma vez que são livres, essas escolhas devem ser tole-
radas e respeitadas.

V – coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

As instituições públicas assumem o dever do Estado em relação à educação, e as pri-


vadas possuem o direito à livre oferta de ensino, desde que respeitadas condições, como
normas, autorização de funcionamento, avaliação pelo poder público e, ainda, a capaci-
dade de autofinanciamento.

VI – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

Mesmo o ensino militar, que possui regras diferenciadas, é gratuito, uma vez que
ainda é um sistema de ensino público. A gratuidade pode ser relativizada em alguns
casos, segundo decisão do STJ, como alguns cursos de pós-graduação ofertados por ins-
tituições públicas, instituições de educação superior de caráter municipal criadas antes
do texto constitucional e outros casos.

VII – valorização do profissional da educação escolar;


20m VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos
respectivos Estados e Municípios e do Distrito Federal; (Redação dada pela Lei n.
14.644, de 2023)

Esse princípio foi alterado em 2023 e todos os entes federados devem construir leis
que tratem da gestão democrática do ensino público. Anteriormente, tratava-se apenas
da legislação dos sistemas de ensino.

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IX – garantia de padrão de qualidade;

Se dá através do investimento de recursos públicos na educação de qualidade e


também avaliar e acompanhar as instituições de ensino privadas para que essas ofer-
tem ensino de qualidade.

X – valorização da experiência extra-escolar;

Valoriza o caráter progressista da lei, considerando as experiências fora do


âmbito escolar.

XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

Com exceção do princípio da gestão democrática do ensino público, que foi alterado
em 2023, todos os outros dez princípios já existiam na lei desde 1996 sem alterações.

XII – consideração com a diversidade étnico-racial. (Incluído pela Lei n.


12.796, de 2013)

Deve-se levar em conta a diversidade de povos na formação da história brasileira,


modificando a perspectiva eurocêntrica que domina a forma de construção dessa his-
tória. Assim, entende-se a importância de ouvir e ensinar as histórias dos escravizados
levados à força ao Brasil e dos povos indígenas nativos. A modificação se deu a partir
da criação do artigo 26-A, de 2003, que tratava da obrigatoriedade do ensino da histó-
ria afro-brasileira. A história indígena foi incluída em 2008. A busca por um ensino mais
diverso da história se deu com a intenção de resgatar as matrizes de formação do povo
brasileiro, explicitado através do princípio XII.
25m

XIII – garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida. (Incluído


pela Lei n. 13.632, de 2018)

Resgata o direito à educação para aqueles até então excluídos da escola, como aque-
les que estão fora da idade própria (Educação de Jovens e Adultos) e aqueles da educa-
ção especial (estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento (TGD)
e altas habilidades/superdotação). Esse princípio altera os artigos que versam sobre a
EJA e a Educação Especial.

XIV – respeito à diversidade humana, linguística, cultural e identitária das pessoas


surdas, surdo-cegas e com deficiência auditiva. (Incluído pela Lei n. 14.191, de 2021)

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Esse princípio nasce juntamente com a Educação Bilingue de Surdos, reafirmando a


legislação da inclusão.

��Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Francisco Carlos Soares Costa.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela
leitura exclusiva deste material.

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