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5 A Institucionalizacao Das Normas Interna
5 A Institucionalizacao Das Normas Interna
DIREITOS HUMANOS
Construção da Paz e
Segurança Internacional
03, 04 e 05 de junho de 2013
Observatório de
Direitos Humanos
UFSC
ISBN 978-85-86265-98-3
Multideia Editora Ltda.
Alameda Princesa Izabel, 2.215
80730-080 Curitiba – PR
+55(41) 3339-1412
editorial@multideiaeditora.com.br
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Marli Marlene M. da Costa (Unisc) Luiz Otávio Pimentel (UFSC)
André Viana Custódio (Unisc/Avantis) Orides Mezzaroba (UFSC)
Salete Oro Boff (Unisc/IESA/IMED) Sandra Negro (UBA/Argentina)
Carlos Lunelli (UCS) Nuria Bellosso Martín (Burgos/Espanha)
Clovis Gorczevski (Unisc) Denise Fincato (PUC/RS)
Fabiana Marion Spengler (Unisc) Wilson Engelmann (Unisinos)
Liton Lanes Pilau (Univalli) Neuro José Zambam (IMED)
Danielle Annoni (UFSC)
ISBN 978-85-86265-98-3
1. Direitos humanos. I. Universidade Federal de Santa Catarina. II. Título.
CDD 342(22.ed)
CDU 342.7
Construção da Paz
e Segurança Internacional
Florianópolis – SC
Curitiba
2014
EDITORIAL
A
Semana de Direitos Humanos da UFSC nasceu em 2010
da iniciativa de um grupo de alunos do Curso de Re-
lações Internacionais com objetivo de estudar mais
profundamente as conexões deste tema da agenda internacional e
seus reflexos no Brasil.
Influenciados pela Primavera Árabe, como ficou conhecido o
movimento de democratização dos Estados Árabes, no ano de 2011,
o tema do evento centrou-se na discussão sobre a importância da
adoção do regime democrático no mundo e sua contribuição para o
reconhecimento e a efetivação dos direitos de todos.
Na terceira edição, o evento celebrou o aniversário da Decla-
ração Francesa de Direitos Humanos (1789), que no ano de 2012,
comemorou, em 26 de agosto, seus 223 anos de inspiração aos ideais
de liberdade e reconhecimento de direitos.
Em 2013, a quarta edição do evento teve por tema “a cons-
trução da paz e a segurança internacional”, tema que reúne estudos
da linha de pesquisa de igual título do mestrado em relações inter-
nacionais da UFSC, bem como da linha de pesquisa do mestrado em
direito e relações internacionais também da UFSC, que versa sobre
regionalismo, globalização e atores internacionais.
Pensado para ser um evento de integração, reuniu, nesta
edição, docentes e discentes de vários cursos e universidades, mas
também pesquisadores estrangeiros, funcionários internacionais,
fotógrafos e profissionais das mais diversas categorias, todos com
o intuito de fomentar o debate acerca da promoção e efetivação dos
direitos humanos no Brasil e também no plano internacional.
Nesta edição o evento contou não apenas com palestras e
mesas de discussão, mas com quatro minicursos, elaborados por es-
pecialistas para pequenos grupos, possibilitou uma interação ainda
maior entre docentes e discentes, que se reuniram mais de uma vez
durante o evento, em períodos mais longos, para discutir casos prá-
ticos e propor soluções concretas.
Com efeito, o evento cumpriu mais uma vez com seu objetivo
de integrar pesquisadores, estudantes e profissionais em torno da
promoção dos direitos humanos.
Esperamos que este relato do trabalho silencioso de muitos
possa servir de inspiração para outras iniciativas desta natureza, em
prol dos direitos humanos e seus instrumentos indispensáveis.
Boa leitura!
Danielle Annoni
Coordenação do Observatório
de Direitos Humanos da UFSC
Juliana Viggiano
Coordenação do Observatório
de Direitos Humanos da UFSC
Exposição de fotos................................................................................. 88
Por: Ana Paula Althoff
7 MAKING OFF –
A 4ª Semana de Direitos Humanos – Planejamento e Organização.........633
Programação
da 4ª Semana de
Direitos Humanos
da UFSC
Dia 3 de Junho
11hs: Credenciamento
Atividades de
Cidadania
da 4ª Semana
DOAÇÃO DE ALIMENTOS
S
eguindo a tradição do Observatório de Direitos Huma-
nos da Universidade Federal de Santa Catarina, duran-
te a IV Semana de Direitos Humanos, foi solicitado aos
ouvintes que contribuíssem com a doação de alimentos não perecí-
veis. Na ocasião, foram arrecadados 105 quilos de alimentos! Tendo
em vista a extrema importância que o Observatório atribui às ativi-
dades sociais, os alimentos arrecadados foram entregues à creche
“Céu da Tia Ana (localizada em Biguaçu) no dia 26 de junho, quarta-
feira, por estudantes de graduação da UFSC.
A
s atividades lúdicas realizadas pelo Observatório de
Direitos Humanos têm o objetivo de integrar a comu-
nidade e possibilitar um momento de lazer, visto que
todo indivíduo tem direito ao mesmo. No dia 28 de maio de 2013,
bolsistas e voluntários do Observatório de Direitos Humanos reali-
zaram uma aula de tango em parceria com o Núcleo de Estudos da
Terceira Idade (NETI). A aula contou com a presença de 30 pessoas,
entre elas estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina e
o professor de tango Fransley que, juntamente com Laura, sua par-
Relatório das
Atividades
da 4ª Semana de
Direitos Humanos
CERIMÔNIA DE ABERTURA
N
o dia 3 de junho de 2013 às 14:30 teve início a IV Se-
mana de Direitos Humanos organizada pelo Obser-
vatório de Direitos Humanos da Universidade Fede-
ral de Santa Catarina. Com o tema “Construção da Paz e Segurança
Internacional”, as atividades realizadas foram propostas com a in-
tenção de estimular o debate e trazer aos Acadêmicos desta Univer-
sidade discussões e informações sobre temas atuais e relevantes da
área dos Direitos Humanos.
A mesa de autoridades da cerimônia de abertura do evento
contou com a presença do Diretor do Departamento de Projetos da
Pró-Reitoria de Pesquisa, Prof. Elias Machado Gonçalves, como re-
presentante da Reitora, que na ocasião não pôde comparecer. Esti-
veram também presentes o Pró-Reitor de Assuntos Estudantis, Prof.
À
s 15h do dia três de junho teve início a palestra “A paz
como imperativo de proteção aos Direitos Humanos:
conflitos armados e intervenções humanitárias”, mi-
nistrado pela Prof.ª Dr.ª Gisele Ricobom, da Universidade Federal da
Integração Latino-Americana (UNILA). A Prof.ª Dr.ª Danielle Annoni,
Coautoras:
Jade Philippe dos Santos e Priscilla Batista da Silva
Graduandas em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina
e bolsistas do Observatório de Direitos Humanos.
O
minicurso “Brasil e as Missões de Paz” aconteceu no
dia 3 junho de 2013 na sala 113 do Cento de Ciências
Jurídicas (CCJ) da Universidade Federal de Santa
Catarina das 16:10 às 18:00 e contou com um público de, aproxi-
madamente, 60 pessoas. O minicurso foi ministrado pela Prof. Dra.
Karine de Souza Silva, da UFSC, e pela debatedora Msc. Priscila Fett.
Priscila Fett abordou, inicialmente, o tema das operações de
paz da ONU, bem com a relevância das mesmas e a presença do Brasil
N
o dia 3 de junho, às 17h30min, no auditório do
Centro de Ciências Jurídicas da UFSC, iniciou-se o
painel “Justiça Internacional e o Paradigma Ameri-
cano”. Participaram do painel como palestrantes o Dr. Jayme Ben-
venuto Lima Jr., da UNILA; a Dr.ª Soledad García Muñoz, do Ins-
À
s 14h50 do dia quatro de junho de 2013, deu-se início
à oficina “Migrações Internacionais no Mundo e no
Brasil”, como parte da programação da IV Semana
de Direitos Humanos. Participaram como palestrantes a Prof.ª Dr.ª
Rossana Rocha Reis, da Universidade de São Paulo (USP), o Dr.
Andrés Ramirez, representante do Alto Comissariado das Nações
Unidas para Refugiados (ACNUR) no Brasil e a Prof.ª Dr.ª. Mônica
Teresa Costa Souza, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Como moderadora, integrou a mesa a Prof.ª Dr.ª Danielle Annoni, da
N
o dia quatro de junho de 2013, às 16 horas, aconte-
ceu o minicurso “Empresas e Direitos Humanos: de-
safios para o novo século”, no qual estavam presen-
tes, aproximadamente, 40 pessoas. O minicurso foi ministrado pela
Dr.ª Denise Hauser, representante do Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Direitos Humanos na Guatemala, e moderado pela
Mestranda em Direito Internacional na UFSC, Camila D. de Araújo
Mendonça.
T
eve início às 17h30 do dia quatro de junho de 2013 a
oficina “Tráfico de pessoas”, da qual foram palestrantes
a Prof.ª Dr.ª Ela Wiecko Volkmer de Castilho, da UnB, e
a Prof.ª Dr.ª Larissa Liz Odreski Ramina, da UNIBRASIL. Participou
como moderadora a Prof.ª Dr.ª Juliana Viggiano, da UFSC.
A Dr.ª Ela Wiecko iniciou sua exposição comentando um re-
latório produzido pela UNODC (escritório da ONU para o controle
das drogas) em 2012 sobre o tráfico de pessoas, que considerou 27
países americanos, trazendo dados como: de 6 mil vítimas, 1,6 mil é
menor de idade e 27% são mulheres; 50% dos traficantes são mulhe-
res; 44% do tráfico é direcionado para o trabalho forçado e 51% para
N
o dia cinco de junho de 2013, às 14h30, iniciou-
-se a mesa de discussão “Segurança Internacional e
Meio Ambiente”. Participaram como palestrantes a
Dr.ª Fernanda Sola, da UFSCar; a Dr.ª Susana Borràs Pentinat, da
Universidad Rogiri i Virgili (Tarragona, Espanha); e a Dr.ª Graciela
de Conti Pagliari, da UFSC. Como debatedora, a Dr.ª Vanessa Iaco-
N
o dia 05 de junho de 2013, às 16h, teve início o mi-
nicurso “Feminismos são Direitos Humanos: Im-
portância e Desafios”, ministrado pela Prof.ª Dr.ª
Lola Aronovich e moderado Dr.ª Janine Gomes da Silva. A pales-
trante é professora de Literatura-Inglês no Departamento de Letras
À
s quatro horas da tarde do dia cinco de junho de
2013, o professor Jonny Carlos da Silva ministrou o
minicurso “Violação de direitos humanos e limpeza
cultural – A questão Bahai no Irã”, como parte da programação da
IV Semana de Direitos Humanos. Professor e coordenador do depar-
tamento de Engenharia Mecânica na Universidade Federal de Santa
Catarina, o palestrante possui grande interesse pela questão Bahai
N
o dia seis de junho de 2013, às 19 horas e 30 mi-
nutos, aconteceu a palestra de encerramento da IV
Semana de Direitos Humanos: “Direitos Humanos,
Segurança Internacional e Construção da Paz: Desafios o perspecti-
vas”. A palestra foi ministrada pelo Doutor José Augusto Fontoura
Costa, que é professor da Universidade de São Paulo. O Professor
Doutor Ricardo Soares Stersi dos Santos e a Professora Doutora Da-
A
exposição de fotos tem como objetivo conscientizar o
maior número possível de pessoas sobre a importân-
cia dos direitos humanos e como ele é fator comum
no dia a dia dos indivíduos. Nesta Semana de Direitos Humanos, seu
intuito principal foi informar a comunidade acadêmica a respeito da
situação da população onde ocorrem conflitos armados e interven-
ções humanitárias.
Depoimentos dos
Participantes
MAÍRA MACHADO RODRIGUES
O
Observatório de Direitos Humanos tem um papel
fundamental na UFSC, que é consolidar o deba-
te sobre o assunto, através das semanas de direi-
tos humanos e entre outras iniciativas. A IV Semana trouxe como
tema: “Construção da Paz e Segurança Internacional”, que é uma
questão muito interessante, não só para os integrantes dos cursos
de Direito e Relações internacionais, mas para toda comunidade
acadêmica.
As palestras dessa IV edição abordaram temas como: migra-
ções, refugiados, tráfico de pessoas, segurança internacional, entre
outros, que em minha opinião são muito relevantes para conjuntura
internacional que vivemos, e por isso devem ser expostos e debati-
dos. A discussão desses assuntos leva à conscientização, além de in-
centivar a pesquisa e ação da comunidade acadêmica. Tanto quanto
as palestras, as apresentações de trabalhos também proporcionam a
reflexão sobre diversos temas relacionados aos Direitos Humanos,
contribuindo para formação dos alunos que expõem, bem como para
todos que assistem.
Outra iniciativa interessante dessa edição, foi a exposição de
fotografias que teve como resultado diversas fotos que evidenciam a
tolerância entre diferentes culturas, a solidariedade e o respeito, que
são bases fundamentais para os direitos humanos.
S
ou aluna do 3º ano do curso de direito da Universidade
Estadual de Londrina (UEL) e participei, pela primeira
vez, da Semana de Direitos Humanos da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC), onde eu e minha colega de gra-
duação, Beatriz Oliveira, publicamos um artigo sobre a Dignidade da
Pessoa Humana no Ordenamento Jurídico dos Países do Mercosul.
Vindo de uma universidade situada no interior do Estado
do Paraná, ressalto a importância de existir maior disseminação de
eventos que tratem acerca dos direitos humanos e de direito inter-
nacional. Embora sejam direitos que a todos assistem, os eventos e
a disseminação sobre a temática ainda são, ao meu ver, escassos e
pouco acessíveis aos alunos da graduação.
Como participante, um dos pontos que mais me agradou foi a
simplicidade do evento, sem abrir mão da qualidade. Os palestrantes
trazidos, tanto para as palestras quanto para os workshops durante a
tarde, todos trouxeram contribuições muito significativas e demons-
traram conhecimento e experiência na área das relações e dos direi-
tos internacionais. Contudo, o local do evento, a postura da organi-
zação, o formato da programação, a ausência total de custos para os
participantes (não houve custo de inscrição) foram detalhes cruciais
para fomentar a incentivar a participação dos acadêmicos dos cursos
de direito e de relações internacionais, público-alvo da Semana de
DH da UFSC. Foi uma experiência incrível, gostaria muito de trazer
para a minha universidade muitos conceitos que pude aprender na
IV Semana de Direitos Humanos da UFSC, além de, claro, voltar nas
próximas edições.
Artigos
Apresentados por
Professores
Resumo:
O presente artigo se debruça sobre a importância de ser observar e cumprir as normas do
Direito Internacional dos Conflitos Armados durante intervenções humanitárias em confli-
tos armados não-internacionais justificadas pelo princípio da responsabilidade de proteger.
Busca-se provar que a observância do DICA funciona como um fator de legitimidade para as
ações militares pautadas em tal princípio.
Palavras-chave: DICA, CANIs, responsabilidade de proteger.
Sumário:
Introdução. 1 Definições de Conflitos Armados Não-Internacionais. 2 Intervenção Humanitária
sob a ótica da Responsabilidade de Proteger. 3 Conclusão. 4 Referências.
INTRODUÇÃO
A partir do fim da Segunda Grande Guerra, tendo com a que-
da do Muro de Berlim o seu ápice, o número de conflitos de natureza
intraestatal superou consideravelmente os deflagrados entre Esta-
dos, denominados interestatais (FLECK, 2010).
A crescente incidência desses conflitos, também chamados
de conflitos não-internacionais (CANIs), deve-se ao fato de que o
Priscila Fett
Mestre em Direitos Humanos pela Faculdade de Direito da Universidade de São
Paulo; pesquisadora do Observatório de Direitos Humanos da Universidade Fede-
ral de Santa Catarina; possui curso de extensão em Direito Internacional Huma-
nitário pelo Instituto de Direito Internacional Humanitário de Sanremo – Itália.
Fonte: <http://www.pcr.uu.se/research/ucdp/charts_and_graphs/#type>.
1
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA [a]. Carta das Nações Unidas. Preâmbulo: “NÓS, OS PO-
VOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS... a preservar as gerações vindouras do flagelo
da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis
à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e
no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres [...]”. Dis-
vítimas no âmbito dos conflitos armados.”, cf. PALMA, N. Curso de Direito Militar: Di-
reito Internacional Humanitário e Direito Penal Internacional. Rio de Janeiro: Fundação
Trompowsky, 2009. p. 14.
4
MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES (MRE, 2011). “Conselho de Segurança das
Nações Unidas - Debate Aberto sobre Proteção de Civis em Conflito Armado - Nova
York, 9 de novembro de 2011”. Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/sala-de
-imprensa/notas-a-imprensa/conselho-de-seguranca-das-nacoes-unidas-debate-aber-
to-sobre-protecao-de-civis-em-conflito-armado-nova-york-9-de-novembro-de-2011/
print-nota>. Acesso em: 19 abr. 2013.
5
COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA [a]. Protocolo Adicional II às Conven-
ções de Genebra relativo à Proteção das Vítimas de Conflitos Armados Não-Internacio-
nais. Disponível em: <http://www.icrc.org/por/war-and-law/treaties-customary-law/
geneva-conventions/index.jsp>. Acesso em: 17 abr. 2013.
6
Vale ressalvar que o Artigo 3º Comum às quatro Convenções de Genebra de 1949 já
mencionava os CANIs, mas de forma ampla e genérica.
7
UPPSALA CONFLICT DATA PROGRAM. Ongoing Armed Conflicts. Disponível em: <http://
www.pcr.uu.se/research/ucdp/>. Acesso em: 18 abr. 2013.
8
INTERNATIONAL CRIMINAL TRIBUNAL FOR THE FORME YUGOSLAVIA . Prosecutor v Ta-
dic - Case IT - 94 -1 – Decision on the Defense Motion for interlocutory Appeal on Juris-
diction. October, 2nd, 1995, § 84.
10
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA [b]. Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional,
Decreto 4.388/2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decre-
to/2002/D4388.htm>. Acesso em: 17 abr 2013.
17
A nomenclatura adotada ICISS em substituição à intervenção humanitária se deu em
virtude das críticas tecidas por organizações humanitários referentes à militarização do
termo “humanitário”, ICISS, 2001.
18
UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY [a]. 2005 World Summit Outcome. A/RES/60/1,
§ 138.
19
UNITED NATIONS. A More Secure World: Our Shared Responsibility. Disponível em:
<http://www.un.org/secureworld/report2.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2013.
20
Tal preocupação não é injustificada dado que desde o século XVII a guerra apresenta
objetivos econômicos. (HELD apud JUBILUT, 2010, p. 159).
21
UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY [b]. Implementing the Responsibility to Protect,
A/63/677.
25
Artigo 51.5 (b) do Protocolo Adicional I às Convenções de Genebra (1977), cf. Comitê
Internacional da Cruz Vermelha [b]. Disponível em: <http://www.icrc.org/por/war-and
-law/treaties-customary-law/geneva-conventions/index.jsp>. Acesso em: 14 abr. 2013.
26
AVALON PROJECT – YALE LAW SCHOOL. Lieber Code. Article 14. Disponível em: <http://
avalon.law.yale.edu/19th_century/lieber.asp#sec1>. Acesso em: 17 abr. 2013.
3 CONCLUSÃO
Após a 2ª Guerra Mundial observa-se uma patente mudança
no perfil dos combates e guerras. Os conflitos de caráter não-inter-
nacional tem predominado no cenário global, eclodindo em países
caracterizados pela instabilidade política e econômica, envolvendo
um maior número de atores e afetando a população civil em maior
escala.
27
SHAW, M. Direito Internacional. São Paulo: Martins Fontes, 2010. p. 882.
Sumário:
Introdução. I. Refugiados econômicos e a busca pelo direito ao desenvolvimento. II. Carac-
terização do direito ao desenvolvimento. III. A questão da titularidade e efetividade do direito
ao desenvolvimento. Considerações Finais. Referências.
INTRODUÇÃO
A movimentação internacional de pessoas não é um aconte-
cimento recente, típico da modernidade. Desde sempre as pessoas
28
Refugiados ambientais podem ser definidos como “[...] pessoas forçadas a deixar seu
habitat natural, temporária ou permanentemente, por causa de uma marcante per-
turbação ambiental (natural e/ou desencadeada pela ação humana), que colocou em
risco sua existência e/ou seriamente afetou sua qualidade de vida. Por “perturbação
ambiental”, nessa definição, entendemos quaisquer mudanças físicas, químicas, e/ou
biológicas no ecossistema (ou na base de recursos), que o tornem, temporária ou per-
manentemente, impróprio para sustentar a vida humana”. (EL-HINNAWI, Essam. Envi-
ronmental Refugees. Nairobi: United Nations Environment Programme (UNEP), 1985,
p. 04-05. Disponível em: <http://www.bookdepository.co.uk/Environmental-Refugees
-Essam-El-Hinnawi/9789280711035>. Acesso em: 12 abr. 2013).
II CARACTERIZAÇÃO DO DIREITO AO
DESENVOLVIMENTO
Desde a criação das Nações Unidas que a questão do desen-
volvimento e das diferenças econômicas e sociais entre os países têm
sido ponto de discussão. Ainda que a temática do desenvolvimento
tenha sido tratada por algum tempo em instâncias diferentes, as Na-
ções Unidas elaboraram uma série de Resoluções a respeito, e uma
delas, em especial, se volta para um componente fundamental do ar-
29
O conceito de desenvolvimento tinha, até a década de 1990, um forte viés economicis-
ta. Desenvolvimento era visto tão somente como crescimento econômico. Daí algumas
instâncias na ONU terem se dedicado ao tema de maneira limitada. A partir da década
de 90, com a divulgação dos Relatórios de Desenvolvimento Humano e dos Índices de
Desenvolvimento Humano, a ONU se volta, de maneira global, ao desenvolvimento não
mais como crescimento econômico, mas sim como desenvolvimento humano, levando
em consideração fatores como renda, educação, saúde, liberdades políticas e garantias
sociais.
30
O Consenso de Monterrey foi adotado pelos Chefes de Estado como documento fi-
nal da Conferência Internacional para Financiamento do Desenvolvimento, realizada
na cidade de Monterrey, México, em março de 2002. Ressaltava a preocupação global
com a questão da desigualdade, reconhecendo que o financiamento para as ações de
promoção do desenvolvimento deveria se dar de maneira individualizada, variando de
país a país, levando-se em consideração a necessidade específica de cada Estado. As
recomendações do Consenso de Monterrey se fundamentavam em três pilares princi-
32
A Declaração de 1986 reforça o papel do indivíduo como sujeito central no processo
de desenvolvimento ao mesmo tempo em que permite que o ser humano deixe de ser
visto como mero fator de produção. O indivíduo é determinante no processo de desen-
volvimento não por sua utilidade ao longo do processo, mas muito principalmente por
ser o sujeito determinante do mesmo (DELGADO, 2001, p. 92).
33
Há no sistema da ONU pelo menos um órgão dedicado exclusivamente aos direitos
humanos: o Conselho de Direitos Humanos, presidido pelo Alto Comissário das Na-
ções Unidas para Direitos Humanos. O Conselho foi estabelecido pela A/RES/60/251,
de 03 de abril de 2006 e substitui a antiga Comissão de Direitos Humanos. Há ainda
seis órgãos criados em virtude dos tratados de direitos humanos que supervisionam a
implementação dos tratados de direitos humanos: i) Comitê de Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais; ii) Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial; iii) Comitê
para a Eliminação da Discriminação contra a Mulher; iv) Comitê contra a Tortura; v)
Comitê dos Direitos da Criança; vi) Comitê para a Proteção dos Direitos de todos os
Trabalhadores Migrantes e de seus Familiares.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De há muito se sabe que a grande questão junto aos sistemas
nacionais e internacionais de direitos humanos não é a positivação
dos mesmos ou mesmo o seu reconhecimento, mas sim a sua garan-
tia e efetivação. E é neste cenário de busca pela concretização dos
direitos humanos que se encontram os refugiados econômicos e sua
relação com o direito ao desenvolvimento.
REFERÊNCIAS
APOLINARIO, Silvia Menicucci O.S.;JUBILUT, Liliana Lyra. A necessidade de pro-
teção internacional no âmbito da migração. Revista Direito GV. n. 11, jan-jun. 2010.
p. 275-294.
BARRAL, Welber (Org.). Direito e desenvolvimento: análise da ordem jurídica brasi-
leira sob a ótica do desenvolvimento. São Paulo: Singular, 2005.
CASELLA, Paulo Borba. Refugiados: conceito e extensão. In: ARAUJO, Nadia de;
ALMEIDA, Guilherme de Assis. O Direito Internacional dos Refugiados: uma perspec-
tiva brasileira. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. p. 17-27.
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dos ambientais e econômicos. Revista Brasileira de Direito Internacional. v. 8, n. 8,
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DELGADO, Ana Paula Teixeira. O direito ao desenvolvimento na perspectiva da globaliza-
ção: paradoxos e desafios. Rio de Janeiro: Renovar, 2001.
FELLER, Erika. A Convenção para Refugiados, aos 60 anos: ainda adequada a seu
propósito? Cadernos de Debates: refúgio, migrações e cidadania. v.6, n. 6, 2011. Bra-
sília: Instituto Migrações e Direitos Humanos. p. 13-32.
FRIED, Jonathan T. International economic law and financing development: The Mon-
terrey Consensus and beyond. XXXI Session of the Summer Course on Interna-
Artigos
Apresentados
na 4ª Semana de
Direitos Humanos
PROGRAMA EUROSOCIAL:
estrutura e resultados34/35
Resumo:
O presente trabalho objetivo realizar uma avaliação a respeito do Programa EUROsociAL, lan-
çado no âmbito da Associação Estratégia Birregional América Latina, Caribe e União Europeia,
com intuito de corroborar para a coesão social na América Latina. Considerando-se que a
região caracteriza-se pela maior desigualdade social do mundo e, portanto, o desafio estra-
tégico do Programa, este trabalho estuda sua estrutura, as instituições envolvidas, atividades
realizadas e a efetividade de seus resultados.
Sumário:
1. Introdução. 2. O EUROsociAL. 2.1. O EUROsociAL I. 2.2. O EUROsociAL II. 3. Resultados.
3.1. Atividades. 3.2. Instituições. 3.3 Pessoas. 4. Considerações Finais. Referências.
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos 60 anos, os temas de cunho social ganharam
grande relevância nas agendas políticas nacionais e notoriamente
na agenda internacional. Se a Declaração Universal dos Direitos Hu-
34
Trabalho desenvolvido com apoio do CNPq e orientado pela Profa. Dra. Karine de Souza
Silva.
35
Esse relatório não possui caráter official, pois não foi desenvolvido por responsáveis
legais do programa.
36
Dentre esses direitos inclui-se o direito de liberdade, educação, padrão de vida, entre
outros. Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH).
37
A tradução correta do termo “fiscalidad” para o português seria “sistema tributário”.
Entretanto utilizara-se o termo Fiscalidade visando a melhor aproximar o sentido da
palavra em sua constituição original.
2.1 O eurosocial I
Em 2005, iniciou-se a primeira etapa do projeto, o EUROso-
ciAL I, encerrada em junho de 2010. As atividades, até 2009, eram
sustentadas pelo orçamento total do EUROsociAL I que ultrapas-
sa 36 milhões de euros, dos quais oitenta por cento são financia-
dos pela Oficina de Cooperação da Comissão Européia (EuropAid)
e, o restante por instituições adjuntas em parceria com fundos da
Agência Espanhola de Cooperação Internacional e do Ministério dos
Assuntos Exteriores da França, por meio da France Cooperation In-
ternationale45. No website do EUROsociAL – modificado em setembro
de 2011 para abordar, predominantemente, informações relativas ao
EUROsociAL II – consta que o Programa é divido em cinco grandes
“eixos temáticos que correspondem aos interesses e prioridades dos
governos latinoamericanos”: Justiça, Educação,
Emprego, Fiscalidade e Saúde. Cada um desses setores é
constituído por um consórcio de instituições européias e latino-a-
mericanas responsáveis pela promoção de uma série atividades co-
muns e transversais, e apoiadas pelas redes setoriais46.
A coerência interna das instituições é garantida por um Co-
mitê Intersetorial de Coordenação e Orientação (CICO) que inclui
representantes de todos os consórcios, o qual funciona de maneira
45
Programa EUROsociAL Disponível em: <http://www.programaeurosocial.eu/index.
php?PHPSESSID=pfn0eiem3shsigo1ugjp0vo6j7&nIDMenu=1&nIDSeccion=1>. Acesso
em: 15 jul. 2011.
46
Ibdem. Disponível em: <http://www.programaeurosocial.eu/index.php?PHPSESSID=p-
fn0eiem3shsigo1ugjp0vo6j7&nIDMenu=2&nIDSeccion=2>. Acesso em 28 jul. 2011.
47
Programa EUROsociAL. Tradução nossa. Disponível em: <http://www.programaeuroso-
cial.eu/index.php?PHPSESSID=pfn0eiem3shsigo1ugjp0vo6j7&nIDMenu=20&nIDSec-
cion=20>. Acesso em: 29 jul. 2011
48
SIA. Disponível em: <http://sia.programaeurosocial.eu/actividades.php>. Tradução
nossa.
49
Idem.
2.2 O eurosocial II
O EUROsociAL II foi lançado na Cúpula ALC-UE de Madrid
(de 15 a 18 de maio de 2010), como um dos cinco novos programas
regionais aprovados no marco do Plano de Ação50. É importante fri-
sar que essa segunda etapa do Programa teve início em dezembro
de 2010, quando a Comissão Europeia concedeu um subsídio de
40 milhões de euros para execução do “Programa Regional para a
Coesão Social na América Latina – EUROsociAL II (2011-2014)” à
organização responsável pela Agência de Coordenação EUROsociAL,
a Fundação Internacional e Ibero-americana de Administração e Po-
líticas Públicas (FIIAP)51, que coordena um consórcio de instituições
européias e latino-americanas na execução das atividades definidas
pelo Programa. O consórcio é composto por um núcleo de coordena-
ção de parceiros: três latino-americanos (Agencia Presidencial para
la Acción Social y para la Cooperación Internacional, Colombia;
ENAP – Escola Nacional de Administração Pública, Brasil; e SICA
– Sistema de la Integración Centroamericana, El Salvador) e três
instituições europeias (IILA- Istituto Italo Latinoamericano, Itália
FEI – France Expertise Internationale, França; GIZ – Deutsche Ge-
sellschaft für Internationale Zusammenarbeit, Alemanha; e FIIAP,
Espanha), e mais 80 sócios operativos e entidades colaboradoras,
como anuncia o portal do EUROsociAL II52.
50
EUROsociAL. Disponível em: <http://www.programaeurosocial.eu/eurosocial-II/tiki-in-
dex.php?page=que_es>. Acesso em: 25 set. 2011.
51
Instituto de Estudios Fiscales. Disponível em: <http://www.ief.es/destacados/euroso-
cial.aspx>. Acesso em: 12 jul. 2011.
52
Disponível em: <http://www.programaeurosocial.eu/eurosocial-II/tiki-index.php>.
Acesso em: 02 set. 2011..
53
EUROsociAL. Disponível em: <http://www.programaeurosocial.eu/eurosocial-II/tiki-
index.php?page=Actores>. Acesso em: 04 nov. 2011.
54
Idem.
55
Vide artigo escrito sobre assunto: Kloppel, Felipe; Ayres, Stela. A Associação Estratégica
Birregional.
56
Disponível em: <http://www.programaeurosocial.eu/eurosocial-II/tiki-index.php?pa-
ge=Acciones>. Acesso em 15 abr. 2012.
57
Biblioteca EUROsociAL Disponível em: <http://biblioteca.programaeurosocial.eu/PDF/
Educacion/Acceso13.pdf>. Acesso em: 30 maio 2012.
58
EUROsociAL. Disponível em: <http://www.programaeurosocial.eu/eurosocial-II/tiki-
index.php?page=objetivos>. Acesso em: 19 set. 2011.
1. Prevenção da violência
V – Segurança Segurança Pública 2. Fortalecimento da polícia e dos serviços de
Pública / investigação criminal
direitos e
acesso à justiça 1. Acesso à justiça
Justiça
2. Reforma do sistema penal e seu fortalecimento
Fonte: EUROsociAL
Elaboração: Autor
59
EUROsociAL. Disponível em: <http://www.programaeurosocial.eu/eurosocial-II/tiki-in-
dex.php?page=que_es>. Acesso em: 20 set. 2011.
3 RESULTADOS
Para se compreender as metas do Programa, bem como os re-
sultados que suas ações almejam, deve-se ter em a resposta para a
seguinte pergunta: “O que é um ‘resultado’ em EUROsociAL?”. Essa
pergunta é título do primeiro tópico do boletim informativo do “IV
Encuentro Internacional de Redes EUROsociAL”, realizado nos dias
23 e 24 de junho, na cidade de Salvador, que traz uma relação de
resultados alcançados durante a cooperação das administrações da
América Latina e UE60. No referido documento consta que o Progra-
ma atua para facilitar as relações entre as administrações públicas
europeias e latinoamericanas, no sentido de contribuir para a pro-
60
EUROsociAL. Nota à Imprensa. Disponível em: <http://eurosocialsalud.eu/files/
docs/00534.pdf>. Acesso em: 07 nov. 2011.
61
EUROsociAL. IV Ecunentro Internacional de Redes EUROsociAL.
62
SIA. Disponível em: <http://sia.programaeurosocial.eu/index.php>. Acesso em: 18
maio 2012.
63
Programa EUROsociAL. Disponível em: <http://epic.programaeurosocial.eu/buscador/
buscar.php>. Acesso em: 16 abr. 2012.
3.1 Atividades
Como já dito, as atividades implementadas pelo EUROsociAL
dividem-se em cinco eixos temáticos ou setores, de acordo com a ta-
bela abaixo. Quanto às tipologias de atividades, observa-se que são
divididas em quatro áreas: 1. O intercâmbio de experiências, pelo qual
se transferem lições e boas práticas entre as administrações públicas;
2. A sensibilização política; 3. As atividades desenvolvidas pelas redes
setoriais de administrações públicas; 4. O desenvolvimento de planos-
piloto, que permitem a experiência de novas ideias e linhas de ação.
67
EUROsociAL. EUROsociAL EM CIFRAS. Disponível em: <http://sia.programaeurosocial.
eu/informes.cifras.php?tipo=html>. Acesso em: 03 ago. 2011.
68
EUROsociAL. Disponível em: <http://www.programaeurosocial.eu/index.php?PHPSESSI-
D=idurmf3u88as6lgcqcciuvklj3&nIDMenu=32&nIDSeccion=32>. Acesso em: 20 jul. 2011.
69
Governo de Alagoas. Disponível em: <http://www.sefaz.al.gov.br/pef/noticias/LivroLe-
vaExperiencias.pdf>. Acesso em: 07 nov. 2011
70
EUROsociAL. EUROsociAL EM CIFRAS.
71
SIA.
73
ENSP. Disponível em: <http://www.ensp.fiocruz.br/portalensp/informe/materia/index.
php?matid=9593&origem=4. Acesso em: 08 nov. 2011
74
Idem. Acesso em: 08 nov. 2011
77
EUROsociAL. Disponível em: <http://www.programaeurosocial.eu/eurosocial-II/tiki-in-
dex.php?page=SO_EC>. Acesso em 04 abr. 2012.
78
Tentativas feitas com Receita Federal do Brasil e Ministério da Previdência Social.
79
Biblioteca EUROsociAL. Disponível em: <http://biblioteca.programaeurosocial.eu/PDF/
Salud/Salud15.pdf>. Acesso em: 10 maio de 2012.
80
Idem. Disponível em: <http://biblioteca.programaeurosocial.eu/PDF/Salud/Salud9.
pdf>. Acesso em: 10 maio 2012.
81
COM (2009) 495/3. La Unión Europea y América Latina: Una asociación de actores glo-
bales, p. 7.
3.3 PESSOAS
Após analisarmos os dados sobre as atividades (onde elas se
desenvolvem) e as instituições (quais organismos as apóiam), resta-
nos avaliar o último elemento do tripé que sustenta e implementa
as ações dos EUROsociAL, as pessoas. Como a tabela abaixo de-
monstra, os detalhes sobre os participantes consistem em uma
divisão por gênero, região e setores.
82
CONSELHO DA UNIÃO EUROPÉIA. Declaración de Madrid. VI Cumbre UE-ALC, Madrid,
18 de mayo de 2010, p. 9.
83
CORREDOR BIOCEANICO. Disponível em: <http://corredorbioceanico.wordpress.
com/2011/11/08/fundacion-ue-alc-inaugura-sede-yactividades-en-Hamburgo/>.
Acesso em: 10 maio 2012.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o exposto nesse trabalho, os objetivos das
ações desenvolvidos por setores, bem como os resultados exemplifi-
cados nos casos do Paraguai e de Córdoba, na Argentina, condizem
inteiramente com a proposta do Programa prevista no artigo 49 da
Declaração de Guadalajara:
85
EUROsociAL. EUROsociAL em Cifras, p. 1.
86
Idem.
87
EUROPE UNION. Declaration of Guadalajara, 2004, p. 7. Tradução nossa.
88
Disponível em: <http://pt.shvoong.com/law-and-politics/administrative-law/17990
24-princ%C3%ADpios-servi%C3%A7o-p%C3%BAblico/#ixzz1dOh4pY2X>. Acesso em:
12 nov 2011.
5 REFERÊNCIAS
COM (2009) 495/3. La Unión Europea y América Latina: Una asociación de actores
globales, p. 7.
CONSELHO DA UNIÃO EUROPÉIA. Declaración de Madrid. VI Cumbre UE-ALC,
Madrid, 18 de mayo de 2010, p. 9.
CORREDOR BIOCEANICO. Disponível em <http://corredorbioceanico.wor-
dpress.com/2011/11/08/fundacion-ue-alc-inaugura-sede-y-actividades-en-ham-
burgo/>. Acesso em: 15 abr. 2011.
Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). ENSP. Disponível em:
<http://www.ensp.fiocruz.br/portalensp/informe/materia/index.php?matid=95
93& origem=4>. Acesso em: 14 set. 2011.
EUROPE UNION. DECLARATION OF GUADALAJARA. III Cúpula América
Latina, Caribe e União Européia, México. Maio de 2004. EUROsociAL. IV Ecu-
nentro Internacional de Redes EUROsociAL. Folleto EUROsociAL II. Disponível em
< http://www.programaeurosocial.eu/eurosocial-II/tiki-list_file_gallery.php?gal-
leryId=9>. Acesso em: 18 set. 2011.
SHVOONG. Disponível em: <http://pt.shvoong.com/law-and-politics/adminis-
trative-law/1799024-princ%C3%ADpios-servi%C3%A7o-p%C3%BAblico/#ixzz-
1dOh4pY2X>. Acesso em: 12 nov. 2011.
Resumo:
A tendência dos Acordos Internacionais é pela globalização em porte mundial, incrementan-
do e ratificando a necessidade de se romper barreiras jurídicas e políticas envolvendo um
grande esforço no tratamento migratório. O principal objetivo deste Acordo Internacional é
garantir a Seguridade Social prevista na legislação dos dois países, inclusive com o intuito de
criar uma base legal comum quanto às obrigações e aos direitos previdenciários. O sistema
de benefícios previdenciários é hoje percebido como ferramenta de segurança e bem-estar
indispensável para atender às necessidades de estabilidade dos trabalhadores migrantes, e
neste trilho, torna-se obrigatória sua divulgação.
Palavras-chave: Previdência Social – Acordo Internacional – Brasil – Itália.
Sumário:
1. Introdução. 2. Desenvolvimento. 2.1 Direito à Saúde no Cenário Internacional. 2.2 Percurso
Migratório: Brasil-Itália. 2.3 Acordo da previdência Social entre Brasil-Itália. 2.4 Análise da
Efetivação do Acordo. 3. Considerações Finais. 4. Referências
INTRODUÇÃO
A Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz
das Nações Unidas, conforme resoluções aprovadas, cita em seu teor,
as medidas para promover a paz e a segurança internacionais. Con-
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Direito à saúde no cenário internacional
A proteção ao Direito à Saúde e sua consequente legitimação
consagram-se como pressupostos para o pleno desenvolvimento de
cada pessoa, enquanto membro ativo de uma sociedade democrática
e igualitária. Entretanto, para a concretude de tais pressupostos, exi-
ge-se não somente a garantia do acesso universal ao Direito à Saúde,
mas também o seu efetivo cumprimento e satisfação, transcenden-
do desta maneira à esfera nacional e abarcando, assim, questões de
âmbito internacional que circundam a Saúde e seu reconhecimento
como um direito fundamental ao homem.
O Direito à Saúde no Brasil, como aponta a Constituição Fe-
deral de 1988, é um direito de todos e um dever do Estado, calcado
no art. 196 da Carta Magna e garantido mediante políticas sociais
e econômicas que visam à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação. Através deste dispositivo le-
gal o termo saúde se constitui como um direito reconhecido igual-
mente a todo a população, além de ser um meio de preservação e de
qualidade de vida, sendo este o bem máximo da humanidade.
Já na Itália, o Direito à Saúde, através da Constituição da
República Italiana de 1948, se constitui como direito fundamental
do homem, sendo elevado ao status de um dos direitos de soli-
dariedade inviolável, consagrado no art. 32 da Constituição. Por
conseguinte, trata-se de um direito absoluto, ao qual corresponde
o dever de promover e garantir o bem estar de cada indivíduo, en-
quanto membro do Estado Social. Hoje, na sociedade contemporâ-
nea, a saúde é indiscutivelmente um fundamental direito humano,
No Brasil
• Pensão por Morte
• Aposentadoria por Idade
• Aposentadoria por Invalidez
• Aposentadoria por Invalidez por Acidente do Trabalho
• Auxílio-Doença
• Auxílio-Doença por Acidente do Trabalho
• Auxílio-Acidente
• Assistência Médica
Na Itália
• Benefício por Morte
• Benefício por Idade
• Benefício por Invalidez
• Seguro Contra Tuberculose
• Benefício por Maternidade
• Benefício por Doença Profissional
• Benefício por Incapacidade Temporária do Trabalho
• Benefício por Acidente do Trabalho
• Assistência Médica
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Estudo, em seu conjunto, sublinha o crescente papel inter-
nacional que a Previdência Social desempenha, bem como a crescen-
te dimensão de seus atributos e competências em nível da propaga-
ção das relações exteriores, na formulação e consolidação da garantia
da qualidade de vida. A Previdência é um sistema de solidariedade
nacional, administrada por um Estado, e no momento em que ocor-
rem migrações populacionais, encontram-se limites à capacidade de
Resumo:
O presente artigo propõe pensar a noção de hospitalidade na atual conjuntura de crise po-
lítico-econômica internacional. Primeiramente, são demarcados os contextos históricos do
final do século XVIII e do Pós 2ª Guerra Mundial para demonstrar que os ideais de hospita-
lidade e direitos humanos são conseqüências das lutas pela emancipação humana ao longo
da história. Nesse sentido, procura-se evidenciar as condições atuais dos trabalhadores em
decorrência da crescente desigualdade propiciada pelo capitalismo hegemônico e pela crise
financeira. Para investigar, ao final, como garantir segurança e hospitalidade aos trabalha-
dores, se o modelo capitalista valora a guerra lucrativa dos mercados em detrimento da paz
internacional.
Palavras-chave: Democracia – Capitalismo - Direitos Humanos.
Sumário:
1. Introdução. 2. O sonho da paz perpétua 3. Proletários de todos os países, uni-vos! 4. A
Hospitalidade incondicional 5. Do Bem-estar social ao império neoliberal 6. Democracia da
Multidão e Amor político 7. Ação, Reação, Indignação! 8. Considerações Finais 9. Referências.
1 INTRODUÇÃO
Desde a antiguidade grega, os filósofos dedicam-se a estudar
as desigualdades entre os seres humanos e a possibilidade da justi-
ça social. A modernidade, entretanto, desenvolveu esses temas de
89
Marx, Karl; Engels, Friedrich. O Manifesto Comunista. Edição eletrônica: Ridendo Casti-
gat Mores. Versão para eBook. Disponível em: <http://www.ebooksbrasil.org/adobee-
book/manifestocomunista.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2013, p. 11.
90
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos. Trad. Carlos Irineu da Costa. 2. ed. Rio de
Janeiro: Ed. 34, 2009. p. 14.
91
ZIZEK, Slavoj. O ano em que sonhamos perigosamente. Trad. Rogério Bettoni. São Pau-
lo: Boitempo, 2012. p. 16.
92
GALEANO, Eduardo. As palavras andantes. Trad. Eric Nepomuceno. 4ª ed. Porto Ale-
gre: L&PM, 1994. p. 310.
93
KANT, Immanuel. La paz perpetua. Biblioteca Virtual Universal. Disponível em: <http://
www.biblioteca.org.ar/libros/89929.pdf>. Acesso em 13 de Abril de 2013, p. 6.
96
MARX, Karl. Critica da filosofia do direito de Hegel. Trad. Rubens Enderle e Leonardo de
Deus. 2. Ed. São Paulo: Boitempo, 2010. p. 156.
98
DERRIDA, Jacques. Força de Lei: o fundamento místico da autoridade. Trad. Leyla
Perrone-Moisés. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2. ed, 2010, p. 34.
99
LEVINAS, EMMANUEL. Humanismo do outro homem. 3. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009,
p. 49.
100
HADDOCK-LOLO, Rafael. Da existência ao infinito: ensaios sobre Emmanuel Levinas. Rio
de Janeiro: Ed. PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2006.
101
LÉVINAS, Emmanuel. Entre nós. Ensaios sobre a alteridade. Trad. Pergentino Stefano
Pivatto (coord.). Petrópolis: Vozes, 2004. p. 293.
102
Em Força de Lei, Derrida afirma: “eu seria tentado, até certo ponto, a aproximar o con-
ceito de justiça – que tendo a distinguir, aqui, do direito- daquele de Lévinas. Eu o
faria em razão daquela infinidade, justamente, ou da relação heterônoma, cuja infini-
dade não posso tematizar e do qual sou refém. (2010, p. 41, grifo meu). Já em Adeus a
Emmanuel Lévinas, ele desabafa “cada vez que leio ou releio Emmanuel Levinas sinto-
me inundado de gratidão e de admiração, inundado por esta necessidade (...) à justiça,
diz ele em algum lugar, numa poderosa e formidável elipse: a relação ao outro quer
dizer a justiça. (2008, p. 26, grifo meu).
103
DOUZINAS, Costas. O fim dos direitos humanos. São Leopoldo: Unisinos, 2009. p. 353.
104
Ibidem, p. 358.
105
DERRIDA, Jacques. Força de Lei: o fundamento místico da autoridade. Trad. Leyla
Perrone-Moisés. 2. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010. p. 55.
106
Alusão à p. 256 do livro Totalidade e Infinito.
107
KEYNES, J. M. The General Theory of Employment, Interest and Money. New York: HBJ
Book, 1964. p. 378.
108
MANSANO, Sônia Regina Vargas. Sorria, Você Está Sendo Controlado: Resistência e Po-
der na Sociedade de Controle. São Paulo: Summus Editorial, 2009. p. 76.
Com base nisso, Negri constrói sua teoria tendo como inspi-
ração os componentes primordiais do método de Marx: a tendência
histórica, a abstração real, o antagonismo e a constituição da subje-
tividade. Em virtude da ampla dimensão teórica, o presente trabalho
apenas introduz breves noções da filosofia de Negri, a saber: o tra-
balho imaterial, a multidão e a consciência do amor político. Com o
propósito de demonstrar que:
109
HARDT, M.; NEGRI, A. Multidão. Trad. Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Record, 2005. p.
189.
110
HARDT, M.; NEGRI, A. Império. São Paulo: Record, 2005. p. 433-434.
112
HARDT, M.; NEGRI, A. Commonwealth. El proyecto de uma revolución del común. Edi-
ciones Akal, S. A., 2011. p. 193-194.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente texto buscou demonstrar que há “uma guerra em
estado permanente contra o outro. O diferente que é exterminado
para assegurar o êxito da Torre de Babel do capitalismo e da S.A. do
dinheiro.”113 Logo, fica difícil pensar a hospitalidade incondicional
defendida por Levinas na configuração político -econômica atual.
Os trabalhadores, os imigrantes e refugiados são vítimas da brutali-
dade do mercado diariamente. As declarações de direitos humanos,
conquistadas através da luta social, têm uma importante contribui-
ção para assegurar melhores condições aos cidadãos, porém o desejo
revolucionário pela justiça social e fim das desigualdades continua.
A pergunta leninista “que fazer” retorna em tempos de crise
global. Se no Manifesto Comunista, os proletários deveriam se orga-
nizar para transformar a sociedade, hoje os movimentos sociais se
reconstroem no âmbito local, nacional e mundial e fazem resistên-
cia ao poder hegemônico. Ao longo da história, muitos pensadores
manifestaram suas opiniões quanto à transformação da sociedade e
a busca pela paz, o presente trabalho apenas ressaltou algumas teo-
rias sem a pretensão de elencar uma única resposta aos problemas
atuais. O que é incontestável é o desejo de revolução permanente,
pois se ainda hoje é possível ler em manchetes de jornal “Imigrantes
cobram salários atrasados e são baleados na Grécia”, fica evidente
que a evolução e o progresso social não se realizaram completamen-
te como muitos defendem.
113
WARAT, Luis Alberto. A rua grita Dionísio! direitos humanos de alteridade, surrealismo
e cartografia. Trad. Vívian Alves de Assis. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2010. p. 23.
Resumo:
A liberdade de expressão e o direito antidiscriminatório constituem objeto de preocupação
crescente no continente europeu. Para fazer frente ao desafio de convivência respeitosa en-
tre grupos culturais, étnicos, religiosos e sociais díspares, o Sistema Europeu de Proteção dos
Direitos Humanos tem imposto limites à liberdade de expressão, de modo a coibir o discurso
de ódio. Ao debruçar-se sobre a matéria, a Corte Europeia dos Direitos do Homem (CEDH) de-
senvolveu parâmetros para definir os limites à liberdade de expressão em casos envolvendo
manifestações racistas, antissemitas e xenófobas. Paralelamente às dificuldades enfrentadas
por minorias culturais, étnicas e religiosas, as minorias sexuais têm seu reconhecimento no
espaço público colocado constantemente à prova por discursos discriminatórios. Tendo em
vista essa situação, o objetivo do presente estudo é identificar os parâmetros adotados pela
CEDH para definir os limites da liberdade de expressão face ao discurso de ódio, bem como
avaliar a sua aplicação para coibir manifestações homofóbicas.
Palavras-chave: liberdade de expressão – discurso de ódio – Corte Europeia de Direitos
Humanos – minorias sexuais.
Sumário:
1. Introdução. 2. A Convenção Europeia de Direitos Humanos e a jurisprudência da CEDH. 2.1
A aplicação do art. 17 da Convenção Europeia. 2.2 A aplicação do §2º do art. 10 da Convenção
Europeia. 2.3 A jurisprudência da CEDH em matéria de minorias sexuais e o caso Vejdeland e
outros v. Suécia. 3. Considerações Finais. 4. Referências.
114
COMITÊ DE MINISTROS DO CONSELHO DA EUROPA. Recommendation No. R (97)
20 of the Committee of Ministers to member states on “hate speech”, 1997, p. 107. É
interessante mencionar, ainda, que o Conselho da Europa redigiu um protocolo adicional
à Convenção sobre Crimes Cibernéticos prevendo a criminalização de atos racistas e
xenófobos praticados via internet. Muito embora nem todos os países tenham ratificado
o protocolo em questão, ele não deixa de servir como parâmetro para a análise de casos
concretos envolvendo manifestações odiosas por meio da internet.
115
COMITÊ DE MINISTROS DO CONSELHO DA EUROPA. Recommendation no. R (97) 21
of the Committee of Ministers to member states on the media and the promotion of a
culture of tolerance, 1997, p. 109-111.
116
A declaração assevera que, muito embora as discussões políticas demandem, natu-
ralmente, um campo mais amplo para a liberdade de expressão – de modo a garantir
um ambiente democrático – o debate político não acoberta opiniões racistas ou que
incitem ao ódio. Cf. COMITÊ DE MINISTROS DO CONSELHO DA EUROPA. Declaration on
freedom of political debate in the media, 2004.
117
COMITÊ DE MINISTROS DO CONSELHO DA EUROPA. Recomendação CM/Rec(2010)5 do
Comitê de Ministros aos Estados-Membros sobre medidas para o combate à discrimi-
nação em razão da orientação sexual ou da identidade de gênero, 2010.
118
“B. “Discursos de ódio”: 6. Os Estados-Membros devem adotar as medidas apropria-
das ao combate de todas as formas de expressão, nomeadamente na comunicação
social e na Internet, que possam ser razoavelmente entendidas como suscetíveis de in-
citar, difundir ou promover o ódio ou outras formas de discriminação contra as pessoas
lésbicas, gays, bissexuais e transgénero. Tais “discursos de ódio” devem ser proibidos
e publicamente condenados sempre que ocorram. Todas as medidas devem respeitar
o direito fundamental à liberdade de expressão, nos termos do Artigo 10.º da Con-
venção e da jurisprudência do Tribunal. 7. Os Estados-Membros devem sensibilizar as
autoridades e instituições públicas a todos os níveis para a sua responsabilidade de
se absterem de prestar declarações, em particular à comunicação social, que possam
ser razoavelmente interpretadas como legitimando esse ódio ou discriminação. 8. Os/
As funcionários/as públicos/as e outros/as representantes estatais devem ser enco-
rajados/as a promover a tolerância e o respeito pelos direitos humanos das pessoas
lésbicas, gays, bissexuais e transgénero sempre que dialoguem com representantes
chave da sociedade civil, incluindo a comunicação social, organizações desportivas, or-
ganizações políticas e comunidades religiosas”. Ibidem.
a faculdade de barrar essas ações, mas o dever de fazê-lo, inclusive de forma preven-
tiva. Por outro lado, há quem considere o art. 17 um dispositivo problemático, pois
sumariamente priva condutas – à primeira vista protegidas pela Convenção Europeia
– de proteção, ao contrário do §2º do art. 10 que conta com um mecanismo refinado
para auferir a convencionalidade das intervenções estatais em prejuízo da liberdade de
expressão. Ibidem, p. 4-5.
126
À época dos julgamentos sobre liberdade de expressão e defesa do totalitarismo, a
Comissão Europeia ainda existia, intermediando o acesso de indivíduos à CEDH. Com a
entrada em vigor do Protocolo 11 à Convenção, em 1º de novembro de 1998, a Comis-
são foi extinta, tendo o indivíduo, acesso direto à Corte. Cf. Protocol No. 11 to the Con-
vention for the Protection of Human Rights and Fundamental Freedoms, Estrasburgo,
1994. Disponível em: <http://conventions.coe.int/Treaty/en/Treaties/Html/155.htm>.
Acesso em: 8 fev 2013.
127
“The Commission also refers to Article 17 of the Convention which provides that noth-
ing in the Convention shall be interpreted as implying for any group or person any right
to engage in any activity aimed at the destruction or limitation of the Convention rights
[…]. The Commission notes that National Socialism is a totalitarian doctrine incompati-
ble with democracy and human rights and that its adherents undoubtedly pursue aims
of the kind referred to in Article 17”. Cf. COMISSÃO EUROPEIA DE DIREITOS HUMANOS.
Case of B.H., M.W., H.P. and G.K. v. Austria (12774/87), Estrasburgo, 1989. Disponível
em: <http://hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-1039>. Acesso em:
8 fev 2013. Cf. CEDH. Case of Schimanek. v. Austria (32307/96), Estrasburgo, 2000. Di-
sponível em: <http://hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-24075>.
acesso em: 8 fev 2013; “the pursuit of such ultimate objectives on the apolicants’ own
admission, implies transition through the stages advocated by fundamental Communist
doctrine, the essential stage being dictatorship of the proletariat; whereas recourse to
a dictatorship for the establishment of a régime is incompatible with the Convention”.
Cf. COMISSÃO EUROPEIA DE DIREITOS HUMANOS. Case of Communist Party (KPD) v.
the Federal Republic of Germany (250/57), Estrasburgo, 1957.
128
Cf. COMISSÃO EUROPEIA DE DIREITOS HUMANOS. Case Marais v. France (31159/96),
Estrasburgo, 1996. Disponível em: <http://hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.
aspx?i=001-2362>. Acesso em: 9 fev 2013; Cf. COMISSÃO EUROPEIA DE DIREITOS HU-
MANOS. Case of Honsik v. Austria (25062/94), Estrasburgo, 1995. Em decisões mais
recentes, a Corte chegou a afirmar que “há determinada categoria de fatos históricos
– como o Holocausto – cuja negação ou revisão seria removida do campo de prote-
ção do art. 10 pelo art. 17” e que “negar a prática de crimes contra a humanidade é
uma das formas mais sérias de difamação racial dos judeus e um incitamento ao ódio
contra eles” (traduções não oficiais). Cf. CEDH. Case of Garaudy v. France (65831/01),
Estrasburgo, 2003. Disponível em: <http://hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.
aspx?i=001-23829>. Acesso em: 9 fev 2013.
129
A título de exemplo, pode-se mencionar a análise de admissibilidade no caso Glimmer-
veen and Hagenbeek v. the Netherlands, o qual envolveu a distribuição de panfletos
destinados “aos holandeses brancos”, enfatizando a necessidade de expulsar da Holan-
da, estrangeiros “indesejados”, como os nacionais do Suriname e turcos, tidos por “não
-brancos”. Cf. COMISSÃO EUROPEIA DE DIREITOS HUMANOS. Case of Glimmerveen and
Hagenbeek v. the Netherlands (8348/78), Estrasburgo, 1979. Em outro caso, Jersild v.
Denmark, julgado em 1994, a Corte destaca o caráter ofensivo de algumas expressões
racistas – “eles [os negros] não são seres humanos, são animais”, “olhe a foto de um
gorila e olhe para a foto de um negro, é a mesma estrutura corporal e tudo mais”,
“eles estão aqui [os imigrantes] em razão das drogas”, “nós não gostamos quando eles
andam com suas roupas “africanas” e falam a sua língua hula-hula na rua” (tradução
não-oficial) – afirmando que elas sequer encontram-se no âmbito de proteção do art.
10. Cf. CEDH. Case of Jersild v. Denmark (15890/89), Estrasburgo, 1994, disponível em:
<http://hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-57891>, acesso em 10
fev 2013. No contexto do aumento da intolerância contra populações muçulmanas, a
CEDH considerou a colocação de um pôster – em uma residência privada, do autor da
iniciativa – com as Torres Gêmeas em chamas, o símbolo do Islamismo com um sinal de
“proibido” e os dizeres “Islã fora do Reino Unido – Proteja a população britânica”, como
constituindo discurso de ódio, um ataque aos muçulmanos que vivem no Reino Unido,
porquanto os vinculou a um ato de terrorismo. Assim, considerou que o referido ato
era caso de aplicação do art. 17. Cf. CEDH. Norwood v. The United Kingdom (23131/03),
Estrasburgo, 2004. Disponível em: <http://hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.
aspx?i=001-67632>. Acesso em: 10 fev. 2013.
130
WEBER, Anne. op. cit., p. 30-32. Cf. também TULKENS, Françoise. op. cit., p. 7.
131
Dentre os “direitos de terceiros” as quais alude o art. 10, §2º, deve-se mencionar as
crenças religiosas, pois a CEDH já afirmou que os Estados podem adotar medidas para
limitar a liberdade de expressão nos casos em que manifestações contrárias a uma
determinada crença religiosa forem efetivamente ofensivas. Como o potencial lesivo
de uma manifestação dessa ordem varia amplamente a depender do contexto cultural
em que acontece, a CEDH opta por conceder maior margem de apreciação aos Estados
nesses casos, julgando que as autoridades locais têm maior conhecimento da realidade
interna. Ibidem, p. 49.
132
A margem de apreciação é um conceito desenvolvido pela CEDH, implicando a “sub-
sidiariedade da jurisdição internacional”. Em síntese, a Corte analisa a conformidade
do arbitramento realizado no plano interno do Estado envolvido com o plano euro-
peu. Não havendo consenso no plano europeu, a Corte geralmente não se pronuncia e
concede margem de apreciação ao Estado parte no processo, deixando de reconhecer
uma eventual violação de direitos de grupos minoritários. O fundamento seria a maior
legitimidade e conhecimento das sociedades locais para decidir questões polêmicas
ainda não solucionadas no plano europeu. Cf. CARVALHO RAMOS, André. Teoria Geral
dos Direitos Humanos na Ordem Internacional. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 110-
111. Nos casos envolvendo liberdade de expressão e discurso de ódio, a CEDH concede
margem de apreciação menor quando há incitação ao ódio ou à violência, e margem
de apreciação menor quando se trata de ofensa a convicções pessoais relativas à moral
ou à religião. Cf. WEBER, Anne. op. cit., p. 32.
133
Tulkens assinala, no desenvolvimento recente da jurisprudência da CEDH em matéria
de liberdade de expressão e discurso de ódio, três fases distintas: (i) a partir dos anos
2000, o surgimento de casos contra a Turquia tratando da “glorificação da violência”
atribuída ao PKK – Partido dos Trabalhadores do Curdistão, considerado como uma
organização terrorista por alguns Estados; (ii) a partir de 2008, julgamentos abordando
o discurso racista e a propaganda odiosa; e (iii) em 2012, a emergência de uma nova di-
mensão da proteção contra o discurso de ódio: a interferência estatal contra discursos
homofóbicos. Cf. TULKENS, Françoise. op. cit., p. 8.
134
Ibidem.
137
No caso Erbakan v. Turquia, a CEDH afirmou que o discurso político tem maior prote-
ção da liberdade de expressão. Contudo, a Corte também ressaltou que a tolerância
e o respeito pela igualdade de todos os seres humanos constituem a base de uma
sociedade democrática e pluralista e que, no caso, os comentários atribuídos ao Sr.
Erbakan revelam uma visão da sociedade organizada exclusivamente em torno de va-
lores religiosos. Essa visão parece difícil de conciliar com o pluralismo que caracteriza
as sociedades contemporâneas e democráticas. Usando terminologia religiosa, o Sr. Er-
bakan teria diminuído bastante a diversidade inerente a qualquer sociedade, com uma
simples divisão entre “crentes” e “descrentes”. Seu discurso, proferido na cidade turca
de Bingöl – cujos habitantes haviam sido vítimas de atos terroristas perpetrados por
uma organização fundamentalista – teria potencial para incitar ao ódio contra minorias
religiosas (cristãos, ateus e até aqueles que, apesar de muçulmanos, eram favoráveis
ao secularismo). A CEDH considerou, portanto, que os políticos devem evitar manifes-
tações que promovam a intolerância. Cf. CEDH. Case of Erbakan v. Turkey (59405/00),
Estrasburgo, 2006, parágrafos 55-71. Disponível em: <http://hudoc.echr.coe.int/sites/
eng/pages/search.aspx?i=001-76232>. Acesso em: 20 fev. 2013. Mais recentemente,
no caso Balsytė-Lideikienė v. Lituânia, a CEDH ressaltou o caráter político do calendário
publicado pela requerente. Contudo, considerou que certas expressões empregadas
no material (“a nação lituana só irá sobreviver sendo uma nação nacionalista”, “a ocu-
pação soviética, com a ajuda de muitos [...] judeus [...] empreenderam o genocídio e a
colonização da nação lituana”, “os poloneses, em época de guerra, realizaram limpeza
étnica”, dentre outras) eram dotadas de nacionalismo agressivo e etnocentrismo, além
de incitarem potencialmente ao ódio contra judeus e poloneses. No fim, acabou se po-
sicionando pela convencionalidade da intervenção do governo lituano que resultou no
confisco dos calendários publicados. Cf. CEDH. Case of Balsytė-Lideikienė v. Lithuania
(72596/01), Estrasburgo, 2008, parágrafos 78-80. disponível em: <http://hudoc.echr.
coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-89307>. Acesso em: 08 mar. 2013.
138
“[O]bligation to avoid as far as possible expressions that are gratuitously offensive to
others and thus an infringement of their rights, and which therefore do not contribute
to any form of public debate”. Essa obrigação decorre dos “deveres” e “responsabili-
dades” aos quais o art. 10, §2º da Convenção Europeia faz alusão. Cf. CEDH. Case of
Gündüz v. Turkey (35071/97). Op. cit., parágrafo 37; Cf. CEDH. Case of Erbakan v. Turkey
(59405/00). Op. cit., parágrafo 55.
139
Cf. CEDH. Case of Otto-Preminger-Institut v. Austria (13470/87), Estrasburgo, 1994,
parágrafo 47. Disponível em: <http://hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.as-
px?i=001-57897>. Acesso em: 28 fev. 2013. No caso, a CEDH destacou que a medida
tomada pelo Estado austríaco de apreender e retirar de circulação o filme Das Lie-
beskonzil de Werner Schroeter tinha um objetivo legítimo, qual seja, a proteção de
direito de terceiros – no caso, do sentimento religioso. Ainda que tenha destacado a
necessidade de tolerância face às críticas direcionadas a crenças religiosas em geral, a
Corte considerou que a forma provocativa como Deus, a Virgem Maria e Jesus foram
retratados no filme poderia ser interpretada como uma ofensa pela maioria da popula-
ção do Tirol. Assim, concluiu que as autoridades austríacas, tendo maior conhecimento
sobre a realidade local e o potencial ofensivo do filme, não excederam a sua margem
de apreciação, quando intervieram determinando a apreensão e a retirada de circula-
ção do material.
140
WEBER, Anne. Op. cit., p. 52.
141
No caso Incal v. Turquia, a CEDH decidiu favoravelmente ao Sr. Incal, considerando que
a sua condenação pela distribuição de panfletos criticando duramente o governo não
era justificável, pois o material distribuído se reportava a eventos – medidas contra
comerciantes irregulares de rua e de moluscos – que de fato haviam ocorrido e que
eram do interesse dos habitantes de Izmir. Tratando da intenção do Sr. Incal (parâmetro
discutido no item “I” acima), a Corte considerou não haver evidências para afirmar
que o seu intento ia além de relatar as ocorrências e clamar por uma mobilização po-
lítica dos interessados (o Sr. Incal menciona a organização de “comitês de bairro”), in-
citando ao ódio e à violência. Cf. Case of Incal v. Turkey (22678/93), Estrasburgo, 1998,
parágrafos 50-51. Disponível em: <http://hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.
aspx?i=001-58197>. Acesso em 20 fev. 2013.
142
CEDH. Case of Lehideux and Isorni v. France (24662/94), Estrasburgo, 1998, pará-
grafo 47. Disponível em: <http://hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.as-
px?i=001-58245>. Acesso em: 20 fev. 2013. Um exemplo de fato histórico tido como
certo é o Holocausto. Cf. CEDH. Case of Garaudy v. France (65831/01). Op. cit.
143
Cf. CEDH. Case of Incal v. Turkey (22678/93). Op. cit., parágrafo 46; CEDH. Case of Er-
bakan v. Turkey (59405/00). Op. cit., parágrafo 64. Em Féret v. Bélgica, o requerente,
membro do parlamento e presidente de um partido de extrema direita, foi condenado
a cumprir 250 horas de serviço comunitário e proibido de lançar candidatura por dez
anos, em virtude de incitação à discriminação e ao ódio racial por meio da publicação
de folhetos em período eleitoral. A Corte considerou que a interferência do Estado
belga não representou violação ao art. 10 da Convenção Europeia, assinalando, pela
150
No caso Nilsen e Johnsen v. Noruega, a Corte deparou-se com a resposta de represen-
tantes da polícia a trabalhos publicados sobre violência policial na cidade de Bergen por
um professor universitário. Os requerentes afirmaram que os trabalhos em questão
constituíam uma farsa, estavam repletos de mentiras, inclusive fabricando alegações
de brutalidade de polícia. Além disso, diziam que a motivação do seu autor era indigna,
maliciosa e desonesta. Em sua análise, a Corte deu ênfase na conduta do autor dos tra-
balhos em questão, entendo que ele fez duras críticas aos métodos e ética da polícia de
Bergen e que, portanto, a reação dos requerentes – que atuavam como representante
da instituição policial – foi, em geral, aceitável. Cf. CEDH. Case of Nilsen and Johnsen v.
Norway (23118/93), Estrasburgo, 1999, parágrafos 45-53. Disponível em: <http://hu-
doc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-58364>. Acesso em: 25 fev. 2013.
151
Muito embora tenha decidido que a intervenção do poder judiciário turco não violou
o art. 10 da Convenção Europeia, a CEDH afirmou que “à imprensa incumbe transmitir
informações e ideias sobre questões políticas, inclusive as que constituírem polêmica”.
Cf. CEDH. Case of Halis Doğan v. Turkey (4119/02). Op. cit., parágrafo 32.
152
No caso Jersild v. Dinamarca, a CEDH considerou relevante o fato de as manifestações
terem sido transmitidas em um programa de notícias para um público bem informado
e de o apresentador não comungar das opiniões expressadas, o que era possível con-
cluir a partir da forma como conduziu o programa. Cf. CEDH. Case of Jersild v. Denmark
(15890/89). Op. cit. Consideração semelhante sobre a estrutura do programa fez a
dos aspectos mais relevantes para a decisão da Corte no sentido de que a interferên-
cia estatal era justificável foi o lugar da disseminação das manifestações homofóbicas:
uma escola. A opinião concorrente do Juiz Boštjan M. Zupančič assinala que as escolas
encontram-se mais protegidas, não sendo um espaço público, de modo que a dissemi-
nação de informações de qualquer natureza, promovida por um intruso, requer a apro-
vação das autoridades da instituição de ensino. O juiz afirma, ainda, que se as mesmas
palavras fossem publicadas em um jornal, por exemplo, elas provavelmente não resul-
tariam em uma persecução penal. Cf. CEDH. Case of Vejdeland and others v. Sweden
(1813/07), Estrasburgo, 2012, parágrafos 9 e 12. Disponível em: <http://hudoc.echr.
coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-109046>. Acesso em: 26 fev. 2013.
159
No caso Gündüz v. Turquia, a Corte afirmou que a proporcionalidade da condenação
a pena privativa de liberdade de dois anos não precisava ser analisada, pois já restava
evidente que a interferência na liberdade de expressão do requerente não tinha justifi-
cativa com base no art. 10 da Convenção. CEDH. Case of Gündüz v. Turkey (35071/97).
Op. cit., parágrafo 52. Em outro caso, a CEDH ressaltou que o fato de a interferência ter
sido mais branda – a imposição de uma pena de multa – não elidia a responsabilidade
do Estado pelo ato lesivo à liberdade de expressão do requerente. Cf. CEDH. Case of
Jersild v. Denmark (15890/89). Op. cit., parágrafo 35.
160
A Corte considerou que a condenação do Sr. Incal a pena de prisão, somada a multa
e suspensão da habilitação de motorista, em conjunto com o impedimento para exer-
cer função pública ou participar de atividades em organizações políticas, associações
e sindicatos, constituiu intervenção radical e desproporcional ao fim visado. Cf. CEDH.
Case of Incal v. Turkey (22678/93). Op. cit., parágrafos 56-59; a Corte também entendeu
como “muito severas” as penas de prisão, multa e suspensão de direitos civis e políti-
cos prescritas cumulativamente para o requerente. Cf. CEDH. Case of Erbakan v. Turkey
(59405/00). Op. cit., parágrafo 69.
161
CEDH. Case of Karataş v. Turkey (23168/94). Op. cit., parágrafo 53.
162
CEDH. Case of Incal v. Turkey (22678/93). Op. cit., parágrafo 56.
163
WEBER, Anne. op. cit., p. 44.
164
No caso Incal v. Turquia, a Corte afirmou que o comitê executivo do Halkın Emek Partisi
pediu autorização à prefeitura de Izmir para distribuir os informativos que foram con-
siderados como “propaganda separatista”. Ao invés de tomar medidas duras mencio-
nadas na nota 51, a Corte assinalou que as autoridades poderiam solicitar mudanças
aos textos, para que eles pudessem ser distribuídos normalmente, sem representar um
perigo à unidade do país. CEDH. Case of Incal v. Turkey (22678/93). Op. cit., parágrafo
55. Em Lehideux e Isorni v. França, a Corte também considerou excessiva condenação
criminal pela publicação de anúncio justificando ações de Philippe Pétain – chefe de Es-
tado da França de Vichy – e omitindo fatos históricos conhecidos. Apesar de tendencio-
so, o anúncio visava a revisão da condenação de Pétain, e não do Holocausto – inclusive
repudiando atrocidades nazistas –, de modo que o emprego de remédios cíveis pelas
autoridades judiciárias francesas seria mais adequado. Cf. CEDH. Case of Lehideux and
Isorni v. France (24662/94). Op. cit., parágrafo 57.
165
A Corte avaliou a demora em quatro anos e cinco meses para a instauração de um
processo criminal após os fatos, no caso Erbakan v. Turquia, como “não razoavelmente
proporcional aos objetivos visados”. Cf. CEDH. Case of Erbakan v. Turkey (59405/00).
Op. cit., parágrafo 70.
166
Também no caso Lehideux e Isorni v. França, a CEDH advertiu que o anúncio, o qual
resultou no processo criminal contra os requerentes, integrava o objeto de duas as-
sociações legalmente constituídas, as quais não sofreram qualquer intervenção em
suas atividades. Cf. CEDH. Case of Lehideux and Isorni v. France (24662/94). Op. cit.,
parágrafo 56.
167
CEDH. Case of Vejdeland and others v. Sweden (1813/07). Op. cit.
168
Como o objetivo do presente estudo é tratar especificamente do discurso de ódio, mos-
tra-se desnecessário o aprofundamento no estudo da jurisprudência da CEDH acerca
de outros direitos das minorias sexuais. Para verificar os julgamentos mencionados
acima sucintamente, cf. SWIEBEL, Joke; VEUR, Dennis van der. Hate crimes against les-
bian, gay, bisexual and transgender persons and the policy response of international
governmental organizations. In: Netherlands Quarterly of Human Rights, v. 27, n. 4,
Antuérpia: Intersentia, p. 19-20. Cf. também: INTERNATIONAL COMISSION OF JURISTS.
Sexual orientation and gender identity in human rights law – Jurisprudential, Legislative
and Doctrinal References from the Council of Europe and the European Union. Genebra:
International Comission of Jurists, 2007, 234 p.
169
CEDH. Case of Christine Goodwin v. UK, Estrasburgo, 2002. Disponível: <http://hudoc.
echr.coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-60596>. Acesso em 22 mar. 2013.
170
CEDH. Case of Christine Goodwin v. UK, Estrasburgo, 2002. Disponível: <http://hudoc.
echr.coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-60596>. Acesso em: 22 mar. 2013, pa-
rágrafo 8, tradução não oficial.
171
Interessante mencionar que a opinião concorrente da Juíza Yudkivska, compartilhada
pelo juiz Villiger, afirma não ser possível sequer garantir a proteção do art. 10 da Con-
venção a uma manifestação que vincula o grupo social dos homossexuais à “praga do
século vinte”. Segundo a juíza, o caso em questão não trata unicamente da ponderação
entre o exercício da liberdade de expressão e do direito de um determinado grupo
de pessoas à reputação: o discurso de ódio empregado é destrutivo para a socieda-
de democrática como um todo, pois ‘mensagens prejudiciais ganharão crédito, com
concomitante resultado de discriminação e talvez até violência contra grupos mino-
ritários. Assim, não deveria receber qualquer proteção’. A juíza vai além, afirmando
que “as estatísticas de crimes odiosos mostram que a propaganda do ódio gera da-
nos, sejam imediatos ou potenciais”. Cf. CEDH. Case of Vejdeland and others v. Sweden
(1813/07) - Concurring Opinion of Judge Yudkivska Joined by Judge Villiger, parágrafos
9-11 (tradução não oficial).
172
A opinião concorrente do juiz Spielmann, compartilhada pela juíza Nußberger, destaca,
inclusive, a Recomendação CM/Rec(2010)5 do Comitê de Ministros dos Estados-mem-
bros do Conselho da Europa, segundo a qual “o tratamento não-discriminatório por
atores estatais, bem como, quando apropriadas, as medidas estatais positivas para a
proteção pelo tratamento discriminatório, inclusive por agentes não-estatais, são com-
ponentes fundamentais do sistema internacional de proteção dos direitos humanos e
das liberdades fundamentais”. CEDH. Case of Vejdeland and others v. Sweden (1813/07)
174
“[I]nciting to hatred does not necessarily entail a call for an act of violence, or other
criminal acts. Attacks on persons committed by insulting, holding up to ridicule or slan-
dering specific groups of the population can be sufficient for the authorities to favour
combating racist speech in the face of freedom of expression exercised in an irrespon-
sible manner” (tradução não oficial). Ibidem, parágrafo 55.
175
Ibidem. A CEDH já havia se posicionado a esse respeito no caso Smith e Grady v. Reino
Unido. O caso abordou o banimento de homossexuais das forças armadas, em virtu-
de de alegados sentimentos negativos de colegas heterossexuais, o que prejudicaria a
coesão e moral das unidades militares. O caso culminou com a declaração da Corte de
que esse sentimento negativo não pode justificar uma interferência do Estado – como
o banimento dos homossexuais das forças armadas – da mesma forma como está jus-
tificada a intervenção para apaziguar sentimentos negativos contra pessoas de outra
raça, origem e cor. Cf. CEDH. Case of Smith and Grady v. The United Kingdom, Estras-
burgo, 1999, parágrafo 97. Disponível em: <http://hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/
search.aspx?i=001-58408>. Acesso em: 07 mar. 2013.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No dispositivo da sentença do caso Vejdeland e outros v. Sué-
cia, os juízes decidiram, unanimemente, que a medida adotada pela
Suécia para proteger os direitos dos homossexuais enquanto grupo
social não violou o art. 10 da Convenção Europeia, porquanto jus-
tificável a limitação da liberdade de expressão no caso, nos termos
do § 2º do mesmo dispositivo legal. Desta forma, o caso coloca fim a
qualquer argumento contrário à proteção das minorias sexuais face
ao discurso de ódio.
Evidenciou-se, a partir da menção a outros precedentes da
Corte e do raciocínio jurídico empregado por ela, que a proteção das
minorias sexuais contra discursos homofóbicos segue os mesmos
176
Aqui é interessante frisar a informação trazida pelos juízes Spielmann e Nußberger com
base em estudos financiados por alguns dos Estados-membros, de que os estudantes
LGBT sofrem bullying tanto de seus colegas, quanto de seus professores. Cf. CEDH. Case
of Vejdeland and others v. Sweden (1813/07) - Concurring Opinion of Judge Spielmann
Joined by Judge Nussberger, parágrafo 7.
177
Case of Vejdeland and others v. Sweden (1813/07) - Concurring Opinion of Judge Bošt-
jan M. Zupančič, parágrafo 9.
178
CEDH. Case of Vejdeland and others v. Sweden (1813/07). Op. cit., parágrafo 58.
4 REFERÊNCIAS
CARVALHO RAMOS, André. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacio-
nal. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.
CEDH. Case of Balsytè-Lideikienè v. Lithuania (72596/01), Estrasburgo, 2008. Dispo-
nível em: <http://hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-89307>.
Acesso em: 08 mar. 2013.
CEDH.Case of Castells v. Spain (11798/85), Estrasburgo, 1992. Disponível em: <http://
hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-57772>. Acesso em: 25 fev.
2013.
CEDH. Case of Christine Goodwin v. UK, Estrasburgo, 2002. Disponível: <http://
hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-60596>. Acesso em: 22
mar. 2013.
CEDH. Case of Erbakan v. Turkey (59405/00), Estrasburgo, 2006. Disponível em:
<http://hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-76232>. Acesso
em: 20 fev. 2013.
CEDH. Case of Féret v. Belgium (15615/07), Estrasburgo, 2009. Disponível em:
<http://hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-93626>. Acesso
em: 08 mar. 2013.
CEDH. Case of Gündüz v. Turkey (35071/97), Estrasburgo, 2003. Disponível em:
<http://hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-61522>. Acesso
em: 12 fev. 2013.
CEDH. Case of Garaudy v. France (65831/01), Estrasburgo, 2003. Disponível em:
<http://hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-23829>. Acesso
em: 9 fev. 2013.
CEDH.Case of Halis Doğan v. Turkey (4119/02), Estrasburgo, 2006. Disponível em:
<http://hudoc.echr.coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-77351>. Acesso
em: 12 fev. 2013.
179
TULKENS, Françoise. Op. cit., p. 15.
Resumo:
O estudo do Direito Internacional dos Direitos Humanos situa o ser humano como verdadeiro
sujeito do direito internacional, cuja proteção intrínseca é a de resguardar a sua dignidade
humana, o que envolve também a revisão da própria noção tradicional de soberania estatal.
Neste breve estudo, procurou-se demonstrar em linhas gerais a trajetória história do Direito
Internacional dos Direitos Humanos e relacioná-lo com o Direito da Criança e do Adolescente
no Brasil. O principal objeto desta pesquisa envolve situar a criança e o adolescente como su-
jeito de direitos, bem como, sujeitos do Direito Internacional dos Direitos Humanos, e como
tal, tentar verificar qual resposta normativa o sistema internacional e o sistema internam dão
para os riscos a que estão expostos estes sujeitos à publicidade mercadológica. E isso por-
que devido ao processo de desenvolvimento em que se encontram, crianças e adolescentes
Sumário:
1. Introdução. 2. O Direito Internacional dos Direitos Humanos: apontamentos iniciais e a
força normativa das convenções no sistema jurídico brasileiro. 3. Conhecendo os direitos de
crianças e adolescentes: um olhar para o sistema normativo brasileiro. 4. Publicidade merca-
dológica versus a proteção integral: conhecendo o âmbito internacional e interno na perspec-
tiva de garantia de direitos humanos. 5. Considerações finais. 6. Referências bibliográficas.
1 INTRODUÇÃO
A proteção integral aos direitos de crianças e adolescentes
está consagrada na Convenção Internacional dos Direitos da Criança
de 1989 e outros documentos internacionais. No Brasil esta proteção
foi garantia a partir da promulgação da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, no qual conferiu às crianças e adoles-
centes o reconhecimento de sujeitos de direitos, sendo-lhes reconhe-
cido a condição de pessoas em estágio peculiar de desenvolvimento.
Por essa razão gozam de absoluta prioridade na efetivação dos seus
direitos fundamentais, assegurados de forma compartilhada pelo
Estado, família e sociedade.
Passados mais de 20 anos da aprovação do Estatuto da Crian-
ça e do Adolescente, Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, os desafios
impostos à efetivação dos direitos fundamentais da infância e ado-
lescência ainda são imensos. E, diante disso é imprescindível es-
tudar a efetividade da proteção integral de crianças e adolescentes
expostas à informação publicitária mercadológica no plano interna-
cional e verificar se o modelo de proteção brasileiro é adequado para
a proteção e a garantia de direitos à infância e adolescência, uma vez
180
Entre os tratados internacionais em matéria de direitos humanos ratificados pelo Brasil
após a Constituição Federal de 1988 estão: Convenção Interamericana para Prevenir e
Punir a Tortura, em 20 de julho de 1989; Convenção Contra a Tortura e outros Trata-
mentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, em 28 de setembro de 1989; Convenção
sobre os Direitos da Criança, em 24 de setembro de 1990; Pacto Internacional dos Di-
reitos Civis e Políticos, em 24 de janeiro de 1992; Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e culturais, em 24 de janeiro de 1992;
Convenção Americana de Direitos Humanos, em 25 de setembro de 1992; Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, em 27 de
novembro de 1995; Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança
sobre a Venda, Prostituição e Pornografias infantis, em 27 de janeiro de 2004. E outros
instrumentos. (PIOVESAN, 2008, p. 24)
181
O artigo 227 da Constituição Federal de 1988 recentemente sofreu alterações decor-
rentes da Emenda Constitucional nº 65, de 13 de julho de 2010 e passou a vigorar com
a seguinte redação: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança,
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à ali-
mentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito,
à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” Em-
bora a categoria “jovem” tenha sido incluída na redação do artigo que regulamenta o
Direito da Criança e do Adolescente neste país, esta pesquisa não abarcará os direitos
de juventude, pois entende em que em muitos casos há incompatibilidade entre as
duas doutrinas. Assim, esta pesquisa será destinada a pesquisar sobre os direitos da in-
fância e adolescência sob os preceitos jurídicos, sociais e políticos contidos no Estatuto
da Criança e do Adolescente.
182
De acordo com PEREIRA (1999, p. 15), “ser sujeitos de direitos significa, para a popula-
ção infanto-juvenil, deixar de ser tratada como objeto passivo, passando a ser, como os
adultos, titular de direitos juridicamente protegidos.”
Art.17
1 – Os Estados Partes reconhecem a função importante de-
sempenhada pelos meios de comunicação e zelarão para
que a criança tenha acesso a informações e materiais proce-
dentes de diversas fontes nacionais e internacionais, espe-
cialmente informações e materiais que visem promover seu
bem-estar social, espiritual e moral e sua saúde física
e mental.
183
Outros princípios regidos pelo Direito do Consumidor deverão ser estudados ao longo
do desenvolvimento desta pesquisa, entre os quais destacam-se: 1) princípio da boa-
fé e da equidade; 2) princípio da veracidade da mensagem publicitária; 3) princípio
da não-abusividade da publicidade; 4) princípio da reparabilidade objetiva dos danos
publicitários.
184
Informação disponível em: <http://www.conar.org.br/>. Acesso em 20 abr. 2013.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo do Direito Internacional dos Direitos Humanos que
passa a situar o ser humano como verdadeiro sujeito do direito inter-
nacional, cuja proteção intrínseca é a de resguardar a sua dignidade
humana, envolve revisar também a própria noção tradicional de so-
berania estatal.
Neste breve estudo, procurou-se demonstrar em linhas gerais
a trajetória história do Direito Internacional dos Direitos Humanos
e relacioná-lo com o Direito da Criança e do Adolescente no Brasil.
6 REFERÊNCIAS
ANNONI, Danielle. Os sessenta anos da Declaração Universal dos Direitos Huma-
nos das Nações Unidas: contribuições e perspectivas. In: Direito, Estado e Sociedade.
v. 4, n. 33, p. 19-35, São Paulo: PUC, 2008.
BARBOSA, Lívia; CAMPBELL, Colin (Orgs.). Cultura, consumo e identidade. Rio de
Janeiro: Editora FGV, 2006.
BARBOSA, Lívia; CAMPBELL, Colin. O estudo do consumo nas ciências sociais
contemporâneas. In: BARBOSA, Lívia; CAMPBELL, Colin. (Orgs.) Cultura, consu-
mo e identidade. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.
BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação de pessoas em mercado-
ria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
Resumo:
O conflituoso cenário geopolítico mundial traz novos desafios aos direitos humanos, no ím-
peto de realização do sonho de uma comunidade internacional cosmopolita. No contexto
político mundial, a diretiva de retorno, desenvolvida na Europa como instrumento para neu-
tralização e afastamento de imigrantes, são circunstâncias que possibilitam diagnosticar que
há um contexto de criminalização do estrangeiro em importantes centros políticos interna-
cionais e que esta aversão ao acolhimento da diferença pode representar um retrocesso em
termos de internacionalização do direito. Nos termos do retorno a xenofobia europeia, quem
mais sofre na pele são as crianças estrangeiras, pois a diretiva de retorno, em muitos pontos,
atua assimetricamente às Convenções Internacionais de proteção à criança. Neste sentido, o
presente artigo visa problematizar os flancos e aporias que o direito internacional se situa, em
relação à proteção das crianças estrangeiras.
Palavras-chave: diretiva de retorno, direitos humanos, criança.
185
REYES, Melanie M. et all. Migration and Filipino Children Left-Behind: A Literature Re-
view. p. 1. Disponível em: <http://fahnoe-domains.ph/filer/toledo-cebu/Synthesis_
StudyJuly12008.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2013. Traduzido pelos autores.
186
BHABHA, Jaqueline. Arendt’s chuldren: Do today migrant children have a right to have
rights? p. 412. In: Human Rights Quarterly, v. 31, n. 2, maio/2009. p. 410-451.
187
ŽIŽEK, Slavoj. Vivendo no fim dos tempos. São Paulo: boitempo, 2012. p. 17-18.
188
Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/09/franca-expulsou-1700-
ciganos-em-quase-tres-meses-ministro.html>. Acesso em: 12 maio 2013.
189
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u421361.shtml>.
Acesso em: 12 maio 2013.
191
LEITE, Rodrigo de Almeida. Os paradoxos do tratamento da imigração ilegal na União
Europeia frente à Diretiva de Retorno. Revista Espaço acadêmico. n. 108. Maio de 2010,
p. 61-70, p. 64.
192
FREITAS, Isis Hochmann de. O inimigo estrangeiro: a Diretiva de Retorno à luz da inter-
nacionalização dos direitos humanos. Dissertação de mestrado. Programa de pós-gra-
duação em Ciências Criminais - PUC/RS, 2011. p. 114.
195
TORRES, Gabriela. Encerrados sin ser culpables. Disponível em: <http://news.bbc.co.uk/
hi/spanish/international/newsid_7460000/7460946.stm>. Acesso em: 12 março 2013.
196
Um estudo realizado pela consultoria Steps Consulting Social, a pedido do próprio par-
lamento europeu, demonstrou a precariedade dos centros de internamento, dando
destaque às debilidades do centro espanhol. Disponível em: <http://estaticos.elmun-
do.es/documentos/2008/04/11/20080411.centrosdeinternamiento.pdf>.Acesso em:
18 maio 2013.
197
É válido também mencionar que a diretiva também afronta Convenção Internacional
para a Convenção de Proteção dos Direitos dos Trabalhadores Migratórios e suas Famí-
lias, de 1990, principalmente em seu artigo 8º.
198
Para fins de pesquisa acerca da trajetória histórica da elaboração dos diplomas de direi-
tos humanas indicamos o seguinte trabalho: SCHMIDT, Fabiana. Adolescentes privados
de liberdade: a dialética dos direitos conquistados e violados. Dissertação (Mestrado
em Serviço Social). Faculdade de Serviço Social. Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. p. 17.
199
Disponível em: <www.culturabrasil.pro.br/direitosdacrianca.htm>. Acesso em: 18 nov.
2012.
200
Disponível em: <http://www.unicef.pt/docs/pdf_publicacoes/convencao_direitos_
crianca2004.pdf>.. Acesso em: 18 out. 2012.
201
Vale conferir o documento elaborado pelo ACNUR, listando uma série de diplomas
internacionais e regionais de suma relevância. In: ACNUR, Diretrices para la determi-
nación del interés superior del niño, maio de 2008, p. 15. Documento disponível em:
<http://www.acnur.org/biblioteca/pdf/7126.pdf?view=1>. Acesso em: 25 abr. 2013.
202
CURY, Munir (Coord.). Estatuto da Criança e do Adolescente comentado: comentários
jurídicos e sociais. São Paulo: Malheiros, 2009. p. 18.
203
SANCHEZ MOJICA, Beatriz Eugenia. Em la frontera. El papel de la corte interamericana
de derechos humanos en la protección de los derechos de los menores migrantes en
situación irregular. In: Hendu 3 (1): 57-89, 2012. P. 66. Traduzido pelos autores.
204
ACNUR, Diretrices para la determinación del interés superior del niño, maio de 2008,
p. 8. Documento disponível em: <http://www.acnur.org/biblioteca/pdf/7126.pdf?-
view=1>. Acesso em: 25 abr. 2013
205
ACNUR, Diretrices para la determinación del interés superior del niño, maio de 2008,
p. 19. Documento disponível em: <http://www.acnur.org/biblioteca/pdf/7126.pdf?-
view=1>. Acesso em: 25 abr. 2013
206
SMITH, Terry. Separated children in Europe programme, separated children in Europe: pol-
icies and practices in European Union member states: a comparative analusis 5 (2003). P.
5. Disponível em: <http://www.evasp.eu/attachments/066_Separated%20Children%20
in%20Europe,%20Policies%20and%20Practices%20in%20European%20Union%20Mem-
ber%20States,%20a%20comparative%20analysis.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2013.
L was a female asylum seeker from Guinea who fled after being im-
prisoned and tortured with her mother and brother on account of her
father’s political activi- ties. The Asylum Screening Unit disputed her
age and her local authority told her that it would not support her until
she obtained medical confirmation of her age and the Immigration
and Nationality Directorate accepted that she was a minor. She com-
mented, “Social services treated me like a dog . . . because the Home Of-
fice said I was not under 18. They just told me to go away. I was so sad.
They need to treat people as humans and give them food and shelter208.
ilegal na Bélgica, que estava sendo enviada por seu tio ao Canada,
para encontrar sua mãe, a qual possuía o status de refugiada desde
2001. O tio de Tabitha trouxe-a do Congo para Bruxelas, para então
poder enviá-la ao encontro de sua mãe. Contudo, chegando ao aero-
porto de Bruxelas o setor de imigração deteve a criança, pois ela não
possuía os documentos suficientes para ingressar no país. Tabitha fi-
207
Amnesty int’l, Invisible children: the human rights of migrant and asylum-seeking mi-
nors detained upon arrival at the maritime border in Italy (Fevereiro, 2006). Disponível
em: <http://web. amnesty.org/library/index/engEUR300012006.>.
208
BHABHA, Jacqueline; FINCH, Nadine. Seeking asylum alone: Unaccompanied and
separated children and refugee protection in the U.K. 56 (Nov. 2006). Disponível em:
<http://www.ilpa.org.uk/seeking%20asylum%20alone.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2013.
209
TEDH, Caso Mubilanza Mayeka anda Kaniki Mitunga v. Belgium, sentença de
12/10/2006.
210
European Comission Directorate – General Home. Comparative Study on parctices in
the field of return minors. Home/2009/RFXX/PR/1002. Final Report,2011. p. 28. Dispo-
nível em: <http://ec.europa.eu/home-affairs/doc_centre/immigration/docs/studies/
Return_of_children-final.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2013.
211
Idem, p. 34.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conflituoso cenário geopolítico mundial traz novos desafios
aos direitos humanos, no ímpeto de realização do sonho de uma comu-
nidade internacional cosmopolita. Verificamos que no contexto político
mundial, a Diretiva de Retorno, desenvolvida na Europa como instru-
mento para neutralização e afastamento de imigrantes, são circuns-
tâncias que possibilitam diagnosticar que há um contexto de crimina-
lização do estrangeiro em importantes centros políticos internacionais.
Nos termos do retorno a xenofobia europeia, quem mais so-
fre na pele são as crianças estrangeiras, pois a Diretiva de Retorno,
em muitos pontos, atua assimetricamente às Convenções Interna-
cionais de proteção a criança. Isto porque, diferentemente de todos
os diplomas internacionais de direitos humanos analisados, a Dire-
tiva prevê a possibilidade de prisão de menores, tratada no artigo 17,
caso seja necessário sob a perspectiva da segurança nacional.
A Diretiva de Retorno afronta os direitos humanos assegu-
rados à criança, pois não prevê qualquer meio de proteção à criança
retornada, que possivelmente não deteria condições de realizar o re-
torno voluntário, no prazo de sete a trinta dias, previsto no artigo 7
da referida Diretiva. Sobretudo no caso da criança desacompanhada
212
European Comission. COMMUNICATION FROM THE COMMISSION TO THE EUROPEAN
PARLIAMENT AND THE COUNCIL. Action Plan on Unaccompanied Minors (2010 – 2014).
SEC(2010)534. Disponível em: <http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri
=COM:2010:0213:FIN:EN:PDF>. Acesso em: 15 abr. 2013.
Resumo:
O presente trabalho busca mostrar o papel dos Direitos Humanos como um dos traços funda-
mentais e permanentes de uma comunidade internacional em gestação. Utilizando o ferramen-
tal teórico da Sociedade Internacional, analisaremos primeiramente o debate e a complexa bus-
ca por graus de convergência ao consenso universal dos Direitos Humanos; em segundo, apre-
sentaremos a tensão entre as forças centrípetas (integração) e centrífugas (fragmentação) que
limitam a construção de uma comunidade internacional global no confronto entre o princípio
da seletividade e a universalização dos direitos humanos; e, por último, avaliaremos os avanços
e retrocessos da universalização dos Direitos Humanos tendo como interlocutor a Organização
das Nações Unidas. Como método de pesquisa, foi empregado a revisão bibliográfica de livros e
artigos que englobam as áreas de Relações Internacionais e Direitos Humanos.
Sumário:
1. Introdução. 2. Desenvolvimento. 3. Considerações Finais. 4. Referências.
213
Jackson e Sorensen (1999, p. 34) qualificam como teoria das Relações Internacionais o
Realismo, o Liberalismo, a Sociedade Internacional e a Economia Política Internacional.
214
Os “três erres” são as três óticas nas quais a Sociedade Internacional enxerga os fatos
no contexto internacional, utilizadas concomitantemente. Elas são compostas pelo Rea-
lismo, que tem como expoentes os autores clássicos Maquiavel e Hobbes, o Raciona-
lismo, com base no pensamento de Grotius, e o Revolucionismo, que utiliza as ideias
de Kant.
2 DESENVOLVIMENTO
O término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) demar-
cou a presença de duas revoluções internacionais que definiriam os
contornos institucionais e o nova ordem da sociedade internacional:
a bipolaridade do choque de concepções entre americanos e soviéti-
cos; e a universalidade advinda com a criação das Nações Unidas.
A etimologia da palavra revolução, do latim revolutio, signifi-
ca a passagem de um estado a outro. Uma revolução internacional,
conforme elucida Wight (2002), repercutem por toda a sociedade in-
ternacional, demostrando certo grau de unidade desta e, ao mesmo
tempo, o desafio aos fundamentos da mesma.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora o mundo internacional, parafraseando Wight e Bu-
tterfield (1966), é necessariamente do conflito, do medo e da des-
confiança que notamos avanços significativos no universalismo dos
Direitos Humanos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos,
inegavelmente, é um documento que consagra o racionalismo gro-
tiano nas relações internacionais.
Deste modo, somente após o desfecho da bipolaridade, inter-
pretado como parte de um amplo processo de transformações que
se apresentava em andamento duas décadas antes de sua derrocada
final (SATO, 2000), e o retorno a um cenário multipolar, supunha-se
que a universalidade se realizaria de fato.
A fragilidade dos modos de ordenação do sistema somados
ao declínio relativo da Hegemonia Norte Americana que está longe
de produzir public goods, como assevera Gelson Fonseca Jr., reforçado
pelo unilateralismo que marca as gestões presidenciais de Clinton e,
de modo, muito mais contundente, a de Bush. Acrescenta-se a isso,
o “desserviço” americano à causa dos Direitos Humanos, a prática
da negação do devido processo legal e tortura a muitos prisioneiros
sob a alegação de participação em atentados terroristas.
Constatamos que o desenvolvimento e a legitimidade na área
dos Direitos Humanos é permeada por graus de consenso variados,
processos deliberativos frágeis, diferenças culturais significativas,
difíceis pontos de equilíbrio e assimetrias profundas. Conforme Hé-
lio Jaguaribe (2008, p. 265) reconhece “nas condições de um mundo
tecnologicamente globalizado, somente uma ordenação racional e
eqüitativa [sic] do conjunto do mundo dispõe da possibilidade de
lhe assegurar um equilíbrio estável, conveniente para todos e única
alternativa para uma autaniquilação do mundo”.
4 REFERÊNCIAS
ALVES, L. J. Os direitos humanos na pós-modernidade. São Paulo, Perspectiva, 2005.
ANGELL, Norman. A grande ilusão. Brasília: Editora Universidade de Brasília, Ins-
tituto de Pesquisa de Relações Internacionais; São Paulo: Imprensa Oficial do Es-
tado de São Paulo, 2002.
BULL, Hedley. A Sociedade Anárquica: um estudo da ordem na política mundial.
Brasília: Editora Universidade de Brasília, Instituto de Pesquisa de Relações Inter-
nacionais; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2002.
COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. São Paulo:
Saraiva, 2010.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 28. ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.
ESTATUTO DE ROMA. Tribunal Penal Internacional, 1998. Disponível em: <http://
www.icc-cpi.int/Menus/ICC/Legal+Texts+and+Tools/Official+Journal/Ro-
me+Statute.htm>. Acesso em: 27 out. 2012.
FUJITA, Edmundo Sussumo. O Brasil e o Conselho de Segurança. Notas sobre
uma década de transição 1985-1995. Revista Parcerias Estratégicas, Dez. 1996, p. 95-
110.
HERZ, Mônica; HOFFMAN, Andréia. Organizações Internacionais: histórias e práti-
cas. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
HURRELL, Andrew. On Global Order. Oxford: Oxford University Press, 2007.
JAGUARIBE, Hélio. Brasil, Mundo e Homem na Atualidade: estudos diversos. Brasília:
Fundação Alexandre de Gusmão, 2008.
KISSINGER, Henry. Diplomacia. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1999.
Resumo:
O presente trabalho estuda as concepções sobre a conformação de uma Federação de Estados
livres, na construção teórica de Immanuel Kant e a conformação de um Estado Mundial na
elaboração teórica de Hans Kelsen. As duas teorias visam ser construções teóricas para a paz
mundial. Com isso não é objetivo deste trabalho nem apontar para a possibilidade de uma
aplicação prática dessas teorias, nem apontar alguma conclusão sobre um possível fracasso
ou sucesso dessas teorias na atualidade, simplesmente oferece o estudo de um marco teórico
comparativo de dois projetos teóricos para alcançar a paz.
Palavras-chave: Federação de Estados livres – Estado mundial – Paz.
Sumário:
1. Introdução. 2. Immanuel Kant. 2.1 A guerra como um estado natural que deve ser su-
perado. 2.2 A criação de uma federação de Estados livres como garantia de paz. 3. Kelsen.
3.1 O Direito Internacional como forma primitiva de Direito: a guerra como sanção. 3.2 A
evolução do Direito Internacional como garantia para a paz: formação do Estado mundial.
4. Kant e Kelsen: influências e diferenças no “globalismo pacifista”. 5. Considerações Finais.
6. Referências.
217
Kant, Immanuel. Hacia la paz perpetua. Un proyecto filosófico. Traducción: Macarena
Marey y Juliana Udi. Universidad Nacional de Quilmes. Buenos Aires, 2007.
218
KELSEN, Hans. Derecho y paz en las relaciones internacionales. Versión española de:
Florencio Acosta. Fondo de cultura Económica. México, 1943
219
KELSEN, Hans. La paz por medio del Derecho. Traducción: Luis Echávarri. Editorial Losa-
da S.A. Buenos Aires, 1946.
220
Veremos no transcurso deste trabalho que o objetivo, tanto de Kant como de Kelsen ao
falar da conformação, tanto de uma federação de Estados quanto da conformação de
um Estado mundial, é alcançar a paz como fim último e, por esse motivo, utilizamos o
termo “globalismo pacifista”.
221
Considerado o primeiro grande sistematizador do direito internacional moderno, sus-
tentava que a guerra não era contrária ao direito natural. Grócio apontava três causas
como legítimas para a guerra externa: a defesa contra uma injúria, atual ou ameaçado-
ra, a recuperação do que é legalmente devido para o Estado prejudicado e a punição do
2 IMMANUEL KANT
2.1 A guerra como um estado natural que deve ser
superado
223
Kant, Immanuel. Hacia la paz perpetua... p. 76.
224
Os objetivos decorrentes da conformação dessa organização, segundo Kant, podem
ser resumidos nas seguintes linhas do seu texto: “...Ordenar uma multitud de seres ra-
cionales que, en conjunto, demandan leyes universales para su preservación pero que,
por separado, tienden secretamente a exceptuarse de ellas, y organizar su constitución
de modo tal que, aún cuando se opongan mutuamente en sus intenciones privadas,
éstas se refrenen unas a otras a fin de que aquellos se comporten publicamente como
si no tuvieran estas malas intenciones...” (KANT, Immanuel. Hacia la paz perpetua. Un
proyecto filosófico... p. 75.
225
KANT, Immanuel. Hacia la paz perpetua. Un proyecto filosófico... p. 76.
226
Determina claramente que: “...Un Estado mundial es contradictorio con el derecho de
soberanía que retienen los pueblos en el sentido de que lo viola…” (KANT, Immanuel.
Hacia la paz perpetua. Un proyecto filosófico... p. 57.
3 KELSEN
3.1 O direito internacional como forma primitiva de
direito: a guerra como sanção
228
KELSEN, Hans. La paz por medio del Derecho. p. 29
229
Essa ideia recebe algumas críticas de Danilo Zolo: ele sustenta que essa visão é uma for-
ma de idealizar a justiça internacional, sem ter em consideração a estreita conexão que
existe entre o Direito Internacional, a política internacional e a força militar. Por outro
lado, considera que tais ideias sobreestimam o papel do Direito e da jurisdição penal
no seu objetivo de acabar com a guerra e duvida de que a aplicação de sanções contra
os indivíduos responsáveis pelos ilícitos internacionais incida, de alguma forma, sobre
as razões profundas da agressividade humana do conflito e da violência armada. (ZOLO,
Danilo. Una crítica realista del globalismo jurídico desde Kant a Kelsen y Habermas. p.
200)
230
KELSEN, Hans. La paz por medio del Derecho. p. 33.
231
Ibidem, p. 39
232
Essa ideia também é fortemente criticada por Danilo Zolo para quem o “globalismo
jurídico” implica uma espécie de etnocentrismo (europeu e ocidental) que se mostra
indiferente a tradições culturais, políticas e jurídicas diferentes da ocidental. (ZOLO,
Danilo. Uma crítica realista del globalismo jurídico desde Kant a Kelsen y Habermas...p.
201)
233
Cabe lembrar que o livro foi escrito durante o período de guerras, acontecido entre
1939 e 1945, razão pela qual, poderia ser considerada uma absoluta utopia a confor-
mação de um Estado mundial.
234
O parágrafo que deu lugar a várias interpretações determina: ‘... para los Estados en
relaciones recíprocas no puede haber, según la razón, ninguna otra manera de salir
de la condición sin ley, que consiste únicamente en la guerra, que renunciar, como los
hombre individuales, a su libertad salvaje (sin ley), acomodarse a un derecho público
coactivo y formar, así, un Estado de pueblos (civitas gentium) en aumento constante,
que englobaría finalmente a todos los pueblos de la tierra. Pero considerando que,
según su idea del derecho de gentes, en absoluto quieren esto –con lo cual lo que es
correcto in thesi lo rechazan in hypothesi-, entonces (si es que no todo ha de perderse)
en lugar de la idea positiva de una república mundial, sólo el sustituto negativo de
una alianza de defensa contra la guerra, permanente y siempre en expansión, puede
detener el torrente de las inclinaciones hostiles que le temen al derecho, si bien con
el constante peligro de su estallido…” (KANT Immanuel. Hacia la paz perpetua. Un
proyecto filosófico... p. 63).
235
Ibidem, p. 27.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho pretendeu apontar algumas convergên-
cias e diferenças entre dois projetos teóricos elaborados em con-
textos históricos diversos. Os dois, contudo, pretenderam oferecer
soluções teóricas para garantir a paz. Para isso estabeleceram uma
proposta para que a guerra (o uso da força) não seja utilizada, pelos
Estados, como mecanismo para defender ou conquistar um direito.
O trabalho, contudo, não teve como objetivo identificar a aplicação
prática dessas teorias na atualidade. Fica, dessa forma, para reflexão
dos leitores analisarem os benefícios ou não que elas podem trazer
para a manutenção da paz.
O que se pode apontar aqui é que resulta evidente que am-
bos os autores pretendiam, com as suas teorias, modificar uma rea-
lidade que eles observavam como sendo indesejável atuando, dessa
forma, como teóricos políticos normativos. Nesse sentido, Como
indica Antonio Valdecantos, o teórico político normativo, “está
convencido de que a formulação da sua teoria conduzirá determi-
nado tipo de recepção por uma comunidade de destinatários (a
opinião pública, o soberano, certa classe social) que a entenderão
da maneira prevista por ele sem distorções nem equívocos e de
que essa recepção culminará, caso a teoria triunfe, na aplicação
ou execução da teoria por seu grupo receptor, de modo que a orga-
nização da sociedade se leve a cabo conforme aquilo que a teoria
considerava ser uma sociedade boa ou justa”. Assim, os receptores
da teoria têm a capacidade de compreender as teorias e de poder
levar à prática seus conceitos.
6 REFERÊNCIAS
BOBBIO, N. y ZOLO, D. Hans Kelsen, the Theory of Law and the International Le-
gal System: A talk. In: European Journal of International law 9, 1998, 355-367
HABERMAS, J. A inclusão do outro. Estudos de teoria política. Trad., George Sperber.
Edições Loyola. São Paulo, 2002.
KANT, Immanuel. Hacia la paz perpetua. Un proyecto filosófico. Trad. Macarena Marey
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Rubén Carrió. Buenos Aires: Losada, 1946.
Resumo:
O presente artigo tem como objetivo analisar o surgimento do Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). O ACNUDH foi aprovado pela Assembleia Geral
da ONU ao final de 1993, iniciando seus trabalhos em 1994. A discussão acerca de sua criação
decorreu de recomendação da II Conferência Mundial para os Direitos Humanos da ONU,
realizada em junho de 1993. O objetivo deste artigo é compreender os processos e dispu-
tas políticas historicamente construídas subjacentes à criação dessa instituição. Diante da
lacuna de pesquisa acerca do ACNUDH, as questões que se suscitam são as seguintes: qual
é a historicidade do surgimento do ACNUDH? Por que é que um órgão proposto, pela pri-
meira vez, na década de cinqüenta e, posteriormente, na década de sessenta e setenta, só
foi criado ao final de 1993? Acredita-se aqui que ele foi criado não somente pelo anseio
intra-institucional de maior eficiência procedimental no sistema internacional de proteção
aos direitos humanos, mas também pela força que o discurso e a dimensão da efetividade
dos direitos humanos atingiram no pós-Guerra Fria, especialmente junto às Organizações
Não-Governamentais (ONGs), catalisado pela Conferência de Viena. Com o intuito de proble-
matizar a questão do ponto de vista teórico-metodológico abordar-se-á a análise a partir do
Institucionalismo Histórico e de alguns apontamentos ontológicos construtivistas acerca de
normas.no ambiente internacional.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo analisar o surgimento de
uma instituição ainda pouco estudada na Ciência Política, nas Re-
lações Internacionais e no Direito: o Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
O ACNUDH, liderado por um Alto Comissário, foi aprovado
pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) ao
final de 1993, iniciando seus trabalhos em 1994. A discussão acerca
de sua criação foi levada a essa instância deliberativa da ONU por
força de recomendação da II Conferência Mundial para os Direitos
Humanos da ONU, realizada em junho de 1993, em Viena – por isso
conhecida como Conferência de Viena.
A este artigo não interessará diretamente analisar as funções
desempenhadas pelo ACNUDH, mas sim compreender quais os pro-
cessos e, portanto, as disputas políticas historicamente construídas
que subjazem a criação dessa instituição. Diante da referida lacuna
de pesquisa acerca do ACNUDH, as primeiras questões empíricas
que se suscitam, às quais esse trabalho se dedicará, são as seguintes:
qual é a historicidade do surgimento do ACNUDH? Ou seja, por que
é que um órgão proposto, pela primeira vez, na década de cinqüenta
e, posteriormente, na década de sessenta e setenta, só foi criado ao
final de 1993?
Entretanto, essas importantes questões empíricas acerca do
ACNUDH devem ser pensadas como espelhamentos de questões
teóricas de fundo a respeito da importância da relação entre as nor-
mas e as instituições internacionais de direitos humanos. Nesse sen-
2 O INSTITUCIONALISMO HISTÓRICO
Antes da exposição a respeito do Institucionalismo Histórico
(IH), vale uma observação importante. Na introdução deste traba-
lho, anunciou-se a adoção da abordagem construtivista. Por isso, o
leitor pode se perguntar: por que tratar do IH e não do construtivis-
mo nesta seção teórico-metodológica? A primeira razão de cunho
prático diz respeito às limitações de espaço do trabalho neste forma-
to de artigo, o que impede a exposição de ambos aportes. A segunda
e mais importante razão é de cunho teórico. O construtivismo tem
como peculiaridade seus apontamentos no nível ontológico, e não
236
“Constructivists need methods that can capture the intersubjective meanings at the
core of their approach. […] To accomplish this, constructivists have used a variety of
tools to capture intersubjective meanings, including discourse analysis, process tracing,
genealogy, structured focused comparisons, interviews, participant observation, and
content analysis.” (SIKKINK; FINNEMORE, 2001, p. 395).
237
Segundo Hall e Taylor (2003, p. 196), instituições, para o IH, assim se definem: “[...] pro-
cedimentos, protocolos, normas e convenções oficiais e oficiosas inerentes à estrutura
organizacional da comunidade política ou da economia política. Isso se estende das re-
gras de uma ordem constitucional ou dos procedimentos habituais de funcionamento
de uma organização até às convenções que governam o comportamento dos sindicatos
ou as relações entre bancos e empresas. Em geral, esses teóricos tem a tendência a as-
sociar as instituições às organizações e às regras ou convenções editadas pelas organi-
zações formais”. Interessante observar como o ACNUDH é completamente compatível
com essa definição proposta pelo IH.
238
Vale salientar que essa não pretensão de produzir grandes explicações generalizáveis
é compartilhada pelo IH e por grande parte dos construtivistas. Os construtivistas mo-
dernos, com os quais compartilhamos vários pressupostos, procuram focar mais em
explicações de generalização contingente do que em elaborar teorias concorrentes.
Por isso, se debruçam sobre problemas e sobre como abordá-los, tal como estamos
tentando aqui fazer com o surgimento do ACNUDH.
239
Uma série de elementos do longo processo de negociação e criação do ACNUDH pode-
riam ser trabalhados a partir da trajetória dependente: a dúbia posição do Alto Comis-
sário enquanto ombudsman ou burocrata, sua atuação a partir da diplomacia silenciosa
como herança da Guerra Fria, o respeito ao princípio da soberania, o baixo orçamento
do ACNUDH como legado dos esparsos recursos do Centre for Human Rights, a decisão
do ACNUDH ser liderado por uma única pessoa e não por um colegiado, dentre outros.
241
Naquele momento, já havia alguns poucos mecanismos de direitos humanos da ONU
desenvolvidos: a Resolução 1503, desde 1970, já envolvia a Comissão de Direitos Hu-
manos e sua Subcomissão em debates confidenciais a respeito de violações; e, em
1977, o Comitê do Pacto dos DCP começava seus trabalhos, examinando relatórios dos
Estados-parte (FLOOD, 1998).
242
A missão do ACNUDH foi assim sintetizada por Schöfer: “The mandate of OHCHR is
to promote and protect the enjoyment and full realization, by all people, of all rights
established in the Charter of the United Nations and in international human rights
laws and treaties. The mandate includes preventing human rights violations, securing
respect for all human rights, promoting international cooperation to protect human
rights, coordinating related activities throughout the United Nations, and strengthe-
ning and streamlining the United Nations system in the field of human rights.”
(SCHÖFER, 2009, p. 405).
243
De acordo com Nowak (2009), “The establishment of the Office of the High Commis-
sioner for Human Rights (OHCHR) constitutes the most important structural result of
the Vienna World Conference on Human Rights.” (NOWAK, 2009: p. 106). Segundo
Schöfer, “[...] the OHCHR, established as a result of the VDPA in 1993, represents the
international community’s main focal point for the protection and promotion of human
rights.” (SCHÖFER, 2009, p. 395). Kyung-wha Kang, Alto Comissário interino entre 1º
de julho e 1º de setembro de 2008, também afirmou: “The Vienna Conference is of
particular significance to all of us at OHCHR [Office of High Commissioner for Human
Rights], for it was the Vienna process that gave concrete voice to the long-standing wish
of the human rights community to create the post of the UN High Commissioner for Hu-
man Rights. Those who were directly involved in the Vienna process […] recall that the
issue of creating the post of the High Commissioner was an undercurrent of controversy
at the Conference, not extensively debated openly but kept alive in the corridors and
small group meetings among delegates who were keen not to let the opportunity pass.”
(KANG, 2009, p. 65).
244
“It is clear that, in order to address the complexity and range of pressing human rights is-
sues still confronting the international community today, a major new initiative is needed.
Amnesty International is proposing that this need could be met by the establishment of a
UN Special Commissioner for Human Rights.” (ANISTIA INTERNACIONAL, 1992, p. 4).
245
Nos seus primeiros anos de existência, de fato, o ACNUDH possuía uma atuação mais
gerencial, mais voltada à coordenação. Entretanto, com o amadurecimento de sua tra-
jetória institucional – algo que foge ao escopo deste artigo – ele deixou de ser simples-
mente uma autoridade independente em relação à estrutura da ONU e passou a ser
um formulador de alto nível de políticas de direitos humanos inserido e integrante da
hierarquia burocrática da ONU (BOVEN, 2002).
246
O relatório do Fórum das ONGs, relatado por Manfred Nowak, de 14 de junho de 1993,
assim recomendou sobre o ACNUDH: “An office of a High Commissioner for Human
Rights should be established as a new high-level independent authority within the Unit-
ed Nations system, with the capacity to act rapidly in emerging situations of human
rights violations and to ensure the coordination of human rights activities within the
United Nations system and the integration of human rights into all United Nations pro-
grammes and activities.” (NOWAK, 1994, p. 78).
247
Conforme Clapham (1994), muitas ONGs do mundo todo entraram em ação nesse mo-
mento. A NGO Liaison Committee, formado em Viena, mobilizou redes regionais de
ONG de maneira que elas pudessem debater a questão com seus respectivos governos.
Clapham ainda destaca o esforço que foi feito para que representantes de ONGs de paí-
ses do sul pudessem ir até Nova York e mostrar que a demanda por um Alto Comissário
para os Direitos Humanos não era apenas uma demanda das potências ocidentais.
5 O SURGIMENTO DO ACNUDH E O
INSTITUCIONALISMO HISTÓRICO
O objetivo da presente seção é abordar o processo de criação
do ACNUDH a partir de um enfoque que historicize essa trajetória
que deu origem à instituição da qual nos ocupamos neste artigo. Ao
251
Ayala Lasso, então Representante Permanente do Equador na ONU e ex-Ministro das
Relações Exteriores, foi nomeado Alto Comissário em fevereiro de 1994 e assumiu o
posto em 5 de abril do mesmo ano.
252
Ao refletir sobre os momentos críticos, Pierson afirma: “The necessary conditions for
current outcomes occurred in the past. The crucial object of study becomes the critical
juncture or triggering events, which set development along a particular path, and the
mechanisms of reproduction of the current path – which at first glance might seem
commonplace or at least analytically uninteresting.” (PIERSON, 2000, p. 263).
253
Segundo Boven, “As it appeared, in Vienna the ground was prepared for the General
Assembly to establish the post of a High Commissioner for Human Rights. However,
the terms of the relevant paragraph in the Vienna final document were cautious: [...]
begin, as a matter of priority, consideration of the question of the establishment etc.”
Moreover, history had proven that the concept of a High Commissioner was fraught
with many sensitivities and complexities. It was therefore a small miracle or a large
success that the General Assembly at its 48th session on 20 December 1993 adopted
resolution 48/141 in which it decided to create the post of the High Commissioner for
Human Rights and thus fulfilled a wish cherished for a long time by many human rights
activists and defenders.” (BOVEN, 2002, p. 12-13).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo se colocou dois objetivos articulados. O primeiro
deles era explorar o surgimento do ACNUDH, instituição que, apesar
de sua importância dentro da estrutura da ONU e de estar vinculada
a uma temática-sustentáculo dessa organização, é pouco conhecida
255
Uma das agendas das pesquisas construtivistas é mostrar a força causal independente
das normas e das ideias diante dos interesses de atores poderosos. Segundo Keck e
Sikkink (1998), as normas de direitos humanos, definidas por elas como a preferência
do fraco, tem mostrado momentos de triunfo sobre atores fortes e Estados poderosos.
Nesse sentido, é interessante notar a importância da participação da Anistia Interna-
cional no processo, assim como evidenciar que a criação do ACNUDH só se efetivou
quando atores menos poderosos do sistema conseguiram colocar suas demandas no
mandato da instituição.
7 REFERÊNCIAS
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AYALA-LASSO, José. Foreword. In: RAMCHARAN, Bertrand G. The United Nations
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Hague, Martinus Nijhoff Publishers, 2002.
Resumo:
A proteção dos Direitos Humanos, na América Latina, se relaciona ao aprimoramento das
instituições democráticas e a construção recente e diuturna da Organização dos Estados
Americanos e do Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos no pós-Segunda
Guerra. O presente estudo busca retratar o comportamento e a evolução destes instrumen-
tos com foco na Corte Interamericana de Direitos Humanos. As sentenças emanadas pela
Corte são importantes meios de consolidação do Pacto de San José da Costa Rica, da proteção
dos direitos do homem e de reparação de violações a indivíduos. A demanda do cumprimento
envolve embates não apenas atinentes ao Direito Internacional como também de Relações
Internacionais e confronta pilares do Estado Moderno.
Sumário:
1. Introdução. 2. A OEA e o Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos. 3. A
Corte Interamericana de Direitos Humanos. 4. As decisões da Corte IDH. 5. A supervisão e o
cumprimento das decisões. 6. Teorias do Direito Internacional e das Relações Internacionais e
as sentenças da Corte IDH. 7. As sentenças da Corte IDH e o Brasil. 8. Conclusão. 9. Referências.
1 INTRODUÇÃO
Apesar da problemática dos direitos humanos ser antiga, o
Direito Internacional dos Direitos Humanos se consolidou em tempo
relativamente recente, que data do pós-Segunda Guerra Mundial.
A produção teórica, legal e judicial, assim como a discussão prin-
8 CONCLUSÃO
O SIDH refere-se antes de mais nada a uma questão de luta
por justiça. As vítimas e seus representantes quando conseguem
9 REFERÊNCIAS
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DAL RI JÚNIOR, Arno (Orgs.). Relações Internacionais, interdependência e sociedade
global. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2003. p. 33-114.
Beatriz Oliveira
Acadêmica do 2° ano do curso de direito (UEL), colaboradora do projeto de pesqui-
sa e extensão (UEL) Juri na Escola: análise do discurso. (beaolivei@gmail.com)
Resumo:
Com esse trabalho temos por objetivo evidenciar o princípio da Dignidade humana, que é,
para nós, norte supremo de todos os direitos fundamentais. Explicamos, de forma sintéti-
ca, como a Dignidade é trazida nas constituições dos países sul-americanos, membros do
Mercosul. Ainda abordando a questão da aplicação da Dignidade, falamos sobre alguns pro-
blemas sociais, que são obstáculos à efetivação desse princípio na sociedade. Evidenciamos,
outrossim, a recepção dos tratados internacionais em cada um dos ordenamentos estuda-
dos, pensando na Declaração Interamericana de Direitos Humanos, a qual todos os Estados-
-membros do Mercosul são signatários.
Palavras-chave: Dignidade – Princípio Constitucional – Aplicação Social – Mercosul.
1 INTRODUÇÃO
Nessa pesquisa procuraremos elucidar sobre o princípio da
Dignidade Humana, que é mais que um princípio, é uma finalidade
social do Estado, sobre a qual todas suas ações devem ser guiadas e
emolduradas.
Iniciaremos o estudo do tema, observando os ensinamentos
gerais sobre princípios e normas constitucionais, visando relembrar
conceitos essenciais à compreensão da próxima parte do estudo.
Na sequência, exploraremos a questão da dignidade em si,
lembrando-nos dos ensinamentos de Sarlet, que nos diz que a Dig-
nidade é um principio constitucional fundamental e um princípio
geral do Direito.
Passaremos, então, a conhecer um pouco do trato desse prin-
cípio fundamental nos países membros do Mercosul, discorrendo
sobre onde encontramos o termo “Dignidade” em seus textos maio-
res, como esse princípio se expressa nesses sistemas jurídicos, qual
o status da Declaração Interamericana de Direitos Humanos da OEA
nesses ordenamentos e, por fim, quais as barreiras de implementa-
ção social da Dignidade.
Em relação à questão da implementação social do princípio,
discutiremos um pouco da questão da desigualdade na América La-
tina e a dificuldade de acesso aos serviços básicos pelos marginali-
zados.
259
NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 24. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
p. 85.
260
Idem.
261
BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os conceitos
fundamentais e a construção do novo modelo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 195.
262
Idem, p. 198-200.
263
Idem, p. 204-212.
271
SILVA, José Afonso da apud SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e
direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. 6. ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2008. p. 71. (ver nota de rodapé n. 155)
272
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Cons-
tituição Federal de 1988. 6. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. p. 71. (ver
nota de rodapé n. 155)
273
Idem, p. 88.
277
Vide nota de rodapé no 19.
– no Código Penal
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o de-
coro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
280
PARAGUAI. Constituição (1992). Constitución Política de 1992. Disponível em: <http://
pdba.georgetown.edu/constitutions/paraguay/para1992.html>. Acesso em: 4 maio
2013
281
PARAGUAI. Constituição (1992). Constitución Política de 1992. “Art. 137: La ley supre-
ma de la República es la Constitución. Esta, los tratados, convênios y acuerdos interna-
cionales aprobados y ratificados, las leyes dictadas por el Congreso y otras disposicio-
nes jurídicas de inferior jerarquía, sancionadas en consecuencia, integran el derecho
positivo nacional en el orden de prelación enunciado.”
284
HEDERSON, Humberto. Los tratados internacionales de derecho humano em orden in-
terno: la importancia del principio pro homineI Instituto Interamericano de Derechos
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surjournal.org/conteudos/getArtigo12.php?artigo=12,artigo_02.htm> Acesso
em: 5 maio 2013.
Resumo:
O presente artigo objetiva descrever, por meio de interpretação da legislação e doutrinas
pertinentes, a guerra e o nascimento do Direito Internacional Humanitário, especialmente
a proteção conferida por este aos prisioneiros de guerra. O método utilizado é o indutivo,
procedendo-se a pesquisa e identificação das particularidades do fenômeno ora estudado.
Para efetivação desta pesquisa, utilizou-se da metodologia da pesquisa qualitativa através do
emprego de meios bibliográficos, explorando o tema com base em trabalhos já publicados
com fins de produzir uma pesquisa descritiva, visando registrar e analisar os fatos e fenôme-
nos colhidos sem, contudo, manipulá-los. Com este estudo foi possível analisar o surgimento,
a evolução, a conceituação e as características do Direito Internacional Humanitário, bem
como delinear todos os aspectos relevantes da proteção conferida aos prisioneiros de guerra.
Chegou-se a conclusão com esta pesquisa de que a guerra sempre fez parte da história das
nações e, portanto, a devida regulamentação dos conflitos tornou-se imprescindível, princi-
palmente com o intuito de proteger a dignidade da pessoa humana.
Palavras-chave: Direito Humanitário – Guerra – Prisioneiros de Guerra – Lei – Conflitos.
Sumário:
1. Introdução. 2. Guerra Clássica e Regulamentação das Hostilidades. 3. O Direito Internacional
Humanitário. 3.1 Evolução histórica. 3.2 Conceitos e Características. 4. Prisioneiros de
Guerra e a Proteção pelas Convenções de Genebra. 4.1 Direitos dos prisioneiros de guerra
4.2 Condições de internamento 4.3 Condições morais e psicológicas do internamento. 4.4
Relacionamento dos prisioneiros com as autoridades e disciplina. 4.5 Sanções. 4.6 Garantias
Judiciais. 5. Considerações Finais. 6. Referências.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um dos maiores desafios do mundo moderno é a busca pela
paz e pela relação amigável entre os povos e nações, busca essa cor-
roborada pela decisão dos povos explicitada no Preâmbulo da Carta
das Nações Unidas de “preservar as gerações vindouras do flagelo da
guerra”. (NAÇÕES UNIDAS, 2001, p. 8)
A guerra, desde a Antiguidade, serviu como um dos princi-
pais meios das nações alcançarem seus objetivos e, lamentavelmen-
te, ainda tem lugar nas sociedades modernas.
Quando a mantença da paz torna-se impossível, imprescin-
dível é a adoção de regras com o primordial objetivo de resguardar os
direitos fundamentais do todos aqueles envolvidos voluntária ou in-
voluntariamente na guerra. Neste sentido, afirmou Borges (2006, p.
30): “A partir do momento em que a voz da razão se cala e as normas
do direito internacional público são desrespeitadas, surge à necessi-
dade de adotar um conjunto de regras mínimas com a finalidade de
atenuar os efeitos malignos da guerra”.
Inicialmente, os conflitos armados eram regulados pelos cos-
tumes e, em um segundo momento, passaram a existir acordos so-
mente entre as partes conflitantes e que vigiam apenas em quanto o
conflito subsistia.
Então, é que em meados do século XIX os esforços do Con-
selho Federal Suíço em Genebra criam o Comitê Internacional da
6 REFERÊNCIAS
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SOUSA, Monica Teresa Costa. Direito Internacional Humanitário. 2. ed. Curitiba:
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Resumo:
O presente trabalho visa compreender o que é uma zona de segurança para refugiados den-
tro do país em que está ocorrendo o conflito. Ela é vista como uma alternativa ao fechamento
das fronteiras pelos Estados vizinhos que não querem abrigar um contingente volumoso de
refugiados. O artigo é divido em duas partes. O primeiro visa contextualizar historicamente
uma zona de segurança, destacando a zona de segurança em Nanking. Em seguida, será ana-
lisado o funcionamento de duas zonas de seguranças após o período da Guerra Fria, Iraque
e Srebrenica.
Sumário:
1. Introdução. 2. Contextualização da Zona de Segurança para refugiados. 2.1 Zona de
Segurança: Primórdios. 2.2 Normatização da Zona de Segurança: Quarta Convenção de Viena
de 1949. 2.3 Papel dos refugiados durante e depois da Guerra Fria. 3. Zona de Segurança:
Alternativa na proteção aos refugiados. 3.1 Busca de definição para Zona de Segurança. 3.2
Iraque: Primeira Zona de Segurança. 3.3 Massacre de Srebrenica: repetição da história. 4.
Considerações Finais. 5. Referências.
1 INTRODUÇÃO
Parte-se do princípio que nenhuma pessoa abandona a sua
terra, sua família, sua cultura por capricho. É uma decisão tomada
com base na sua sobrevivência como ser humano, a fim escapar das
violações dos direitos humanos e preservar a sua integridade física.
Dessa forma, quando o Estado receptor nega o direito de buscar um
lugar seguro, põe em risco à vida daquela pessoa.
A zona de segurança é uma alternativa quando o refugiado
não consegue abrigo em outro Estado. Na teoria, essa zona é um
lugar em que o indivíduo tem garantido certos direitos humanos
básicos como a vida, moradia, alimentação, direito de se locomover,
até que ele possa retornar ao seu lar em segurança.
Podem-se perceber os primórdios de uma zona de seguran-
ça antes da 2ª Guerra Mundial, tendo destaque a zona criada em
Nanking durante o conflito sino-japonês, em que ainda não havia
algum tipo de normatização que legitimasse o funcionamento de
uma zona de segurança. Essa legitimação ocorre com a incorpora-
ção do termo “zona de segurança” nas Convenções de Genebra de
1949, introduzindo esse termo no círculo do direito internacional
humanitário.
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ZONA DE
SEGURANÇA PARA REFUGIADOS
Esse tópico tem como finalidade compreender o que é uma
zona de segurança para refugiados, desde os primórdios com o sur-
gimento informal dessas zonas. Em seguida, houve a normatização
delas através da Convenção de Genebra de 1949. E, por último, o
papel que os refugiados representaram no contexto da Guerra Fria,
é como são vistos após com o fim desse período.
294
Há muita controversa entre os autores sobre à quantidade de mortos e as brutali-
dades cometidas na zona de segurança em Nanking durante a ocupação das tropas
japonesas.
295
I Convenção de Genebra de 1949, art. 23º: In time of peace, the High Contracting
Parties and, after the outbreak of hostilities, the Parties to the conflict, may estab-
lish in their own territory and, if the need arises, in occupied areas, hospital zones
and localities so organized as to protect the wounded and sick from the effects of
war, as well as the personnel entrusted with the organization and administration
of these zones and localities and with the care of the persons therein assembled.
Upon the outbreak and during the course of hostilities, the Parties concerned may
conclude agreements on mutual recognition of the hospital zones and localities
they have created. They may for this purpose implement the provisions of the Draft
Agreement annexed to the present Convention, with such amendments as they
may consider necessary. (grifo da autora)
The Protecting Powers and the International Committee of the Red Cross are invit-
ed to lend their good offices in order to facilitate the institution and recognition of
these hospital zones and localities. (ICRC, CONVENTION I).
296
VI Convenção de Genebra de 1949, art. 14º: In time of peace, the High Contracting
Parties and, after the outbreak of hostilities, the Parties thereto, may establish in
their own territory and, if the need arises, in occupied areas, hospital and safety
zones and localities so organized as to protect from the effects of war, wounded,
sick and aged persons, children under fifteen, expectant mothers and mothers of
children under seven.
Upon the outbreak and during the course of hostilities, the Parties concerned may
conclude agreements on mutual recognition of the zones and localities they have
created. They may for this purpose implement the provisions of the Draft Agree-
ment annexed to the present Convention, with such amendments as they may con-
sider necessary. (grifo da autora)
The Protecting Powers and the International Committee of the Red Cross are invit-
ed to lend their good offices in order to facilitate the institution and recognition of
these hospital and safety zones and localities (ICRC, CONVENTION IV).
297
É considerado refugiado, o indivíduo que receia “com razão de ser perseguido em
virtude de sua raça, religião, nacionalidade, filiação em certo grupo social ou das
suas opiniões políticas, se encontra fora do país de que tem nacionalidade e não
possa ou, em virtude daquele receio, não queira pedir a proteção daquele país; ou
que, se não tiver nacionalidade e estiver fora do país no qual tinha a sua residência
habitual não possa ou, em virtude do dito receio, a ele não queira voltar”. (artigo
1º, parágrafo 2, Convenção de 1951).
298
Desde 1991 as seguintes fronteiras entre os países foram fechadas: Turquia e Ira-
que em 1991, Zaire e Ruanda em 1994 e 1996, Tanzânia e Burundi em 1995, Ruan-
da e Burundi em 1996, Macedônia e Kosovo em 1996, Todas as fronteiras Afeganis-
tão com seus vizinhos em 2000-2001, Chade e Sudão em 2006, Jordão e Iraque em
2006, Síria / Irão e Iraque em 2007, Malawi e Tanzânia em 2007, Quênia e Somália
em: 2007 e até hoje, Egito com a fronteira da Faixa de Gaza e Israel 2007 e até hoje,
República Democrática do Congo e Zâmbia em 2008, Arábia Saudita e Iêmen em
2009. (ACNUR, LONG, 2010, p. 4)
299
A Convenção de Genebra de 1951 - Relativa ao Estatuto dos Refugiados que dis-
põe exclusivamente sobre refugiados. Ela teve, até aquele presente momento, o
maior progresso em relação ao Direito Internacional dos Refugiados, pois, pela
primeira vez, houve a definição geral para o termo de refugiado. E, o Protocolo
de 1967 excluiu o marco temporal e espacial que delimitava a abrangências de
pessoas tuteladas por aquela Convenção, tornado esta de “caráter verdadeira-
mente universal”.
300
Din (p.18-19, 2010) identifica os diferentes conceitos: áreas seguras (Bósnia), zonas
neutras, área protegida pelas Nações Unidas (Croácia, 1992), áreas de segurança
humanitárias, corredores de segurança, zonas segurança (entre Etiópia e Eritréia),
zonas confidencias (Costa do Marfim) e zonas de exclusão área, corredores huma-
nitários (Chechenia), corredores da paz (Bosnia, 1994; República Democrática do
Congo, 1999), zonas de tranquilidade.
301
As seis zonas de segurança forma: Srebrenica, Sarajevo, Tuzla, Zepa, Gorazde e
Bihac com a finalidade de proteger as seis cidades dos ataques das forças sérvias
(DIN, 2010).
302
“A guerra compreende o período do verão de 1992 a dezembro de 1995 quando foi
assinado o Acordo de Paz Dayton. Nos dois primeiros anos da guerra, a batalha en-
volveu três partes: o governo bósnio, os croatas bósnios e os sérvios bósnios. Em-
bora as tensões entre eles continuaram, a luta entre o governo bósnio e as forças
dos croatas bósnios terminaram em Março de 1994, com o Acordo de Washington
e a criação da Federação Croata-Muçulmana. O resultado final da campanha brutal
e sistemática de limpeza étnica, mais da metade da população foi “desenraizada”.
Em dezembro de 1995, 900 mil eram refugiados, 1 milhão e 300 mil eram desloca-
dos internos de uma população anterior a guerra de 4 milhões e 300 mil” (CUTTS,
1999).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde 1936 é que há o funcionamento de uma zona de se-
gurança na proteção da população civil, mas até o presente mo-
mento, ainda não se tem um consenso sobre uma definição precisa
do que é uma zona de segurança, essa imprecisão no termo, pre-
judica o funcionamento dela, pois não se tem parâmetros do que
realmente ela precisa ter, para que se torne uma alternativa efetiva
na proteção aos refugiados que ficam no Estado que está ocorrendo
o conflito.
Os instrumentos jurídicos internacionais existentes não são
garantia de cumprimento de uma norma, se os Estados não estive-
rem dispostos a respeitá-la e cumpri-la. Mesmo os refugiados estan-
do amparadas por aqueles instrumentos, não são suficientes para
impedir que os Estados fechem as suas fronteiras. Mesmo incluir a
zona de segurança no rol dos termos de direito humanitário interna-
cional e alguns procedimentos como o acordo entre os beligerantes
em não atacar essa zona e, repete-se novamente, não são suficientes
para coibir agressões, evitar genocídios, pois mesmo sob a égide do
direito humanitário internacional, a zona de segurança de Srebre-
nica foi atacada brutalmente como a de Nanking. A diferença é que
durante o funcionamento da zona de segurança de Srebrenica ainda
não vigora nenhuma normatização sobre o tema.
O ponto de intersecção entre a zona de segurança no norte do
Iraque e a de Srebrenica e de Nanking é o uso da força, pois na pri-
meira, com o suporte militar dos Estados Unidos foi possível garan-
tir de fato a segurança daqueles que se encontravam dentro da zona
de segurança. Enquanto que nas duas últimas zonas de segurança,
não havia, no momento em que iniciaram os ataques, forças para
5 REFERÊNCIAS
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Resumo:
Este artigo procura abordar o processo de democratização que está acontecendo em
Myanmar desde 2011 e compreender como a violação sistemática dos direitos humanos
da minoria muçulmana do país é um grande obstáculo ao estabelecimento de um governo
democrático.
Palavras-chave: Democratização. Myanmar. Direitos humanos.
Sumário:
1. Introdução. 2. Birmânia ou Myanmar. 3. O processo de democratização em Myanmar. 4.
Limpeza étnica, perseguição e violência. 5. Considerações finais. 6. Referências.
1 INTRODUÇÃO
O mundo ocidental viu com grande expectativa e esperança
a dissolução do governo militar em Myanmar, em 2011. Após cinco
décadas de autoritarismo e repressão, os militares, na pessoa do pre-
sidente Than Swe passaram o poder para Thein Sein, também mili-
tar, mas com aspirações de liberalizar e democratizar o país. O novo
presidente assegurou que eleições para uma um novo parlamento
2 BIRMÂNIA OU MYANMAR?
Antes de analisar a história dos regimes no país do sudeste
asiático, um problema de ordem terminológica se faz mais impor-
tante. Afinal, o país localizado entre Índia, Bangladesh e Tailândia,
chama-se Birmânia ou Myanmar? Nomeado Birmânia pelos Ingle-
ses durante a colonização iniciada no século XIX, o país teve seu
nome alterado por uma junta militar, em 1989 nomeando-o Repú-
blica da União de Myanmar. A controvérsia quanto a alteração do
nome do país reside na legitimidade do governo ao momento da
mudança. Críticos a esta mudança alegam que a mesma foi reali-
zada sem o consentimento da população, imediatamente após um
golpe militar que cerceou os efeitos das eleições recém-realizadas e
de protesto popular. De acordo com uma reportagem na Foreign Po-
licy Magazine303, os militares fizeram a mudança, acreditando que o
nome Birmânia, e diversos outros nomes de cidades que também fo-
ram alterados, representavam o passado de dominação colonial Bri-
tânica enquanto o novo nome supostamente mais autêntico traria
unidade e coesão a um país tão dividido. Muitos clamam que o que
os militares estavam fazendo era na realidade, estar declarando sua
propriedade do país304. Como consequência, diversos membros da
oposição do país como Aung San Suu Kyi, apesar de vinte anos pas-
sados da mudança de nome, recusam-se a aceitar a mudança. A raiz
do problema quanto ao nome do país, como bem explorado por Min
Zin, reside no fato de que os “governantes de Mianmar vivem no
seu país. Os cidadãos da Birmânia, vivem no deles”305. Suu Kyi e seu
partido se recusam a aceitar a mudança, e baseado nesta oposição
303
ZIN, Min. Burma or Myanmar: the name game. Foreign Policy Magazine. Dispo-
nível em: <http://transitions.foreignpolicy.com/posts/2012/07/05/burma_or_
myanmar_the_name_game>. Acesso em: 23 abr. 2013.
304
Ibidem.
305
“The rulers of Myanmar live in their country. The citizens of Burma live in theirs”.
3 O PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO EM
MYANMAR
No final da década de 1980, após duas décadas de governo
militar autoritário, a população tomou as ruas, protestando contra
o regime vigente uma vez que as décadas anteriores haviam sido
de opressão e cerceamento de direitos sob o poder dos militares.
Das manifestações populares e da pressão da oposição, resultou um
pleito realizado em 1990 no qual o partido de Aung San Suu Kyi
garantiu 80% dos assentos no que seria a assembleia constituinte.
Os militares, no entanto, recusaram-se a deixar o poder e continua-
ram a comandar o país como o Conselho de Paz e Deenvolvimento
Estatal (State Peace and Development Council) até 2011. Duran-
te este período Suu Kyi e demais opositores sofreram desde prisões
domésticas até tortura e assassinato. Promovendo mudanças sutis
desde metade da década de 2000, a junta militar no poder percebeu
o atraso econômico no qual o país se encontrava quando comparado
a outros países e a intensa e gravosa miséria que assolava o país que
conta com um dos piores índices de desenvolvimento do mundo306.
Em 2011, em movimento que surpreendeu os observadores inter-
nacionais e nacionais, o então presidente Than Shwe, abriu o pro-
cesso eleitoral para presidente e o parlamento. Dessas fraudulentas
eleições, como ressaltado por Zin e Joseph, foi eleito o candidato do
regime, o ex militar Thein Sein. Apesar de duras críticas recaírem
sobre a o pleito, uma vez que o poder foi transmitido a um partidário
tímido do regime e que não alterava o status quo anterior no que
306
ZIN, M.; JOSEPH,B. The Democrat’s Opportunity. Journal of Democracy, v. 23, n. 4. p. 104.
308
HUMAN RIGHTS WATCH. All You Can Do Is Pray: Crimes against humanity and ethnic
cleansing of Rohingya Muslims in Burma’s Arakan State.
309
The monks who hate muslims 2.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta participação direta e indireta do Estado na violação
dos direitos humanos da minoria muçulmana no estado de arakan,
demonstra como é complexo o processo de democratização em
Myanmar, não apenas para o presidente e o gabinete atual, mas
também para Aung San Suu Kyi e seu partido. Como ressaltado por
William Macgowan311, Suu Kyi tem um problema budista uma vez
que a xenofobia e nacionalismo extremista dos budistas é que tem
incitado e alimentado os ataques contra os muçulmanos. A limpeza
étnica que está acontecendo atualmente no estado, assim como os
crimes contra a humanidade, estão chamando atenção do mundo
ocidental e oriental, que em breve, principalmente após a publica-
ção do relatório do Human Rights Watch, irá demandar por atitudes
mais severas como a responsabilização dos culpados e um tratamen-
to mais adequado a ser despendido àqueles que foram deslocados de
suas residências.
Myanmar precisa não somente parar com a limpeza étnica
contra os muçulmanos no estado de Arakan, mas principalmente
criar garantias constitutionais de direitos de cidadania não apenas
310
“It is usually the work of well-trained paramilitary groups organized by elements of the
security apparatus. Their task is to do the dirty work without showing the direct link
with the regular forces, officials and their political patrons”
311
Disponível em: <http://www.foreignpolicy.com/articles/2012/09/17/aung_san_suu_
kyi_s_buddhism_problem>. Acesso em: 16 abr. 2013.
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the_name_game> Acesso em: 23 abr. 2013.
ZIN, M.; JOSEPH, B. The Democrat’s Opportunity. Journal Of Democracy, v. 23, n.
4, 104-119, 2012.
Resumo:
A história do Haiti é marcada por intervenções e violações de direitos. O país esta longe de
atingir a estabilidade e o terremoto que devastou o país em 2010 agravou ainda mais a situa-
ção, neste contexto, inúmeros haitianos tem deixado o país em busca de melhores condições
de vida. O Brasil é dos principais destinos escolhidos pelos haitianos, contudo, diante da cres-
cente migração, o governo brasileiro optou por restringir a concessão de vistos, sob a justifi-
cativa de que os haitianos não podem ser considerados refugiados, porém, esta justificativa
pode ser questionada diante dos instrumentos jurídicos internacionais sobre refugiados.
Palavras-chave: Direitos Humanos – Haiti – Vistos – Brasil – Direito Internacional.
Sumário:
1. Introdução. 2. Breve Histórico sobre o Haiti. 3. O terremoto de 2010 e a crescente migração.
4. A proteção internacional dos refugiados. 5. Conclusão. 6. Referências Bibliográficas.
312
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de Janeiro: Paz e Terra, 1974. p. 17.
313
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América. Madrid: Fundación Mapfre Tavera, 2005, p. 41-60. (tradução indireta minha)
314
BAPTISTA, Eduardo Correia. O poder público bélico em direito internacional: o uso
da força pelas Nações Unidas em especial. Coimbra: Almedina, 2008. p. 949-952.
315
VICENTINO, Cláudio. História geral. 8. ed. rev., atual e ampl. São Paulo: Scipione, 1997.
p. 459.
316
BAPTISTA, op. cit., p. 949-952.
317
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la decadência de la soberania. In: VÁSQUEZ, Modesto Seara (Comp). Las Naciones
Unidas a los cicuenta años. México: Ed. Fondo de Cultura Econômica, 1995. p. 193.
(tradução indireta minha)
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Ibidem.
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329
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330
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so em: 26 set. 2012.
331
PORTAL DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/
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rams=itemID=%7B8B08936F-6EDC-440C-AE51-9C2665272476%7D;&UIPartUID=%7B-
2218FAF9-5230-431C-A9E3-E780D3E67DFE%7D>. Acesso em: 26 set. 2012.
332
RESTA, Eligio. Diritto vivente. Bari: Eiditori Laterza, 2008, p. 29. [Tradução livre:] o cen-
tro do direito não se encontra na legislação, nem na ciência do direito, nem na jurispru-
dência, mas na própria sociedade.
333
PORTAL DE NOTÍCIA G1. Reportagem de 10/01/2012. Decisão do governo de fechar
fronteiras divide especialistas. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/pais/decisao-
do-governo-de-fechar-fronteiras-divide-especialistas-3637970#ixzz26jUPCdvy>. Aces-
so em: 27 out. 2012.
334
PORTAL DE NOTÍCIA G1. Reportagem de 12/01/2012. Resolução regulamentando
presença de Haitianos é aprovada. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/pais/
resolucao-regulamentando-presenca-de-haitianos-aprovada-3653344#ixzz26jWC-
gX2j>. Acesso em: 27 out. 2012.
335
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. ONU. Disponível em: <http://www.un.org/ga/
search/view_doc.asp?symbol=S/RES/2012(2011)HYPERLINK “http://www.un.org/ga/
search/view_doc.asp?symbol=S/RES/2012(2011)&referer=http://www.un.org/en/
peacekeeping/missions/minustah/facts.shtml&Lang=S)”&HYPERLINK “http://www.un.
org/ga/search/view_doc.asp?symbol=S/RES/2012(2011)&referer=http://www.un.org/
en/peacekeeping/missions/minustah/facts.shtml&Lang=S)”referer=http://www.
un.org/en/peacekeeping/missions/minustah/facts.shtmlHYPERLINK “http://www.un.
org/ga/search/view_doc.asp?symbol=S/RES/2012(2011)&referer=http://www.un.org/
en/peacekeeping/missions/minustah/facts.shtml&Lang=S)”&HYPERLINK “http://www.
un.org/ga/search/view_doc.asp?symbol=S/RES/2012(2011)&referer=http://www.
un.org/en/peacekeeping/missions/minustah/facts.shtml&Lang=S)”Lang=S> Acesso
em: 26 set. 2012.
336
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. ONU. Disponível em: <http://www.un.org/
es/comun/docs/?symbol=S/2012/534>. Acesso em: 27 set. 2012.
Los patrones globales de migración se han vuelto cada vez más com-
plejas en los tiempos modernos, con la participación no sólo de los
refugiados, sino también a millones de inmigrantes económicos. Los
migrantes, especialmente los migrantes económicos, deciden mudar-
se con el fin de mejorar las perspectivas de futuro de sí mismos y
sus familias. Los refugiados tienen que moverse si quieren salvar sus
vidas o su libertad. Ellos no tienen la protección de su propio Estado
- de hecho, es a menudo su propio gobierno que está amenazando con
perseguirlos. Si otros países no les brindan la protección necesaria, y
no les ayudan una vez dentro, entonces pueden estar condenádolos a
muerte - o a una vida insoportable en las sombras, sin sustento y sin
derechos.337
337
LA AGENCIA DE LA ONU PARA LOS REFUGIADOS. ACNUR. Disponível em: <http://
www.acnur.org/t3/a-quien-ayuda/refugiados/>. Acesso em: 27 set. 2012.
5. CONCLUSÃO
338
LA AGENCIA DE LA ONU PARA LOS REFUGIADOS. ACNUR. Disponível em: <http://www.
onu.org.br/onu-no-brasil/acnur/>. Acesso em: 27 set. 2012.
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VICENTINO, Cláudio. História geral. 8. ed. Ver. atual. e ampl. São Paulo: Scipione,
1997.
Resumo:
Este artigo visa abordar a situação das mulheres em situação de conflito armado, tendo como
base os conflitos na República Democrática do Congo. Este país esteve em guerra durante
quase dez anos, porém, houve continuidade de ação das milícias em algumas áreas, trazendo
novas ondas de violência contra a população civil, principalmente às mulheres. Estas, como
veremos, são por vezes vistas como objetos, sendo atacadas estrategicamente como tática
de guerra.
Palavras-chave: República Democrática do Congo - conflito armado - estupro como arma de
guerra.
Sumário:
1. Introdução. 2. Conflito na República Democrática do Congo. 3. O Papel da ONU no Conflito.
4. A Violência Sexual como Arma de Guerra na RDC. 5. A Evolução da Questão no Âmbito da
ONU. 6. Considerações Finais. 7. Referências.
1 INTRODUÇÃO
Em situações de conflito armado ou ocupação estrangeira, a
população civil, com certa frequência, sofre mais impacto do que a
população beligerante, propriamente envolvida no conflito. Dentro
dessa população civil, uma particularidade que se tem percebido, é
que a população do sexo feminino sofre um impacto consideravel-
mente maior.
347
Disponível em: <http://www.un.org/Docs/s815_25.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2013.
348
A característica étnica dos conflitos tem origem no seu período colonial, principalmen-
te na forma de colonização belga.
349
CASTELLANO, Igor. Congo, a Guerra Mundial Africana: conflitos armados, construção
do estado e alternativas para a paz. Porto Alegre: Leitura XXI, 2012. 272p.
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www.irinnews.org/Report/42969/DRC-Conflict-deadliest-since-World-War-II-aid-
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351
KALDOR, Mary. New and Old Wars: Organized Violence in a Global Era. Second Edition.
Stanford University Press, 2007.
352
O caso Hema-Lendu foi agravado durante o governo de Mobutu, pois neste regime
houve uma manutenção status existente na época colonial. Há declarações de que o con-
flito não é entre Hemas e Lendus, e sim entre certos grupos favorecidos e desfavorecidos
da região (CASTELLANO, Igor. Congo, a Guerra Mundial Africana: conflitos armados, cons-
trução do estado e alternativas para a paz. Porto Alegre: Leitura XXI, 2012. 272p.).
353
Lord’s Resistance Army – tradução livre.
357
UN Peacekeeping, 2006: a year of hope for congolese people. Disponível em: <https://
www.un.org/en/peacekeeping/publications/yir/2006/congo.htm>. Acesso em: 28 abr.
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Resolução disponível em: <http://daccess-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/N99/230/
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ANISTIA INTERNACIONAL, op. cit.
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Acesso em: 19 mar. 2013.
380
Declaração de Pequim e Plataforma de Ação. Disponível em: <http://www.un.org/wo-
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Declaração de Windhoek. Disponível em: <http://www.un.org/womenwatch/osagi/
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UNIFEM. Resolução 1325 comentada. Disponível em: <http://www.peacewomen.org/
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383
Resolução 1820. Disponível em <http://womenpeacesecurity.org/media/pdf-scr1820.
pdf>: Acesso em: 19 fev. 2013.
384
Idem.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A vulnerabilidade das mulheres, principalmente em época
de conflito armado, é um assunto cada vez mais emergente no ce-
nário internacional, o qual não pode mais ser ignorado. Ainda que
haja boas iniciativas por parte do Conselho de Segurança das Nações
Unidas, através da introdução da questão em suas resoluções, faz-
-se necessário um maior impulso junto aos países, pois é visível que
as medidas não estão sendo implementadas. O que está ocorrendo,
de fato, nos conflitos, é a continuidade das violências baseadas no
gênero de forma sistemática, apesar dos esforços contínuos da co-
munidade internacional.
No caso da República Democrática do Congo, o excesso de
violência contra a população de sexo feminino em tempos de guerra
é visto como um reflexo da própria sociedade congolesa, que mesmo
em tempos de paz é severa e desigual com as mulheres. Por isso,
7 REFERÊNCIAS
ANISTIA INTERNACIONAL. Democratic Republic of Congo: Mass Rape – Time
for Remedies. Disponível em: <http://www.amnesty.org/en/library/info/
AFR62/018/2004>. Acesso em: 25 abr. 2013.
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news.bbc.co.uk/2/hi/8650112.stm>. Acesso em: 18 fev. 2013.
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ção do estado e alternativas para a paz. Porto Alegre: Leitura XXI, 2012. 272p.
CEDAW. Disponível em: <http://www.un.org/womenwatch/daw/cedaw/text/
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the DRC, pursuant to Security Council resolution 1698 (2006). Disponível em: <http://
www.securitycouncilreport.org/atf/cf/%7B65BFCF9B-6D27-4E9C-8CD3-CF6E4F-
F96FF9%7D/CAC%20S2007%20423.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2013.
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FITZPATRICK, Brenda. Tactical Rape as a Threat to International Security: A Norm
Develops. Disponível em: <http://cesran.org/index.php?option=com_conten-
t&view=article&id=1459%3Atactical-rape-as-a-threat-to-international-securi-
Resumo:
Este artigo tem o objetivo de demonstrar os diferentes olhares sobre o mesmo fenômeno: a
Minustah. A partir de “como nós olhamos” e “como eles olham” a Minustah, pretende-se fa-
zer uma reflexão acerca do significado das tropas militares no Haiti, além de suas implicações
ou influência nas violações de direitos humanos da população. Nesse sentido, pretende-se,
em um primeiro momento retomar a história do Haiti para entender e identificar os elemen-
tos que continuaram fazendo parte após a permanência da Minustah e os que surgiram por
esse motivo. Em um segundo momento, repensar as tropas da Minustah sob duas visões
diferentes: a visão brasileira e a visão haitiana. Por fim, busca-se uma reflexão acerca das
perspectivas do povo haitiano frente aos diversos desafios que estão enfrentando.
Palavras-chave: Brasil – Haiti – MINUSTAH – Direitos Humanos – Tropas de Paz.
Sumário:
1. Introdução. 2. Haiti: Seis séculos de veias abertas. 3. Minustah: Como nós olhamos. 4.
Minustah: Como eles nos olham. 5. Considerações Finais. 6. Referências
1 INTRODUÇÃO
O Haiti é um país com 9,8 milhões de habitantes. Dentre eles,
80% da população está abaixo da linha da pobreza, 40% está desem-
pregada e 47,1% é analfabeta. Este último dado está diretamente
ligado ao fato de o país ter duas línguas oficiais, o francês e o crioulo,
sendo que a primeira é falada pela elite e a segunda só foi reconheci-
da em 1986, representando a massa da população (CIA FACTBOOK,
387
Baseado nesse princípio, o país declinava da participação de missões, por exemplo,
de intervenções humanitárias, uma vez que interferir em assuntos internos de outros
países significa abrir precedente nesse campo e, consequentemente, estar disposto a
suportar tais medidas em seu domínio doméstico. No mesmo sentido, reafirmando a
sua posição pacifista e mediadora, recusava-se a integrar missões autorizadas sob o
capítulo VII da Carta da ONU (CARVALHO; ROSA, 2011).
388
De acordo com Celso Amorim, o então Ministro das Relações Exteriores da época, a
“não indiferença” realça o princípio da solidariedade e da justiça social. Esses elemen-
tos devem nortear a ação de qualquer Estado aos seus pares (LIMA, 2005).
396
Essas “áreas de trabalho” foram incentivadas no governo de Aristide. Segundo Ricar-
do Melani (2010), as dezoito zonas francas que foram criadas por Aristide em 2002
são regiões nas quais as empresas não sofrem tributação como no restante do país,
e em que tampouco são respeitadas as condições sociais e trabalhistas básicas. O
autor comenta que uma costureira na capital Porto Príncipe recebe o equivalente à
US$ 0,50 por hora. É uma remuneração inferior aos US$ 3,27 pagos no Brasil e muito
abaixo dos US$ 16,92 dos Estados Unidos, conforme a consultoria Werner (MELANI,
2010, p.28).
397
Em sua entrevista à Revista PUC Viva, o haitiano relata um caso que não deveria ter
espaço na mente humana. De acordo com Franck Seguy, em linhas gerais, no ano de
2004, a Companhia de Desenvolvimento Industrial (Codevi) entrou em confronto com
o Sindicato dos Operários da Codevi Wanament (Sokowa, em crioulo). Devido à insa-
tisfação da Codevi com relação às reinvidicações dos direitos que as mulheres estavam
requerendo, a companhia lançou uma “campanha de vacinação” para proteger a saúde
dos trabalhadores. No entanto, não era uma simples campanha de vacinação e assim,
os resultados foram inimagináveis: as trabalhadoras que estavam grávidas abortaram,
até mesmo as que estavam no nono mês; as mulheres não-grávidas tiveram as suas
menstruações alteradas e descontroladas e passaram a observar uma secreção ver-
dejante na vagina e assim por diante. Foi um jeito encontrado por Fernando Capellan
para não ter que dar licença-maternidade, além de aumentar a produtividade de cada
trabalhadora. Importante destacar que o caso foi ignorado pelas autoridades (SEGUY,
2010, p.18).
398
Jean-Bertrand Aristide é um ex-padre salesiano. Foi ligado à Teologia da Libertação e a
setores progressistas da igreja católica no Haiti durante o sacerdócio. Sua importância
também é ligada ao fato dele ter sido o primeiro presidente a discursar em crioulo no
dia da posse- idioma que só foi reconhecido como oficial no ano de 1986 (HIRST, 2009).
399
De acordo com Frank Seguy (2010), o presidente Aristide frustrou as expectativas nele
colocadas em três momentos: Chegou ao poder promovendo um discurso nacionalista
e populista. Enquanto nacionalista, apoiava-se constantemente em Charlemagne Péral-
te, o líder das lutas contra a primeira invasão americana em 1915. Enquanto populista,
incomodava a fração mais conservadora da burguesia local. O momento encerra-se no
sétimo mês de seu mandato, quando foi golpeado e exilado nos Estados Unidos em
1991; o segundo momento é quando Aristide é reestabelecido por Bill Clinton, então
presidente dos Estados Unidos, três anos depois com alguns acordos a cumprir; e o
terceiro momento é o cumprimento das exigências norteamericanas, inclusive a priva-
tização de empresas públicas (SEGUY, p. 13).
400
Raoul Cédras é um ex-militar haitiano que ocupou a presidência da Junta Militar entre
1991 e 1994. Após o retorno do Aristide em 1994, vive no Panamá (HIRST, 2007).
401
O presidente Aristide retorna em 1994 e em 1995 estabelece por decreto a extinção
das Forças Armadas do Haiti, sendo substituídas pela Polícia Nacional Haitiana – PNH.
Atualmente vive no exílio na África do Sul. O ex-presidente continua sendo uma figu-
ra importante na política haitiana e alguns analistas acreditam no seu retorno (HIRST,
2007).
402
Aristide alega ter sido derrubado por um golpe de Estado apoiado pelos governos da
França e dos Estados Unidos.
405
A Minustah é composta pelos seguintes países: Argentina, Brasil, Bolívia, Canadá, Chi-
le, Croácia, Equador, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, França, Guatemala, Jordânia,
Malásia, Marrocos, Nepal, Paraguai, Peru, Sri Lanka e Uruguai.
406
A diplomacia brasileira defende uma visão de compromisso de longo prazo com o Haiti
com o objetivo de tratar das raízes dos problemas enfrentados com base no tripé: se-
gurança, reconciliação política e desenvolvimento (Brasil, 2007, p. 63-65).
409
Cabe mencionar a vinculação entre a atuação das tropas em Porto Príncipe e a possibi-
lidade de uso de táticas semelhantes como parte do combate do crime organizado no
Rio de Janeiro. Uma vinculação entre Rio de Janeiro e Porto Príncipe ocorreu no final de
2010, quando soldados com experiência na Minustah atuaram no processo de pacifica-
ção de comunidades carentes do Rio de Janeiro. Como o “esforço mais complexo” des-
taca-se em novembro e dezembro de 2010 do mesmo ano, a pacificação do Complexo
do Alemão, que envolveu o estabelecimento de uma Força de Paz comandada por um
general ex-comandante do contingente militar na Minustah (ARAÚJO, 2010, on line).
dos (2010) de Daniel Santos. Ambos contam com relatos de opiniões críticas a respeito
das tropas da Minustah no Haiti e de algumas ações destas tropas contra os haitianos.
414
Para maiores informações, acesse: <retiradatropashaiti.blogspot.com.br>.
415
O Centro Gumilla de Caracas menciona que enquanto isso, os principais problemas do
país, como a degradação do meio ambiente, o agravamento da pobreza e a carência de
infraestrutura e dos serviços sociais de base, bem como as necessidades fundamentais
dessas vítimas ainda não estão sendo avaliadas.
416
A CIRH é composta por 30 membros, dos quais 13 são haitianos com direito a voto. A
Comissão que tem como função gerir os fundos para a reconstrução é co-presidida por
Bill Clinton e pelo Primeiro Ministro haitiano Jean-Max Bellerive. A CIRH está sendo
cada vez mais questionada pelos partidos de oposição e grupos de haitianos organiza-
dos que consideram que essa é mais uma estrutura destinada a reforçar a dependência
do Haiti (CENTRO GUMILLA DE CARACAS, 2010).
418
De acordo com Marcelo Carreiro (2009), em 6 de julho de 2005, ainda sob o comando
do General Heleno, a Minustah faz uma incursão maciça no paupérrimo bairro de Cité
Soleil, onde cerca de 200 mil habitantes ocupam barracos frágeis. A ação ocorre à noi-
te, com a justificativa de assassinar Dread Wilme, identificado como líder de uma das
várias gangues que aterrorizavam Porto Príncipe no vácuo de poder criado com a que-
da de Aristide em 2004. Após sete horas de ataque, que consomem 22 mil cartuchos
de munição, a Minustah se retira sem verificar baixas inimigas – apenas assume que
Wilme foi morto em combate e declara o sucesso da missão. É importante dizer que a
Cité Soleil sofreu seis ataques até 2008. Além disso, baseando-se em um relatório do
Medecins Sans Frontiers, o autor destaca o aumento do número de vítimas civis atingi-
das por balas, especialmente explosivas.
419
De acordo com a OIT, uma em cada dez crianças haitianas trabalha em regime forçado.
Em 2012, o dado era de que 225 mil crianças, entre 5 e 17 anos, tinham um trabalho
infantil como uma forma de escravidão moderna. O sistema mais comum desse traba-
lho forçado iniciou-se após o terremoto, quando os pais mandavam seus filhos para
casa de parentes que estão melhores financeiramente. No entanto, quando as crianças
chegavam, se tornavam escravos modernos, trabalhando com uma média de 14 horas
por dia, além de, em muitos casos, receberem maus tratos e serem explorados sexual-
mente (FOLHA DE S. PAULO, 2012).
420
A Anistia Internacional, em 2010, denunciou casos de abusos sexuais contra as mulhe-
res que têm se difundido nos acampamentos instalados no Haiti após o terremoto. De
acordo com Chiara Liguori, pesquisadora da instituição, “A violência sexual está am-
plamente presente nos campos. Constituía já um grande motivo de preocupação antes
do terremoto. Agora, a situação em que vivem as vítimas cria um risco ainda maior”.
Segundo um relatório publicado em janeiro do mesmo ano, a Anistia declarou que pelo
menos 250 mulheres foram estupradas nos 1.150 campos que existiam no Haiti cinco
meses após o terremoto (FOLHA DE S. PAULO, 2010).
421
De acordo com Franck Seguy (2010), quando era jornalista, cobriu inúmeros casos
como esse. O entrevistado destaca um desses casos: Uma vez uma mulher rica
foi sequestrada. A família dela negociou com os sequestradores um resgate para
salvar a sua vida. Quando a família foi levar o resgate no local indicado, foi uma
imensa surpresa ver os sequestradores chegando num carro da Minustah, no qual
estavam escritas as letras UN (United Nations/Nações Unidas) (SEGUY, 2010, p.16).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após completar nove anos da Missão de Estabilização das
Nações Unidas para o Haiti (Minustah) é preciso refletir sobre o seu
significado com base em alguns aspectos, como: previsão da retirada
das tropas; a situação dos haitianos no Brasil; o Haiti na atualidade
e os desafios que ainda terão de enfrentar.
Com relação à previsão da retirada das tropas. Em 2011 foi
noticiado que a redução do contingente brasileiro ocorreria a partir de
março de 2012, de forma gradual para entregar o controle do Haiti ao
seu próprio governo, de maneira coordenada. Como afirmou o Minis-
tro da Defesa, Celso Amorim: “Não devemos e não queremos nos eternizar
no Haiti, mas também não vamos sair de maneira irresponsável” (BBC BRA-
SIL). Cabe dizer que a redução dos contingentes da Minustah423 não
incluiu nenhuma companhia de engenharia ou mesmo dos membros
de seu batalhão que têm atuado na reconstrução de pontes, poços ar-
tesianos e produção de energia, entre outras obras emergenciais. Eles
não se retiraram devido ao reconhecimento de que ainda são necessá-
rios esforços no âmbito da reconstrução do país.
Em setembro de 2011, perante a Assembleia-Geral da ONU, o
presidente Michel Martelly afirmou ser favorável a continuidade da
Minustah embora tenha cometido erros inaceitáveis, como declarou:
423
A primeira redução foi em 2012, passando de 2200 militares para 1900. A segunda re-
dução ocorrerá a partir do dia 27 de março até junho de 2013, 460 militares brasileiros
vão deixar o Haiti, colocando fim ao segundo batalhão criado para atender à emergên-
cia do grande terremoto que abalou a ilha em 2010. Mesmo assim, o contingente mili-
tar brasileiro continuará sendo o mais numeroso, contando com 1450 homens (BRASIL,
2012; EBC, 2013).
6 REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Vera. General de brigada paraquedista vai comandar a Força de Paz no-
Alemão. O Globo, 9 dez. 2010. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/rio/gene-
ral-da-brigada-paraquedista-que-ja-comandou-as-tropas-brasileirasno-haitivai-
comandar-a-2913513>. Acesso em: 10 abr. 2013.
BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Seminário de Alto Nível sobre Opera-
ções de Manutenção da Paz. (2 de fevereiro de 2007). Resenha de Política Exterior do
Brasil, a. 34, n. 100, 1º sem. 2007.
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Amorim, na abertura da XXXV Assembleia Geral da OEA, em Fort Lauderdale (USA) em 05
de junho de 2005. Disponível em: <http://www.oas.org/speeches/speech.asp?sCodi-
go=05-0114>. Acesso em: 10 abr. 2013.
BRASIL. Discurso do Ministro Celso Amorim na Conferência Ministerial Preparatória so-
bre o Haiti, em Montreal, 25 de janeiro de 2010. Disponível em:<http://www.politi-
caexterna.com/participacao-do-brasil-na-conferencia-sobre-reconstrucao-do-hai-
ti-entrevista-de-celso-amorim-na-cnn. Acesso em: 10 abr. 2013.
BRASIL. Brasil vai reduzir contingente de militares no Haiti, diz presidenta. Disponível
em: <http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2012/02/01/brasil--vai--reduzir-
contingente-de-militares-no-haiti-diz-presidenta>. Acesso em: 10 abr. 2013.
BBC Brasil. Três anos após terremoto, pouco dinheiro externo chega a instituições haitianas.
Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/01/130112_hai-
ti_3_anos_pai.shtml. Acesso em: 10 abr. 2013.
BBC Brasil. Brasil vai começar a retirar tropas do Haiti em março, diz Amorim. Disponí-
vel em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/09/110929_haiti_amo-
rim_mdb.shtml>. Acesso em: 10 abr. 2013.
A (IN)COMPATIBILIDADE ENTRE A
SEGURANÇA NACIONAL DOS ESTADOS
E A PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS
REFUGIADOS
Joanna de Angelis Galdino Silva
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Direito do PPGD/UFSC com ingres-
so em 2013. Área de Concentração: Direito e Relações Internacionais. Advogada.
Especialista em Direito do Trabalho pelo Centro Universitário Curitiba (2009). Es-
pecialista em Direito do Trabalho pela Escola da Magistratura do Trabalho de San-
ta Catarina - Amatra 12 (2010). (joannadeangelisgaldino@gmail.com)
Sumário:
1. Introdução. 2. O Direito de Asilo. 3. Segurança Nacional. 4. Proteção dos Refugiados. 5.
Considerações finais. 6. Referências.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo se propõe a analisar o direito de segurança
estatal em face da proteção internacional dos refugiados, e se há
possibilidade de compatibilizá-los considerando a relação entre o Di-
reito Internacional dos Direitos Humanos e o Direito Internacional
dos Refugiados.
A questão é histórica. Na obra mais popular do mundo, a Bí-
blia, são relatados alguns casos como sendo de refugiados: Jacob
(1620 a.C. – 1490 a.C.) fugiu da ira de Esaú e refugiou-se em Haram,
na casa de Labão; Moisés (1593 a.C. – 1473 a.C.), devido às ameaças
de morte do Faraó, abandonou as margens do Nilo e refugiou-se no
deserto a caminho de Madian; o rei David (1040 a.C. – 970 a.C.) é
também um refugiado das invejas de Saul e depois das ambições do
seu filho Absalão.
A evolução do enfoque sobre os direitos humanos tem refle-
xos sobre a questão dos refugiados, e somente após a chamada uni-
2 O DIREITO DE ASILO
A palavra “asilo” tem origem na palavra grega “sylum” (que
quer dizer violência), acrescentada do prefixo negativo “a”. Assim,
tem-se que “asilo” quer dizer “não-violência”.
Inegável que o direito de asilo decorre da institucionalização
e do reconhecimento universal dos direitos humanos, os quais en-
contram em PECES-BARBA (apud RAMOS, 2012, p. 30) sua ampla
definição. Para ele os direitos humanos são:
424
Definição de refugiados. Art. 1º da Convenção de 1951. A Convenção da Organização
de Unidade Africana – OUA, que rege os aspectos específicos dos refugiados na África,
de 1974, ampliou a definição de refugiados, sendo estes considerados “qualquer pessoa
que, receando com razão, ser perseguida em virtude da sua raça, religião, nacionalidade,
filiação em certo grupo social ou das suas opiniões políticas, se encontra fora do país
da sua nacionalidade e não possa, ou em virtude daquele receio, não queira requerer
a proteção daquele país; ou que, se não tiver nacionalidade e estiver fora do país da
sua anterior residência habitual após aqueles acontecimentos, não possa ou, em virtu-
de desse receio, não queira lá voltar” e também “qualquer pessoa que, devido a uma
agressão, ocupação externa, dominação estrangeira ou a acontecimentos que perturbem
gravemente a ordem pública numa parte ou na totalidade do seu país de origem ou do
país de que tem nacionalidade, seja obrigada a deixar o lugar da residência habitual para
procurar refúgio noutro lugar fora do seu país de origem ou de nacionalidade”.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No momento em que a concessão de asilo ou refúgio vai ser
dada ou negada, é necessário que o Estado concedente leve em con-
ta que tal decisão muitas vezes implicará na vida ou morte de uma
pessoa.
6 REFERÊNCIAS
ACNUR. Guterres elogia programa para refugiados dos EUA e pede que reformas continuem.
Tim Irwin em Washington, DC, Estados Unidos. Publicado quarta, 17 de março de
2010, 11:00. Disponível em: <http://www.acnur.org/t3/portugues/noticias/noticia/
guterres-elogia-programa-para-refugiados-dos-eua-e-pede-que-reformas-conti-
nuem/>. Acesso em: 20 abr. 2013.
ACNUR. Na zona rural da Pensilvânia, um modelo de detenção civil para imigrantes. Tim
Irwin em Reading, Estados Unidos. Publicado quinta, 06 de janeiro de 2011, 18:00.
Disponível em: <http://www.acnur.org/t3/portugues/noticias/noticia/na-zona-ru-
ral-da-pensilvania-um-modelo-de-detencao-civil-para-imigrantes/>. Acesso em:
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BALDI, César Augusto (org). Direitos humanos na sociedade cosmopolita. Rio de Janei-
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humanos. Volume I. Sergio Antonio Fabris Editor. Porto Alegre, Brasil, 1997.
DAVIES, Richard. “Neither here or nor there?” The implications of global diáspo-
ras for (inter) national security. Apud: GUIMARÃES, Alice Soares. Refugiados como
Fator de Insegurança: O caso da região dos Grandes Lagos na África Central. Rio de
Janeiro: 2005. PUC-Rio – Certificação Digital Nº 0210263/CB.
DIAS, Abel. Também eu fui refugiado. Disponível em: <http://www.audacia.org/cgi-
bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EEuykkFZFZaoyTEyrN>. Acesso
em: 23 abr. 2013.
GUIMARÃES, Alice Soares. Refugiados como Fator de Insegurança: O caso da região
dos Grandes Lagos na África Central. Rio de Janeiro: 2005. PUC-Rio – Certificação
Digital Nº 0210263/CB.
MELLO, Celso D. de Albuquerque, 1937. Curso de direito internacional público. 15. ed.
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MURILLO, Juan Carlos. Os legítimos interesses de segurança dos Estados e a pro-
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a. 6. n. 10. São Paulo. Junho de 2009. p. 121-137. Disponível em: <http://www.
surjournal.org/conteudos/pdf/10/Murillo.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2013.
1 INTRODUÇÃO
Este presente artigo tem por objetivo mostrar a importância
da compreensão em relação ao terrorismo e seu papel nos diferentes
períodos históricos, abordando tal compreensão como ponto de par-
tida para se efetivar a luta contra o terrorismo dentro da Segurança
Internacional, assim, procurando os diferentes conceitos e referen-
ciais políticos sobre o tema, para sua efetivação, tendo em vista que
esta não consegue ter uma efetividade em seu combate ao terroris-
mo, pois não há um interesse pelo histórico e pela concepção de ter-
rorismo anterior ao século XXI, nomeadamente pós-11 de setembro,
deste modo propõe-se aqui que haja uma avaliação deste histórico
para que a Segurança Internacional consiga se adequar aos diferen-
tes tipos de terrorismo.
O artigo divide-se em seis partes e aborda o tema terrorismo,
com uma grande ênfase na abordagem histórica, para se poder com-
preender os antigos e novos modelos, concepções, características,
períodos e locais onde há atuação de grupos, que analisados, apro-
425
PAULA, Guilherme Tadeu de. Terrorismo: Conceito Político. 2013. Disponível em:
<http://www.humanas.unifesp.br/ciencias_sociais/dissertacao-guilherme-tadeu-de
-paula>. Acesso em: 28 abr. 2013, p. 21.
426
Idem, p.25.
427
PAULA, Guilherme Tadeu de. Terrorismo: Conceito Político. 2013. Disponível em:
<http://www.humanas.unifesp.br/ciencias_sociais/dissertacao-guilherme-tadeu-de
-paula>. Acesso em: 28 abr. 2013, p. 92.
428
SOUZA, Alexis. Tráfico de Drogas, Terrorismo e Organização Criminosa como Delitos
Antecedentes ao Crime de Lavagem de Dinheiro. Julho. 2010. Disponível em: <http://
www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=4565>. Acesso em: 28 abr. 2013, p. 37.
4 OUTROS GRUPOS
O entendimento de terrorismo parte da definição de um de-
terminado grupo, Estado ou organização, que vêem a atuação de
um grupo sendo prejudicial a seus interesses, alguns grupos podem
ser considerados terroristas pelo Estado onde atuam, como a ETA,
que tem legitimidade de atuação, pelo menos no início de sua luta,
mas que a Espanha considera como grupo terrorista; grupos que têm
objetivos e ações que para alguns pode ser considerada como ações
terroristas e para o Estado não o são; e outros grupos que começam
com ações legítimas e com o passar do tempo acabam por se desle-
gitimar e ser considerados grupos terroristas, como por exemplo se
associar com luta armada fora de um contexto cabível de luta pela
liberdade nacional e também associação com drogas e armas, que é
o caso das FARCs.
As FARCs, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia,
consideram-se um exército popular, que tinham por objetivo lutar
pelos direitos da população que não viam possibilidades de justiça
social pelo Estado, segundo Monteiro. Colocam-se como opositores
da influência norte-americana no país, considerando uma explora-
ção neocolonialista. O grupo começa a se envolver com o comércio
de drogas no país e assim passa a ser um inimigo deslegitimado do
Estado colombiano.
A análise que deve ser feita para que haja um combate efetivo
ao terrorismo tem de contar com um aprofundamento na compreen-
são dos atos relacionados ao grupo que quer se combater. Entenden-
do quais os motivos iniciais de criação de um grupo e seus objetivos
de luta, pode-se compreender o que leva o grupo a ter ações violentas
e o uso de armas, que pode ser legitimado se houver motivações váli-
das em relação ao alvo de ataque do grupo, como a ETA, que cria-se
em prol da libertação nacional do país basco e pela redemocratização
do Estado espanhol. Assim, tendo este entendimento específico de
cada grupo, a luta ao terrorismo facilita-se por criar não uma tática
universal de combate, mas sim compreendendo melhor o grupo que
se quer erradicar, torna sua supressão mais efetiva.
O terrorismo como questão política dificulta sua erradicação,
já que o terrorismo de Estado - aquele em que o Estado é o terrorista
- atinge um patamar mais extremo; quais as medidas para definir
que o Estado em questão deve ser desmantelado?
7 REFERÊNCIAS
CAMUS, Albert. O Homem Revoltado. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 2010.
CLUTTERBUCK, Richard. Guerrilheiros e Terroristas. Rio de Janeiro: Biblioteca do
Exercito, 1980.
Sumário:
1. Introdução. 2. Âmbito das Nações Unidas. 3. Âmbito externo às Nações Unidas - sociedade
civil. 4. América Latina e Caribe. 5. Para além da não-proliferação. 6. Considerações finais. 7.
Referências.
1 INTRODUÇÃO
A partir do bombardeio ao Japão é possibilitado a compreensão dos
impactos catastróficos dos armamentos nucleares a segurança, seja a
níveis internacionais, seja a níveis humanitários individuais. Atual-
mente os armamentos nucleares constituem a arma mais destrutiva
e prejudicial já produzida pela humanidade, como aponta a orga-
nização dos Parlamentares Pela Prevenção de uma Guerra Nuclear
(IPPNW)429. Não é ínfimo o debate acerca de seus impactos negati-
429
IPPNW. Abolition 2000, Handbook for a World without Nuclear Weapons. 1995.
Dentre os países que assinaram conjuntamente com a África do Sul, destacam-se os
países latino-americanos: Argentina, Brasil, Chile, Colombia, Costa Rica, Equador, El Sal-
vador, Guatemala, Honduras, México, Nicaragua, Panama, Paraguai, Peru, Uruguai.
SOUTH AFRICA. Joint Statement on the humanitarian impact of nuclear weapons.
Genebra, 2013.
434
Carasales Julio C. The So Called Proliferation that Wasn’t the Story of Argentina’s
Nuclear policy, 2000.
435
ILPI. An Introduction to the Issue of Nuclear Weapons in Latin America and the Carib-
bean, 2012.
439
Transcrição do Discurso da presidenta Dilma na reunião de Alto Nível sobre Segurança
Nuclear, de 22 de setembro de 2011.
Idem.
Idem.
Reaching Critical Will. The NPT Action Plan Monitoring Report, 2013.
Transcrição do Discurso da presidenta Dilma na reunião de Alto Nível sobre Segurança
Nuclear, de 22 de setembro de 2011.
Capítulo II - Da União
Art. 20. São bens da União:
[…]
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qual-
quer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa,
a lavra, o enriquecimento de urânio e reprocessamento, a
industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus
derivados, atendidos os seguintes princípios:
toda atividade nuclear em território nacional somente será
adminitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Con-
gresso Nacional;
A sob regime de concessão ou permissão, é autorizada a uti-
lização de radioisótopos para a pesquisa e usos medicinais,
agrícolas, industriais e atividades análogas;
S a responsabilidade civil por danos nucleares indecente da
existência de culpa;
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É notável o avanço a caminho da segurança nuclear, come-
çando pelo incentivo latino-americano ao estabelecimento da pri-
meira zona livre de armas nucleares do mundo, com o tratado de
Tlatelolco, o que sem dúvidas serviu para a criação de outras zonas
livres dos armamentos. Por mais que se tenham obtidos avanços
significativos como na redução dos arsenais nucleares, ainda resta
vários outros pontos a serem debatidos e assegurados pela comu-
nidade internacional se o foco desta for a segurança mundial. Cla-
ramente passou-se do período histórico em que a posse de ogivas
nucleares representava segurança nuclear e uma necessidade de Es-
tado. O debate mudou e com isso deve-se mudar a postura, o que
já está acontecendo, da não proliferação, chegou-se ao caminho do
desarmamento.
Entretanto ainda restam empasses a serem debatidos. Como
se pode pensar em alternativas e medidas eficazes para alcançar-
-se o desarmamento enquanto as potências nuclearmente-armadas
possuem previsões orçamentarias beirando bilhões de dólares ame-
ricanos para a renovação e desmantelamento dos arsenais, como é o
caso dos EUA? Não obstante, há a retomada do pensamento de que
os arsenais nucleares possam representar projeção de poder, como
no recente caso de ameaça a utilização de ogivas pela República
Popular Democrática da Coréia. Tais fatos são exemplos que servem
de fundamentação para a problematização do assunto.
Cabe a reflexão sobre o futuro da segurança internacional no
âmbito dos armamentos nucleares. Deve-se refletir sobre as adapta-
ções das conjunturas internacionais necessárias para que se possa
desenvolver e alcançar a segurança internacional, assim como sobre
REFERÊNCIAS
AEA. Information Circular. 1970. Disponível em: <http://www.iaea.org/Publica-
tions/Documents/Infcircs/Others/infcirc140.pdf>. Acesso em: abr. 2013.
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nado Federal, 1988.
CARASALES, Julio C. The So Called Proliferation that Wasn’t the Story of Argentina’s
Nuclear policy, 2000.
Declaración Conjunta sobre Desnuclearización de la América Latina, 1963. Disponível
em: <http://www.opanal.org/Docs/t_tlatelolco/Declaracion1963.pdf> Acesso em:
abr. 2013.
Discurso da presidenta Dilma na reunião de Alto Nível sobre Segurança Nuclear, Nova
Resumo:
Questões das mais tormentosas e das mais interessantes no cenário jurídico nacional é o da
constitucionalidade do Estatuto de Roma, criador do Tribunal Penal Internacional. Por mais
que ambos simbolizem no cenário internacional um avanço no combate a graves violações de
direitos humanos, pode ser que o Estatuto não seja válido na ordem jurídica brasileira, caso
proteja o cidadão menos do que a Constituição. Visa esse trabalho a levantar os pontos de
conflito em potencial entre ambos.
Palavras-chave: Constituição brasileira – Estatuto de Roma – Constitucionalidade.
Sumário:
1. Introdução. 2. O Ordenamento Jurídico. 3. A Recepção dos Tratados Internacioansi e do caso
do Estatuto de Roma. 3.1 A Recepcão de Tratados no Brasil. 3.2 O Caso do Estatuto de Roma.
3.3 Questões suscitadas pela recepção brasileira do Estatuto. 4. Irrelevância da Qualidade
Oficial. 5. A Entrega de Nacionais. 6. Prisão Perpétua. 7. Imprescritibilidade. 8. Relativização
da Coisa Julgada. 9. Individualização da Pena. 10. O Genocídio e o Tribunal do Júri. 11.
Retroatividade da Lei Penal mais Benéfica. 12. O Estatuto de Roma e a Inconstitucionalidade
por Arrastamento. 13. Referências.
1 INTRODUÇÃO
Ninguém questiona, certamente, a necessidade de constru-
ção de mecanismos voltados à repressão de crimes como o genocídio
e os contra a humanidade. Nesse diapasão, é de grande importância
2 O ORDENAMENTO JURÍDICO
Na ideia de ordenamento jurídico atualmente adotada, tem-
-se a concepção deste como uma construção hierárquica de normas
jurídicas, escalonada. Devem as normas hierarquicamente inferiores
ser conforme às normas superiores, não as contrariando. No topo de
todo o ordenamento está a Constituição.
O Brasil é um Estado Democrático de Direito, sendo o povo
soberano. Ele é a fonte do poder estatal, bem como do ordenamento
jurídico por este criado. O povo brasileiro não se submete juridica-
mente a ninguém, cabendo a ele decidir sob que leis viver, escolha
essa consubstanciada principalmente na Constituição. Esta cria a
ordem jurídica nacional, conformando-a, e é, do ponto de vista jurí-
dico, a maior expressão da vontade popular.
A Constituição brasileira prevê uma série de medidas para
que se evite o arbítrio e a violência: separação de poderes; direitos
fundamentais, visando à garantia, para o indivíduo, de uma esfera
livre do Estado ou mesmo da maioria, impedindo medidas como tor-
tura ou tratamento desumano.
Na estrutura normativa brasileira, caracteriza-se a Constitui-
ção por ser rígida: não pode ser alterada pelo método comum de con-
fecção de leis, exigindo um processo qualificado para tanto. Se, ao
contrário, pudesse o Congresso Nacional alterá-la do mesmo modo
que produz leis, poderia facilmente, do ponto de vista jurídico, alte-
rar direitos fundamentais, como o à educação e à saúde.
Deve-se destacar que, na estrutura brasileira, nem tudo pode
ser alterado na Carta Magna. Há um núcleo inalterável, consubstan-
ciado nas chamadas cláusulas pétreas, segundo o art. 60, parágrafo
4º da Constituição: a forma federal de Estado; o voto direto, secreto,
440
Estamos cientes da discussão sobre a hierarquia dos tratados internacionais de direito
humanos no ordenamento jurídico brasileiro. Segundo o debate, esses tratados podem
ter três hierarquias: a legal, a supralegal ou a constitucional. Independentemente da
posição que se considere que elas possuam, o que foi aqui escrito continua valendo,
uma vez que sempre se submete, ao menos, às cláusulas pétreas do ordenamento.
Mesmo no caso de hierarquia constitucional.
442
Como bem se pode ver, a classificação entre inconstitucionalidades nucleares e não
nucleares é funcional para qualquer norma, e não só para o caso em tela. Qualquer
norma jurídica, mesmo uma Emenda Constitucional é passível de ser classificada sob o
binômio aqui proposto.
5 A ENTREGA DE NACIONAIS
Questão polêmica é a entrega de nacionais ao Tribunal Penal
Internacional. Prevê o Estatuto em seu art. 89
Art. 89.
Entrega de Pessoas ao Tribunal
1. O Tribunal poderá dirigir um pedido de detenção e entrega
de uma pessoa, instruído com os documentos comprovativos
referidos no artigo 91, a qualquer Estado em cujo território
essa pessoa se possa encontrar, e solicitar a cooperação desse
Estado na detenção e entrega da pessoa em causa. Os Es-
tados Partes darão satisfação aos pedidos de detenção e de
entrega em conformidade com o presente Capítulo e com os
procedimentos previstos nos respectivos direitos internos.
Art. 102.
Termos Usados
Para os fins do presente Estatuto:
a) Por “entrega”, entende-se a entrega de uma pessoa por
um Estado ao Tribunal nos termos do presente Estatuto.
b) Por “extradição”, entende-se a entrega de uma pessoa por
um Estado a outro Estado conforme previsto em um tratado,
em uma convenção ou no direito interno.
6 PRISÃO PERPÉTUA
O Estatuto de Roma possibilita a aplicação da pena de prisão
perpétua
Art. 77
Penas Aplicáveis
Resta o impasse.
Interpretações conciliadoras são o que não faltam nesse âm-
bito. Steiner (2003, p. 452-457) entende que os princípios preva-
lecem sobre as regras, de modo que os princípios da dignidade da
pessoa humana e o da prevalência dos direitos humanos nas rela-
ções internacionais prevalecem aqui. Aponta também o artigo 7º do
ADCT, o qual determina que o Brasil propugnará pela criação de um
tribunal internacional de direitos humanos, e que os direitos e ga-
rantias fundamentais só tem força dentro do Brasil, não se podendo
dar-lhes eficácia transnacional e utilizá-los como óbice a extradição
ou entrega. Acrescenta a autora que a recepção do TPI causou uma
mutação constitucional, de forma a se permitir esses pontos de dita
inconstitucionalidade e, por último, lembra que a própria Constitui-
ção permite a pena de morte em caso de crime militar cometido em
crime de guerra. Entende ela que, se nessas circunstâncias pode-se
ter pena de morte, pode-se ter também pena de prisão perpétua no
caso de grande violação de direitos humanos, as quais são tão graves
quanto guerras.
Mazzuoli (2004, p. 254-255) argumenta que o STF não vê
problemas em extraditar indivíduos para locais onde podem ser con-
denados à prisão perpétua, de modo que a vedação a essa pena não
pode servir de óbice ao Estatuto (aqui, para o autor, a entrega pode
ser tratada como extradição). Lembra também pode haver a revisão
da pena após o cumprimento de dois terços dela, ou de 25 anos. E
entende também que essa vedação destina-se apenas ao legislador
interno brasileiro, não alcançando legisladores estrangeiros ou in-
ternacionais. Nada impede que a pena de prisão perpétua seja ins-
tituída “...fora do país, por um tribunal permanente de jurisdição
7 IMPRESCRITIBILIDADE
Estabelece o Estatuto de Roma
Art. 29
Imprescritibilidade
Os crimes da competência do Tribunal não prescrevem.
9 INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
A Constituição prevê o direito à individualização da pena -
todo condenado tem o direito a ter uma pena adequada à conduta
que cometeu. Contudo, há possibilidade de conflito entre esse prin-
cípio basilar da punição no Estado Democrático de Direito brasileiro
e o Estatuto de Roma em duas ocasiões.
A primeira é grande abrangência das possibilidades de pena
a serem cominadas. O Estatuto determina que (art. 77, como acima
visto), para qualquer um dos crimes nele previstos, pode ser cumu-
lada pena de prisão até 30 anos e, excepcionalmente, pena de prisão
perpétua, além de multa e de perda de bens. Tal amplitude na hora
da determinação da pena é inadmissível frente ao princípio da in-
dividualização da pena. Segundo Viggiano Luisi (2000, p. 50), não
se leva em conta a especificidade de cada tipo penal e a relevância
do bem jurídico tutelado, não se considerando a maior ou menor
gravidade da ofensa. Termina o autor (2000, p. 50) afirmando que
Art. 6o
Crime de Genocídio
Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por “genocí-
dio”, qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, pra-
ticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um
grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal:
a) Homicídio de membros do grupo;
b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros
do grupo;
c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com
vista a provocar a sua destruição física, total ou parcial;
Art. 24.
Não retroatividade ratione personae
1. Nenhuma pessoa será considerada criminalmente respon-
sável, de acordo com o presente Estatuto, por uma conduta
anterior à entrada em vigor do presente Estatuto.
2. Se o direito aplicável a um caso for modificado antes de
proferida sentença definitiva, aplicar-se-á o direito mais fa-
vorável à pessoa objeto de inquérito, acusada ou condenada.
11 O ESTATUTO DE ROMA E A
INCONSTITUCIONALIDADE POR
ARRASTAMENTO
O Estatuto de Roma constitui todo um ordenamento jurídi-
co próprio – subordinado à Constituição, devido a sua supremacia
na ordem jurídica (DIMOULIS; SABADELL, 2009, p. 52) –, mas
ainda assim um ordenamento jurídico próprio. Suas normas en-
contram-se fortemente interligadas, numa grande relação de in-
terdependência. Dependendo do caso, pode ser que a invalidade de
apenas uma delas contamine todo o ordenamento, o minissistema,
sendo ele inválido. Tome-se, por exemplo, a previsão de vedação de
prisão perpétua, e partamos que ela seja de fato inconstitucional
no Brasil. Como todo o indivíduo entregue ao tribunal está sem-
pre propenso a receber essa pena, proibida pela Constituição, não
haveria, nunca, como entregá-lo à corte. Se não há como entregar
nunca alguém à corte, todas as demais normas do Estatuto per-
dem o seu sentido, de modo que não há como elas subsistirem no
ordenamento jurídico pátrio. Se uma norma inválida no Brasil for
tão central ao Estatuto de Roma, a ponto de sem ela ele perder seu
sentido, passará ele inteiro a ser inválido, uma vez que não tem
mais como ser aplicado.
Essa contaminação da invalidade, por grande atrelamento
das demais normas à norma que é de fato inconstitucional, tem re-
cebido pelo STF o nome de “inconstitucionalidade por arrastamen-
to”. Esse tipo de inconstitucionalidade já foi abordado em julgamen-
tos desse tribunal, como na ADI 1856, na ADI 2797 e na ADI 2895.
13 REFERÊNCIAS
ACCIOLY, Hildebrando; NASCIMENTO E SILVA, G. E. Manual de direito internacio-
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des Hanseatischen Oberlandesgerichts Hamburg vom 23. November 2004 - Ausl
MAKING OFF
A 4ª Semana de
Direitos Humanos
– Planejamento e
Organização
OBSERVATÓRIO DE DIREITOS HUMANOS
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
CATARINA E A IV SEMANA DE DIREITOS
HUMANOS
Ana Paula Althoff
Graduanda do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Cata-
rina e bolsista do Observatório de Direitos Humanos da UFSC
INTRODUÇÃO
Os direitos humanos exprimem uma relação entre o ser hu-
mano e a sociedade e entre os próprios seres humanos. Direitos hu-
manos são os direitos que toda pessoa tem por simplesmente ser um
ser humano. Existe uma diversidade de direitos, a maioria aplicada
a certo grupo de indivíduos. Contudo, os direitos humanos são os
únicos aplicados a todo ser humano, isto é, eles são universais. Esses
direitos podem ser encontrados na Declaração Universal de Direitos
Humanos, o documento mais aceito no mundo sobre o assunto, as-
sinado após a catastrófica Segunda Guerra Mundial. Ao todo, são
trinta artigos que compõem a Declaração, os quais defendem que
toda pessoa deve ter a sua dignidade respeitada e a sua integridade
protegida, independentemente da origem, raça, etnia, gênero, idade,
condição econômica e social, orientação ou identidade sexual, credo
religioso ou convicção política.
Toda a pessoa deve ter garantido seus direitos civis (como o
direito à vida, segurança, justiça, liberdade e igualdade), políticos
(como o direito à participação nas decisões políticas), econômicos
(como o direito ao trabalho), sociais (como o direito à educação, saú-
JUSTIFICATIVA
O Observatório de Direitos Humanos da UFSC foi criado em
2010, quando a I Semana de Direitos Humanos celebrou o aniver-
sário da Convenção Americana de Direitos Humanos. Neste ano de
2013, o Observatório se propôs a refletir sobre a Construção da Paz e
Segurança Internacional.
A concepção de segurança internacional, que era entendida
como o uso da força militar contra outros países, alterou-se drasti-
camente nas últimas décadas. Novos atores, novas agendas e novos
parâmetros incorporam o atual entendimento sobre segurança inter-
nacional. A construção da paz, uma estrutura de vários níveis e que
deve ser construída dentro e fora das nações, é tema pertinente no
sistema global. O empenho para a edificação de uma paz sustentável,
e não apenas de uma situação de ausência de guerra, é grande entre os
pesquisadores, organismos internacionais e os Estados, ao quais ne-
cessitam criar condições favoráveis para o desenvolvimento humano
sustentado, para amparar os direitos básicos do homem.
Nem todos têm consciência de que possuem esses direitos
ou da complexidade de assuntos que decorrem deles. Nesse sentido,
evitar que se transformem em meros conceitos, limitados à teoria, as
pessoas devem refletir tanto individualmente como em grupo e esta-
belecer vínculos entre os Direitos Humanos e sua vida. Partimos da
DOAÇÃO DE SANGUE
Nas últimas décadas,
a ciência avançou a passos
largos. Contudo, ainda não
foi encontrado um substitu-
to para o sangue humano. O
sangue é um transportador
de substâncias necessárias
para o bom funcionamento
corporal. Todos os procedi-
mentos médicos que neces-
CAPACITAÇÕES
Pela primeira vez, o
Observatório de Direitos Hu-
manos realizou capacitações
aos funcionários que estão em
estágio probatório na UFSC,
para graduandos, servidores
EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA
Seguindo a mesma ideia dos eventos anteriores, a exposição
de fotos tem como objetivo conscientizar o maior número possível de
pessoas sobre a importância dos direitos humanos e como ele é fator
comum no dia a dia dos indivíduos. A edição teve como intuito princi-
pal informar a comunidade acadêmica a respeito da situação da popu-
lação onde ocorrem conflitos armados e intervenções humanitárias.
Devido ao grande objetivo da exposição, a exposição perma-
neceu durante os três dias da IV Semana de Direitos Humanos para
que, além dos acadêmicos inscritos no evento, as demais pessoas
possam prestigiar a mostra fotográfica. O local escolhido foi o hall
da Biblioteca Universitária e do CSE, em que há grande circulação
de pessoas.
O objetivo principal dessas exposições vai além da conscien-
tização sobre direitos humanos, mas também de mostrar que não é
BIBLIOGRAFIA
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OLIVEIRA, A. F. A., ANNONI, D. Direitos da Pessoa Humana: Assistencia huma-
nitaria, direito internacional dos direitos humanos e direiito internacional huma-
Danielle Annoni
Juliana Lyra Viggiano Barroso
Amandha Grübel Nunes
Ana Paula Althoff
Camila Dabrowski de Araújo Mendonça
Carolina Nascimento Santana
Caroline Scotti Vilain
Claudemir da Silva
David Fernando Santiago Villena Del Carpio
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