You are on page 1of 16
Dr, Juliano Bitencourt Campos Me, Marian Helen da Silva Gomes Rodrigues (Organizadores) ARQUEOLOGIA PUBLICA E PATRIMONIO: QUESTOES ATUAIS Criciémma UNESC 2015 CAPITULO 9 . ARQUEOLOGIA INDUSTRIAL, PATRIMONIO INDUSTRIAL E SUA DIFUSAO CULTURAL Eduardo Romero de Otek! introducao: A preocupacao pelo estudo dos vestigios indastria 0s primeiros movimentos que daram destaque aos vestgis indus 3s fram realzados na Inglaterra, nos anos 1950, 0 latinista Donald Du: y da Universidade de Birmingham, havia rgarizado, em 1953, vistas ‘alunos na reoido a sesihistircns etimpartincapredeminantemEnts ‘Alguns anos depois, num artigo cientifco, MSEURIRTESSS), ogo medievalsta © romanista da mesma univeridade, destacou 3 portncia do ESSE SO GE MSRM TOSSEETENTRTR cligucs no de nesuireto da Revolugao Indusrial (2 Inglaterra). Contd, esta sensibldade para os vestgis da indistria contempo- 'ganhou maior destaque com a proposta de EMONGSORSOEASIOTAED, Loncres, em 1960, que gerou a mobilzagSo de arquitetes,histriadores, 305 © entidades briténicas. Era um QHRUeOreMeSRIOMMEOCSSIED) Em 1960, 0 ministério conservadar de Harold Macmilian levava TSGorAssatete, Doutor (UNESP). Contato: eduerdo@rosane.unesp br. Ete 0 € reautade de pesausas com apotohanceire da FundacSo Se Arar 8 sa de Sao Pao (FAPESP), 137 ‘a.cabo um plano modernizador do centro londrino. A British Transport Com~ ‘mission (BTC), empresa governamental de transports, apresentou entig lim projeto de ampliagdoe eletrificacio das lias férreas,e sua execurig txigla @ demoligdo do pética. © arco era consiferado 0 meior monuments to ino da era ferovira inglesa, ea Royal Fine Art Comission no recon endou 0 projeto, O Ministério dos Transportes alegou que foram veri ‘cados 08 custos de realocaglo do arco, mas isto despenderia quinze veres mais do que o valor de sua demolio, e dev-se prosseguimento 20 projta, 1 caso ganhou destaque e moblzou a Royal Academy, a Society forthe brotection of Ancient Buildings, the Geargin Group, a London Society. Uma, omissdo formada por membros destas associagbes, presisida pelo edit ida Archeology Review, J. M. Richards, pedi reuniBo com primeiro-minis tro. A Victorian Society propés arrecadar fundos e uma fma canadense diss a fazer a realocacSo. Apesar dessa mobilzacso, @ demi fl torizada erealizaca em 1962 (HUDSON, 1971, p. 23-27) 0 pético aca ‘demolido em 1962, e deu destaque pblico & discussao sobre preserva de bens referents &industraizacSo. Em 1962, fabricas e minas brtan foram lstadas pelo Conselho Nacional de Arqueologa Em 1965, um inventério do pariménio Industrial inglés foi prs vido pelo Ancient Monuments Board, sob a responsablidade de R- A. Canam (entdo diretor do Centro de Estudos sobre @ Histéra da Tél ia Universidade de Bath). Por ua ver, Kenneth Hudson, ave i havi i ‘ado algumas obras sobre arqueotogia industrial, partiipou de semi hho Sim@thsonian Institution (EUA) em 1967 a respeito da arqueoloaia ‘dasha, Na ocasiéo, foram selecionados varios stios histrico Indust (bens arquitetdnicos) pela Historic American Buildings Survey (HABS).$8 ' direcSo do arquiteto Robert M. Vogel, curador da Division of ‘and civ atthe Smithsonian Museum of History and Technology, 21968 40 feltos um New England Textie Mils Survey (NETMS). Ee ‘ventério de protecSo levou & formacdo do Histaric American engined ‘Record (HRER), em 1969, em parceria com a American Society Engineers. Lomo se pode perceber, AIGHTAEEED era um nome presente tanto des." na atusormponance SoswEsisinausea or (1915-199) fi jomalstae museblogo;atiou come rai tals producer na BC 5546) cesondre dos epost, put ee 23 fos, € produr vil sres de ado e TV sobre patiméno cura Lecinou no Brio! Coleg oF Sconce and Tachratyy (onde conc tos pesquisoderes no to: ANUSSUERSRSATENRTCSRE) depis na ners of Bath, Suasprcpas obras si: Insti Arca an n- trokction 1963); Industri rcelgyof Southern England 1965), A ude tp the Industral Archaeology of Europe (3971), buling Meters (1972), Wert! Industrial Archaeology (1978), Cambiode Guide of Museums of Britain tba 87, Pus hee 3); am cee Ss peo ' 0 SA RAUSATAREAGT Teve stuacdo em érgaos interna- os oe reso, deacndose cma cada Euan Mc af the ar Anarce 6o Euroean Maseum Forum, constr da Unests, do ingatera em Eni, nem tanto cam reel ands que no sla de mene aor, Seu papel de destaque veio como grande promotor da dfisdo des bens distil e muses (pala vrs mas), ‘que nos chama a‘atenco num primeio momento &0 perl és p- 3 estioss brténicos sare os vestige insrscontumporincos fe tos: R, Angus Buchanan, professor de stra da Tecnolog Raistrick (1896-1961) eestuioso em geologa; Peter Neaverson (1929. N4).engenheiro elétrico e estudioso em histéria da ciéncia e tecnologia; e, Sto presiade quanto Hodson, ORANGES cue Se rns osrontridpe Gorge Museu, do Scince Maseum, Nedra! Mscum 4 Indus, Navona Martme Museum, e Presidente da Royal GO. Pia Sat (209-208. 9 reomingcade essas jemand interessados nas industrias, tecnologia e engenheiros. No os mm, 0 eno des ens asta mo 'm instituicbes museologicas e diversos especialistas. E criada 199 ‘em 1972 a Society for Industrial Archeology, sob a presidencia de R. M. Vo- ‘94%, composto por representantes da academia, museus e 60s pblics, hhavia assumnid o cargo de a- relor do ronbridge Gorge Museum, em 1971, onde ficou até 1983 ~ no local foi conservada a primeira ponte de fera (Ironbrdge, 1779) e também érea e fundicdo com dversos efcos do século XIX. Por inicativa de Cossons, fem 1973, acoreu 0 Fst International Congress on the Conservation of Mo ‘uments, no Ironbridge Musem (Inglaterra), que euniu vies especaistas ‘europeus (ingles e alemées em particular) e também alguns norte-ameri ‘canos (SMITH, 2012, p, 224) Cossons assumiu depos a regio do Green. ‘ch Marine Museum, 28 1986 e fol dretor do Science Museum, em Londres, Ge 1986 a 2000. Steven Luba, curador da Divisdo de Histria da Tecnologia do Museu Nacional de Histéria Americana do Smithsonian Institution, ded course &s exposgBes de histéra da tecnologia, do transport e identidade ‘americana, FundagSes e insttucBes museoldgias partcuares também se dedicaram & difuséo do patriméio industrial. O Henry Ford Museum, em Detroit (EUA), por exemplo, € um museu de cartos, que 0s apresenta sob a perspectva da compreensso da cultura norte-americana. A Bethlehem Ste- (el Corporations, uma das maiores empresas iderirgicas norte-americanas, ‘montou 0 Museu Naconal de Histria Industrial, na Pennsyvania (EUA), no ‘espaco das instalages industrials (CUTCLIFE; LUBAR, 1993). Na Suécia, em 1876, fol realzade a terccira Internationa! Conference on the Cansanati the Industrial Hentage (TICCIM), quando se institu aentidade internacional {a5 concetuals sobre 0 concelto de arqueclogia industrial, seja pela ago profisional dos pricpaisestudiosos nes anos 1960 (que no e anquetiogos de formagéo), acarretou-hesinialmente acusagées de die smo e amadorismo por se proporem a realizar estudos de arquecioga HUDSON, 1963). Como se a arqueologia industrial fosse um passatempo, hobby (speretime, nas palavras da prépria Asseciation of Industrial Ar) 097 1? 6a). avervaqulr segundo Hudson (1979; 11) uma conf centre arqueotocia etécncas araueolbicas. 0 estudio de *remanescentes ives do nassado” awe se resumiia a evdéncias que foram escavadas. «, aiBraueDiogie STECUSSITRSCCASUSTESENVSESS. 0 autor lombra qu utras tdcnicas 8s quai a arqueologia industrial pode recorer, tas co ‘vidincas escritas, entrevstas com pessoas ou textos memavilsicos, tbservates e memériac das pesto que viueram quando ac méquinac ¢ ‘Bvapppiversostipos de registro (fotos, desenhos, descrigbes), strut ‘emaétcentes, material impresso. Sendo assim, médias terestue Istria industrial envolvem buscar os Restemiinne dare (oaterine fecumentais) nara 3 compreensio dr nascar intra: =) crate roe baho de um periodo; b)informagies sobre. as. diferentes partes, en IETS proresen, YarefamentemBtedor de Pabthey +) rotamer = Wabah fol eto (téeniras, mouinas, eninamentne\: A pnteaar Cneractes industrials tomam nossa atencéo (intelectual e afetvamer UOSCNPASTOSEETEI. vera, portanto, umumetodorderpesquisae iacio e reconstruya0 das conddes ve trabalho © producto, mas ¢ 203 — [Numa passagem esclarecedora sobre @ perspectva singular do ar- ‘quetlogo 20 anaisar as estruturas edificada, Hudson (1979, p. 108) obser- veque The archtecturat Historian identites mse with the ‘ners, goes In trough te Trone coor and remains Imsirese were tobe found. The ndusiatsroaeatat, phe ether hand ist as Mkty to enter by means of {te ber oom tat het have tbe reminged eave Sutcert te to fake 2 bie ook atthe drawing Tom nd te best bedroom Se the abe char para as diferentes dimensBes humanas, or outro lado, o profundo conhecimento dos vestiois materas deve ajuda a enten- der essas dimensées. Neste sentido, sua atitude no se iuala 20s entusias- tas das ferrvis, que possvem um conhecimentotécrico sobre os tpos de locomotives, sistemas de snalizaSo, haréros, peril de tras, mas pou saber da legilago, do desemprego, greves, dos restaurantes, saérios ou tatfas (HUDSON, 1979, p. 134). CAGES MESES GumEsSERUpeTEETENEM. Exes neste sentido, ct, s80 0s estudos 1. Vogel sobre uma ponte ferrevaia nos Estados Unidos, denominans Trertast BollnansTAISs(ABED,TSENGREAMARYNAY) \ Seer aso dese pesquisador, que combinou imaginac0 e extrem conhecmento d2 enge hata rrteamercane do sé XA 23 E, como um titimo exemplo sintomatic da perspectiva da arquedk industrial, tao cléquio promovido em 1974 pelo Center for 208 Histo sobre 0 Porto de Antvérpis. NEUES ReSESTOnESeTESIIS port, empresas porturias) pea tréstipos de pesquisa: técncas, econdm- (GESEBIRIS 0 propésto das reuniges © semindres ocoridos Visave “esta- ishing and explaing the relations between machines, technology and man, It provides "opportunities for understanding the conditions of if n the past and for gaining an insight into human behaviour” (HUDSON, 1979, p, 153) ‘Aaifusdo desta perspectva arqueoiégca, Hudson reconhece no Stadt und industrie Museum (Russelseim, lemanha),aberto em 1970. Nee, uma {Sbrica no é exposta como uma unidade tecnica, mas it was part ofthe saciey within which operated. It conltioned that society and, ints turn, was influenced by it" (HUDSON, 1979, p. 108), produzindo "an expansion of historical consciousness’, pois lembra constantemente que as maquinas € os procesos S80 operados Dor pessoas, que tém vidas e sentimentos, que S50 parteda industialzaco tanto quanto as maquinas e os produtos. Isto seria, segundo Hudson (1979, p. 112), um museu da industiaizaczo, pois & um ‘museu de ciénciae tecnologia que no encoraja seus vistantes @ pensarem nas consequéncias socais e humanas que os novos desenvohimentos pro Yoram de modo iresponsévele uitrapassado, Posterormente, alguns pesquisadores investram na formagSo em Aarquesogia industrial, com a pretenséo de que ela fosse uma discipina em Porc, ROMER protessor ce historia sociale conémica na Univesty of Birmingham, estudioso em histéra da instr «© tecrologia na Inglaterra ena Franca do século XX, e SSSR fempenhou'se na manutenco de um convénio entre aquela tug €0 sr Museumpara 3 realza;30 de CSOs Phare Tinder, pesquisador em historia fema e histiria local, atuou posteriormente junto SquelasinstituigSes 2 2 manutengdo deste curso (TRINDER, 1983). Por algum tempo, na 3, @ arqueologia industrial se pretenderd uma disciplina em particular. Em 4999, em contrapartida, com a ascensio de teorias de arqueo- "0 8°, 5 arqueologia instr (nos EUA, Canad © Austria) passo. 205 a ser concebida como subcampo ca arqueoiogsa histonca (CLARKE, 1999), Esta insergo era compreensivel, posto que na arqueologa histrca assoia- ‘vam se dscplinas de Antropologia,Histéria, Geegrafiae follore,cujo objeto «1208 sitios existentes ns itmos 500 anos no "Novo Mundo’ © presenva- dos em terra ou submersos. Sua temporlidade estava nas frontoras da ur banizacBoe da industialzagéo, portanto préxima daquea estabeleda pelos estudos de arqueolooia industrial. E,t@lomeahayanconsiveradorHudson, ‘além dos vestigls materia, podera ubizar documentos escrtos © historia ‘oral. 0 crescmento dos estudos que relacionam os estugos de historia de ‘vida a historia do trabamo (THOMPSON, 2002) tamoem impusonoU pro- 7), sta atencio para a andise da cultural material da producéo industri, destacada na perspectiva de Palmer e da gerero de arquedlogos industria dos anos 1960 e 70, deveria ser ampliada econsiderar também os efeitos do 208 eapitalismo nos SécUl6sXXiEXXT Secundo Casetla((2005), nouve descodra- ments da escala industrial que devem ser considerados na anise arqueo- losis, pois “a aumento da producao de massa gerou processos de consumo €efetkhismo cos bens em todas a classes soca’, decorrentes da olobalza- #0 c sistema capialsta em lodas as sovedadesatuais, Daf os estudos de Srqueciogi industnalserem concentvados na dimensie industnal (0 que 0 partialanza dento da arqueoiogiahisténca), mas deve Se decay, Segu 0 Cesela (2005), n0 que nea se apresena como experiéncia da globali- szagop Dai todo Um outro conjunto ce temas 2 serem exploredos na andise ‘arqueoldgica, em torno do destaque ao consumo, como 0 uso e o descarte de pradutos de consumo, Anal, a produc de consumo de bens bésicos do ‘ambiente doméstico produz uma nova relagZo€ estilo de vida, assim como ‘uma correlacao entre os procedimentos de trabalho industrial © as novas praticas domésticas de producio e consumo. 2 Enfim, mesma & vista da posiclo dos civersos autores ctados, Giatealioaisociedacencontemporane. Por um lado, 2 discussio sobre a arquclogia industrial chama 2 atenco para a singularidade da contempo- raneidade, para a qual 2 aividade industrial é da sua propria natureza (no mio da producSo ou do consumo). Por outro, @pORaeBaresemMeobHet de esudo que demanda conceltos e métados de pesquisa particulars. Por Fonsiqninca. a wets da aida incisal promovem Uma presence ‘imbica tanto no contexto cultural passado quanto no presente [<0" "M+ _Gares de meméra’ na expresséo de Pierre Nora (1997)]. Eses vestgos ter, ‘Qualnente forte relacéo com a dimenséo socal e econdmice. sa n0 per~ ‘ato, seja no presente (pea desindustialzago ou alteracdo de processoe uses que devzarem edficos e seas abandonadas, ou mesmo pessoas ‘desempregadss or isto, 0 pesquisadorno tema passou a decar também Sua atencBo para a gest do patriménio industrial, como uma parte de suas ‘atividades cu mesmo uma nova tematic de estudo: para as noves prices de resto e conservacio exigidas por esse bem cultural (feos em série & ‘omostas defer, tol e/ou concreto); para as formas de promocao e as- 209 _semmmnagao do pasado industnal de massa (programas educativos, turismo, ‘ovas micas) ov ligados a agbes de promocdo de renda e desenvolvimento social para a promoo da critica dos nowos estos de vida resultantes dos vas modelos de consumo (com alt impacto ambiental, no sustentével, Promotores de desigualdade social ou econdmica). © alhar para 0 futuro Social seria assim to relevante quanto os trabalhos sobre a meméria soca, 1 SSeS eSPSESTISSGERETRELE,cnforme autores ou ist {vies AUMSOMTASAD cstingue entre as atvidedes indus: extras, almentapio e bebidas, consrugio, processamentos de meta, transporte, estudio, geralo de eneria ou indstis quimicas. OSSaNSTEBAED est belece mais subdiisdes entre os bens indus (p. ex. feos, patos € Cans), em fungSo de maior detlhamento dos bens industras encontrados, a Gr-oretarh3, ame (1998) conesbe ating em termos mitra, palsagens (ruraiseurbanas), efi, etrutuase mlcuinas. arent, 0 (EEHHestmiou a ciago de sesses de trabalho para encontros periéicas ou organizago de conferéncias, as quasrefetam temas ov bens de maior interesse entre os membros eespecialas en SRSSISAUSHSEGAED. “ura e producto de almento: panes: comunicaces: insta elton - "ae hireletcidade: meal: mineracio @ minas de caves fervie (eNUSRSTIERT. Mutas cesta subdisbes do patriménio industrial esto listadas na carta de diretizes de proteio langade em 2003 pelo MAID (Gerardeenny)). Como ctado acima, muitos museus ecnolégcos, de lénca e industria na Europe e nos Estados Unides, sero promotores 2 «usd do patriménio indus e seus diferentes subtipos. No Bras, dente os primeios bens cultuaisprotegidos no debito nacional, © reconhecidos hoje como patiménio industrial, esto: trecho fertovirio Maué-Fragosoe a locomtva a vapor "Baroneza’, que fi uizada na va frre, em 1954 (OLIVEIRA, 2013); e agesiunuasfiseasemenes cents da Real Fabrica de Ferro So Jod0 de Ianema (Inet, SP), em 196% 210 ‘Até 2010, havia 1.041 bens culturais protegides no dmbito federal, mas ‘apenas 44 bens poderiam ser consierads patriménio industrial, segun- co Dezen-Kenpter (2011, p. 17). Nesta lista estariam includes engenhoe coloviais,conjuntos ferroviros, portos, mercados, fabricas de ferro, entre outs. Dezen-Kenpter observa que no houve (ou no ha) erties cars ne volracdo desses bens culturls, © nem sempre seu reconhecmento se de por relardo & industrialzagdo ~ i alegactes de excepconaliade, memére urbana coletva. A nosso ver, so situagBes problematicas no caso brasilerc tanto 0 processo de reconnecimento legal de um patriméni industrial uan- to apropria identficacdo do que seria “industri”. ‘A importncia dos vestigis industrias fi colocada primeira vez num trabalho de Waren Dean sobre a fébrica de tecidos So Luz (1868) (DEAN, 1976), dentro da perspectva de compreensio da industralizaco no Brasil Induzida pelas exportaces de café. Em 1986, a realizacio do Seminiro Nacional de Histria e Enerala, 8 realmente destaque ao reconhecimento os bens industrias e sua protecSo no Brasil. evento reuniu especiaistas intertaconasjé consagrados sobre patriménio industria, como José Manvel Lopes Cordeiro, e estuciosos brasileros. Dentre eles destacamos Ruy Gama e Lifiano Bezzera de Menezes que discutem a valoragSo dos bens industrials 2 pattr da hisira da técnica no Brasil e sua relago com a dindmica socio- {econSmica - particularmente sobre 2 ocupacio portuguesa e o cultvo agl- cola (GAMA, 1985; MENESES, 1988) , portant, © arquedlagia industrial no Brasil deveria incl as primeira instalacBes de cardter manufatureio: os ‘engenhos. Esta posigéo defendida por Gama advém de uma critica 3 “valo- ‘izagio excessva da Revoluco Industrial” pela axqueologainglesa (GAMA, 1986, p. 259). Neste sentido, no mesmo evento, MarganarAndheattareprs- ‘ente 0 trabalho de resgate arquecléoico do ngennondasiErasmasi(santo:, SP) realizado pela equipe do MAE (ANDREATTA, 1999), Em frimeio lugar, como vinos acima, a letura expressa por Hudson, Cos- ‘ons e Palmer no se enquacra plenamente nesta critica - que talvez vaiha a ‘pare @ anuga postura aa Society for Industrial Archaeology, criticada por Hu- {80n e outros estudiososfranceses ou alemes, pais @ periodizagoinglesa iqualmente ndo se ajustava 8 compreensio histérca da industrilzacS0 em outros paises europeus. Em sequndo logo, GamaTenSZaeTSSTaenae SED | Em outro texto, Gama jobservara a fraglidade de uma perodizagso ener .9ético-evoluconista das sociedades (energia humana, energla animal, ener- ‘9a hidréulica, energa a vapor e energia nuclear). Afinal, 0 uso da enercia ‘anima & ainda corrente, assim como a energia para maquindrias da indistia «Ge algogig no século XI provina da gua em 25% dos casos (GAMA, 1986, .211}hd)ntudo, o processo de industraizacao na Brasil foi bem caractes- ‘zado como inserigo num "capitalsmo tardio” por histeradores ecanémicos (MELLO, 1982; CANO, 1990), cua periodizaclo remonta a segunda metade do século XIX, por se relacionar com 0 incremento do mada de procuso ‘apitaista industrial e decinio de uma economia mercanti-escravista (na ‘ual se mutipticam engenhos de agicar), | (GS9S/BETETEAY. Em terceiro lugar ayteenolagiaréscomponenterdefinisarsiss> ‘satureza do bem indusiaizado (produto da sociedade contemporénea). |s0 6 @ teenage maera esta ncaea, ongraramente, 2 econom nz “mercado de massa e a mao de obra livre), + cléncia maderna e as instituica. ccomresstéenassouuniverstasip/nda que no se pretend fechar 2 cm neste momento, tals consideracGes apontaram para WIBEqueOY verte peered coil ects cto ste 0 8 teiménio industrial no Brasil derive da mobiizacio de estudiosos de histéra do tecnologia, na década de 1990 ~ ciRGTIGSRReTGATECHCA=GEHTD a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), 05 quals produziram, fem janeiro de 1988, uma carta conhecida como eso 2) 2015, U0, RA. Industrial archaelogy in Blan. Hamas: Peg, 1982 1, € CH, Caos Budd no Brasil Ri de nto: Mena do Tem, 202 Rae da concentragto industrial em So Paulo, Sto Pao: Hct, 190 ma UDELL EC. “S008! WORKERS’: Rew Gractions in Industral archaeology. In: CASELLA, E.; ‘SMONDS, Industrial Archaeology fue dreds. Ne Yor: Springer Sclace + Bus sins Meda, 205, . 3:32 ‘LARK The worshop fhe worl. Te fusion. Ins HUNTER, Jn RALSTON, Jan. The Archaeology of Britaln An Intacucton fom he Upper Pals to he nds tral Revliten onion: Rotege, 1999p. 280-236. OBO, E Jou de, Locomativas artcladas. Rs de Ine Moms do Trem, 2053 COSSONS, The BP book of industrial archaeology. Lonn: Davis Chars, 1879. ‘CUTELE,S; LUBA, 5. The cheng of nde! Retory mcume. The Publi Hsto- ‘Han 15, 01, p. $25, Win, 193, ‘EAD, WA rica So tue de Rus um estud de quel ntti In Anais de His tri, 176, Ass. Sto Pau: Departament de Het, Focudde de Flos, Cis e Lures de sis, ano VI, 196 DEZEWENPTER, 0 lpr d nist no paid cultura Labor & Engenho, Camo FERRER nventiio das locomotvasa vapor no Bras ide nc: Nota & Ca, 2006. FOLEY, VP te Meaning of neu Achaesogy. Mistrial Archaeology, «2, 08 1988 CAMA, Aspects da aqua indi no Brn: SEMINIRIO NACIONAL DE HI TORIA ENERGIA 30 Paul: Ekvopao,Depaaants de Patino Heo, 588. —— Engenno tecnologia io Pal: Lara Oasis, 190. tecnologia eo taba na hist, io Poul: EDUSP 96, \GEROOETT, JE Esradas de Ferro do ras em Cartdes Pastas ¢ Albuns de Len ‘ranges So Pao: os, 2005, HUDSON, World Industral Archaeology. Cabrio Comte Unis ID 222 |naustnal archaeology. London: Jonn Bake, 1963. Museums offen. Cambri: Cambie Unvesty ress, 1987 nausea kcaecegy andthe Hite imgiton. London's Industral Ar= ‘n960037 «6p. 11, 1996. Teo taseado em Confers na Geter Landon nesta UML, 6%, Argultetura do Ferro eArgiteturaFerroviria em So Paulo, Retoxies s2brea an presenaio. Si Paulo: AtléEteri 1958 Preservacio do Patiménlo Arguitetinico da IndustraiznsSo.SSo Pa: ave, 3.8. Ort history arnt Petage muscuns. The Journal of American His- tory, ¥ in 2p 647-418, St 193. Lt M8 SIQUEIR, 8H. 5. Ragste mensional de cas onsrs de cao fer rosso acer do Muses Hate de Londen Boletim Museu Histrico de Loni, onan UE, v3, 5p. 8, or 201. MELLO, M.€. © Capitalism tard: contigo 8 eo cree a frmaco dese okie da ecramia rasta, So au: Bases, 1982 NOVA, F Capitalism taro esociabldade moderna. Campinas: nes cam, 208 ENOES, 2; LAVANDER RM. SPR: Mem de ua ingles. Sip Pol: Cane Artes Ge fea, 206. eNEGUELO,C. The Indust! Hertage in rai and prospects forthe Balan Cam te forth Conservation of nd Merge HI TICIM INTERNATIONAL CONGRESS 2006. aris. ara, 2006, Depa em: . ceo em: ox. 201, MENEZES, U. 6 de Patri Inca e Pla Cau I: SEMINARIO NACIONAL OF STOR E ENERGIA. Anas. io Paul: Elevopau, Deparaento de Paine Ha> ho, 86.2, 6873 23 (MUNIN UN, Warts. Wond inqusinal archaeology: @ survey. Workd Archaeology, v.15, n, 2p. 125136, oc. 1988 HUSEU MSTORICO DE LONDRINA.Calogo. Lona: Misoas, 2010 NORA, Pre Les eux de mémoire, Pos: Glen 1997.1 Cuvetes, £8 enero fron baste (1954) en sate a elder c9 mens ‘afer no asl ESpapO & Geografa, v.15, 29675717, 2013 PALMER, M. The Archaeology ef inauslzaon. In BAKER, 6. Companion Encyclopedia oF Archaeology. Léon: ove, 199. 2 ASSES + NOAWERSON, Industry in the Landscape: 1996. Hitoy of Ne SD Industria Archaeology ropes and Pots onto: RAI 70-190, Lande: Rowe, ARNEL FS. Landscape Mistry after Hoskins: Post Maiev Landaps “Neath 2007 AISTRICK, Industral Archaeology: Aa Htc Survey. rage: Palade, 973. I, Mn arched. The Amateur Mstoran v2 c/n 195. OCHA, A.C; MAURO, CO kg da nto rea came pando cual ne 523ser resend elas educa. Boletin Museu Mstrea de Londra, nin SETH 38 Ferovias no Brasil de ano: Mm do Te, 2008 SILVA, 6.6. Arqutetura do foro no Bras io Pau: Nabe, 1985. ST SW The Wak of HCTMs DOUET, Industral heritage tooled. an Came Howe, 2012. 9. 22-277, ‘TONPSON, PA vor do pasado i de Jono: Pe Tea, 202 ‘TRINDER 8. kn core nina acho. Wald Archeology 15%. 2. 0-2 \VOGEL, RM. nthe Real Meaning of Indstral Archaeology. Mistorieal Archaeology, 3 8793, 1960 22s

You might also like