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Unid 2
Unid 2
Unidade II
5 FORTALECIMENTO MUSCULAR
A capacidade de realizar esforços, seja no trabalho, no lazer, na vida diária ou nos esportes, é
dependente das qualidades da aptidão física (SANTAREM, 2012).
Diante das alterações do desempenho muscular, a fisioterapia dispõe de intervenções que incluem
o treinamento de fortalecimento, com o objetivo de recuperação funcional e prevenção de lesões.
O fisioterapeuta deverá conhecer os princípios e os tipos de treinamento com as respectivas diretrizes,
indicações, precauções e contraindicações, embasados pela anatomia, cinesiologia, biomecânica,
fisiologia e fisiopatologia.
Você vai atender um paciente com condromalácia patelar e cujo objetivo fisioterapêutico é fortalecer
o músculo quadríceps. Partindo-se das características anatômicas desse músculo, identifica-se que ele
passa anteriormente à articulação do quadril e ao joelho, sendo, portanto, flexor de quadril e extensor
de joelho (NEUMANN, 2011). No caso de um músculo biarticular, será preciso elaborar um exercício que
recrute o músculo em sua função principal – nesse exemplo, seria a extensão do joelho. Entretanto,
não bastaria reproduzir o movimento de extensão sem o conhecimento prévio da biomecânica, que
fundamenta que o exercício de extensão seja feito com angulação de proteção sem atingir a extensão
completa para um paciente com degeneração articular, já que no fim da extensão o torque da resistência
externa é maior devido ao tamanho da alavanca, o que sobrecarregaria mais a articulação patelofemoral
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Unidade II
de um paciente com degeneração da cartilagem patelar (FELICIO et al., 2010). Diante disso, recomenda‑se
que o exercício seja feito com extensão controlada, sem ultrapassar os últimos graus de extensão (entre
90 e 45 graus), conforme demonstrado nas figuras a seguir.
A) B)
Saiba mais
A contração muscular ocorre a partir dos impulsos eletroquímicos enviados do sistema nervoso
central para o músculo. Os motoneurônios alfa (α) localizados no corno anterior da medula enviam
as informações recebidas do córtex motor por meio das unidades motoras (motoneurônio alfa e o
conjunto de fibras musculares por ele inervadas) até a placa motora terminal, que representa a interface
entre a extremidade de um motoneurônio alfa mielinizado e uma fibra muscular (figura a seguir). Nesse
local, transmite-se o impulso nervoso, que desencadeará uma contração muscular. As ações individuais
e combinadas das unidades motoras produzem contrações musculares específicas. O pool de neurônios
motores representa todos os motoneurônios α que inervam um único músculo (MCARDLE; KATCH;
KATCH, 2018).
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CINESIOTERAPIA
Motoneurônio alfa
(corpo celular)
Dendritos Tronco
nervoso
Axônio
Proeminência descoberto
Unidade motora
axônica
Sentido da
propagação do
potencial de ação
Fibras
nervosas
Nó de
Ranvier Veia
Ramos Placa motora Artéria
terminais terminal
Impulso
Neurilema
Bainha de
mielina
Motoneurônio Pool de
alfa motoneurônios
Fibras
musculares
Unidade
motora
Músculo
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Unidade II
Medula espinhal
Nervo periférico
Rapidamente fatigável
(FR: tipo IIx) Musculoesquelético
Fibras lentas
oxidativas
Figura 141 – Características de velocidade, força e fadiga das unidades motoras. Os motoneurônios fásicos
são acionados rapidamente com sequências curtas; os motoneurônios tônicos
são acionados lentamente, porém de modo contínuo
A contração muscular produz força. Força é a máxima tensão que um músculo ou grupo muscular
pode gerar com uma única contração (MICHEO; BAERGA; MIRANDA, 2012).
106
CINESIOTERAPIA
Para produzir força, diferentes tipos de contração muscular podem ser trabalhadas em exercícios
nos quais a contração muscular vença ou sustente uma sobrecarga (uma força externa). A força
externa que se opõe ao movimento poderá ser somente: a força da gravidade; a resistência manual
do fisioterapeuta (figura a seguir); elásticos; pesos livres, como halteres e tornozeleiras; anilhas dos
aparelhos de musculação; ou molas. Os três tipos de contração muscular são capazes de produzir força.
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Unidade II
As contrações musculares usadas nos programas de fortalecimento podem ser divididas em estáticas
(isométrica) ou dinâmicas (concêntrica e excêntrica) (MICHEO; BAERGA; MIRANDA, 2012).
Contração isométrica
Nesse tipo de contração, não há movimento articular. O termo métrico significa comprimento; iso,
igual ou constante. Designa uma contração na qual o músculo se contrai sem alterar o ângulo articular.
A força de resistência externa é igual à força de resistência interna. Trata-se de uma contração estática
ou mantida.
108
CINESIOTERAPIA
Tensão MM
Tensão MM
O exercício estático pode ser aplicado em fases iniciais de programas de reabilitação após lesão
ou cirurgias ou para indivíduos muito fracos. O ganho de força é limitado ao ângulo no qual a
articulação é exercitada, mas há relatos que indicam o aumento da força em ângulos adjacentes
(BANDY; SANDERS, 2003).
Nas imagens a seguir, são demonstrados exemplos de exercícios isométricos. Para cada exercício,
imagine que a pessoa adquire a posição e a mantém.
Figura 147 – Isometria dos músculos abdominais, iliopsoas, quadríceps e tríceps sural
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Unidade II
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CINESIOTERAPIA
Os exercícios isométricos devem ser mantidos por 6 a 10 segundos em cada repetição, já que
alguns estudos demonstram ganho de força e alterações metabólicas no músculo com esse tempo de
manutenção (BANDY; SANDERS, 2003; KISNER; COLBY, 2016).
Contração concêntrica
Designa uma contração muscular em que a força interna produzida por um músculo supera a força
externa de resistência, possibilitando ao músculo encurtar-se e produzir movimento (figura a seguir). Na
contração concêntrica, ocorre uma aproximação da origem e inserção muscular durante o movimento.
As contrações concêntricas aceleram as articulações e produzem maior torque com contrações lentas
(MICHEO; BAERGA; MIRANDA, 2012).
Contração excêntrica
Designa uma contração muscular na qual é adicionada uma resistência externa maior que a força
muscular interna, possibilitando ao músculo alongar-se enquanto mantém a tensão. Na contração
excêntrica, ocorre um afastamento da origem e da inserção durante o movimento, de forma que o
músculo desacelera o movimento (MICHEO; BAERGA; MIRANDA, 2012).
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Unidade II
Abaixamento lento
Nas imagens a seguir, são demonstrados exemplos de exercícios dinâmicos. Para cada exercício,
imagine a ida e a volta durante a fase de movimento: quando o músculo está se encurtando, a contração
é concêntrica; no retorno do movimento, enquanto a resistência é controlada com o alongamento do
músculo, a contração é excêntrica.
A)
B)
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CINESIOTERAPIA
A) B)
Figura 154 – Fortalecimento dinâmico do quadríceps. Fase concêntrica (de A para B). Fase excêntrica (de B para A)
Exercício isocinético
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Unidade II
A) B)
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CINESIOTERAPIA
A) B)
Figura 157 – Exercício de fortalecimento isocinético para flexores e extensores do joelho.
Flexão do joelho (A); extensão do joelho (B)
De acordo com Steindler (apud KARANDIKAR; VARGAS, 2011), os segmentos são organizados de
forma sobreposta em série. O autor definiu cadeia cinética como “uma combinação de várias articulações
organizadas sucessivamente e constituindo uma unidade motora complexa”. Ainda classificou o conceito de
cadeia cinética em fechada ou aberta, dependendo da carga terminal recebida pelo segmento mais distal.
A A
B B
C C
D D
A
A
B
B
C
C
D D
Sistema de cadeia cinética fechada
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Unidade II
Cadeia cinética aberta é definida como um sistema que combina articulações organizadas
sucessivamente, no qual o segmento terminal pode mover-se livremente. Em um sistema de cadeia
cinética aberta, o segmento distal está livre para se mover no espaço (KARANDIKAR; VARGAS, 2011).
Observe a seguir exemplos de cadeia cinética aberta:
Nesses exercícios, o segmento distal (perna) está livre para mover-se no espaço contra a resistência,
enquanto os segmentos proximais (coxa e tronco) estão fixados. Normalmente, na cadeia aberta o foco
é uma única articulação, com ênfase em isolar um grupo muscular específico. Nos exemplos anteriores,
a articulação é o joelho e o músculo a ser fortalecido é o quadríceps.
Cadeia cinética fechada é definida como uma condição na qual o segmento distal encontra
considerável resistência externa que impede ou restringe seu movimento livre. Em um sistema de
cadeia cinética fechada, a força aplicada a um dos segmentos produz movimentos em todos os outros
segmentos da cadeia cinética de uma forma previsível. Além disso, na cadeia fechada os exercícios
causam a cocontração de músculos agonistas e antagonistas (KARANDIKAR; VARGAS, 2011).
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CINESIOTERAPIA
Um exemplo clássico de cadeia cinética fechada é o agachamento (figura a seguir), no qual os pés
permanecem fixados ao solo e o movimento ocorre uniformemente ao longo das múltiplas articulações
dos membros inferiores.
Dillman (apud por KARANDIKAR; VARGAS, 2011) propôs que a classificação do tipo de cadeia
deve ser baseada se o segmento distal da cadeia está em movimento ou fixado e se está sustentando
ou suportando uma carga. Uma atividade com o segmento terminal fixo e sem carga não existe.
Considerando as variáveis de carga e mobilidade do segmento distal, todas as atividades podem ser
classificadas da seguinte forma:
• Móvel: com carga externa (uma combinação de sistemas de cadeia aberta e fechada).
Mais recentemente, Kibler (apud KARANDIKAR; VARGAS, 2011) definiu cadeia fechada como uma
combinação sequencial de movimentos articulares, na qual o segmento distal da cadeia cinética encontra
uma resistência considerável, mas não precisa estar fixado. Essas discussões se aplicam principalmente
ao aparelho leg press, que é constituído por uma plataforma móvel em que os pés permanecem apoiados
e realizam o movimento contra uma carga externa considerável.
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Unidade II
• Força muscular: é a capacidade de gerar tensão muscular. É importante destacar que o fato de
um músculo ser forte não significa que esse mesmo músculo seja resistente à fadiga, são formas
diferentes de trabalho muscular.
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CINESIOTERAPIA
Antes de planejar o treinamento de seu paciente, sempre tenha em mente a seguinte pergunta: qual
característica do desempenho muscular se deseja desenvolver? Com o objetivo definido, de acordo com
as características de seu paciente e baseado nos princípios do treinamento resistido, você organizará o
treino. Primeiro, serão descritos a seguir os princípios gerais do treinamento resistido para em seguida
associá-los ao objetivo a ser trabalhado quanto à característica de desempenho muscular.
A magnitude dos ganhos com o treinamento depende do nível de treinamento individual (iniciante,
intermediário ou avançado) e a predisposição genética. Um aspecto importante é conhecer a história
prévia de treinamento do indivíduo. O programa de treinamento sofrerá adaptações, pois vai depender
dos seguintes aspectos: se o indivíduo é iniciante (pessoa sem experiência prévia no treinamento
resistido ou que não treina há vários anos), intermediário (pessoa com aproximadamente seis meses
de experiência em treinamento resistido) ou avançado na prática de treinamento resistido (pessoa com
anos de experiência em treinamento resistido) (ACSM, 2009).
Princípio da especificidade
Todas as adaptações do treinamento serão específicas ao estímulo aplicado (ACSM, 2009). Efeitos
adaptativos como a melhora da força, potência ou resistência muscular à fadiga são altamente
específicos ao método de treinamento empregado. Sempre que possível, os exercícios deverão simular
padrões funcionais e as demandas exigidas (KISNER; COLBY, 2016).
Por exemplo, se a atividade funcional a ser reabilitada requerer mais resistência do que força, os
parâmetros de treino dos exercícios deverão ser programados para melhorar a habilidade de resistência
muscular à fadiga.
• tipo de exercício;
• velocidade do movimento;
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Unidade II
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CINESIOTERAPIA
Princípio da reversibilidade
Esses princípios de treinamento deverão ser aplicados a todos os tipos de população, sendo feitas as
devidas adaptações quando necessário, conforme será discutido posteriormente.
Lembrete
• Condutas: o músculo deverá ser estimulado a contrair vencendo uma carga repetidas vezes ou
manter uma contração muscular por um período (KISNER; COLBY, 2016).
• Número de séries e repetições: séries de longa duração, entre 15 a 25 repetições ou mais têm
sido mostradas como as mais efetivas para aumentar a resistência muscular. Para os novatos o
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Unidade II
• Sobrecarga: cargas baixas combinam com maior número de repetições. Com o aumento do
número de repetições, obrigatoriamente, a carga (intensidade) a ser elevada será menor. Quanto
maior for o número de repetições e séries, múltiplas séries, isto é, mais de uma série por grupo
muscular, maiores serão a intensidade e o volume no treino de resistência muscular localizada.
• Seleção de exercícios e ordem de realização: a ordem dos exercícios ao longo da sessão não interfere
de forma expressiva no desempenho muscular. A sequência de exercícios parece não ser importante
no treinamento de resistência à fadiga. Exercícios que estimulem vários grupos ou grandes grupos
musculares têm elicitado maiores respostas agudas metabólicas (aumento de mitocôndrias
e capilarização). É recomendado que exercícios unilaterais e bilaterais, monoarticulares ou
multiarticulares sejam incluídos, variando-se sequências de combinação (ACSM, 2009).
Haverá um consumo maior de glicogênio muscular devido ao trabalho muscular prolongado, o que
levará a uma produção significativa de lactato e produzirá a acidose muscular sentida pelo indivíduo
como uma ardência muscular, sensação esta esperada no treinamento de resistência muscular à fadiga.
Freq.
Nível Modo Séries Rep. Carga Repouso Velocidade
sem.
Iso, conc, exc, Leve
Iniciante uni, bil, multi, 1a3 10-15 40-70% <1 min 2a3 Baixa a moderada
mono 1 RM
Iso, conc, exc, Leve
Intermediário uni, bil, multi, 1a3 10-15 40-70% <1 min 3a4 Baixa a moderada
mono 1 RM
Iso, conc, exc, 10-25 Leve
Avançado uni, bil, multi, 1a3 40-70% 1-2 min 4a6 Moderada a rápida
mono ou mais 1 RM
Legenda: iso: isométrico; conc: concêntrico; exc: excêntrico; uni: unilateral; bil: bilateral; multi: multiarticular;
mono: monoarticular; Rep.: repetições; min: minutos; RM: repetição máxima; Freq. sem.: frequência semanal.
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CINESIOTERAPIA
Observação
O ganho de força será resultado da elevação progressiva da carga, que resultará em adaptações neurais
através do recrutamento de mais unidades motoras (em média, nas primeiras duas a três semanas) seguido
de um aumento do tamanho da fibra muscular (hipertrofia), em média de 6 a 12 semanas (KISNER; COLBY,
2016). A força muscular poderá aumentar significantemente já na primeira semana de treinamento.
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Unidade II
Freq.
Nível Modo Séries Rep. Carga Repouso Velocidade
sem.
Iso, conc, exc 1-2 min
uni, bil, mono, multi 60-70% <carga Baixa a
Iniciante 1a3 8-12 2a3
Pesos livres 1 RM 2-3 min moderada
Máquinas > carga
Iso, conc, exc, 1-2 min
uni, bil, mono, multi 60-70% <carga
Intermediário 1a3 8-12 3a4 Moderada
Pesos livres 1 RM 2-3 min
Máquinas > carga
Iso, conc, exc 1-2 min Baixa,
uni, bil, mono, multi 80 -100% <carga
Avançado 1a3 8-12 4a6 moderada e
Pesos livres 1 RM 2-3 min rápida
Máquinas > carga
Legenda: iso: isométrico; conc: concêntrico; exc: excêntrico; uni: unilateral; bil: bilateral; multi: multiarticular;
mono: monoarticular; Rep.: repetições; min: minutos; RM: repetição máxima; Freq. sem.: frequência semanal.
Observação
• Número de séries e repetições: a intenção é mover uma carga elevada por um pequeno número
de repetições ou mover uma carga baixa por um número alto de repetições até o ponto de fadiga
muscular (KISNER; COLBY, 2016).
• Carga: o trabalho muscular poderá ser produzido durante um período muito curto ou mais longo,
e a potência poderá ser expressa por um único evento abrupto de atividade de alta intensidade
(como erguer uma mala bem pesada para colocá-la sobre um bagageiro alto ou realizar um salto
124
CINESIOTERAPIA
em altura) ou por eventos repetidos de atividade muscular menos intensa (como subir um lance
de escadas). Os termos potência anaeróbia e potência aeróbia, respectivamente, às vezes são
usados para diferenciar esses dois aspectos do tipo de treinamento de potência. Uma sobrecarga
específica de curta duração (como treinamento de força-potência) induz adaptações específicas
de força-potência (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018).
Programas de treinamento anaeróbio e aeróbio de potência são planejados para o treinamento dos
três sistemas de fornecimento de energia metabólica: sistema ATP-PCr, sistema glicolítico anaeróbio e
sistema oxidativo (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
Freq.
Nível Modo Séries Rep. Carga Repouso Velocidade
sem.
Legenda: iso: isométrico; conc: concêntrico; exc: excêntrico; uni: unilateral; bil: bilateral; multi: multiarticular;
mono: monoarticular; Rep.: repetições; min: minutos; RM: repetição máxima; Freq. sem.: frequência semanal;
MS: membro superior; MI: membro inferior.
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Unidade II
Nesse instante, vem à mente a seguinte questão: como as pessoas se tornam mais fortes?
As alterações ou adaptações metabólicas, morfológicas e neurais estão ligadas diretamente à
especificidade do treinamento (ACSM, 2009; KISNER; COLBY, 2016). O aumento de força dependerá da
capacidade de recrutamento das unidades motoras (aprendizado motor) e da quantidade de proteína
contrátil nas fibras musculares (trofismo). O músculo é um tecido plástico, capaz de aumentar volume
e força com o treinamento.
Para a compreensão do recrutamento motor, é importante lembrar da estrutura de uma unidade motora.
O sistema neuromuscular é um dos sistemas do corpo que mais responde ao treinamento. Os efeitos do
aprendizado motor podem ser responsáveis por até 50% do ganho de força. Portanto, o desenvolvimento
da força muscular envolve muito mais fatores além do ganho de massa muscular.
Em suma, “os ganhos de força podem ser obtidos sem que ocorram mudanças estruturais no
músculo, mas não sem que haja adaptações nervosas” (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013). Dessa forma,
entende‑se que a força não é apenas propriedade do músculo, mas também do sistema de controle motor.
Muitas pesquisas mostram que fatores neurais contribuem para ganhos de força durante as primeiras
oito ou dez semanas de treinamento (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013). Kisner e Colby (2005) citam
um estudo que relata aumento na atividade eletromiográfica (EMG) durante as primeiras quatro a oito
semanas de treinamento, com pouca ou nenhuma evidência de hipertrofia das fibras musculares.
126
CINESIOTERAPIA
Nesse contexto, destacam-se as adaptações estruturais: quando você observa que os músculos
estão maiores e mais definidos, significa que houve um ganho de massa muscular.
O aumento do tamanho do músculo ocorre por meio da maior síntese proteica, que leva ao aumento
do volume das fibras musculares, já que novos sarcômeros são formados. Ocorre um aumento do
diâmetro das fibras musculares individuais.
Um aumento na tensão muscular (força) induzido pelo treinamento com exercícios proporciona
o estímulo primário, que irá iniciar o processo de crescimento ou hipertrofia do musculoesquelético.
Duas adaptações são necessárias para a hipertrofia muscular (maior síntese de proteínas e proliferação
das células satélites). O estresse mecânico imposto aos componentes do sistema muscular induz as
proteínas sinalizadoras a estimular a síntese proteica em um nível superior ao fracionamento das
proteínas (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018). Fisiologicamente, a tensão recebida pela musculatura
com as cargas mais altas e a fase excêntrica do exercício causam rupturas nas linhas Z do sarcômero.
A tensão recebida induz a microlesões musculares que estimulam a síntese proteica. Novas miofibrilas
serão formadas, mais filamentos de actina e miosina, mais sarcoplasma, além da proliferação celular
do tecido conjuntivo. As células satélites abundantes nas fibras do tipo II facilitam o crescimento, a
manutenção e o reparo do tecido muscular lesionado. Com novos sarcômeros formados e um maior
número de pontes cruzadas, irá aumentar também a força resultante do músculo (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
O gráfico a seguir mostra as adaptações neurais e estruturais que acontecem ao longo do tempo
concomitantemente ao ganho de força.
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Unidade II
Força
Quase
todos os
estudos de Quase todos os atletas engajados
treinamento em treinamento de força
Progresso
Neural
Hipertrofia
Duração do treinamento
8 semanas 30 semanas
Outro aspecto importante é a hiperplasia muscular. A hiperplasia é a divisão das células, aumentando
o número de células musculares. Segundo a literatura, a hiperplasia das fibras musculares ocorre em alguns
modelos animais, porém poucos estudos sugerem evidências de hiperplasia em seres humanos. É muito
importante não generalizar achados de pesquisas realizadas em animais para os seres humanos. Estudos mais
antigos sugerem que o número de fibras musculares em cada músculo de um indivíduo é estabelecido ao
seu nascimento e esse número permaneceria fixo ao longo da vida. Mesmo que outros estudos em seres
humanos venham a reproduzir uma hiperplasia induzida pelo treinamento, o aumento do volume das fibras
musculares individuais existentes representa a maior contribuição para o ganho de massa muscular em virtude
do treinamento com sobrecarga (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018).
Na prática, há duas situações em que pode ocorrer perda de massa e diminuição de força no
indivíduo: imobilismo pós-lesão ou interrupção do treinamento (descondicionamento). Na fisioterapia,
lidaremos com pacientes que, por diferentes motivos, passaram por um período de imobilismo.
Durante as primeiras seis horas de imobilização, a velocidade da síntese proteica começa a diminuir, o
que dará início ao processo de atrofia muscular, a diminuição do volume muscular resultante do desuso
do músculo e da perda de proteína que acompanha a inatividade. As reduções de força são maiores na
primeira semana de imobilização, o que está associado à perda de massa e à diminuição da atividade
neuromuscular no músculo imobilizado. A imobilização parece afetar tanto as fibras do tipo I como II, mas
estudos mostram que esses efeitos são maiores nas fibras do tipo I (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
Como o músculo desenvolve resistência muscular
O uso repetido das fibras musculares durante o treinamento de resistência estimula mudanças em sua
estrutura e em seu funcionamento. As atividades aeróbias dependem das fibras de contração lenta do tipo I,
tornando-se maiores, e podem ocorrer também mudanças das fibras do tipo II para tipo I com o treinamento.
O treinamento aeróbio aumenta o número de capilares por fibra muscular, melhorando a perfusão sanguínea,
a troca de gases, os restos metabólicos e os nutrientes. As fibras do tipo I contêm grande quantidade de
mioglobinas (pigmento que fica vermelho quando ligado ao oxigênio). Quando o oxigênio entra na fibra
muscular, liga-se à mioglobina e transfere as moléculas de oxigênio da membrana celular para as mitocôndrias.
128
CINESIOTERAPIA
O suprimento da mioglobina possibilita a alta resistência aeróbia para essas fibras do tipo I. A produção
de energia aeróbia ocorre nas mitocôndrias, o número e o tamanho das mitocôndrias e a atividade das
enzimas oxidativas aumenta com o treinamento aeróbio e proporciona ao músculo maior capacidade para o
metabolismo oxidativo, aprimorando o desempenho da resistência (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
Não é possível trabalhar os exercícios resistidos sem o conhecimento do conceito de torque. Trata-se
de uma variável que vai influenciar diretamente a produção de força.
Por definição, torque (τ) ou momento de uma força é o produto da força (newtons) vezes a distância
(metros) perpendicular (d) de sua linha de ação até o eixo do movimento (τ = F x d). Torque é expresso
em newtons-metros (N-m) (figura a seguir). É o efeito rotatório criado pela aplicação de uma força,
portanto, o torque não é uma força, mas meramente a efetividade de uma força para causar uma
rotação (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016).
Pivô ou eixo
de rotação
A Força
Força
Braço do
momento
B
Força
Pivô ou eixo
de rotação 50º
Braço do
momento
Figura 164 – O braço do momento é a distância perpendicular desde a linha de ação da força até o eixo de rotação
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Unidade II
A
Ponto de equilíbrio B
C
3 kg
2 kg
0,2 m 0,3 m
Quando uma força for aplicada a uma alavanca, dependendo da distância em que ela for aplicada,
ocorrerá uma tendência a um movimento rotacional numa determinada direção. Para haver uma
rotação, será necessário um eixo. A alavanca se move em torno de um eixo e a linha de ação da força
precisará agir a uma certa distância do eixo. O torque será a tendência de uma força para causar rotação
sobre um eixo específico.
FEsforço
FResistência
MEsforço
MResistência
130
CINESIOTERAPIA
No corpo humano, a barra rígida de uma alavanca é representada pelos ossos e o eixo, pelas
articulações por onde passam os eixos de movimento. As forças aplicadas sobre os ossos são provenientes
dos músculos em seus pontos de inserção e das resistências aplicadas aos segmentos corporais durante
os exercícios.
Quando um músculo contrai, ele gera uma tendência de rotação da alavanca (ossos) em torno
de um eixo (articulação) sobre a qual ele atua (força motora ou de esforço). O músculo age a uma
certa distância (local onde ele se insere no osso) do eixo (articulação) e isso causa uma rotação ou
movimento angular. Em outras palavras, isso representa o torque muscular ou momento interno.
As resistências aplicadas sobre as alavancas de movimento também geram torques (torque de
resistência ou momento externo). A força da gravidade, uma tornozeleira presa ao tornozelo ou um
halter sustentado pela mão, vai gerar uma tendência de força para um movimento de um membro
ocorrer em torno de um eixo articular.
Torque decorrente
do bíceps
Torque
decorrente
da barra
Força
BM
Figura 168 – Torque ou momento interno gerado pela força muscular do bíceps braquial
131
Unidade II
Força Força
Na imagem a seguir, nota-se que o peso do halter é o mesmo nas três amplitudes de flexão do
ombro. Entretanto, o nível de dificuldade do exercício muda conforme a amplitude, sendo que o maior
torque é produzido com o ombro a 90 graus de flexão, já que nessa ADM a força resultante do halter está
mais distante em relação ao eixo. Faça esse teste em você segurando um peso de 2 Kg por 10 segundos
nas três amplitudes de movimento demonstradas anteriormente e perceba em qual ADM o nível de
esforço que você terá que fazer é maior.
A) B) C)
Na reabilitação, é possível mexer com o tamanho dos braços de resistência para facilitar ou dificultar
um exercício. Se o braço de resistência produz um torque maior, consequentemente, o torque muscular
também terá que ser maior para vencer a resistência.
Durante a aplicação dos exercícios para aumentar a intensidade do exercício quanto ao torque, o
fisioterapeuta poderá aumentar o tamanho do braço de resistência ao variar a ADM para aumentar
o tamanho da alavanca, ao colocar a carga posicionada mais distalmente no membro, ao solicitar a
extensão da articulação intermediária do membro (cotovelo, joelho) (figura a seguir) e aumentar a quantidade
de carga (halter, tornozeleira, elástico etc.).
Nas imagens a seguir, o braço de resistência foi modificado (de uma figura para a outra), aumentando‑se
o tamanho da alavanca por meio da extensão do cotovelo, de forma que a força de resistência passou a
ser aplicada mais distalmente em relação ao ombro (eixo). A figura B representa um exercício com maior
nível de dificuldade.
132
CINESIOTERAPIA
A)
B)
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133
Unidade II
esse motivo, a execução dos exercícios de fortalecimento demanda amplitudes ideais de movimento
(HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016).
No sarcômero, tem-se o comprimento ideal quando ocorre a máxima superposição dos miofilamentos,
permitindo um número máximo de pontes transversas. No fim de um movimento articular de um
segmento, o músculo fica fraco e incapaz de gerar grandes quantidades de força porque se encontra
muito encurtado. No início da amplitude, quando o músculo se encontra mais alongado, a tensão
gerada no músculo cai devido ao afastamento das pontes transversas, resultando na formação de menos
ligações entre a actina e miosina (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016).
Figura 173 – Amplitude ideal (90 graus de abdução) quanto à curva de comprimento-tensão
para o exercício de elevação lateral que trabalha deltoide
134
CINESIOTERAPIA
A. Paralelo
Fusiforme
(bíceps braquial)
B. Peniforme
Semipeniforme Peniforme
(semimembranáceo) (gastrocnêmio) Multipeniforme
(deltoide)
135
Unidade II
ASTF
CF
CF
ASTF CM = CF
CM
ASTF
A força gerada pelo músculo também dependerá do tipo de fibra muscular. Cada músculo contém
uma combinação de diferentes tipos de fibras, classificadas como fibras de contração rápida ou lenta. Os
tipos de fibras têm relação com o metabolismo muscular e o consumo de energia.
As fibras musculares de contração lenta são as oxidativas (tipo I), que são encontradas em maiores
quantidades nos músculos posturais do corpo, como coluna e sóleo. Essas fibras são vermelhas devido ao
alto conteúdo de mioglobinas no músculo. Essas fibras têm baixos tempos de contração e são adequadas
para trabalho prolongado de baixa intensidade. Atletas que exigem alta resistência geralmente têm uma
quantidade mais alta de fibras de contração lenta. As fibras de contração rápida (tipo II) são subdivididas
em tipo IIa (oxidativas-glicolíticas) e tipo IIb (glicolíticas). O tipo IIa é um músculo vermelho conhecido
como fibra de contração rápida intermediária porque pode sustentar a atividade por longos períodos
ou pode contrair-se com um disparo de força e então fadigar-se. A fibra branca do tipo IIb proporciona
rápida produção de força e fadiga-se rapidamente. Os corredores de velocidade e saltadores em geral
136
CINESIOTERAPIA
têm maiores concentrações de fibras de contração rápida, também encontradas em altas concentrações
nos músculos fásicos, a exemplo do gastrocnêmio. A maioria dos músculos, se não todos, contém os
dois tipos de fibras. O tipo de fibra influi em como o músculo será treinado e desenvolvido, assim como
quais técnicas serão mais adequadas para indivíduos com tipos de fibras específicos (HAMILL; KNUTZEN;
DERRICK, 2016).
As três contrações musculares são muito diferentes em termos de custo energético e resultado de
força. A ação muscular excêntrica é capaz de uma produção maior de força do que as ações isométricas
ou concêntricas (figura a seguir). Ações musculares concêntricas geram a menor produção de força dos
três tipos (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016).
Torque (N . m)
Excêntrica
Isométrica
Concêntrica
Ângulo (rad)
Figura 177 – Tipo de ação muscular excêntrica e quantidade de torque ao longo de uma ADM
A força ativa ajusta-se continuamente com a velocidade com que o sistema contrátil se move. Sob
baixas condições de carga, a força ativa é ajustada, aumentando a velocidade de contração. Com cargas
altas, o músculo ajusta a força ativa, reduzindo a velocidade de encurtamento.
Ao treinar potência, lembre-se que potência é o produto da força e velocidade, sendo a principal
característica que distingue os atletas bem-sucedidos daqueles de desempenho médio. Para obter
potência, é preciso treinar atividades de alta velocidade para os atletas (HAMILL; KNUTZEN;
DERRICK, 2016).
137
Unidade II
Força
Força isométrica
Ação muscular
concêntrica
Lembrete
De acordo com o princípio da sobrecarga, para melhorar o desempenho muscular, o músculo precisa
ser sobrecarregado em níveis de esforços maiores do que ele costuma fazer no dia a dia. Assim, essa
quantidade de carga deverá ser aumentada progressivamente ao longo do programa de exercícios.
Para determinar a carga de um exercício, é preciso definir uma porcentagem da carga máxima que
o músculo é capaz de fazer. O teste de carga máxima, no qual o indivíduo é submetido ao teste de
1 RM (uma repetição máxima), representa a maior quantidade de peso que um músculo pode mover por
138
CINESIOTERAPIA
meio da amplitude disponível apenas uma vez. O uso de 1 RM como medida basal de força dinâmica
é inapropriado para alguns pacientes, pois requer um esforço máximo. Isso não é seguro, por exemplo,
para pacientes com comprometimentos articulares, em recuperação de lesões de tecidos moles ou
que apresentem risco para tais lesões, ou pacientes com osteoporose ou patologias cardiovasculares,
conhecidas ou potenciais. Testes de repetições múltiplas possuem maior aproximação das sessões de
treino, normalmente, realizadas por entusiastas do treinamento de força, reduzindo o erro durante a
prescrição do treinamento (SANTOS et al., 2014).
A repetição máxima é definida como a maior quantidade de carga que um músculo ou grupo
muscular pode mover ao longo da ADM disponível por um número específico de vezes antes de fadigar.
O teste de repetição máxima seria mais indicado para ser utilizado na reabilitação. Assim, o fisioterapeuta
escolherá uma quantidade específica de resistência para o paciente erguer e documentará quantas
repetições ele pode completar antes de fadigar-se. Se, por exemplo, foram completadas seis repetições,
a resistência basal poderá ser estabelecida em 6 RM. O sinal de fadiga é a inabilidade de completar
a ADM disponível contra a resistência aplicada. Os testes de repetições máximas são normalmente
aplicados com a finalidade de determinar os valores das cargas que serão usadas posteriormente nas
sessões de treino. Alguns autores recomendam entre 2 a 5 minutos de intervalo entre os testes de
repetições máximas (SANTOS et al., 2014).
O adulto destreinado mediano, quando se exercita com uma carga equivalente a 75% de 1 RM, é
capaz de completar aproximadamente dez repetições antes de precisar descansar. Com uma intensidade
de 60%, são possíveis cerca de 15 repetições; com uma intensidade de 90%, apenas quatro a cinco
repetições. Por razões práticas, após ser selecionada uma carga de exercício inicial, o número-alvo
de repetições realizadas para cada exercício antes de um breve repouso ficará de uma faixa, não sendo um
número exato de repetições. Por exemplo, um paciente pode ser capaz de completar entre oito e dez
repetições contra uma carga especificada antes de descansar. Isso, às vezes, é chamado de zona RM e
dá ao paciente uma meta, porém acrescenta alguma flexibilidade de decisão. O número de repetições
escolhido depende do estado do paciente e se a meta do exercício é melhorar a força ou a resistência
muscular à fadiga ou à potência (KISNER; COLBY, 2016).
A carga quase máxima ou máxima (exercício de alta intensidade) é indicada quando o objetivo do
exercício é aumentar a força e a potência muscular e o tamanho do músculo; para adultos saudáveis na
última fase de um programa de reabilitação após uma lesão musculoesquelética em preparo para retorno
às atividades ocupacionais ou recreativas de alta demanda; em um programa de condicionamento
para indivíduos sem patologia conhecida ou para indivíduos que treinam para levantamento de peso
competitivo ou fisioculturismo.
Ocorrem respostas diferentes ao treinamento de força com base no nível de treinamento dos
participantes. Treinar com uma intensidade média de 60% de uma repetição máxima provoca ganhos
máximos em indivíduos não treinados, enquanto uma intensidade de 80% é mais eficaz naqueles que
são treinados, de acordo com revisão sistemática de Rhea et al. (2003).
139
Unidade II
Os programas de treinamento incluem muitas variáveis, as quais serão descritas a seguir (ACSM,
2009; KISNER; COLBY, 2016). A forma como esses componentes serão organizados no treinamento
dependerá do objetivo terapêutico, se voltado para treino de força, resistência ou potência muscular.
Repetição
É o número de contrações musculares realizadas para mover o membro em uma série de excursões
contínuas e completas contra uma carga de exercício específica (KISNER; COLBY, 2016). As faixas de
repetições são classicamente determinadas pelos objetivos do treinamento (SANTAREM, 2015).
Lembrete
Segundo Santarem (2015), por atender a maioria dos objetivos, a faixa de repetições entre seis e doze, com
intervalos entre 1 e 2 minutos, costuma ser o procedimento mais usado em musculação. Essa abordagem é
denominada treinamento para hipertrofia, mas também estimula força, potência e resistência dos músculos.
Série
É recomendado que uma a três séries para cada tipo de exercício sejam utilizadas para indivíduos
iniciantes (ACSM, 2009).
Repouso
É o intervalo de descanso entre as séries ou entre os dias de treinamento. É importante para a recuperação
do músculo entre as séries e os dias de treinamento. Os intervalos de descanso entre 1 e 2 minutos
140
CINESIOTERAPIA
geralmente são suficientes para a volta da frequência cardíaca a valores baixos. A intensidade e o
esforço envolvido são inversamente proporcionais à duração dos intervalos de descanso entre as séries
e os exercícios (SANTAREM, 2015, ACSM, 2009). Um grupo muscular que é bem exercitado em um
dia deverá descansar no dia seguinte. Seguindo essa concepção, músculos que atuam apenas como
sinérgicos em um dia poderão ser exercitados como agonistas no dia seguinte para descansar depois.
O repouso é decisivo para dar tempo para o corpo se recuperar dos efeitos agudos do exercício associados
com fadiga muscular ou compensar respostas adversas, como a dor muscular de surgimento tardio
induzida pelo exercício (KISNER; COLBY, 2016; ACSM, 2009).
Observação
O intervalo entre as séries também pode ser realizado por meio de descanso ativo: enquanto o grupo
muscular que acabou de se exercitar está descansando, os exercícios resistidos podem ser feitos por
outro grupo muscular do mesmo membro ou pelo mesmo grupo muscular do membro oposto (KISNER;
COLBY, 2016).
Frequência semanal
Recomenda-se uma frequência de 2 a 3 vezes por semana (SANTAREM, 2015; ACSM, 2009; KISNER;
COLBY, 2016). Vários estudos demonstram que essa frequência semanal produz ótimos ganhos de força
em indivíduos destreinados. A revisão sistemática de Ralston et al. (2018) demonstrou que, ao comparar
a maior frequência de treino resistido com a menor, não houve diferença significante entre elas quanto
ao ganho de força.
141
Unidade II
Aquecimento
Os exercícios de aquecimento têm como proposta melhorar o desempenho e evitar lesões. Segundo
evidências atuais, a melhor forma de aquecimento é a própria atividade que será executada, porém
realizada de maneira suave. As primeiras séries de um determinado exercício são realizadas com cargas
mais leves e aumentando-se o peso nas séries seguintes (SANTAREM, 2015).
Santarem (2015) sugere realizar a primeira série com cerca de 50% do peso da última, com pequenos
aumentos de carga a cada série. Outras formas de aquecimento também podem ser utilizadas como
exercícios aeróbicos e alongamentos dinâmicos. No entanto, a prudência sugere que mesmo quando
essas formas de aquecimento forem utilizadas, não se deverá prescindir de iniciar os exercícios com
cargas leves. Por exemplo, em pessoas debilitadas, realizar as primeiras séries com cargas mais leves
poderá ser a única forma de aquecimento possível.
Refere-se à forma, ao tipo de exercício ou à maneira como ele é realizado (estático ou dinâmico,
cadeia aberta ou fechada, tipo de contração, mono ou multiarticular, bilateral ou unilateral). Também
envolve a forma da resistência (manual, pesos livres, aparelhos, molas, dinamometria isocinética, peso
corporal), ou seja, como a carga é aplicada.
Recomenda-se trabalhar primeiro grandes grupos musculares para em seguida trabalhar os pequenos;
trabalhar primeiro exercícios multiarticulares para depois trabalhar os monoarticulares; fazer exercícios
de maior intensidade para em seguida treinar os de menor intensidade; e trabalhar grupos musculares
agonista-antagonista de forma alternada e em sequência um do outro.
Treinamento em circuito
Uma forma de treinamento com pesos menos popular é o circuito. Uma série de cada exercício
que compõe o programa é realizada em sequência, com mínimos intervalos de descanso. O objetivo é
associar o treino resistido com maior estímulo para o condicionamento cardiorrespiratório. Os resultados
da musculação clássica associada aos exercícios aeróbicos se mostraram superiores aos do treinamento
em circuito (SANTAREM, 2015).
Segundo Kisner e Colby (2016), entre as precauções gerais voltadas para qualquer pessoa submetida
à prática de exercícios resistidos, encontram-se:
• Não aplicar resistência por meio de uma articulação instável ou distal em um local de fratura que
não esteja completamente consolidado.
• Treinar o paciente para evitar que prenda a respiração durante os exercícios para prevenir
a manobra de Valsalva, enfatizando a expiração durante o esforço. A manobra de Valsalva é
caracterizada por uma inspiração profunda seguida pelo fechamento da glote e contração dos
músculos abdominais, o que leva ao aumento das pressões intraabdominal e torácica, que, por
sua vez, forçam o sangue a sair do coração, causando um aumento abrupto da pressão arterial,
embora temporário.
• Estar ciente dos medicamentos que o paciente toma que possam alterar as respostas agudas e
crônicas ao exercício.
• Evitar fadiga cumulativa devido à frequência excessiva dos exercícios e dos efeitos do treinamento
exagerado, incorporando intervalos de repouso adequados entre as sessões para que haja tempo
adequado para recuperação após os exercícios.
• Interromper os exercícios se o paciente sentir dor, tontura ou falta de ar não usual ou súbita.
É indicado que, previamente ao início do programa de exercício resistido (ER), o indivíduo seja
submetido à avaliação médica que permita diagnosticar todas as comorbidades presentes e atestar a
condição física adequada para a prática do exercício físico (CÂMARA; SANTAREM; JACOB FILHO, 2008).
143
Unidade II
A dor pode ocorrer dor durante ou após o exercício. A dor muscular aguda desenvolve-se durante ou
logo após o exercício extenuante realizado até o ponto de exaustão muscular. A sensação é uma queimação
ou dor dentro do músculo. Essa resposta ocorre à medida que o músculo se fadiga durante o exercício devido
à falta de suprimento sanguíneo adequado e de oxigênio (isquemia) e ao acúmulo temporário de metabólitos,
como ácido lático e potássio no músculo exercitado. Esses metabólitos estimulam terminações nervosas livres
e causam dor. Essa dor experimentada durante o exercício é transitória e desaparece rapidamente depois do
exercício, quando o fluxo sanguíneo e de oxigênnio é restaurado nos músculos (KISNER; COLBY, 2016).
A dor muscular de início tardio surge após um treinamento resistido vigoroso ou não habitual,
ou após qualquer forma de esforço muscular excessivo. Essa dor, observável no ventre muscular ou
na junção miotendínea, começa a se desenvolver aproximadamente 12 a 24 horas após o exercício
ter cessado. Contrações musculares excêntricas de alta intensidade causam consistentemente os
sintomas mais intensos de dor muscular de início tardio. O pico de dor ocorre após 48 a 72 horas,
desaparecendo dois a três dias depois. Entre os sintomas podem ocorrer: hipersensibilidade à palpação
no ventre muscular envolvido ou na junção miotendínea; aumento da dor com o alongamento passivo
ou a contração ativa do músculo envolvido; edema e calor local; rigidez muscular, que ocorre pelo
encurtamento muscular espontâneo antes do surgimento da dor; diminuição da ADM durante o curso
da dor muscular; e diminuição da força muscular antes do surgimento da dor, que persiste por uma a
duas semanas após a remissão da dor (KISNER; COLBY, 2016).
Doenças neuromusculares
O volume de exercícios para esse paciente também precisa ser reduzido para não aumentar
excessivamente o catabolismo muscular, o que poderia dificultar a recuperação (SANTAREM, 2015).
Osteoporose
As alterações nos ossos decorrentes da osteoporose tornam o osso menos capaz de suportar as
sobrecargas e são mais suscetíveis às fraturas patológicas (fratura do osso já enfraquecido pela doença,
resultante de forças muito pequenas no sistema esquelético). Assim, deve-se evitar cargas altas, diminuir
o número de series e repetições, evitar movimentos em altas velocidades ou grandes torções da coluna
ou quadril e tomar cuidado com posicionamentos que possam levar à perda de equilíbrio ou quedas
durante os exercícios em cadeias fechadas, oferecendo apoio para os pacientes. Grandes alavancas durante
os exercícios também devem ser evitadas, como amplitudes de flexão da coluna com carga na presença
de osteoporose (BECK et al., 2017).
144
CINESIOTERAPIA
Doenças cardiovasculares
Conforme diretrizes recentes do ACSM (PESCATELLO et al., 2004), esforços máximos não devem
ser utilizados por indivíduos idosos durante a prática dos exercícios resistidos. Recomenda-se que o
indivíduo interrompa a execução do exercício no momento subjetivo em que este se tornar “difícil”
(avaliado objetivamente pelo profissional que o acompanha, tendo como parâmetro a perda de ritmo
na execução do movimento, com lentificação da contração concêntrica, e a tendência para a apneia,
percebida pela incapacidade de realizar inspiração e expiração sem dificuldades). Trabalhos recentes
têm demonstrado que maiores sobrecargas cardiovasculares nos ER (com aumentos importantes
de pressão arterial sistólica e de frequência cardíaca) são diretamente proporcionais ao número de
repetições realizadas, e não às cargas utilizadas no exercício. Para indivíduos em que não é seguro um
grande aumento da pressão arterial sistólica e de frequência cardíaca, recomenda-se a utilização de
cargas maiores com menor número de repetições (LAMOTTE; NISET; VAN DE BORNE, 2005).
Um último fator de importância para diminuição da sobrecarga cardiovascular dos ER com fins
terapêuticos é o intervalo de descanso entre exercícios e séries. Intervalos curtos de descanso entre
séries múltiplas de um mesmo exercício não permitem que os níveis de pressão arterial e frequência
cardíaca voltem aos valores de repouso, fazendo com que a nova série se inicie já em níveis mais
elevados, o que não é indicado para pacientes cardiopatas. Deve-se aumentar o tempo de descanso,
preferencialmente, com intervalos acima de um minuto e meio (NERY, 2005).
Pacientes hipertensos
Conforme o ACSM (PESCATELLO et al., 2004) e segundo Brubaker, Ross e Joo (2018), as
recomendações sobre a prescrição de exercícios em pacientes hipertensos incluem: monitoramento
da pressão arterial (PA) pré e pós-exercício durante os estágios iniciais do programa de exercícios;
realizar um resfriamento ativo para evitar o risco de hipotensão pós-exercício; e não se exercitar se a
PA estiver em repouso ≥ 200/110 mmHg. Durante o exercício, a PA deve permanecer ≤ 220/105 mmHg.
É preciso realizar técnicas adequadas de respiração durante o exercício resistido e evitar as manobras de
Valsalva. Por fim, deve-se deter o aperto isométrico das mãos durante todos os exercícios resistidos, para
evitar um aumento desproporcional da PA sistólica.
As amplitudes articulares dos movimentos devem ser limitadas pelas sensações dolorosas,
adotando‑se a biomecânica adequada, que, dependendo do tipo de acometimento individual, pode
145
Unidade II
significar apenas poucos graus de movimentação. Fatores de risco para lesão do aparelho locomotor nos
ER incluem os excessos em cargas, amplitudes e volumes de treinamento, técnicas antianatômicas ou
equipamentos mal projetados (CÂMARA; SANTAREM; JACOB FILHO, 2008).
Crianças e adolescentes
Segundo Myers, Beam e Fakhoury (2017), um grande risco mencionado sempre no treinamento
resistido infantil é o risco de lesão da placa epifisária. Qualquer fratura dessa região tem potencial de
desenvolver deformidade. Lesões nessa região óssea podem levar ao fechamento precoce da epífise de
crescimento e anomalias no comprimento dos membros. Na literatura, observa-se que a maioria dessas
lesões ocorridas nessa população estava relacionada à forma inadequada de prescrição dos programas
de treinamento. A opinião atual de especialistas no campo apoia a crença de que o treinamento resistido
antes do fechamento da placa epifisária não é inerentemente prejudicial. Os estudos prospectivos
mostram que a supervisão e a orientação eficazes não demonstraram aumento da incidência de lesões
físicas em crianças com levantamento de pesos. As placas epifisárias no jovem são susceptíveis à lesão
sob condições de cargas pesadas, já que o sistema esquelético está em estágio de formação. Contrações
concêntricas com altas repetições e resistências relativamente baixas podem aprimorar a força muscular
de crianças (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018).
Figura 179
146
CINESIOTERAPIA
Figura 180
Inflamação
Dor
Se um paciente experimenta dor articular ou muscular intensa em movimentos ativos livres sem
resistência, não deverão ser iniciados exercícios resistidos dinâmicos.
Se o paciente sentir dor muscular aguda em uma contração isométrica resistida, os exercícios
resistidos estáticos ou dinâmicos não deverão ser iniciados. Se o indivíduo experimenta dor que não
pode ser eliminada, modificando-se a resistência ou a alavanca, o exercício terá de ser interrompido.
De acordo com Câmara, Santarem e Jacob Filho (2008), as contraindicações para a prática da
musculação, que também se aplicam a todas as outras formas de exercícios em populações especiais,
são: pressão arterial sistólica acima de 200 mmHg ou pressão arterial diastólica acima de 110 mmHg
em repouso; queda da pressão arterial ortostática maior que 20 mmHg e com sintomas; hipotensão
ao esforço maior que 15 mmHg; angina instável; arritmias não controladas; estenose aórtica crítica
ou sintomática; doença aguda ou febre; frequência cardíaca de repouso maior que 120 batimentos
por minuto; insuficiência cardíaca descompensada; bloqueio atrioventricular de terceiro grau sem
marcapasso; pericardite ou miocardite em curso; infarto ou embolismo pulmonar recente; depressão
de segmento ST maior que 2 mV em repouso; problemas ortopédicos graves que proíbam os ER;
cardiomiopatia hipertrófica; bypass coronário até quatro semanas; fração de ejeção ventricular esquerda
menor que 30%; e gravidez complicada. Destacam-se, ainda, a hipertensão pulmonar severa (maior que
55 mmHg) e a síndrome de Marfan como contraindicações absolutas para a prática dos ER.
Os exercícios serão apresentados com recursos e posicionamentos variados. Para cada exercício, será
descrito o grupo muscular principal trabalhado. Os exercícios poderão ser realizados com outras variações,
tudo dependerá do contexto, dos recursos disponíveis e da criatividade do fisioterapeuta. Em todos os
exemplos, poderão ser executados os três tipos de contração muscular (isométrica, concêntrica e excêntrica).
148
CINESIOTERAPIA
149
Unidade II
150
CINESIOTERAPIA
151
Unidade II
Figura 188 – Fortalecimento dos músculos adutores da escápula e abdutores horizontais do ombro
152
CINESIOTERAPIA
153
Unidade II
A) B)
Figura 193 – Abraço dinâmico: protração das escápulas para fortalecimento do músculo serrátil anterior
Figura 194 – Elevação do quadril com depressão dos ombros para fortalecimento do trapézio inferior
154
CINESIOTERAPIA
155
Unidade II
156
CINESIOTERAPIA
Figura 201 – Fortalecimento dos músculos flexores dos dedos com bolinha
Figura 202 – Fortalecimento dos músculos flexores dos dedos com digiflex
157
Unidade II
Os exercícios serão apresentados com recursos e posicionamentos variados. Para cada exercício,
será descrito o grupo muscular principal trabalhado. Os exercícios poderão ser realizados com outras
variações, tudo dependerá do contexto, dos recursos disponíveis e da criatividade do fisioterapeuta.
Em todos os exemplos, poderão ser executados os três tipos de contração muscular (isométrica,
concêntrica e excêntrica).
158
CINESIOTERAPIA
159
Unidade II
160
CINESIOTERAPIA
161
Unidade II
Figura 211 – Fortalecimento isométrico dos músculos flexores de quadril e extensores do joelho
162
CINESIOTERAPIA
163
Unidade II
164
CINESIOTERAPIA
A)
B)
Figura 218 – Exercício nórdico para fortalecimento excêntrico avançado dos músculos isquiotibiais
165
Unidade II
A) B)
Figura 219 – Leg press (cadeia cinética fechada) para fortalecimento dos
músculos extensores do joelho, do quadril e do tornozelo
Figura 220 – Agachamento isométrico na parede (cadeia cinética fechada) para fortalecimento
dos músculos extensores do joelho, do quadril e do tornozelo
166
CINESIOTERAPIA
Figura 221 – Agachamento bipodal com halteres (cadeia cinética fechada) para fortalecimento
dos músculos extensores do joelho, do quadril e do tornozelo
Figura 222 – Avanço (cadeia cinética fechada) para fortalecimento dos músculos extensores do joelho,
do quadril e do tornozelo. Adutores e abdutores do quadril atuam como sinergistas
167
Unidade II
Figura 223 – Avanço lateral (cadeia cinética fechada) para fortalecimento dos músculos extensores do joelho, do quadril e do
tornozelo. Adutores e abdutores do quadril atuam como sinergistas
Figura 224 – Subida no degrau (cadeia cinética fechada) para fortalecimento dos músculos extensores
do joelho, do quadril e do tornozelo. Adutores e abdutores do quadril atuam como sinergistas
168
CINESIOTERAPIA
Figura 225 – Descida lateral do degrau (cadeia cinética fechada) para fortalecimento dos músculos extensores
do joelho e do quadril. Adutores e abdutores do quadril atuam como sinergistas
Figura 226 – Agachamento terra unipodal (cadeia cinética fechada) para fortalecimento dos músculos extensores
do joelho e do quadril. Adutores e abdutores do quadril atuam como sinergistas
169
Unidade II
Figura 227 – Exercício de ponte (cadeia cinética fechada) para fortalecimento dos músculos extensores do quadril
Figura 228 – Exercício de ponte com bola (cadeia cinética fechada) para fortalecimento
dos músculos extensores do quadril e do joelho
Figura 229 – Fortalecimento dos músculos flexores plantares do tornozelo em pé em cadeia cinética fechada
170
CINESIOTERAPIA
Figura 230 – Fortalecimento dos músculos flexores plantares do tornozelo em pé em cadeia cinética fechada
Figura 231 – Fortalecimento dos músculos flexores plantares do tornozelo com elástico
171
Unidade II
172
CINESIOTERAPIA
Observação
Resumo
173
Unidade II
Exercícios
Questão 1. (FGV 2014, adaptada) Relacione os exercícios em Cadeia Cinética Fechada (CCF) e Cadeia
Cinética Aberta (CCA) às respectivas características.
1. CCF
2. CCA
I – ( ) Estabilização dinâmica com maior contenção postural e apoio adicional para a articulação.
175
Unidade II
I – Trata-se de uma CCF, por ser um movimento que ocorre quando o segmento distal de uma
extremidade se move livremente no espaço, resultando no movimento isolado de uma articulação.
II – Trata-se de uma CCA, por ter como definição um movimento em que as articulações terminais
encontram resistência externa considerável que as impede de ter movimentação livre.
III – Trata-se de uma CCA, tendo como exemplo um aceno de mão ou levar um copo de água à boca.
IV – Trata-se de uma CCF, pois a propriocepção acontece porque as células que se encontram em
músculos, tendões e articulações enviam as informações ao sistema nervoso central, que irá organizar
a parte do corpo, em virtude de usar um maior número de mecanorreceptores e, com isso, manter a
posição correta, parada ou em movimento.
Questão 2. (Enade 2007) As quedas nos idosos são mais comuns nos indivíduos que apresentam
mobilidade ao lado de instabilidade e têm sido consideradas como um sério problema de saúde pública
relacionado a essa população. Sendo assim, a abordagem da fisioterapia na prevenção das quedas
nos idosos torna-se fundamental para a garantia de sua saúde e autonomia. A etiologia das quedas
é multifatorial e um programa fisioterapêutico preventivo deverá envolver diversas estratégias, entre
elas uma avaliação cuidadosa e uma intervenção eficaz. No que se refere à intervenção fisioterapêutica
voltada especificamente para evitar que as quedas aconteçam, o programa deve incluir:
I − fortalecimento dos membros superiores, porque são elementos essenciais para o equilíbrio
durante a marcha e sua fraqueza pode ocasionar as quedas;
II − fortalecimento dos membros inferiores, porque a diminuição de sua força muscular, própria do
processo de envelhecimento, reduz a capacidade para resistir às quedas;
III − treinamento de técnicas de levantamento, para evitar que o idoso permaneça por longo tempo
no chão se sofrer uma queda quando estiver sozinho;
V − verificação dos medicamentos utilizados pelo idoso e suspensão ou substituição daqueles que
podem ser os responsáveis pelas alterações que o levam às quedas.
A) I e III.
B) II e IV.
C) I, II e III.
176
CINESIOTERAPIA
D) I, III e V.
E) II, IV e V.
I – Afirmativa incorreta.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: apesar de a afirmativa ser correta, ela não responde ao enunciado da questão, o qual
especifica que a resposta deve ser relativa ao que deve ser incluído em uma intervenção fisioterapêutica
voltada especificamente para prevenir quedas. A afirmativa trata daquilo que se faz após a ocorrência
de uma queda, com o intuito de evitar outras complicações.
IV – Afirmativa correta.
V – Afirmativa incorreta.
177