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Em meados do séeulo XIX, ocorreu na Europa uma forte react &esttica roman) Anistas e escritores passaram a buscar uma linguagem capaz de abordar de modly mt objetivo a vida cotidiana de ticos e pobres. Cenas comuns, em que pessoas angni® trabalham ou se relacionam entre si, comecaram a aparecer em textos literarios ¢ , dliversas formas de arte, sobretudo na pintura my {A seguir, voce fard duas leituras: de uma pintura de Jean-Francois Millet (1814-1875), de um fragmento de Madame Bovary, do escritor frances Gustave Flaubert ( 1821-1839¢ Considerado por muitos o primeito romance realista, Madame Bovary foi publicado no an de 1857. Leia as obras atentamente e responda as questoes. a Maer, Jean-Francois, Os madeireo,m Museu Pushkin, Morcou, Russia, © XIX. Cleo sobre tel, 37cm 43 cm, Heats aes com elas socialise que cruavam na Frana, Milt mostou um vis 80 : Jade, A representacao de homens e mulheres simpl Be Oe pintura como uma maneira de afirmar a im ets Gos abatbadores mas : Frtado ten umemanelra de afrmar a mportncia do catisiano concreto dos rabalhadores, nas avis? Digitalizado com CamScanner Madame Bovary Charles, com neve ou chuva, cavalgava pelos atalhos. Comia omeletes na mesa das quintas, punha os brags em leitos timidos, recebia no rosto o jato tépido das sangrias, ouvia os ester- tores, examinava bacias, arregacava muita rou- pa suja; mas encontrava, todas as noites, um fogo chamejante, a mesa servida, urn aconche- go suave e uma mulher finamente vestida, en- antadora, exalando um frescor perfumado sem saber mesmo de onde vinha aquele aroma ou se nao era sua pele que perfumava sua camisa Ela encantava com um grande nimero de elicadezag; ora era uma nova maneira de fazer arandelas de papel para as velas, um babado ‘que mudava em seu vestido ou o nome ex- traordinario de um prato bem simples que a empregada nao acertara mas que Charles en- golia até o fim com prazer. Viu em Rouen se- horas que usavam um feixe de berloques presos ao rel6gio; ela comprou berloques. Quis paraa lareira dois grandes vasos de vidro azul e, algum tempo depois, um estojo de marfim com um pouquinho de prata dourada. Menos Charles compreendia tais eleganciag mais so- fria sua seducao. Elas acrescentavam alguma coisa 20 prazer de seus sentidos e & dogura de seu lar, Era como uma poeira de ouro que caia ao longo da pequena vereda de sua vida Tinha satide, tinha bom aspecto; sua repu- ta¢io estava totalmente estabelecida. Os cam- poneses queriam-lhe bem porque ndo era or- gulhoso. Acariciava as criangas, nunca ia Ata- berna e, alias, inspirava confianca por sua moralidade. Era bem-sucedido particularmen- te nos catarros e nas doengas do peito. Com muito medo de matar as pessoas com que li- dava, Charles de fato s6 receitava pocoes cal- ‘mantes, de vez em quando algum emético, um, Foun, Gustave. Madame Bovary. cost Sobre os textos Explique por que o tema dessa pint em geral. 2. No primeiro pardgrafo deste frag! gem Charles segundo um ponto banho de pés e sanguessugas. Nao que a cirur- sia 0 assustasse; sangrava largamente as pes- s0as, como cavalos, e tinha um punho infernal para a extracao de dentes. Enfim, para estar a par, assinou a Ruche Mé- dicale, novo jornal do qual recebera um pros- pecto. Lia-o um pouco apés o jantar, mas 0 calor da sala, unido a digestao, fazia com que adormecesse apés cinco minutos; e ficava l4, com 0 queixo nas mios e os cabelos espalha- dos como uma crina até 0 pé da lampada. Emma olhava-o encolhendo os ombros. Por que nao tinha, pelo menos, por marido um da~ queles homens de ardores taciturnos que tra- balham a noite com livros e trazem, enfim, aos sessenta anos, quando chega a idade dos reu- matismos, um broche de condecoracées na casaca preta malfeita? Teria desejado que 0 nome Bovary, que era o seu, fosse ilustre, teria desejado vé-lo exposto nas livrarias, repetido ‘nos jornais, conhecido em toda a Franga. Mas Charles no tinha ambicao! Um médico de Yvetot, com quem ultimamente se encontrara | em consultas, humilhara-o um pouco, na pr pria cabeceira do doente, diante dos parentes reunidos. Quando Charles & noite Ihe contou essa histéria, Emma enfureceu-se realmente como confrade. [..] — Pobre homem! Que pobre homer! dizia baixinho, mordendo os labios. Sentia-se, lids, mais irritada com ele. Com aidade, adquiria habitos grosseiros; a sobreme- sa, cortava a rolha das garrafas vazias; apés ter comido, passava a lingua nos dentes; ao tomar a sopa fazia um gorgolejo a cada colherada e, como comegava a engordar, seus olhos, ja pe- quenos, pareciam subir para as temporas por ‘causa da intumescéncia das macas do rosto, imes de provincia. Ta. FulviaM. 1. Moreto, Sto Paulo Nova Alexandra, 2009, p, 65-66. ura de Millet destoa dos temas das pinturas romanticas smento de Madame Bovary, 0 narrador descreve a persona- de vista que exalta sua dedicagdo como médico e como homem, Aponte pelo menos dois exemplos dessa dedicagao. 3. Aseguir, 0 foco narrativo € alterado: o m les. A maneira como ela vé 0 marido é igu me mostrou o narrador? Quai undo é visto pelos olhos de Emma, a muther de Char- al a maneira como a comunidade o enxerga, confor~ is diferencas ou semelhancas se estabelecem entre essas visoes? 4. Indique quais elementos do texto revelam a necessidade de Emma de sentir-se elegante e“ilustre”, 5. Os madeireiros e Madame Bovary registram situagdes de modo direto, Que semethangas podem ser percebidas na descri¢ao do cotidiano feita nas duas obras? tata celia erat he nt te Digitalizado com CamScanner textual por mei de substantivos valorativos & ‘estudada na parte de Linguagem (capitulo 21, p. 187, exercicio5). Vocabulario arandela: ssuporte para vela ou lampada elétrica berloque: pingente confrade: colega ‘emético: que provoca womito estertor: ruido ‘gutural comum Ahora da morte gorgolejar: ruido, caracterfstico do ‘gargarejo intumescéncia: O contexto de producgao A segunda metade do século XIX foi tum periodo marcado por muitos aconte- cimentos importantes, cujos desdobra- rmentos se estenderam para o século XX. Entre esses acontecimentos, destacam-se a Segunda Revolugao Industrial ¢ 0 sur- gimento do movimento operario. > Ocontexto histérico A partir de meados do século XIX, a industrializagao entra em uma nova fase, caracterizada por inovagdes que levaram os historiadores a classificé-la como Segunda Revolucio Industrial. Ela se dis- tingue da Primeira Revolucao Industrial (iniciada em meados do século XVIII) pelo aproveitamento sistematico da cién- cia servico das industrias. A industria passa a financiar pesquisas cier tificas e a direcionar seus resultados para a aplicacao em processos de produgio. Dai decorre, nesse periodo, simultaneamente, o grande desen volvimento da ciéncia e dos processos de fabricacao. O avanco da ciencia quimica, por exemplo, faz surgir uma poderosa industria farmacéutica, que passa a comercializar, entre outros produtos, os superpopulares com primidos contra a dor de cabeca Importante nessa nova fase foi também a expansao da industria para a Alemanha e os Estados Unidos, que se juntaram a Franca e a Ingla terra como 0s paises lideres do capitalismo mundial Empresas, classes e sindicatos A associagao entre industria e cigncia eleva muito os custos industriais. Para reunir os enormes volumes de capital necessarios a operacao de uma industria, as empresas passam a realizar fusOes, das quais resultam conglo- merados empresariais que empregam vastos contingentes de operarios. Os operarios respondem as fuses empresariais organizando-se em gran des sindicatos, que fortalecem os trabalhadores na negociagao com os em- pregadores. A radicalizagao do movimento operario se da a partir do surgimento do socialismo cientifico. Essa doutrina, criada pelo filésofo alemao Karl Marx, prega a extincao do capitalismo, que, segundo ele, se ba- seia na “exploragao do ser humano pelo ser humano”. Ao chamar sua dou- trina de “cientifica”, Marx actedita colocar a ciéncia a servico dos trabalhadores, em contraposicao a ciéncia que esta a servigo da industria As classes sociais, porém, ndo se limitam aos capitalistas e aos operarios. A gestao de processos de produgio - ¢ empresas cada vez maiores e mais sofisticadas ~ mobiliza um grande numero de burocratas urbanos, a peque na burguesia (classe média), a qual pertencem também os funcionarios pi- blicos. A quantidade destes se eleva em funcdo do crescimento do Estado requerido para regular uma sociedade mais complexa e oferecer servicos publicos as massas urbanas Em Portugal e no Brasil, os contextos historicos sao bastante diferentes, Jé que essas nagées nao estavam entre os paises plenamente industrializa- dos, Ademais, no Brasil, a escravidao ainda vigente distingue 0 pais da maioria das nagoes europeias, que adotavam o trabalho livre e assalariado. unda fase da Revolucdo Industral, am-se grandes complexos industrials | sétina arte Che (EUA/Franca/Espanha, 2008) Diregao de Steven Soderberg cientifico de Karl Mant exerceu enorme influéncia politica} por dois séculos. No século XIX, | inspirou lutas do movimento operéro | | para diminuir as desigualdades | |. socias, No século XX, a Revolugso Russa (1917) e a Revolugao Cubana | (959) assumiram o comando do Estado e implantaram economias socialistas. Che trata da Revolucao Cubana e é centrado na figura de Che Guevara ideres. | Beniclo Del Toro em cena d ime Che. Revolugdo Cubsna fot nspadt pelo socaismo clentifica do secu ix Ene as mecdasadotdes Pel fgovernarevoluciondro, esta feforma agrdriaeareestruturast03* sistemas de sadde e educagae- Digitalizado com CamScanner > Ocontexto cultural Percebe-se, do que foi dito até ento, que boa parte do desenvolvimento cientifico do periodo estava estreitamente ligada a atividade econdmica Mas houve um grupo de cigncias que se desenvolveu a margem da produ- io industrial. Destaca-se, nesse grupo, a teoria evolucionista de Charles Danvin, baseada no principio da selecao natural. Segundo a teoria dar- swinista, a evoltiglo das espécies deve-se ao surgimento de mutagdes gené- teas em alguns organismos que os tornam mais adaptados ao ambiente em que vivem. O ambiente seleciona esses organismos mais aptos, ou seja, eles Ghrevivem em tal ambiente e passam a se perpetuar, ao Passo que os orga- rrismos menos adaptados desaparecem. Tanto o darwinismo como as demais ciéncias da época enfatizavam a experimentagdo, a observagto. dos fendmenos naturais, para deles fxtrai leis universais da natureza, Alguns estudiosos da cultura tentaram aplicar essas leis a0 funcionamento das sociedades humanas, constituin- do o cientificismo, forma de conhecimento fundada no saber cientifico que causou grande confronto de boa parte da intelectualidade europeia Sima lereja catdlica. Alem da religido, também a filosofia caiu em descré- dito, pois se ocupava em explicar a realidade por meio de ideias abstratas. Outra base para o aprofundamento do cientificismo do século XIX foi 0 positivismo, desenvolvido por Auguste Comte, na Franga. Considerado 0 pai da que nao se podiam reduzir os fendmenos naturais a um tinico principio, ou seja, a Deus. Seus textos afr mavam que a humanidade rumava, em uma espécie de “marcha natural’, sociedade amparada fundamentalmente sociologia moderna, Comte defend para o desenvolvimento de um: no saber cientifico Eo entusiasmo com a ciencia nao se limitou aos intelectuais. Ela empol- gou também a pequena burguesia, cidadao comum da época, como se notaneste trecho de um romance de Gustave Flaubert. Bouvard e Pecuchet io funcionérios pulicos descontentes com a mediocridade dla sua exis téncia, mudam-se para uma propriedade no campo e se dedicam noite € dia busca do conhecimento. Mas nada conseguem, a nao ser colecionar uma série de trapalhadas, Para estudar quimica, mandaram buscar 0 compéndio de Regnault e aprenderam, antes de ‘mais nada, “que os corpos simples talvez sejam compostos”. Dividern-se em metais e metaloides ~ dife- renga que “nada tem de absoluto’, diz o autor. O mesmo acontece aos acidos e as bases, “podendo um corpo comportar-se como dcido ou como base, conforme as circunstancias”. Anotacao lhes pareceu estapafirdia. As proporg6es miiltiplas confundi- ram Pécuchet. — Pois se uma molécula de A, suponhamos, se combina com diversas partes de B, parece-me que essa molécula deve dividir-se em outras tantas artes; mas, se ela se divide, deixa de ser uma unidade, a molécula primor- dial. Afnal, nao entendo nada. —Eeu muito menos! — diz Bouvard. Fann, Gustave Board e Pecuchet Tad. Galeto Coutinho e A ve. Bowyad e Pécuche. Trad, Galeao Coutinho ¢ Augusto Meyer: 2 e. Rode Jano: Nova Frontera, 1981. p. 54 sui Petsonagens representam, na visto realista de Flaubert, a pequena PuBuesia que aalenta sonhos de ascensao cultural Buscando saberes nos 0s, defrontam.-se com a incapacidade de compreende-los Bom da, enkor sobre tela, 129 cm 149 em, Museu Fabre, Montpellier, Franca, O pintor Gustave Courbet retrataa si mesmo ‘com um cajado na mo e uma machila 85 Costas, cumprimentando 0 importante Colecionador de ate do qual seria héspede. (O tema escolhidoe o forte realismo com que foi retratado causaram grande tumulto na Exposicao Mundial de Paris, em 1855. Logo CCourbet passou a ser seudado como o pioneiro, dde uma arte totalmente alheia 3 religio, em conformidade com as tendénciascientifcistas {da €poca, Quanda solicitado a incluir anjos em ‘uma pintura, Courbet respondeu: "Nunca vi anjos. Mastre-me um eeu o pintarel. Margens do texto ‘Ainda que alguns dos conceitos da quimica sejam diferentes dos que conhecemos atualmente, como posstvel perceber o elemento c6- imico que caracteriza a cena? Digitalizado com CamScanner > Ocontexto literdrio Influenciados pelo cientificismo da epoca, os eseritores descartam a ima ginagdo como forga criadora e optam pela observagdo direta da realidade ~ entendida como tinica raiz posstvel da arte. Gustave Flaubert, um dos prin- cipais eseritores do Realismo, afirma que a fungio do artista € somente a de represenitar o que ¢ visivel para todos, O sistema literario do Realismo Qs escritores vinculados ao Realismo fazem parte de segmentos sociais ‘que tem sua origem na burguesia e nas camadas médias da sociedade. Tal fato tellete a tendéncia dessa mesma burguesia em assumir o comando das discussbes estéticas ¢ politicas de set tempo. ‘A arte do Realismo propde problematizar as estruturas sociais que, na- quele momento, ainda refletem a dominancia de instituigdes como a Igreja € a aristocracia, entendidas como expressdes do atraso social, Esse carter programatico” da estética realista, que sistematicamente ataca representan- tes da elite econdmica ¢ politica, faz com que varios artistas trabalhem de modo proximo e, por vezes, articulado. A amizade que une muitos dos es- ceritores e demais artistas os torna porta-vozes dos ideais convergentes para o pensamento republicano ¢ liberal, combinado com o humanismo das ideologias socialistas que passam a ser veiculadas nos paises economi camente mais avancados da Europa. ‘As obras realistas preocupam-se bastante com 0 comportamento das personagens, investigando suas fraquezas, angustias e perturbacdes emo- Gionais. A procura pela “palavra justa’, que permita penetrar na conscién- cia humana, serve para levar 0 leitor a anilise psicologica ~ esta se tornaria ‘uma das marcas registradas desse periodo. Veja, no texto a seguir, a obses: slo de um jogador de roleta ‘Ao contrério, por uma fantasia bizarra, tendo notado que o vermelho hhavia saido sete vezes em seguida, me fixei nele, Estava convencido de que ‘oamor-prprio representava metade desta decisao. Queria deixar os espec- tadores estupefatos ao assumir um risco insensato e (estranha sensacao!) Jembro-me claramente de que fui subitamente, sem qualquer incitagao do ‘amor-proprio, possuido por uma sede de risco. Talvez, depois de ter passa- do por um niimero tdo grande de sensag6es, a alma nao possa deleitar-se, ‘exigindo novas sensagdes, sempre mais violentas, ‘até o esgotamento total, E, na verdade, nao minto, ‘cas0 0 regulamento permitisse apostar cinquenta mil florins de um s6 golpe, eu teria arriscado, A minha volta, gritavam que era uma insensatez, ‘que era a décima quarta vez que 0 vermelho saia! Dosnorevas, odor joer. Tad. Roberto Gomes. ‘Porto Alege: LAsPM, 1998, p. 186-187, = ‘Muitas vezes, a narrativa realista registra os momentos em que a tensio psicol6gica chega ao extremo, fazendo o leitor compartilhar as sensagoes da personagem, O Realismo, portanto, promove uma grande “invasto de privacidade”, de modo a analisar os dilemas vividos pelos individuos. Em sintese, 0 escritor realista toma para si o papel de analista da sociedade ‘do ser humano, E 0 entendimento de que a sociedade funciona de modo ‘semelhante & natureza o fara adotar uma conduta proxima a do cientista, As- sim, 0 eseritor observa as coisas visvels para entender os fenomenos indivi- duais e, a partir deles, descobrir les gerais de funcionamento da sociedade. Digi Match point (EUA, 2005) Diregdo de Woody Allen ‘obra de Fi6dor Dostoiévski (1821-1881) inaugura uma escrita carregada de alta intensidade psicg, légica e grande capacidade de descr, go da decadénciafisica€ moral de Suas personagens. Seu romance mais lido 6 Crime e castigo (1866), em que lum jovem comete assassinato preme. ditado, mas nao consegue levar a Vida adiante com o peso dessa culpa, No filme Motch point, uma das personagens também comete um assassinato premeditado, porém nip sente culpa alguma, No filme, ha claras referéncias a0 romance Crime castigo: uma das personagens | aparece lendo esse livro, eo assassino € da mesma faixa etria aque a personagem do romance. | w Jonathan Rhys-Meyers eS Johansson em c lett 13 do filme Match pie: | _assassinato sem sentimento de culpa [li Margens do texto Nao se pode descrever o imp para o risco vivenciado pelo pf tagonista como simples desejo vencer. Explique essa afirma estupefato: surpreso florim: antiga moeda dos Paises Baines incitagdo: estimulo, incentivo i italizado com CamScanner O papel da tradi¢ao OReali te aestética romantica, em que a narrativa de aventura ou romance de amor contrapdem um herdi integro as forcas sociais instituidas, o texto re u no se conf a em nitida oposigao ao Romantismo. Contrariamen- Repertorio istacri- | Literatura do século XIX: galeria de anti-herdis A partir do século XIX, o anti- heréi assume frequentemente o papel de protagonista das obras I: terérias. Alguns exemplos: Lucien de Rubempré (Balzac, As ilusdes perdidas), Charles e Emma Bovary (Flaubert, Madame Bovary), Basilio (Esa de Queirés, 0 primo Basilio), Brés Cubas (Machado de Assis, as futilidades da vida burguesa, observando a distancia o desempenho d e ns que, multas vezes, parecem adaptadas a vida social. O escritor coloca-se como um eritico ferrenho da realidade, na medida em que mostra ncoeréncia entre as crengas e as atitudes dos individuos. Assim, a literatura € ma arma para denunciar 0s fatos politicos e os comportamentos individuais A proposta romantica de critica da sociedade adquire um tom idealista, a a critica realista € marcada emonstra qualquer conviccao de que seja posstvel alguma mu Jo pessimismo: o escritor realista na anga para Jhor em um contexto dominado pelos valores burgueses Mesmo oposta a arte romantica, a estética realista apresenta a seu leitor | Memérias péstumas de Bras Cubos) uma mistura de sentimentos. O realista oscila entre a luta para mudar 0 | Raskolnikov (Dostoiévski, Crimee | undo e a desilusao. Tal desilu: manifesta-se de varias formas: decepcao castigo). O anti-herdi caracteriza- quanto ao poder de transformacao da realidade, satira feroz aos costumes, | _-se basicamente como um ser hu: iitica contundente as atitudes e A moral de alguns grupos sociais. F mano comum, até medfocre (como | mostrar isso, criam-se personagens comuns, vistas em suas fraque Charles Bovary), ou, ainda, com ex tremas imperfeigdes de carater ou cruel e tem uma mania de grande- convivencia. Ja as personagens jovens ¢ idealista: 2 Se beira a loucura, s do Romantismo) veem-se defrontadas com uma realidade fe mediocridades — 0 Realismo ¢ 0 movimento que institui definitivamente tremes inpe SSeSee cke pura do‘antl-herolicomo pro ag re er te Rubempré escreve resenhas elo- | Na galeria de personagens do Realismo, figuram senhores respeitaveis | gigsas em troca de dinheiro, trai casadas e devotas, pais de familia e eclesidsticos. Todos, pore Scot ev avruina eatamnate mulados, ora buscando beneficios pessoais, ora visan facao Raskolnikov 6 um estudante mise- sas necessidades, mesmo que atropelando seus semelhantes e as regras | rével que comete um assassinato | | | za que qu s sonhos nao possuem sentido, A ortanto, é fixar tipos sociais. Persona- tendencia da prosa realist sens nfo representam somente a si mesmas, manilesta n caracteristicas que inculam a uma parcela social. A vida da sociedade burguesa torna-se objeto do olhar atento do narrador que, descrevendo acdes individuais, mostra habitos e valores de toda uma classe. Peter Lorre como Raskolnikov em cena de Crime e castigo (EUA, 1935) filme dirigido por Josef von Sternberg, obre tela, 139 em x 259 em. ner, Gustave. O54 de pedra, 1849, Oo 50 Galeria Neue Mester, Dresden, Alemanba, ‘a pintura realista incorporou & iu em chelo 0 “bom ‘acima, Sobre essa tela, diz Seu autor, ‘0 fazer minhas caminhadas, via as Distante dos ideas de beleza presentes no Romantisino, lngusgem pltonica temas ecenasbanas, ato que mules vezes ati 0310" da época. Um claro exemplo disso ¢ 0 quadro Gustave Courbet: "Nao invent nada. Todos 05 das, ess0as miseraveis desse quadro”. Digitalizado com CamScanner

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