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NUMEROS IRRACIONAIS E ~ TRANSCENDENTES Djairo G. de Figueiredo 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 10) 11) 12) 13) 14) 415) 16) 17) 18) 19) MONOGRAFIAS DE MATEMATICA Alberto Azevedo & Renzo Piccinini = Introdug%o & Teo- ria dos Grupos Nathan M. Santos = Vetores e Matrizes (esgotado) Manfredo P. Carmo - Introdugdo 4 Geometria Diferen- cial Global Jacob Palis Jr, ~ Sistemas Dindmicos Jo&o Pitombeira de Carvalho - Introdug&o A Algebra Linear (esgotado) Pedro Fernandez - Introdug&o A Teoria das Probabili- dades R.C,. Robinson ~- Lectures on Hamiltonian Systems Manfredo P. Carmo - Notas de Geometria Riemanniana Chaim S, H&nig - Andlise Funcional e o Problema de Sturm-Liouville Welington de Melo - Estabilidade Estrutural em Varie- dades de Dimens%o 2 Jaime Lesmes ~- Teoria das Distribuigdes e Equag8es Diferenciais Cidévis Vilanova - Elementos da Teoria dos Grupos e da Teoria dos Anéis Jean Claude Douai = Cohomologie des Groupes H. Blaine Lawson, Jr, ~ Lectures on Minimal Sub- manifolds = Vol. 1 Elon L. Lima ~ Varisdades Diferencidveis Pedro Mendes ~ Teoremas de Q-estabilidade e Estabili- dade Estrutural em Variedades Abertas Herbert Amann - Lectures on Some Pixed Point Theorems Exerefcios de Matemdtica - IMPA Djairo G. de Figueiredo - Nimeros Irracionais e Trang cendentes Rio de Janeiro - GB fnpIce pag. PREFACIO eee eee eer ere reer eee aaa NOTACUES esse ss eeeeeeeeeeereeeneteeeeeneeee ix CAPfTULO 1 - Os Inteiros Algébricos ce eeeeee 1 caPfTULO 2 - 0 Nimero e 6 Irracional sete 13 CAP{TULO 3 - 0 Nimero 1 & Irracional = ...+e 16 CaPfTULO 4 - Os Nimeros Aigébricos e Transcen- dentes — veeeseeeeceeeneeenreeees 22 CAP{TULO 5 - Os Nimeros de Liouville 37 CAP{TULO 6 - O Numero e é Transcendente . 50 CAP{TULO 7 - A Transcendéncia de 1 teseeene 56 APENDICE ~ Polindémios Simétricos dee een enone 72 CAP{TULO 8 - O 72 Problema de Hilbert . 86 CAPITULO 9 - A Constante de Euler -Mascheroni . 97 -iii- PREFACIO © presente trabalho é uma exposigao elementar sobre a irracionalidade de certos ntmeros reais, a cons- trugdo de alguns niimeros transcendentes e a transcendén- cia de ©, 7 © outros nimeros. 0 conhecimento do Cdlcu- lo Diferencial e Integral de uma varidvel é suficiente para o entendimento das demonstragées. As questOes aqui tratadas formam uma bela pagi na na Histéria da Matematica. Matemdticos famosos, desde o século XVIII, ficaram fascinados com elas, e muitos de ram contribuigées marcantes. Entre eles, destacamos os nomes de J.H. Lambert, que demonstrou a irracionalidade de 1, em 1761, J. Liouville, que, em 1844, demonstrou a existéncia de numeros transcendentes pela construgao, de fato, de uma classe desses ntimeros. C. Hermite que demons trou a transcendéncia de e, em 1873. F, Lindemann que, em 1882, demonstrou que 1 é transcendente. A. Gelfond, em 1934 @ Theodor Schneider, em 1935, resolveram, inde- pendentemente o famoso 72 Problema de Hilbert sobre a transcendéneia de niimeros como 2%, % interessante ob- -iv- servar que muitos outros mateméticos, além dos menciona- dos acima, estiveram, em certos perfodos, associados com os problemas que estudaremos aqui. 0 leitor que passar uma vista no trabalho de Schneider ("Introduction aux Nombres Transcendants", publicado pela Gauthier-Villars, em 1959) verd os nomes de Borel, Hurwitz, Mahler, Markoff, Siegel, Veblen, Weierstrass Um problema matematico cujo enunciado seja sim ples e que n&o exija profundos conhecimentos para ser com preendido, exerce um fasc{nio invulgar sobre as pessoas. Nessa categoria de problemas temos os estudados nessa mo nografia, e 0 famoso W1timo teorema de Fermat que por sé culos tem atraido a atengao de matemdticos e apreciado~ res da matemética. A beleza estdé na simplicidadé. Uma teoria matematica simples, que seja capaz de resolver ques tes diticeis, 6 o ideal. & verdade que quase sempre isso é utépico. Alguns problemas com enunciados simples exigi ram, para a sua solugdo, o desenvolvimento de longas e complexas teorias mateméticas, Foi deste modo que muitos ramos da Matemdtica foram criados. As vezes essas teorias n&o resolviam de todo o problema original, mas elas pas- savam a ser ferramentas bésicas na investigaglo de outras questSes. 0 desenvolvimento da Matem4tica ocasionado pelo ave trabalho dos matemdticos para resolver problemas tem si- do notavel. Uma palavra de cautela. Nos Ultimos cem anos a Matematica teve um desenvolvimento invulgar. Diz-se que © ntimero de matemdticos pesquisando hoje é maior que o nimero de todos os matemaéticos que viveram no passado. Para fazer pesquisa em Matemética no basta a compreen- sAo do enunciado do problema. BF necessdrio aprender um pouco do que foi feito, Deste modo, a pessoa munir-se-d de melhores técnicas, mais poderosos métodos e nao perde va seu tempo em trilhar caminhos que nao conduzem a nada. Essa atitude 6 semelhante 4 da pessoa, no nosso mundo tec nolégico, que aceita o carro, o telefone, etc., e os usa para fazer outras coisas em seu trabalho. Uma palavra de est{mulo. Nao é necessdrio (sem dizer que é imposs{vel !) aprender toda a Matemdtica cri ada até hoje para criar algo novo em Matematica, para re solver problemas abertos, ou, o que é& mais importante, para conduzir uma carreira cient{fica significativa para a sociedade e intelectualmente compensadora. Uma orienta gao de como o jovem deve proceder jé é dada, hoje em dia, em varios centros matematicos do pais, mormente nos De- partamentos de Matematica de varias universidades. -vi- A presente monografia ¢ dirigida ao aluno dos -primeiros anos da universidade que tenha gosto por mate~ matica e que queira aprender um pouquinho mais do que lhe foi dado no Calculo. Além disso, os assuntos aqui tratados podem in tegrar parte do curso de Fundamentos da Matematica Ele- mentar, que comparece no curriculo de Licenciatura em Ma, temética. 0 conhecimento dos problemas e técnicas do pre sente trabalho poderé ser uma fonte inspiradora que o fu turo professor necessitard para motivar seus estudantes. Nosso objetivo é mostrar ao leitor que Matematica é como um organismo vivo, que cresce e que se aprimora. Tentamos evidenciar que os fatos matematicos, os.teoremas, tém uma histéria.na.qual se.envolveram por decénios homens como nés, pessoas que ndo criaram impé- rios nem venceram guerras, mas que contribufram sobrema~ neiya para o avango do conhecimento cient{fico, através da resolugdo dos problemas abertos na época. Que motiva- pode ter sido uma pessoa para esse trabalho, o qual é sempre drduo e, no passado, foi menos reconhecido social mente que hoje ? As motivagdes devem ter sido varias. Deixamos aos leitores as especulagdes ! Uma coisa porém nos parece claro. Todos eles tiveram grande satisfagao cvii- em trabalhar em Matematica. & essa satisfagéo que espera mos que o nosso leitor tenha ao ler a presente monografia. © conjunto dos © conjunto dos O,1,2, 006 © conjunto dos forma p/q , DP o conjunto dos © conjunto dos -ix- NOTACOES niimeros ndmeros ntimeros »,ae@ nuimeros nimeros naturais: inteiros: racionais: »a#70-. reais. complexos: 1,2,3, seep By od, nimeros da niimeros da forma at+ib, onde a,b€R, i -v-1. caPfTULO 1 OS INTEIROS ALGEBRICOS Quaiquer solugdo de uma equagdo polinomial da forma n n-1 qa) x" + ay 4* tase + ayx ta, = 0, onde os coeficientes ay, +++ > O41 s4o0 nimeros intei ros, é chamada um inteiro algébrico. Assim, qualquer ni- mero inteiro b 6 inteiro algébrico pois e equagéo (2) x-b=0 tem b por solugdo. Também /2 e 7/2 sao inteiros al gébricos, pois eles so as solugdes da equagao (3) x 2=0, Do mesmo modo o leitor poderé verificar que /2+V73 6 um inteiro algébrico, pois é uma solugdo da equagao (4) xt - 4x7 +10, Para obter a equagao (4), basta escrever x 2+/3 e mediante duas quadraturas consecutivas livrar-se dos ra- dicais. Sugerimos ao leitor que escreva outros inteiros algébricos envolvendo radicais. Apesar de usarmos no pre sente capitulo inteiros algébricos que sejam ntimeros reais, chamamos a atengdo do leitor para o fato que ha inteiros algébricos complexos. Por exemplo, i =W-1 e -i sao inteiros algébricos, pois séo as raizes de x” +1 = 0. Provavelmente foram os mateméticos da Escola Pitagérica que descobriram que YZ nao 6 um niimero racio nal. A demonstragdo desse fato é muito simples. Vejamos. Suponhamos, por contrad@igaéo, que /2 seja racional. En- t&o existem inteiros positivos p e a, primos entre si, tais que V2 = p/q- Dai obtemos @) p? = 247. Isso quer dizer que p2 6 um niimero par. Logo, p deve ser também par. (Prove isso! ). Logo, p é da forma p = 2r, de onde se segue (6) p? = ar’, -3- De (5) e (6) obtemos 2q7 = dr”, isto é, a? = 2r*. Logo a” é par, e, como acima, obtemos que q deve ser par também. Ora, se p e q sao pares, eles nao podem ser primos entre si. Tal contradigdo provém da hipétese, fei ta inicialmente, de que 2 fosse racional. A idéia da demonstrag&o pode ser usada para de monstrar o seguinte resultado. TEOREMA 1.1 - Um _inteiro algébrico (real) é inteiro ou irracional. Demonstracao: Seja a um inteiro algébrico. Suponha, por contradigao, que a = p/q, onde péZ, a€N.e q>Il,p e q primos entre si. Isto 6,a 6 um ntimero racional que nao 6 inteiro. Como a 6 uma so- lugdo de uma equagdo do tipo (1), temos substituindo x por p/q na equagao (1): (7) ou ainda (8) ~4- Logo q divide p™. Seja agora r wm fator primo de a, + fle (eq seq for primo). Assin x divide p™, Em virtude do lema 1.1 abaixo, segue-se que r divide p. Conseatientemente r divide p e@ a, © que contradiz o fato deles serem primos entre si. 0 absurdo provém de admitirmos que p/q fosse solug&o de (1). Logo as solu- gdes de (1) sé podergo ser inteiros ou irracionais. Q.e.d+ Aqui vai uma recapitulagao de alguns fatos da aritmética, os quais seraéo necessdrios para demonstrar 0 lema 1.1 abaixo e, conseqtientemente, completar a demons- tragao do teorema 1.1. DEFINICAO 1 - Dados a,b € Z, dizemos que a divide b, e escrevemos a/b, se existir q¢@ tal que b = aq, f claro que se b= 0 ent&o qualauer a €Z divide b. DEFINICAO 2 - Un némero péN é primo se os tnicos ni- meros b €N que o dividem sao ele proprio eo 1. Em outras palavras p€N 6 primo se, para todo b€N, tal que b/p, segue-se que b= p ou pel. Essa definigdo, que o leitor conhece desde o -5- curso primério, pode ser extendida para niimero inteiros nfo necessariamente positivos do seguinte modo: DEFINIGRO 2' ~ Um nimero p€%, p #0, é primo se os Uni cos nimeros b €N que o dividem sao Ip] e 1. © crivo de Eratéstenes, estudado no curso pri~ mério, 6 um modo de obter niimeros primos. Se um ntimero n€WN no for primo entio existiraé bE N, b#n e b 1 tal que b/n. Logo n= bq com q€N, q #1. Um tal nimero 6 chamado composto. Ent&o, um ntimero 6 compos to se ele ndo for primo. Um numero primo que divide um na mero composto é chamado um fator primo desse niimero. DEFINICKO 3 - Dado a €Z, um niimero b&Z é chamado um multiplo de a se b= aq para algum a €Z. Assim, os méltiplos de 2 so todos os nimeros pa- res e seus simétricos, isto 6, niimeros da forma + 2n, com n= 0, 1,2, «+. . Vé-se que o 0 é considerado mil- tiplo de todo nimero inteiro. DEFINICRO 4 - Dados a,b €%, um nimero m€WN 6 chama- do o maximo divisor comum de a e b, e representamd-lo por mdc(a,b), se -6- (i) m/a_e m/b (4i) se r€N, r/a e x/b, entao r/m. Observagio: Se um deles, digamos b, fosse 0, ent&o o mdce(a,0) = , onde fal 6-0 valor absolu- to de a. Se ambos forem zero, o mde nao existe, (Este Ultimo caso nao ocorrera em nosso trabalho). Se um deles fosse 1, digamos b= 1, ent&o o mdc(a,l) = 1. DEFINICKO 5 - Dado a,b € Z, dizemos que oles sao primos entre si se o mdc(a,b) 1. Usaremos o chamado algoritmo da divisdo, que enunciaremos a seguir. TEOREMA 1.2 - Se a,b €Z, com b # 0, entao existem (e sao nicos) q,r €Z, com OX r < |bl, tais que (a) a=aqbtr. Demonstragao: i) Consideremos primeiramente 0 caso b>0. Ent&o teremos o conjunto dos miltiplos de b ordenados, de acordo com sua ordem natural sobre a reta: eee < “3b < -2b < -b < 0 < bd < 2b < Bb< ou. -7- © que dd uma decomposiggo da reta em intervalos disjuntos da forma [qb , (q+1)b] = {x€R: qb S x < (qt+l)b], onde 4q€Z. Assim dado a €Z, ele pertence a apenas um desses intervalos e portanto deverd ser da forma a = qb+r, on de r€Z e r2 0. E claro que r < (qtl)b-qb = b. (ii) Agora se b < 0, ent&o aplicamos o teorema no caso demonstrado em i) para determinar q',r € Z, com o0 e n-=ax+by para algum x e algum y} Observe que C nao é vazio, pois, n= aa + bb estdé em C. Agora utilizamos o fato, intuitivamente ébvio, que C tem um menor elemento. (Se voce se irritou com essa afir magio veja a observagao abaixo). Assim, existe d= 1 tal que d= ax, + by, com x9,¥, €Z, e a7) dS ax + by para todos ax + by € C. A seguir afirmamos que (18) d/ax + by para todos ax + by € C. Para provar (18) suponhamos, por contradigdo, que isso ndo fosse o caso, Logo, existi riam a,r€Z com O 0, a expressao (19) diz que r € C. Mas isso nao 6 possivel, pois xr < d, contrariando a minimalidade de d. Logo, (18) esté provado. A relag&o (18) implica que d/lal e 4/|b| pois, ou um deles 6 zero e obviamente d o divide, ou ambos s&o positivos e, nesse caso, ambos estao em C. De fato -10- (20) Jal = a(sgn a) + b-O e expressao semelhante para |b]; em (20) sgn a = +1 se a>0 e sgna-=-l se a< 0, © em ambos os casos sgn a € Z. Conseqtentemente (confira Ex. 1 abaixo), (22) d/a_ e d/b. Por outro lado, se n€N 6 tal que n/a e n/b, entao n/axy+by, , ou seja, n/d (confira Ex. 2 abaixo). Isso, juntamente com (21) nos diz que d é o maximo divisor comum de a e b. Logo, d= ax, + by, = mdc(a,b), o que finaliza a demonstracao. EXERC{CIO 1 - Sejam a,d€Z. Se d/lal, entao d/a. (Be fato d/lja| implica que existe q €% tal que =aqd. Se a> 0, a demonstragao esta termi- nada nesse caso. Se a <0 teremos a = (-q)d). EXERCfCIO 2 - Sejam a, x b, Y, ad€Z. Se d/a e of a/b, ent&o d/ax,+by, . (De fato, d/a im ‘oO? plica que existe q €%, tal que a = qd. Analogamente, b= pd, para algum p €%. Logo, ax, + by, = (ax,+Py,)d, © que demonstra o pedido). “l1l- Observagdo: Na demonstragao acima, usamos o fato "ébvio" que todo conjunto (nao vazio) de inteiros po sitivos tem um menor elemento. Isso pode ser considerado no presente trabalho como um Postulado. Em estudos mais aprofundados sobre inteiros, onde se definem os inteiros mediante os chamados postulados de Peano, esse fato "ébvio” é um Teorema, o qual é conhecido como o Princ{pio da Boa Ordenagao. Aos curiosos e interessados, recomendamos o livro de Birkhoff-MacLane, "A Survey of Modern Algebra". Finalmente, chegamos ao lema que utilizamos na demonstragao do Teorema 1.1. LEMA 1.1 - Seja r €N um ntmero primo, e sejam a,b€Z. Se vr dividir o produto ab entSo r deve dividir a ou b. Demonstragao: Se r/a, terminamos. Se r nao dividir a, ent&o se segue que a e r sao primos en- tre si. Logo, pelo teorema 1.3 existem x,,y,€ Z,tais que (22) ax, + ry, “1, e daf abx, + rby, = b. -12- Como r/ab e r/rb, segue-se (confira Ex. 2 acima) que r/b. Ea demonstragéo esta finda. -13- caPfTULO 2 O NOMERO e IRRACTONAL © némero e, que aparece no estudo da fungao logarftmica, 6 definido como o niimero tal que .a area ha- churada abaixo 6 igual a 1. Figure 1 A curva da Fig. 1 6 0 grafico da fungdo f(x) = 1/x pa- ra x>0O. Demonstra~se nos textos de célculo que (2) e=1l+ Suponha que e fosse um nimero racional, isto é, e = p/q, onde p,q € N, s&o primos entre si. De (1) se segue -14- @ 2-Gedegeee+day- cra death Agora, faremos uma estimativa do segundo membro de (2): . 5 2 1,1 1 (3) jen qt arGet * wen@ay te? 1.2 1 0} é enumerdvel. A enumerabilidade de @ segue~se do teorema 4.1 abaixo, lembrando que @ = Q* UQ™ vu {0}, onde Q = {x € Q: x < oO}. TEOREMA 4.1 ~ (i) A unio de um conjunto finito com um conjunto enumerdvel 6 enumerdvel. (4i) A _unido de dois conjuntos enumerdveis é enumerdvel. -25- Demonstragéo: (i) Seja A= {a,, +++ , a,} © conjunto finitoe B= {b,, by, -+-} © conjun to enumergvel. O conjunto AUB é enumeravel. De fato a correspondéncia biunfveca entre AUB e N_ sera assim: Ape a be I I ot li, se. , mn, ntl , nt2, «ee (44) Se A= fay, a), +e} @ B= {by , bys ---} s&o dois conjuntos enumerdveis, entio AUB é enu- merdvel, bastando fazer a correspondéncia biunivoca defi da abaixo ays bys Ags By s Ags vee It mt 7? fT to2 38 4 5 ou sea f(a,) = 2n-1 e £(b,) = 2n. © leitor poderé produzir a demonstragao do re- sultado seguinte que generaliza o teorema 4.1 (ii). ‘TEOREMA 4.1 (iii) - A_unido de _um numero finito de conjun- tos enumeraveis é enumergvel. Para demonstrar o resultado abaixo, basta colo car os conjuntos um apés o outro. -26- TEOREMA 4.1 (iv) - A.unido de um conjunto enumerdvel de conjuntos finitos é enumerdvel. Finalmente, a generalizagao do teorema 4,1 (iv): TEOREMA 4.1 (v) - A unido de um conjunto enumerdvel de conjuntos enumerdveis é enumeravel. Demonstragao: Sejam A, = {aj, + ay » 81g > Ag = fag, + Agg s Agg r cerdy ees a, 7 fay os na tabela ang? Ong e crtds +++ 08 conjuntos. Escreva~ ai? agg) AYZ 891 + 899% Bag tte ~ te - e proceda como na demonstrag&o que 0° é enumerdével. Observagao: Se A é enumerdvel e BC A é um conjunto infinito, entao B 6 também enumerdvel. Ime diato, O coneeito de conjunto enumeravel é importante, porque existem conjuntos infinitos que nao séo enumera- veis. -27- TEOREMA 4.2 - O conjunto R dos niimeros reais nao é enu merayel. Demonstragaéo: Demonstraremos que o conjunto dos numeros reais x € (0,1), isto é, 0< x <1, naoé enumerdvel, E em virtude da observagao acima seguir-se-4 que R também nao é enumerdvel. Ora, os nimeros x € (0,1) tém uma representagao decimal da forma (3) O,a, a ag eres onde a; é um dos algarismos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 ou 9. Alguns nimeros tém duas representagdes da forma (1). Exemplo: 1/2 6 0,500 ... ou 0,4999 .... Para tais ntimeros, escolhemos a representagao decimal que "termina". Em outras palavras, eliminamos as deci- mais (3) que a partir de uma certa ordem todos os elemen tos sao 9. Suponhamos agora que as decimais (3), ou, o que d4 no mesmo, que os reais do intervalo [0,1) for- mam um conjunto enumerdvel: 0484) Ayo ayy ve «@ 04851 agp agg ee oO, 431 235 433 ++ -28- Agora forme a seguinte decimal 0, by by by ee do seguinte modo, todos os b sao diferentes de 0 ou ge # ayy + by Fagg se & claro que 0, by by by s+) £018) Oyy Ong eee para todo n, pois b, # a, . Logo 0, by by by +++ nao estd na tabela (4), o que é absurdo. TEOREMA 4.3 - Q_conjunto de todos os nimeros algébricos é enumeravel. Demonstracgdo: Dado um polinémio com coeficientes inteiros eaxt (5) P(x) = ayx” + oe. + ayx + a, definimos sua altura como sendo o numero natural 5) IP] = lagh + ee + lagl + ol tm O teorema fundamental de algebra nos diz que P(x) = 0, com P(x) dado em (5), tem exatamente n rafzes com- plexas. Todas, algumas ou nenhuma delas podem ser reais. -29- Agora o nimero de polindmios do tipo (5) com uma dada al. tura é apenas um niimero finito. (Observe que é para essa afirmag&o que incluimos a parcela n na definig&o da al tura em (6)). Portanto, as rafzes de todos os polinémios de uma dada altura formam um conjunto finito. A seguir observamos que o conjunto de todas as rafzes de todos os polinémios de todas as alturas formam um conjunto enume- rével, pois ele é a unio de um conjunto enumerdvel de conjuntos finitos. TEOREMA 4.4 ~ Existem nimeros transcendentes. Demonstragao: Do teorema 4.3 segue-se que o conjunto dos algébricos reais é enumeravel. Como 0 con- junto R é nado enumerdvel, entéo o conjunto dos trans~ cendentes reais deve ser nado enumerdvel. De fato, se nao © fosse obterfamos, usando o teorema 4.1 (ii), que R seria enumerdvel como uniSo de dois conjuntos enumerd- veis. A aritmética dos mimeros algébricos: As seguintes proprig dades serZo demonstradas a seguir. (4) A soma de dois ntimeros algébricos é algébrico. (4i) 0 produto de dois ntmeros algébricos é algébrico. (4ii) © simétrico -& de um nimero algébrico @ 6 algé- brico. -30~ 1 (iv) 0 inverso a" de um ntimero algébrico a #0 6 al gébrico. Demonstracao de ( : Se a 6 algébrico, entao ele é raiz de uma equagaéo do tipo (1) do inicio deste capftulo. Portanto -a é raiz da equa- ao CaPa,x™+ (D™ ay xT 4 wo + (Da, x +a, = 0 Demonstracao de (iv): Se a safisfaz a equacao (1), e a #0, entdo a”? satisfaz a equa gao -1 n n. + tee + + = a,x ay x any * + a, ° As demonstragdes de (i) e (41) so mais delica das. Vamos necessitar de um fato sobre formas lineares com coeficientes racionais. Uma forma linear com coefi- cientes racionais é uma expressdo da forma Xap x,t eee tan x, onde a, + ++» 5 4, € @- (Os x sao chamados indetermi- nadas; se o leitor quiser, pense-os como ntimeros reais fixados). 0 resultado sobre formas lineares que necessi- taremos e o seguinte. -31- LEMA 4.1 - Dadas n+l formas lineares Ky 4gy Rpt eee Ha Myr ees (7) x + net 7 Inet a1 totes * Ansa Xn elas sao linearmente dependentes sobre os racionais, is- to _€, existem r,) , -.. , ayy € @, com alguns (ou todos) diferentes de zero, tais que (3) Py Xp tee # Paar Xpey = O° Demonstragdo: Substituindo os X por suas expressdes da das em (7), vemos que (8) estard satisfei- ta se os r forem as solugdes do sistema de equagdes li neares, (n equagdes com nfl incdgnitas) = 0 931 71 * Goa Po * ee + Ansay Ted (9) Qin 71 * Gon Tg * e+ * Aneayn Taner 7 % Deixamos ao leitor, como exerc{cio, mostrar que 0 siste- ma (9) tem solugdes ry, +++ » Ty, € @, Uma vez que os coeficientes do sistema sao também racionais. Algumas su gestées: se a matriz dos coeficientes contiver uma. matriz nxn, cujo determinante é diferente de zero, poderemos su por, trocando os indices dos r se necessério, que -32- 41 41 #0. fan ttt Gon Nesse caso tome r. = 1, e obtenha os demais r resol- n+] vendo o sistema com n equagdes e n_ incdgnitas pela re gra de Cramer. Os vérios determinantes envolvidos sao ni- meros racionais, pois os q 0 sao. Logo, os r também serao, Se nenhuma matriz nxn tiver determinante dife- vente de zero, tome a maior matyiz”' mx m, m meat qu) Gam Fut tee * nym Fm “Intl ym satisfazem as demais equagdes qi2) 9y45 Ft tee + Amy Tm 7 Ima, 3 para j-mtl, ... , m. Para ver isso, suponha, por con - tradigdo, que (12) néo ocorre para um certo j. Por pro-~ ~33- priedades de determinantes seguir-se-ia que Sy tee Omt | Imt1,1 My, te+ Im =O as) |? -[,: #0 Sam tt Imm Intl ym Sim *** Imm 9 yg ttt Ung Amt, 5 9g tt Img A onde A= 445 Ty t eee + m5 Th > Omer, j 7 0, pois (12) foi suposta ndo se verificar. A desigualdade em (13) con tradiz a hipdtese de que a matriz cujos elementos estao em (10) é a maior matriz quadrada dentro da matriz dos coeficientes de (9) que tenha determinante diferente de zero. Bem, em verdade, fizemos toda a demonstragao ! Demonstragéo de (i): Seja 2 e B numeros algébricos. Logo, existem equagdes polinomiais xP ayxtay=0 n (14) x + a ° (15) + bya AN + vee + Dy XH DL =O com coeficientes racionais (atengao: a equagao (1) tem coeficientes inteiros; as equa¢Ses acima sao obtidas di- vidindo-se a equagéo (1) pelo coeficiente lider), tais que a seja raiz de (14) e 6 seja raiz de (15). De (14) obtemos (16) a’ = -a isto 6, a" estd expresso como uma combinagao linear de 1, 0, ... , a1, usando coeficiontes racionais. Multi- plicando-se (16) por a e substituindo-se o a” , obti do na expressao pelo seu valor dado em (16), obtemos + = a; e®*1 expresso como combinag&o linear dos mesmos , «571 usando-se também coeficientes racionais. ad 1, d, vee E assim, sucessivamente, todas as poténcias » para j= n, so expressas como combinagdes lineares de 1, 0, ... , a8}, usando-se coeficientes racionais. De modo andlogo podemos exprimir as poténcias a*, para k =m, m+l, ... , como combinagées lineares de 1, 8, ... , 6™ usando-se coeficientes racionais. Nosso objetivo agora seré mostrar que a +8 satisfaz uma equacgdo polinomial de grau mn com coefi- cientes racionais, implicando entéo que &+6 seja algé brico. Com isso em vista considere os mn+1 niimeros a7) 1, 048, (a8)? , 0.0. , (ate Desenvolvendo as varias poténcias, e usando-se 0 que se viu acima sobre a representagdo das poténcias «3, j=n e 6*,k = m, obtemos que os niimeros em (17) podem ser =35- expressos como combinagées lineares dos mn numeros aj pk 9 < 3 < n-1, 0< k< m-1, usando-se coeficientes racionais. Agora, aplicamos o lema 4.1: os X s40 os mn+1 némeros em (17), 0s x s#o os mn ntmeros a pk, Logo, existem racionais ry, ry, +++ » Ty, tais que Fo + Ty (48) + oo + rAi(ate)™™ = 0, © que mostra que 4+8 satisfaz uma equagdo polinomial de grau mn com coeficientes racionais. Terminou a demons tragao de (i): soma de algébricos 6 algébrico. Demonstragao de (ii): Segue as mesmas linhas da demons- tragao anterior. Em (17), entretan to, consideramos as poténcias 1, a8, (ap)?, «4. , (ap)™ Observagéo:(para quem fez um curso introdutdrio de Alge- bra Abstrata, ou Algebra I das nossas univer sidades). 0 conjunto dos nimeros algébricos reais formam um subcorpo do corpo R dos reais. Isso é o que nos diz (4), (ii), (414) e (iv) demonstradas acima. Observagdo: (para quem fez um curso introdutério de Alge bra Linear). Seja ®" o espago vetorial dos vetores (4, -+++ + dn)s 3 € @, om 9 corpo dos escala -36- res sendo Q. 0 lema 4.1 expressa o fato que 9” tem di. mengao n. Isto é, qualquer n+l vetores em Q" so li nearmente dependentes,. -37- caP{TULO 5 Os NUMEROS DE LIOUVILLE 0 teorema 4.1 6 t{pico em Matemética. Ele diz que ntimeros transcendentes existem, e, de fato, existem em profuséo, mas n&o nos dé explicitamente nenhum niimero transcendente. Coube ao matematico francés J. Liouville, em 1851, dar um critério para que um nimero real seja transcendente. Isso é 0 contetido do teorema 5.1 abaixo. Usando esse resultado sera poss{vel escrever explicita- mente alguns ntimeros transcendentes. DEFINICAO 1 - Diz-se que um nimero algébrico ¢ é de grau n se ele for raiz de uma equagaéo po linomial de grau n com coeficientes inteiros, e se nao _ existir uma equago desse tipo, de menor grau, da qual & seja raiz. Assim os nimeros racionais coincidem com os niimeros algébricos de grau 1. DEFINICKO 2 - Um numero real & 6é aproxim4vel na ordem -38- n por racionais se existirem uma constante c > 0 e uma sucessao {p,/a;} de racionais diferentes, com a, > ° e mde(p 5,45) = 1, tais que @) Jo - a| < & =n 43 £ claro que, se um nimero a for aproximavel na ordem n, entao ele é aproximdvel em qualquer ordem k, com k . Logo, de (1) obtemos que (3) lim ( daa. in j/ay Observagao: O importante na definigdo 2 nao é a existén- cia de uma sucessdo de racionais convergindo para 4 (tais sucessdes sempre existem qualquer que seja o real @: essa é a chamada densidade dos racionais no conjunto dos reais). O que a definigao 2 nos diz de espe, cial 6 que uma sucesso particular de racionais converge para & de certo modo, isto é, de acordo com (1). Obser vamos também que na definigdo 2 6 importante que tomemos -39- racionais todos diferentes, o que implicard, em particular, que possamos tomd-los diferentes de %, mesmo que no caso deste ser racional. A seguir estabeleceremos as relagdes entre os dois con¢eitos introduzidos nas definigdes 1 e 2 acima, TEOREMA 5.1 ~ Todo niimero racional (ovo que da no mesmo todo mimero algébrico de grau 1) 6 aproxi- mavel na ordem 1, e nao 6 aproximdvel na ordem k, para k>1. Demonstragao: (i) Seja p/q um niimero racional, com a> 0, e mde(p,q) = 1. Pelo teorema 1.3, existem x,,y,€Z téis que (4) Px, - dy, = 1. Em verdade, & equagao (5) px -ay =) tem um nimero infinito de solugdes. De fato (6) X_ =X tat » Ve = Vo t wt para qualquer t € Z%, satisfazem (5), isto 6, rc) px, > ay, 71, -40- fixe k€N, tal que k> -x,/a, © considere as sucessbes {x5}, ty} definidas, a partir de (6), por (8) Xi 7% t q(k+j) Yy 7 %o* p(ktj) , JEN, Pela restrigao posta em k, temos xj>aj e daf x, > 0, pois q> 0. Agora, afirmamos que - y Var (9) gizct , so s#3', . j j © que o leitor poderd ver do seguinte modo: suponha que hd igualdade dos racionais em (9), use (6) e (4) e con- clua que j= jt. De (7), para t = k+j, obtemos lz - Ta) 2 qa xy ax, o que mostra que p/q 6 aproximdvel na ordem 1. (44) Para qualquer racional v/u # p/q, com u> 0, tem- se (oy jp-¢| - lesa. 2. Ora, se p/q fosse aproximével na ordem 2, terfamos a existéncia de um ¢ > 0, e de uma sucessao de racionais v4/uj, diferentes, tais que av B-al< 3. -41- De (10) e (11), segue-se que 1/qu, 0 tal que qe) Jo-2] > +. a! 7 Fa para todo racional p/q. COROLARIO 5.1 - Se a 6 um numero algébrico real de or- dem n, ent@o a nao é aproximével na or- dem n+l. Demonstragio do coroldério: Por contradig&o, suponha que existe c > 0 e uma sucessao {pj/a,} de racionais distintos tais que Bp a7) Ja--3] < 85. ay ant ~44— Para tais racionais, seguir-se-ia de (16) e (17) que 1 c ia < ea ou aj < Ac. 3 a Mas a Gltima desigualdade nao pode ocorrer, pois qj * +*- Observagdo: Compare esse coroldrio com o teorema 5.1, 0 coroldrio n&o diz que um nimero algébrico de ordem n deva ser aproximdvel na ordem n. Demonstragaéo do teorema 5.3 - % 6 uma solug&o de uma equacdéo polinomial da for- ma n-1 (18) £(x) = ay x7 + ag yp XN + ee Hap xe tay sO. n-1 Agora, seja d>0 tal que, no intervalo [a-d,atd] a tinica raiz de f(x) =0 6 &. (A existéncia de um tal d se segue de que a equagdo polinomial tem no mdximo n vaifzes reais: portanto d pode ser qualquer numero menor que a menor das distancias de 9 as demais ra{zes reais.) A seguir observamos que a derivada f'(x) de f(x) 6 um polinémio de grau n-1, e, portanto, ela 6 li mitada em qualquer intervalo finito: seja pois M>0 tal que qe) le'G@)|<™ , para x € [a-d,atal. ~45~ Agora, para qualquer racional p/q em [a-d,atd] temos, aplicando o teorema do valor médio, que £(@).~ 2(p/q) = (@-p/q £'(8), onde § € (@-d,a+d), Como f(a) = 0, obtemos By] = Ja-2] [er -2 (20) l2@| = [o-Bl lercl s mla-2l , onde usamos a estimativa (19) no dltimo passo. Para obter a desigualdade buscada, necessitamos de uma estimativa inferior para £(p/q): = 1 poe anyaP™ + a car) |2@)] = Portanto, (20) e (21) dar-nos-do a desigualdade a nm? jo ~2] > para p/q € [a-d,at+d]. Se p/q nao estiver nesse inter valo teremos, entao -2) > la-Bl >a e como q2 1 temos la-2| > vod - A Tomames, finalmente, 1/A igual a menor dos nimeros 1/M -46- e d, e obtemos a relagdo (16) para todos os racionais p/q. EXERC{CIO - Mostre que para x € [a-d,G+a], temos Ix] < [al +d. Use essa desigualdade para pro var (19) a partir da forma expl{cita de f'(x). DEFINICKO 3 - Um mimero real a 6 chamado um niimero de Liouville se existir uma sucessao {p5/a3], a;> 9% mde (p 554 5) = 1, com todos os elementos diferentes, e tal que (22) |x -H| < TEOREMA 5.4 - Todo ntimero de Liouville ¢ transcendente. Demonstragao: Suponha, por contradig&o, que um certo ni- mero de Liouville @ seja algébrico, diga ‘mos, de ordem n. Entao, pelo teorema 5.3, seguir~se-ia que a relagdo (16) seria valida para todo racional. Em particular, para os p,/ay da definigfo 3. Assim terfa- mos de onde obtemos (23) a3 Como a, 4 +=, segue-se que (23) nao pode se verificar para j suficientemente grande. O absurdo provém de su- pormos que & seja algébrico. © resultado seguinte é til nos exemplos. LEMA 5.1 - Seja © um _ntmero real tal que v lo =4} <4 , J uy gnde {v,/u;} § uma sucessio de racionais diferentes com iu, > 0. (Atengéo: nao exigimos que nde (v 5 2 a3) se ja 1). Entéo & um ntimero de Liouville. Demonstra¢ao: Considere a sucessao {pj/a3}, com aj>0 e nde(p , aj) = 1 definida por Pi = “i 43° 43" Entao, P, ve la-s4] = Io- F< 4st, 45 5 uy ay o que prova que @ 6 um numero de Liouville.

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