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Os Territérios Num Trabalho Em Equipe Com Musicoterapia Ana Léa Maranha&o von Baranow Esse trabalho @ 0 desdobramento do capitulo “Atuagio do musicoterapeuta — Atendimento em Equipes”, do meu livro “MusicoTeraria: UMA VisAo Gera” (Ed. Enelivros, RJ, 1999) no qual direciono os questionamentos sobre a atuacio do musico- terapeuta em equipes com profissionais de outras especialidades da area da satide, buscando nos teéricos ¢ filésofos contemporineos a compreensao para a dinamica do funcionamento desses grupos e para os processos ocorridos nesses territérios, através do jogo signico na comunicagao existente. “O que torna o material cada vez mais rico é aquilo que faz com que heterogéneos mantenham-se juntos sem deixar de ser heterogéneos”’ (Deleuze ¢ Guattari, 1997). Muitas definigdes de musicoterapia enfatizam como objetivos principais: “abrir canais de comunicagio”, “estabelecer ou resta~ belecer a comunicagio” ou “estabelecer uma relagio de equili- brio”, o que nos faz crer que ela atua como um facilitador da expressio humana, dos movimentos, gestos, sentimentos, sensagdes e emocées, através da mtisica e dos sons, promovendo alteragdes que levam ao aprendizado, a mobilizagao e organizacio interna que favo- rece a singularizacao, permitindo ao individuo evoluir em sua busca, seja ela qual for. O fazer sonoro que ocorre durante as sessGes favorece 0 desen- volvimento das relacGes interpessoais, “...uma vez que um ele- mento musical funcionaria como ponto comum que une os indi- viduos, fundando um grupo, um coletivo, que produzir4 subjeti- vidade a partir daquele elemento” (Sampaio, 1999) e o musicote- rapeuta atua nesse territorio através da utilizagio musicoterdpica do som, da mtisica e do gesto. Conforme F. lazzetta (1997), gesto nao ¢ apenas movimento mas “...um movimento dotado de signi- ficagao especial, E mais do que uma mudanca no espago, uma aco. corporal, ou um movimento mecinico: o gesto é um fendmeno 36 de expresso que se atualiza na forma de movimento”. O gesto pode ser também a intencio de um movimento (existem gestos sem movimento) ou um movimento que expressa algo em um ‘jogo expressivo’ que o compreende. “Musicoterapia € um processo orientado no qual terapeuta ajuda o cliente a melhorar, manter, ou restaurar um estado de bem- estar, utilizando experiéncias musicais, ¢ as relagGes que se desenvol- vem através destas, como forgas dinamicas de mudangas” (Bruscia, 1987). Creio ser exatamente a partir dessas relagdes, que se desen- volvem através da utilizacdo das experiéncias musicais, que se encai- xa 0 papel principal do musicoterapeuta no trabalho em equipes. E comum o atendimento conjunto do musicoterapeuta com profissionais de varias areas da satide ¢ também da frea pedagdgica com um tinico paciente ou grupo. Os profissionais envolvidos nesses atendimentos podem ser psicdlogos, fonoaudidlogos, fisio- terapeutas, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, assistentes sociais e médicos, entre outros, e é muito importante, para o bom desenvolvimento do tratamento e obtencao de melhores resulta— dos, haver interacao entre os que atendem o mesmo paciente, pois verifica-se na pratica, que, muitas vezes, os objetivos sio comuns e a troca de informagées se intensifica, enriquece e até abrevia o tempo de tratamento, dependendo do caso. Essa intera¢io entre os profissionais que atendem a um Gnico paciente pode se dar de varias formas, podendo ser multidisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar. Hoje em dia, fruto da formagao dos profissionais de satide, nao sé no Brasil mas também em outros paises, imperam especia- lidades com enfoques que muitas vezes “separam” o ser humano em partes para trat4-lo e em decorréncia desse tipo de visio o paciente € atendido por diferentes profissionais, sem que eles interajam entre si, ou saibam o que o profissional de cada Area especifica esté realizando em seu tratamento, fragmentando-o. Este € 0 que denominamos atendimento multidisciplinar No atendimento interdisciplinar, mais comum em instituigdes, pois os varios profissionais que atendem a um mesmo paciente trabalham num tnico local, ha uma interagio entre eles, e sao colocados em discussao os varios aspectos do tratamento e, na 37 medida do possivel, estabelecidos objetivos em comum. Apesar da dificuldade de entrosamento de diferentes linguagens, temos visto, na pratica, bons resultados nesse tipo de intera¢ao. O atendimento transdisciplinar € uma modalidade nova, com ainda pouco espa¢o no ambito terapéutico atual, pois exige uma nova visio de ser humano, no qual este é um todo indivisivel e relacional, um ser de multiplicidades, um componente essencial com miltiplas conexdes com o mundo que o cerca, independente do tipo e do grau de alguma patologia que porventura apresente. Nesse tipo de atendimento, os diferentes profissionais, apés a investigacio de objetivos comuns e esclarecimentos sobre o modo de atuagio de cada um, trabalham juntos uuma mesma sesséo com o paciente, demarcando um territério com um grande potencial, no qual a perspectiva €a dind’mica de conjunto e é analisada e reco- nhecida a interdependéncia dos miltiplos aspectos. Cada profissi- onal est direcionado para sua area de atuacio, mas interagindo no mesmo espac¢o com outros profissionais. Segundo a Associagio Canadense de Musicoterapia, “... Como membro da equipe terapéutica , o musicoterapeuta profissional par- ticipa do auxilio 4s necessidades do cliente, da formulacio de uma conduta terapéutica e de um programa para 0 tratamento, e entio, prossegue com as atividades musicais especificas para alcancar obje- tivos determinados ...” e de acordo com a Associacao Nacional de Musicoterapia (USA) “... Como membro de uma equipe terapéuti- ca, 0 musicoterapeuta profissional participa da andlise dos problemas do individuo ¢ na projegio dos objetivos gerais do tratamento, antes de planejar ¢ executar as atividades musicais especificas ...”. Essa forma de trabalho, na qual os profissionais compartilham © mesmo territério, necessita ser aprendida, usada, difundida e ter sua linguagem compreendida numa nova visio ¢ mentalidade, exi- gindo um treinamento diferenciado dos profissionais que nele atu- am, que vai além do aprendido nas instituigées de ensino atuais. O controle nesses grupos nio é vertical, nio existindo, na miaioria dos casos, chefes diretos dentro dos grupos, mas um tipo de compromisso horizontal, com cada um dos membros perce- bendo suas agées e se responsabilizando por elas, sem perder a nogio de conjunto. O que vai ao encontro das idéias desenvolvi- 38 das por Deleuze (filésofo e miisico) e Guattari (psicanalista e ma- sico) em Mil Platés, “‘.., nao ha uma forma ou uma boa estrutura que se impde, nem de fora nem de cima, mas antes uma articula~ gio de dentro, como se moléculas oscilantes, osciladores, passas- sem de um centro heterogéneo a outro, mesmo que para assegu- rar a dominincia de um.” (Deleuze e Guattari, 1997). Nao podemos ficar alheios e desconectados dos profundos processos pelos quais vimos passando atualmente e deixar de cons- tatar que as mudangas, ndo s6 na aparéncia, fruto da tecnologia que avanca num ritmo frenético, mas de tudo que nos altera irreversivelmente interiormente e coletivamente. Como salienta Guattari em “As Trés Ecologias” (1990): “Insistindo nos paradigmas estéticos, gostaria de sublinhar que, especialmente no registro das praticas “psi”, tudo deveria ser sem- pre reinventado, retomado do zero, do contrario os processos se congelam numa mortifera repeticio... O povo “psi”, para con- vergir nessa perspectiva com o mundo da arte, se vé intimado ase desfazer de seus aventais brancos, a comegar por aqueles invisiveis que carrega na cabega, em sua linguagem e em suas maneiras de ser (um pintor nio tem por ideal repetir indefinidamente a mesma obra — com excegio da personagem de Titorelli, no Processo de Kafka, que pinta sempre e identicamente 0 mesmo juiz!). Da mes- ma maneira, cada instituig¢do de atendimento médico, de assistén- cia, de educagao, cada treinamento individual deveria ter como Ppreocupacio permanente fazer evoluir sua pratica tanto quanto suas bases teéricas”. Territério é um conjunto de forcas e nao um terreno ou um dominio qualquer. Um territério é um espago onde existem mui- tas trocas e muitas forcas atuando; é um campo de forgas centrifu- gas e centripetas, de ordenacdo e emaranhado, de caos e ordem, é um jogo que faz com que os agenciamentos decorrentes dessas forcas nunca ocorram do mesmo modo. Quando cada um dos integrantes de uma equipe de profissionais se une para um atendi- mento, naquele lugar, naquele momentos, hi um territorio espe- cifico demarcado, que extravasa os varios territorios ali representa~ dos, onde cada individuo traz seus niveis de subjetividade. 39 O territério é um lugar de passagem, um “entre” por onde os meios passam e perpassam. “Um territério langa mio de todos os meios, pega um pedaco deles, agarra-os (embora permanega fragil frente a intrusdes). Ele é constitufdo com aspectos ou porgdes dos meios.”, “...€ preciso considerar simultaneamente dois aspectos do territério: ele nao s6 assegura e regula a coexisténcia dos mem- bros de uma mesma espécie, separando-os, mas torna possivel a coexisténcia de um m4ximo de espécies diferentes num mesmo meio, especializando-os”. (Deleuze, 1997) Os meios sio essencialmente comunicantes, a nogio de meio nio € unitéria, os meios passam um no outro, a a¢do se faz num meio. Todo meio é vibratério, gera onda e se propaga dos modos mais distintos. Todas as espécies de meios deslizam uns em rela¢ao aos outros, uns sobre os outros, cada um definido por um componente. Conforme Deleuze e Guattari, “O que torna o material cada vez mais rico é aquilo que faz com que heterogéneos mantenham- se juntos sem deixar de ser heterogéneos.” e ainda “... a organiza- ¢40 de marcas qualificadas em motivos ¢ contrapontos vai necessa- riamente acarretar uma tomada de consisténcia... A consisténcia se faz necessariamente de heterogéneo para heterogéneo: nao por- que haveria nascimento de uma diferenciagio, mas porque os he- terogéneos que se contentavam em coexistir ou suceder-se agora estio tomados uns nos outros, pela “consolidagao” de sua coexis~ téncia e de sua sucessio.” (Deleuze e Guattari, 1997) No momento de um trabalho em equipe transdisciplinar com um determinado paciente ou grupo, h4 um territério singular for- mado e muitos agenciamentos, que sio tinicos e préprios desse territério, ocorrendo simultaneamente, 0 que enriquece a dinami- ca nesse acontecimento. Os mowimentos nao cessam num territorio e seus componen- tes atuam das mais diversas maneiras. Num territorio desse tipo as forcas se sobressaem, ha um grande jogo de forcas, pois atuam pro- fissionais especialistas, com diferentes formagdes e visdes pessoais ¢ talvez por isso as velocidades “se arrastem’’ um pouco mais que em outros tipos de territérios. A intensidade opera a um nivel profndo, principalmente in- terno, pois os dominios sao diferentes, cada profissional atua em 40 sua ari a de formacio, oferecendo diferentes estimulos ao paciente € os acontecimentos, enquanto ocorrem, nao sio de todo inteligi- veis. Para que tudo isso possa ser equacionado no final da sessio, ha a necessidade da expressio verbal como fechamento da sessio, servindo de alivio para essa intensidade. Devemos também estar aten- tos as bordas demarcadas nesse territorio, mas podemos alterar esses limites durante a sessdo, fechando ou ampliando, se necessdrio. Quanto 4 posi¢ao do paciente frente ao grupo de profissio- nais, devemos buscar para que as forcas Ihe estejam sempre con- vergindo, pois ele deve ser 0 eixo do territério. Diferentemente do “centro” de uma situagio, o paciente enquanto “eixe” nos permite trabalhar com a dinamica do individuo, pois o eixo num territério nao ¢ s6 um foco e nunca adquire uma posigao fixa. Outro importante ponto nesse territério é a relagdo com a missica, que tem uma forte funcio desterritorializante. Desterritorializar € desestabilizar 0 jogo com jogadas inusitadas ou mudangas de re- gras. Deleuze e Guattari chamam a atengéo para a forga desterritorializante da miisica e afirmam que, “...parece que a misica tem uma fora desterritorializante muito maior, muito mais inten- sa e coletiva ao mesmo tempo, € a voz, igualmente, uma poténcia de ser desterritorializante muito maior... a musica, tambores, trom- betas, arrasta os povos € os exércitos, numa corrida que pode ir até o abismo, muito mais do que fazem os estandartes e as bandeiras, que sio quadros, meios de classificagio ou de reuniio” (Deleuze e Guattari, 1997). “A partir de uma perspectiva deleuziana, consideramos a mi sica como um agenciamento de velocidades, de forcas de atragio repulsao, de polarizacées, de gestualidades, de tempos, de intensida- des, de massas sonoras, de volumes, de texturas, de formas, de devires, etc. como um moto continuo de territorializagio e desterritorializagio” (Sampaio, 1999). Na musicoterapia, precisamos da fungio desterritorializante da miisica para que sejamos langados em outros territérios, para que saiamos desse territdrio demarcado ¢ nio nos cristalizemos. Quem procura uma terapia langa-se num jogo de transformagées, quer seja emocional, fisico, mental, social ou integral. O que se espera num atendimento terapéutico éa_transformagao de alguma 41 espécie neste territério que esta sempre em vias de desterritorializacio, ao menos potencial, mesmo que para reterritorializar. Quando se demarca um novo territério ou quando ha uma reterritorializacio, h4 uma mudanga de natureza, isto é, nunca nada é mais a mesma coisa e h4 sempre uma posi¢io que o individuo quer alcancar, um lugar para ir, objetivos a atingir, mas os cami- nhos sio muitos e cabe aos terapeutas fornecerem subsidios que facilitem essa escolha. E 0 individuo que busca todos esses movi- mentos, acontecimentos e transformagGdes No territério formado durante o atendimento transdisciplinar, o musicoterapeuta pode estar utilizando as experiéncias sonoro- musicais como fatores desencadeadores de transformagdes. Os procedimentos musicoterépicos podem também proporcionar a livre expressio corporal e o relaxamento no paciente facilitando o trabalho dos demais membros da equipe. Através da misica, do som e do gesto, o musicoterapeuta pode proporcionar o desenvol- vimento de relagdes no processo terapéutico e compartilhar com © grupo de profissionais da equipe as leituras musicoterdpicas e as vias de comunicagio abertas, favorecendo a integra: > do grupo facilitando a percepgio do territério demarcado e do paciente como um todo. Quando o paciente se comunica através de um som ou de um gesto, nio focamos somente seu aparelho fonador, sua movi- menta¢io corporal ou os aspectos emocionais; o fazer sonoro per- mite-nos, se assim entendido pelo musicoterapeuta, ter a percep- ¢i0 do todo, pois a expressio do paciente contém uma sintese de sua esséncia que se funde com 0 territério e essa mensagem pode ser passada 4 equipe de profissionais. Os canais de comunicagio acionados pela miisica, pelo som e pelos gestos sao diversos e po- dem ser direcionados para que os profissionais de cada uma das areas que fazem parte da equipe possam estar utilizando para obje- tivos especificos: “E indubitavel que no campo da Musicoterapia eno rol que 0 musicoterapeuta deve assumir, se sobrepdem, a até podem confundir-se, técnicas que pode! especialidades. E certo que em certas circunstincias aparece uma espécie de ‘ am pertencer a outras erra de ninguém”, que séo momentos terapéuticos 42 em que as técnicas, a metodologia e a mesma fundamentagio filo- sOfica se justapSem e se confundem, para terminar, em Ultima ins- tincia, sendo 0 homem mesmo, o ser em questio, ajudando a outro ser humano”. (Benenzon, 1985), Os profissionais da equipe devem estar sempre atentos para nao perderem de vista o objetivo do grupo para com o paciente, acionando elementos fragmentadores que c levem ou algum co- lega a desterritorializages indesejadas. E certo que, a todo tempo, est havendo desterritorializacdo ¢ reterritorializagio, e € exata- mente esta dinamica que sinaliza o andamento do processo terapéutico. “Sem diivida, em todos os casos, devemos fazer fun- cionar ao mesmo tempo fatores de territorialidade, de desterritorializagao, mas também de reterritorializacio”. (Deleuze Guattari, 1997). O Musicoterapeuta deve, portanto, estar sem- pre atento a utilizag4o das experiéncias sonoro-musicais , pois elas por si s6 j4 promovem alteragdes que podem afetar nao s6 o paci- ente mas todo o grupo e tanto facilitar sua integragao como causar efeitos indesejados. A escuta muda de territério a todo momento e quando volta- mos a ele nado somos exatamente os mesmios, estamos contamina- dos em diversos graus com o que vivenciamos fora. Ha sempre varios territérios demarcados, 0 paciente também os demarca, arrastando os terapeutas e também arrastado por eles e pela mtsica no constante jogo de forcas que sao os territérios. Em cada nova sessio sio demarcados novos territérios, pois os componentes desses territorios a cada situagio criada ou gerada nunca sio iguais aos anteriores; é a eterna repeticao do diferente. Somando-se a tudo isso, ha um outro territério que é tanto ou mais importante, que é o da jungao dos varios territérios demarcados nas varias sessSes que ocorreram, ou seja, o do processo terapéutico. Resta saber, nessa visio, como seria a avaliacio dos aconteci- mentos ¢ dos processos através da pratica e dos resultados. Deleuze faz comparagées da forga desterritorializante da pintura e da misi- ¢a, atribuindo 4 misica uma forca desterritorializante “muito mai- or, muito mais intensa € coletiva ao mesmo tempo” e ainda, “em. suma, existe graus de desterritorializagao que quantificam as for- mas respectivas, e segundo os quais os contetidos e as expressdes se 43, conjugam, se alternam, se precipitam uns sobre os outros, ou, ao contrario, se estabilizam, operando uma reterritorializagio. O que denominamos circunsténcias ¢ varidveis sto seus préprios graus.” (Deleuze e Guattari, 1997). Ha, portanto, meios de verificagio ¢ avaliacio do processo terapéutico. Essa forma de visio, de demarcagio de territérios e atuagio dos componentes que o integram, permite-nos uma melhor com- preensdo das multiplicidades envolvidas num atendimento transdisciplinar. Na pratica e nos resultados obtidos temos sido levados a crer que esse € um modo muito interessante ¢ produtivo de se trabalhar que sera valorizado num futuro préximo. Pode ser complexa a tarefa do musicoterapeuta, que utilizan- do os sons, a miisica € os gestos precisa muitas vezes, ser 0 “catali- zador” da equipe que integra e através das leituras musicoterapicas evidenciar as alteragdes que estio ocorrendo nos territérios de- marcados, levando a descoberta, nao s6 de caminhos de comuni- cacio com o paciente, mas de novas portas que conduzam a equi- pe transdisciplinar a perceber o paciente como um todo, o que certamente facilita a atualizagao das suas potencialidades, a evolu- cio e ampliacio de sua consciéncia, contribuindo para seu proces- so de individuagio e singularizaco. 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Com conte e canto encantaria minha historia ¢ levaria 0 leitor-ouvinte a entrar no mundo da minha-sua imageni-agao, a trilhar 0 mundo da fantasia, da criagao, da construgéo de wna verdade que, real ou nao, poder-seria verdade por um instante, Jacila Maria da Silva Introdugio A passagem do século XIX para o século XX foi palco de uma problematica em torno da questao do sujeito enquanto sin- ' © presente artigo faz parte de pesquisas que venho ehborando no Programa de P6s-graduacio em Teoria Psicanalitica do Instituto de Psicologia da UFRJ. Estas, inicialmente, financiadas pelo CNPq, sob a orientagio da professora Regina Herzog e, atualmente, financiadas pela CAPS, sob a orientagio do. professor Joe! Birman, 46

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