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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Educação Física

Denis Fabricio Valerio

ANÁLISE DA RESPOSTA METABÓLICA NO TREINAMENTO DE


FORÇA DE ALTA E BAIXA INTENSIDADE E SUA INFLUÊNCIA
SOBRE A HIPERTROFIA

Campinas, 2018
Denis Fabricio Valerio

Análise da resposta metabólica no treinamento de força de alta e baixa


intensidade e sua influência sobre a hipertrofia

Dissertação apresentada à Faculdade de Educação


Física da Universidade Estadual de Campinas
como parte dos requisitos exigidos para a obtenção
do título de Mestre em Educação Física na Área de
concentração: Biodinâmica do Movimento e
Esporte.

Orientador: Prof. Dr. Renato Barroso da Silva

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL


DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DEFENDIDA PELO
ALUNO DENIS FABRICIO VALERIO, E ORIENTADO
PELO PROF. DR. RENATO BARROSO DA SILVA.

Campinas, 2018
COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Renato Barroso da Silva


(Orientador)

Prof. Dr. Marco Carlos Uchida


(Titular)

Prof. Dr. Cleiton Augusto Libardi


(Titular)

A ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no


processo de vida acadêmica do aluno.
AGRADECIMENTO

Primeiramente, gostaria de agradecer aos meus pais Mario Antônio Valério e


Maria Helena da Silva, minha irmã Flávia Priscila Valério.

Ao meu orientador Professor Doutor Renato Barroso por todo apoio e


aprendizado que me proporcionou durante todo o caminho do meu mestrado.

Aos todos os colegas de laboratório, em especial a Jader Calzavara, João


Francisco Barbieri, Murilo Christ pela ajuda nas coletas, Arthur Gápari e Alex Castro pela
ajuda nas coletas e análise dos dados.

À Faculdade de Educação Física, equipe do LABFEF, ao LEE e à FAEPEX–


UNICAMP pelo suporte financeiro.

Por fim, gostaria de agradecer ao LNBio e todos seus funcionários em especial


a Professora Doutora Ana Zeri, Maurício Luís Sforça e Silvana Aparecida Rocco pela
paciência e ajuda em diversos momentos deste trabalho.
RESUMO

O presente estudo teve como objetivo realizar através da metabolômica uma análise da
resposta metabólica do treinamento de força de alta intensidade (TFAI) e treinamento de
força de baixa intensidade (TFBI) executados até a falha concêntrica e sua relação com a
hipertrofia muscular. A amostra foi constituída por 18 voluntários jovens saudáveis do
sexo masculino (idade 23 ± 3 anos, massa corporal 67 ± 2 kg, estatura 172 ± 6 cm), não
engajados em programas de TF por pelo menos 12 meses antes do estudo. Os voluntários
foram divididos de forma balanceada (baseado na espessura muscular do vasto lateral)
entre os grupos TFAI e TFBI. Foram realizadas duas sessões de treinamento por semana
utilizando os exercícios leg-press e cadeira extensora bilateral, nessa ordem durante 8
semanas. O protocolo consistiu em realizar 3 séries até a falha concêntrica em uma
intensidade de 80% 1-RM para o grupo TFAI e 30% de 1-RM para o grupo TFBI em cada
exercício, todos com de 90 segundos de pausa entre as séries e 120 segundos entre os
exercícios. Foi mensurada a espessura muscular dos músculos reto femoral, vasto
intermédio e vasto lateral antes e após as 8 semanas de treino, e na primeira sessão de
treino foram analisados os metabólitos expressos em 5 e 60 minutos após o protocolo de
exercícios através da metabolômica, assim como a atividade eletromiográfica durante a
realização do exercício leg press 45º. Como resultado a realização do TFAI e TFBI até a
falha concêntrica promoveu hipertrofia muscular e resposta metabólica similar entre os
protocolos, e maior amplitude EMG para o grupo TFAI em comparação ao TFBI. Em
conclusão, a realização do TF de alta e baixa intensidade até a falha concêntrica promove
hipertrofia muscular e alteração da resposta metabólica similar entre os protocolos, ao
contrário do que vem sendo sugerido o TFBI não gera maior estresse metabólico em
comparação ao TFAI.

Palavras chaves: Hipertrofia muscular, metabolômica, treinamento de força.


ABSTRACT

The aim of the present study was to perform an analysis of the metabolic response of high-
intensity resistance training (HI-RT) and low-intensity resistance training (LI-RT)
performed until concentric failure and its relation with hypertrophy. The sample consisted
of 18 healthy young male volunteers (age 23 ± 3 years, body mass 67 ± 2 kg, height 172 ±
6 cm), not engaged in resistance training programs for at least 12 months prior to the
study. The volunteers were divided in a balanced way (based on the vastus lateralis muscle
thickness) between the HI-RT and LI-RT groups. Two training sessions per week were
performed using leg-press exercises and bilateral extensor chair, in that order for 8 weeks.
The protocol consisted of performing 3 series until concentric failure in an intensity of
80% 1-RM for the HI-RT group and 30% of the 1-RM for the LI-RT group in each
exercise, all with a 90-second pause between the series and 120 seconds between
exercises. As a result the realization of HI-RT and LI-RT until concentric failure promoted
hypertrophy and similar metabolic response between protocols, and greater EMG
amplitude for the HI-RT group compared to the LI-RT. In conclusion, the realization of
high and low intensity resistance training until concentric failure promoted a similar
alteration of the metabolic response, contrary to what has been suggested, the TFBI does
not generate greater metabolic stress in comparison to the TFAI, the greater concentration
and / or exposure to isolated metabolites does not appear to be a determinant factor for
hypertrophy. In conclusion, the realization of high and low intensity resistance training
until concentric failure promotes muscular hypertrophy and alteration of the similar
metabolic response between the protocols, contrary to what has been suggested the TFBI
does not generate greater metabolic stress in comparison to TFAI.

Key words: Muscular hypertrophy, metabolomics, resistance training.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

TF - treinamento de força

TFAI - treinamento de força de alta intensidade

TFBI - treinamento de força de baixa intensidade

1-RM - uma repetição máxima

Pi - fosfato inorgânico

IGF-1 - fator de crescimento similar à insulina-1

GH - hormônio do crescimento

EM - espectrometria de massas

RMN - ressonância magnética nuclear

EMG - Eletromiografia

RMS - root mean square

RPM - rotação por minuto

mL – mililitro

µL – microlitro

CEP – cômite de ética em pesquisa


SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10
2 - REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 12
2.1 - Treinamento de força de alta e baixa intensidade ...................................................12
2.2 - Ativação muscular ...................................................................................................13
2.3 - Estresse metabólico .................................................................................................14
2.4 - Metabolômica ..........................................................................................................16
3 - OBJETIVOS .................................................................................................................. 20
3.1 - Objetivo geral ..........................................................................................................20
3.2 - Objetivos específicos ..............................................................................................20
4 - MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 20
4.1 - Amostra ...................................................................................................................20
4.2 - Desenho experimental .............................................................................................21
4.3 - Espessura muscular .................................................................................................23
4.4 - Controle dos hábitos nutricionais ............................................................................23
4.5 - Coleta sanguínea e análise metabolômica ...............................................................23
4.6 - Avaliação da força máxima dinâmica .....................................................................24
4.7 - Protocolo de exercícios ...........................................................................................25
4.8 - Atividade Eletromiográfica (EMG) ........................................................................25
4.9 - Análise Estatística ...................................................................................................26
5 - RESULTADOS.............................................................................................................. 27
5.1 - Espessura muscular .................................................................................................27
5.2 - Força máxima ..........................................................................................................28
5.3 - Macronutrientes .......................................................................................................28
5.4 - Análise metabolômica .............................................................................................29
5.5 - Análise univariada ...................................................................................................29
5.6 - Análise multivariada ...............................................................................................30
5.7 - Amplitude eletromiográfica ....................................................................................32
6 - DISCUSSÃO ................................................................................................................. 32
7 - CONCLUSÃO ............................................................................................................... 37
8 - REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 37
9- ANEXOS ........................................................................................................................ 46
Anexo 1: Parecer de aprovação do Comitê de ética em pesquisa (CEP) ........................46
Anexo 2: Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) ......................................57
Anexo 3: Recordatório alimentar ....................................................................................62
10

1 - INTRODUÇÃO
Muitas pesquisas têm demonstrado a eficiência do treinamento de força (TF) para
aumentar a massa muscular (WINETT e CARPINELLI, 2001; WEST et al., 2009; BURD et
al., 2010; MITCHELL et al., 2012). Essa adaptação muscular é de extrema importância, pois
pode gerar diversos benefícios para saúde, desempenho esportivo e estética (DOHERTY,
2003; HEITMANN e FREDERIKSEN, 2009; SRIKANTHAN e KARLAMANGLA, 2011;
DAMASCENO et al., 2015; HARRIES et al., 2016).
O treinamento de força de alta intensidade (TFAI) tem sido uma das estratégias de
TF mais comumente aplicada na tentativa de se maximizar a hipertrofia muscular, é realizado
em intensidade de ~ 80% de 1RM (MITCHELL et al., 2012; SCHOENFELD et al., 2014;
VECHIN et al., 2015; KORAK et al., 2017). Uma alternativa ao TFAI é o TF de baixa
intensidade (TFBI) que normalmente utiliza uma intensidade de 30% de 1 RM (TANIMOTO
e ISHII, 2006; BURD et al., 2012; MITCHELL et al., 2012; JENKINS et al., 2015; JENKINS
et al., 2016). Estudos têm demonstrado que quando o TFBI é realizado até a falha concêntrica
pode promover ganho de massa muscular similar ao TFAI (TANIMOTO e ISHII, 2006;
BURD et al., 2012; MITCHELL et al., 2012; JENKINS et al., 2015; JENKINS et al., 2016;
NOBREGA e LIBARDI, 2016; NOBREGA et al., 2018), fato que contraria diretrizes que tem
sugerido uma intensidade acima de 60% de 1 RM para se maximizar o ganho de massa
muscular (ACSM, 2002; 2009).
O mecanismo responsável pela similaridade na hipertrofia muscular entre o TFAI
e o TFBI ainda é desconhecido. Uma das principais teorias proposta para explicar essa
similaridade baseia-se na premissa de que o TFBI quando o realizado até a falha concêntrica
mesmo utilizando intensidade mais baixa poderia promover grau de recrutamento de unidades
motoras similar ao do TFAI resultando em resposta hipertrófica semelhante (BURD et al.,
2012; MITCHELL et al., 2012). Contudo, estudos utilizando eletromiografia (EMG) tem
demonstrado maior amplitude EMG no TFAI em comparação ao TFBI e sugerem que o
estressse metabólico possa ser o mecanismo responsável pela resposta hipertrófica similar
entre o TFAI e TFBI (SCHOENFELD et al., 2014; JENKINS et al., 2015; JENKINS et al.,
2016).
O estresse metabólico se manifesta como resultado do acúmulo de metabólitos
resultante do exercício, tal como lactato, e com aumento de ions H+ com consequente queda
no pH (SUGA et al., 2012; TAKADA et al., 2012). Sugere-se que o estresse metabólico seja
maior em protocolos de baixa intensidade em comparação ao TFAI (SUGA et al., 2012;
11

TAKADA et al., 2012) e possa contribuir para uma hipertrofia muscular similar ao do TFAI
estimulando fatores relacionados com o aumento da massa muscular como o aumento da
fosforilação de poteínas pertencentes à cascata mTOR (FRY et al., 2010; OISHI et al., 2015)
que tem como resultado final a síntese de proteína (LEGER et al., 2006; CAMERA et al.,
2010). Especula-se também que o maior estresse metabólico no TFBI poderia prolongar a
exposição a metabólitos que podem atuar como estímulo para hipertrofia muscular (JENKINS
et al., 2015). Assim, mesmo treinando com menor intensidade no TFBI seria possível obter a
mesma resposta hipertrófica que o TFAI através de um possível maior estresse metabólico e
de caminhos alternativos para a hipertrofia muscular não dependentes da intensidade de
treino.
No entanto, apesar de importantes a maioria dos estudos que tem pesquisado a
resposta metabólica no TF tem conduzido análises com poucos metabólitos, se limitando à
lactato e fosfato inorgânico (TAKARADA et al., 2000; REEVES et al., 2006; MANINI et al.,
2012; SUGA et al., 2012; POTON e POLITO, 2016). Atualmente próximo de 4000
metabólitos que formam uma complexa rede metabólica já formam identificados em soro
humano (PSYCHOGIOS et al., 2011). Assim, o estudo de metabólitos e vias metabólicas
isoladas pode promover uma visão reducionista das alterações promovidas pelo TF no
metabolismo diante da complexidade que a resposta metabólica representa.
Nesse sentido, a metabolômica que é um campo de pesquisa que reúne várias
técnicas analíticas que visam identificar e quantificar grandes quantidades de metabólitos
presentes em uma amostra biológica de interesse (FIEHN et al., 2000), pode ser uma ótima
ferramenta para uma análise mais completa da resposta metabólica em decorrencia do TF.
Nesse sentido, o estudo de Berton et al. (2017) demonstraram através de uma análise
metabolômica que 13 metabólitos tiveram alteração em decorrência do TF. Além disso,
permitiu a identificação do aumento de metabólitos que até então não tinham sido observados
no TF como o 2-oxoisocaproato, 2-hidroxibutirato, 3-hidroxiisobutirato, lisina e hipoxantina.
Em outro estudo, Valério et al. (2017) compararam a resposta metabólica do TFAI e TFBI
com restrição de fluxo sanguíneo através de uma análise metabolômica e observaram
resultados que até então não tinham sido demonstrados em trabalhos anteriores, como maior
aumento dos metabólitos lactato, piruvato e alanina no TFAI em comparação ao TFBI com
restrição de fluxo sanguíneo.
Estes estudos indicam que o emprego de métodos abrangentes e exploratórios
como a metabolômica em trabalhos sobre resposta metabólica no TF pode permitir uma
análise mais ampla da resposta metabólica através da identificação de um número maior e
12

mais completo de metabólitos, o que pode ser de extrema importância para uma visão mais
profunda das alterações metabólicas geradas pelo TFAI e TFBI realizados até a falha
concêntrica e proporcionar um melhor entendimento da relação da resposta metabólica com a
hipertrofia muscular.
Portanto, o presente estudo teve como objetivo realizar através da metabolômica
uma ampla análise da resposta metabólica do TFAI e TFBI executados até a falha concêntrica
e sua relação com a hipertrofia muscular.

2 - REVISÃO DE LITERATURA
Os próximos parágrafos desta revisão de literatura têm como objetivo contextualizar o
papel da ativação muscular e resposta metabólica no TFAI e TFBI, assim como compreender
a metabolômica dentro das novas tecnologias ômicas e as possíveis vantagens de sua
utilização em experimentos com treinamento de força (TF).

2.1 - Treinamento de força de alta e baixa intensidade


O TF tem demonstrado ser o método mais eficiente para se desenvolver a força e
hipertrofia muscular, atualmente é recomendado por várias diretrizes com o intuito de
melhorar a saúde e aptidão física (ACSM, 2002; BRAITH e STEWART, 2006; BALADY et
al., 2007; ACSM, 2009). Três principais fatores são apontados como os principais mediadores
das adaptações hipertróficas geradas a partir do TF: tensão mecânica, estresse metabólico e
dano muscular (SCHOENFELD, 2010; 2013a).
Embora não haja um consenso se algum desses fatores predomina sobre o outro,
alguns pesquisadores defendem que a tensão mecânica pode ser o principal mediador das
adaptações hipertróficas no TF, baseando-se na premissa de que gerando um alto nível de
tensão mecânica também será gerado dano muscular e estresse metabólico (GOLDBERG et
al., 1975; FRY, 2004; SCHOENFELD, 2012; 2013b). Além disso, pressupõe-se que a tensão
mecânica por si só é capaz de levar a hipertrofia muscular. Os mecanismos pelos quais isso
ocorre não são totalmente compreendidos. Propõe-se que esse processo seja regulado por um
fenômeno chamado de mecanotransdução, no qual as células convertem estímulos mecânicos
em resposta bioquímica para interior da célula e levam a um aumento da massa muscular
através do favorecimento da síntese sobre a degradação de proteínas (WANG et al., 2009;
ZOU et al., 2011; SCHOENFELD, 2013a).
Dessa forma, para que a hipertrofia muscular seja otimizada sugere-se que o
recrutamento de unidades motoras seja máximo e deve alcançar altas taxas de disparo por um
13

período de tempo suficiente (SCHOENFELD, 2013a). É proposto que o limiar necessário para
ativar o espectro completo de fibras musculares, particularmente aquelas associada a unidades
motora maiores seja de uma intensidade de treinamento de no mínimo 60% de 1RM
(SCHUENKE et al., 2013). Assim, diretrizes sugerem uma intensidade de 60-70% de 1RM
para praticantes de nível iniciante e intermediário e 80-100% de 1RM para indivíduos com
nível de treinamento avançado (ACSM, 2002; 2009).
Levando em consideração as possíveis vantagens de se treinar com intensidade
superior a 60% de 1RM, o TFAI realizado em intensidade de ~ 80% de 1RM tem sido uma
das estratégias mais comumente utilizadas no TF (TANIMOTO e ISHII, 2006; BURD et al.,
2012; MITCHELL et al., 2012; JENKINS et al., 2015). No entanto, alguns estudos têm
demonstrado que o TFBI com intensidade de 30% de 1 RM quando realizado até a falha
concêntrica promove ganhos de massa muscular similares ao TFAI e pode ser uma alternativa
ao treinamento de alta intensidade (BURD et al., 2012; MITCHELL et al., 2012; JENKINS et
al., 2015; NOBREGA et al., 2018). O mecanismo responsável pela resposta hipertrófica
similar entre o TFAI e TFBI permanece incerto até o momento. A seguir serão discutidos
alguns possíveis mecanismos responsávis pela similaridade da hipertrofia muscular entre o
TFAI e TFBI, a ativação muscular e o estresse metabólico.
2.2 - Ativação muscular
Uma das principais teorias proposta para explicar essa similaridade baseia-se na
premissa de que o TFBI quando o realizado até a falha concêntrica mesmo utilizando
intensidade mai baixa poderia promover grau de recrutamento de unidades motoras similar ao
do TFAI resultando em resposta hipertrófica semelhante (BURD et al., 2012; MITCHELL et
al., 2012).
Quando uma contração sub-máxima é sustentada, as unidades motoras que foram
recrutadas inicialmente fadigarão produzindo menos força ou cessarão, exigindo recrutamento
de unidades motoras adicionais para sustentar a geração de força. Assim, à medida que as
repetições com intensidade mais baixa são realizadas, chegando próximo ao ponto da falha
concêntrica será exigido um recrutamento máximo das unidades motoras para sustentar a
tensão muscular assim como no TFAI (FALLENTIN et al., 1993; FUGLEVAND et al., 1993;
MITCHELL et al., 2012).
Assim, ocorreria o mesmo grau de ativação de fibras musculares no TFBI em
comparação ao TFAI e presumivelmente um estímulo similar de síntese de proteínas e
resposta hipertrófica independentemente da intensidade desde que o exercício seja realizado
até a falha concêntrica (BURD et al., 2010; NOBREGA e LIBARDI, 2016; NOBREGA et
14

al., 2018). Foi demonstrado por Burd et al. (2010) que o TF de menor intensidade (30% de
1RM) e maior volume (24 ± 3 repetições) realizado até o fadiga voluntaria foi igualmente
eficaz em estimular taxas de síntese de proteína miofibrilar durante a recuperação de 0 a 4 h
assim como em exercício de força de alta intensidade (90% de 1RM) e menor volume (5 ± 1
repetição) (BURD et al., 2010). Contudo, estudos utilizando eletromiografia (EMG) tem
demonstrado maior amplitude EMG no TFAI em comparação ao TFBI. Embora não seja
possível afirmar com toda certeza é possível que a maior amplitude EMG no TFAI possa
resultar em uma maior ativação de fibras musculares no treino de alta intensidade
contrariando a teoria de grau de recrutamento de unidades motoras similar entre o TFAI e
TFBI (SCHOENFELD et al., 2014; JENKINS et al., 2015; JENKINS et al., 2016). Dessa
forma, uma quantidade maior de estudos mais completos que utilizem outras análises além da
EMG se faz necessário para um melhor entendimento da ativação muscular no TFAI e TFBI.

2.3 - Estresse metabólico


Acredita-se que outro importante fator intermediário das adaptações hipertróficas
pode agir como mediador no TFBI, o estresse metabólico, que se manifesta como resultado do
acúmulo de metabólitos resultante do exercício, tal como lactato, Pi e aumento de ions H+
com consequente queda no pH (SUGA et al., 2012; TAKADA et al., 2012). Fornecendo um
mecanismo potencial para o crescimento muscular que é não depende da intensidade de
treinamento.
Embora ainda não esteja totalmente elucidado como ocorrem às adaptações
hipertróficas a partir do estresse metabólico alguns mecanismos são teorizados na tentativa de
explicar essa questão, esses mecanismos serão apresentados brevemente a seguir.
Dentre eles estão o aumento do recrutamento de fibras, especula-se que esse
aumento seja mediado pelo acumulo de H+ que inibe a contratilidade muscular e promove
assim o recrutamento de um limite máximo adicional de unidades motora (MILLER et al.,
1996; TAKARADA et al., 2000; DEBOLD, 2012; SCHOENFELD, 2013b). Outra
possibilidade é que a geração de radicais livres aumentada metabolicamente devido ao
exercício acelera o aparecimento da fadiga provocando um aumento do recrutamento de fibras
(DEBOLD, 2012; SCHOENFELD, 2013b).
A resposta hormonal aguda é um mecanismo constantemente associado ao
estresse metabólico, em teoria altos níveis de hormônios circulantes aumentam as chances de
interação com os receptores (CREWTHER et al., 2006; SCHOENFELD, 2013b), o que pode
15

levar a um efeito positivo na hipertrofia muscular. Picos metabolicamente induzidos de fator


de crescimento similar a insulina-1(IGF-1), hormônio do crescimento (GH) e testosterona são
constantemente associados à hipertrofia muscular (YARASHESKI et al., 1992; AHTIAINEN
et al., 2003; KOSTEK et al., 2005; STEWART e PELL, 2010; SCHOENFELD, 2013b).
Outro mecanismo especulado através do qual possa se gerar hipertrofia muscular
mediada pelo estresse metabólico é aumento da concentração de miocinas como a
interleucina-6, sugerida como influenciadora da hipertrofia muscular através do estimulo de
células satélites (FEBBRAIO e PEDERSEN, 2005; SERRANO et al., 2008), e/ou diminuição
de miocinas catabólicas (NIELSEN e PEDERSEN, 2007; SERRANO et al., 2008).
O aumento da produção de espécies reativas de oxigênio também apresenta um
potencial mecanismo pelo qual o estresse metabólico pode mediar à hipertrofia muscular. A
contração dos músculos durante o exercício físico é uma importante fonte de produção aguda
de espécies reativas de oxigênio (ALESSIO et al., 2000; SCHOENFELD, 2013b). O aumento
dos níveis agudo de espécies reativas de oxigênio pode mediar às adaptações hipertróficas
pós-treino (SUZUKI e FORD, 1999; SCHOENFELD, 2013b). A forma pela qual o aumento
de espécies reativas de oxigênio pode estimular a hipertrofia muscular não está bem
elucidado, mas acredita-se que pode ser estimulando a sinalização da proteína MAPK
(Mitogen Activated Protein Kinases) um potencial mediador de hipertrofia muscular
(KEFALOYIANNI et al., 2006; SCHOENFELD, 2013b). Também há evidências que
sugerem que as espécies reativas de oxigênio exercem ação sobre o IGF-I discutido
anteriormente como possível estimulador de hipertrofia muscular (HANDAYANINGSIH et
al., 2011; SCHOENFELD, 2013b).
Por fim, o inchaço celular é outro mecanismo teorizado para promover hipertrofia
muscular a partir do estresse metabólico. O inchaço das células mediadas por hidratação
resulta em um aumento na síntese de proteínas e uma diminuição proteólise em uma variedade
de diferentes tipos de células, que incluem hepatócitos, osteócitos e fibras musculares (LANG
et al., 1998; SCHOENFELD, 2013b). No músculo propõe-se que o inchaço das células
promovido pela hidratação intracelular gere uma pressão contra o citoesqueleto e/ou
membrana celular que é percebida como uma ameaça para a integridade celular, como
consequência inicia-se uma sinalização e proliferação de células satélites para que se possa
manter a integridade da célula resultando em hipertrofia muscular (DANGOTT et al., 2000;
SCHOENFELD, 2013b). Sugere-se que o inchaço celular no TF pode ocorrer em decorrência
da acumulação do lactato resultante da glicólise, que por vez pode atuar como contribuinte
primário para alterações osmóticas que desencadeiam o inchaço celular no músculo
16

esquelético (SJOGAARD et al., 1985; FRIGERI et al., 1998; SCHOENFELD, 2013b).


Também é possível que o estresse metabólico possa levar à longo prazo a ganhos hipertróficos
em detrimento do aumento das reservas de glicogênio mediada pelo inchaço celular crônico
(MACDOUGALL et al., 1977; SCHOENFELD, 2013b).
Além dos mecanismos associados ao estresse metabólico citados acima, existem
evidências que sugerem um o potencial anabólico de alguns metabólitos produzidos durante o
TF (e.g. lactato, fosfato inorgânico e ácido fosfatídico) para o aumento muscular
(TAKARADA et al., 2000; SUGA et al., 2012; JOY et al., 2014; NALBANDIAN e
TAKEDA, 2016; DANKEL et al., 2017). Dentre esses metabólitos o lactato parece ser um
metabólito com grande potencial anabólico (NALBANDIAN e TAKEDA, 2016). As
evidências que suportam suas supostas propriedades anabolizantes vêm de estudos de cultura
celular que indicam que o lactato induz a miogênese (WILLKOMM et al., 2014; OISHI et al.,
2015), assim como o aumento da fosforilação da p70S6K (OISHI et al., 2015), proteína
pertencente à cascata mTOR que tem como resultado final a síntese de proteína (LEGER et
al., 2006; CAMERA et al., 2010). Contudo, essas evidências vêm de trabalhos realizados com
cultura celular, não há estudos em humanos que demostrem se realmente o lactato possui um
efeito no hipertrofia muscular. Especula-se também que o lactato pode ter efeito anabolizante
através da diminuição da miostatina (regulador negativo do crescimento muscular) e aumento
da folistatina (um inibidor da miostatina) (OISHI et al., 2015; DANKEL et al., 2017).
Apesar de relevantes, os atuais estudos dedicados a verificar a importância do
estresse metabólico na hipertrofia muscular utilizam em suas análises uma quantidade
reduzida de metabólitos que normalmente se restringem ao lactato e fosfato inorgânico
(TAKARADA et al., 2000; REEVES et al., 2006; MANINI et al., 2012; SUGA et al., 2012;
POTON e POLITO, 2016), visto que atualmente cerca de 4000 metabólitos já foram
identificados no soro humano (PSYCHOGIOS et al., 2011). Nesse sentido, o emprego de
métodos abrangentes como a metabolômica que permitam analisar a resposta metabólica de
forma mais ampla pode ser importante para melhorar a compreensão da resposta metabólica
no TF.

2.4 - Metabolômica
A metabolômica é um campo de pesquisa que reúne várias técnicas analíticas que
visam identificar e quantificar grandes quantidades de metabólitos presentes em uma amostra
biológica de interesse (FIEHN et al., 2000). Esse método tem como principal função
identificar biomarcadores, compreender o funcionamento das vias metabólicas de forma
17

global, gerar novas hipóteses, verificar a eficiência de drogas e também identificar a função de
um gene (FERNIE et al., 2004; ENEA et al., 2010).
Após o sequenciamento do código genético de diversos organismos (i.e.,
genômica) ocorrido nas décadas de 1980 e 1990 o funcionamento das células em nível
molecular passou a ser de maior interesse da comunidade cientifica (VILLAS-BÔAS, 2006;
BASSINI e CAMERON, 2014). No entanto, o conhecimento de todo o sequenciamento
genético de um organismo não é suficiente para relacionar o fenótipo com o genótipo, assim
como se entender todos os mecanismos moleculares de uma célula (NICHOLSON et al.,
2002; VILLAS-BÔAS, 2006). Assim, na era pós genômica foram aprimoradas e
desenvolvidas novas tecnologias que proporcionaram o estudo integrado de uma cascata de
eventos denominada de ciências “ômicas” que engloba além da genômica (genes) a
transcriptômica (RNA mensageiro, RNAm), proteômica (proteínas) e metabolômica
(metabólitos) (VILLAS-BÔAS, 2006; EMWAS et al., 2013).
Entre as análises citadas acima, a metabolômica é a mais recente e surgiu como
resposta às limitações da transcriptômica e proteômica, visto que alterações nos níveis de
RNAm nem sempre resultam em alterações nos níveis de proteínas que por sua vez podem ou
não estar enzimaticamente ativas. Assim, alterações observadas na transcriptômica e
proteômica podem não resultar em alterações de fenótipo (NICHOLSON et al., 1999;
NICHOLSON et al., 2002; GO et al., 2005; VILLAS-BÔAS, 2006). Já os metabólitos podem
ser entendidos como substratos, produtos ou cofatores em reações bioquímicas, são
determinados por um complexo sistema regulatório dentro das células que integra a tradução,
transcrição do gene e formação de proteínas, resultando na formação de metabólitos que
representam o resultado final da expressão e da atividade do gene com maior proximidade
com o fenótipo de uma célula como pode ilustrado na figura 2 (VILLAS-BÔAS, 2006;
DETTMER et al., 2007).
18

Figura 1. O contínuum genótipo-fenótipo metabólico da expressão gênica às proteínas até o


nível de perfil metabólico (GO et al., 2005).

Nesse sentido a metabolômica que pode ser definida como o estudo do conjunto
completo de metabólitos intermediários de baixo peso molecular (OLIVER, 2003). Tem se
destacado principalmente por sua maior proximidade com o fenótipo. As principais
abordagens analíticas para se analisar o metaboloma (i.e., conjunto de metabólitos) podem ser
dividas basicamente em duas: (1) análise direcionada, na qual há uma determinação do grupo
de metabólitos alvos do estudo ignorando os demais que não sejam de interesse (2) perfil
metabólico, em que se analisa o conjunto de todos os metabólitos ou produtos derivados dos
mesmos detectados em uma amostra em particular. Esta última pode ainda ser subdividida em
duas (a) fingerprinting referente a metabólitos intracelulares e (b) footprinting que reporta
metabólitos extracelulares (VILLAS-BÔAS, 2006).
Dentre as principais plataformas utilizadas na metabolômica destacam-se a
espectrometria de massas (EM) (com a adição da cromatografia líquida ou gasosa) e a
ressonância magnética nuclear (RMN). Contudo, existem diferenças entre essas plataformas a
EM possui como vantagem alta sensibilidade de detecção, o que possibilita a identificação de
um maior número de metabólitos. A RMN embora possua menor sensibilidade que a EM é
considerada mais rápida e com maior reprodutibilidade (EMWAS et al., 2013).
Alguns estudos já têm utilizado a metabolômica em suas análises para explorar
questões relacionadas ao metabolismo e TF. Dentre eles podemos destacar o estudo de Berton
et al. (2017) que teve como objetivo investigar o time course da resposta aguda metabólica
global após o TF, sua amostra foi composta por jovens do sexo masculino, que realizaram os
exercícios leg press 45º e cadeira extensora. O protocolo foi constituído por quatro séries de
10 repetições, a uma intensidade de 70% de 1RM, com intervalo de 60 segundos entre as
séries e entre os exercícios. Foram realizadas coletas sanguíneas em diversos momentos, -60
19

minutos, pré exercício, cinco, 15, 30 e 60 minutos após o exercício. Foram identificados 49
metabólitos dos quais 13 metabólitos obtiveram uma alteração significante em comparação ao
momento pré-exercício (piruvato, lactato, succinato, 2-oxoisocaproato, alanina, 2-
hidroxibutirato, 3-Hydroxi-isobutirato, hipoxantina, leucina, isoleucina, valina, lisina e
ornitina) em um e/ou mais momentos após exercício, posteriormente os metabólitos lactato,
piruvato, succinato, alanina e 2-oxoisocaproato foram classificados como de ação rápida (i.e.
alteração significativa em 5min), 2-hydroxibutirato, hipoxantina e 3-hydroxi-isobutirato como
metabólitos de ação intermediaria (i.e. com alteração significativa entre 15 e 30 min) e por fim
isoleucina, leucina, valina, lisina e ornitina metabólitos de ação lenta (i.e. com alteração
significativa em 60 min).
Valério et al. (2017) tiveram como objetivo em seu estudo comparar a resposta
metabólica entre o TFAI e o TFBI com restrição de fluxo sanguíneo, sua amostra foi
composta por jovens do sexo masculino com 8.7 ± 2.1 anos de experiência no TF. Nesse
estudo, todos os voluntários participaram de três condições, TFAI no qual os voluntários
realizaram 3 séries de 10 repetições com 80% de 1RM, TFBI com restrição de fluxo
sanguíneo que consistiu em realizar 3 séries de 15 repetições com intensidade de 20% de 1RM
com restrição de fluxo sanguíneo, ambos os protocolos foram realizados no exercício leg
press 45º e com 1 minuto de descanso entre as séries, e por fim a condição controle na qual os
voluntários não realizaram nenhum tipo de exercício. Em ambos os protocolos de treinamento
as coletas sanguíneas foram realizadas antes e 5 minutos após a realização do exercício.
Dentre os 48 metabólitos identificados e quantificados, seis apresentaram alterações
significantes entre as condições do experimento, com destaque para piruvato, lactato e alanina
que aumentaram mais após o TFAI do que TFBI com restrição de fluxo sanguíneo. Este
trabalho forneceu visão mais ampla da resposta metabólica entre o TFAI e o TFBI com
restrição de fluxo sanguíneo por meio da metabolômica, demonstrando uma resposta distinta
entre os protocolos analisados de alguns metabólitos que não são comumente analisados.
Outro estudo que utilizou a metabolômica para explorar questões relacionadas a
metabolismo e TF foi o de Yde et al. (2013) que teve como objetivo elucidar o impacto da
fonte de proteína (whey protein ou caseinato de cálcio) no metabolismo pós-TF e sua
importância para hipertrofia muscular, a amostra do estudo foi composta por indivíduos
jovens do sexo masculino que realizou TF com 10 séries de 8 repetições na cadeira extensora
em uma intensidade de 80% de 1RM. A coleta de sangue foi realizada em diferentes
momentos (-70, 0, 70, 220, 370 min). Como resultado o estudo indicou mudanças no perfil
plasmático dos metabólitos pós-TF que consistiram em alterações na alanina, beta-
20

hidroxibutirato, aminoácidos ramificados, creatina, glicose, glutamina, glutamato, histidina,


lipídios e tirosina. O estudo também indicou que a ingestão de proteína de soro e caseinato
tiveram um impacto diferente nas lipoproteínas de baixa densidade presentes no sangue, e
atribuiu esse resultado aos diferentes efeitos das duas fontes de proteína na mobilização de
recursos lipídicos durante deficiência de energia.
Esses estudos que utilizaram a metabolômica para analisar respostas metabólicas
em decorrência do TF demostram claramente o potencial não só desse método mais também
das ciências “ômicas” em geral para um entendimento mais profundo do funcionamento das
vias metabólicas no TF.

3 - OBJETIVOS

3.1 - Objetivo geral


Realizar uma ampla análise da resposta metabólica do TFAI e TFBI até a falha
concêntrica através da metabolômica após um período de 8 semanas de TF e sua relação com
a hipertrofia muscular em homens jovens.

3.2 - Objetivos específicos


- Analisar e comparar a amplitude EMG no TFAI e TFBI através de eletromiografia na
primeira sessão de treino;
- Identificar e quantificar os metabólitos através da metabolômica após a realização de uma
sessão dos protocolos de TFAI e TFBI

4 - MATERIAL E MÉTODOS

4.1 - Amostra
A amostra foi constituída por 18 voluntários jovens saudáveis do sexo masculino
(idade 23 ± 3 anos, massa corporal 67 ± 2 kg, estatura 172 ± 6 cm), que não estavam
engajados em programas de TF por pelo menos 12 meses antes do estudo. Os indivíduos que
apresentaram doenças metabólicas que pudessem afetar as respostas hormonais, como
diabetes e doença de Cushing, que estivessem realizando dietas hipocalóricas e que
possuíssem problemas osteomioarticulares foram excluídos do estudo. Também foram
excluídos do estudo os voluntários com frequência nas sessões de treinamento inferior a 90%
ou que se ausentaram por mais de duas sessões consecutivas. Os participantes receberam
informações acerca dos benefícios, riscos e procedimentos experimentais envolvidos na
21

realização da pesquisa e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Os


procedimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual de Campinas,
CEP - 066590/2015.

4.2 - Desenho experimental


Após terem assinado o termo de consentimento livre e esclarecido, os voluntários
realizaram as avaliações pré-treinamento. Na primeira visita os sujeitos realizaram a
antropometria e ultrassom (Nanomaxx, Sonosite, Bothell, EUA) para captar imagens no plano
axial da espessura dos músculos reto femoral, vasto intermédio e vasto lateral. Além disso,
foram coletadas amostras sanguíneas (oito ml) de 10 voluntários selecionados aleatoriamente
dentre os 18 participantes do estudo para realização de um período controle para a
metabolômica. As amostras coletadas no periodo controle foram realizadas após os
voluntários realizarem um jejum noturno de 10 horas, posteriormente ao chegarem ao
laboratório receberam um lanche padronizado (290 kcal; 60% carboidratos, 25% gordura e
15% proteínas), a primeira coleta sanguínea foi realizada uma hora após consumirem o lanche
padronizado e permanecerem em repouso, a segunda e terceira amostra foram coletadas 5 e 60
minutos após a primeira respectivamente com o intuito de verificar metabólitos de ação rápida
e lenta (BERTON et al., 2017). Após um período de quatro semanas, no qual todos esses 10
sujeitos permaneceram sem realizar atividade física as amostras sanguíneas foram coletadas
novamente, o período controle para a metabolômica foi realizado com intuito de garantir
posteriormente que qualquer alteração nos metabólitos fosse em decorrência do exercício e
não de outros fatores como o tempo.
Nas visitas seguintes os voluntários foram submetidos a duas sessões de
familiarização com os equipamentos leg press 45º e cadeira extensora bilateral, e duas de
familiarição com o teste de 1 RM para os mesmos exercícios . Todas as sessões tiveram um
intervalo mínimo de 72h entre elas. As amplitudes de movimento foram controladas
individualmente para cada voluntário através de uma fita métrica fixada nos aparelhos leg
press 45º e cadeira extensora na qual cada voluntário possuía a demarcação referente à
amplitude necessária, essa demarcação foi realizada com o auxílio de um goniômetro
posicionado na lateral da articulação do joelho com o qual foi possível mensurar com exatidão
a ângulação da articulação e realizar a demarcação da amplitude de movimento necessária na
fita métrica. As marcaçãos individuais para controle da amplitude nos exercícios utilizados se
mantiveram sempre as mesmas em todos os procedimentos posteriores em que foram
utilisados o leg press 45 e a cadeira extensora.
22

Após 72h foi iniciado o período de 8 semanas de treinamento. Os 18 voluntários


foram divididos igualmente de forma balanceada entre os grupos TFAI e TFBI de acordo com
a espessura do músculo vasto lateral coletada na primeira visita ao laboratório. Na primeira
sessão de treinamento foi repetido o procedimento de jejum noturno e fornecimento de lanche
padronizado realizado no periodo controle, uma hora após consumirem o lanche padronizado
foi realizada a coleta de sangue (oito ml) no momento pré-treinamento, posteriormente as
coletas nos momentos 5 e 60 minutos após realização da primeira sessão de treinamento. Na
primeira sessão de treinamento também foi realizada a coleta do sinal eletromiográfico das
três series do exercício leg press 45º utilizando um eletromiógrafo de 16 canais (MP150,
Biopac System Inc., Santa Barbara, EUA). Após quatro semanas de treinamento e 72 horas
antes da última sessão de treinamento foram repetidos os testes de 1RM . Por fim, 72 horas
após o período de treinamento de 8 semanas foi repetida a análise de ultrassonografia para
captar imagens no plano axial da espessura dos músculos reto femoral, vasto intermédio e
vasto lateral, o desenho experimental está representado na figura 2.

Figura 2. Desenho experimental realizado no estudo.


23

4.3 - Espessura muscular


Um ultrassom modo-B (Nanomaxx, Sonosite, Bothell, EUA), com probo vetorial
linear e frequência de 7,5 MHz, foi utilizado para captar imagens da espessura dos grupos
musculares que foram exercitados (músculos reto femoral, vasto intermédio e vasto lateral).
As medidas foram realizadas na perna direita com imagens tomadas a uma distância de 50%
entre a crista ilíaca anterior superior e a borda superior da patela (SCHOENFELD et al.,
2015).
Durante todas as medidas os sujeitos foram instruídos a relaxar sua musculatura o
máximo possível. Porém, para garantir o mesmo posicionamento do indivíduo no pré e no
pós-teste, os voluntários tiveram o posicionamento dos seus corpos delimitados na maca de
avaliação. Orientado no plano axial, o transdutor foi alinhado perpendicularmente aos
músculos analisados. O máximo de cuidado foi tomado para que não ocorresse pressão sobre
o tecido no local de medição. As imagens foram gravadas para análise futura da hipertrofia
muscular, a espessura muscular foi avaliada através do software Image J (NIH, Bethesda,
EUA).

4.4 - Controle dos hábitos nutricionais


Os participantes foram orientados por pesquisadores previamente treinados para o
preenchimento de registros alimentares do dia que antecedeu a sessão em que ocorreu a coleta
sanguínea. Todos os protocolos experimentais foram realizados entre 8h e 11h da manhã,
evitando assim possíveis alterações nas respostas ao exercício decorrentes de influências
circadianas. Na sessão em que ocorreu a coleta sanguínea também foi realizado padronização
alimentar com a mesma quantidade calórica e distribuição dos macronutrientes antes do início
de cada sessão de exercício, essa padronização consiste em um café da manhã (290 kcal; 60%
carboidratos, 25% gordura e 15% proteínas). O consumo calórico total, a quantidade e as
proporções de macronutrientes (carboidratos, lipídios e proteínas) preenchidos no registro
alimentar foram analisados de modo quantitativo através do software NutWin 1.5 (ANÇÃO et
al., 2002; TARDIVO et al., 2010).

4.5 - Coleta sanguínea e análise metabolômica


Todas as amostras de sangue (oito ml) foram coletadas nos momentos pré-
treinamento, 5 e 60 minutos após realização da primeira sessão de treinamento. Antes da
24

realização da coleta sanguínea, os voluntários compareceram ao laboratório após um jejum


noturno de 10 horas e receberam um café da manhã padronizado
A punção venosa foi realizada por meio da veia cubital mediana localizada na
fossa antecubital. Após coletado (8 mL), o sangue permaneceu durante 30 minutos,
armazenado em temperatura ambiente. Após esse período, foi centrifugado por 10 minutos a
3.000 RPM, em temperatura ambiente. Realizado esta etapa, foram armazenados
aproximadamente 4 mL de soro a -80ºC.
Previamente a análise, foi realizado a lavagem do filtro 3kDa (Amicon Ultra,
Sigma-Aldrich, EUA). Esta lavagem consistiu em utilizar 500 µL de H2O Milli-Q. Depois de
aplicado a H2O Milli-Q no filtro, este foi centrifugado a 14.000 RPM, durante 10 minutos em
temperatura de 4ºC. Este processo foi repetido por cinco vezes. Realizado esta lavagem, foi
colocado no filtro, 350µL de soro previamente armazenado, sendo centrifugado a 14.000
RPM, durante 45 minutos a uma temperatura de 4ºC. Após esse período foi recuperado a
solução que passou pelo filtro (200µL) e colocado em um tubo de MNR 5 mm (Wilmad,
Sigma-Aldrich, EUA). Juntamente a esta solução, também foi acrescentado um tampão
fosfato (60 µL, Fosfato de Sódio Monobásico, NaH2PO4 H20-137,99g/mol; Fosfato de Sódio
Dibásico, Na2HPO3- 141,96g/mol), DSS (60 µL, 4,4-dimethyl-4-silapentane-1-sulfonic acid)
e 280 µl de H2O Milli-Q.
Para a aquisição dos espectros, foi utilizada a espectroscopia de ressonância
magnética nuclear (H NMR) 600 MHz. Também foi utilizado o software Chenomx versão 7.6
(Edmonton, AB, Canada) para identificar e quantificar os metabólitos presentes na amostra.

4.6 - Avaliação da força máxima dinâmica


A força máxima dinâmica foi avaliada por meio do teste de uma repetição máxima
(1-RM) seguindo as orientações da American Society of Exercise Physiologists (ASEP)
(BROWN e WEIR, 2001). Antes do teste os voluntários realizaram um aquecimento geral de
cinco minutos em uma bicicleta ergométrica com uma potência de 25-50W. Após o
aquecimento geral, os voluntários realizaram um aquecimento específico constituído de duas
séries de oito repetições com intensidade estimada em cerca de 50% e 70% de 1-RM.
Intervalo de três minutos foi respeitado entre o final do aquecimento específico e o início do
teste. Este teste consistiu na obtenção da máxima quantidade de peso que pode ser levantada
em um ciclo completo do exercício, para o exercício leg press 45º o voluntário realizou a
flexão do joelho até 90º em seguida realizou a extensão até a posição inicial de 180º, para
cadeira extensora bilateral realizou a extensão de joelho até 160º em seguida flexionou o
25

joelho até a posição inicial que era de 90º de flexão. A realização dos testes seguiu essa
mesma ordem para todos os voluntários. A carga inicial para o teste máximo foi estimada
durante as sessões de familiarização, e a partir disso, o peso levantado foi aumentado até que
o voluntário não conseguisse realizar uma repetição completa com aquela carga (BROWN e
WEIR, 2001). O número total de tentativas para achar o valor de 1-RM não foi maior que
cinco. Foi dado um intervalo de três minutos entre as tentativas. Entre os exercícios, foi
respeitado um intervalo de 10 minutos.

4.7 - Protocolo de exercícios


Foram realizadas duas sessões de treinamento por semana utilizando os exercícios
leg-press e cadeira extensora bilateral, nessa mesma ordem durante 8 semanas. Foram
realizadas 3 séries até a falha concêntrica em uma intensidade de 80% 1-RM para o grupo
TFAI e 3 séries até a falha concêntrica com intensidade de 30% de 1-RM para o grupo TFBI,
todos com uma pausa de 90 s entre as séries. Entre os exercícios foi respeitado um intervalo
de 120 s. A falha concêntrica foi considerada quando o voluntário não conseguia mais manter
a amplitude de movimento necessária, demarcada invididualmente através de uma fita métrica
acoplada nos aparelhos utilizados como descrito anteriormente no desenho experimental.

4.8 - Atividade Eletromiográfica (EMG)


O sinal eletromiográfico foi obtido no exercício leg press 45º utilizando um
eletromiógrafo de 16 canais (MP150, Biopac System Inc., Santa Barbara, EUA), com a
frequência de aquisição dos sinais EMG estabelecida em 1000 Hz e filtro passa-banda de 20 –
500 Hz. Foram utilizados eletrodos ativos (TSD150, Biopac System, Inc., Santa Barbara,
EUA), com relação de rejeição do modo comum de >95 dB. Antes da colocação dos eletrodos
foi feita tricotomia e assepsia da pele com álcool e algodão nos locais determinados para a
colocação dos eletrodos sobre o músculo vasto lateral, visando diminuir a impedância da pele.
O ponto de fixação dos eletrodos foi o local identificado com maior volume muscular durante
a realização de uma contração isométrica submáxima e marcado com caneta semi-permanente
para a manutenção do posicionamento nas sessões subsequentes. Os sinais eletromiográficos
brutos foram filtrados e convertidos em root mean square (RMS). O RMS de cada repetição
foi normalizado pelo RMS médio de dez fases concêntricas de repetições realizadas no
aquecimento com uma intensidade de 50% de 1RM. A EMG foi analisada em um arco de
movimento de 40o entre 120o e 160o, para reduzir a influência do comprimento dos músculos
nos sinais. Para identificar cada uma das fases durante o exercício (concêntria, execêntrica),
26

foi fixado um eletrogoniômetro (SG150, Biometrics Ltd., Newport, Inglaterra) na lateral da


perna do voluntário e o sinal do eletrogoniômetro foi sincronizado com a EMG.

4.9 - Análise Estatística


Os dados são apresentados de acordo com estatística descritiva, média e desvio
padrão. Com os dados brutos da metabolômica (mg/dl) foi realizada a área sob curva de 5 e 60
minutos para posterior realização de análises univariada e multivariada. A normalidade de
distribuição dos dados foi testada pelo teste de Shapiro-Wilk. Após, para as comparações intra
e entre-grupos foi aplicada análise de modelos lineares mistos para medidas repetidas,
assumindo grupo e tempo como fatores fixos para a variável hipertrofia muscular, e sujetos
como fator randômico. Em caso de um valor F significante, testes post hoc de Tukey foram
utilizados. Para comparação entre grupos das variáveis amplitude EMG, consumo de
macronutrientes (carboidratos, lipídios e proteínas) e metabólitos foi realizado teste t student
com os dados da primeira sessão.
Para a identificação dos padrões de resposta metabólica ao TFAI e TFBI foram
conduzidas análises estatísticas multivariada dos dados. Desta forma, inicialmente, foi
verificada e heterocedasticidade dos dados e quando necessária aplicada transformação
logarítmica generalizada (gLog2) a qual possibilitou maior simetria entre as curvas de
distribuição dos dados, requerida para a aplicação de técnicas lineares multivariadas (VAN
DEN BERG et al., 2006). Adicionalmente foi aplicado o processamento pareto-scaling para a
padronização das concentrações dos diferentes metabólitos, tornando-os comparáveis entre
si (REN et al., 2015). Posteriormente, foi conduzida uma análise de componentes principais
para observar possível segregação entre da resposta metabólica do TFAI e TFBI.
Para análise das vias metabólicas mais relevantes relacionadas à resposta
metabólica no TFAI e TFBI da área sob a curva de 5 minutos, o conjunto de metabólitos
séricos que apresentaram coeficiente de variação superior ao coeficiente de variação
observado na área sob a curva de 5 min na condição controle foram retidos e considerados
para uma análise de vias (over-representation) e topologia. Essa análise de vias foi baseada na
biblioteca 'Homo Sapiens' e utilizando Teste Hypergeométrico por Over Representation e
Relative-Betweeness Centrality para análise topológica das vias (XIA e WISHART, 2010).
Todas as análises multivariadas foram conduzidas no software MetaboAnalyst
4.0. O nível de significância adotado para todas as análises foi de p<0,05.
27

5 - RESULTADOS

5.1 - Espessura muscular


Os grupos TFAI e TFBI apresentaram aumento significativo após as 8 semanas de
treinamento no momento pós treinamento em comparação ao momento pré da espessura do
músculo vasto lateral (p<.0001) (figura 3A), da soma dos músculos reto femoral e vasto
intermédio (p<.0001) (figura 3B) e da soma das espessuras dos músculos vasto lateral, reto
femoral e vasto intermédio (p<.0001) (figura 3C). Porém não houve difereça entre grupos,
levando em consideração a soma da espessura dos três músculos analisados o grupo TFAI
apresentou um aumento percentual de 12,5% e o grupo TFBI de 12,1%.

Figura 3. Espessura do músculo vasto lateral (A); soma da espessura dos músculos reto femoral e vasto
intermédio (B); soma da espessura dos músculos vasto lateral (VL), reto femoral (RF) e vasto intermédio (VI) e
aumento percentual de cada grupo (C); antes (Pré) e após oito semanas de treinamento (Pós). Treinamento de
força de alta intensidade (TFAI); treinamento de força de baixa intensidade (TFBI). *Diferença significativa em
relação ao momento Pré.
28

5.2 - Força máxima


Após as oito semanas de treinamento houve apenas efeito principal de tempo no
teste de 1RM com aumento na semana 4 (p<.0001) e 8 (p<.0001) em compraração ao
momento pré e na semana 8 (p<.0001) em comparação a semana 4 no exercício leg pres
(figura 4A).
Também foi observado apenas efeito principal de tempo no teste de 1RM no
exercício cadeira extensora com aumento na semana 4 (p<.0001) e 8 (p<.0001) em
compraração ao momento pré e na semana 8 em comparação a semana 4 (figura 4B) (figura
4B).

Figura 4. Teste de 1RM dos exercícios leg press 45º (A) e cadeira extensora (B). TFAI: treinamento de força de
alta intensidade, TFBI: treinamento de força de baixa intensidade, Pré: teste realizado antes das 8 semanas de
treinamento (Pré), 4S: teste realizado na quarta semana de treinamento (4S), Pós: teste realizado na oitava
semana de treinamento antes da última sessão de treino (Pós). *Significativamente diferente de Pré para ambos os
protocolos (efeito principal de Tempo), # Significativamente diferente de 4S para ambos os protocolos (efeito
principal de Tempo).

5.3 - Macronutrientes
Para o consumo calórico total e quantidade macronutrientes (carboidratos, lipídios
e proteínas) consumidos no dia anterior às coletas sanguínea não houve diferença entre grupos
em nenhum dos dias de coletas (Tabela 1).
29

Tabela 1. Consumo calórico total, consumo de carboidrato, consumo de proteína de


consumo de lipídeo do dia que antecedeu a coleta sanguínea nos protocolos
treinamento de força de alta intensidade (TFAI) e treinemento de força de baixa
intensidade (TFBI).
Consumo calórico total Carboidrato Proteína lipídeo
(Kcal) (gramas) (gramas) (gramas)
TFAI 1952 ± 548 246 ± 96 88 ± 32 64 ± 33
TFBI 1836 ± 586 225 ± 97 90 ± 36 61 ± 24

5.4 - Análise metabolômica


Após o ensaio experimental TFAI e TFBI a espectroscopia de 1H-RMN foi capaz
de identificar os mesmos 46 metabólitos em ambos os protocolos (Tabela 2).

Tabela 2. Metabólitos identificados no TFAI e TFBI

2-Aminobutirato Alanina Hipoxantina N-metilhidantoína Succinato


2-Hidroxibutirato Asparagina Inosina N-nitrosodimetilamina Treonina
2-Hidroxyisovalerato Colina Isobutirato O-acetilcarnitina Timidina
2-Oxoisocaproato Citrato Isoleucina O-fosfocolina Trimetilamina
3-Hidroxibutirato Creatinina Lactato Ornitina Tirosina
3-Hidroxyisovalerato Etanol Leucina Oxipurinol Valina
4-Piridoxato Glicose Lisina Pantotenato
Acetoacetato Glutamina Malonato Fenilalanina
Acetona Glicerol Metilguanidina Prolina
Acetilsalicilato Glicina Methilsuccinato Piruvato

5.5 - Análise univariada


A análise univariada demonstrou diferença entre grupos apenas para os
metabólitos lactato (p=0,03), piruvato (p=0,006) e metilguanidina (p=0,016) com maior
aumento para o TFAI quando análisado a área sob a curva de 5 minutos após os exercícios,
não houve diferença entre grupos para nenhum metabólito para área sob a curva de 60
minutos.
30

5.6 - Análise multivariada


Com os metabólitos identificados foi realizado a análise de componentes
principais que não demonstrou segregação dos dados indicando comportamento similar na
perturbação da resposta metabólica entre o TFAI e TFBI tanto para área sob a curva de 5
(Figura 5A) quanto de 60 minutos (Figura 5B).

Figura 5. Análise de componentes principais da resposta metabólica da área sob a curva de 5 minutos após
exercício (A), Análise de componentes principais da resposta metabólica da área sob a curva de 60 minutos após
exercício (B). Os círculos preenchidos de vermelho representam TFAI e os verdes TFBI.

A análise das vias metabólicas alteradas em decorrência do TFAI e TFBI da área


sob a curva de 5 minutos demonstrou que 16 vias foram significantes, 12 foram significantes
tanto no TFAI quanto TFBI (1- metabolismo de alanina, aspartato e glutamato; 2- aminoacil-
tRNA biossíntetase; 3- metabolismo da arginina e prolina; 5- metabolismo do butanoato; 6-
ciclo de Krebs; 7- glicólise ou gliconeogênese; 8- Pantotenato e CoA biossíntese; 9- via
fosfato pentose; 10- Metabolismo da fenilalanina; 13- Metabolismo do piruvato; 14-
Metabolismo da taurina e hipotaurina; 16- Valina, leucina e isoleucina biossíntese). Uma via
foi alterada apenas no TFAI (4- Metabolismo da beta alanina), e 3 vias foram alteradas
31

somente no TFBI (11- Fenilalanina, tirosina e triptofano biossíntese; 12- Metabolismo do


propanoato; 15- Metabolismo da tirosina) (figura 6).
As vias metabólicas alteradas em ambos protocolos como 13- Metabolismo do
piruvato, 8- Pantotenato e CoA biossíntese, 10- Metabolismo da fenilalanina, 5- Metabolismo
do butanoato, 6- Ciclo de Krebs, 7- Glicólise ou Gliconeogênese apresentaram um alto
impacto tanto no TFAI quanto no TFBI, enquanto as vias alteradas em apenas um dos
protocolos (i.e., TFAI ou TFBI) apresentaram baixo impacto (figura 6).

Figura 6. A) Treinamento de força de alta intensidade (TFAI), B) treinamento de força de baixa intensidade
(TFBI). Todas as vias numeradas foram alteradas significativamente em A e/ou B. 1- Metabolismo de alanina,
aspartato e glutamato (A: asparagina, alanina, piruvato, succinato; B: alanina, piruvato, succinato), 2-
aminoacil-tRNA biossíntetase (A; arginina, fenilalanina, alanina, lisina, isoleucina, leucina, treomina; B:
fenilalanina, alanina, lisina, isoleucina, leucina, treomina, tirosina), 3- Metabolismo da arginina e prolina (A:
ornitina, N-metilhidantoína, piruvato; B: N-Metilhidantoína, creatinina, piruvato), 4- Metabolismo da beta
alanina (A: malonato, pantotenato), 5- Metabolismo do butanoato (A: 3-hidroxibutirato, piruvato, succinato;
B: 3-hidroxibutirato, piruvato, succinato), 6- Ciclo de Krebs (A: piruvato, succinato; B: piruvato, succinato), 7-
Glicólise ou Gliconeogênese (A: piruvato, lactato, glicose; B: piruvato, lactato, glicose), 8- Pantotenato e CoA
biossíntese (A: pantotenato, piruvato; B: pantotenato, piruvato), 9- Via fosfato pentose (A: glicose, piruvato; B:
glicose, piruvato), 10- Metabolismo da fenilalanina (A: fenilalanina, piruvato, succinato; B: fenilalanina,
piruvato, succinato, tirosina), 11- Fenilalanina, tirosina e triptofano biossíntese (B: fenilalanina, tirosina), 12-
Metabolismo do propanoato (B: succinato, lactato), 13- Metabolismo do piruvato (A: piruvato, lactato; B:
piruvato, lactato), 14- Metabolismo da taurina e hipotaurina (A: alanina, piruvato; B: alanina, piruvato), 15-
Metabolismo da tirosina (B: tirosina, piruvato), 16- Valina, leucina e isoleucina biossíntese (A: piruvato,
treomina, leucina, isoleucina; B: piruvato, treomina, leucina, isoleucina).
32

5.7 - Amplitude eletromiográfica


Foi observado maior amplitude eletromiográfica do músculo vasto lateral para o
grupo TFAI em comparação ao TFBI (p<.0001) (figura 7).

Figura 7. Root mean square normalizado (RMS, 50% da série de aquecimento) do sinal EMG do músculo vasto
lateral para os grupos TFAI: treinamento de força de alta intensidade, TFBI: treinamento de força de baixa
intensidade.*Significativamente diferente de TFBI.

6 - DISCUSSÃO
O presente estudo teve como objetivo realizar uma ampla análise da resposta
metabólica do TFAI e TFBI realizados até a falha concêntrica e sua relação com a hipertrofia
muscular após um período de oito semanas de treinamento. Nossos resultados demonstraram
uma hipertrofia muscular similar entre os grupos TFAI e TFBI. Também houve uma
similaridade da resposta metabólica entre grupos, as vias metabólicas alteradas de forma
significativa e que foram impactantes foram semelhante entre o TFAI e TFBI. O maior
aumento apenas dos metabólitos lactato, piruvato e metilguanidina para o grupo TFAI da área
sob acurva de 5 minutos não foi suficiente para promover alteração distinta do metabolismo
global em comparação ao TFBI, também não foi suficiente para influenciar na resposta
hipertrófica.
A similaridade na hipertrofia muscular entre os protocolos de alta e baixa
intensidade corrobora com diversos trabalhos anteriores nos quais ambos os protocolos foram
realizados até a falha concêntrica (TANIMOTO e ISHII, 2006; BURD et al., 2012;
MITCHELL et al., 2012; JENKINS et al., 2015; JENKINS et al., 2016). Esse resultado
33

enfatiza a eficiência do TFBI como uma alternativa ao TFAI para se promover o aumento da
massa muscular mesmo que realizado com menor intensidade.
Tem sido sugerido que o TFBI seria capaz de gerar maior estresse metabólico em
comparação ao TFAI (SUGA et al., 2012; TAKADA et al., 2012), além de prolongar a
exposição a metabólitos que poderiam atuar como estímulo para hipertrofia muscular
(JENKINS et al., 2015). Também é proposto que exista um sensor metabólico (em adição a
um sensor mecânico) que serviria como uma alternativa para crescimento muscular. Essa
teoria baseia-se na premissa de que o estresse metabólico possa contribuir para uma
hipertrofia muscular similar ao do TFAI estimulando fatores relacionados com o aumento da
massa muscular como o aumento da fosforilação de poteínas pertencentes à cascata mTOR
(FRY et al., 2010; OISHI et al., 2015) que tem como resultado final a síntese de proteína
(LEGER et al., 2006; CAMERA et al., 2010), fornecendo assim um mecanismo potencial
para o crescimento muscular que não é dependente da intensidade e estimulado pelo
metabolismo (DANKEL et al., 2017). Dessa forma, tem sido proposto que mesmo treinando
com menor intensidade durante o TFBI seria possível obter a mesma resposta hipertrófica
que o TFAI através de um possível maior estresse metabólico e de caminhos alternativos
para a hipertrofia muscular não dependentes da intensidade de treino (JENKINS et al., 2015).
Contudo, nossos resultados não demonstraram maior estresse metabólico para o
TFBI. Foram identificados 46 metabólitos em ambos os protocolos e quando analisados
isoladamente apenas 3 (lactato, piruvato e metilguanidina) foram diferentes entre grupos com
maior aumento para o TFAI analisando a área sob a curva de 5 minutos. Os metabólitos
lactato e piruvato são produtos finais da via glicolítica, o aumento desses metabólitos é
esperado e bem relatado na literatura logo após a realização do TF (GOROSTIAGA et al.,
2012; MENDEZ-VILLANUEVA et al., 2012; GOROSTIAGA et al., 2014; BERTON et al.,
2017; VALERIO et al., 2017). Em outro estudo em que a resposta metabólica decorrente do
TF foi realizada através da espectroscopia de ressonância magnética nuclear também foi
constatado maior aumento desses metabólitos no TFAI quando comparado com outro
protocolo de menor intensidade, porém nesse estudo o TFBI foi realizado com a adição de
restrição de fluxo sanguíneo (VALERIO et al., 2017). Os resultados desse estudo juntamente
com os nossos indicam que existe uma maior demanda energética da via glicolítica anaeróbia
no TFAI em comparação ao TF realizado com menor intensidade, provavelmente em
decorrência do recrutamento de unidades motoras de alto limiar (fibras mais glicolíticas)
desde os segundos iniciais do exercício à medida que no TFBI essas fibras são recrutadas
apenas próximo ao final do exercício com o aumento da fadiga (FRY, 2004; POTVIN e
34

FUGLEVAND, 2017).
Já a metilguanidina é sintetizada a partir da creatinina que por sua vez vem da
creatina gerada pela quebra da fosfocreatina (TAKEMURA et al., 1998). A fofocreatina é
uma grande contrubuinte para produção de energia (ATP) em exercicio de alta intensidade e
curta duração como o TFAI. Dessa forma, o maior aumento da metilguanidina no TFAI em
comparação ao TFBI pode ter sido em decorrência de uma possível maior produção de
creatina a partir da quebra da fosfocretatina. Não é de nosso conhecimento outro estudo que
tenha relatado o aumento da metilguanidina em decorrência do TF. Porém, Pechlivanis et al.
(2013) ao investigarem a resposta metabólica a sprints máximos de 80 metros com 10 ou 60
segundos de intervalo entre os sprints, exercício com predominância do metabolismo
anaeróbio assim como o TF, observaram o aumento da metilguanidina pós exercício em
ambos os grupos.
Dentre os três metabólitos que apresentaram maior aumento no TFAI o lactato é o
único que possue evidências que sugerem que possa ter potencial anabólico (NALBANDIAN
e TAKEDA, 2016). As evidências que suportam suas supostas propriedades anabolizantes
vêm de estudos de cultura em célula que indicam que o lactato induz a miogênese
(WILLKOMM et al., 2014; OISHI et al., 2015), assim como o aumento da fosforilação da
p70S6K (OISHI et al., 2015), proteína pertencente à cascata mTOR que tem como resultado
final a síntese de proteína (LEGER et al., 2006; CAMERA et al., 2010). Porém, o maior
aumento do lactato no grupo TFAI não resultou em maior hipertrofia muscular em nosso
estudo.
Ao contrário do lactato não há indicios na literatura de que o piruvato ou a
metilguanidina possam exercer influência direta sobre a hipertrofia muscular. Contudo, nossos
resultados demonstraram não haver essa relação uma vez que mesmo o grupo TFAI tendo
maior expressão desses metabólitos na área sob a curva de 5 minutos obteve hipertrofia
muscular similar ao TFBI, assim a resposta aguda de metabólitos isolados parece não ter
relação direta com a hipertrofia muscular.
Além da comparação entre grupos de cada um dos metabólitos identificados
também realizamos análises multivariadas, pois uma análise mais ampla dos dados
metabólicos requer uma metodologia capaz de expor tendências subjacentes do metabolismo
levando em consideração todo o conjunto dos dados e não apenas os metabólitos de forma
isolada, diante da complexidade que o metabolismo pode representar (WORLEY e POWERS,
2013). Dessa forma, realizamos a análise de componentes principais que não demonstrou
segregação dos dados indicando comportamento similar na perturbação da resposta
35

metabólica frente ao TFAI e TFBI tanto para área sob a curva em 5 quanto em 60 minutos
(figura 6).
Após ter constatado diferença para área sob a curva em 5 minutos entre os grupos
TFAI e TFBI para os metabólitos lactato, piruvato e metilguanidina foi realizada uma análise
das vias metabólicas que foram alteradas de forma significativa em cada um dos protocolos de
treinamento, com o intuito de verificar se a diferença desses metabólitos (lactato, piruvato e
metilguanidina) resultou em alguma alteração distinta das vias metabólicas que possuem
ligação com esses metabólitos podendo indicar um comportamento distinto da resposta
metabólica entre os grupos. A análise das vias metabólicas demonstrou que 16 vias foram
alteradas de forma significativa, 12 no TFAI e no TFBI, uma via foi alterada apenas no TFAI
(4- Metabolismo da beta alanina), e três vias foram alteradas somente no TFBI (11-
Fenilalanina, tirosina e triptofano biossíntese; 12- Metabolismo do propanoato; 15-
Metabolismo da tirosina) (figura 6).
A análise de vias metabólicas além de demonstrar alterações que foram
significantes também destaca as vias metabólicas que foram mais impactantes no TFAI e
TFBI, ou seja, as vias que possuem metabólitos alterados pelos protocolos de treinamento e os
mesmos realizam uma grande quantidade de conexões dentro dessa via. As vias alteradas de
forma significativa em ambos protocolos como 13- Metabolismo do piruvato, 8- Pantotenato e
CoA biossíntese, 10- Metabolismo da fenilalanina, 5- Metabolismo do butanoato, 6- Ciclo de
Krebs, 7- Glicólise ou Gliconeogênese foram as que apresentaram um alto impacto tanto no
TFAI quanto no TFBI, enquanto as vias alteradas em apenas um dos protocolos de forma
geral apresentaram baixo impacto (figura 6). Em resumo nossos resultados indicam que houve
uma similaridade das vias metabólicas alteradas de forma significativa e que foram
impactantes no TFAI e TFBI (figura 6).
Dankel et al. (2017) propôs recentemente em seu trabalho que o aumento de
metabólitos em decorrência da atividade física deve-se a um maior nível de esforço gerado
pelo exercício que equivale a uma maior utilização de energia e consequentemente maior
produção de metabólitos e, portanto, devem representar uma consequência da contração
muscular e não ser a causa da hipertrofia muscular. Nesse sentido a similaridade da resposta
metabólica entre o TFAI e TFBI pode ser devido ao mesmo percentual de fibras musculares
recrutadas em ambos os protocolos. Diversos pesquisadores têm apontado o percentual de
fibras recrutadas como fator primordial para o crescimento muscular e sugerem que o TFAI e
TFBI realizados até a falha concêntrica podem promover uma ativação de fibras musculares
similar (BURD et al., 2012; MITCHELL et al., 2012). Assim, o recrutamento do mesmo
36

percentual de fibras musculares também explicaria a hipertrofia muscular similar entre o


TFAI e TFBI, e qualquer protocolo realizado até a falha concêntrica produzindo ativação
muscular dentro de um número de repetições suficientes resultaria em estímulo hipertrófico e
da ampla resposta metabólica similar independentemente da intensidade de treinamento
utilizada.
Assim como os resultados de Jenkins et al. (2015) e de Schoenfeld et al. (2014),
nossos resultados demonstram uma amplitude EMG maior para o grupo TFAI em comparação
ao TFBI. A princípio esses resultados podem levar a interpretação errônea de que o TFAI gera
maior ativação muscular que o TFBI contrariando a idéia de que possa ter havido uma
ativação similar do percentual de fibras musculares entre os grupos TFAI e TFBI. A EMG
tem sido muito utilizada para realizar inferências sobre o recrutamento de fibras musculares
através da comparação da amplitude de EMG coletada em determinados músculos. Baseando-
se nessas comparações, os pesquisadores tentam tirar conclusões sobre a ativação muscular e
possíveis adaptações longitudinais, como a hipertrofia muscular. Contudo, existem evidências
que sugerem que algumas unidades motoras podem reduzir suas frequências de disparo, assim
como desligar completamente para permitir a recuperação da fadiga tornando-se "silenciosas"
(PERSON, 1974; DOS ANJOS et al., 2017; VIGOTSKY et al., 2017). Essas unidades
motoras fadigadas passam suas funções de produção de força para outras unidades motoras,
que por sua vez mantém uma força suficiente sendo produzida para continuar o exercício
(FALLENTIN et al., 1993; FUGLEVAND et al., 1993; MITCHELL et al., 2012; DANKEL et
al., 2017). Este processo que vem sendo denominado de substituição da unidade motora
(PERSON, 1974; DANKEL et al., 2017) e aponta uma limitação sobre a inferência da
ativação muscular utilizando a amplitude EMG ao comparar protocolos de baixa e alta
intensidade, pois a amplitude de EMG em um determinado ponto de tempo seria menor
durante o exercício de baixa intensidade, mesmo que um número similar de unidades de
motoras tenha sido estimulado, isso pode ocorrer porque algumas unidades motoras foram
ativadas e posteriormente desligadas quando amplitude de EMG foi registrada. Assim, a
maior amplitude da EMG representaria que uma quantidade maior de unidades motoras estava
ativa simultaneamente em determinado momento, mas não seria sensível suficiente para
indicar a quantidade de unidades motoras que foram ativadas durante o exercício. Portanto,
mesmo que a amplitude de EMG seja maior no TFAI é possível que a mesma quantidade de
fibras musculares tenha sido recrutada durante o TFAI e TFBI realizados até a falha
concêntrica resultando em uma resposta metabólica e hipertrófica similar entre os protocolos.
Os autores que sugerem o estresse metabólico como um possível mecanismo
37

contribuinte para resposta hipertrófica similar entre o TFAI e TFBI tem apontado o TFAI
como sendo capaz de gerar maior ativação muscular que o TFBI e que a menor ativação
muscular no TFBI pederia ser compensada por um maior estresse metabólico estimulando
caminhos alternativos para hipertrofia muscular não dependentes da intensidade de treino
(JENKINS et al., 2015). Porém, nossos resultados demonstram que a hipertrofia muscular no
TFAI e TFBI parece estar ocorrendo através do mesmo mecanismo, e dificilmente existe um
ponto ao longo do espectro de intensidade (isto é, 0-100% 1RM) em que o estímulo
hipertrófico do TF deixa de ser mecanicamente conduzido e se torna metabolicamente
dirigido (DANKEL et al., 2017).
Nosso estudo não está livre de limitações, apesar de os voluntários terem
consumido um café da manhã padronizado, a dieta de todo o dia que antecede a coleta
sanguínea pode influenciar a resposta metabólica. No entanto, os participantes completaram
um recordatório de dieta em relação ao dia anterior a realização dos protocolos de TF.
Posteriormente esse recordatório foi utilizado para analisar as calorias totais, bem como o
consumo de macronutrientes (carboidratos, lipídios e proteínas) do dia anterior a coleta
sanguínea como resultado não houve diferença entre grupos para essas variáveis. Outra
limitação referente ao experimento foi a realização da EMG apenas no exercício leg press 45º,
por uma questão de logística não foi possível coletar a amplitude EMG no exercício cadeira
extensora.

7 - CONCLUSÃO
A realização do TF de alta e baixa intensidade até a falha concêntrica promove
hipertrofia muscular e alteração da resposta metabólica similar entre os protocolos, ao
contrário do que vem sendo sugerido o TFBI não gera maior estresse metabólico em
comparação ao TFAI.

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46

9- ANEXOS
Anexo 1: Parecer de aprovação do Comitê de ética em pesquisa (CEP)
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Anexo 2: Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)


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Anexo 3: Recordatório alimentar


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