You are on page 1of 274
De Ra Ce ge eg eee eae} ee a tee a ene eee ee Ee ae oR nM re eee Te ee ee ey ee grandes psiquiatras... Mas ninguém podia chegar a uma con. clusdo. Era-lhes impossivel: nao se podeconcluira respeitode um eed eee LO ee Te re ea res Nao é facil encontrar um centro de Parapsicologia com o ee eae ee Se en eee eee Oa po One eee ey ea ae ee digdes de poder fazer um estudo ~ profundo e criterioso abar- cando os angulos teoldgico, filosdfico, psiquidtrico, parapsico- légico... todos os dngulos. Teoria e experiencia, Ciencia e Fé. O A ee OO aan eee ee ee Tae biblioteca, casos clinicos e de pesquisa de campo, experiéncias ete, - pode chegar a uma conclusao. E neste livro se chega. Agora na ee ee ee ogee ee aD FR te ea eee a ae ee ee ee ee Tee ee ee tae conceitos unilateralistas -, até 0 insultarao. E 0 risco do pionei- rismo, Adiante, Pe. Quevedo. Que lhe mostrem concretamente onde e por que falham os seus argumentos. Se pretendem con- cretizar, terdo de ler seu livro. E se o lerem, duvidamos que ndo fiquem desarmados. Argumentos, ndo insultos, Ciéncia, ndo Perris Cee ee ee ee TED fantasticos casos de “demonologia”, neste livro se encontram explicagdes magnificas dos mais interessantes fendmenos para: psicologicos: levitacdo, estigmas, feiticos, movimento de objetos, Free Oe ae LE ee Se Pes Ao Pe. Quevedo e ao CLAP, parabéns. E uma honra para nés Dr RN eae geen ee eee ee tante tema - tenha sido escrito no Brasil. Se RTE Pee Ure at ER age eat Ca ISBN 85-15.00098.9 Copapdnds-Ruio OSCAR G-QUEVEDO S.J. “Edicdes Loyola 10. " 2 8 14 COLEGAO DE PARAPSICOLOGIA Edigdes Loyola A FACE OCULTA DA MENTE — Oscar G.-Quevedo AS FORGAS FISICAS DA MENTE (2 tomos) — Oscar G-Que- vedo © QUE & PARAPSICOLOGIA — Oscar G.-Quevedo MAGIA E PARAPSICOLOGIA — Bruno A. L. Fantoni CURANDEIRISMO: UM MAL OU UM BEM? (ilustrado) — Oscar G-Quevedo ONDE OS ESPIRITOS BAIXAM — Edvino A. Friderichs PARAPSICOLOGIA E RELIGIAO — José Lorenzatto REENCARNAGAO E COMUNICAGAO COM 0S MORTOS — Ge- raldo E. Dallegrave PANORAMA DA PARAPSICOLOGIA AO ALCANCE DE TODOS — Fdvino A. Friderichs CASAS MAL-ASSOMBRADAS — Edvino A. Friderichs ESPIRITISMO, PARAPSICOLOGIA E EVANGELIZAGAO (7 Fo- Ihetos) — ilustrado — Sandro Schiattarelia FEITICEIROS, BRUXOS E POSSESSOS — Pedro J. G.-Quevedo ANTES QUE OS DEMONIOS VOLTEM — Oscar G.-Quevedo HISTORIAS DO DIABO (Contos Didaticos) — Orlando de Al- buquerque OUTRAS Editoras POSSESSOES, ENCOSTOS... A. Friderichs ESPIRITISMO, PARAPSICOLOGIA E EVANGELIZAGAO (7x80 slides) — Bianca Carolo (e 7 fitas cassetes) — Locutor: Cid Mo- reira. Com os folhetos do n° 11 PARAPSICOLOGIA EM REVISTA (30 fasciculos) — profusamen- te ilustrados — Equipe do CLAP CAIXINHA DE PERGUNTAS — Edvino A. Friderichs OS GRANDES MEDIUNS — Robert Amadou PRONTO-SOCORRO — Edvino OSCAR G.-QUEVEDO, S.J. Doutor em Teologia Licenciado em Psicologia e Filosofia Professor de Parapsicologia & UBER aa ANTES QUE OS DEMONIOS VOLTEM EXPLICAGAO DOS FENOMENOS E ANALISE DAS TEORIAS A LUZ DA PSICOLOGIA, FILOSOFIA, TEOLOGIA E PARAPSICOLOGIA 22 edigaio EdicoesLoyola * “ Semindrio Concérdia Biblioteca Sist. id Reg. 2 Proc Catal | COM APROVACAO ECLESIASTICA Copidesque Marcos J. Marcionito Revistio: Rosatina Siqueira Edigdes Loyola Rua 1822 n. 347 (04218 — Siio Paulo — SP Caixa Postal 42.335 (04289 — So Paulo — SP Te (011) 914-1922 ISBN 85-15-00098-9 © EDIQOES LOYOLA, Sio Paulo, Brasil, 1989 SUMARIO Prilogo do autor ....... 7 1 “Volta 0 Diabo” 9 I! Parte OS ARGUMENTOS DA CIENCIA (a tue da 8) I Com a palavra a Ciéneia st HL Contigio Psiquico, Casos destacdveis ot IV. Perante a Psicologia Moderna ....... B v 0s sinais do Ritual 7 Sansonismo 121 Hierognose . 125 HIP... 129 ESP ou PG. 140 Xenoglossia ID 148 “Et id genus alia” bo s 158 VIA luz da Parapsicologia: Ffeitos: mistos 159 Subjugacao telepsiquica 159 Insensibilidade ... 167 Dermografia ....- 170 “Et id genus alia” 175 VIIA luz da Parapsicologia: Efeitos fis . 176 Tiptologia 179 Telecinesia . 181 Psicofonia 190 vit Ix xD XU xu xiv xv XVI XVI XVI XIX XX Levitagio nurte erent Fendmenos ectoplasmaticos : “Maioria sunt indicia” a : “EL id genus ali A confissio das bruxas, garantia de verdade? . © proprio deménio “convieto © confesso” .. 2 Parte OS ARGUMENTOS DA FE (luz da cigneiay Afinal, que sio os Afinal, que so 0s deménios? — I. . Bruxos, magos, que sio? Doengas € curas nos tempos de Cristo... “Contexto global” A exaltagdo de Sata. A Igreja_aceitou os poderes do deménio? Tereja e Estado. Exito dos exorcismos .. As tentagdes Graca divina ¢ “antigraca” diabilica? ..- Divina providéncia ¢ “providéncia demoniaca Pontos de vista da Teologit 2.20 0ccccceeeee 485 Alguns argumentos da Filosofia. S02 CONCLUSAO Triunfa 0 bom senso... eee eens! peers) 547 PROLOGO Em todo este Tivo estudarei a atividade no nosso mundo que durante tantos séculos vemvse atribuindo aos deménios, A ativida- de, Nao viso diretamente 3 existncia. deménios. pretendo estudi-la de todos os pontos de vista. Doutrinal © experimental. Do ponte de vista filosético teolégico © do ponto de vista psicolégico-parapsicolégico. ‘Teoria e ciéncia, E principalmente pela sua atividade que interessa 0 estudo da cexisténcia dos demdnios. Grande parte dos argumentos em defesa da cexisténcia sv reduz iis atividades que se tém atribuido aos deménios. Pareee-me necessirio que o tema da demonologia seja tratado com amplidio. Ha muitos casos © muitos aspectos. Este ou aquele detalhe pode ser muito significative: a minu- ciosidade de certos relatérios tem-me servido para modificar com- pletamente a interpretagio que se poderia dar a uma descrigio geral. © mesmo pode acontecer ao critic. De outra maneira: 0 Tivro, as vezes, poderd ser considerado lopédia, as vezes andlise de microscdpio. Creio que deve ser assim. $6 assim o especialista, 0 estudioso, poderé julgar e apro- fundar 0 mérito da questo. Nao sei, porém, se alguma coisa, de tanto material que ainda deixo nos ricos fichdrios do CLAP (Centro Latino-Americano de Parapsicologia), nfo seria imprescindivel. As idéias que brevemente lancei, as vezes de passagem, desde tém-nos criado muitas dificuldades, a mim 7 € a0 CLAP, em nosso trabalho. E necessério provar o que afirmo © responder ao que se me objeta. Aqui estéo as minhas provas © respostas. Este livro € para estudiosos realmente interessados no. tema. E para especialistas. Para as pessoas que 36 queiram as idéias ge- rais, breves ¢ ligeiras, estamos preparando um breve resumo. A bibliografia utilizada é ampla demais. Vai nas notas, E isso mesmo justifica — como alidis em todos 0s outros meus livros — que nfo acrescente, no fim, um grande niimero de paginas com bibliografia. Apresento unicamente um indice de autoreg, remeten- dos notas, © um indice anafitico de alguns temas importantes tra- tados em diversos capitulos, de diversos pontos de vista, Novembro de 1981 + * 0 livro de fato foi escrito em 1981. Retirado pela censura, s6 6 publicado no inicio de 1989. Capitulo 1 “VOLTA O DIABO” ‘Tal 6 0 titulo, sensacionalista, mas exato, de um artigo dedicado a0 moderno satanismo. * ‘© mundo contemporineo, sociedade de consumo, civilizayio Dbaseada na ténica, na maquina, € uma organizagio desumana. A pessoa @ 1m nrimero. © que conta & a riqueza, Geranrse o vaio, (© desespero, a alienagio. Marginalizam-se 0 pobte © a maioria que nnfio se engaja em movimentos de cultura ¢ reflexio. No nivel eco- 16mico € no nivel humanitério-religioso-cultural, a cada dia se apro- funda ¢ estende 0 abismo desagregador. Cada dia, menos pessoas so ‘mais cultas ¢ ricas, Cada dia mais pessoas sio mais pobres ¢ in- cultas, A massa sempre erescente, 0 que podera esperar do nosso século em oportunidade de crescimento intelectual ¢ pessoal? Pobreza por um Indo, incultura — ou mero tecnicismo — por outro. Ambas juntas na maioria, Em conseqiiéncia e como vél- vula de escape, facilita-se a mentalidade magica e supersticiosa,* Na atualidade, o satanismo costuma apresentar 0 atrative do contraste. F mais’ um sincretismo. Ao mesmo tempo excitante © calmante. Félido e aromitico. Mau e bom. Possivelmente 0 romanticismo do século XIX tenha constituido 1a base do novo aspecto que se juntou a0 satanismo moderno. * 1, Stern (revista alema), 1974, n. 16. 2. Cr, “The occult revival. Satan returns. A substitute faith” in Time, 25, 19-6-1972. J. W. Goetz, “Satan and the occult in con- temporary society” in Dialogue, 1973, 12, pp. 272-278. 3. Of, M. Praz, La carne, la morte'e il diavolo nella letteratura romantica, 38 ed., Florenca, 1948. Milton exaltara 0 diabo, rebelde, indomAvel, valente, belo, ma- jestético, Apesar de derrotado, conserva sua dignidade: nao se dei- xou aniquilar por Deus, age © domina como rei deste mundo. Foi Charles Baudelaire quem converteu em poesia o culto a Sata. Les Fleurs du Mal: 4 flores, hi beleza, hd. px Pelo contrario, na beleza encerrase algo de expde no seu “Hino & beleza”. Tensio existencial. téria, O diabo nto é 0 mal plenamente, como na tradigao crista. Consola © ajuda os oprimidos © abandonados pela Igreja e pela so- ciedade crista. Eo senhor das prostitutas, dos assassinos, dos bé- bados, dos suicidas © dos enforcados. Invocado pelos homens desen- ganados por Deus, cle os ajudaré © eles. manifestaré seu poder. © poder da magia, do conhecimento, da fantasia, do sonho e da irrealidade, ou de outra realidade que Tiberta do mundo opressor. Baudelaire crit iizago crista, sem negar os seus valores. Satands_ndo odeia a Deus. Baudelaire no blafesma, nao nega © 0 também no chamado mal, como encontra mal no im a apologia do mal © o culto a Satands, Nas “Li- ”, imilando as leituras usadas no catolicismo, apds acies de clozio a Sata, sezue a oracto “O Sata, compadece-te de minha grande miséria”. No final hi um hino que como © “Gloria in excelsis Deo” da Missa catélica: “Louvor @ ti, Sata, no alto resplendor do eéu onde um dia dominaste, € na noite infernal onde agora, vencido, moras ‘em escuros sonhos silenciosos. ‘Quiros dois exorcismos de salanismo Titerdrio so os hinos “Ad Arimane” de Leopardi® © “A Satana’ de Curducei. Até o crime, Por analogia com a morte de Cristo, 0 satanis- mo vai até a imolagdo das vitimas. Em outros paises. nfo serio 4. M.A. Ruff, L'Esprit du mat et Pesthétique daudelairienne, Paris, 1955; J. Massin, Baudelaire entre Dieu et Satan, Paris, 1945; P. Pla, Baudelaire par’ tu-méme, Paris, 1963. 5. Charles Baudelaire, Les fleurs du mal, Paris, J. Crépet et G. Blin, 1942, pp. 146-148, das,© © LO0PATAL, Tutte le Opere, 9" ed, Milbo, 19, tomo 3, pp. "1. G. Carduecl, Opere, Bolonha, 1939, tomo IZ, pp. 3TIss. 10 lo freqiientes como no Brasil. Longa lists de assassinatos na ume banda brasileira foi colhida das crOnicas policiais. de revistas e jornais por D. Boaventura.* Outros casos recolheu 0 CLAP.” Os crimes nem sempre sio tio coletivos como © suividio por cianureto de 900 pessoas incitadas por Jim Jones em Jonestown (Guiana). Nem tio crugis como 0 infligido a atriz Sharon Tate © seus quatro acompanhantes © familia Lazianca, em 9 de agosto de 1969, pela “familia” Charles Manson (escravizara para aberra- sgdes sextiais um grande grupo de jovens “contra as leis e guiados por luz divina” na scita satinica!). ‘Algo em Espanha. Alguns sacrificios humanos tém-se real tuais satinicos, segundo depoimentos policiais ‘Segundo 0 grande historiador espanhol, Caro Baroja, “hé indi lar que ainda em nossa época algumas pessoas tém s de ar misterioso e de intengio diabélica” no chamado Pafs Basco, no Norte da Espanha, Refere alguns casos concretes de Missas Negras, em 1942, © apresenta muitos dudos opinides das pessoas simples que. nas aldetas, continuam aereditando fe temendo as bruxas. Muito na América do Norte, impossivel caleular 0 ndmero de satanistas, bruxos, cultores da magia © adoradores de Sati nos Estados Unidos. Os policiais de plantao noturne no 7." distrito de Nova Torque, a cada chamada (clefénica apostam rapidamente se 0 chamado & ow 3D, Boaventura Kloppenburg, A wmbanda no Brasil, Petropolis, Vous, 196i, pp. iis, 3. "Mobis de Birapsiclogia, do CLAP, n. 17, pp. S28: 0. 20, p. 22) n-th p. 24; 1.20 pp. be 2. et Hi,” Enitue ."Henpinin, Crimenes te te traete, Buenos Ab res, epaima, 1070, pp, is. Ie" Serge Hult’ eeniowes de Tenvoutement, tradueho de senda Guatto, La hechiceria, Bareslona, Martner ‘Roca, 191, (126 ue’ Gare Baron Las brajas’ ys. Mundo, Madr, Hevsta dle Oodidante, 1961. pp. 811300, tradueao! The World of the witches, SF ear lego, Unversity of Chicago, 167 1S. “George Bishop, Witness tovebi, Tos Angeles, 1971; Lewis Sperry chater satan iis motive and: méthode, 140; Grands Rapid, ‘Michigan’ Zondervan, 19e4, 12 od 1971, Arthur Lyons, The second coming. saianism in America, Nove Torque, Dod, Mead & Co. 197; S"Sotlag. The god of evil. kn ergument jrom the existence of the Denil, Neva forgue, 190, rt nfo denincia de bruxaria. A poucas quadras de 14 mora a familia Unsworth, que afirma que seu filho de 6 anos, Adrifo, & aliado de Satanés. A mie do meniny organiza com grande niimero de sata- tas rites demonfacos que alvorogam toda a vizinhanga. Duas de cada trés deniincias noturnas nayuele distrito so com referéncia & familia Unsworth. ‘As ovorréneias setviram para que policia nova-iorquina puses- se em dia seus fichitios sobre bruxaria. O resultado do levanta- mento, culminado em fins de fevereito de 1974, mostrou que no segundo semestre do ano anterior as dentineias — a maioria dos cases nd sip denunciados! — de satanismo, incluindo também. ccrimes, subiu a 50 mil 36 em Nova lorque. Os adoradores de Belzebu, que em 1970 eram estimados em 300 mil nessa cidade, subi em 1974 para 400 mil. ritual tipico desses cultos saténicos ¢ descrito assim por um ‘caminhoneiro: Foi om fins de 1973. Levaram-me a uma casa fora da cidade, Ha- via um enorme salio na penumbra. Bu, entio, costumava sair com ‘uma moga que gostava dessas coisas, ¢ ful parar 14 com ela, De re pente abri-se um amplo cortinado,'felpudo, preto. Apareceu outro ‘quadro com um allar em aue estava dellada, boca pare cima, uma jovem completamente nua, Atris dela, de pé, um homem mugro, Alto, com 0 rosto coberto por um eapuz’vermellio com uma cruz pre- tu invertida. Nao havia mtisica nem nada, Fez-se siléncio tolal, tra mos uns 20. Ninguém se atrevia a falar. O magro, espécie de sa cerdote, comegou a recitar grande mimero de frases em latim, abso- Iutamente incompreensiveis para nds, enquanto que passava (ete passava procurando excitar 2 platéia) suas mdos sobre 0 corpo da moca, De repente (no paroxismo da excitacio), tiron uma hdstia preta de um bolso e a partiu dizendo (com voz voluptuosa): “Sa tands! ah, Satands! nosso mestre, nosso mestre amado ¢ venerado!” Finalmente tomou um liquido vermelho — depois me inteirei de que era sangue de galinha sacrificada um par de horas antes — ¢ 0 der- ramou (de novo bem voluptuosamente, para excitar a platéia) $o- bre a regio genital da jovem, que comecou a se retorcer de uma maneira muito esquisita (excitando sexualmente). Ento senti um. perfume meio doce, como de incenso ou algo parecido, e ndo pude pereeber muito mais porque a moca que estava comigo se Inncou a apaixonadamente. Tudo descambou numa orgia asque- 14. “En las mayores capitales de Occidente renacen demonie- cos rituales de la edad media”, ne revista espanhola 7 Dias, 17-3974, P. 54. 15. Charles Brook (entrevistado), boletim da Liga Evangélica para a Moralidade, 15-1-1974. 12 © niimero de bruxos profissionais em 1970 nos EUA, caleulava Georges Demaix, ultrapassava 40.000." Em 1972, simples “cul- tores de bruxaria” eram calculados em nada menos que 10 mi- Ihdes."" Némero que segue alarmantemente crescendo. A “familia” Manson. A atriz Sharon Tate foi assassinada pe- Jos membros da seita satfnica de Manson, Sharon Tate eta esposa do cineasta Roman Polanski, que com seu filme, “O bebé de Ro- semary", muito contribuiu para converter 0 Diabo em objeto de consumo. Polanski declarot-se um satanista ‘Manson, em inglés, significa “Filho do homem", o titulo mes- sifnico de Jesus. Mas Manson se autodenominou Satands © Cristo a0 mesmo tempo. Citando © Apocalipse, Charles Manson se pro- clamou “Anjo do Abismo”, cujo nome € destruigo e destruidor, rei dos gafanhotos em figura de cavalos com faces humanas, dentes como 05 do leo, com asus e “caudas semelhantes 2s dos escorpides, eon ferrdes” nos quais “havia © poder de atormentar os homens durante cinco meses” (Ap 9, 11). Manson, com seus seguidores, pretendia aniquilar os negros ¢ ricos. A estes chamava porcos, & entre eles incluia os capitalistas © também os artistas. Na “Final Church” de Manson, deveria haver comunidade se- xual c vida & margem da sociedade. © culto era parédia da cru- cificagio de Cristo, da Missa Catdtica e dos antigos sacr i de animais. Para o ritual sidico, serviam-se de um instrumento cit- cular de scis facas de diversos comprimentos: quando 0 instrumento rodava sobre a vitima — humana sempre que possivel —, a faca mais comprida se afundava no figado ¢ finalmente a mais curta no coragio, que logo era arrancado e devorado como estimulante sexual, € 0 sangue rociado sobre os pares de participantes em cépula. Quando Tex Watson exccutava 0 sactificio da familia Sharon ‘Tate, dizia as aterradas vitimas: “Sou 0 Diabo, Estou aqui para realizar a tarefa do Diabo”."” Charles Manson reuniu seus discfpulos, ou discipulos de Sata- nés, na “Devil House” (“casa do Diabo”) nos arredores de San Francisco (Califérnia). 16. Cltado por Hutin...: La hechicerta, op. elt., p. 120. 17. Realidade (revista brasileira), 1972, 'margo, p. 106. 18. Cf, Bishop, Witness... op. cit, ‘pp. 236-350; E. Sanders, The family, the hislory of the Charies Manson's Dunc Buggy Attack Battalion, Nova Torque, 1971, p. 112. 19. Bishop, Witness..., op. cit, p. 160; Sanders, The family, the hhistory..., op. eit. 13 Outras seitas satinicas. Hi muitas nos EUA. Devemos citar P-Society”, eujos sécios pretendem fazer 0 mal_ precisamen- mal, Nas suas Missas Negras. ao chegar a hora da Co- devoram, sempre que podem. coragdes humanos. Os. membros da stita satinica “Rocker”, se autodenominam ‘anjos do inferno” ou “escravos de Satanis”: seu objetivo ¢ a vi encia © a sexualidade, Ambas ao maximo, ‘A mais degradada scita saténica € a OTO, Na América do Norte, ¢ especialmente na California, esto — com nao mui — 0s principais centros dessa seita, Apds rigotosa muito uso de drogas, lavagens verebrais © provas de resisténcia dor, os eandidatos sio accitos, pleno jure, « participar de cenas cada vex mais horrendas © abertamente criminosas. O fa moso crime perpetrado por Manson tem raizes, indiscutivelmente, na OTO."" Hai outro tuem — ou nto das grandes metrépoles dos FUA — escreve 0 Pe. Cossrove — pre poder encontrar um ramo inoficial da Tereia de Muitas dessas igrejas so formadas por pessoas entregues & luxtria que nos BUA iam de sex groups. Acredit ongia & mais cont a fitue Outras so iniciadas em drogas, gostam de convidar 0 deménio para que os acompanhe em Na_maioria das. reun os “‘sacerdotes” oficiam vanta- ‘gens do ddio e do feitico, incentivam as aberragdes. sexu La Vey. $6 no estado da CalifSrnia, estio registradas perto de cingiienta associagdes da “First Church of Satan ("Primeira Igre ja de Sata”) com mais de 10.000 adeptos. Seu fundador — 1966 — c chefe supremo & Lay Anton Szandor La Vey. ‘As “ordens” ou degraus na hierarquia da Tgreja Satdnica sao: iniciado, bruxo, encantador, feiticeiro e, por fim, mago. O fundador governa ‘com 0 auxilio do chamado “‘Conselho dos Nove”. Esses. seguidores de Sata sio declaradmente ateus © materia- listas. Satands, sim; Deus ¢ sobrevivéncia, nio. Encontrei-me no México, durante os trés dias do Congreso de Demonologia, com Carla La Vey, filha de Lay Anton Szandor La Vey. Escutei durante horas a ela e ao seu acompanhante, Rex Kincaid, Ministro de Informagdo da “‘Igreja de Sata”. Conversa 20. Sanders, The famity..., op. cit pp. 197-143. ‘Thomas’ Cosgrove, ©. 88. R., ‘The Devil is not dead” in Li- :, 1972, novembro, mos. Carla certamente era docnte, revoltada ¢ histérica; Kincaid parecia um cfnico. E dificil saber 0 que sio na realidade e os meios que utilizam. Num debate, perguntei-thes se aceitavam a mentira. Responderam que mentir ou dizer a verdade dependia das conveniéncias. Segundo afirmavam constituem uma sociedade estritamente or- ganizada, Tém membros em todo 0 mundo. Afirmam que 36 pre- tendem a propria satisfagéo. Sem limitagdes. Afirmam que nao esti interessados em agdes puniveis ou perversidades, mas devem reagir contra todos contra tudo o que thes dificulte a satisfagao dos apetites e desejos. Afirmam ser contra 0 anarquismo politico, mas exigem a aniquilagio dos débeis © doentes. Praticam a astro- Togia, a magia ¢ a feitigaria, declaradamente como mais um meio de vinganca. Afirmam que rejcitam o desenfreio sexual, mas em ques- io de sexo a satisfago dos instintos & a tinica norma ética, “Esta jo da carne, contrariamente a todas as outras religiSes que sio religides do espirito”, proctama La Vey. ‘A principal publicacio de La Vey & The Satanic Bible, onde se expoem os critérios da “Igreja de Sal a total inversio do Sermio da Montanha, Os rituais da The satanic rituals, também de La Vey. O mais blasfemo dos livros de La Vey ¢ The complet witch, or what to when virtue Jails, ‘A feitigaria & ponto alto na “‘Igreja de Sata”. Um exemplo ¢ a reagio dos adoradores de Sati quando obispo grego ortodoxe Shahonsky ousou criticar a scita. Contra ele celebrotse, no templo — abarrotado — de Belzebu, em San Francisco, uma Negra. Ritos de sortilégios © feitigos contra obispo ¢ de desagravo a Belzebu. ‘© templo parece preparado para um filme de terror. Na pe- numbra, 0 som do drgio cria uma atmosfera ligubre. As paredes do templo sao inteiramente revestides de preto. Atrés do altar as cortinas sio gatos ¢ passaros de rapina embalsamados. ‘Apés a “consagracio” da Missa Negra, 0 sacerdote elevando 0 lice de ouro, proclama: “Viva Satands”; ¢ 05 adoradores de Sata ‘gtitam em coro na escuridao: "*Viva’ La Vey se veste de preto © vermetho: calga-batio, longo man- fo, € na cabega um gorro com chifres: “Sauté, “Licifer, Belial, Le- viati, Belzebu... abram as portas do inferno! Facam sair todos 08 deménios dos abismos profundos ¢ venha 0 vosso triunfo. Atacai ‘em massa 0 bispo que vos infamou! 22. A iespeito do feitigo ao bispo, ef. T. P.: “Viva Sati" in Meio Flo, 1972, n. 3, p. 7, Para alguns dados sobre “The Church of Satan”, ‘ef. “The occult...” in Time, op. cit, p. 46. 15 © ex-domador circense de lees, Lay Anton Szandor La Vey, foi assessor téenico de Polanski no filme “© Bebé de Rosemary”. ‘A magia cresce. Uma pesquisa internacional, comparativa, rea- fizada pelo Instituto Francés de Opiniio Péblica, estabeleceu em 1974 que, enguanto na classe média francesa s6 17% das pessoas acreditam nas “faganhas” do “principe das trevas” € 25% na Ho- landa, nos EUA, porém, na mesma classe média, 60% das pessoas acreditam na terrivel atividade do demdnio. © “Centro de Estudos Politicos” dirigido por Clyde Nunn Te- vantow no mesmo ano uma estatistica comparativa com menos en- tados, porém mais significativa. Em 1974, 69% de um nd- mero-padrio de_entrevistados indiscriminados (no s6 classe méd ‘como na entrevista francesa) diziam acreditar em Deus, 8% menos, que 10 anos antes (77% em 1964). Em contrapartida eresceu pro- porcionaimente a renga nas intervengGes diabdlicas: 39% em 1964; dez anos mais tarde, em 1974, 48% dos entre nos acreditavam na possessdo’e outros mifagres © oeultismo est na moda. As livrarias sentiram esse interesse. Em Manhattan, por exemplo, na tradicional livraria Suilner’s, na Quinta Avenida, os livros sobre. a teologia das Tgrejas hi Tongo idas foram relegados a uma estante lateral. No bal- ‘esto agora_expostos livros das novas mo, de reencarnagio, de bruxaria Newsweek enumerava, s6- na bie werafia norte-americana, 2.545 titulos de livros sobre satanis © ocullismo, © que prova 0 interesse do puiblico estadunidense pela materia. A famosa Sybil Leck vive na Flsri essa — i venda dos seus livros sobre © espiritisme, Pro- clama ser uma “feiticeira hereditéria”, caja finhagem provém das bruxas do século XII, concretamente de 1134. Hoje nos EUA ninguém se surpreende com antincios como as “Excursoes_psfquicas” & Inglaterra, promovidas pela Pan Am. No prego de 629 délares “aos turistas do oculto” esti incluido uma vi- ia a um centro de curas psiquicas, uma sesso de espiritismo e um dia em Stonehenge acompanhados ‘do chefe da “Muito Antiga Or- dem dos Druidas”. E recebem seu mapa astronumerolégico. As 16 Nos Estados Unidos, os filmes 0 “Bebé de Rosemary” ¢ prin- cipalmente “O Exorcista” tiveram mais éxito. Milhares de pessoas ficavam “endemoninhadas”. Isto demonstra que lé a crenga diabé- lica é muito accita, Se os exorcismos 20 menino que inspirou “O Exorcista”” sio ‘algo antigos, os exorcismos realizados pelo Pe. Karl Patzel sio de hoje. © jesuita explicou, em entrevista coletiva, que visitou 14 ve- zes, em 29 dias, a residéncia do casal de Daly City (San Francisco) para cumprit 0 rito eatdlico de exorcismo e “libertar os moradores da casa das garras do deménio”. © jesute admitiu haver “sentido fe observado algumes obras de Sata durante algumas de suas visitas 3 casa de Daly City particularmente durante as sessies de exorcismo. Ele (Lécifer) tentava os moradores da casa com toda espécie de fataques © artimanhas... Certa ocasigo, 0 menino despertou.cho- rando; ao entrarem no quarto, os pais viram que sobre ele pairava ‘uma cadeira de balango”. 0 Pe. Patzel disse aos jornalistas que fora ajudado nos exorci mos por 20 pessoas e que queimou incenso em todas as dependén- ccias da casa, Afirma também que 0 caso, como o filme “O Exorcista”, poderia ensinar as pessoas a discernir as artimanhas de- moniacas de outros incidentes © promover os exorcismos nos Es- tados Unidos. * (Os sequazes da magia acreditam que, enfeitigando ou exoreizando tum boneco, danifica-se ou se destiga a pessoa por cle representada igica acabam de concordar um pastor anglicano € um padre catélico. Corria entre marinheiros a yor de que © es tito do gala canadense, Errol Flynn, morto em 1959, vagava desde entiio. no que fora seu iate, 0 Zacca. O jate agora estava sendo reconhecido como “Fantasma Negro”. Um pintor, Barry Floyd, fu- giu apavorado porque viu o fantasma... © capitio Gesff Clement, de um barco ancorado 20 lado, jura que ouviu musica e vozes de mulheres vindo do Zacca. Quando os exorcistas intervieram, 0 “Zacca” estava_na Franca, mas o pastor anglicano Brian Mattews © 0 Pe, Numa Gilly exorcizavam uma miniatura do Zacea levada pelo intor Barry Floyd. “Eu te exorcizo, 6 criatura, em nome de Deus. Nao deixes aqui teu espitito nem a chaga da corrupgéo... Deixa {que todos 0s espiritos voem daqui... Pedimos a protegio de todos 24. Muitos jornais de todo o mundo fizeram eco desta entre- vista, Cf, “EI Universal” do México, 20-1974: “Jesuita bra del De- monio a jovem matrimonio y su hijo mediante un ritual exorcista’ “ABC” de Madri, 22-1974: “Exorcismo en California”; 0 “O Globo” do Rio de Janeiro, 20-1-1974: “Jesuita explica como exoreizou a fn- milla livrando-a do’ Gao” etc. a 8 anjos para guardar, cuidar © proteger tudo 0 que ocorre a bordo deste navio... Liberta esse barco de todo espirito de deménio. ..”” ‘Tranqiiilizados pelo exorcismo, as testemunhas afirmam agora que o fantasma de Errol Flynn deixou definitivamente 0 iate. O “Natio- nal Enquirer” divulgou por todo © mundo a noticia deste exorcismo realizado no fim de abril de 1979. 7° Em San Francisco, em 1974, uma familia vie objetos “'voando”, Uma faca, por exemplo, som que ningugm a tocasse, pulow de uma mesa e 3 cravou na parede, “A. crianca parecia ser o centro do espirito mau — proclama o Pe. Riley —, embora o casal tambéur soliesse manifestagdes de movimentos de vbjetos, fenbmenes que um dos sacerdotes exorcistas descreveu como possesséio demo: Um grupo de sacerdotes foi-se revezando em pequenos grupos durante 15 noites para rezar ininterruptamente os exorcismos © assim vray a cranes “das gntras do demnio”. © Pe Riley adve te: “O mais importante & que a histéria, que teve um final fi nto & nenhuma fccao, mas pura verdade”. "A Arquidiocsse. ds. San Francisco off indo um grupo de exorcistas ente pelo c. Miles Fime comunien a seus 4 milhdes de Jim contribui ainda mais. para a multiplicacdo da. braxa the occult revival”. Tal a chamada de capa. S6 grandes pe agens conseruem ser capa da (io celebrada revista. Desta vez aparece 0 dk sob forma de um monstro encapugado. Embai- xo da figura: “Satan Returns”, No miolo da revista apresenta-se farto material fotogrilico © informagées sobre 0 culto sat “Uma onda de fascinio pelo ocultismo apodero-se da nagio” sen- tencia um dos titulos. Eserevo quando a TV difunde pelo mundo mais uma interven: io dos tribunais ap6s os exoreismos, Um jovem) ‘mata 0 amigo, Entrevistas a ridids, jornais, revista, do sacerdote exurcista plenamente Convieto ‘da agin e possessio bélica, E 0 impasse para os tribunais: o culpavel € 0 deménio? 25, GE Fotos & Fotos. Gente: “Caso de exorismo”, 20-4187, 586. a 26, Centro de Comunicagdes da Arquidiocese de San Francisco, em *San Francisco Chronicle” 10-1974. "Um. jsia espatha nee fasos vindiscutivels” de possessio; Malachi Martin, $1; Hostage fo the Devil: Nova lorque, Reader's Digest Press, 1976, traducio Marina Lefo Teixeira e Viriato de Medeiros, Reféns do Diabo, Rio de Taneiro, Novo Tempo, 1916. 2. "Phe Occult.” in Time, op. cit. 18 contra interpretagio diabélica? area Como julgé-lo? Dectarar-se- Enfrentardo o bispo que autorizou os exorcismos? Qual ser ¢0 de toda a diocese ou da Igreja norte-americana? ** Mais na Itélia, No sul da Itilia, a Lucdnia parece 0 paraiso dos feiticeiros. Verdadeira psicose coletiva. Eric Hobsbawn afirma que no sul da Itilia os bandidos levavam, para defender-se das ropas inimigas, “‘amuletos” bentos pelo Papa! Assim se julgavam protegidos pela Santissima Virgem e insistiam em seus roubos crimes! * ‘Como em todos os paises, as livrarias da Itélia confirmam que 0s livros sobre ocultismo alcangam maior difusio, Uma livrati italiana fez a seguinte experiéncia: cofocou na entrada da livraria O Chejao, Love story, um livro sobre a segunda guerra mun uma biografia, um volume de divulgagio cientifica e... O dicio- irio infernal, de Collin de Plancy. O dicioné © mais ma nuscado, © diretor da livraria Rizzoli, via Veneto, Roma, diz: “E uma verdadeira explosio coletiva. Os livros sobre feitigaria, mistério € cult 10 vendides como piezinhos quentes”. © leitor médio italiano passou a dar e reecher de presente a Enciclopédia da magia A perfeita bruv @ da fetigaria. Os jovens, para suas manor escrito por um grande mestre da Iyreja de Sata ‘da Califérnia Nos Quaderni di Studio dos franciscanos de Assis, difundidos a todo o clero da Itilia, se advoga Nao é possivel calar mais, seja dita a palavra segura e esclare- cedora. Seria erro imperdoavel prescindir, mas é um dever o poder ‘que Cristo conferiu a Tgreja e a seus sacerdotes. # um carisma de servigo. Nio se pode justificar que se negue absolvicfio ao peni- tente ou a administracio de outro sacramento devidamente solici- tado. “Assim nfo se pode refutar ou desconhecer 0 exercfcio de um ministério (0 exorcismo) tio solencmente inaugurado pelo proprio Cristo. 1 um dever e uma obrigacio de consciéncia do qual somos ‘ehamados a assumir a responsabilidade. ** Todos os anos, hé um espeticulo... medieval na pequena lo- calidade de Fanzolo de Vedelago, na regio véneta, Norte da Italia E famosissima a Virgem de Caravaggio, que fora vista 1é em 1432. 28. Para os detalhes, cf. Alavanea (boletim dos Cursithos de Cristandade, do Brasil), 1981, julho. 29. Cf.’ Veja, 1-6-1916. 80. Davi Barrani, “Os deménios voltaram” in Intervalo 2000, 195.1972, p. 17, ‘31. "A. C., “Hsorcistato neli'attivité pastorale” in Quaderni di Studio, n, 4, B. 6. 19 Enormes romarias visitam o santuétio, especialmente na festa de 27 de maio. Entre a multidio que grita ¢ insulta os dem6nios, algumas mulheres “endemoninhadss” so levadas, pelos familiares, arrasta- das, ¢ mesmo engaioladas!, aos pés da imagem a espera de que a SS." Virgem expulse os demonios. ‘Outra “‘meca” dos “possessos” na Itilia € Sarsina, municipio da Provincia de Forli, nos Apeninos de Romanha. Na catedral, d cada a S. Vinicio — que foi famoso exorvista —, hii uma espécie de corrente de ferro usada pelo Santo. Hoje continuamente 0 vi girio coloca a corrente ao redor do pescogo dos “endemoninhados” para livré-los de Satands. Os “‘endemoninhados” vém de todas. as so 8 catedral de S. Vinicio, € freqiiente que 0" se agite, grite, se contorga, babe, ressopre, abra desmesuradamente os olhos, irrompa em blasfémias. Nesses casos co, seis ou mais homens ajudantes do ima eadeira de ferro — “de madeira, quebrar- ‘onde receberd os exorcismos © se the esto habituados a estes espeticulos. lugar de turismo, pelos exorcismos, além de ser um romantico. Sarsina esté a poucos quilémetros da via expressa Milio—Rimini, pela qual, todo verdo, mithares de turis- {as procuram as ensolaradas praias da Riviera no Adriatico. Um dos mais famosos exorcistas da Itélia & 0 Pe. Faustino Ne- grini, Ha 50 anos vem aspergindo os “endemoninhados” com éleo, sal ¢ gua bentos, recitando exorcismos, imprecando com o crucifi- x0... A igreja da Estrela, em Gussago, é visitada por multiddes para ver os “endemoninhados”, que sto trazidos até da Suiga © dda Franga: ‘Quando um jornalista indagou sobre tal pritica, Mons. Angelo Mair, diretor da Secretaria de Imprensa da Céiria Arquidiocesana de Milao, respondeu: (© Papa lembrou a bumanidade recentemente sobre a presenca de Satands... Ele age e age de maneiras diversas, inclusive apode- Tando-se de criaturas humanas, ¥% justamente neste caso que se faz hecessiria a intervencio do exorcista... Os sacerdotes que se de- Sicam a afastar os demOnios estéo expostos a grandes perigos: 0 desafiar as forgas do mal nfo é coisa de poica monta. Basta citar © exemplo de S. Joao Vianney, o cura D’Ars, que era um poderoso exorcist, © deménio 0 odiava de tal maneira, ficando furloso con- a, € 0 atam —e 0 levam ao al 32, Divulgado pela Agéncia Bfe em 28 de malo de 1978, Cf,, por exemplo, “Tres mujeres endemoniadas en el norte de Italia” in "Hoja del Lunes (Mélaga, Espanha), 29-5-1978. 20 tra_as derrotas que o santo the dava, que nio Ihe concedia trégua, © dembnio 0 perseguia por todos os ‘Iados, em todos os momentos. ‘Chegou 0 deménio a0 ponto de queimar-ihe a cama. Até hoje os que visitam Ars, ao entrarem na casa onde viveu S. Joo Vianney, vyéem espantados 2 sua cama completamente carbonizada. 3 Estudaremos caso do Cura D'Ars... Com a explicagio dada por tdo alta autoridade cat6lica; com o exemplo de um santo; com 0 turismo que se apresenta em Ars (Franca) — e em tantos outros lugares onde 0 deménio até teria fendido os muros: Loyola (Espa- nha), Assis (Itélia) etc. —, a interpretagdo demonolégica continua © eresce. Corrado Balducci, em Roma, na Tipografia Poliglota Vaticana, publicou um livro cujo titulo diz tudo: Gli indemoniati.™* Posterior: mente mitigou um pouco suas idéias numa 2.* edigéo revisada, mas continuou aceitando alguma freqiiéncia em casos de intervengio e possessio demoniaca com toda classe de prodigios. Em Portugal. Feiticciros, bruxos © médiuns espiritas sio fre- lentes em Portugal. E também padres exorcistas, Colaborando com 0 CLAP, onde realizou um estagio de estu- dos, o jomalista Sr. Pato fustiga essa mentalidade magica. Os fet ficeiros reagem: Recebi hi algum tempo, por via postal, um elegante boneco atravessado por agulhas, Com versos pouco caritativos dedicados a ‘minha pessoa. A dédiva descansava sua pequena cabea sobre um al- mofadio, e 0 conjunto jazia languidamente no interior de uma urna- -saredtago forrada de veludo preto. Algumas gatas de sangue, ar- tisticamente pintarrajadas no peito e nas pernas da figura, davam a0 quadro 0 toque macubramente indispensivel. Obra graciosa, ar tefato gentil de alguns dos meus amaveis leitores, que assim repro Guzia 0 gesto mil vezes repetido desde os albores da humanidade e da estupidez de dar fim aos sous somelhantes... enfeitigando-os. * Em Lisboa, bairro judeu ainda no século XX € um fac-simi- Te da Idade Média. “Pitonisas que Iéem o futuro na égua, no chumbo, no espelho, na borra de café. E preparam suas droges. . com ossos de mottos, pélos de cachorros, peles de gatos, rabos de salamandras..." Quando Lombroso, psiquiatra e jurista italiano, escrevia estas palavras, a revista alema Wetspiegel dava a Portugal © pouco honroso titulo de “‘reino dos bruxos”, afirmando que em 38. “DemOnio encarna mais nas mulheres que nos homens” in “O Estado”, Fortaleza, 2251975. BA. Corrado Balducci, Gli indemoniati, Roma, Coletti, 1959, 39, Heitor Baptista Pato, “Feitico e supersticio” in Edicdo Es. pecial (Lisboa), 841979, p. 1X. 21 nenhum outro pais os impostores Iucravam tanto como Ii. (Na realidade, o problema & bem pior na prépria Alemanha. ..) “B evidente — continua Heitor B, Pato — que a bruxaria, & quanto com ela se relaciona, conhece hoje um inusitado vigor. | E tem expetimentado um extraordindrio aumento tudo o que, de alge- ma forma, se telaciona ou vincula com o desconhecido, com 0 além, com forgas superiores extrahumanas ow sobre-humanas. E mais ainda na Alemanha. Nao hi muitos anos foram acusa- das de bruxas em cidades.alemas trezentas pessoas, mormente nas regides da Baixa Saxénia. *” (© jormalista inglés Horst Knaut calcula que (rés milhdes de pessoas na Repiblica Federal da Alemanha participam de organiza- qGes ocultistas, € que talvez. sete milhGes simpatizem com as “cién- cing sceretas” “scitas estranhas” (© miimero de simpatizantes © par damente. ™ com tristeza que se Ié a ingénua previsio de Oesterreich. Acreditava ele que os teblogos. protestantes alemies, a partir do ssculo XVIIT com Johann Salomon Semler, levariam & detrocada 0 deménio © que, no_século XIX, se nio tinham erradicado plen: mente do protestantismo a erenga nas possessbes © outros prodigios demoniacos, 0 menos tinham-he assentado um golpe mortal, "A teoria demonfaca dos. primeiros stianismo se. perpetwa sem mudanga do lado da Igreja Catélica” somente. Veremos que a afirmagio & caluniosa no que se refere a dou- trina da Igreja Catslica, Mesmo na prética moderna, « bicrarquia catética oficialmente apresenta muitas restrigdes it “teoria demoni ‘pantes esti crescendo rapi- 35, Cesare Lombroso, Ricerche sui fenomeni ipnotici e spiritici, tradugio de Femando Weller, Los fendmenos de hipnotismo y espirt Tismor Madi, ME. Aguilar; uso e traducio de Almerindo Martins de Gastro, Hipnotismo e medhuntdade, Tio de Janeiro, Federagio Espi rita Brasileira, s.d., pp. 11S. 31 José Repoliés, La Brujeria Actual, Barcelona, Brugera, 1975, 31 PMs. Friedich-Withelm Haack, Von Gott und der Welt verlassen. Der religlose Untergrund in unserer Well”, Dusseldorf, 1974, pp. 100 1134, ‘30. ‘Traugott Kostantin Oesterreich, Die Besessenheit, Wendt, Langessala, 1621; utilizo # tradueao francesa de Les ‘possédes, 1a Dowesrion’ démoniague. chez les primitifs, dans Vantiquité, au mo- Jomage et dons ta cvitisation moderne, Paris, Payot, 1927, pp. 236s. Hradugao (do francés) por I. D., Possession, demonical & Other among primilive races, im antiguily, the middle’ ages, and modern times, Rew Jersey, University Books, 1866, pp. 240-263; 249. 22, E verdade, porém, que tem havido lamentéveis excegdes de determinados bispos. O picante no famoso caso Anneliese foi que © Pe. Adolf Rodewyk, chamado para exorcizar a jovem, ndo pode aceitar, porque jé estava ocupado com cinco outros casos! Tudo com 0 consentimento dos seus superiores jesuitas! (Embora com a ‘oposigao de outros tedlogos jesuitas significativos). E com todas as aprovagdes, um tanto mais permissivas que encorajadoras, dos res- peetivos bispos diocesanos! © Pe. Rodewyk vé freqiientes possesses demoniacas por todas as partes. Pede que se administrem os exorcismas em vor baixa; se ‘© suposto endemoninhado reagit com insultos, blasfémias e agdes semelhantes, & prova de que realmente est possuido (7!).“* “Neomaniqueus” no século XX? O Pe. Sudbrack critica o método do Pe. Rodewyk para diagnosticar a possessio demoniaca, mas acredita que a tnica atitude perante determinados fendmenos & duvidar. Nao accita critérios absolutos em favor da possessio, mas admite que mesmo quando um fato possa ser explicado completa mente por forgas naturais, por exemplo uma docnga hem vulgar, mesmo Ii essas orcas naturais so também influencis! — gover- nadas ou identificadas por forgas demoniacas. ‘A mesma tcoria defende » Pe, Rahner, Acha impossivel marcar uma fronteira entre doe ural € possessio demoniaca. As idgias magicas, supersticiosas © delirantes de um individuo ou de uma Spoca, suas disposigdes, sts virtualidades doentias © suas faculdades poucos tedlogos conhecem, Rahner ao menos icologia — seriam além de naturais, também “mani Festagdes. palpaiveis. do fundamental das forgas demoniac em todo. 0 mundo, "* Nenhum desses autores apresenta base vilida escritur teoldgica. Karl Rahner o recon niidade. "* ica ou e expressamente em outra oportu- 40. Adolfo Rodewyk, SJ, Die dimonische, Besessenheit inder Sicht ies Rituale Romanum, Zurique, 1963, pp." 6s. 41. Joseph Sudbrack, S.J, epigrafe “possessio” (“Besessenheit”) in J, Henninger, R. Schnackenburg, A. Darlap, H. Paulus, B. Kotting, (orgs.), Lexicon’ fir Theologie und Kirche, Fretburg.in-Breisgau, 1937, 22 ed.,' 1959, tomo IX, p, 263; e na revista Geist und Leben, tomo 38, 1985, pp. 13is. ‘42. Karl Rahner, H. Vorgrimler, epigrafe “Possession” in Petit Dictionnaire de Théologie Catholique, Paris, 1970, vol. TX, p. 312 48. Karl Rahner, epigrafe “Démonologie” in’ J, Henninger, Lexi. con..., op. cit., tomo 3, p. 145. 23, SE a Ae alarmante — e verdadeira — a afirmago que fez 0 Pe. Renz (0 exorcista de Anneliese): “O exorcismo é atividade praticada pela Igreja Catdlica muito mais freqiientemente do que se imagina. que as familias dos possessos ¢ a Igreja costumam guardar segredo sobre tais casos”. ** ‘Com referéncia as camadas populares do protestantismo alemao, a crenga nos poderes demoniacos no recebeu 0 golpe mortal que Oesterteich esperava. A Alemanha do século XX — tanto catélica como protestante — passa por um dos piores perfodos magico-de- moniacos da sua histéria. © professor Dr. Johann Kruse, de Hamburgo, ha mais de qua- renta anos vem estudando a bruxaria. E famosa a sua reportagem para a ONU. Ele equipara a Alemanha atual, no que se refere & prética da bruxaria, com as épocas mais escuras ¢ tenebrosas da Idade Média. Recolhe muitos indicios entre os que cada_vez mais freqientemente vém 2 tona: ‘Suicidio, invalidez, transtornos mentais, crimes scxuais, profanacio de cemitérios” — resultado atribuido ao excroicio da bruxaria — sfo freqiientemente divulga- dos na Alemanha. Foi na Alemanha que nasceu a abon ‘grupos satginivos derivados da “Ordo ‘Templt a “Fraternitas Saturni” © a “‘Igreja do Juizo Final” no chegam aos extremos siidicosexuais © & perversio anticrist tio violenta como ros tempos de Crowley. Tém templos principais nas grandes cida- des: Berlim, Munique, Frankfurt, Hamburgo, mas também tm adep- tos em diversas zonas rurais de Friburgo, Lubeck etc. Em 1951, poucos adolescentes alemaes tinham noticia da bru- xaria atual, Numa pesquisa realizada entre 500 alunos de uma escola profissional, 99% dos adolescentes oriundos de camadas po- pulares afirmaram’ tor certeza de que nao existem bruxas. Mas a mesma pesquisa, repetida em 1975, demonstrou que tal certeza di- minuiu para 55% dos alunos da mesma escola profisisonal na ‘Alemanha Federal." E vai aumentando o ambiente da bruxaria. A policia de Messe declarou que a bruxaria criminosa da Alemanha é mais freqiiente ‘agora que em nenhum momento dos iiltimos cinqlenta anos. * “4. “A morte sob Sati” in Veja, de 186-1976, p. 59. 45. C,H. Wallace, Witcheraif in the world of today; uso a tradu- gio Miguel Giménez Sales, La Drujeria en et mundo moderno, Barce- ona, Edisven, 1971, pp. sds. 46. Haack, Von Gott..., op. cit, pp. 118-125, 47. “A regressto & bruxaria” in Veja, 39-1915, p. 54. 48. Wallace, La brujeria..., op. elt, p. 49. 24 Segundo Nugent, Pio XI teve nas suas mios provas certas da filiagio de Hitler a uma seita satdnica, secteta, provavelmente a oT0.” ‘Também na Inglaterra. Ha muitas livrarias em Londres lo- tadas de livros de bruxaria ¢ magia. E “‘ndo existe nenhuma di- vida, nem sequer entre as forcas da policia, de que hé muitos grupos — (chamados sarcasticamente) ‘conventos’ — que se red- nem com freqiiéncia e regularmente em toda a ampla regito de Londres. E simplesmente um fato accito na vida contemporénea da capital ¢ de toda a Iiha”.® Harry Price, um dos parapsicélogos mais famosos da Inglaterra, especializou-se em satanismo. Pouco antes de sua morte, em 20 de marco de 1948, declarava num informe como secretirio do Conse- Tho de Pesquisas Psiquicas da Universidade de Londres: “Em todos os bairros de Londres centenas de homens e mulheres, de grande cultura ¢ familia distinta, adoram Satands ¢ the rendem culto pe pétuo. A magia negra, a bruxaria, a evocagio do diabo, essas trés formas de superstigao medieval se’ praticam na atualidade em Lon- dres numa scala ¢ com uma liberdade desconhecida na Idade Média”. * Parecia que o ambiente de bruxaria fora primeiro substituide pelo de espiritismo, as bruxas pelos médiuns. Recentemente, espi: ritismo e bruxaria, satanistas © médiuns deram-se as maos’€ na Inglaterra pululam grupos que praticam espiritismo e satanismo con: kim de diversas espécies de ocultismo. Na pritica, a Jo & deixar o eventual homossexualismo para os centros de puro espiritismo, enquanto que nas reuniées com maior dose de satanismo tem de haver igual niimero de homens ¢ mulheres; sob a diregio da Grande Sacerdotisa, a que os membros chamam “my lady”, os atos migicos e de encantamento vao sempre combinados com os “‘ritos de fertilidade” ¢ erotismo. * “A Besta do Apocalipse”. Na Inglaterra surgiu Aleister Crow- ley, “o homem mais perverso da cri como ele préprio se jac- tava. Proclamava que sua intengao era destruir todas as regras da 49, D, Nugent, “Satan is a Fascist” in The Month, 1972, abril, 50. Wallace, La brujeria. .. op. cit., p. 31; Christina Hole, Witch. erajt in England, Londres, B. . Batsford, 1947. 51, Citado por José Luis Baquero, 85., Ei diablo y su tiempo, Santander, Sal Terrae, 1963, pp. 12s. ‘82. John Drysdale, “A escalada das bruxas” in Manchete, 17-9-1977, pp. 75-71, Gerald B. Gatdner, The meaning of witchcraft, Nova Iorque, Samuel Weiser, 1959, 28 ed., 1971, 3% ed., 1976. 25 convivéncia humana, optando deliberadamente pelo que fosse mais obsceno e mais sacrilego. Nada prenunciava que haveria de chegar a tal perverséo aquele homem de figura grosseitamente masculina ¢ macs efeminadas, culto, ante, irresistivel as mulheres. Nascido em 1875, sua infanc transcorreu em Leamington. Era filho de um rico © austero ¢o- merciante de cervejaria. O dia comecava pela leitura da Biblia, ¢ com a leitura da Biblia se preparava para dormir. Reeebeu as fordens menores na Igreja Catdlica. Foi um respeitado poeta na Universidade de Cambridge. Compds admirdveis sonetos, ilustrados ‘com as mais belas reprodugdes de Rodin, a quem admirava. Mas as ciéncias ocultas 0 apaixonavam, Traduziu Baudelai ‘em versos ingleses digno do autor francés. FE abandonou 0 cismo para consagrarse a0 ocultismo. Durante 4 meses percorreu a pé os intermin China, De noite ficava comportadamente em companhia de sua es posi ¢ seu pequeno filho. Depols eruzou o deserto do Sara, Bsca low as vertentes do Himalaia. Estudou com os lamas do Tibet © com os iogues da India; lew todos os livros de John Dee, astrdlogo de Isabel I; presumia ter descoberto 0 livro de Magia Sagrada do ‘AbrarMelin em que se teria inspirado 0 famoso ocultista liphas Levi. Fscotheu como guia Nana Gahid, lider hindu respon- sdvel pelo massacre de Cavapore A medida que avangava nos estudos de magia negra, ocultismo fe satanismo, foi trocando de identidade. Seu verdudeiro nome, Edward Alexandre, foi substituide por Aleister; no Oriente foi o Principe Chioa Kaan; na Escécia, Lord Boleskire: e quando se ins- talow_em Londres se “fanatizou” com o nome de Conde Wladi- mir Svaref. Em 1898, Crowley se introduziu na “Golden Dawn", socieda- de seereta ai que pertenciam Arthur Machen © 0 poeta Yeats. Mas Aleister Crowley nfo podia ser segundo de ninguém, rompcu com aquela sociedade © fundow a “Si 7 fem Londres com 38 membros ativos. Em Berlim, fundou c dirigia durante 1920-1922 as revistas Gnosis © Luzifer. Teve muitos seguidores. Foi ele quem dew vite- lidade, na Alemanha, & seita “Ordo Templi Orientis” (OTO) fun- dada no fim do século passado por Karl e Franz Hartmann. Pre- tendiam continuar a obra atribuida caluniosamente aos templérios, realizando desde 0 inicio cultos orgisticos de cunho sédico-sexual. Mudou-se para a Italia, “A Besta do Apocalipse” (da qual se considerava reencarnagao) fundou no porto siciliano de Cefalu a de Thelema, imaginada por Rabelais. Aquele templo de negra se transformou num antro de orgias. Sdbte os muros foram desenhados, pela mao de Crowley, todas as posigdes imagi- naveis do ato sexual. Cinco vezes por dia, Crowley com’seus dis pulos e concubinas se reuniam para os ritos gnésticos: sacrificio de animais, invocagdes de demdnios ¢ desenireio carnal. Parece que houve também sacrificios humanos. Com o sangue se cobria 0 corpo nu da “virgem” que fazia de altar. Crowley afir- mava que o melhor sangue para preparar a héstia da “comunhio” 0 das criangas € dos inimigos. * Os camponeses de Cefalu, muito inclinados as superstigdes, quietaram-se, contemplando como aqueles satanistas corriam nus las praias, acendiam fogueiras & noite © pulavam ao redor, langando sritos © blasfémias. As autoridades © 0 governo italiano chegaram a ficar preocupadas. Crowley exigin adoragdo nao s6 a Satands, mas também ao Fiihrer da Alemanha, Hitler. Fstaheleceramse os 75 preceitos da “biblia crowleyana”, que se reduziam a dois: “Faz 0 que queres, este ¢ 0 complemento da lei (Do what you will, shall be the whule of the kaw"; © °O. amor € lei” (Love is the law"). Claro que por en: tendia unicamente aberragio sexual. Crowley entendia o sexo como um meio eficaz para concentrar as forgas dest Contra qualquer um; principalmente contra os ja. © grito de guerra sempre tepetido era “Morte ao. traidor”, traidor seria Cristo. Era uma escravidio total a0 “Grande Pontifice”. Cada di wo usava_um cunivete para se cortar cadaver que pronun- se a palavra “cu. Somente Crowley, “O Mestre”, “A Besta”, “© Grande Pontifice da Magia Negra”, podia dizer “Eu”. Como ‘enearnagiio de Satands, pretendia fazer-se 0 dono do mundo. O. mun- do pertence a Satanés, hé que recuperé-lo do traidor. Pretendia fa- zer-se dono do mundo colaborando com Hitler. O Fuhrer pelas ar- mas: Crowley pela magia, drogas © sexo. De novo na Inglaterra, Aleister Crowley tinha como suprema 10 substituir o cristianismo decadente pelo crowleyanismo, que Mas nem todos toleravam a escravidao a que submetia seus seguidores. Em Bolaskine, foi incapaz. de controlar os “endemoni nhados” que atraiu a seu templo; seu motorista foi vitima de “deli- rium tremens”; uma vidente londrina que trabalhava com ele 0 substituiu pela prostituigdo de rua; 0 proprietétio da casa fugiv, sumiu misteriosamente; um operdrio vizinho tratou de assassiné/ 53, A. Rosenberg, Die Prakeken des Satanismaus vom Mittelaiter bis zur Gegenwart, Nuremberg, 1965, p. 92. 20 © acougueiro da cidade, apés discuss com Crowley “se cortou aci- dentalmente” (2) a ariéria femural e morreu... Rose Kelly — filha de um pastor protestante —, sua primeira mulher, nao aceitou a conduta do seu marido convertido em mago € se divorciou. O filho o abandonou. A segunda esposa, Maria de Miresmar, logo apés 0 primeio ano com “A Besta do Apocalipse” teve de ser in- ternada definitivamente num manicémio, F outro tanto — sepa ¢40 04 loucura — ocorreu. & maioria das “mulheres. escalates’ nome que Crowley assinalava s suas sucessivas esposas € concubinas (Ap 17,5), que devia tingir 0 eabelo de vermelho antes de encor trar-se com 0 “Vigério de Satands na Terra”. Quando Crowley acha- va que alguma das concubinas 0 desobedecia em qualquer detalhe absurdo, era exibida nua, com os bragos em cruz, © marcada com um ferro candente que levava o emblema do Grande Pontifice Poucas © suportaram. Deixou escritas 107 poesias erdticas e livretos de magia. Seu folheto mais conhecido é Magic in theory and practice. Em 1947, abandonado © miserével. esgotado de corpo e alma pelos excessos © drogas, com as faculdades mentais perturbadas, morre num subtirbio Aleister Crowley, 0 “profeta diabélico”, “a personalidade mais imunda da Gré-Bretanha”. Apos a morte de Crowley, a “Ordo Templi Orientis” (OTO) continua clandestinamente. Sabe-se, porém, que o sucessor de Kellner, de Hartmann, de Crowley tem agora a sede central mun- dial na Suiga, cm Stein, junto a Appenzell. * Alex Sanders. G. Gardner foi o fundador © mestre de uma seita de bruxos que conta hoje com muitos milhares de adoradores de Sati. Circulos migico-ocultistas para adivinhagSes, invocagées a orixis, exus e espiritos de mortos, dangas... Homens e mulheres completamente nus. O atual mestie supremo em sucessio a Gard- net & Alex Sanders, que se faz chamar ‘rei das bruxas Fle © seus siiditos querem ser chamados de “bruxos.brancos em contraposigao aos “bruxos negros”. Qual a diferenga? & determinar. Escutei um propagandista do satanismo branco. Néo 54. John Symonds, Kenneth Grant, The magical record of the beast 666, Londres, Gerald Duckworth,"1972, "E dos mesmos auto- res: The Confessions of Aleister Crowley, Nova Torque; Hill and ‘Wang, 1970, Cf. um resumo do livro de Symonds, The great beast leister Crowley. El hombre mds perverso de ta creacién in Clarén, 55.1974, pp. 35, Também, para alguns detalhes, Luis. Betton “Historias, mitos y leyendas del seior Lucifer”, sete artigos, in. quivos do'CLAP, Recortes, socio “Bruxaria Demonologia”, n. 108 p. 68. 55. Sanders, in The jamily..., op. cit, p. 1877 Quick (revista im glesa), sobre “Ordo Templi Orientis”, 1975, n. 13,'p. 54. 28 parece que eles tenham clara a diferenca, Dizem que nao conside- ram a Sata como um inimigo escuro, negro, de Deus, mas como seu Deus, branco e claro; nao pretendem — a0 menos diretamente — perseguir 0 Deus dos cristaos, mas desenvolver sua propria perso: nalidade e ajudar-se mutuamente. Os bruxos negros estéo 4 esquer- dda, os bruxos brancos & direita. Parece-me que talvez possam ser considerados como uma certa evolugio positiva do clissico satanismo. Num galpao enorme de sua casa em Notting Hill, Londres, 0 “sacerdote satdnico”, Alex Sanders, celebra regularmente culto a Liicifer. Assistem sistematicamente muitos jovens de ambos os sexos completamente nus. Vivem em 600 “comunidades saténica De volta & Idade Média, Escrevendo em 1912, logo alcanga- va prestigio como grande autoridade na matéria o tedlogo Bertrand nem nio considerar a bruxaria como ‘uma realidade objetiva senio como produto da imaginagao, pode mos opor autoridades perante as quais mesmo os ‘espititos’ fortes se inclinam” Entre os “protestantes, na Igreja da Inglaterra, continuou a medieval ¢ “tradicionalista” resolugio do Sinodo de Cantuéria, em 1958. Afirmou encrgicamente a possibilidade da possessio diabéli ca ¢ rejcitou a proposigao dos bispos e tedlozos que pediam que se reyisasse © valor doutrinal da crenga na atividade dos demonios. Lamentivel que essa resolugao surgisse precisamente da. Igreja da Inglaterra, a mesma que antes avangara ao lado da ciéncia © proibira a administragao de exorcismos em 1604 — Roma s6 os proibiu em 1917! Na Inglaicrra ¢ no mundo, & famoso como exorcista 0 pastor anglicano John Neil-Smith, da Igreja do Salvador, em Hampstead, Londres: administrou perto de 3.000 exorcismos solenes a pessoas de varias partes do mundo. Ele mesmo foi exorcizado: Aconteceu ha ji bastante tempo, quando comecava a estudar esse tipo de fendmenos. Uma forea se apoderou de mim, da noite A manhi, e me fez realizar coisas que poderiam ter resultados pe- Figosos, "Ento fui & easa do pastor que era meu mestre (de de- monologia) para pedirthe ajuda. Ele me exoreizou. De forma que sel muito bem como se sente a gente, antes e depois do exorcismo A preparacio a recebi do Pastor Gilbert Shaw, meu exorcista, que me ensinou que 0 que acontecia as pessoas era a interferéncia de uma forca maligna e néo algo subjetivo, fruto da imaginagio.™ 56. Cf. “A Regressio...” in Veja, 3-9-1975, p. 54 51. I. Bertrand, La sorcellerie, Paris, 1912,'p. 7. 58. John Neil-Smith (entrevistado):' “Un' reverendo combate al demonio” in Arquivos do CLAP, “Recortes”, secdo “Bruxaria-Demo- nologia”, n. 90. 29

You might also like