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Sena Co Welle MANUAL PRATICO Ree webs nCye 32 edi¢Go - Revisada e Ampliada eel Me eMac Copyright © 2009 de Editora Musica & Tecnologia Lida Diagramagio e ilustrago da capa: Client By -clientby.com.br Revisiio: Ligia Diniz Impressao ¢ acabamento: Grafica Stamppa Dados Internacionais de Catalogagao na Publicagiio (CIP) V273m Bed. 09.07.09 Valle, Séton do ‘Manual pratico de actistica / S6lon do Valle. - 3.ed, - Rio de Janeiro : Miisica & Tecnologia, 2009 2355p. i. Inelui bibliografia ISBN 978-85-89402-14-9 1, Engenharia de actistica 2. Actistica. 3.Som, 4, Bstiidios de som - Projeto e plantas I. Titulo, 09-3390, CDD 620.23 CDU 681.8 14.07.09 013733, 2009 Proibida a reproducio total ou parcial Os infratores seriio processados na forma da lei Editora Musica & Teenologia Ltda, estrada de Jacarepagua, 7655, sala T04 Rio de Janeiro - RI- CEP 22.753-045, Sumario Introdugdo Definigdes Fundamentais Como Sentimos Freqiiéncias e Notas Musicais O Decibel A Audig¢Go Humana Propagagdo do Som ao Ar Livre Fundamentos da Acustica Parametros Actsticos Diretividade das Fontes Sonoras Acistica de Ambientes Fechados Ondas estaciondrias e Modos lsolamento acustico Medidas de Audio Portas, janelas, visores e dutos Condicionamento acustico Calculando a Actstica O condicionamento do ar Estidios para ensaio Estddios de grava¢co Microfones Pré-amplificadores e mesas Equipamento bdsico de grava¢do. Monitorag¢Go Apéndice 105 115 143 163 181 199 215 245 255 275 287 309 331 349 363 383. q a a Introdug¢do Gonhego bons livros sobre Acustica. Teatros, templos, paldcios, centros de exposig6es sao vistos, de um ponto de vista muito estético, mas... pouco pratico. Os autores ndo chegam a sugerir uma espécie de rotina de procedimentos. para estudar cada ambiente quanto a seu tamanho, aplicagées, caracteristicas especiais, muito menos a vontade do dono ou administrador de que funcione desta ou daquela maneira. Em outras palavras, ha muito saber descentralizado, muita cultura, mas pouca objetividade em meio a essa riqueza de conhecimentos. Por outro lado, vejo obras sendo realizadas sem um estudo adequado caso a caso. *Receitas de bolo" sendo aplicadas com resultados quase sempre aquém do desejado... e custos nem tanto. Seriam estes casos de excesso de objetividade? Certamente. Aqui faltou atengao ao detalhe, faltou sensibilidade artistica, faltou © que eu chamaria de sensibilidade técnica — uma capacidade de transpor, nos dois sentidos, a ponte entre a arte ¢ a tecnologia. Este livro se origina de textos que escrevi ao longo de varios anos, sempre buscando oferecer um tipo de informagao de fato util para quem quer se desenvolver no projeto de ambientes acusticamente corretos. Evitei certas equagdes e formulas dignas de doutorandos em Fisica, pois elas ndo tornariam a tarefa mais simples nem mais perfeita para o usuario médio. Mas entrei com a Matematica onde quer que ela se mostrasse util. Procurei buscar na Musica inspiraco para explicar muitos fendmenos fisicos, trazendo-os para mais perto do artista do que do cientista. Se vocé esta interessado em montar seu home studio, sonorizar a igreja de sua comunidade, corrigir a actistica do principal teatro do pais, adquirir conceitos sonoros para a produgao de CDs de sucesso, embarque comigo nesta viagem. 7 MANUAL PRATICO DE AGUSTICA Capitulo 1 Definigdes Fundamentais © que 6 Audio? Audio, palavra que existe em Portugués e em muitas outras linguas, vem do Latim audio, primeira pessoa do presente do verbo audire, que significa ouvir, Entao, Audio quer dizer “ougo”. No sentido técnico, entende-se por Audio qualquer fenémeno no qual ocorram de 20 a 20 mil ondas por segundo. O ouvido humano é capaz de perceber sons que contenham ntimeros de andas por segundo dentro dessa faixa. O que sao ondas? Ondas so fendmenos de repetigao ciclica, isto 6, onde se varia desde um valor de repouso até chegar a um valor maximo positivo; descendo-se de novo, passando pelo valor de repouso, desce-se até um valor maximo negativo, voltando-se novamente ao ponto de repouso, e iniciando-se outra onda semelhante. A esta “ida e volta” completa da onda, damos 0 nome de ciclo, REPOUSO. twin, scrcLo Ropresentagao grafica de uma onda 9 MANUAL PRATICO DE ACOUSTICA Frequéncia A frequéncia é uma das caracteristicas mais importantes do Audio. Frequéncia é 0 nimero de ciclos que ocorrem a cada segundo de tempo. Portanto, ao se dizer que a frequéncia (f) € de 1000 ciclos por segundo, queremos dizer que a cada segundo, acontecem 1000 ciclos de onda Unidade de Frequéncia: em vez de ciclos por segundo, utilizamos o Hertz, unidade de frequéncia que corresponde a 1 ciclo por segundo. Esta unidade foi assim denominada em homenagem a Heinrich Hertz (1857-1894), descobridor das ondas de radio, também chamadas ondas hertzianas. Exemplo: 250 ciclos por segundo = 250 hertz ou 250Hz (abreviatura) 5.000 ciclos por segundo = 5.000 hertz ou 5 kiloheriz = 5kHz Periodo Para certas aplicagées, torna-se mais util especificar o tempo de duracéio de um ciclo. Este tempo chama-se Perfodo da onda, sendo expresso em segundos. O periodo (t) € exatamente o inverso da frequéncia, isto é: & 1 ido = Segundo = Herz Exemplo: Qual 0 periodo de uma onda de 200Hz? Resp.: periodo = Foor = 0.005 segundos = § milissegundos ou 5ms 10 MANUAL PRATICO DE ACUSTICA Diferentes formas de audio As ondas de Audio podem aparecer de trés formas diferentes: + Nos corpos sdlidos, sendo chamadas de VIBRAGAO; + No ar, sendo chamadas de SOM; + Nos circuits elétricos, sendo chamadas de SINAL DE AUDIO. Nos sélidos, as ondas sonoras se apresentam como deformagées dos corpos, na frequéncia (fig. 2). MAXIMO. ae AMPLITUDE VIBRAGAO MINIMO| Vibragao de um corpo sélide 11 MANUAL PRATICO DE ACUSTICA No ar, as ondas sonoras so variagdes na pressdo do ar, acima e abaixo da pres- 880 atmosférica, que no caso é o valor médio da onda (fig. 3) AR MAIS RAREFEITO ONDA SONORA VALOR MINIMO PRESSAO ATMOSFERICA NORMAL .. VALOR MEDIO 7 AR MAIS DENSO ‘ VALOR MAXIMO ‘Onda sonora no ar Nos circuitos elétricos, as ondas se apresentam em forma de variacées na tenséo (voltagem) e/ou na corrente elétrica, nos diversos pontos do circuito; isto é, a tensdo efou a corrente varia acima e abaixo de seu valor médio ou de repouso, © qual pode ser zero, ou outra tenso ou corrente qualquer. ‘Onda no circuito elétrico 12 MANUAL PRATICO DE ACUSTICA Velocidade do Som Conforme o meio © a especie de onda, varia a velocidade de propagagaio (V,,,.)s 00 $e )A, @ Velocidade com que as ondas se deslocam. Em um meio mais denso, ‘@ velocidade aumenta. Nos sdlidos e nos liquidos Nos sdlidos e nos liquidos, a velocidade depende da densidade do material e da temperatura, sendo sempre superior a velocidade no ar. No Ar Avelocidade do som no ar (V,,,,) depende da temperatura, podendo ser calculada (a0 nivel do mar) pela expresséo: Veen = 20,06-VT +273 mis onde T 6 a temperatura em graus Celsius. Exemplo: Calcular a velocidade do som, ao nivel do mar, 4 temperatura de 21°C; RSP.: Vyqy = 20,06 x 214 273 = 344 mis No Circuito ‘Avelocidade das ondas no circuito & a mesma da eletricidade, e da luz: 300.000.000 metros por segundo. Existem certos tipos de circuitos que provocam retardo dos sinais que os atravessam. Isto no quer dizer que a velocidade tenha variado: na verdade, esses circuitos “detém’ ou “guardam’ os sinais por algum tempo, por melos que por ora no nos interessam, mas a velocidade da eletricidade, fora ou dentro 13 MANUAL PRATICO DE ACUSTICA desses circuitos 6 sempre a velocidade da luz ou 300.000.000 ms. Devido a altissima velocidade dos sinais eletricos, os comprimentos de onda no cirouito se tornam extremamente longos. Por exemplo, para uma frequéncia bem alta de audio de 15 kHz, 0 comprimento de onda elétrico sera de 20 km! importante observagao sobre velocidade Com relagao a velocidade das ondas de som no ar, devemos notar que nao é © ar quem se desloca, mas apenas as ondas que se move. Som néo é ar em movimento de vaivém; as compressdes ¢ descompress6es da atmosfera é que se movem, afastando-se da fonte sonora. Da mesma maneira, 0 movimento das. cargas elétricas no circuito é que transporta o sinal, e nao o circuito se movendo! Quem se movimenta sempre so as ondas, nunca o meio de propagacao. Comprimento de onda Se uma onda se desloca através do ar com certa velocidade, com frequéncia constante, existe uma distancia exata entre pontos similares (como, por exemplo, 0 inicio) de ondas consecutivas. Para exemplificar, imaginemos ondas no ar, se deslocando para a frente; qual seré a distancia, por exemplo, entre os maximos de duas dessas ondas? Sera uma distancia, em metros, denominada Comprimento de Onda, designada pela letra grega (lambda) Este comprimento é calculado pela expressao: 2 Exemplos: Qual o comprimento de onda correspondente a frequéncia de 1kHz ? 344 Resp.: A= aes = 0,344m = 344mm Qual 0 comprimento de onda correspondente a 50Hz ? 14 MANUAL PRATICO DE ACUSTICR 44 a 6,88, Rosp oF Obs.: Deve-8e notar que, quanto maior a frequéncia, menor o comprimento de onda. Comprimento de onda (A) Esta observacdo € de grande importancia, e sera util mais tarde no nosso estudo. Fase A fase é um parametro relativo de Audio. So tem sentido se falar em fase quando ha mais do que uma onda, seja elétrica ou sonora. Para comegar a entender o que é fase, vamos primeiramente entender exatamente ‘© que @ uma onda senoidal (onda de frequéncia pura). Sabemos que uma circunferéncia (a curva que envolve o circulo) tem um Angulo total de 360 graus. Ou seja, 360° sao uma volta completa, 180° so meia volta, 90° séio um quarto de volta, etc... Um éngulo é representado por duas linhas, que se encontram no centro 15 MANUAL PRATICO DE AGUSTICA de um arco de circulo, e tém a mesma medida em graus que o arco. Repare que um Angulo pode ter mais de 360°, Neste caso, 0 Angulo é dito congruente de outros Angulos, cuja diferenga é um miltiplo inteiro de 360°, e graficamente aparece no mesmo lugar. Por exemplo, 0 ngulo de 405° (= 45° + 360°) 6 congruente com 0 de 45°, € os angulos de 0°, 360° e 720° também séio congruentes entre si. Para maiores detalhes sobre este assunto, leia 0 Apéndice 1, no final do livro 360° 720° Angulos e arcos 16 MANUAL PRATICO DE AGUSTICA um ponto sobre Agora, Imaginemos uma eirounferéncia, de fale: Re vamos mar ‘la, Com a rotago da circunferéncla, o ponto marcado vai, entio, descrever uma curva ondulada, que é a sendide. Uma onda de frequéncia pura 6 formada por um movimento simples como este, e é uma sendide também. 270° (0 30° 60° 90° 120° 150" 180° 210” 240° 270° 300° 330° 360" Correspondéncia entre 0 circulo e 0 ciclo ‘Quando temos duas ondas da mesma frequéncia, mas uma nao coincide com a outra, existe uma diferenga em Angulo entre as ondas. Esta diferenga 6 0 angulo de fase entre as ondas. Entre ondas coincidentes, a fase € zero. Quando a fase éde 180°, diz-se que as ondas estéo em contrafase. Quando a fase é um Angulo reto (90° ou 270°), diz-se que as ondas estéo em quadratura. WT MANUAL PRATICO DE ACUSTICA Angulos de fase de 90° a 360° 18 MANUAL PRATICO DE AGUSTICA CAPITULO 2 Como Sentimos ‘As sensagées humanas so traduzidas dos 6rg8os dos sentidos para o cérebro de um modo nada linear. Se temos uma lampada, digamos, de 60 watts, acesa, e fazemos acender junto uma outra igual, o ambiente nao parecerd duas vezes mais claro, embora evidentemente tenhamos o dobro da luz: ficaré um pouco mais claro. Se estamos segurando um peso de meio quilo e 0 tracamos por outro de um quilo, este nos parecer um pouco mais pesado, mas ndo duas vezes mais pesado. ‘Se aumentamos para 0 dobro a poténcia de um equipamento, o som parecer ligeiramente mais alto. Se formos aumentando o volume até sentirmos “o dobro" do som, teremos aumentado dez vezes a poténcial Mas no 6 s6, Para termos a sensaco de que a iluminagao, 0 peso ou o volume de som sofreu outro aumento igual, teremos que multiplicar novamente a poténcia ou a massa pela mesma proporcdo. Isto &, para nossos sentidos, multiplicacdes iguais na amplitude dos estimulos (luz, peso, som) sao interpretadas como acréscimos iguais. Multiplicamos, mas parece que somamos. Esquecamos agora 0s outros sentidos, e vamos nos concentrar na audigao. Duas sdo as grandezas que o ouvido precisa perceber: a amplitude e a frequéncia. Ja dissemos que, para acréscimos iguais no volume, precisamos de multiplicagSes iguais na poténcia sonora. Se, por exemplo, vocé tem um amplificador de 10 watts e o troca por outro de 100 watts, percebe uma boa diferenca de volume entre eles. Se, agora, vocé quiser outro aumento de volume igual, ter que usar um amplificador de 1000 watts ~ porque, nas duas trocas, a poténcia foi multiplicada por 10. 19 MANUAL PRATICO DE ACUSTICA Para a frequéncia, vamos recorrer 4 miisica para entender como o ouvide funciona, Sabe-se que existe notas mais graves e outras mais agudas com 0 mesmo nome. Um dé pode ser uma nota grave, uma nota média ou uma nota aguda; de qualquer maneira, nés a identificaremos como um d6, @ poderemos até cantar a mesma nota junto, numa altura (frequéncia) que se adapte ao nosso tom de voz, ‘Se medirmos as frequéncias de todas as notas d6, logo descobriremos que umas 880 0 dobro das outras, desde os graves até os agudos: 32,70Hz; 65,41Hz; 130,81Hz; 261,63Hz; 523,25Hz; 1.046,5Hz; 2.093Hz; etc. Para qualquer outra nota, isto também acontece. Na misica ocidental, 0 conjunto de notas entre duas notas do mesmo nome contém cito notas ~ por exemplo: d6, r8, mi, fa, sol, la si, dé. Por isso, intervalo entre duas notas do mesmo nome se chama uma oitava. Mas acabamos de ver que entre notas seguidas do mesmo nome ha uma razéo de 2 para 1. Por isto, uma razao de 2 vezes (0 dobro) na frequéncia € chamada de uma oitava acima. Pela mesma légica, uma razo de 1/2 (a metade) na frequéncia 6 chamada de uma oitava abaixo. Continuando com esta logica, duas oitavas acima serao 4 vezes, trés oitavas acima serao 8 vezes, quatro oitavas acima serao 16 vezes, etc.; e duas oltavas abaixo serao 1/4, trés oitavas abaixo sero 1/8, e assim por diante. Existem outros intervalos menores que a oitava, que estudaremos mais a frente. Mas, por enquanto, 0 importante é saber que intervalos iguais entre notas soam para os ouvidos como diferengas iguais de afinag&o (pitch). Novamente, multiplicagées séo percebidas como somas, e divisées sao percebidas como diferengas. Vemos, entéo, que existe no c&rebro um processo matemiitico de convers4o de valores das sensagées, que nos ajuda a lidar com enormes (des)proporgées de valores como se no fossem diferengas téo grandes assim. Esse é 0 processo do logaritmo, 20 MANUAL PRATICO DE AGUSTICA Logaritmo, um processo humano Dove ter ficado claro, a essa altura: nossos processos de percepgdo sao Jogaritmicos. Somas e subtragbes pouco representam, multiplicagdes sao sentidas como somas, divisées como diferengas e poténcias como multiplicagées. Aescala musical, por exemplo, é claramente uma escala logaritmica de base 2: +2 vezes a frequéncia = log, 2 = 1 oitava +4 vezes a frequéncia = log, 4 = 2 oitavas citavas va da frequéncia = lo. + 1,5 vez a frequéncia = log, 1,5 = 0,585 oitava oitava (uma quinta’) Outro tipo de aplicagéo para a escala logaritmica sao as escalas de frequéncias vistas nas espectficagées de equipamentos de audio e em estudos aciisticos. Para nossa audig&o, as frequéncias de 10kHz e de 20kHz estéo proximas — ‘embora a diferenca entre elas seja metade do espectro de audio, 0 intervalo 6 de apenas uma oitaval As frequéncias de 20Hz e 40Hz, com sua diferenga de apenas 20Hz, também tém uma citava de intervalo entre elas. E claro que um grafico linear, com 10kHz praticamente no meio, e 20Hz e 40Hz quase no mesmo lugar, representaria pessimamente 0 espectro de audio que afinal, @ relativamente plano. Mas se passarmos a usar uma escala logaritmica de frequéncias, o visual do grafico ira condizer perfeitamente com 0 que ouvimos, s intervalos musicais iguais ficam todos do mesmo tamanho no grafico, a frequéncia de 10kH2 fica quase no final do espectro, ¢ as frequéncias médias (para 0 ouvido) ficam também no meio da escala. * Asser estudado adiante. a MANUAL PRATICO DE ACUSTICA Frequéncia (Hz) Escala linear: péssima representacao do que ouvimos Armpit (68) Escala logaritmica: representa bem melhor 0 que ouvimos 22 MANUAL PRATICO DE AGUSTICA CAPITULO 3 Frequéncias e Notas Musicais Funcionamento do Ouvido em Relagao as Frequéncias Frequéncias Musicais Embora sejamos, em média, capazes de ouvir entre 20Hz © 20kHz, nas extremidades desta faixa, principalmente acima de 6kHz, torna-se dificil perceber as ondas sonoras como notas musicais; a sensagao é de um “silvo" nas frequénoias muito altas. As freqiiéncias mais baixas, menores que 200Hz, embora sejam bem identificéveis como notas musicais, se apresentam mais como um som “de peso”, mais adequado ao acompanhamento do que a0 solo. Dadas estas caracteristicas do ouvido humano, podemos separar as frequéncias de audio em trés importantes grupos: + graves, ou frequéncias baixas, de 20Hz até 200Hz; + médios, ou frequéncias médias, de 200Hz até 6kHz; * agudos, ou frequéncias altas, de 6kHz até 20kHz. Notemos que a regio de graves se estende numa proporgao de 1 para 10 (chamada uma década), a regio de médios por uma proporgo de 1 para 30 (cerca de uma década e meia); € a regio de agudos por apenas meia década, logaritmicamente falando. Na extensa e importante regiio de médios é que se processa a maior parte da magia da musica, magia essa que, através de algumas relagoes matematicas muito simples, fica bem facil de se analisar - 0 que nao significa que 0 talento a inspiragao nao sejam fundamentais. 23 MANUAL PRATICO DE ACOUSTICS Elementos Principais da Musica Melodia Melodia € a sequéncia, ordenada de forma estética, mas livre dentro de certos principios, das notas musicais. Quando alguém assobia uma cangao, estamos ouvindo a sua melodia. As notas tém altura ou “pitch” (frequéncia), intensidade (amplitude ou nivel) e valor (tempo de duracao) diferentes, formando sequéncias bonitas e variadas. Ritmo ‘Ao assobiarmos a cancaa, 0 fizemos segundo uma certa velocidade ou “cadéncia’, Essa cadéncia, que as pessoas com sensibilidade musical identificam facilmente © podem mesmo marcar batendo o pé, se chama ritmo. Tecnicamente dizendo, 0 rilmo é @ base de tempo segundo a qual se desenrola a melodia O andamento ou tempo musical é a rapidez com que se manifesta o ritmo. E contado em seminimas por minuto (logo saberemos 0 que séio seminimas). Tempos vo, geralmente, de 30 (muito lento) a mais de 200 (muito rapido). As seminimas s&0 apelidadas de beats ("batidas*). Por isso, a unidade preferida de andamento é a BPM - beats per minute, ou “b idas por minuto’, Harmonia Além do ritmo e da melodia, ouvem-se varias outras notas musicais, produzidas para acompanhar a melodia dentro do ritmo. Por exemplo, quando um cantor interpreta uma cango, ele emite a melodia combinada com a letra (poesia). Os instrumentos marcam 0 ritmo e fornecem a harmonia, que se combina com a melodia gerando a musica completa. Embora, no exemplo acima, a misica tenha poesia, melodia, harmonia e ritmo, pode 24 MANUAL PRATICO DE AGUSTICA Haver mision Bern todos esses elementos: a musica instrumental nao tem letra; o [RAP (Rhythm And Pootry * ritmo © poesia) no tem melodia; o canto gregoriano hho tom harmonia nem ritmo; certas formas de jazz nao tém harmonia explicita, Além da harmonia, pode haver também o contraponto, que 6 uma espécie de molodia secundaria que completa ou substitu a harmonia, Escala Para elaborar uma melodia, ndo basta tomar arbitrariamente notas de altura (frequéncia), intensidade e valor diferentes, e agrupé-las: 0 resultado dificilmente seria musica de qualidade. A razdo disto é que as notas devem, além de formar um ritmo, ter entre suas frequéncias certas proporgées. numéricas, obedecendo a uma sequéncia denominada escala musical. Na misica ocidental, existem dois modos principals: 0 maior e 0 menor. 0 modo maior apresenta sonoridade mais “viva” ou “alegre”; 0 menor parece mais “doce” ou “sentimental”, Na Alemanha, esses modos so chamados “dur” e ‘moll’, sugerindo “duro” e “mole”. A escala se compée de sete notas, as quais se chamam a 1, a 28, 38, 43, etc., até a 7*. A 1° ou t6nica quem da o tom: por exemplo, no tom de Dé, a ténica € 0 Dé. Logo, apés a 7°, vem uma nota que tem o mesmo nome que a 1°, e que se chama logicamente a 8°. Por isso, é que uma relagdo de duas vezes a freqiiéncia se denomina uma oitava. Aescala se caracteriza por relagdes numéricas simples entre as freqiiéncias © suas notas. Chamamos um acorde & emisséo simulténea de trés ou mais freqdéncias ou notas que se combinem agradavelmente (ou nao). O matematico grego Pitagoras descobriu que, quanto mais simples € a relago numérica entre as notas, mais, agradavel é a sua combinagao. Duas notas iguais de oitavas seguidas, por exemplo, tem uma proporgao expressa por dois nimeros pequenos: 2/1 — € no pode haver combinacao mais facil entre notas. a8 MANUAL PRATICO DE ACUSTICA A Escala Maior Para exemplificar, usaremos a escala de Dé maior, que todos conhecem bem. Ca 2 2 e e & ee bo RE Mi | FA SOL LA si_ | do Podemos notar que entre a 3*e a 4* ha um intervalo de apenas um semitom; assim como entre a7*e a 8°. O Semitom & o menor intervalo (razéio de freqUéncia) usado na musica ocidental, ou cerca de 1,06 vezes. Dois semitons formam 0 intervalo de Um TOM. Come, nesta escala, o intervalo entre a tonica (D6) a a terceira nota (Mi) 6 de uma terga maior, ou seja, de dois tons inteiros, ela é uma escala maior. A Escala Menor Aescala menor ascendente (chamada harménica) se diferencia da maior apenas pela 3° nota, localizada a uma terca menor acima da tOnica: 7 = # e = C me a ES O termo hero! (b) significa a redugao de 1 semitom na nota. O Ml bemol, ou Mb, fica entre 0 RE eo MI. O termo sustenido (#) significa 0 acréscimo de 1 semitom na nola. O FA sustenido, ou FA#, por exemplo, fica entre o FA e o SOL. /\escala menor descendente (chamada melddica) é diferente da ascendente no sexto @ no sétimo graus (isto é, na escala menor descendente, o "caminho de |da" é diferente do “caminho de volt Obs.: a abreviatura dim (diminuta) corresponde ao abaixamento de um semitom na escala. 26 MANUAL PRATICO DE AcUSTICA Os nomes das nota’ Nos paises de linguas anglo-saxdnicas (Inglés, Alemao, ete.), raramente se sam 08 nomes de origem italiana (D6, Ré, Mi, etc.) das notas. Ao invés, Usam:se as primeiras letras do alfabeto -A, B, C, D, E, F, G, correspondendo respeotivamente a La, Si, Dé, Ré, Mi, Fa, Sol. Em algumas publicagdes antigas, via-se o S| bemol representado pela letra B, enquanto o SI natural aparecia representado pela letra H Notagao Musical ‘As notas musicais nao .s4o representadas, na pratica, por nomes escritos, como vimos acima, mas pela notagdo musical, que é um conjunto de simbolos adotado pelos miisicos para simbolizar as notas, os acidentes (bemol @ sustenido), ¢ varias outras informagées relativas 4 execugao. A base da representagdo 0 pentagrama, o conhecido diagrama em cinco linhas, sobre © qual se escrevem as notas ¢ outros simbolos. As durages das notas so representadas em relag4o ao comprimento do compasso, que € a unidade basica de ritmo. No pentagrama abaixo, vemos inicialmente a clave de sol, a qual indica que a nota sobre a segunda linha € 0 Sol, Note que foram usadas linhas suplementares para escrever 0 Dé mais grave e 0 La mais agudo, os quais, de outra forma, ndo caberiam no pentagrama. Existem ainda as claves de Do e de Fa, utilizadas para escrever notas mais graves. DO RE M FA SOL LA SI DO RE Mi FA SOL LA Pausa at MANUAL PRATICO OE ACOSTICA Compassos e Duragéo das Notas Conforme a duragéo relativa das notas, o aspecto delas varia na notagéo. A representagao se baseia no compasso chamado quaternério (4/4), que se chama ‘assim por se contar “um, dois, trés, quatro, um, dois, tr8s, quatro...”. As notas, Conforme sua duragao, recebem nomes especiais, e simbolos diferentes: cu) alerce we) wa SN | emtasa (psa vena) e a) ws ‘if 8) Ss we viva Notas pontuadas ‘\ colocagao de um ponto apés uma nota aumenta sua duracao pela metade. Por exemplo, uma seminima pontuada tem duragao equivalente 4 de uma seminima mais uma colcheia, ou seja, %. — = * Escala Cromatica Falamos até agora das escalas maior e menor, que sdo escalas formadas por sete notas, com intervalos variaveis de um ou dois semitons. Ha, além dessas duas mais comuns, muitas outras, seja incluindo notas diferentes daquelas que j& vimos ha pouco, seja simplismente usando menos notas, como é 0 caso da escala pentaténica 28 MANUAL PRATICO DE AGUSTICA Existe, também, musica atonal, isto 6, sem tom nenhum, que nao se prende a qualquer escala convencionada, mas que tem um tipo de beleza especial, uma outra estética Se, tomarmos todas as notas de uma oitava, teremos um total de 12 notas, com intervalo sempre de 1 semitom, formando aquilo que se chama uma escala cromética. Esta 6 a base da misica ocidental, embora alguns estilos, como 0 blues, usem notas intermediarias e portamentos ou bendings, que sao notas variando de altura durante sua duragao. Escala Nao Temperada Pitagoras descobriu que as notas das escalas maior e menor se caracterizam por razées numéticas (fragdes) de pequenos nuimeros: intervalo Frage Razio | Intervalo Frag _Razo | Inlervalo Fragao _Razilo * 1" 0000 | 5 3 = 1,600 | 9/4 =2,2500 2 918 i250 | 6 of (8666... | 10m 125 = 24000 sem 65 2000 | 72m 915 e000 | 10M 2 —_=2,6000 low Ba 42500 | AM toe =1e7eo [im 12 = 24000 a 43 = 1,3333... | 8 2 = 2,0000 et Na verdade, cada razao pode ser obtida através da multiplicagao ou da divisao de outras razées. Exemplo: Da 1? 5, temos 7 semitons. Estes 7 semitons podem ser decompostos em uma 3* menor (3 semitons) + uma tera maior (4 semitons), Efetuando a multiplicagao, temos: em + a> Sx S23 (ge gtm + 9M Bx F=5 (6) aa MANUAL PRATICD DE ACUSTICA Exemplo: Obter a relagéo correspondente a 7* menor. Resposta: Considerando a 7*m como 1 quinta acima da 3% menor, obteremos: 5" 1 terga menor -» 38..18 9 Calculemos agora qual sera a relagéio de 1 semitom, por exemplo, de Dé para Doi ou de Dé para Réb: Se subirmos uma quarta e baixarmos uma terga maior, a diferenca sera de: 4 (5 semitons) — 3°M (4 semitons) = +1 semitom. Em raz6es numéricas, teremos ole 5 ri = 10666... 3 Agora, vamos fazer o mesmo calculo, porém subindo uma 3°M ¢ baixando uma 3®m: 3" M (4 semitons) — 3* m (3 semitons) = +1 semitom também. Em raz6es numéricas: Essa diferenga 6 ocasionada pela maneira de calcular os intervalos através de {rag6es simples. Na musica escrita para instrumentos de afinagdo definida pelo musico, como 0 violino, 0 violoncelo ¢ o trombone de vara, existe realmente a diferenga entre essas duas notas: 30 MANUAL PRATICO DE AGUSTICA Dor = Do x 1,041666... Réb = Dé x 1,066666... Se continuassemos calculando dessa forma, encontrariamos diferengas também: Ti is entre o RE# e o Mlb (respectivamente Tey =11719 @ & = 1,2000 ); entre o Ml e o FAb (respectivamente 9/ = 12500 e 526, = 1,2800 ); entre o Mit © 0 FA (respectivamente 12%9g ~ 1,3021 e 4s = 1,3333...); assim por diante, conforme se usasse 0 bemol ou o sustenido. Existem, entao, dois tamanhos diferentes de semitom? Certo. Omenor intervalo (relagao de freqliéncia) perceptivel pelo ouvido humano normal é de cerca de 1/9 de tom, e é chamado de 1 coma ; isto é, 1 Tom = 9 comas. ‘Come fica, entdo, o semitom, que é a metade de um tom??? Quo semitom tem 4 comas, ou tem 5 comas. Como vimos anteriormente, existe um semitom que vale 25/24 = 14,0417 (correspondendo a 4 comas), e outro semitom que vale 16/15 = 1,0867 (correspondendo a 5 comas). Assim, temos uma escala cromatica de diferentes semitons, denominada no temperada. Existem ainda outros graus, os duplos bemédis e os duplos sustenidos, calculados por aplicagao dupla destas relagdes matematicas. Decidi nao mostra-los aqui, para simplificar. Escala Igualmente Temperada Para simplificar a escrita musical e a afinagao de instrumentos de notas fixas, 31 MANUAL PRATICO DE AGUSTICA ‘como 0 piano, decidiu-se adotar um semitom Unico, baseado apenas na relacao do oitava, que é de 2+1=2 Como ja sabemos, uma oitava se compée de 12 semitons. Uma citava corresponde a rolagéo de 2 + 1 = 2. Entéo, se o semitom é a 12° parte desse intervalo, raciocinando na forma exponencial, a relagéo correspondente ao semitom serd a raiz 12° de 2, isto 6 = 1 semitom = J/2* 1,0595. E evidente que (usando as propriedades) 12 semitons correspondem a 1,0595"* = 2,0000, ou seja, uma oitava exata. ‘Semelhantemente, podemos agora pensar nos outros intervals como poténcias fraciondrias. Por exemplo: a 5* corresponde a7 semitons; logo, a relagéio numérica da 5* sera de 2», que calcutando resulta 1,4983. Este valor esta razoavelmente proximo da relagao pitagdrica, que 6 de 1,5000 (igual a 3/2). Enarmonia Temos agora a escala cromatica dividida em 12 intervalos exatamente iguais. O semitom temperado fica a menos de uma coma acima e abaixo dos semitons “destemperados’. Para comparagao: Semitomde4comas 25/24. = 1,0417 smitom Temperado 2412 © 1,0595 Semitom de 5 comas 16/15 * 1,0667 De ‘a de existir, também, a complicada diferenga entre os bemdis de cima e os sustenidos de baixo, ou seja, por exemplo, o Fa sustenido é igual ao Sol bemol, sendo ambos eqilidistantes do Fa e do Sol. Isto se chama enarmonia. ‘Todos os instrumentos musicais modernos, daqueles que tém notas fixas, como © piano, 0 viol&o, 0 sax, 0 trompete, a trompa, a fiauta, o oboé, os teclados, 32 MANUAL PRATICO OE AGUSTICA icais Frequéncias das Notas Mus We 9729.31 3322.44 2959.96 2489.02 2217.46 1864.66 1661.22 1479.98 1244.51 108,73 932.33 830.61 739.99 622.25 554.37 466.16 415.30 369.99 311.13, 277.18 233.08 207.65 185.00 155.56 138.59 116.54 103.83 92.50 1178 69.30 58.27 51.91 46.25 38.89 34.65 29.14 Nota Sib Lab Fat Mib DoH Sib Lab Fat Mib Dat Sib Lab Faw ib Dot sib Lab Fat Mb Dew sib Lab Fait Mib Dat Sib. Lab Fat Mib Dow sib Lab Fat Mi Dott Sib oan oo aa NNN 88 Boo Nota Do 8 87 a7 Sol 7 Fa7 Mi 7 Ré 7 De 7 Si 6 la 6 Sol 6 Fa 6 Mi 6 Ré 6 Do 6 Si 5 La 5 Sol 5 Fa 5 Mi 5 Ré 5 Ds 5 si 4 La4 Sol 4 Fa 4 Mi 4 Re 4 De 4 Si3 la3 Sot 3 Fa 3 Mi 3 Re 3 D6 3 Si 2 a2 Sol 2 Fa 2 Mi 2 Ré 2 Dé 2 sit lat Sol 4 Fat Mi 4 Re 1 De 1 sio La 0 We 4106.01 3961.07 3620.00 135.98 2793.83 2637.02 2349.32 2093.00 1975.53, 1760.00 1567.98 1306.91 1318.51 1174.86 1046.50 987.77 880.00 783.99 698.46 659.26 587.33 523.25 493.88 440.00 392,00 349.23 329.63 293.66 281.63 246.94 220.00 196.00 174.61 164.81 146.83 430.81 123.47 110.00 98.00 87.31 82.41 73.42 65.41 61.74 55.00 49,00 43.65 41.20 36.71 32.70 30.87 27.50 Frequéncias das notas da escala temperada 33 MANUAL PRATICO DE ACUSTICA 0 baixo elétrico com trastes, a tuba, etc., so temperados, isto 6, produzem notas segundo a escala temperada. Os instrumentos de notas variaveis, que podem ser regulados na execugao pelo musico, como 0 violino, a viola, 0 violoncelo, 0 contrabaixo actistico, o baixo elétrico sem trastes (“fretless”), 0 trombone de vara, etc., permitem qualquer nota. Por fim, os cantores, pelo mesmo motivo, se servem da escala temperada ou da destemperada, conforme 0 tipo de interpretagao. Desvantagem Para as pessoas de ouvide muito apurado, as notas igualmente temperadas nunca satisfazem totalmente quanto afinaco. Os pequenos erros introduzidos so percebidos pelo ouvido, e tem-se a impressao de “algo esta errado”. E comum, por exemplo, vermos violonistas ¢ guitarristas esticando muito ligeiramente uma corda, para alcangar uma afinagao mais perfeita (ndo confundir com 0 efeito de bending, com que se sobe um semitom ou mais). Outros instrumentos, como o trompete e o sax também permite este bonito efeito. Comparagao entre a Escala Igualmente Temperada e a de Pitagoras Abaixo, temos as freqiiéncias correspondentes a escala temperada e a escala pitagérica. Podemos comparar estas razdes, comprovando que o semitom temperado fica entre os dois ndo-temperados: 34 MANUAL PRATICO DE AGUSTICA Reta Pino cnou ey Nota Resultado| Poténcia | | Resultado Fundamental =| 14 41,0000 2 |=} 41,0000 =i) eases 16/15 5 f oae 27 | Elia ees Tom 918 \=| 1.1250 o (| 1125 | 02% | f 6/5 |=| 1,2000 2° |=| 41892 | -0,9% 5/4 |=| 41,2500 2 [=| 1.2500 | 108% | 43. |=| 14,3333 2 |=] 13348 | 0,1% Tritono = 4% 36/25 |=| 14,4400 2° |=} 14142 | -1,8% 5 3/2 |=| 14,5000 ve [al 14983 | -0,1% | 5* aumentada 25/16 |=] 1,5625 a Ia] a5e7a | em | 6 5/3. |=| 1,667 2° |=| 41,6818 | +0,9% 7m 16/9 |=) 1,778 2 jm] 1,7818 | #0,2% reson (tae as Ll var | 208 8 2 =| 2,0000 2" |=] 2,0000 = Como se pode notar, em alguns graus, como © semitom de 4 comas, a 4* aumentada, a 5* aumentada e a 7* maior de 4 comas, os erros so grosseiros & perfeitamente audiveis. Alem dos exemplos de escalas que vimos, ha inumeros outros tipos, baseados em diferentes relagdes matematicas ou simplesmente baseados na audicao humana. Nossos ouvides dependem de muitos fatores para a perfeita percepeao da altura das notas, e a maioria das pessoas tem também a sensagao de que intervalos muito grandes parecem menores do que realmente so. Os afinadores (seres humanos) de pianos costumam “exagerar” ligeiramente a afinagéo do instrumento (que abrange mais de 7 oitavas), afinando as notas mais graves ligeiramente abaixo do valor tedrico, e as mais agudas ligeiramente acima, dando aos ouvidos a sensagao de uma afinagéio mais convincente. 35 MANUAL PRATIGO DE AGUSTICA CAPITULO 4 O Decibel Funcionamento do Ouvido em Relagdo ao Nivel Como estudamos no capitulo 2, todas as sensagdes humanas sao processadas pelo cérebro de forma logaritmica. O que nos impressiona so raz6es, que parecem diferengas. Como ja vimos também, uma variagao de 10 vezes na poténcia sonora, para 1n6s, soa como “o dobro do som”. E natural, ento, que a base 10 seja a mais conveniente para medidas de nivel sonoro. O logaritmo decimal da raz&o entre duas poténcias surgiu, entSo, como primeira alternative para expressar de uma maneira “humana” a grandeza da variagao. Como unidade de medida, o nome de Alexander Graham Bell foi escolhido, & assim nasceu Bel, abraviado B. Uma razao entre duas poténcias P, e P, pode, entao, ser expressa como: . = 10-log 2B, onde A, representa a veriag&o de poténcia. Exemplo: a poténcia subiu de 250W para 1000W. Qual a variagao, em bel? = 10g 1220 «10g, 250 6B Porém, logo se percebeu que 0 uso do bel era um pouco inconveniente, produzindo nuimeros muito pequenos. Era como expressar o comprimento de uma folha de papel em metros: muitas vezes, o resultado seria um numero menor que 1. 37 MANUAL PRATICO DE ACUSTICA Adotou-se, entéo, um submultiplo do bel, o decibel, igual a 0,1 bel. Muito mais pratico e intuitivo, 0 decibel, abreviado dB, é usado no mundo inteiro, inclusive fora do audio. A, =10 log? 0B Repetindo o exemplo anterior com o decibel, teremos: 0-log4 <6 dB Fatos sobre o decibel Varios fatos explicam a conveniéncia do decibel como unidade de medida de variagées para nés, seres humanos: * A menor diferenga de nivel sonoro que 0 ouvido humano consegue perceber € de aproximadamente 148. + Uma variago para um valor maior produz um ntimero positive de dB, € uma variagao para um valor menor produz um numero negativo de dB. + OdB significa que no houve variacao alguma. * Se a variagao for para zero de poténcia (sinal completamente retirado), teremos -00 dB O Ouvido e o Decibel Vejamos quanto as variagdes de nivel em dB representam para a nossa audigao. Para isto, consideremos niveis relativamente altos (confortaveis) de audigSo e frequéncias bem audiveis, tais que qualquer detalhe seja bem percebido. 3B MANUAL PRATICO DE ACUSTICA COM ure Ceci nccemca tc Menos de 148 menos de 1,26 vez __| Imperceptivel 1B «dd AB ve Minimo perceptivel com tom constante 2B a 308 de 1,6. a 2 vezes Minimo perceptivel com musica 6dB 4 vezes Perfeitamente perceptivel 1008 10 vezes Uma boa variag&o 25dB 320 vezes Uma varlag&o multe forte 6048 (atenuacao!) | 4 milhao de vezes Praticamente deixa-se de ouvir 12008 1 trilhdo de vezes Gama total do ouvide Tens&o e pressao A variagao da tensdo elétrica e da presséo do ar produzem variagdes de poténcia quadréticas, isto €, proporcionais ao quadrado da variagao da tenso ou presséo. ve ten A poténcia elétrica & calculada pela formula P= V-I=-5-, onde a resisténcia R 6 uma constante e a tensdo V aparece elevada ao quadrado. Portanto, uma variagaio na tensao produz 0 quadrado dessa variagao na poténcia: Sejav,=x-v, e, portanto, x -% (variagéo da tensao) VG 2 TAN Entéo, Pe & = 4 = (%) = x? (variago da poténcia) R ® Se ja estamos a um nivel relativamente alto, nfo podemos subir 60dBI!! 39 MANUAL PRATICO DE ACUSTICA Exemplo: se num circuito, a tens&o sobe de 5 para 10 volls, quanto aumenta a poténcia? toy Apoténcia aumentaré =2 Se quisermos expressar essa variagao em dB, poderemos usar a propriedade do logaritmo de poténcia ~ muttiplicar o logaritmo pelo expoent 10. arson Ou seja, uma variagao de tensdo ou de presséo, expressa em dB, é igual a 20 vezes 0 logaritmo da variacao. Exercicio: Um amplificador tem 1000 watts de poténcia. Se precisarmos aumentar o nivel sonoro em 4dB, qual sera a poténcia necessaria? Solugao: 1000 Portanto, log--£2-~ 1.4 @, entdo, “hs 0,4 @, entdo, logP, 4 +10g1000 = 3,4 Assim, P, = 2512 watts. Na pratica, como variagdes pequenas nao so audiveis, pode-se arredondar esse valor para 2500 watts, facilmente encontravel no mercado. 40 MANUAL PRATICO DE AGUSTICA Escalas absolutas em dB (M6 agora, ficou claro que o decibel puro é uma medida comparativa, isto 6, ele 6 ulllizado para expressar 0 resultado de uma variagao ou comparagéio. Nao faz sentido, por exemplo, dizer “o meu amplificador tem 20dB”. 20 dB de qué? Ou, 20dB em comparagao com o qué? Ja dizer “o pré-amplificador X tem 3dB a mais de ganho que o Y” é vlido, pois exprime uma comparagéio. No entanto, é possivel estabelecer escalas em dB com uma referéncia — aquele qué cuja falta sentimos nas frases acima. Criada a referéncia, seu valor relativo a ela propria é OdB e os outros valores, referenciados a ela, so positives ou negativos conforme sejam maiores ou menores. As unidades, nestas escalas, sempre sao “dB” seguidos de uma ou mais letras que indicam a referéncia Vejamos as mais usadas escalas absolutas em dB: + dBW — poténcia de saida (watts) de um amplificador, expressa em dB. A referéncia 0dB corresponde a 1 watt de poténcia. Exemplo: +23dBW > 200W. + dBV— tensdo de saida (volts) de um equipamento. Referéncia: 1 volt. Exemplo: -10dBV > 316mV + dBu — tensdo de saida de um equipamento. Referéncia: 0,775V. Exemplo: +4qBu > 1,23 * dB-SPL — nivel de presséo sonora. Referéncia: 20uN/m*, Exemplo: 94dB- SPL 1N/m* a MANUAL PRATICO DE AcOSTICA + dBr — nao é exatamente uma escala absoluta. E usada em equipamentos de medida, onde 0 nivel de referéncia (por isso o r) 6 determinado pelo usuario. Exemplo: se 0 nivel de referéncia escolhido para uma certa medica for de 0,5V, -40dBr correspondem a SmV. * dBFS (dB full scale) — nao é também uma escala absoluta. Corresponde, nos equipamentos que tém medidor de nivel, ao nivel maximo mostrado por esse medidor. Exemplo: se num gravador digital, cujo medidor tem valor maximo nominal de OdB, o valor indicado pela barra luminosa € de -12dB, entao pode-se dizer que a leitura 6 de -120BFS. * dBm — antigo padréo de medida de nivel de saida de equipamentos, cuja referéncia - origindria das antigas linhas telefonicas — era de 1mW numa carga de 600 ohms. Isto corresponde a uma tensao de 0,775V, Como o valor padrao de 600 ohms caiu em desuso, 0 dBm perdeu 0 significado, mas o valor da tenséo de 0,775V perdurou e deu origem ao dBu visto acima, que leva em conta apenas essa tensao e nao a poténcia. Somando niveis em decib Quando multiplicamos uma poténcia por um ntimero, somamos seus logaritmos. Portanto, se estamos trabalhando com decibéis, somamos os niveis correspondentes. Exemplo: quantos dBW fornecem 12 amplificadores de 2000 watts? Resposta: 10 - log12 + 10 - log2000 0,8 + 33 = 43,8 dBW ou 24000 watts Quanto mais proximos entre si sao os niveis somados, maior ser a diferenca em dB entre a soma e o valor da maior parcela. Por exemplo, para dois niveis iguais, a soma 6 3dB maior que cada um deles. Para dois niveis com 10d8 de diferenga, a soma 6 apenas 0,4144B maior do que o nivel mais alto, 42 MANUAL PRATICO DE ACUSTICA A soma de dois niveis expressos em dBi pode ser caloulado pela formule: Soma = nivel mais alto + 10:log (1410), onde D 4 a diferenga em dB entre os. dois niveis sendo somados. © nomograma ajuda nesse calculo. SOMA EM dB | at Soma - nivel mais alto eee amieate : 0 02:04 08°08 12°38 -4.°6. 6 F's 810 ae Diferenga entre niveis 43 MANUAL PRATICO OE acosTiCA CAPITULO 5 A Audi¢do Humana © owvido humano € um érgao cheio de contradigées. Ao mesmo tempo em que 6 capaz de detectar 0 ruldo produzido pelo movimento das moléculas de ar, consegue tolerar sons fortes camo o de uma banda de rock, um fortissimo de orquestra sinfonica ou uma bateria de escola de samba, com um trilhdo de vezes mais poténcia sonora. E capaz de ouvir frequéncias extremamente baixas, ¢ outras que sao centenas de vezes mais altas, num espectro que chega a dez oitavas. Compare isso com a resposta do olho as cores visiveis, que cobre menos de uma oitava das frequéncias das ondas eletromagnéticas — de 395THz até 770THz (1THz = um terahertz = 1 trilhao de hertz) O ouvido pode distinguir frequéncias muito proximas: 0,3% de mudanga de tom so distinguiveis para pessoas de audicao normal. No entanto, o nivel sonoro pode afetar a sensacao de altura ou “pitch” (afinag&o), no fendmeno denominado efeito Fletcher: quanto maior o nivel sonoro, mais parece baixar a afinagao. Mais importante que todos esses parémetros técnicos é a utilidade dos ouvidos em nossa vida. Sao responsaveis por nosso equilibrio, mantém-nos informados da aproximagdio de objetos que as vezes nem podemos ver, s4o nosso melhor mais automatico meio de comunicagao e, acima de tudo, trazem-nos a musica © ouvido tom trés partes: 0 ouvido externo, 0 ouvide médio e © ouvido interno. © ouvido externo é formado pela orelha e pelo canal auditivo externo, que termina na membrana do timpano, O ouvido médio ¢ onde se localizam os trés ossiculos que acoplam o timpano & membrana situada na janela oval, que é a entrada para 0 ouvido interno, No ouvido interno fica 0 caraco! ou céclea, uma espécie de tubo enrolado que contém os érgéos de Corti, sensores acoplados a0 nervo auditivo, A céclea é cheia de um fluido aquoso, através do qual o som se 45 MANUAL PRATICO DE AGUSTICA propaga excitando os érgaos de Corti, filamentos com tamanhos e frequéncias de ressonancia diferentes. Quando um deles vibra mais fortemente em sintonia com uma frequéncia, 0 terminal nervoso a ele acoplado manda um sinal para o cérebro, e assim ouvimos 0 som e identificamos sua frequéncia e intensidade. Nervo do Labirinto — eauilibrio Nervo facial ouvido médio se comunica com o meio exterior através da trompa de Eustéiquio, um tubinho que vai alé a faringe e que tem a funcao de manter 0 ouvide médio a pressdo atmosférica, permitindo que o timpano fique com a mesma presséo pelos dois lados ¢ possa vibrar livremente. Quando estamos gripados e com o nariz entupido, é comum néo circular ar pela trompa e ficarmos com a audi¢o alterada, ou até com dor nos timpanos. A entrada da c6clea é pela janela oval de que jd falamos, Porém, esse 6rgao na outra extremidade tem uma outra janela circular, que permite que as ondas sonoras saiam, mantendo constante a pressio média intema, Isso 6 necessario, ja que os liquidos s&o incompreensiveis. 46 MANUAL PRATICO DEACUSTICR ‘A fungéio dos ossiculos (chamados martelo, bigorna e estribo por causa de seus formatos) ¢ de acoplar o timpano, trabalhando a baixa pressdo e com maior ‘amplitude de vibragéo, janela oval, trabalhando com o liquido incompressivel da c6clea e com amplitude reduzida de vibraco. Ou seja, 0 ouvido médio 6 exatamente andlogo a um transformador, com entrada de alta impedancia e saida de baixa impedancia. Mas 0s ossiculos sao ainda mais uteis. Quando 0 ouvido recebe sons fortes, 08 miisculos que sustentam os ossiculos se contraem, reduzindo seu movimento e diminuindo temporariamente a sensibilidade do ouvido. E por isso que ficamos “meio surdos" depois de ouvir um ruido muito forte, O abuso permanente dos ouvidos, ou seja, sua exposi¢ao a sons fortes durante muito tempo, acaba por enrijecer permanentemente 0 ouvido médio, levando a vitima & surdez. © ouvido possui ainda trés canais semicirculares, os trés perpendiculares entre si, que de nada servem para a audigéo, mas servem para dar & pessoa a sensagao de equilibrio. Doengas que prejudicam o funcionamento dos canais semicirculares, como a labirintite, provocam vertigens ¢ perda da orientacao, Resposta de frequéncia Aresposta de frequéncia, ou seja, a capacidade de ouvir uma grande extensao de frequéncias do ouvido € notavel, chegando nas pessoas jovens a cobrir uma faixa de 1:1000, ou seja, de 20Hz até 20kHz. No entanto, a sensibilidade do ouvido nao 6 a mesma para todas as frequéncias. E mais, essa variagao depende tremendamente do nivel sonoro. A niveis altos, a resposta é bem mais plana (constante com a frequéncia) do que a niveis baixos. De maneira geral, 0 ouvido é mais sensivel as frequéncias entre 3kHz e SkHz, piorando fortemente em direcao aos graves e piorando um pouco em diregao aos agudos. Dependendo da idade, a partir de alguma frequéncia alta a sensibilidade cai rapidamente. Adultos jovens conseguem ouvir até 20kHz ou pouco mais, ¢ pessoas idosas (principalmente homens) muitas vezes ndo chegam aos 10kHz. 47 MANUAL PRATICO DE ACOSTICA NIVEL DE PRESSAO SONORA - dB - REF: 20pN/m* 119 rao} 110 soa} 0 oo ro} Essa perda, porém, avanga tao lentamente com o passar do tempo, que a pessoa val se habituando — pelo menos até que a perda, denominada presbiacuse, chegue a regidio de médios, e a pessoa se tome, de fato, deficiente auditiva. As curvas de Fletcher e Munson foram obtidas extraindo a média da sensibilidade relativa a frequéncia de um grande némero de pessoas de audigao normal. Elas mostram o nivel de presséo sonora (SPL = Sound Pressure Level) necessério para que, em varias frequéncias, se tenha amesma sensagao de volume de som que em 1kHz INiveL De AUoIBILIDADE +120 (EM PHONS ) 0 Lima pa| AUDIGAO I™ TU L 20 50 700 200 500 1K 2K aK Tok 30K FREQUENCIA - Hz Curvas de Fletcher e Munson 48 MANUAL PRATICO DE AGUSTICA Neste grifieo, 0dB representa o limite absoluto da audigho humana, Porém, o proprio sangue circulando nos ouvidos da pessoa ja produz um SPL de cerea do 7B, sendo entao este nivel considerado 0 fimiar da audigéo. Ou seja, para ouvir um som de 04B @ preciso estar... morto! Note que 0 volume ou audibilidade (loudness) é medido em phons. O phon @ uma medida subjetiva do volume, igual ao d8-SPL em 1kHz mas variando em relagdo ao SPL nas demais frequéncias. Por exemplo, para obter 80 phons, precisamos de 80dB-SPL a 1kHz, mas precisamos de 94dB-SPL em 50Hz 0 cerca de 70dB-SPL em 4kHz, onde 0 ouvido é mais sensivel O nivel de 20dB corresponde a um estudio bem silencioso. Tomando a curva de 20dB (em 1kHz) como exemplo, vemos que, para termos a sensagao do mesmo volume a uma frequéncia bem grave de 50Hz, precisamos de um SPL de aproximadamente 53dB - ou seja, 33dB mais forte. Fazendo as contas, 0 resultado impressiona: é preciso 2 mil vezes mais poténcia sonora em 50Hz, para produzir o mesmo volume aparente! Ja em 10kHz, precisamos de 30dB- SPL, ou seja, 10 vezes mais poténcia sonora. O nivel de 100dB corresponde a um som forte, como a média de um show de mtisica popular leve. Neste nivel, podemos ver que bastam +10dB em 50Hz e +6dB em 10kHz para sensagao de volume igual nas trés frequéncias. Limites do ouvido humano A audigdo é limitada, na frequéncia, por um minimo de 20Hz e por um maximo. de 20kHz; € no nivel, por um minimo de 0dB-SPL e por um maximo de 120dB- SPL (acima deste nivel, sentimos a vibragao nos timpanos, e mais acima sentimos dor). Com estes quatro limites, podemos tragar uma janela de resposta extrema do ouvide humano. 49 MANUAL PRATICO DE ACOUSTICA 120 100 2 8 s é Nivel de press3o sonora (dB-SPL) 2 & 20 L- — 0}, - Limiar da audicéo Loti pot ttl | 20 50 100 200 soo 1k 2k 5k 10k 20k Frequéncia (Hz) Janela da audigéo humana As regides do espectro Ja sabemos que as frequéncias se dividem em graves, médios e agudos. Mas essa classificagao pode ser expandida, dividindo-se cada regiéio em partes menores. Os graves, de 20Hz @ 200Hz, incluem o subgrupo dos subgraves, de 20Hz a ‘80Hz. Sao as frequéncias mais baixas, que fazer “sacudir 0 chao". O restante (de 80Hz a 200Hz) ainda tem caracteristicas de graves, mas ndo o “peso” e a “profundidade” dos subgraves. Os medios se dividem em trés regides, de caracteristicas diferentes: os médios- graves, de 200 a 600Hz, tém as frequéncias fundamentais das vozes e da maioria 50 MANUAL PRATICG DE ACOUSTICA 20Hz dos instrumentos musicais, Os *médios-médios", entre 600Hz e 2kHz, incluem regiées importantes para caracterizar os timbres dos sons e a clareza da voz magoulina. E 0s médios-agudos, indo de 2kHz até 6kHz, incluem a regiio onde o ‘ouvido é mais sensivel, portanto tm grande responsabilidade no volume aparente do som. Sua caracteristica é *metélica” ou “estridente”. AGkHz, comega a regio dos agudos. Nesta faixa, torna-se muito dificil identificar notas musicais. Os agudos trazem o “brilho" e a “transparéncia” do som, mas nao acrescentam muito volume ao conjunto. A oitava mais alta dos agudos, de 10kKHz alé 20kHz, € chamada de regidio de super-agudos, e responde pelos detalhes mais sutis do som. Varias pessoas nao percebem bem estas frequéncias, e muitos sistemas de reprodugao nao respondem fielmente a elas. MEDICS | AGUDOS 80 200 600 2k 8k 10k — 20kHz Hep HNO MEDIOS- GRAVES GRAVES O espectro de audio div Efeitos dos retardos Avelocidade do som nao é muito alta, ficando por volta dos 344 m/s a temperatura de 21°C. Muitos avides e até alguns carros ja ultrapassaram essa velocidade, sendo entaéo denominados supersénicos. A velocidade do som, para efeito de veiculos, é chamada Mach 1. O dobro da velocidade do som é chamado de Mach 2, otriplo de Mach 3, ete. Avelocidade do som nao depende da frequéncia. No ar, ao nivel do mar, ela caleulada pela formula 10,06 /T +273 mis, onde T é a temperatura em graus Celsius. 51 MANUAL PRATICO DE AGUSTICA

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