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DEZ PRINCIPIOS DE ECONOMIA A palavra economia deriva do grego “aquele que administra o lar”. A principio esta origem pode parecer estranha, mas, na verdade, lares e economias tém muito em comum. Uma familia se depara com muitas decisdes. Deve decidir quais tarefas cabem a cada membro e o que cada um desses membros recebe em troca. Quem prepara o jantar? Quem lava a roupa? Quem come mais uma porgao de sobremesa? Quem escolhe o programa de TV que seré assistido2.Fm resumo, a familia deve alocar seus recursos escassos entre os varios membros, levando em conta a capacidade, os esforcos ¢ os desejos de cada um. ‘Como uma familia, a sociedade se depara com muitas decisdes. Uma so: ciedade deve decidir quais tarefas serdo executadas e quem as fara. Precisa de gente para produzir alimentos, para fabricar vestudrio e para criar softwares. Uma vez que a sociedade tenha alocado as pessoas (bem como terra, prédios ¢ méquinas) entre as varias tarefas, deve também alocar os bens e servigos que elas produziram. Deve decidir quem comerd o caviar e quem comeré as bata- tas. Deve decidir quem andaré de Porsche e quem andaré de énibus. ‘A administragio dos recursos da sociedade é importante porque os re- cursos sao escassos. Escassez significa que a sociedade tem recursos limitados e,portanto, néo pode produzir todos os bens e servicos que as pessoas desejam ter. Assim como uma familia ndo pode dar a seus membros tudo 0 que estes desejam, a sociedade nao pode dar a cada pessoa o padrao de vida mais alto.ao qual ela aspira © Aprenders que-a economia * trata alacagto.de © s+ Examinard alguns dos ‘tradeoffs que as pessoas enfrentans iiteiterd 0 significado de. custo de oportunidade Vers como uma andiise ‘marginal ajuda a tomar decistes Liscutira como 03: 2: = incentives afelam 9, \cohtportamento das pessoas _ Hig. = “Vent como 0 comércta entre ‘pessoas ou nagdes pode ser benéfico para todos Vent por que'6s tiercados ‘sto yina forina bon, mas ando perfeita, de ‘dlocar + rectirsos!) 0511) ‘Aprenderi o que determina ‘dlgumas tendéncias na : economia global 4 PARTEL INTRODUGAO escassez naturiza limitada dos recursos darsociedade economia 0 estudo da forma pela qual a sociedade administra seus recursos escassos Economia é 0 estudo da forma pela qual a sociedade administra seus re- cursos escassos. Na maior parte das sociedades os recursos nao so alocados por um tinico plancjador central mas pelas agéea.combinadas de milhdes de fa- ilias e empresas. Os economistas, portanto, estudam como as pessoas tomam. decisdes: 0 quanto trabalham, o que compram, quanto poupam e como inves- tem suas poupancas. Os economistas também estudam como as pessoas inte- ragem umas com as outras. Por exemplo, examinam como um grande nimero de compradores e vendedores de um bem determinam em conjunto © preco pelo qual o bem seré vendido ea quantidade que sera vendida, Por fim, 0s eco- nomistas analisam forcas e tendérivias que afetam a economia como um todo, incluindo 0 crescimento da renda média e a taxa a qual os pregos aumentam. Embora o estudo da economia tenha muitas facetas, o campo € unificado por varias idéias centrais. No restante dagte capitulo veremos os Dez Principios de Economia, Estes principios aparecem retorrentemente ao longo do livro eso apresentados aqui para lhe mostrar do que trata a economia. PEsSGAN TOMAM Decisoes Nao hé mistério na definigao de uma “economia”. Quer se esteja falando da economia de uma cidade, de um pais, ou do mundo inteiro, uma economia 6 apenas um grupo de pessoas interagindo enquanto levam suas vidas. Como 0 comportamento de uma economia reflete 0 comportamento das pessoas que formam a economia, comecaremos o estudo da economia com quatro princi pios de tomada de decisdes individual. PRINCIPIO #1: PESSOAS ENFRENTAM TRADEOFFS A primeira das ligées acerea da tomada de decisées se resume no dito popular de que “Nada é de graca”. Para obter uma coisa que desejamos, em geral temos de abrir mao de outra coisa da qual gostamos. Tomar decisdes exige comparar um objetivo com outro. Considere uma estudante que deve decidir como alocar seu recurso mais, valioso — seu tempo. Pode passar todo o tempo estudando economia; pode passar todo o tempo estudando psicologia; ou pode dividir o tempo entre as duas disciplinas. Cada hora que dedica ao estudo de uma disciplina é uma hhora em que deixa de estudar a outra disciplina. E cada hora que dedica ao es- tudo 6 uma hora em que deixa de fazer outras coisas como tirar uma soneca, andar de bicicleta, assistir a televisao ou trabalhar meio expediente para juntar dinheiro para uma despesa extraordinéria. Ou pense em um casal decidindo como gastar a renda da familia. Podem comprar comida, roupa ou gastar nas férias. Ou podem poupar parte dessa renda para a aposentadoria ou para pagar os estudos dos filhos. Quando eles escolhem gastar um délar em algum desses itens, eles ficam com um délar a menos para as outras despesas. ‘Quando as pessoas estao agrupadas em sociedades, elas se deparam com diferentes tipos de tradeoff. O tradeoff cléssico é aquele entre “armas e mantei- ga”. Quanto mais for gasto em defesa nacional para proteger o pais de agresso- res externos (armas), menos se pode gastar com bens pessoais para aumentar 0 padrao de vida (manteiga). Também ¢ importante na sociedade moderna a op- a0 entre um meio ambiente despolufdo e um alto nivel de renda. Leis que exi- gem que as empresas reduzam a poluicao aumentam o custo da produgao de ca bens e servicos. Em fungao dos custos mais altos essas empresas auferem lu- ‘ros menores, pagam salérios mais baixos, cobram precos mais altos ou algu- ma combinagio de todas essas coisas. Assim, embora os regulamentos antipa- luig&o nos beneficient Com um meio ambiente de melhor qualidade e a melhor satide que dai advém, tém.o custo de reduzir a renda dos donos das empresas, dos trabathadores e dos clientes. Outro tradeoff que a sociedade enfrenta ¢ 0 da eficiéncia e eqitidade. Efi- cincia significa que a sociedade recebe 0 maximo possivel por seus recursos escassos. Eqiiidade implica que os beneficios detivados de tais recursos esto distribuidos justamente entre os membros da sociedade. Em outras palavras, eficiéncia se refere ao tamanho do bolo econdmico e eqitidade, & forma em que sao distribuidas suas fatias. Muitas vezes, quando se formulam politicas go- vernamentais, esses dois objetivos entram em conflito. Considere, por exemplo, politicas destinadas a distribuir de forma mais, igualitaria 0 bem-estar econdmico. Algumas destas politicas, como o sistema de bem-estar ou o seguro-desemprego, procuram ajudar aquelas pessoas mais necessitadas dentro da sociedade. Outras, como o imposto de renda da pessoa fisica, requerem que os bem-sucedidos financeiramente contribuam mais do que os outros para o sustento do governo. Embora tais politicas tenham o be- neficio de contribuir para uma maior eqiiidade, elas tém um custo em termos de menor eficiéncia. Quando o governo redistribui renda dos ricos para os pobres, reduz a recompensa pelo esforgo de trabalho; em conseqiiéncia, as pessoas trabalham menos e produzem menos bens e servicos. Em outras pal: vras, quando o governo tenta cortar o bolo econémico em fatias mais iguais, minuio tamanho do bolo.” * % O fato de reconhecer que as pessoas enfrentam intimeros tradeoffs nao hos diz, por si s6, que decisdes tomarao ou desejarao tomar. Uma estudante nao deveria abandonar o estudo de psicologia 56 porque isso aumentaria 0 tempo disponivel para o estudo de economia. A sociedade nao deveria deixar de pro- teger o meio:ambiente $6 porque as regulamentagées ambientais reduzem 0 padrao de vida material. Os pobres nao deveriam ser ignorados s6 porque aju- a-los distorce os incentivos ao trabalho. Contudo, reconhecer os tradeuffs da vida é importante porque as pessoas s6 tomam decisdes acertadas se entende- rem as opges disponiveis. PRINCIPIO #2: © CUSTO DE ALGUMA COISA — DO QUE VOCE DESISTE PARA OBTE-LA Como as pessoas enfrentam tradeoffs, a tomada de decisoes exige a cempara- sao dos custos e beneficios dos varios cursos de agao. Em muitos casos, con- tudo, o custo de alguma acao néo é to Sbvio como poderia parecer a primei- ra vista, Considere, por exemplo, a decisao de fazer uma faculdade. O beneficio €oenriquecimento intelectual e melhores oportunidades de emprego ao lon- go de toda a vida. Mas qual é v custo? Para responder & pergunta voce pode- ria somar a despesa com anuidades, livros, moradia e alimentacao. Contudo, esse total nao representa de fato 0 que vocé sacrifica para passar um ano na faculdade. O primeiro problema desta resposta é que ela inclui algumas coisas que no sio, na verdade, custos de se cursar a universidade. Mesmo se vocé largat 0s estudos, vocé precisaré de um lugar para dormir e tera de se alimentar. Mo- radia ¢ alimentagdo 36 so custes, neste caso, se forem mais caros na universi- dade do que em outros lugares. Contudo, 0 alojamento e o refeit6rio podem Ihe permitir gastar menos com moradia e alimentacdo do que se voc’ tivesse TULO 1 DEZ PRINCIPIOS DE ECONOMIA 5 eficiéncio propriedade que uma soctedade tem de receber 0 iéximo possfoel pelo uso de seus recursos escassos eqiidade \ jitsta distribuigto da prosperidade econdmica entre 0s membros da sociedade 6 PARTE! INTRODUCAO custo de oportunidade qualquer coisa de que se tenha de abrir mo para obter aalguzn item alteragées marginals pequenos ajustes incrementais a um plano de agha que obté-os em outro lugar. Neste caso a poupana decorrente de morar na diiversidade é um beneficio de freqtientar a universidade. © segundo problema deste caleulo de eustos ¢ que ignora.o maior cus de freqiientara universidade —seu tempo. Quando voce passa um ane de ae ee sulas, lendo livros-texto e fazendo trabalhos, voce nao pode dedicar muito tempo a um emprego. Para muitos estudantes, os salrios nao rece! i dos para poder fazer 0 curso sio o principal custo de sua educegeo, © custo de oportunidade de um item é aquilo de que se abre mao para obter aquele item, Ao tomar qualguer deciséo, como quando se trata de fre- tiuentar uma universidade, os que tomgamclecisGes deveriam esta atontor 208 aisios de oportunidade que acompanhham cada agio possivel, Atletas waver” itarios que poderiam tornar-se esportistas profissionais e ganhar milhdes Hears lado os estudos estdo bem contcicntes de que o custo de oportunida- aeasnasestaclos € muito alto, Nio surpreende que muitas vezes decidam que o beneficio ndo compensa o custo. PRINCIPIO #3: PESSOAS RACIONAIS PENSAM NA MARGEM ‘As decis6es que tomamos na vida raramente sio em branco-e-preto ent geral Aline de cinza, Quando ¢ hora de jantas, a decisio com que voce se depare ao é ontre jcjuar ou se entupir de comida, mas a de pegar mais uma colher de puré de batata. Quando as provas se aproximam, sua des is59 no 6 entre jo- Pras para o alto ou estudar 24 horas por dia, mas entre gastar mals hora a endo a matéria ou assistir& televiso. Os economistas empregam a xa he alteracdes marginals para descrever pequenos ajustes incremental § mh plano de agao incremental. Lembra que “margem” também significa “beira- caer je modo que alteragoes marginais sao ajustamentos na beirada daquilo que voct esta fazendo. "Ean muitas situagbes as pessoas tomazn melhores decisdes pensancio na margem. Suponha, par exemplo, que voce peca a um amigo um cconselho so- pre quantos anos deve ficar na universidade. Se ele compararo estilo de vida vHeumn Ph.D. como de uma pessoa que abandonou a escola no primeiro grat 0 palpite que seu amigo Ihe apresentaré nao é de muito auxilio. Vocé prova- Salmenteyé tem alguma instrucio e esta querendo decidir se passa malt Tt Sudois anos na universidade. Para tomar esta decisio, voce precisa ‘conhecer cee neficios adicionais que um ano a Mais de estudo Ihe ofereceria (saléri0s sec ltos 20 longo da vide a alegria de aumentar seus conhecimentos) ¢ qiuais os custos adicionais dessa alternativa (as despesas que voce faré com os sarnados eos salarios que estara deixando de receber). Comparando esses be- wefcins marginais com 0s custos marginals, ele poderé avaliar se vale a pena esse ano a mais de estudo. ce gmais um exemplo de como o pensar na margem ajuda na tomada de decisoes, considereo caso de uma empresa aérea que deve deridiro quan tocobrar de passageiros que desejam voar standby. Suponha que 0 cuss Pars a empresa aérea de uma viagem em um aviso de 200 lugates reY de USS 100 a el Kleate caso, o custo médio de cada assento é de USS 100,000/200, ou s¢jay US$ 500, Poderia se concluir que a empresa nunca deveria vender uma passa gem por menos de US$ 500. Contd, a empresa pode aumentar seus Iucros pensando na marge. Suponha que 0 avido vai decolar com dez aaventos vazins ‘Um passageiro ctaudby esté no portao de embarque querendo pagar USS 300 pela passagen A empresa deveria vender essa passagem? Claro que sim. Se 0 vido tem assen- CAPITULO 1 DEZ PRINCIPIOS DE ECONOMIA 7 tos vazios, o custo de mais um passageiro ¢ infimo. Embora 0 custo médio de “trangportar um passageiro seja de US$ 500, 0 custo marginal é apenas o amen- doim e o fefrigerante que o passageiro extra ird consumir. Uma vez que 0 pas- sageiro standby paga mais do que o custo marginal, a venda dessa passagem lucrativa, ‘Como esses exemplos demonstraram, pessoas e empresas podergo tomar decisées melhores pensando na margem. Um tomador de decisdes racional empreende uma aco se e somente se o beneficio marginal de tal agéo exceder seu custo marginal. PRINCIPIO #4: PESSOAS RESPONDEM A INCENTIVOS Como as pessoas tomam decisdes comparando custos e beneficios, seu com portamento pode mudar quando os custos ou os beneficios se alteram. Isto é as pessoas respondem a incentives. Quando o preco das magas aumenta, por exemplo, as pessoas decidem comer mais peras e menos magds, porque o custo de comprar macas esté maior. Ao mesmo tempo, os produtores de magis deci- dem contratar mais gente e colher mais maga, porque o beneficio de vender maga é também maior. Como veremos, o efeito do preco sobre o comporta- mento de compradores ¢ vendedores de um mercado - neste caso 0 mercado de magas ¢ fundamental para entender como funciona a economia. Os formuladores ce politicas pubblicas nunca deveriam esquecer 0s incen- tivos, visto que muitas politicas mudam os eustos an heneficins com que as pessoas se deparam e, portanto, alteram comportamentas: Um imposto sobre a gasolina, por exemplo, incentiva as pessoas a dirigir carros menores, de con- sumo mais eficiente. Também incentiva as pessoas a usar o transporte piiblico em vez do automével e a morar mais préximo do trabalho. Se o imposto for muito elevado, as pessoas comecargo a utilizar carros elétricos.. Quando os formuladores de politicas piblicas nao levam em conta como suas medidas afetam os incentivos, acabam gerando resultados nao-desejados Considere, por exemplo, as medidas relativas a seguranca dos automéveis. Atualmente todos os automéveis tém cintos de seguranga, mas isso nao ocor- ria hé 40 anos. Em fins da década de 1960 0 kivro de Ralph Nader, Unsafe at Any Speed despertou a atengao do publico para a seguranca dos automéveis. O Congresso respondeu com leis destinadas a exigir das montadoras que varios. itens, dentre os quais os cintos de seguranga, se tornassem padraio em todos os carros novos. Comoalei do cinto de seguranca afeta a seguranga no transito? O efeito dire- to€6bvio. Com cinto de seguranca em todos os carros, mais pessoas os utiizam e a probabilidade de sobreviver a um acidente aumenta. Neste sentido os cintos de seguranga salvam vidas. Mas essa nao é toda a hist6ria. Para entender completamente 0s efeitos essa lei deve-se reconhecer que as pessoas alteram seu comportamento em res- posta aos incentivos oferecidos. Neste caso, o comportamento relevante é a ve- locidade e a prudéncia com as quais as pessoas dirigem. Dirigir devagar ecom |

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