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Weak “Veen, ynnoty Hearn LETERATUBA € ALFABETTbasiT : do |e plone le fe. Foils MMe 25 AetMED, 2001 Narrativas infantis Hl tutta Vi Pres Vale Espécies de narrativas ‘ das, quanto a otigem, em folcléricas e antsticas. Na-primeira, incluem-se as hi ‘tins criaelns coletivamente pelo povo em diferentes épocas, como fibulas, con- ‘ds populares, lendas e contos de fadas tradicionais. Na segunda, estao as obras eseritas por autores identificados nominalmente, abrangendo contos de fadas madernos, textos infantis que, por sua brevidade, simplicidade de enredo e rela flo estreta entre discurso e imagem, sio denominados hist6rias curtas e natrati- vas formadas somente por imagens. Cada uma das espécies pode constitui'se objeto de leitura para as criangas em processo de alfabetizagio, segundo seus interesses, E importante que'o pro: 1 fessor conhega’os vatios tipos de narrativas, a fim de tue coloque & disposigao {de seus alunos textos diversiffcados quanto & espécie, ao assunto e 20 tema, para aque eles, diante das opgdes oferecidas, procedam & escola. Com 0 objetivo de | colaborer com o professor na escolha de obras a serem sugeridas para seus alu: | Nos, apresenta-se a seguir um levantamento desses tipos de textos, mostrando-se | suas principals caracteristicas, | Asnarrativas infants abrangem varias espéciesIteréres, que podem ser agrupa- \ Fabula £fébula, em sentido ampto, pode ser definida como uma narrativa curta com agbes protagonizadas por vegetais, objetos, animals eseres humans, que, apre- sentando uma moral implicta ou explicita, tem como fungéo divenir e instru. Sua estrutura divide-se em duns partes: (1) a narrativa, também. chhmada de corpo, em que se revelam as agées reclizadas pelos seres acima chads e, (2) a ‘moral, denominada de alma, que explicta o ensinamento pretendio, A fabula presenta umn discursoalegérico resultante da harmonia ds duas partes de sua estrutura. Dessa forma, a leitura de obras coftio "O cordeiro e:o:lobo’, de La Fontaine’, evideneia como 0 ingénuo € o inacente podem tornarse presa fill do prepotente; “A raposa e as uvas’, também de La Fontaine, most o ridfculo do presungoso; "0 lobo e 0 grou” e ” O lobo e 0 cf", de Esopo%, ensinam, res- Pectivamente, que nao se deve esperar recompensa de homens maus e que a li berdade do ser humano tem valor. plone de Gere narrates “ x foleéricas orfsticas voriedade de textos: importéncio febul: conceto distingbo: bua + aptlogo + pordbola apsloay } fobulsios: ; £s0p0, Fedroe Lo Fonaine bos ‘Monioko tobalo a od. : lebulase follore brosleko {ebula rosa Tendo: concetio v Poem dye 08, {A fibula, muitas vezes, €confundida com 6 apélogo © @ parsbola, confor ‘me aponta Massaud Moisé, na medida em que éssas modalidadesltrétas tan» ‘bém se caraeterizam por apresentar, implicita ou explicitamente, uma moral Para diferenciar os résmodelos, 0 autor refere que “hé quem as distinga pels personagens: 0 ap6logo seria protagonizado por objetos inanimados (plantas, pedras, ros, rel6gios, moedas,esttuas, etc), a0 passo que a fébula conteria de preferéncia animis irracionais, ¢ a pardbola,sereslnumanos” (Moisés, 1982, p.* 34). Ele wmibém aponta que na Biblia se encontram muitos exemplos de paribo las, como a do “Semeador” e a do “Filho prodigo”, entre outras. ‘A origem da fabula perde-se ao longo da histéria do homem, mas parece ponto de concordincia, entre os estudiosos desse assunio, que ela ja teria exis- téncia quase mil anos antes de Esopo, no Egio e’na india. Atribuise a Esopo (sé culo Via. C.) sua introdugiio na Grécia e a Fedro (século | a.C.) em Roma, atra- vés da tradugéo do febuléio de Esopo. No século XVII, o francés Jean de La Fontaine premia o povo francés com sua colegdo de faibulas, muitas delas plas- rmadas nos modelos de Esopo ede Fedro. | ‘No Brasi, Monteiro Lobato também dé atencéo a0 género. No seu limo Fi- bulas (. 3, sl), cle reconga algumas narratvas dos fabulsis cssicos, apren mando-as da realidade do itor brasileiro. Exemplo de tal aproximagio é a fabu 1a menina do bade”, Lobito, ao presently, altera 0 nome da personopem plincpal e acrescenta comentstis das personages de O Sitio do Pieopau Aina relo a respeito da moral da fébul.& inceressantg observar que essa his6ria apa rece no antigo lio indiano Calla e Dimna, como *O eremita, a jara e o mel no fabulério de Esopo, como “A menina do lee", e no de La Fontaine, com nome de “A moga eo pote de Ite” (© professor Gimara Cascudo, estudioso dos contos foleléricos do Basi in iui na sua coleténea Contos tradicionais do Brasil (.4), sob 0 subttulo “Contes de animais",vrias fabulas perencentes a Esopo, Fedo e La Fontaine ecolhides do folciore braslleiro. Nelas, aparecem animais com 0 nome de cégado, tei ileum tegbieaesncsaierspets sx araeatatcats to pelo povo. interesante também destacar que a fabula pode ser apresentada em pro sa ou em versos, Sua forma original é versifcad. Entretanto, nas tradugoes,f se alterando sua forma expressiva, «que explic a exstincia de versGes da mes ma fébula em verso ¢ em prosa. Esse modelo de narrativa como cbjeto delleitura para crianga-€ recomen- dado, prinipalmente, pela nawueza alegérica de seu discurso ¢ pela possiiida de de discussdo sobre a moral, levandio 0 leitor a questioné-la & relacioné-la com 6 rnundo atual. | Lenda | ‘Alenda mostra o assombro do homem primitiva e 0 seu temor diante do mun- ddo. Essa modalidade literdria reflete o pensamento infantil da humanidade, ou seja, 0 momento em que homem, diante de aconiecimentos que ndo.compre- tendia, os quais envolviam agentes ¢ fenémenos da natureza, € comportamentos adotados pelos individuos, explicava-os através de nartativas (esualdo, 1982. p 109-111). Assim, a existéncia de rios, plantas, animais, sol, estrelas, chuva, dia © noite era esclarecida por relatos. A lenda revela a fungio magica das paleveas como fundadoras e reveladoras do mundo. Essa modalidade literdria pode ser definida, ento, como a narrativa que explica 0 sugsmento de algo no univers, cmsina e fixa costumes e crengas de determinada regio. Sua fungio explicativa ‘eriormativa faz com que os povos, a0 longo dé sua histéria, preserver seus rela- ios, uransmitinelo-os através da oralidade de geragag a geragio. Observa-se que, entre suas personagens, aparecem seres sobrenaturais, penencenites ao imaginéria do povo no qual ela se desenvolve, Por exemplo, nas fondas brasileiras, sAo freqientes as figuras de Tupa, Cobra-Grande ou Boitina, jpora, Saci, Curupita, [ara e Nossa Senhora. E por intermédio das agbes, das fondens, dos desejos ou das aparigdes desses seres sobrenaturais que se process ‘ergo do fendmeno explicado pela lenda, caracterizando a presenga do ma- rivilhoso na narrativa. (Qutro trago earacterfstico da lenda & o sentido de fatalidade ou tragicidade ‘gue marca a personage central da histéria, como martes, desaparecimentos ou” rctamorfoses, Tal sentido mostra a presenca do destino, ou seja, os poderes esta has contta 08 quais 0 homem primitivo no pode lutar, demonstrando como seut pensamento é dominado pelas forgas do desconhecido (Jesunldo, 1982, p. 110). ‘Acstrutura da lenda € semelhante a das narrativas tradicionais, isto &, apre- somta 1rés partes distintas: intvodugao, desenvolvimento ¢ conclusio. A introdu- ‘gi0 6 a parte inicial, em que é feita a apresentagio das personagefis e, em algu- as, a localizagao espacial dos fatos. Nela, observam-se tamibém expresses que rmostram o distanciamento temporal do acontecimento, Naquele tempo 0s compos ainda erom bert, no havio entre eles dvsas nem cer- ‘os, somente nas volsadas se oparhava @.gadaria chucra, eos veados © 0s evestuzes, cotiam som empecihos. Fo uma ver um estanciro, que tha uma porta de subes ches de ongas e mos do- bias © mais muita pratario; porém era mulls caufa e muito mau, mato Cascudo, $4. 8.551 ‘A expresso “Naquele tempo os campos ainda eram abertos, nao havia en- s1e eles divisas nem cercanias”, quejinicia a lenda “O Negrinho do Pastorcio”, re- vela distanciamenta temporal dos acontecimentos, identificando-o com um perfodo primitivo e original do Rio Grande do Sul. i O desenvolvimento apresentalas ages realizadas pelas personayrens para. 0” + esiabelecimento da erenga ou do fato explicadlo pela lencla, A catacterizagio das ypersonagens contribul para ientificar a regiao original do relato. & interessante hnervar qe @ ago reveladlorn clo estabelecida na-narrativa & marcadln axravés do trigico vivide pelas personagens ¢ pela interferGneia «as personagens sobr nawurais, Ein "O Negrinha do Pastoreio", a morte da personagem ljoménirna ~ otivada pelos eastiges recebidos de scu patrao, pela pera da carreira e desa- paieclmento dos animais sob sua guarda ~ e scu reaparecimento junto com os snimnais perdiclos, acompanhado de Nossa Senhora, origina a creriga de que ob- jetos perdides padem ser encontrados com a ajuda do Negrinho,quando se Ihe acende uma vela para iluminar os eaminhos. iy ‘A conclusio € constituida por uma expressao explicitadora dos éventos da narrativa ¢ instala a permanéncia de uma tradi¢ao que se mantéin‘anual desde sua ocorréncia até hoje, como exemplifica o final da lenda: + ‘ Deede eros cade hoe, conn o se pst, tei soradh eset r= tos compos cov os mecegols bel os esigc,despoia os arhodoy, 0 ot arroios, sobe as coxilhas ¢ desce as canhadas. ° 4 carocleriticas ve personagans y fatoidode estutura distanciomento lemporal desorwohiento conclusbo v ppermonéncie da radio cigem e fungoo conles popuiaresbrasioires, conlos de fodas: of | A legitimidade de se contar a historia esté nessa expressio, que revela < Portincia ¢ a permanéncia do relato. Contos populares | ‘Assim como as lendase as fabula tm sua origem no fociore, muites co também procedem de fonte popula, Cistalizado na tadigao oral dos po através da meméria de consecuivas gers, o como popular é um agen srarsmissdo de valores cos, conceitos moras, modelos de comporamen ‘oncepgdes de mudd. Contudo, sua fungao nao se restringe somente a ess: ecto educativo ou doutinador, pols as stuaghes vividas plas perzonagen universo ficcional das histérias também funcioriam como valvula de escape | ‘© homem que, pelo processo de identificagao, satisiaz suas necessidades bt de sonho e fantasia (Maria, 1992, p. 12). Ainda hoje, essa forma simples de press literéria continua encantando eviangase jovens. Ene seus mod i seicativos, eto os contos deers regles ou ples eo como fades (0s contos populares brsieios neuer nara pentencents uo fok do pals que, em grande pane, se revelam como hist6rias préprias para criar ‘Muitos desses contos, transmitidos pela tradigao oral nas varias regides do Bi so variants de rents tazidos pelos povos que compoem aetna basi. tte eles, apareoom verses de contos de fas tadiionas, como "O Chae Vermetho"e "Requeno Polar de fibulasanigas, como “O gato e rapes conts divas na Europa durante a lade Média, cme “Uma lgao do Salomio”, ¢ de relatos oriundos da india, como|"Os quatro ladroes”, ‘Cimara Cascud retine 100 conios dessa ntureza no lio Cons trad nis do Brasil, agrupando-o em 12 tpos, de acordo com & temic de coda A consulta a esse material ajuda 0 professor na|escolha de textos foleléricos « ee Contos de fadas tradicionais | (Os contos de fadas, como modelos de histérias para criangas, surgem na Fa ‘no final do século XVII, quando Charles Perrault publica a obra Os contos da, Gansa. Nela, ele rete os contos populares qye circulam em seu pais naq) éoca, Posteriormente, os irmaos Grimm, na Alemanha, no século XIX, lana ‘obra Contos de fads para criancas e adultos, uma coleténea de narrativas per centes 20 folclore alemao. Anda no século XIX, na Dinamarca, Hans Chis Andersen (1990) publica contos recolhidos do folclore de seu pais, come Princesa e 0 gro de ervilha”, e outros de sua prépria criaglo, como “O Pati Fei". O material reunido por esses autores forma 0 acervo dos contos de fe ‘que povoa o imagindrio de criangas e adultos. (s contos de facas tradicionais também sio chamados, indistintamente Ccontos maravilhosos. No entanto, Nelly Novaes Coelho, tesrica da Literatur fanii, estabelece diferenga entre conto de fada e conto maravilhoso, Seyunc autora, essa distingdo evidencia-se, na narrativa, por meio da caréncia man tada pela personagem principal. Nos contos maravilhosos, como “O Gato de ea Kimpada maravilhosa", a caréncia das personagens rélacion cul emi, iret um dese de ato tzagdo Satisfeto pela conquista de hers mateiais. das as narrativas, sem fadas, com o maravilhoso representado por animais falantes, objeros magicos, génios, duendes, andes, gigantes, ete, em que a per. sonagem principal apresenta uma necessidade de natuteza socioecandmica. J os Contos de falas, como “A Bela Adormecida*, “Rapunzel”, "Branca de Neve* @ “Cinderela”, sdo historias em qué os elementos do maravithoso e do feérico silo representados por reis, rainhas, principes, adas, gnios, bruxas, gigantes, ob- letos magicos e metamorfose. Com ages desenvolvidas em um tempo e em um espago fora dla realidade conhecida, esses contos tém como motivo gerador clas, "des da narrativa um problema existencial do herdi (Coelho, 1987, p. 12-13) A autora observa ainda que, nos contos de fadas, a superagéo da earéncia da personagem inclui abstaculos ou provas a serem vencidas pelo protagonista, ‘semethanga de um ritual inicitico. No final, a auto-tealizacdo exdstencial do, hhen6i & alcangadla pelo encontro de sua identidacle ou do amor ideal, s sores que atuam no universo dos contos de fads podem ser eriancas, jovens em idade de casar, principes, princesas, refs, rainhas, trabalhadores, anoezinhos, gigantes, duendes, fadas, bruxas e animais clotados de caracteristi- Esses seres sito consideradlos tipos, pois se apresentam com virtu (citos exageradamente destacados,, Assim, personificam orgulho, a modéstia, a covardia, a feitira, a beleza, a bondade, 4 maldade. Suas caracter des ou d as evidenciam-se no desenvolvimento da trama ¢ interferem no destino dos protagonistas, na medida em que o bem triunfa sobre o mal, a coragem sobre a covarciia, 0 belo sobre o feio, a modéstia sobre a prepoténcia. © ambiente onde ocorrem as ag6es das historias ¢ distante impreciso, sendo caracterizado por expressdes como "Num certo reino...", para indicar 0 spaco, ou “Bra uma vez..", para refer 0 tempo, que deitam aflorar imagens «ce um univétso maravlhios6, localizado fora dos dominios espaciais e temporais da crianga, TE nesse espago longinquo que 1am O§ bosques misteriosos, os castelos encantados, as grutas sombrias, onde as personagens vivem situagoes ‘que encantam 0 leitor, A imprecisdo da representagao temporal e espacial faz ‘com que a crianga se insira nesse ambiente e © configure, dele transitando para «realidad de seu mundo. | ‘A esrutura dos contos de fadas e dos contos maravithosos 6 extremamente simples, 0 que talvez contribua para seu sucesso junto as criancas. A narrativa inicia com uma situagéo de equiltio, que é alterada pela manifestago de ca Fncia ou conflto por parte do heréi. A seguir, sio apresentadas as peripécias vi- vidas pela personagem, que, com a ajuda de seres ou abjetos magicos, vence os obsticulos e emerge vitoriosa no final. Entdo, a situagao de harmonia inicial 6 novamente instaurada, | $ © paicanalista Bruno Bewtelheim observa que, nos fohtos de fadas, a estru- ‘ura da narrativa, 0 tipo de caréncia manifestada pela personagem eo modo como é superado o confit constituem-se em elementos que eonferem uma simbologia a esse modelo ttgrétio, Tel simbologia, ao:ser percebida, inconscien- temente, pela crianga, ajudava a resolver seus problemas existenciais. O autor sa. lionta a importancia de se apresentar os contos de fads ao pablico infantil em sua versio original, A supresséo de qualquer um dos elementos citados quebra a cadeia simbélica expressa na integra da hist6ria, abolifdo seu efeito sobre o in- * eonsciente do ouvinte ou do leitor(Bettetheim. 1979, p#40-22) Desea forma, so desaconselhivets as adaptagbes feitas a esses contos, uma ver que se suprimem, ‘ou se atenuam episédios que os adultos consideram crudis ou angustiantes, (Os contos de faclas @ a8 cantae imaravitanens mtn ns ial 2 cont de fads: personogans espace - Yorn’ contre “ importncia da forma orignal 48 conlo de fodas moderna norris poucb comploxas v corodterisicas narratives mois comploxas v caracttisicos Untas, alguns apresentam formas diferentes, como “Cinderela, “Chapeusi ‘Vermelho” e “Pequeno Polegar”. | Constata.se também, desde a década de 70, a ciculagao de obras res doras da resofnposigto dos contos ce fadas tradicional no que se refer Ate tice, a estutsrae aos aspectos ideologicos apresentados. Caracteriza esse mo lo de narrativas A fada que tinha idéias (1992)'de Femanda Lopes de Almeid ‘utrashistrias que contém elementos do ferico.Essas criagdes sto conheet como contos'cle fadas modernos, porque, embora mantenham o maraillc conduzer @letor a uma percepsio desi mesmo e da sociedade que o circ diferente dl apresentada nos contestadicionis. Na obra citada, a prsanng, Drineipal, Clara Lan, recws-so a aprender migicas nttavés do Livee das Tuc ps, segundo a fadinna ele exté embolorado. Esa attude desaia a fada Rai que oxdenava todas as fades a aprenderem suas magicas através do rofride ‘ro. A protagonstaprefee inventar suas magica, que, as vezes, nao dio et a primeira ientativa, mas ela nfo desanma ¢ continua com suas invengSes atitude de Clara Luz revela que o questionamento co desafio 20 pré-eaabel do levam 0 ser hurnano ao erescimentoe a sociedae a mudancas igificait De acordo com Matsa Lajolo Regina Zlberman (1985, p. 158-159). nos con de faa tradiionais, os elementos fantéstiens, em constanteinteretrbio cen real, acabaram servindo a interpretagées que os viam como metéforas de sit 8es socais epsicol6picas muito marcadas, sendo que os contos de fadas 1 ‘demos se insurgem contra © maniqueismo destasinterpretacces, “Narratives curtas ‘As historias cutas abrangem obras em que se observa, na sua forina de rep sentagio, uma relacio esteita entre a imagem e o texo excite. Sao indicad) pré-leitores, a criangas recém-alfabetizadas e aquielas com pouca experiéncia Jeitura, ' I ‘AS obras apresentam narrativas com enredos simples, que revelam.epi dios do mundo infantil ocotridos em curto period de tempo, em espago tin € com poucas personagens, tendo como temas passeios, visitas, brincadeit lencontros corn amigos ou com grimais. A lustragbes ocupam quase toda a | ina e ausiliam a crianga a idehtiicar, na narrativa, a caracterisicas exter das personagens ou os espagos onde correm as cenas. A linguagem ¢ simp| sem muitos elos fracas. A historia constéise, quase sempre, através de didlog, « apresenta pouca narragao, Por exemplo, em O peru de peruca, de Sania Jt {queira (1992), énarrado 0 acontecido com um peru, Ari, que encontra ume | rica e coloca-a em sua eabeca para enfeitarse. A partir deste fato, ocorte tt série de episddios provocados pelo medo dos animais, seus amigos, que nak reconhecem com 0 adomo na cabesa e imaginam-no um monsto inimigo, Distinguemse, ainda, para criangas ja allabetizadas, mas com pouca ej "iéncia de leitura, obras que apresentam uma trama um poueo mais comple vivida por personagens criangas ou animais, ocoztida em espagos divers, ¢« uma temporalidade que pode ser de varios das, semanas ou meses. As ist 9865, agradsiveis A visdo. do letor: sao complementares a histéria.e contibu para sua compreensiio. Os temas dessas obras relacionam-se a vivénciasinfar (brineadeiras, passcios, pequenas aventuras), aspectos ligades a interiorida das personagens (busca de identidade, inseguranca e medos) ou relagé interpessoais (desentendimentos familiares e solidariedade). Lriciajé-vow-ine ‘de Maria Heloisa Penteado (1987), ¢ um exemplo desse modelo de narrativa po Vi resto apresenta a hist6ria de uma lesminha que recebe o convite para uma festa mas, devido & sua lentidéo, nao chega a estar presente. Ela chora muito pelo contecido, chamando a atengéo de suas amigas libélulas, que resolver organi .cuma festa na casa de Liicia para que éla possa pantcipar. Narrativas por imagens A pantr da_década.de70_surgem_no Brasil varias publicagdes de livros sem. ‘nuneiado verbal. Neles, as narrativas séo apresentadas unicamente por irna- igens visuais, € 0 leitor vai construindo episédios ou pequenos relatos a panir das iusiragdes, de acordo com sua fantasia ¢ experiéncia de vida. . [Nessas obras, as situagdes expressas nas gravuras tém estreita relagio coin ‘ cotidiano infantil. Algumas dessas narrativas apresentam cenas isoladas, como “Ai que fone”, do livro Todo dia, de Eva Furnari (1984), em que a ilustragao mos tm tuma cozinha e a sala de jantar. A cena pode levar o Icitor a imaginat situa {goes sobre 6 que ele observa no texto, (Outros livros expdem.cenas encadeadas entre si qule, no seu conjunto, for- mam uma pequena narrativa, Exemplo desse modelo de hist6ria € a obra O presentdo, de Rogério Borges (1987). O livro apresenta intimeras cenas de um menino chorando e as véirias tentativas co pai em oferecer-he urn presente, a fim de acalmé-lo, sem obter sucesso. No final, 0 pai oferece carinho ad filho, © cle para com 0 choro. A leitura desse tipo de texto estimiula.a imaginacao infan-. ti, desenvolve sua percepgio visual € contribuii para 0 autodesenvolvimento da crianga, ‘ Notas 1.05 exempos de textos de La Fontaine cilados estéo pubicados em Fébulas do mido ine 1 Sto Paulo: Grculo do Uvro, 1990. . . 2. 0s examplos de fexos de Esopo cladss esto publicados ci SOPO, Fabulas Sto Pavl: Geto do tivo, 1989, i 49 narratives v Imagens ‘cenas isoladas cons encadeados

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