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‘No sentido metaférco, as ciangas s8o as maiores ou Se eee Po a Cd Ot ee ae cee Pe ee ed Cee et eee ees Dee Cone de eae Ce ee ree ee ea eet ® eraree WETS A CY-Fif Trlr Peete ane at cae tart Daren Ce ‘inset earl resem mao Steers opiate fon ana sig — So aa ‘Tonaarabs — ee sabane ep nguceracom te “eo ete pe Aen pod inp og “geo eg ac, ep per Ci te more Pacer 202 ‘Thoin Dae wi as ‘xd ns Jie ic 2h Tilo ana as CRANGAS PROMIONE, DAOC, MI -sowwusaanonss ne Reco Emin, 6 (© Espaco Da INFANCIA (1998) Escnsvr 0 TExTo A stouin xa fPoca em que estava sendo ppublicada a pesquisa realizaa pela Reggio Children em co- laboragio com a Academia Domus. A pesquisa e a jornada foram inesquecives: permitiram a todos os partiipantes entender, mais uma vez, a riqueza do didlogo, que, por ser interdisciplinar, se torna intradiscplinar e, assim, contibui para atingirmos niveis de reflexio metacognitivos. ‘Mas, o que é« Academia Domus e por que a pesquis? A ‘Academia Domus um centro de formacio em pés grads soe um laboratério de pesquisa em processos de design, situado em Milfo. Ela € conhecida em todo o mundo e tem interesse particular em questdes de pesquisa e de inovacio.. Entramos em contato formalmente em 1995, mas nossas relagGes com a insttuigio haviam comegado muitos anos antes, num periodo em que sentimos necessidade mio 6 de expandire aprofundar nosso conhecimento de ambien: tes espacais, mas também de reformular nossos conceitos relacionados ao assunto, mudando nossa maneira de pensar acerca dos expacos, ‘A experiénca de Reggio sempre se manteve muito atenta ao tema dos espagos e, num plano mais geral, aos ambien- tes na educagSo. Quando comecei a trabalhar nas escolas _municipais de Reggio, em 1970, fiquei surpresa com 0 alto nivel de conscigncia acerca da importincia da qualidade dos espacos da escola. Num contexto nacional ¢ internacional ‘no qual a sala era considerada uma eaixa vazia, canto ants: séptica quanto andinima, e no qual se considerava legitimo (infelizmente, ainda se considera) criarescolas em porses& freas comercais, entrar numa escola de Reggio era, essen cialmente, uma experiéneia emocional. Era possvel sent: Jas vibrando de tanta vida e, embora se pudesse reconhecer ‘elas 0 pensamento de Montessori, Freinete Dewey, eran: ‘ido que a linguagem do ambiente espacial ia muito além disso, gragas & preacupacia com as ares vsuais e a argu J exista uma clara intuigio da relagfo existente entre a qualidade do espaco © a qualidade do aprendizado. A de finigio dos espacos como 0 “terceiro educador”, tio cara ‘ Malaguzzi, fornece uma boa nogio dos niveis de pescep- ‘fo que jé haviam sido aleangados. Da mesma manera, 0 Impacto das declaragBes de Malaguzzi acerca dos dieitos a crianca a um meio ambiente de qualidade também era evidente. O dieito a um meio ambiente, a beleza, odieito «de contribuir para a construgio desse meio ambiente e des sa ideia de beleza, uma estética compartithada: um dieito de todos, educadores e adultos em geral, ¢ que sé poderia se expressar por meio de um processo permanente de pes aquiss, Por um lado, uma pesquisa baseada na observacio atenta e acurada do uso que criangas ¢ adultos fizem dos espagos e da mobilia e, por outro, diligente em relagio a tudo que estvesse sendo trazido& luz dos estudos referen tes forma pela qual os espagos ea anqitetura em geral 0 percebidos. Lembro-me com bastante clareza de um dos primeiros (c, para mim, fundamental) grupos de estudo do qual part cipei, em 1972. Era composto deateliritas (na época, acho ‘que eram ses, e muitos deles inham conseguido emprego apenas pouco antes), alguns educadores eo arquiteto Tullio, Zini, amigo generoso e grande fonte de inspiracso para 0 conceito de meio ambiente ¢ estétiea do meio ambiente ‘que havia sido elaborado em Reggio Emilia. A fim de estru ‘turar nossas observagGes, usamos um sistema desenvolvide [Por nds mesmos em que tentavamos conectar tempo ¢ es ago, quer dizer, tentivamos igar © “que” com o “onde’ € 0 “quando”. O objetivo era capturar os valores reais que estavam sendo aribuidos a certs espacos ea capacidade do espaco dese adaptar a0 que estava sendo experimentado ai ‘Um exemplo € 0 almoco das criangas. Comecamos are fletir sobre 0 almogo, sobre seu significado em nossa cul: ‘ura, a pensar psicologicamente no assunto, Mas também tivemos bastante cuidado de levar em consideragio as ob: servagdes feitas pelos educadores © as primeiras imagens Fotogrificas que mostravam como as criangas se comport vam durante oalmoco. De fato, 3s imagens eas observacies realgaram que, para a criangas, © almoco era, em primei- 10 lugar e acima de tudo, um momento de socializaglo, € que elas eram capazes de ser independentes se ajudadas 1 valorizar as proprias competéncias. Tamlsém pensamos a respeito da densidade de pessous no refeitério e tentamos compreender como 0 espaco poderia ser organizad e equi: ppado de forma a evitar 6 barulho, para tornar a actsica ‘mais suportivel. E como poderiamos fazer um espaco mais, ‘pessoal, mais acolhedor? Precisivamos de messs menores (com quatro lugares, seis no méximo),talvez pudéssemos usar algumas diviséras para diminuir 0 “barulho" visual. assim fomos em frente, com toda a alegria ea empolgacio esse brainstorming tio envolvente. Como eu disse, esse & um exemplo. Apés essa experién cia, os atelieristas continuaram a desenhar novas mobilas, 2 construas ea experiment las. Neste meio.tempo, ae ages com Tullio Zini e com outros arquitetos se tornaram ‘mas intensas, e eles receberam a incumbéncia de projetar nnovas escolas municipais com os designers que se encat- regariam de reinventar os mobiliéios. Defini essa jornada ‘como “pesquisa permanente”, ou seja, uma pesquisa que, ‘mesmo com certos objetivo, tem como meta prioniira su- plantar esses mesmos objetivos com novas questées Entio a jomnada prosseguiu até esse da, até 0 didlogo com a Academia Domus. Esta & uma das pecas de pesqui- sa.mais onginicase estruturadas que j realizamos. Por tm lado, ela de fato promoven a unificacio do conhecimento {que tinhamos acumulado ao longo dos anos, e por outro, provocou nosso conhecimento com novas quest6es, leva: do.0a um ponte ertco e abrindo-0 a novas percepsbes Mencionei i poueo que escrevio texto que segue para « publicagto da pesquisa conduzida por Reggio e Domus, ‘num livro inttulado Children, Spaces, Relations: Metaproject for an Environment for Young Children (Ceppi e Zini, 1998). “Mas a publicago, assim como 0 meu artigo, deve set com siderada no apenas como um resultado, uma sintese, mas também como um ponto de partida, Passados seis anos, muita coisa avancou e mudou, em fice daquilo que foi des crito e discutdo no lio, Diversos outros estudos, publi {es € projetos tém sido desenvolvidos utilizando-o como pponto de partda. No entanto, ainda hoje, quando releio aquelaslinhas e penso naquela jornada, posso sentir 0 pri- zer de ter presenciado uma mudanga realmente paradig- ‘matica na descrigfo ena vivéncia das espacos da infinca [Nilo somente as escolas, mas todos os espagos em que vivem criangas ¢ adultos estio pedindo grandes mudaneas. les necessitam de mais metaprojetos de novas paixses © Projetar espaco de um mide ou uma seuola dell infania — ‘ou alvez pudéssemos dizer apenas projetar uma escola — ‘um processo altamente crativo, nfo apenas em termos de pedagogia e arquiterura, mas também, de modo geral, em termos sociais, culturas e politicos. Esa insttuiglo pode, de fato, desempenhar um papel muito especial no desenvol- ‘vimento cultural ¢ uma experimentacio sociopolitia real, « ponto de que esse momento (ode projetare esse lugar (a escola) poderem ser vivenciados no como tempo e espago de reproducio e transmissio de conhecimento estabeleci do, mas como local de verdadeira cratvidade. ( nosso tempo é de transi¢zo, ea nossa geraglo € tran. siente. Nosca taefa é viver uma "temporada de projetos", ‘na qual € impossivel utilizar os velhos parimetrose valores pedlagégicos, arquitetdnicos, éticos, sociais © educacionais, ‘ena qual, assim, torna-seessencial aventurarse n0 novo © fazer planos para futuros reais. Embora sea, com certeza, lum momento de potencial desorientagzo e confusio, de incertezas muito difusas e de contradicdes, & também um ‘momento emocionante, rico de possbilidades. Muitas coisas “novas" podem ser criadas quando aban: donamos a presuncio de que possuimos verdades indub tivels ou, por outro lado, de que estamos no auge de uma ‘rise e, portanto, sem identidade ou valores com 0s quais ppossamos confiontar as mutacies genéticas’ que estio sen: do produzidas e que nos procizem, Nesse contesto, nos ‘veremas no como “mies” ou “pais” do novo, mas como fihos em nosso proprio direito gerados pelo novo, desde {que Sejamos capazes de buscar aguilo que une, e nos une, mais do que aquilo que nos separa, Assim, projetar uma escola significa, essencialmente, criar um espaco de vida e de futuro, Isso requer pesquisa conjunta de pedagogia, arquiterua, sociologia e antropolo- sia, dsciplinas e campos de conhecimento que sio convor cados a expressar as prépras epistemologias ¢ a comparar linguagens esicemas simbélicos, com um novo tipo de li berdade, nascdo do desejo de didlogo e de troca de ideias. Esse género de pesquisa também esthaberto as contsbui: Bes de experimentagées mais avancadas nas esferas da rmisica, da coreografia, do design, da atuagio e da moda. ‘Somente trabalhanco dessa forma conseguiremos garantie. ‘que o projeto anquitetOnico seri em si uma pesquisa capaz, assim, de avaliar dia a dia seus resultados, a efetividade da sua linguagem e sua capacidade de dialogar com o proces: so de “vir a ser", que € base da verdadeira educacio, Isso significa construir uma “metifora do conhecimento” que * rae gen um mera pra rf anformtoque ‘seme exesntnrnc, re tacoma cent mica pp ‘sti « rin ne de doce pen os core to modo de exible elasopumets ede eap nee cnces representa e sugere, 20 mesmo tempo, mudangas © bes possives, isso, hii um claro contraste em relagio a tudo que J8 orientou © projeto e a constracio mais convencionais dda arguitetura de escolas, em todos os niveis, na Ilia e rno resto do mundo. Iso se torna evidente quando olhs: ‘mos para tris, na historia — ou melhor, na nio histria ~~ da tipica arquiterura de insivigées destinadas a cram ‘2s pequenas (nio histéria porque existem pouguissimos cexemplos que merecem ser citados, 0 que no constiui historia). Muitos espacos para criancas pequenas foram construidos em prédios de “segunda mio” antigas esco- las primirias, espacos inicialmence destinados outros propésios; © mesmo nagueles espagos que vieram de lum projeto arquiterénico, ste geralmente era desenvol ‘vido de modo at hoc e resultava de fatoresaleatorios e de uuma grande falta de percepedo. Em boa parte, aideia era fazer uma escola, raramente era dar um sentido de esco- Ja, isto & de um lugar que tivesse significado real para a comunidade ea sociedade.” ‘Agora € hora de criar essa simbiose entre arquivevura, pedagogia e as outras dsciplinas, de modo a encontrar es pacos melhores, mais apropriados, NSo estamos em busca dde-um espaco ideal, mas de um espaco capaz de gerar a propria rmudanca, pois um espaco ideal, uma pedagogia * ome efi age “ar um ed deel” pong agate no somneat jmo e pean letanuaHosfu eon de Pena eduar,o aprendnd, a a on apenas pape de {ie dreams mca dosaber O pc uma sl J pedis camo ty dew sero rad de a dogo ponds ‘ia entre asinine peg argue ‘deal, uma crianga ou um ser bumano ideal nio existem, ‘© que existe 6 uma crianca, um ser humano, em relagio com suas experiéncias, tempos ¢ cultura, A qualidade do cespaco pode, enfim, ser definida em termos da quantida- de, da qualidade © do desenvolvimento desses relaciona: ‘mentos. A tarefa primordial da pedagogia e da arquitetura relacional 6 assegurat a existénciae o fluxo desse tipo de qualidade, se elemento relacional é substanciado numa forma de pensar que nio € primariamente baseada em dogmas flo: sficos ou cientificos, mas nas relagdes que possibilitam 3 cana (¢ pessoa) ser um “individuo sagaz” que, portant: + fazdistingbes, decide acerca de limites e faz escolhas, fs quais constiruem pedras fundamentals a const lo do conhecimento; + €0 protagonista do ato de cognicio, mas também do comentirio, posto que o aprendizado deve ser acom- panhado de reflexdo e revisitagio. O que temos em mente, entio, é um meio ambiente que se torna uma cespécie de superficie refletora na qual os protagonis- tas da experiéncia de aprendizado podem ver 0s tr2- {08 de sua agfo e, com iss, tém a oportunidade de falar sobre como estio aprendendo; + vivencia © aprendizado como prética, nfo tanto para buscar um fim, mas para mudar a si mesmo, como dlisse 0 cientista efilésofo biolégico Bateson, A con- dligho essencial para pensar em termos de relays & ‘uma epistemologia operante da ago, que se acima de tudo, uma forma de atuagio. Na prética educacio nal, iso se torna uma maneita de trabalhar em “abo: ratdrios”,sendo a escola concebida como um grande laboratério, uma “oficina de aprendizado e abet": + expressaadimensio estética como qualidade essencial do aprender, do conhecer e do relacionar. O prazer, 4 estéticae brincadeira sfo fundamentais em qual: {quer ato de aprendizado e de construgio do conhect ‘mento. O aprendizado deve ser prazeroso, atraente « divertido. A dimensio esttica, por conseguinte, torna uma qualidade pedagégica do espaco escolar € educative. Essas foram as reflexdes que emergiram a0 longo de muitos anos de experiencia e de fecunda colaboracio na pesquisa conduzida em nossos mide nossasseuole dll nfanzia econ- centrada no projeto dos espacos educativos. ‘Mas qual a contribuigio dessa experigncia para a busca de uma nova epistemologia da arquicerura escola? Poderia- ‘mos comecar com uma série de premissas fandamentais, PAEMISSAS PSICOPEDAGOGICAS E ANTROPOLOGICAS (Oespaco fsico pode ser definido como uma linguagem que fala de acordo com precisas conceps6es culturaise prof das razes bioldgicas + A.linguagem do espago & muito forte ¢ constisui um fator condicionante, Embora seu céligo nem sempre seja explicito e reconhectvel, nds o pereebemos € 0 Interprecamos desde muito ovens Como qualquer outta linguagem, 0 espaco fisico & ‘um elemento constitutivo da formacio do pensa: ‘A "Teiara” do espago fsico é mulissensoral e envol ve tanto os sensores remotos (olho, ouvido e nariz) {quanto 0s receprores imediatos do ambiente circun- dante (pele, membranas e misculos) As qualidades relacionas entre o individuo e seu habi- tat sio reciprocas, de modo que tanto apessoa quanto ‘oambiente so ativos e modificam um ao outro, A percepcio do espaco & subjetiva © holistica (citi, visual, olfativa¢ sinestésca). Bla se modifica durante as virias fases da vida e 6 fortemente ligada 4 pré- pris cultura de cada um: nés nio somente falamos dlversas linguas, como também habitamos mundos sensoriais diferentes. No espaco compartilhado, cada ‘um de nés aribui um significado especial a esse espa 0, criando um terstério individual que éfortemente afetado pelas variveis de género,idade e, como afr ‘mamos, cultura. [As criangas pequenas revelam, em relaglo a0 espa 0 citcundante, uma sensbiidade perceptiva ¢ uma ‘competéncia inatase de nivel extremamente elevado —e que sio polissémicase holistias. Seus receptores imediatos sio muito mais ativos do que virio a ser em estigios mais avancados da vida, ¢ elas demons- ‘ram uma grande hablidade para analisare distinguir a reaidade usando os receptores sensoriaisalém da € da audicio. Por essa razio, a méxima aten ‘fo deve ser dada 4s luzes e cores, assim como aoe elementos olfativos, auditivos e titeis, que sio te ‘mendamente importantes na definicio da qualidade sensorial de um espaco, + Considerando-se a dade e a postura das eriangas (be ‘bés passam uma part substancial do tempo sentados 01 deitados e, durante um determinado period, se ‘movimentam apenas engatinhando), uma grande im portincia deve ser atribuida as superficie, que nor ‘malmente sio tratadas como meros elementos de fundo, assim como pisos, tetos e paredes. + Devemos fazer 0 maior esforco para estar mais cen: tes do espaco e dos objetos que colocamos ali, saben: do que os espacos em que as eriangas constroem suas identidades e suas histérias pessoas 80 muitos, tanto reais quanto vireuais.Televisfo, computador e outros parelhos domésticos sio agora instrumentos da vi cotidiana, asim como a coexisténcia de elementos reais, virtua € imaginérios constitu um fendmeno 1a ponto de modificar —de uma forma que tal- ‘vez nem imaginamos — definigio do espago edo.ea {que as criangas de hoje estio construindo, A IMAGEN DA CRIA importante resaltar o papel determinante desempenhs do pela defnicio da idenidade, ou imagem, da cranga que se desenvolveu dentro da abordagem pedagogic dos nidi ow das svoe deinfoncia. Muitas imagens diferentes, seriam posiveis:realgando aguilo que aeranga &e tem, pode ser ou pode fazer, ou, 20 contritio,enfatizando aqui lo que a ctianga nio & e ndo tem, ndo pode ser nso pode fazer. A imagem da erianea é,acima de tudo, uma conven: ‘fo cultural (¢, portanto, sociale politica) que torna pos sivel reconhecer nelas (ou no) certas qualidades ¢ poten ais, e interpretar expectativas e contextos que dio valor a {qualidades e porencais ou, 0 contrivio, os negam. Aquilo, {que pensamos sobre as criancas se torna, ento, um fator leterminante na defnigio de sua identidade éicae soci de seus direitos e dos contextos educacionais que Thes sio oferecidos ‘Um dos pontos focais da filosofia de Reggio Emilia, como escreveu Loris Malaguzzi, & a imagem da crianga ue, desde o nascimento, se encontra tio engajada no de- senvolvimento de um relacionamento com o mundo € tio descjosa de experimentar este mundo que chega a eriar um sistema compleno de habildades, aprendendo estratégias€ formas de omganizar os relacionamentos. El: ‘+ Uma crianga plenamente capaz de criar mapas pes: soais para sua orientacio social, cognitva,afetiva & simbélica ‘+ Uma eriancaativa, competentee rica; uma erianga ue 6, portanto, “desafiadora", porque produz mu danga e movimento dindmico nos sistemas em que «esti envolvida, inclusive a familia sociedade © a es- cola. Ela produz cultura, valores e direitos, compe- tente para vivere aprender, ‘+ Uma crianga eapaz de assoiar e desassocar reali des possiveis, de elaborar meciforase paradoxos cia~ tivos, de construr 0s préprios simbolos e cédigos, 196 | Cana Ron ‘Snquanto aprende a decodiicar os simbolos e cbdigos cestabelecidos. ‘+ Uma crianca que ainda bem cedo tem habilidade para atribuirsigificados aos acontecimentos e que tenta partthar os signiicados eas histéris da significacio, As trajetérias ¢ 08 processos de aprendizado das criancas ‘passam, portanto, pelo relacionamento com os contextos cultural ¢ escolar em que, como tal, deve haver um “am: Diente formador’, um espaco ideal para o desenvolvimento que valoriza esses processos. ‘A competénia € a motivacio das eriancas podem ser tanto acentuadas quanto inibidas, dependendo do grat de conseiéncia e da forca motivacional do contexto circum: dante. Diversos estudos demonstraram a importincia do papel dos adultos no desenvolvimento das criangas peque- 1as, nfo apenas por meio de acBes dietase almejadas, mas, também indiecamente, quando os adults cram contextos feducacionais que estimulam as crangas a utilizar suas ap. tidses © competéncias. Essa implicagio tem relevincia na organizacio dos espacosfisicos de uma escola para criangas pequenas. Se, de fato — como afirma Schafer (1990) —, a ‘programagio inata” de cada crianga estabelece novos ob- Jetivos, entZo a busca desses objetivo € uma aventura eo- ‘mum entre 2 crianga e 0 adulto que intervém com meios iret, 0s quais também podem envolver, como dissemas, ‘ espago, seus limites, cores e objetos,e assim por dante. Esses elementos nio estio isolados, eles fazem parte de "um “contexto de significado”, em que 0s objets se engsiam no didlogo¢ sf fragdes de um problema ou objeto de inves- tigicio compartihado. Os ambientesfisicos e psicolégicos ‘fo definidos reciprocamentea fim de dar is ciangasa sens ‘ode seguranga, que er do fato de se sentirem bem-vindas « valorizadas, e, 20 mesmo tempo, garante a oportunidade para 0 desenvolvimento de todas os seus potenciaisrelacio- nals, Acima de tudo, os di eas sel dal nfncia so espagos vivos continuamente caracterizados e modificados por ever ose hisbras, tanto indviduais quanto soca ‘Com base nessas consideragies, podemos partir para a reformulagio do conceito e para a reorganizacio da arqui tetura da escola, dos espagos e de suas formas de conexio, assim como de sua capacidade de acetar ¢ apoiar tanto 0 "eu" quanto 0 “nds”, 0 pequeno e 0 grande grupo, a me ‘maria individual ea coletiva. Ao fazer sso, nosso objetivo & dar suporte: possibildade de agire refletir sobre a acio de cada um; j legiblidade do espago;&eriagio de transpanén- cia, mas também de opacidade (onde e quando as eriancas conseguem escapar do olhar dos adultos, a fim de resguar ddar sua privacidade); & capacidade de estimular a curios: dade, as a60es € os gestos, as aptdes de manipulacio e de construcio;e, inalmente, oximizar a efetvidade comunics tiva do espace, A.rsco1a como um sisteMa, Seria um erro, contado, enfatiza excessivamente o cunho protagonista ea identidade da crianca per se, ois 0 foco cen tral € 0 relacionamento entre criangas ¢ adultos, Os nid ¢ as scule dll nfnia devern sex vistos no como um sistema ‘solado, mas como um sistema de sistemas, um sistema de relacionamentos ¢ eomumicag pais De modo a ser considerado verdadeiramente racional less tipo de interacio deve se expandir pata os rlacior ‘ments espaciais, com salas interconectadas que também estejam ligadas is dreas de servigo (cozinha, refeitévo, ba ‘nheiros) endo sejam separadas por corredores ou passagens isoladas, Deve haver espacos maiorese mais abertos como 88 teas comuins ou pitios), mas também espagos menores, «que incentivam a experiéncia de trabalho em pequenos gr ‘pos ou individualmente. Essas escolhas de significado” que estimulam © ambiente de relagio/inters ‘gerem a necessdade de transparéncia no interior (paredes de vidro ejanelas que permitam as pessoas se orientar pela visio e que manteaham a relaglo espacial) eer direg30 20 exterior, (© projeto pedagigico deve ser entrelacado com o pro- Jeto arquitetOnico, a fim de dar suporte aos processos que ‘corre nesse espaco, processos de aprenalzagem, ensino, partlha e compreensio, da parte de todos 0s protagonisas crianeas, equipe e pas. A importincia da presenga dos adultos (equipe e pai) traduz a organizagio dos espacos e do mobilirio, que fa litam e dio apoio ao trabatho profissional dos professores € As relagbes entre os educadores eos pais, inclusive salas de reuniio bem-equipadas, arguivos, bibliotecas, estas e fe samentas de trabalho (como computadores, gravadores de videos e outros equipamentos e materiais que possam aju- ddarna tarefa de discutre refletir sobre as experiéncias que cenvolvem criangas e pais); em outras palavras, tudo que é entre criancas,educadores, também su Dulocosco Recon aa | ssn ao bao ed pripso dia dos edad ndopensie como spore, paso evolment a0 deepal tencl Time, pra, € agus que ott ues — extngan eco at pons eater Greapug men acina de tudo, ura 0 Berrexar como Cratos cuir dese espe do que acntece ‘Nocala ow la define ~ € vita como orgie vie ue pl, mh, eal oe Gre anadaee Ea efi aoe una que gue posers defi emo “proceon de et o8 Snare da muana, Um organi vv peeanece 0 tems excl pars nates ea ames ius Porn damon ra rare da Hentadeem mio ude Gurnee pasado ei membr J far. escola de man € rete dag gue fo cha are anterr,etanente po eu as Ina meng qe ocorem drste oda. Quan Crolemonmatrnprexemplo, deveron aac Sadonamene ese questo das modeagies qu dean trap mums no epee no mei amet como imtodeo apaye como dentro dle timo di weds emelecer, asim, de mona 8 acs o (en po. Seve penowo apr de un exag preenchi com Timer Sere, perme trp 08 0, Crborsobvamete devas dar steno 8 mateo ¢ {Thigene Aiden ¢ que devemos evar galguer cha ou solu que twansorme o pedo declan gt ance nm epego Leva em considera amas refer Agu que scones em log pode deen no cae dae so.de ume apenas comedies emda questo ber quanta possdaeseamessjnngacs crt ndalmente 0 rap de cna os roca ssa da expenica, tenamn uma histones a ‘ejam que suas vivéncias sio valorizadase significativas. Ea sted dena cd cme cons sm dito, queen o dom de ncrprars aso Ganbieneetciond Temes ee wa © exag dos nl equer cena considers ep cas mors pemaness dn do ple steed comparthado coma saa danced ce scence ise e palpi ede pesonalsaste tat ta aati gu sa mals prsands psec cn eiang) ota claras © mas deat no de pr ings de wes meer és anya dn can € su desemolvineto perceptive og ase se ‘makin um ao nel ent em ronda soon Die cide eno ongiuco dos capers cle exo rm inin), a perice mae clones mpi puedes eos) dos pecs peeps come che toque asi co eco eds ngs oy materia que eaponden melhor is coment desea ‘ane odes deatonmaa mune pele cos des ade. A argon donde operate {2 conserves qu exten ete od chan dene dai meget deen neces de dexcers,nvide orogens ‘taco que st fulness es rks coe Rac Eas | 61 cevidentes nas criangas dessa idade, quando comparadas a ‘outrascrangas, Gosto de pensar no ambiente do mide como uma espécie de expaco japonés — simbolico, metaférico, lve, sensorial, -mutivel, acolhedor e de dimensbes apropriadas,qualidades ‘que parecem caracterizar 0 espaco de acordo com a tradi fo japonesa ‘Acima de tudo, porém, tanto @ nid quanto a sola Aal'ifancia (assim como outros espacos educacionas), para serem de verdade hugaes de producio, aprencizado, altura e experimentago sociopolitica, devem ser concebi dos e construidas como lugares de acio, mais do que de palavras, uma verdadeira“oficinaartesanal” que, em nosso ‘aso, é uma cara referéncia cultural ao Renascimento italia no, B agindo e fazendo que as criancas se tornam capazes de compreendera tha de seu aprenizado ea organizacio de sua experiénca, de seu conhecimento e do significado dos seus relacionamentos com 08 outros. Ao reflti sobre as proprias acées, as pessoas ajudam a construir a diferencia: «lo que molda o sujeitoineligente, o objeto conhecido eas Ferramentas do saber. Conewsoxs O objetivo, portanto, & construr e organizar ambientes que deem oportunidade as riancas de: + expressarseu potencial suas aptiddes e sua cuniosidade; + explorare pesquisar sozinhas e com os ourtos, tanto colegas quanto adultos: + perceber a si mesmas como construtoras de projetos «edoprojeto educatvo geal leva a cabo pela escola + reforgar sua identidades, autonomia e seguranca; + trabalhare se comunicar com os outros; ‘+ saber que suas identidades © sua privacidade serdo respeitadas, ‘A construgio € a organizacio do espago devem permit que os professores: ‘+ sintam-se epoiados e integrados em seus relaciona: ‘ments com as ciangas eos pais; + disponham de espacos e mobilétio spropriados para satisfazer suas necessidades de se reunir com outros adultos, tanto colegas quanto pais; ‘+ tenham suasnecessiades de privacidade econhecidas + tenham apoio para seus processos de aprendizado e de desenvolvimento profssional E, por fim, © espago deve assegurar que os pais possam: + ser ouvidos e informados; + encontrarse com outros pas ¢ educadores, em con: Aigdes e horirios que estimulem uma verdadeira co laborasio. Esse ambiente & uma arquiterura orientada pelo process, ‘que incentiva a comunicacio e 6, ele proprio, uma comuani: ‘cagio. Ele toma uma forma capaz de sustentar as intercone- Bes protetoras — esse sistema de sistemas — que sio.0nido ea sovola del infancia. Ele cra urn ambiente agradavel, que poate ser explorado e experimentado com todos os sentidos «inspira avancos posteriores no aprendizado: um ambiente ‘que € empitico, que captura o significado da vida das pes soas que © habitam, mas que também Ihe di significaci. | Conca ana iA QuESTOES SOBRE A EDUCACAO DE HOyE (1998) # cowow av RELER ue0s picunsos DbvoH de algum tempo © ter uma sensagio de desconfort: gostaria de modifi los, acrescentar algumas coisas e climinaroutras,comigi paliras.O que quero dizer & que gostata de adaptlos& ‘minha forme atual de pensir, guilo que mudou em mim. Sito qu eles so inadequados. "No entant, isso nfo acontece quando leo eta fla Ela foi escritaem 1998, para um encontro com pais. Queriamos inicia uma jornada de reflexes sobre a educa, que en | volvesse os pais de todas as nossas escola miicpai, 32 «escola frequentadas por cerea de 2500 crangs suas fam las, Naquelaépoca, eu era dietora das escola municpais «eme peiram para escrever um discursointradutério, Com colegaspolaggisas da equipe de coordenagio das excolas, decidimos que esse meu discurso seria apresentado a um Pillico de pais educadores de todas as escola, depois, seria dstibuido para cada eco, ande podria contribair para eller edscussto, Inicise entio uma jornada que duraria um ano le ‘vo inteio. Os pais tomaram parte deforma entusiasma: da, revelando agui eal alto grau de competénciando 56 para escutar, mas também para elaborar ideas dsc. Suas eonversas foram gravadas, tanscrisse apresentadas

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