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‘A Génese do CNPq $hozo Motoyama 1 A pré-hist6ria do CNPg pode ser rastre ano de 1919, Nesse ano a Sociedade Bracleie i, Ciéncias (SBC) foi convidada a participar em Bruxe. las de um congresso do recém formado Internacional Research Council (IRC) (1). Para compreender o sig- nificado desse convite, é de bom alvitre lembrar que a fundagio do IRC pode ser remetida as circunstancias da Primeira Guerra Mundial. Nesta grande conflagra- gio, a importancia da ciéncia e da tecnologia (C&T) tinha se patenteado nos meios governamentais dos principais pafses aliados. Pressionadas, de um lado, pela superioridade tecnol6gica inicial dos alemaes tra- duzida nos famosos bote-U-e nas armas quimicas e de ‘outro, convencidas pela agao dos seus cientistas, al- gumas dessas nag6es criaram conselhos de pesquisas. Em particular 0 ano de 1916 foi prédigo nesse sentido, tendo sido formados os conselhos de pesquisas do Ca- nadé, da Gra-Bretanha e dos Estados Unidos. Ou- trossim, o ambiente internacional da ciéncia estava deteriorado pelo clima de guerra. A deterioracao atin- git um ponto critico em outubro de 1914, quando no- venta ¢ trés professores germanicos bem conhecidos, entre os quais W. Réntgen, o descobridor de raio-X M. Planck, 0 pai do quantum de energia, tentaram num manifesto justificar a destruicdo da biblioteca de Louvain na Bélgica pelas tropas de Kaiser (2). Esse ambiente de conflito, decretou na prética a faléncia do entéo cxistente International Association of Acade- mies (IAA). Nos Estados Unidos, crescia no seio da National Research Council (NRC), criado como um Stgio da National Academy of Sciences (NAS), a idGia de formar uma entidade internacional, constituf- da téo somente de paises aliados ¢ neutros em substi- tuicdo a [AA. Sob a lideranga de G. E. Hale, astrofisi- £0 de renome e diretor do observatério de Monte Wilson, exercendo entao a funcdo de secretario de re~ exteriores do NAS, o NRC conseguiu reunir €m outubro de 1918, a Royal Society de Londres ¢ as academias de ciéncias da Franga, da Bélgica, do Cana~ dé © dos Estados Unidos para discutirem’ 0 assunto. Resolveram por unanimidade dar inicio a formago de Novas unides cientificas agrupadas como um todo num ovo IRC (3). Como reflexo da importancia do papel 10s quimicos nessa grande guerra, um dos primeitos atos desse conclave foi a criagao da Unidio Internacio. nal de Quimica Pura Aplicada (4), = convite acima citado era para a Assemt Constitute do IRC que havia mstado mak bere Paises para compartilhd-la. Todavia por falta de re- cursos, a SBC nao péde eee Uma deere meiras tentativas bem sucedidas de organizacao entre 98 cientistas nacionais, a SBC, no entanto, lutava para sobreviver. Na época, o ambiente brasileiro ndo era Propicio para pesquisa. A tradigdo colonial de mais de trezentos anos tornara a C&T em corpos estranhos a sociedade brasileira. E bem verdade que em virtude do crescimento da industrializacio, beneficiada gran- demente pelas dificuldades de comércio internacional decorrente da guerra mundial, j4 havia no Pais certa sensibilidade pelos problemas tecnolégicos (5). Porém ela cra debil ainda para poder esperar algum amparo a pesquisa de setores privados. Assim, 0s parcos recur- sos destinados a C&T provinham quase que exclusi- vamente de fontes governamentais, Mesmo nesses ‘casos, a sua obtencao nao era facil, provocando acir- rados debates parlamentares sobre a utilidade ou a inutilidade da ciéncia (6). A pequena comunidade cientifica da época tinha de se desdobrar para promo- Yer as suas investigagOes, ainda que em grau minimo. A SBC era uma das formas de organizacao dessa co- munidade para levar avante as suas reinvindicagdes e fortalecer os seus lacos internos. A bandeira da SBC era a ciéncia pura, Essa bandeira era levada as tiltimas conseqiiéncias como se pode notar pela exclusio do seu segundo Estatutos das aplicagées da cigncia que “tiverem cardter industrial ¢ comercial” (7). Esse po- sicionamento era justificado em 1918 por H. Morize, seu primeiro presidente, nos seguintes termos: “.. © surto econémico do pais, o desenvolvimento da agri cultura, da inddstria ¢ mesmo do comércio dependem da cultura cientifica da sua populagao. Tentar, em dias de hoje, aumentar a riqueza publica sobre a base se puro empirismo, € dotar os melhores esforgos a0 mals Indtil sacrificio, Qualquer reino de produgdo agricola ‘ou industrial, s6 poderd ter fundamento Seguro, mas atuais condigées da civilizagio, se solidamente apoiai 27 cimentos cientificos. O exemplo das ‘mpenhadas na tremenda luta que en- imanidade vem confirmar esse asser~ io soava de forma con- em largos conhe ‘grandes nagGes 1 Sanguentam a humanidade vet "" (8). Se essa justificativa a : nee para a maioria da populagso, era no enianso suficientemente persuasiva para manter a enti va. Em dezembro de 1921, as vésperas do primeiro entendrio da Independéncia, por proposta de Afranio Peixoto, a SBC transformou-se mt ‘atual Academia ileira de Ciéncias (ABC). ara eieado da ABC ao IRC se deu no ano de 1923, como se vé no resumo da ata de sessio de 6 de abril: “No expediente tratou-se da adesao da Academia a0 Conselho Internacional de Pesquisa”. Contudo, so- mente aps trés anos, € que a ABC péde efetivamente comparecer a um dos congressos do IRC. Na sesso ‘comemorativa dos seus dez anos de fundacao, no dia 3 de maio de 1926, ela resolveu aceder ao novo convite para participar de’ uma reuniao em Bruxelas naquele mesmo ano. Foi nomeado para representé-la 0 presi- dente que estava deixando 0 cargo, o professor H. Morize. Desta vez, gragas a compreensao do entao Ministro da Agricultura, Miguel Calmon, Morize conseguiut aportar oficialmente em Bruxelas (9). Esse Miguel Calmon, é 0 mesmo Ministro que teve a clari- vidéncia de criar em 1907 0 Servico Geoldgico e Mi neral6gico do Brasil (10). ORC, contudo, teve vida efémera. Ele sucumbiu ante a contradieao do propésito de promover a coo- peracéo internacional na Area cientifica e a decisio de excluir dessa cooperacao as poténcias de centro, paises estes possuidores de uma ciéncia avancada. E verdade que houve um esforco no seio do proprio IRC, lidera- do pelo grande fisico holandés H. A. Lorentz, para apaziguar 0s fnimos, suprimindo inclusive dos seus estatutos 0 pardgrafo referente a exclusdo, mas jé era tarde para reparar o ambiente de mal estar e de res- sentimento instaurado (11). No entanto, para os mem- bros da ABC, essa filiaciio, a primeira do género no Brasil, deixou marcas importantes. Sobretudo, im- pressionou profundamente o fato dos conselhos de Pesquisas jé existentes estarem desempenhando papéis de relévo no desenvolvimento cientifico de seus pat- ses. A partir de entéo, passa a ser acalentada a idéia de constituir no Brasil um conselho de pesquisas por aca- démicos como Alvaro Alberto da Motta e Silva e Mi- gucl Os6rio de Almeida que tinham participado tam- bém de congressos do IRC (12), Em verdade, nas primeiras décadas do século, era ‘quase impossivel conseguir financiamento local para a Pesquisa. Uma das poucas excecdes estava na atuagao a Fundacao Rockefeller no Brasil desde 1916, na sua rea preferencial, ou seja, na de satide pblica e na de ‘medicina. Um dos melhores resultados dessa ago foi a Tatietnizacdo da Faculdade de Medicina de Sao Paulo. inicio os seus contatos com a Rockefeller na gestio de Arnaldo Vieira de Carvalho, tendo recebido se Para a implantagéo das cétedras de higiene e oa oe patolégica. A adocdo do regime de tempo iteeral (RTD, uma das exigéncias para a concessio auxilios, foi fundamental para que a Faculdade se / E tanto na area de (13), Note-. 28 Rockefeller era possivel nos Est uma sdbia lei tributéria permitinds G08 ara glomerados industriais como a Standarq or" ton! Kodak, American Telephone and Tela scot Eastnns Eletric, DuPont, Westinghouse, Bell ¢ 2. Genged rem vultuosas somas para a C&T. Pg, Utt°S desing! magnitude desses investimentos, acre mente a Fundagao Rockefeller a Fungo gastaram apenas em pesquisa basica 4S CAtmegig milhes de délares até 1920, cerca de 24° de 9 década de 20 e a cifra de 300 milhes nr jars ng (14). A propria verba do NRC, provinha 1% de 3p dessas fundagdes € de outras corporagiec neste privada (15). Iniciar No Brasil, afora alguns raros a situacao era diferente. Pais ainda cme primério exportador, nZo tinha nenhum concen mea Industrial digno de nome nem possufa qualquer fa lacdo itibutéria favorecendo a ciéncia. Nao 'e dentro desse quadro esperar muito de partcalng matéria de amparo a C&T. Na verdade, naquele go” po, a fungéo social destas era mais de assegurie oo fra-estrutura dos servicos piiblicos, notadamene Grea de satide ¢ da agricultura. Isso é compreensivel, luma vez. que essas duas éreas dependem muito de mee digbes locais de clima, de solo ¢ de ambientes bldg os, em geral desconhecidas para a cultura cienttiea ou tecnoldgica estrangeira. Nesse caso, a transfertncs horizontal das tecnologias torna-se impossivel, we: querendo pesquisas originais (16). Nesse sentido, uma exploragdo mais racional, por exemplo, na Agricultura implicava em pesquisas de caréter cientifico. Infeliz- mente, em muitos casos, esse ponto nao foi compreen- dido nem mesmo pelas pessoas dirctamente envolvidas no proceso, Herdeiras de uma pesada tradigdo rt6r- ca-imediatista, elas nao tinham paciéncia para esperar 0s resultados praticos da ciéncia que em geral s6 se concretizam a médio e a longo prazo, Um exemplo caracteristico € 0 que acontecia na época com o Insti- tuto Agronémico de Campinas (IAC). Esta instituigio criada em 1887 por D. Pedro Il, tentou nos seus pri- meiros anos seguir uma orientacdo cientifica imprimi- da pelo seu primeiro diretor F. W. Dafert, quimico de origem austriaca. Hostilizado por habitantes da regio gue 0 acusavam de estar direcionando as pesqusss 00 TAC para os seus prOprios interesses te6ricos sem f- nalidades préticas imediatas, Dafert amargou uma primeira demisso em 1890, Embora volasse a0 e316 no ano seguinte, e continuasse 0 mesmo até 1897.8 suas pesquisas sobre a adubagio do cafecito cay nuaram a ser questionadas como muito tedricas © seu afastamento definitivo, 0 TAC dow ie orientacao puramente pragmiltica to a0 gosto fe ca. Entrementes, os resultados foram eater Baseado em pesquisas insuficientes, 0 TAC aon, erradamente 05. fazendeiros paulistas, Piaencia © rejuizos graves e acarretando em ‘Theo- Pearrsio a instituigdo. Foi nesse clima ave dureto Camargo conseguiu empr zagio do IAC, completada em a moldes cientificos preconizados por 4 TAC comegou 4 pois de algum tempo, 0 a timAveis servicos a lavoura paulists. de fi Dentro de um tal ambiente, um 6rs#° nto, coordenagio e de planejamento em C&T MENPq ot qualquer outro 6rgao da mesma rea podria ‘ser estabelecido com seguranga nos circulos spottamentais. Na verdade, o Governo havia tomado fa de 20, algumas iniciativas dignas de mencao jdéeitiagio da Estacdo Experimental de Combus- »Miinétios por sugestio de E. F. Fonseca Costa Mio ¢ do Laboratério de Ensaios de Materiais gra- Ri sforco de A. F. Torres em So Paulo. Alias, a a eo entre o cientista co estadista de larga visio aturo foi essencial para a evolucao da C&T na historia (18). Quicd a mais conhecida dessas as- Moeagoes € aguela entre Oswaldo Cruz ¢ Rodrigues “Alves, 0 apoio a saride © medicina desse estadista bem BRMiido eleito duas vezes Presidente da Reptblica “ifs veres Presidente da Provincia de Sao Paulo, ja Hnanifestara antes pois havia instalado o Instituto “otantan quando governara as terras de Piratininga "Ao ascender & Presidéncia pela primeira vez em E Rodrigues Alves escolheu como uma das metas _princpais do seu governo 0 saneamento do Rio de Ja- " peiro, tristemente famosa no mundo inteiro pela sua jpsalibridade. Confiou essa tarefa a0 génio cientifico “de Oswaldo Cruz que a muito custo e perseveranca, erradicar a febre amarela, a peste bubénica “e2 variola do territrio nacional. Gragas a esse su- ‘cess0, 0 Instituto de Manguinhos, sob a sua direcao, adentrar no campo de pesquisa, transforman- ‘do-se num grande centro cientffico. No entanto, nessa Thistéria, deve-se destacar a determinaco politica de gues Alves que sustentou a orientaco sanitéria Eo gante biomédico de Manguinhos mesmo enfren uma rebelido armada contra a vacina obrigatéria "davvariola inserida nessa diretriz. utrossim, quando em 1924 a broca ameacou os ‘eafezais paulistas, 0 Governo Estadual nomeou uma comissio de cicntistas de reconhecido valor chefiada por Arthur Neiva para enfrenté-la, O descmpenho da comissio foi notdvel. Comesando por um levanta- mento de dados das regides afetadas, pesquisou as - caracteristicas basicas da praga, assim como desenvol- ‘yeu um intenso trabalho de informacao sanitaria no ‘meio rural juntamente com 0 expurgo dos pés doentes (20). Vencida a broca, gracas a acao politica de Arthur Neiva e 0 discernimento do Govern Paulista, | eriou-se cm 1927, o Instituto Bioldgico (IB), com 0 ‘objetivo de cuidar a defesa sanitéria vegetal e animal do Estado. De modo similar 20 caso do Instituto Os- waldo Cruz (Ex-Manguinhos), (IOC) 0 Biolégico sob | @orientacéo cientifica de Henrique da Rocha Lima, ‘onseguiria transformar-se num grande centro de Pesquisas, adquirindo uma fama invejavel. Ao longo da nossa Hist6ria, essa associagao esta- a-cientista seria vital para a implementagéo da T no nosso meio por ser este desenraizado do Pensamento cientifico. Alguns intelectuais que vis~ Jumbravam na educagéo e na C&T as safdas para as Pore, 8 década de 20 estavam conscientes desse fato. isso faziam gestées para sensibilizar 0 governo da to psidade de promover o desenvolvimento cientifi- atuagao da ABC no sentido de criar um conse- texto, {Bian deve ser situada dentro desse con- . O que preocupava sobremaneira esses cientistas “ongregados em torno da Escola Politécnica do Rio de 29 tagado demasiadamente es : ; prdtica ad au ene nds. Dentrolde tl pos esquisas mais profundas e de maior duswaee wis 4 longo prazo, isso inviabilizaria and cigncia pura como um antidoto a situagao vies Tendo sido cogitada uma reforma de ensino nese da década de 20, ABC dirigiu uma mogao 16 Prone dente da RepGblica propondo a criagao de uma Frc. dade Superior de Ciéncias. Comentando essa mecao, Manoel Amoroso Costa, um dos académicos. mag convictos da bandeira pela ciéncia pura, escrevia em 1923: “O mundo moderno, com o fanatismo do pro- gresso material, nao desconhece 0 que deve ao traba- Tho dos homens de ciéncia. Nos paises novos esse fa- natismo € levado ao auge, e mesmo pessoas muito ins truidas ignoram por completo que existe um ideal cientifico superior a0 homem que fabrica mil automé- veis por dia, ou do que opera uma apendicite em dez minutos. Daf a opinio quase unanimemente admitida entre nés: a ciéncia ¢ til, porque dela precisam os en- genheiros, os médicos, os industriais, os militares; mas no vale a pena fazé-la no Brasil, porque € mais ba- rato importé-la da Europa, na quantidade que for es- tritamente suficiente para 0 nosso consumo... O apelo da Academia de Ciéncias € uma declaragio de prinefpios, a que cla estava moralmente obrigada. Mas, or muitos anos ainda, a eiéncia oficial sera entre nés luma tecla utilitéria © nada mais” (21). © movimento’ pela cigncia pura estava intimamente ligado 20 outro centrado na Associagio Brasileira de Educagio (A- BE), fundada em 1924 pelo Heitor Lira, batalhando por um ensino mais atualizado, Na verdade, tanto a ABC quanto a ABE cram tentativas de organizacio de intelectuais e cientistas lutando por um lugar 20 sol nna sociedade em crise, simbolizada pelos levantes te- nentistas, O CNPq, juntamente com 0 ministério de ceducagéo e universidades em moldes modernos, cons- titufa-se numa das plataformas dessa batalha. Porém, esse grupo nao passava de um segmento minoritério dentro da nagao. Havia muito terreno a ser percorrido ainda para o ideal de conselho de pesquisas se tornar em realiciade. Janeiro cra a conot: quirida pela ciéncia tura_ pratico-imediat 0 ‘A Revolucéo de Trinta é um divisor de éguas, ex- pressando a0 nivel econ6mico, a passagem da fase ex- clusivamente primério-exportadora para uma outra na qual a substituigaio de importagdo comeca a ganhar relévo, A crise econdmica mundial precipitada de mo- do espetacular pela faléncia de Bolsa de Valores de Nova York em 1929, mostrou a inviabilidade de con- tinuar exclusivamente na monocultura de exportagio bascada no café. Destarte a industrializagdo comegou ‘a entrar com mais destaque na pauta da economia brasileira. Para fazer frente a nova realidade, 0 Go- verno iniciou a modernizagdo do seu aparelho admi- histrativo e de seus instrumentos de acao. Essa tarefa revestia-se de grandes dificuldades e nem sempre seria bem sucedida em virtude da tradigao pouco lisonjeira Y medidas fo. Entre a8 ae ao istério de 1930 do Mi tha rein ‘criado, dentro da ional de abril cia existente até €m fava a criagdo emt fe Publica, uma ‘ogo em seguidl, isco Campos, © pelo decreto 1 da buroera tomadas est Educagao ¢ S: Conselho Nac 12 19850 de 11 de Reforn Educagéo (CNE 1 (23). ee timulada por esse © Euzébio Paulo de Oliveira, ¢ morial ao Governo conselho de pes controu muito eco. processando sob @ industrializagdo que estava 5° in potin dest de festimular a pesqui nme fo. Mt ca Ce os teenolé icf cos, a acumulagéo de capital se dé mals pales periagdes na composicao da. demanda do due Por meres teenldgico, ete sempre ver a reboque Gaquelas. Em outras palavras, nese ©a80, © etamado progresso tecnoldgico significaria mais uma modeso, tagdo por transplante e nfo por inovagio tecno!6gics ‘aiSctone propriamente dita (25). Outrossim, nem t0~ dos os setores industriais estavam interessados namo- Gemizagio e na expanséo da producao. Era © que ‘acontecia com a industria téxtil, queixando-se na €po- ca de “‘super-produgio” (26). ‘Critkando. essa situagdo, Euzébio de Oliveira, diretor do Instituto Geolégico com larga folha de ser- vigos piblicos, reiterava ao término do seu mandato presidencial da ABC, a necessidade dos poderes puibli- cos ampararem a ciéncia: ‘julgamos ser fundamental, apressar esse progresso, 0 cultivo de todos os ramos da ciéncia, fator que nao tem sido até agora re- conhecido com seguranga pelos responsdveis pelos destinos do pais, O nosso progresso econémico esté em estreita dependéncia com o valor dos seus homens de ciéncia, Precisamos trabalhar no sentido de am- pliarmos os meios da cultura cientifica do pats, pro- curando criar nesse sentido uma opinio cientilica. Devemos evitar que a solugdo dos nossos problemas econdmicos ¢ sociais continue a ser procurada, como tem sido até agora, usando processos predominante- ‘mente empfricos. A distinedo entre a pesquisa pura ¢ ‘pesquisa aplicada tem sido justificada dizendo-se que a primeira tem por objetivo adicionar alguma descoberta ou idéia nova ao conhecimento da natureza, enquanto que a segunda se destina a resolver um determinado problema cuja solugao favordvel dard resultados ime- diatos, criando-se assim uma nova utilidade. E porisso julgam melhor favorecer a pesquisa aplicada, por de utilidade imediata. E uma idéia que pode se Vice dida por particulares, mas no pelos = porque as organizagses eee ees 5 is Particulares tem vida limitada, mguanto a nagéo € eterna” (27), : ntret i coer cements ¢ presto atentar no fato das cond traduzidas em » estarem mudando aos poucos, C novas medidas governamentai Ambito federal quanto no entais tanto no : estadual, Devido a impor- da pesquisa geolégica Juarez Tévora (2 ano de 1933 no, U™ Pouquinho antes, no mesmo nha sido eriado 0 30 Instituto de Tecnologia sob a diregs Fonseca Costa, em SUDSUtigaO a antigg EL. perimental de Combustivel ¢ Minérios, ageS% By. hados com novos servigos tecnol6gicos peer Aig, ao nome. Um ano depois, com a denominay 2 jus tituto Nacional de Tecnologia (INT) ele 5° & lng a jurisdicdo do Ministério do Trabalho jet" Pay Comércio (29). De modo anilogo, em Sqr'isttia ¢ Laboratério de Ensaio de Materiais seria *,°%, ¢ do em 1934, no Governo Armando de Saline ma. pelo decreto n? 6.375, em Instituto de Peseta, nol6gicas (IPT), uma autarquia anexa a Rus Tee técnica (30). Essas Instituicoes desempenhag’ a péis de destaque na infra-estrutura para o atengat das crescentes necessidades industriais ¢ urieu™=o mesmo dentro das caracteristicas jf apontadens avam cada vez mais complexas. Por exemplg, ¢ Uf @ 0 IPT dariam contribuic6es substanciais pang > NT saline Soectissto tecnol6gicas contribuse, aa padronizacao dos servicos téc eat Bon cones tag Em termos de recursos humanos para a pe também se dava um salto qualitativo, As divers versidades que foram criadas na época, eram em potencial de pesquisadores. Em especial, a tie Versidade de So Paulo (USP) fundada no anit 1934, também na interventoria de Armando de Salig Oliveira, tornar-se-fa depois de pouco tempo num centro universitério pioneiro em pesquisas de alto ri vel. O projeto da USP, elaborado por uma comissi de dez. conhecidos intelectuais liderado pelo entusas. mo de Jiilio de Mesquita Filho, era singular pone colocava no seu eixo central a Faculdade de Filosofia, Ciéncias e Letras (FFCL), apartadas de objetivos ime diatistas ¢ utilitérios vigentes na sociedade. Essa air macio pode ser corroborada pelas palavras de Ar- mando de Salles Oliveira na sua primeira mensagea como Governador cleito a Assembléia Legislatia, quando ao se referir a FFCL, salientava “o propisio do Governo de acender nesta Faculdade um foco & pesquisas, e organizd-la como um centro de cult capaz de influir eficazmente no desenvolvimento & altos estudos e na renovacao dos métodos de taba cientifico” (31). Essa postura atipica, tornada posse! dentro da complexidade do momento hist6rico da p= Revolugdo Constitucionalista de 32, era em larg m dida expressio da ideologia liberal da “Comunhi Paulista” influenciada pelos movimentos da ABE& ABC sobretudo através da atuagdo dos seus adept ra comissfio acima citada tais como Femando de N° vedo ¢ Teodoro A. Ramos. Também no Rio se It" r0, © movimento pela educacdo € ciéncia se cone i zaria, embora por breve periodo, na Univers Distrito Federal (UDF), criada em 1935 POS pe. principalmente de Anisio Teixeira, no ee dro Emesto. A UDF na sua curta existenci p30 4 anos, conseguiu galvanizar os cienlist® >) pone mesmo tempo que revelava novos valOtS tings estes estava Joaquim Costa Ribeiro, fisieo © Fao # classe, cujo destino estava indelevelmen histéria do CNPq. a Fora esses exemplos isolados, 1080 da ABC e da ABE em prol das cient encontrava muito respaldo nas divers sais, a ie {fg de longa tradic4o agricola, 0 préprio (6ri0 be Trabalho, Indiistria © Comércio erlado 1 ara de fato um desmembramento do Mini 1930, of “Titura, com 0 objetivo de ‘atender as a nadoras 33) Do mesmo modo, nfo deixa 70, 0 fato da Escola Nacional de Quimi- ser SUB 1934, nao passar de uma cero ‘urso de Quimica odierialcoeee a Escola ‘Agricultura ¢ Medicina Veterinaria (34), opin en falined a: yenelraa Garr si otrialzacao tinha um alcance minimo. Na oca- me NAssembléia Constituinte, a Universidade de io 1 janeiro, através de uma comissio constituida Professores Pontes de Miranda, Miguel Osério Fe mei, Inicio Azevedo do Amaral, Leandro ‘Kassif © Ronald de Carvalho, elaborou em 1934 um MMeprojeo da Faculdade de Educacio, Ciéncias ‘Na exposicao de motivos, para justificar um Jia seus objetivos fundamentais, ou seja, o da forma- “tae de cientistas © pesquisadores, apontava-se_ para $ncapacidade das nossas inddstrias em solucionar a ftior parte dos seus problemas técnicos por causa do fuimero insuficiente de homens de nivel, familiariza- dos com os métodos de investigagao (35). O antepro- jeto, todavia nao ganhou um lugar ao sol na Consti- “fainte, Dentro dese quadro, como era natural, o Go- Nero mostrava-se mais sensivel a necessidade de pe quisa no setor agro-pecuério. Em maio de 1936, Ge- filio Vargas enviou ao Congreso uma mensagem presidencial, a primeira do género, cogitando da cria- ‘gio de um Conselho Nacional de Pesquisas Experi- - mentais. Nao obstante o nome, a intengao era de for- mar um érgao dedicado as ciéncias de apoio a Agi cultura, para 0 melhor aproveitamento das atividades dese ramo. Essa idéia tinha visivel inspiraga0 no exemplo norte-americano, pais que enriquecera em boa parte devido a exploracao racional das suas rique- zas agricolas. Mesmo com a credencial de ter sido en- viada pelo Presidente da Repiiblica e de ter o endosso do Congresso AgronOmico realizado na época sob os auspicios do Ministério de Agricultura, a mensagem | nao vingou (36). Isso dé a medida de dificuldades en- | frentadas pela C&T no perfodo. Entrementes, 03 diversos conselhos criados no governo Vargas mostravam a sua eficiéncia, influindo de modo decisivo na economia do Pais. Em particular, @ atuacéo do Conselho Federal de Comércio Exterior (CFCE) cra digna de destaque. No discurso de instala- $#0 do CFCE no dia 6 de agosto de 1934, Getilio Vargas dizia: “Durante largo perfodo procuramos re- Solver os problemas do comércio exterior do Brasil, lo formas empfricas, aplicando métodos aprio- tisticos e sem base na realidade, A falta de um orga- nismo centralizador, para onde convergissem ¢ de on- inradiassem todas as medidas de estimulo ¢ defesa hossa producio e da sua colocagao nos mercados Sheps € estrangeiros, tornava praticamente impos- nea iekame Ponderado ¢ 0 conhecimento seguro das es ee Primordiais da economia nacional. Os trgen? <¢ ofdem técnica, muitos dos quais de cardter © inadidvel, emaranhavam-se nas redes dos umentos oficiais. Os diferentes Ministérios, as cant’ fepartigGes federais e estaduais, as diversas ‘ages fundadas para incrementar 0 desenvolvi- Asso ce 31 metho Feder mstrumento.discilinador,Desane re meios adequados para o aper entraves, amparando-o © presereanieny. ste, Sbices € ional” (37). De fato, 0 CECE atusa aka en? 10s rotineios do comércio exterior, oe ‘Omicos de magnitude envolvendo sidermun ose Tne ‘Sommerate Syed dew cra 4ustica, vidro plano, padronizagdo doe pasion ponies nts aio dn odio Mentos, estudos, debates,” i eante Sit pect, oma ra, Por sua vez, os integrantes da ineipiente go Sei Sut ra ie 5. encetando esforgos no se coneretizé-lo. Carlos Chagas Filho que estare micas do um trabalho pioneio no Laboratrio de Biofsca faculdade de Medicina da Universidade do Brasil (LBEMUB), instalado em 1937, propos a criagdo de lum 6rgao scmelhante ao CNRS’ da Franga, em 1938. Togo apés 0 seu regresso da Europa onde fora estagiar em alguns laboratorios de sua especialidade (39) CNRS, sigla da entao Caisse Nationale de La Recher- che Scientifique, fora eriada no ano de 1935, gracas aos esforgos de um grupo de brilhantes cientistas em tomo de Jean Perrin, Paul Langevin, Frederic Joliot e Irene Curie. Esses fisicos haviam liderado uma grande ampanha para vabiizar novamente a pesquisa na Fang, que no dizer de Perrin, havi afd pao ol 3 paises de terceira categoria em producio cientifi- ca, em virtude da inércia da sua vestuta burocracia, Apesar de criada no papel, a CNRS, nao teria passado de um érgio a mais na administragao francesa, pois nndo tinha respaldo financeiro, se néo fosse o momento politico de atuagao de “Frente Popular” responsével pela ascenséo de L.eén Blum, identificado com o ideal do movimento dos cientistas, como Primeiro Ministro em 1936, Blum criou, numa iniciativa pioneira, o car- g0 de sub-secretirio de estado para a pesquisa cienti- fica, elevando o status da ciéncia no sei governa- mental. O seu governo majorou o orgamento para a iéneia que tinha sido em 1935 de onze milhes de francos para vinte e seis milhdes em 1936 e para trinta e dois milhdes em 1937. Jean Perrin, sucedendo Irene Curie no cargo de sub-secretério de estado, fortaleceu substancialmente a situagao financeira e organizacio~ nal de CNRS. Ele conseguiu formar, nao sem dificul- Gades, um pequeno corpo administrative privativo do Grgio, para CNRS nio perder a sua identidade no scio da burocracia estatal. Outrossim, ele criou um corpo téenico de vidreiros, mecinicos, estatisticos ¢ outros; cujo nimero suibia a quase mil em 1939. Por sua obra surgiu também o Palais de Decouverte, um wre ne SHéncias de concepgéo moderna. Além disso, CNRS fomou 0 seu encargo a manutengfo de um certo ni nero de laboratérios de universidades ou criados por iniciativa dela propria. Para aquilatar o aleancs £67 davel dessa organizagdo autonoma de pesquiss. sao fato da mais da metade dos cientistas aeadémicos Ya Franga, isto é, cerca de seiscentos, estarem sen exceléncia, um 8 estudar os arcisimente por cla

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